E-Book Eletrônica Básica para Leigos

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1 EDIÇÃO

ELETRÔNICA
BÁSICA
P A R A L E I G O S

B W F E I T O S A
CAPÍTULO 1
MATERIAL NECESSÁRIO

Sendo que a presença dos componentes


e equipamentos são facultativos, sendo
O conteúdo e os projetos deste o obrigatório somente a presença de um
livro, foram elaborados para produzir o computador pessoal PC, com acesso à in-
mínimo de impacto financeiro possível ternet.
a você, com aquisições de componentes
eletrônicos e outros materiais necessário
para construção dos projetos e, para isto,
utilizaremos o melhor laboratório virtual
gratuito já desenvolvido para o aprendi-
zado de eletrônica básica, todavia, para
aqueles que desejarem adquirir os com-
ponentes reais, o poderão fazer sem que
haja nenhum tipo de prejuízo na aplica-
ção destes componentes para o desen-
volvimento dos projetos, pois, os cálcu- Para aqueles que tem algum tipo
los apresentados no laboratório virtual, de preconceito com os meios virtuais de
foram baseados no funcionamentos dos aprendizado, vamos quebrar esse para-
componentes reais. digma. A virtualização dos processos de
aprendizagem, já é uma realidade com-
provada no desempenho do aprendiza-
gem do ser humano, ou seja, aprendemos
muito melhor em ambientes de simu-
Os requisitos mínimos para o lação devido a permissibilidade de erro,
bom desempenho do aprendizado, den- por não causar nenhum dano, prejuízo
tro da proposta do livro, é possuir um humano ou material. Capacita a ter segu-
computador, podendo ser um desktop ou rança quando exposto ao ambiente real,
notebook, com acesso à internet de boa sem contar que, os custos nesta modali-
qualidade, visto que os laboratórios utili- dade de ensino são bem reduzidos, em
zados são do tipo online e requerem aces- nosso caso aqui praticamente zero, de-
so constante à rede de internet, e alguns vido a não termos prejuízos com queima
equipamentos e componentes eletrônicos de componentes por efeito de ligações er-
tais como multímetro, ferro de solda, ba- radas, e termos a disposição uma grande
terias, resistores, capacitores, etc. variedade de componentes que irão tra-
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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

balhar seguindo os mesmos padrões dos Configuração do laboratório Tinkercad,


componentes reais, o que é uma grande CLIQUE AQUI
vantagem, podendo todos os experimen-
tos serem realizados com os componentes
físicos, bastando para isso, o aluno efetu-
ar a aquisição destes tanto em lojas físicas
como virtuais.
Vamos conhecer os dois laborató-
rios que serão utilizados neste livro.

O Tinkercad, é uma ferramen-


ta virtual, online e gratuita para simula-
ção de circuitos eletrônicos e projetos de
CAD. Desenvolvido pela Autodesk, essa
plataforma vem conquistando um espaço
importantíssimo no aprendizado de ele-
trônica devido a alta qualidade da ferra-
menta. Possui uma grande variedade de
componentes analógicos e digitais bem
como toda uma estrutura de componen-
tes e equipamentos, tais como: baterias,
fios, Protoboards, lâmpadas, microcon-
troladores, Arduíno, osciloscópio, multí- Conforme o vídeo tutorial de-
metro, etc. Acesse www.tinkercad.com. monstrou, o uso desse laboratório é bem
Uma página parecida com a da imagem simples, desde o cadastramento até à si-
1.1 abaixo deverá ser mostrada. mulação de projetos. Para fazer a trans-
ferência dos componentes para a área de
projeto é só clicar no componente soltar o
clique e arrasta o mouse para o local de-
sejado e dá mais um clique no mouse para
liberar o componente.
Utilizaremos muito esse laborató-
rio por ele apresenta uma aspecto visual
bem próximo dos componentes eletrôni-
cos. Utilizaremos um segundo laborató-
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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

rio, também virtual, neste livro, que é o Configuração do laboratório virtual


Falstad. Falstad, ACESSE AQUI.

