Vetores
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Vetores
Sadao Massago
2011-05-05 a 2014-03-14
Sumário
1 Coordenadas no plano e no espaço 1
2 A distância entre dois pontos 3
3 vetor 4
4 soma e produto por escalar 7
5 produto escalar 12
6 produto vetorial e produto misto 15
Neste texto, faremos uma breve revisão dos planos coordenadas e introduziremos os conceitos
de vetores em coordenadas do plano cartesiano.
x
O
1
y P = (x, y)
y
x
O x
x y
P será associado unicamente ao par de números reais (x, y) denominados de coordenada do ponto
P (Figura 2).
Reciprocamente, se tiver um par de número real (x, y), considere os pontos Px e Py associados
ao número x sobre OX e y sobre OY respectivamente. Agora traçaremos uma reta rx passando por
Px paralelamente ao eixo OY e ry passando por Py paralelamente ao eixo OX . Então marcaremos
o ponto P sobre o cruzamento destas duas retas. Com estas construções, cada ponto do plano
cará unicamente associado ao par de números reais.
Da mesma forma, no espaço, podemos traçar três retas reais ortogonais entre si por um ponto,
formando eixos no espaço (Figura 3) de modo a satisfazer a regra da mão direita.
Um sistema de eixos satisfaz a regra da mão direita quando fechar a mão direita, segurando o
terceiro eixo com polegar apontando para sentido do terceiro eixo, então os quatro dedos restantes
dá volta do primeiro eixo para o segundo eixo (Figura 4). O sistema de eixos que satisfaz a regra
de mão direita é dito ter orientação positiva.
Dado um ponto P no espaço, seja Px , Py e Pz , as projeções ortogonais do ponto P nos eixos
OX , OY e OZ respectivamente. Agora, sejam x, y e z , os números associados a cada um desses
pontos no eixos coordenadas. Assim, o ponto P será associado unicamente ao trio de números
reais (x, y, z) (Figura 5).
Dado um trio de números (x, y, z), considere planos passando por Px , paralelo ao plano coor-
denada Y OZ , passando por Py paralelo ao plano coordenada XOZ e passando por Pz paralelo ao
plano coordenada XOY . A intersecção destes três planos dá o ponto P associado ao (x, y, z).
y
x
2
z
z
x y
x y
projeção do diagonal r sobre o plano paralelo ao plano coordenada XOY , passando por P . Como
r é hipotenusa
p do triângulo
p retângulo com catetos d e ∆z = z2 − z1 , a distância de P até Q é
r= d2 + (∆yz) = (x2 − x1 )2 + (y2 − y1 )2 + (z2 − z1 )2
Observação 2.1. No caso
p de ter n coordenadas, isto é, P = (x1 , . . . , xn ) e Q = (y1 , . . . , yn ), a
distância é d(P, Q) = (y1 − x1 )2 + · · · + (yn − xn )2 .
Observação 2.2. Com a distancia, podemos trabalhar com a circunferência. Uma circunferência
de
p raio r com centro em (a, b) é formados pelos pontos (x, y) tal que d((x, y), (a,2b)) = r. Assim,
(x − a)2 + (y − b)2 = r. Elevando ambos os lados pelo quadrado, temos (x − a) + (y − b)2 = r2 .
Exemplo 2.3. Obtenha os pontos de intersecção da circunferência de raio 1 centrada na origem
com a circunferência de raio 1 centrada em (1, 0).
Os pontos de intersecção devem estar em ambas circunferências, logo, deve satisfazer ambas
equações. A primeira circunferência é x2 + y 2 = 1 e a segunda circunferência é (x − 1)2 + y 2 = 1
3
Q
∆x P
∆z
d
∆y
x2 + y 2 = 1 y (x − 1)2 + y 2 = 1
x
O
(Figura 8). (
x2 + y 2 =1
Assim, os pontos de intersecção é a solução do sistema . Pela primeira
(x − 1)2 + y 2 = 1
equação, y 2 = 1 − x2 e substituindo na segunda equação, temos (x − 1)2 + 1 − x√2 = 1 e logo,
−2x + 1 = 0. Assim, x =21 . Substituindo ele na primeira equação, obtêm y = ± 23 . Assim, os
√
√
pontos de intersecção são 1
,
2 2
3
e 1 − 3
2
, 2
.
3 vetor
Para trabalhar com a geometria, além da circunferência, precisa ter segmentos de retas. No entanto,
a dedução da equação de retas requer conceitos mais elaborados que simplesmente distâncias. O
conceito fundamental para estudo de retas e planos na geometria analítica é o vetor. Nesta seção,
vamos introduzir o que é um vetor.