O Falstad, é outro laboratório Caso não consiga acessar os víde-


virtual gratuito, que irá ser muito útil em os, aqui estão os link’s de acesso direto aos
nosso processo de aprendizagem. Esse vídeos. Caso queira digitá-los observe as
laboratório não é tão visual quanto o letras maiúsculas e minúsculas, no mo-
Tinkercad, mas ele tem uma característi- mento da digitação. Você pode também
ca que o torna único e muito importante copiar o endereço e colar no navegador.
para nosso estudo, que é, a demonstração,
de forma visual, do fluxo de corrente com
sua respectiva velocidade dentro do cir- Laboratório Tinkercad
cuito, ou seja, conseguimos vê o fluxo de https://youtu.be/fpEPi_ocenM
corrente percorrendo o circuito. Vejamos
Laboratório Falstad
a imagem do Falstad.
https://youtu.be/l83GgioSTDo

Na imagem 1.4, temos o laborató-


rio Falstad, esse também é um laboratório
online, porém ele permite o download de
um arquivo executável para Mac e Win-
dows, que permite a execução sem a ne-
cessidade de estar conectado à internet,
ou seja offline.
Acesse, www.falstad.com/circuit/
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CAPÍTULO 2
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE

INTRODUÇÃO ÁTOMO

Ao iniciarmos o estudo da ele- O átomo é a menor estrutura de


trônica, faz-se necessário entendermos formação de todo o material existente,
primeiramente os fundamentos de ele- tanto os que vemos quanto os que não ve-
tricidade e, mais especificamente nas mos, e que ainda mantém todas as carac-
interações em níveis atômicos, pois, no terísticas fundamentais desse material.
comportamento dos átomos estão as ex- Assim, um átomo de ferro é a me-
plicações para a maior parte dos fenôme- nor unidade desse material que possuem
nos elétricos, tais como: corrente elétri- tudo o que caracteriza o elemento ferro,
ca, tensão elétrica, resistência elétrica e pois, como veremos a seguir, o átomo é
potência elétrica. Devido a estas serem formado por partículas ainda menores,
grandezas invisíveis ao olho humano mas só que, se as separarmos dele deixará de
fundamentais no estudo e compreensão ser um átomo de ferro, ou seja, perderá as
da eletrônica. características inerentes do ferro. Vamos
Iremos começar a nossa aborda- investigar um pouco mais essa peça fun-
gem conhecendo mais detalhadamente o damental no estudo da eletricidade que é
meio pelo qual se manifestam essas gran- o átomo.
Elétrons
dezas que é a matéria.
Mas, o que é matéria? Segundo a Núcleo

definição mais comum, diz que, “é tudo


Prótons
aquilo que possuem massa e ocupa lu- Órbita do
gar no espaço”, para exemplificar me- Elétron

lhor, tudo aquilo que vemos ou tocamos Nêutrons


é matéria. Mas, essa mesma matéria que
tocamos, se dividirmos ela ao nível má-
ximo de pedaços possíveis, chegaremos à
Figura 1.1.1 Átomo
menor partícula que a compõe o átomo,
que, apesar de não conseguirmos vê-lo Acima, na figura 1.1.1, temos um
nem tocá-lo, por ser infinitesimalmente modelo simplificado de um átomo, ele é
pequeno, também é matéria, e aqui co- composto em seu centro por: prótons e
meça a magia da eletricidade, no átomo. nêutrons, com elétrons ao seu redor. Os
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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

prótons são as cargas positivas (+), os Possuí símbolo Fe, e número atômico
nêutrons não possuem carga e os elé- 26, esse número indica quantos prótons
trons as cargas negativas (-). Os elétrons e elétrons possuem os elementos lista-
giram em torno do núcleo, no percurso dos na tabela periódica, que no caso do
descrito pela órbita, sendo atraídos pe- átomo de ferro temos 26 prótons no nú-
las cargas positivas dos prótons. Mas, de cleo e 26 elétrons em sua órbita, no caso
onde surge o átomo? Para responder a do cobre (Cu) o número atômico é 29,
essa pergunta, imaginemos uma barra de indicando que possuem 29 prótons e 29
metal no estado sólido, e um tipo de faca elétrons, conforme exemplificado na fi-
especial capaz de cortá-la em tantos pe- gura 1.1.4.
daços quanto quisermos, mesmo os pe- Elétron de valência

daços não visíveis a olho nu, chegaremos Camada de


valência
à menor partícula que compõe essa barra,
e que, ainda, mantém todas as caracterís- Camada M

ticas do material que a constituí, confor- Camada L

me mostra a figura 1.1.2. Núcleo Camada K

Figura 1.1.4 átomo de cobre

Um átomo em seu estado natural


deve possuir o mesmo número de pró-
tons e de elétrons, estando assim, eletri-
camente neutro, ou seja, nem carregado
negativamente pelo excesso de elétrons,
nem positivamente pela falta de elétrons,
Figura 1.1.2 metal cortado
pois como veremos, podemos somen-
Essa menor unidade que chegare- te acrescentar ou remover, do átomo,
mos é o átomo. Sendo esse metal o ferro, os elétrons ficando os prótons sempre
teremos um átomo de ferro que, segundo fixo ao núcleo, aqui surge um conceito
a tabela periódica, figura 1.1.3, importantíssimo, no estudo da eletrici-
Número atômico
dade, que é a respeito da neutralidade
elétrica do átomo, que é bem simples de
entender, se temos o mesmo número de
cargas tanto positivas quanto negativas,
esse átomo estará eletricamente neutro,
para facilitar a compreensão, vamos ten-
tar demonstrar isso por meio de mate-

Figura 1.1.3 tabela periódica 7


ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

mática básica. Iremos pegar o número de Assimilar este conceito é o que


prótons de +29 e somá-lo ao número de vai proporcionar o entendimento do que
elétrons -29, teremos como resultado. é tensão, corrente e resistência em um
circuito elétrico, e na verdade entenderá
(+29) + (-29) = 0 toda a eletrônica de forma muito mais
simples e sólida.
Fizemos neste caso uma soma das Agora vamos investigar um pouco
cargas positivas com as cargas negativas mais a fundo o átomo, para isso precisa-
que nos retornou 0 (zero) como resulta- remos da ajuda de duas “super lunetas”,
do, ou seja, não estando com excesso nem capazes de mostra até o átomo de um
falta de cargas, é como se para cada pró- material de cobre (Cu), que utilizaremos
ton ou elétron deveremos ter um par com muito em nossos projetos.
o seu oposto para que estejam satisfeitos,
vejamos outro exemplo. Com essas lunetas posicionadas conforme
a figura 1.1.5, uma a 100% e outra a 50%
Pra entender melhor

de seu foco, teríamos duas visões desse


É, como ter uma dívida de R$- material. Na primeira, veríamos a menor
10,00 e pagar com uma nota de R$+10,00. estrutura de formação de desse material,
No final você não estará mais devendo. que é, o átomo de cobre. Na segunda,
veríamos os cristais de cobre, que é uma
Assim, quando um átomo, eletri- combinação de uma certa quantidade de
camente neutro, perde um elétron estará átomos agrupados entre si. E, removendo
com um próton a mais, portanto, estará a luneta teríamos a visão proporcionada
carregado positivamente. Caso ganhe um a olho nu, essa visão é a combinação de
elétron terá uma carga negativa a mais e vários cristais agrupados entre si que for-
estará carregado negativamente. mam a estrutura do fio de cobre.

Isolamento do fio
Foc

Cristais de cobre Átomos de cobre


Foc

o
o

100
50%

Figura 1.1.5 fio de cobre e duas super lunetas


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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

ELÉTRONS LIVRES sua camada de valência totalmente, nem


sempre conseguem e ficam com falta ou
Observe, novamente, a figura excesso de cargas podendo ser positivas
1.1.4. Nela, percebemos que o átomo pos- ou negativas.
suem camadas e que cada uma delas estão Para o caso de um material, clas-
à uma distância diferente do núcleo. Essas sificado como condutor, teremos poucos
camadas, possuem nome e um número elétrons em sua camada de valência de 1a
máximo de elétrons que podem compor- 3, os semicondutores terão de 4 a 6 e os
tar, as camadas são: K, L, M, N, O, P e
Q. Sendo o número máximo de elétrons isolantes 7 a 8 elétrons.
respectivamente: 2, 8, 18, 32, 32, 18 e 8. Quanto ao material condutor,
No caso do cobre, possuem so- por ter poucos elétrons em sua camada
mente 4 camadas e a última camada, pelo de valência, esses elétrons sofrerão uma
número máximo de elétrons, deveria ter força de atração ao núcleo mais fraca, se
32, mas sempre a última camada do áto- comparada aos semicondutores e isolan-
mo deverá possuir no máximo 8 elétrons, tes, e, por esse motivo, desprender-se-ão
não importando qual seja o número má- com mais facilidade do átomo, podendo
ximo comportado por ela, e passa a ser deslocar-se livremente pelas camadas de
chamada de camada de valência, a quan- valência de outros átomos os quais estão
tidade de elétrons existentes nesta, deter- compondo esse material, como ilustra
minará se este material é um condutor, a figura 1.1.6. Esses que se desprendem
semicondutor ou isolante. E, para que são chamados de elétrons livres e, é por
o átomo esteja estabilizado a camada de meio deles que temos a possibilidade de
valência deve conter 8 elétrons, para isto termos corrente elétrica fluindo nos ma-
eles farão ligações juntamente com outros teriais condutores, que também são cha-
átomos compartilhando elétrons em bus- mados de portadores de cargas, pois,
ca da estabilização, a fim de, preencher como veremos, para que um elétron seja
removido de uma camada para a outra,
tanto interna quanto externa é necessá-
rio fornecer energia, o elétron absorve
essa energia e pula para outra camada e
quando perde essa energia retornam para
a camada anterior ou se acomodam numa
outra camada de valência caso esteja fora
do átomo.
Esses elétrons livres estão fluindo
em todas as direções e desordenadamente
Figura 1.1.6 elétrons livres, camada de valência
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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