Quanto deve mover e para que lado deve ir, para sair do ponto P e chegar até o ponto Q é
−→
representado por vetor P Q (Figura 9). O movimento depende da direção (paralela a qual reta)
e sentido (para que lado) do movimento e quanto moveu (valor escalar) e não de onde iniciou o
movimento.
A direção é determinado pelo (∆x, ∆y) onde ∆x = x2 − x1 e ∆y = y2 − y1 , é não pelo ponto
inicial P .
Agora vamos caracterizar formalmente o que é um vetor.
Consideremos um conjunto de segmentos orientados. Assim, P Q e QP são considerados dis-
4
y
Q = (x2 , y2 )
y2 −→
PQ
∆y
P = (x1 , y1 )
y1
∆x
x
O x1 x2
~u ~u
~v
x x
tintos. Agora vamos denir uma relação de equivalência (dizer o que é igual) como sendo, dois
segmentos orientados são equivalentes se, e somente se, tiver mesma direção (estar contido nas
retas paralelas), sentido (apontar para mesmo lado) e norma (mesmo tamanho) (Figura 10). A
classe de equivalência dos segmentos orientados é denominado de um vetor . Isto é, um vetor pode
ser representado por um segmento orientado, mas não importa onde começa. A representação
gráca é feito, desenhando uma seta ligando o ponto inicial a nal do segmento orientado que
represente.
Usando vetores que inicia em qualquer ponto, cará difícil de comparar um com o outro. Assim,
vamos usar uma representação uniformizada, com vetores iniciado na origem, tendo mesmo valores
−→ −→ −→
de (∆x, ∆y) que o P Q (Figura 11). Neste caso, OR = P Q se R = (∆x, ∆y). Como O = (0, 0),
nos representaremos o vetor iniciado na origem somente pelas coordenadas do ponto de chegada.
−→ −→
Assim, P Q = OR = (∆x, ∆y).
Um vetor determinado por dois pontos costuma ser representado pelos dois pontos com seta
encima. Os vetores genéricos costuma ser representado pela letra romana minúscula com seta
encima. Alguns textos usam a letra romana minúscula em negrito, o que requer atenção para
distinguir do escalar (números) que também é romana minúscula (que não é negrito). Neste texto,
sempre colocaremos uma seta encima da letra.
−→
Exemplo 3.1. P = (1, 2) e Q = (3, 4) então P Q = (∆x, ∆y) com ∆x = 2 e ∆y = 2. Então
−→
P Q = (2, 2) (Figura 12).
Como tanto os pontos como vetores usa par de números para representar, requer cuidados para
5
y
~v
~v
x
P ~v = (2, 2)
−−−−−−−→
Figura 12: O vetor (1, 2)(3, 4) = (2, 2)
6
y ~v
~v
~u ~u + ~v
x
x1 x2
x1 + x2
Note que, poder associar ao segmento orientado ainda não signica que pode ser representado
por um vetor. Para ser vetor, precisa satisfazer algumas exigências algébricas (propriedades opera-
cionais) como veremos mais adiante. No caso de velocidade e forças, estas exigências operacionais
serão satisfeitas.
7
y
~v w
~
~v + w~
~u ~u + ~v
~u + ~v + w
~
x
~v
~v ~u
~u ~u +
~v x
• Comutativa: ∀~u, ~v =⇒ ~u + ~v = ~v + ~u
• Elemento oposto: ∀~v , ∃ − ~v : ~v + (−~v ) = (−~v ) + ~v = ~0. Nos denotamos ~u + (−~v ) como sendo
~u − ~v que é a diferença entre vetores.
A associatividade está ilustrada na Figura 15. Como a soma dos vetores pode ser efetuado,
iniciando de qualquer ponto inicial, ~v + w~ pode ser colocada, iniciando no ponto nal de ~u. Assim,
~ e ~u +(~v + w)
(~u +~v )+ w ~ , ambas inciam na origem e terminam no mesmo ponto que é a concatenação
de ~u,~v e w
~.
A comutatividade é ilustrado pela Figura 16 e é conhecido como regra do paralelogramo. A
soma dos vetores ~u com ~v é o diagonal do paralelogramo formado pelos vetores ~u e ~v .
−→
O vetor nulo é o vetor que tem o mesmo ponto de chegada que a saída P P , que representa o
−→ −→
deslocamento nulo. O vetor oposto é só inverter o sentido da seta, isto é −P Q = QP (Figura 17).
Em termos de coordenadas, sabemos que a soma se realiza, somando coordenada a coordenada.
Assim, associatividade e comutatividade pode ser vericada de imediato.