por entre os átomos, o que não tem uti- intimamente relacionada com a distância
lidade alguma para os circuitos elétricos, que estão entre si, quanto mais próximas
mais adiante veremos como transformar maior será a força, quanto mais afastada
esse em um movimento útil para a eletrô- menor será a força de atração ou repulsão,
nica. Vamos mergulhar um pouco mais bem parecido com o que ocorre quando
fundo no átomo e estudar algumas pro- unimos dois imãs.
priedades e características dos prótons e
dos elétrons.
CORRENTE ELÉTRICA
CARGA ELÉTRICA Para facilitar o entendimento do
que venha a ser corrente elétrica, vamos
Já falamos que os elétrons pos- conhecer a carga (Q) do elétron e do pró-
suem as cargas negativas e que os prótons ton. Um elétron possuem uma carga de
as cargas positivas, agora iremos retirar 3 -1,602x10-19C (Coulomb), e um próton
de cada para analisar o comportamento possuem +1,602x10-19C, perceba que é a
deles. mesma carga porém com sinais diferen-
tes. Este é um valor muito pequeno, mas,
como a quantidade de elétrons e prótons
em um material é muito grande, vamos
trabalhar com a unidade coulomb.
Um (1) Coulomb, é carga pro-
duzida pela quantidade de 6,24x1018
Figura 1.1.7 atração e repulsão de cargas elétrons, essa quantidade é extremamen-
te grande correspondendo a 6,24 quinti-
Na figura 1.1.7, temos uma ima- lhões de elétrons, isto é “um milhão de
gem do que ocorre quando combinamos milhões de milhões”. Toda essa quanti-
os elétrons e os prótons de diferentes ma- dade de elétrons formam a carga de 1
neiras. Primeiro, unindo duas cargas ne- coulomb (C), assim, é mais fácil traba-
gativas elas tendem a se repelirem em sen- lharmos com a unidade coulomb do que
tidos opostos, o mesmo ocorre quando quantidade de elétrons. Agora podemos
unimos duas cargas positivas. Já, quando ir para o próximo passo.
unimos cargas diferentes como positivas
Nos materiais condutores, sem-
e negativas elas irão se atrair. Assim, che-
pre teremos uma quantidade de elétrons
gamos a mais uma definição importante
se locomovendo de átomo em átomo,
que, cargas iguais se repelem, e que, car-
conforme já vimos, esses são os denomi-
gas opostas se atraem. A força com que
nados elétrons livres. Agora, se de algu-
estas cargas se atraem ou se repelem, esta

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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

ma forma conseguíssemos ordenar esses poderia ser em qualquer outro ponto. A


elétrons, de forma a conduzi-los em uma medida da corrente é dada pela quantida-
única direção, teríamos um movimento de de elétrons que passam por essa lâmi-
útil no transporte de cargas elétricas e, na em 1 segundo, para o caso de termos
a boa notícia é que isto é possível. E, esse 6,24x1018 elétrons atravessando essa
movimento ordenado de elétrons é de- lâmina, teremos a carga equivalente a 1
nominado de corrente elétrica, vamos coulomb, e se, essa quantidade atravessar
estudar um pouco mais o movimento e a lâmina no período de 1 segundo tere-
deixar para outra ocasião o estudo da for- mos uma intensidade de corrente de 1
ça responsável por essa ordenação. Ampére (A), ou seja, a corrente é quanti-
ficada em coulomb por segundos, confor-
LÂMINA DE CORTE
me mostra a equação 1.1 abaixo.

1 coulomb (C)
1 Ampére (A) = (1.1)
1 segundo (s)

Vale ressaltar que Ampére é a uni-


dade de medida da corrente, assim como,
Figura 1.1.8 movimento ordenado de elétrons metro é unidade de medida para distân-
cia.

A partir de agora iremos traba-
Na figura 1.1.8, temos um fio de
lhar com corrente elétrica e não mais com
cobre com uma parte de seu isolamento
coulomb, átomos ou elétrons. Mais uma
removido, com uma lâmina de corte ao
vez quero enfatizar que os átomos, em
meio, e alguns átomos representando o
um sólido, não se movimentam a ponto
todo. Nesses átomos, observamos alguns
de ficarem passeando dentro do material,
elétrons em um movimento ordenado em
são os elétrons que se movimentam.
direção à outra extremidade do fio, esses
são os elétrons livres, os das camadas in- Vamos investigar um pouco mais
ternas não saem facilmente, pois, a força o movimento dos elétrons dentro de um
de atração é muito grande. fio condutor.
A quantificação da quantidade de Apesar do movimento ser orde-
corrente elétrica é dada não pela quanti- nado, os elétrons não fazem um trajeto
dade de elétrons livres no fio mas, sim, retilíneo, devido aos outros elétrons e
pela quantidade que atravessam uma sec- núcleo dos outros átomos, o percurso é
ção do fio, que neste caso definimos no afetado pelas colisões entre estes. O que
ponto em que está a lâmina de corte, mas teríamos era um movimento bem próxi-

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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

mo do que vemos na figura 1.1.9. Porém quena resistência à passagem de corrente,


todos estariam indo sempre em direção pode ser estranho ouvir isso mas se você
ao outro lado do fio. atentar na figura 1.1.9, vai compreender
que os atritos e colisões provocam essa
resistência que pode ser aumenta confor-
me aumenta a temperatura do condutor,
como veremos mais adiante.
Mas, o que nos interessa é uma re-
sistência maior e que possa ser quantifica-
da e manipulada, para isto, serão utiliza-
das substâncias que podem ser simples
Figura 1.1.9 percurso do fluxo de corrente
(aquilo que é formado por átomos de
um único material ) ou compostas (que
Essas colisões nos levam a entrar é formada por átomo de mais de um
no segundo conceito mais importante no tipo de substância). O carvão é uma das
estudo da eletricidade básica abordada substâncias compostas, pois é formado de
neste livro, que é, a ideia de resistência uma mistura de átomos de carbono, en-
elétrica. xofre, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.
Já foi dito que os elétrons rece- O carvão é das substâncias utilizadas na
bem energia e, por este motivo, deixam fabricação de dispositivos que resistirão
a camada de valência, passando a ser elé- à passagem de corrente denominados de
trons livres, esses por estarem dotados resistores, como veremos a seguir, o com-
de energia também podem ser denomi- ponente utilizado na limitação da intensi-
nados de portadores de cargas. Duran- dade de corrente é o resistor, mas, como
te o movimento livre ocorrem colisões vimos todo material condutor possuem
e atritos, provocando assim uma resis- uma pequena resistência à passagem de
tência à fluidez dos elétrons e uma con- corrente que pode ser aumenta pela ele-
sequente perda de energia e diminuição vação da temperatura ou diminuída pela
na intensidade da corrente. Esse efeito, queda da temperatura.
apesar de não parecer, na maioria dos
casos em eletricidade e eletrônica, ele é
desejável, sendo denominado de resis- TEMPERATURA
tência elétrica, pois, resiste à passagem de
Faz-se necessário entendermos o
corrente, vamos entender um pouco me-
que é temperatura em um corpo, ou seja,
lhor.
quando dizemos está “quente” ou “frio”,
Todo material condutor, por me- o que na verdade quer dizer isso a nível
lhor que seja sempre possuirá uma pe-
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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