8
Q
−→
~v = P Q
−→
−~v = QP
P
~v λ~v
x
x
λx
O elemento nulo é o vetor com todas coordenadas nulas e o vetor oposto é o vetor cuja todas
coordenadas tem o sinal oposto.
Note que, exceto o vetor nulo, tem a direção e sentido, determinado pelo segmento orientado
que representa. Como o vetor nulo é associado ao ponto e não ao segmento, não existe direção,
muito menos o sentido.
Além da operação da soma, o vetor tem a propriedade de escalabilidade, isto é, poderá alterar
o seu tamanho para valor que quiser, exceto o vetor nulo. Esta operação é denominado de produto
por escalar e para cada número real λ e vetor ~v , λ~v é um vetor e apresenta as seguintes propriedades
• Associatividade: ∀α, β ∈ R e ∀~v , (αβ)~v = α(β~v )
• 1~v = ~v
Atente na distributividade. Em geral, o produto no conjunto que tem a soma precisa ter a distri-
butividade.
Para escalar positivo λ, o produto por escalar num movimento é exatamente exercer movimento
na mesma direção e sentido, percorrendo λ vezes a distância anterior. A Figura 18 mostra esta
situação.
Como formam dois triângulos semelhantes, a razão entre hipotenusa (que é λ) é igual a razão
entre catetos correspondentes. Assim, a medida sobre o eixo OX entre λ~v e ~v é λ, o que conclui
que a coordenada X de λ~v é λ vezes coordenada X de ~v . Usando o mesmo raciocínio para ou-
tras coordenadas, temos que o produto escalar em coordenadas é multiplicar o escalar em todas
coordenadas, isto é, λ(x, y) = (λx, λy) no plano e λ(x, y, z) = (λx, λy, λz) no espaço.
Para λ < 0, denimos λ~v como sendo o vetor oposto de |λ|~v (Figura_19).
9
y
λx ~v
x
x
λ~v
Como o raciocínio similar ao do caso de λ > 0, também obtêm-se queλ(x, y) = (λx, λy) no
plano e λ(x, y, z) = (λx, λy, λz) no espaço.
Quando multiplica um escalar positivo no vetor, ele mantém a direção e sentido. Quando mul-
tiplica um escalar negativo também mantém a direção, mas inverte o sentido. Quando multiplica
com zero, terá um vetor nulo.
É fácil vericar que ele satisfaz as propriedades exigidas para um produto por escalar.
Observação 4.2. Temos que λ(x1 , . . . , xn ) = (λx1 , . . . , λxn ).
Note que, se dois vetores forem paralelos, podemos obter uma a partir da outra através do
produto por escalar. Assim, temos que, dois vetores não nulos são paralelas se, e somente se,
um for múltiplo do outro. Para facilitar a classicação no ponto de vista algébrica (operacional),
denimos
Denição 4.3. Dois vetores são ditos linearmente dependentes (L.D.) se um deles for múltiplo do
outro. Se dois vetores não forem L.D., dizemos que é linearmente independentes (L.I.).
Note que L.D. é classicação para dizer se é múltiplo ou não. Se dois vetores forem L.D., então
ou eles são paralelas ou um deles é o vetor nulo.
Uma das coisas importantes é o comportamento das normas em relação a operações de soma e
produto por escalar.
Temos que
• ||~v || = 0 ⇐⇒ ~v = ~0.
Dado um vetor não nulo, existe um vetor de norma 1 na mesma direção e sentido deles. Considere
~v 6= 0. Então û = ||~v1|| ~v é tal vetor. Note que estamos usando o ^ em vez da seta sobre a letra para
denotar o vetor de tamanho 1. O−→ vetor de tamanho 1 é denominado de versor.
Agora vamos relembrar que P Q = Q − P em coordenadas. Assim, com o abuso de notação,
−→
podemos escrever Q = P + P Q, .o que vale numericamente. Agora vamos ver o que signica soma
10
Q = P + ~v
~v
M = P + ~v
P
−→
Figura 21: O ponto médio do segmento. ~v = 21 P Q
de ponto com o vetor. Note que a diferença dos pontos é o vetor que leva um ponto no outro.
Então a soma de ponto a vetor é o ponto nal do vetor que sai do ponto em questão (Figura 20).
Note que os pontos não podem ser somados, pois o seu valor dependerá da posição de origem,
mas média dos pontos pode ser obtido. Um dos mais importantes deles é o ponto médio do
segmento e o baricentro do triângulo.