atômico? movimento bem sutil mas que represen-


A temperatura indica o estado tam esse estado de agitação. Agora veja
de agitação dos átomos ou das molé- os três elétrons livres indo em direção
culas, como assim? É bem fácil perceber a esse átomo, torna-se muito mais fácil
isso, quando dizemos que um objeto está acontecer uma colisão dos elétrons de-
quente ou sentimos queimar nossas mãos vido ao átomo está movimentando-se do
isso indica que os átomos daquele objeto que se estivesse parado. Cada vez que há
estão agitados, ou quando algo está gela- colisões, a energia que foi recebida pelo
do, é porque, os átomos estão em nível de elétron a que o levou a sair da camada
agitação bem baixo, ou seja, quando mais de valência, é transferida para o átomo
quente o objeto mais agitadas estarão as aumentando ainda mais o seu estado de
moléculas (molécula elemento forma- agitação, e consequentemente elevará a
do por dois ou mais tipos de átomos), temperatura do material, caso aumen-
quanto mais frio menos agitação das mes- te demais essa agitação, o material irá se
mas. fundir pela separação das moléculas. Está
é a definição de temperatura é o estado
Agora imagine um condutor em de agitação das moléculas. Agora pode-
alta temperatura, os átomos estarão agi- mos abordar os conceitos de resistência
tados, o que tornará muito mais fácil a elétrica.
ocorrência de colisões dos elétrons livres
e cada vez que ocorrem novas colisões
mais energia é transferida e mais agitadas RESISTÊNCIA ELÉTRICA
estarão as moléculas e a temperatura irá
aumentar cada vez mais, vejamos a figura Como já dissemos, a resistên-
1.2.1 cia na eletrônica, na maioria dos casos,
é muito desejável, pois, é por meio dela
que limitamos a intensidade de corrente
em um circuito. Por mais simples que seja
este circuito nele sempre teremos com-
ponentes, tais como LED’s, que possuem
uma capacidade máxima de corrente que
podem suportar sem que os danifiquem,
assim utilizamos os resistores que são
componentes limitadores de corrente,
para isto utilizamos elementos simples
Figura 1.2.1 átomo agitado ou compostos que controlam a circulação
máxima permitida de elétrons livres no
Imagine esse átomo movimentan- circuito ou em pontos dele, diminuindo
do-se para cima e para baixo, esse é um
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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

assim a intensidade de corrente elétrica por ela recebendo o calor da resistência


para o correto funcionamento dos com- do chuveiro passando a ficar quente. Va-
ponentes eletrônicos. mos conhecer agora a força que empurra
Nos pontos do circuito em que te- os elétrons e produz corrente elétrica que
mos uma resistência à passagem de cor- é a tensão elétrica ou d.d.p.
rente os elétrons estarão liberando par-
te da sua energia em forma de calor ou
de energia luminosa, é por esse motivo
TENSÃO ELÉTRICA
que as lâmpadas incandescentes emitem Os aspectos estudados até aqui, já
luz, pois há um filamento que dificulta nos fornecem a base necessária para falar
a passagem de corrente, liberando parte sobre a força que produz a corrente elétri-
da energia dos portadores de cargas (elé- ca. Existem dois termos para designá-la,
trons) em forma de luz e calor ao mesmo o primeiro é tensão elétrica o segundo
tempo, por este motivo essas lâmpadas é diferença de potencial, abreviado por
além de emitir luz ficam com a tempe- d.d.p., sendo este último, o termo mais
ratura elevada (quente). vejamos a figura completo, porém menos utilizado, por-
1.2.2 de um chuveiro elétrico. que mais completo?
energia 110/220
A tensão elétrica é uma medida
contato da diferença de potencial elétrico entre
contato
dois pontos, assim para termos tensão de-
resistência água fria vemos ter potenciais elétricos diferentes
entre esses dois pontos, vamos entendê-la
a nível atômico. Quando temos átomos
carregados positivamente de um lado e
átomos carregados negativamente do ou-
água aquecida tro teremos uma diferença de potencial
elétrico ou d.d.p., pois, com a separação
Figura 1.2.2 chuveiro elétrico
dessas cargas, teremos uma força de atra-
Chuveiros elétricos funcionam ção entre elas e a essa força denominamos
como uma resistência à passagem da cor- de tensão elétrica. Vejamos a figura 1.2.3
rente possuem um enrolamento de fio abaixo.
em uma espécie de espiral ou em forma
de chapa metálica, por onde a corrente
que passa é limitada, liberando parte da
energia em forma de calor, essa por sua
vez fica aquecida e o fluxo de água passa
- Força de atração +
Figura 1.2.3 diferença de potencia l 14
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

Temos nesta figura dois átomos de elétrica, é como se fosse o combustível


cobre, um com falta de elétrons do lado para movimentar os elétrons. Vamos falar
direito (+), e outro com excesso de elé- um pouco sobre a potência elétrica, que
trons do lado esquerdo (-), essa diferen- é outra grandeza fundamental em nosso
ça de cargas, faz com que tenhamos uma estudo.
diferença de potencial elétrico e conse-
quentemente haverá uma força de atração
entre esses dois átomos, essa é uma expli-
POTÊNCIA ELÉTRICA
cação muito útil no entendimento deste Todo componente ou equipamen-
assunto. to fornece alguns parâmetros, tais como,
Quanto mais cargas conseguir- tensão de alimentação corrente máxima
mos separar maior será a força de atração fornecida etc, e uma outra grandeza que,
entre esses dois pontos e, assim que co- talvez seja a mais importante e que você
nectarmos um fio entre eles, passaremos tenha obrigação de dominar, que é a po-
a ter um fluxo de corrente elétrica (alta tência elétrica.
quantidade de elétrons ordenados) fluin- Exemplo da corrente, em um fio ou cir-
do do átomo de menor potencial (-), ou cuito existem duas maneiras de aumen-
seja, do que tem mais elétrons, para o ou- tar a quantidade de corrente elétrica que
tro de maior potencial (+) até que eles es- circula por este, a primeira é aumentar o
tejam estabilizados eletricamente, a ponto diâmetro do fio, assim mais elétrons terão
de a força de atração não mais existir por a possibilidade de passa por este, a segun-
meio da igualdade de potenciais entre os da é “empurrar o pé no acelerador”, ou
dois pontos. Lembrando mais uma vez de seja, aumentar a força que está impulsio-
que, os átomos não se movimentam em nando esses elétrons que é a tensão elé-
um sólido, a ponto de saírem de um ponto trica. Como aumentar o diâmetro do fio
para outro distante, mas sim, os elétrons. é mais difícil e menos interessante, o me-
A medida da tensão é dada em lhor é aumentar a tensão, assim, mais elé-
volts, logo, em nossas residências temos trons passarão em um intervalo de tempo
um potencial de 110 volts ou 220 volts de de 1 segundo.
energia alternada, dependendo da região Já dissemos que, quanto mais cor-
em que você mora. Uma pilha do tipo rente passar em fio mais atritos ocorre-
AA, tem uma tensão nominal de 1,5 volts rão o que aumentara a temperatura deste
de tensão contínua, em outra ocasião tra- meio condutor, esse aumento de tempe-
taremos do que venha a ser tensão contí- ratura é a transformação de energia elé-
nua e tensão alternada. A tensão elétrica trica em energia térmica que é o trabalho
é a medida da quantidade de energia realizado, essa medida de transformação
gerada que irá movimentar uma carga de energia é uma das definições do que é
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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

potência elétrica, e devido ao aumento de pais grandezas da eletricidade, necessá-


temperatura, teremos um fator limitante rias ao bom desempenho de nosso tema,
do quanto poderemos pisar nesse “acele- agora iremos discutir os meios pelos
rador”, para não derreter os fios ou quei- quais conseguimos produzir energia para
mar componentes do nosso circuito. que possa fazer funcionar nossos disposi-
Assim, a potência elétrica é a tivos.
quantidade de trabalho realizado du-
rante um intervalo de tempo ou o con- GERADOR ELÉTRICO
sumo de energia por intervalo de tempo
e possui como unidade de medida o watt Vimos que uma d.d.p., é gerada
(w). Este trabalho se manifesta na forma pela separação das cargas e mais especi-
da transformação de energia elétrica em ficamente, fornecendo energia aos elé-
energia térmica, luminosa, sonora, etc, trons para que estes deixem a camada de
quanto maior a potência gerada ou con- valência de sua origem, a separação e o
sumida, indicará um maior consumo de represamento destes átomos que estão
energia em intervalos de tempo cada vez com excesso de elétrons dos que estão em
menores. falta de elétrons, nos fornecerá uma força
de atração entre esses gerando um polo
É necessário conhecer a potên-
positivo e outro negativo.
cia máxima suportada pelos componen-
tes ou a fornecida pelos geradores, para Os dispositivos utilizados na ge-
que estes não venham a ser danificados. ração da energia elétrica são os gerado-
Daí, podemos perceber que, a potência res que, a depender de qual seja o tipo de
é uma relação direta da tensão e da cor- força utilizada para movimentá-los, rece-
rente num dado ponto do circuito, assim berá sua classificação e tipo, exemplo: os
temos uma fórmula que relaciona essas que utilizam a força ou energia cinética
duas grandezas que é: da água, são os geradores hidráulicos. No
Brasil, este tipo de gerador é muito uti-
lizado na produção de energia elétrica,
Potência = tensão x corrente
devido a abundância de água e rios que
P (watt) = U(volts) x I(Ampére) (1.2)
temos. O local que produz esse tipo de
energia recebe o nome de usina hidrelé-
Multiplicando a tensão “U” pela trica. Como é isso, existe energia elétrica
corrente conseguiremos saber a potên- na água? Boa pergunta, mas, não é bem
cia em um circuito de corrente contínua. assim, Lavoisier, o então considerado pai
Esses assuntos serão mais detalhados em da Química moderna, mostrou que: “Na
capítulos posteriores. natureza nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma”. Aqui começa a res-
Já abordamos até aqui, as princi-
16
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