Exemplo 4.4. Seja dado um segmento AB . O ponto médio M é o ponto sobre o segmento AB
−−→ −→
tal que d(A, M ) = d(M, B) = 12 d(A, B). Em termos vetoriais, isto signica que AM = 12 AB e
−−→ −→
logo, M = A + AM = A + 21 AB = A + 12 (B − A) = A+B
2
(Figura 21).
Exemplo 4.5. Seja 4ABC . O baricentro é o encontro da mediana (segmento que liga vértice
ao ponto médio do lado oposto) e sabe-se que o baricentro é localizada em 32 a partir da vértice.
−−→
Então o baricentro é dado por P = A + 23 AM onde M = B+C 2
. Assim, P = A + 23 (M − A) =
2 B+C A+B+C
(Figura 22).
A+ 3 2 −A = 3
P = A + ~v
B M C
−−→
Figura 22: O baricentro de um triângulo. ~v = 23 AM com M = B+C
2
11
A
M N
B C
D
~v
A
~u
~u
C
~v
B
Exercício 4.7. Seja dado três pontos A, B e C não colineares (não estão na mesma reta). Obtenha
o quarto ponto D tal que ABCD forma um paralelogramo.
−→ −−→
Dica: D = B + ~u + ~v com ~u = BA e ~v = BC (Figura 24).
5 produto escalar
Dado dois segmentos, podemos pensar em como medir o ângulo entre eles. No plano, devido a
congruência de triângulos, a medida do comprimento determina os ângulos. Mas como medir?
Para isso, podemos procurar uma operação entre dois vetores que tem haver com a norma que é
medida do comprimento.
Inicialmente,√pensemos como obter o módulo (medida dos números reais).
Temos |a| = a2 ,ou seja, |a|2 = aa. Então o quadrado do valor absoluto pode ser obtido como
produto dele com ele mesmo. Obviamente, o produto envolve dois números diferentes. Então será
que não existe um produto entre dois vetores que produza norma ao quadrado quando multiplica
ele com ele mesmo? Vale a pena fazer esta investigação. Mas antes, vamos observar que um
12
~u
~v − ~u
θ
~v
produto deve ser distributivo, Além disso, é esperado que seja comutativo para ser produto bom
(nem todo produto é comutativo. Por exemplo, produto das matrizes não é comutativo).
Queremos então um produto denominado produto escalar (não confundir com o produto por
escalar) ou produto interno, satisfazendo
• u~·~v é um número real tal que ~v · ~v = ||~v ||2 (analogia de aa = |a|2 )
• comutativo: ~u · ~v = ~v · ~u
• distributivo: ~u · (~v + w)
~ = ~u · ~v + ~u · w
~
• (λ~v ) · w
~ = λ(~v · w)
~
Observação 5.1. O produto interno também pode ser denotado por h~u, ~v i.
Inicialmente, vamos investigar como relaciona com a norma. Como queremos operar com dois
vetores, vamos calcular a norma de soma de um vetor. Para usar confortavelmente o produto
escalar, precisamos elevar a norma ao quadrado.
Assim, ||~u + ~v ||2 = (~u + ~v ) · (~u + ~v ) = ~u · ~u + ~u · ~v + ~v · ~u + v~·~v = ||~u||2 + 2~u · ~v + ||~v ||2 .
Logo, ~u · ~v = 21 (||~u + ~v ||2 − ||~u||2 − ||~v ||2 ) que é a maneira de calcular produto escalar usando
a norma.
No caso de ter eixos ortogonais, escrevendo em coordenadas, é fácil vericar que
(x1 , y1 ) · (x2 , y2 ) = x1 x2 + y1 y2 no plano e (x1 , y1 , z1 ) · (x2 , y2 , z2 ) = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 no espaço.
Poderá vericar sem diculdades que esta fórmula satisfaz as condições exigidas no produto escalar.
Observação 5.2. (x1 , . . . , xn ) · (y1 , . . . , yn ) = x1 y1 + · · · + xn yn .
Agora vamos analisar o que o produto escalar calcula. Para isso, observe que ||~v − ~u|| é a
medida do lado do triângulo que representa a soma de ~u com o ~v (Figura 25).
Temos que ||~v − ~u||2 = (~v − ~u) · (~v − ~u) = ~v · ~v − ~v · ~u − ~u · ~v + u~·~u = ||~v ||2 − 2~u · ~v + ||~u||2
Por outro lado, pelo lei dos cossenos, temos que ||~v − ~u||2 = ||~u||2 + ||~v ||2 − 2||~u|| ||~v || cos θ onde
θ é o ângulo formado pelo vetores ~u e ~v . Com isso, concluímos que
13
w
~
~u
~v
~v
pro j ~u
~u
~v
θ
x
Observação 5.5. Note que, a desigualdade de Schuwartz pode ser obtido sem o auxílio do Teo-
rema 5.3. Isto permite aplicar nos casos da Álgebra Linear na qual os vetores não precisam ser
objeto geométrico.
Exemplo 5.6. Obtenha o ângulo formado entre ~u = (1, 2) e ~v = (2, 1)√. √
Como ~u ·~v = ||~u|| ||~v || cos θ, cos θ = ||~
~u·~v
u|| ||~v ||
= (1,2)·(2,1)
||(1,2)|| ||(2,1)||
= 4
√
2 5
= 2 5
5
. Logo, θ = arccos 2 5
5
.
Dado dois vetores não nulos, eles são perpendiculares (o que forma um ângulo de 90◦ ) se, e
somente se, o produto interno é nulo. Além disso, se o produto interno é nulo, um dos vetores é
nulo, ou são perpendiculares.
Denição 5.7. Dois vetores são ditos ortogonais quando o produto interno é nulo.
Exemplo 5.8. Projeção ortogonal. A projeção ortogonal de ~u na direção de ~v é o vetor proj~u~v
paralelo ao vetor ~v tal que ~u = proj~u~v + w
~ para w
~ ortogonal a ~v (Figura 26). A norma de proj~u~v
é chamado de projeção ortogonal escalar de ~u na direção de ~v .
Exemplo 5.9. Como proj~u~v é paralela ao ~v, temos que proj~u~v = λ~v para algum λ. Para determinar
λ, observemos que ~u = λ~v + w ~ com w ~ ⊥ ~v . Multiplicando ambos os lados da equação por ~v , temos
~u · ~v = (λ~v ) · ~v e logo, λ = ||~~uv·~||v2 e consequentemente, proj~u~v = ||~~uv·~||v2 ~v .
14
~v
h ~u
~u
θ
~v
Proposição 5.10. Dado um paralelogramo com lados determinados pelos vetores ~u e ~v , a área é
Demonstração.
a altura relativamente ao lado ~v é h = ||~u|| | sen θ| (Figura 28). Assim, a área é igual a área =
||~v || ||~u|| | sen θ|. Elevando ao quadrado e usando a identidade trigonométrica sen2 θ = 1 − cos2 θ,
2 2 2
temos que área2 = ||v|| ~||~ u
|| (1 − cos2 θ) = ||v|| ~||~ u
|| − (||~v || ||~u|| cos θ)2 = ||v|| ~||~ u
|| −
(~v · ~u) .
2
Exercício 5.11. Seja dado 4ABC . Obtenha a altura relativamente ao lado BC para o caso de
A = (1, 1), B = (4, 1) e C = (2, 2).
• distributiva: ~u × (~v + w)
~ = ~u × ~v + ~u × w
~
Como produto é distributivo, basta denir o produto sobre î, ĵ e k̂ . Nós queremos que o produto
vetorial entre dois vetores correspondentes aos eixos resulte no vetor correspondente ao terceiro
eixo. Assim, î × ĵ = k̂ , ĵ × k̂ = î, k̂ × î = ĵ . Os vetores î, ĵ e k̂ formam círculos e o produto
vetorial fornece próximo vetor no sentido anti horário (Figura 29) .
Ao inverter a ordem do produto, inverte o sinal. Assim, ĵ×î = −î×ĵ = −k̂ , k̂×ĵ = −ĵ×k̂ = −î,
î×k̂ = −k̂×î = −ĵ . O círculo dá volta ao contrário e o resultado é o próximo vetor com sinal oposto.
Também queremos que o produto dele com ele mesmo resulte no vetor nulo î× î = ĵ × ĵ = k̂× k̂ = ~0.
Não confundir com o produto dos números complexos que tem i2 = −1.
15
k̂
î ĵ
16
~v3
~v2
~v1
~v × w
~
~u
h θ w
~
~v
Observação 6.1. Quando os vetores já estiverem escritos na coordenada usando os eixos com ori-
entação positiva, então a tripla de vetores {~u, ~v , w}
~ é de orientação positiva se, e somente se,
˙ ˙
~u u1 u2 u3
determinante da matriz ~v = v1 v1 v1 for positiva.
w~ w2 w2 w2
Observação 6.2. O produto vetorial também pode ser denotado por ~u ∧ ~v .
u1 ˙ u2 u3
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Referências
[1] Boldrini, José L. et al., "Álgebra Linear", Editora Harbra Ldta, 1986.
[2] Santos, Reginaldo J., "Matrizes, Vetores e Geometria Analítica", Imprensa Univer-
sitária da UFMG, 2010.
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