posta para o questionamento acima, tudo em outras formas de energia úteis ao seres
na natureza está em constante transfor- humanos.
mação, a energia que ilumina sua casa é Na figura 1.2.4, abaixo, temos um
proveniente da transformação de energia modelo simplificado de uma usina hi-
elétrica em energia luminosa, por exem- drelétrica. Nesta usina é onde geramos a
plo, a energia potencial (represamento da energia elétrica proveniente da força das
água) é transformada em energia cinética águas.
(água em movimento). Essa água em mo-
vimento rotaciona a turbina, esta, por sua As águas dos rios são represadas,
vez, rotaciona o gerador elétrico, trans- esse represamento nos fornece uma ener-
formando a energia cinética (movimento) gia potencial, que é a capacidade de pro-
da água em energia mecânica (rotação da duzir trabalho, ao ser liberada, essa água
turbina), a turbina gira o rotor do gerador entra em movimento passando a possuir
elétrica que a transforma em energia elé- agora a energia cinética, que simplesmen-
trica que chega até nossa residência e ao te é a energia de movimento.
passar pela lâmpada, transforma energia Essa água em movimento passa
elétrica em energia luminosa ou no caso pela turbina, que tem a função de trans-
do chuveiro, em energia térmica, para o forma a energia cinética em movimento
caso de um motor elétrico transforma a giratório, esse movimento logo é transfe-
energia elétrica em mecânica através do rido para o gerador elétrico que, transfor-
giro do motor. ma a energia de movimento (cinética) em
Percebeu o tanto de transforma- energia elétrica por meios de eletromag-
ções? Pois é, não criamos energia mas netismo. Após gerada, a energia é destina
captamos da natureza e a transformamos ao consumo em nossas residências, é cla-

USINA HIDRELÉTRICA
BARRAGEM

DISTRIBUIÇÃO
ESTATOR ENERGIA
ROTOR
GERADOR

TURBINA

Figura 1.2.4 usina hidrelétrica simplificada


17
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

ro que não é tão simples assim, mas em veis, que é, a corrente alterna e corrente
resumo, esse é o funcionamento básico contínua, antes de adentrarmos neste as-
do processo de geração de energia elétrica sunto, vamos conhecer primeiro um pou-
por meio da força das águas. co sobre a indução eletromagnética.
Essa é uma das formas de geração
de energia, temos outros meios tais como:
geradores térmicos, que transformam
INDUÇÃOELETROMAGNÉTICA
energia do calor em energia elétrica pela Os geradores utilizados na gera-
queima de combustíveis fosseis, carvão ção de energia elétrica, funcionam por
mineral e queima da lenha. O vapor gera- meio dos princípios da indução eletro-
do pela combustão é utilizado para rota- magnética, vamos entender um pouco
cionar o gerador da figura 1.2.4, o gerador mais esse conceito, voltando ao elétron.
elétrico é o mesmo, a força que vai girá-lo
é que muda. Campo elétrico. Lembra quando
falamos que as cargas de sinais iguais se
Temos os geradores fotoelétrico, repelem e as cargas de sinais diferentes
esses transformam energia luminosa em se atraem? Pois, vamos investigar um
energia elétrica, a exemplo as células fo- pouco mais para saber o que na verdade
toelétricas. esta ocorrendo entre elas. Analisemos a
Geradores nucleares, que faz uso figura 1.2.5, abaixo.
da energia atômica, proveniente dos áto- LINHAS DE CAMPO LINHAS DE CAMPO

mos, energia essa utilizada para rotacio-


nar o gerado elétrico.
Geradores químicos, provenien-
tes de reações químicas na produção di-
reta de energia elétrica, tais como pilhas.
Existem outras formas de geração SENTIDO: PARA DENTRO SENTIDO: PARA FORA

de energia elétrica, essas, talvez sejam as Figura 1.2.5 linhas de campo cargas elétricas
mais difundidas. Contudo, o mais impor-
tante é saber que não estamos criando Pegamos novamente um próton e
energia, mas sim, captando da natureza e um elétron, a fim de, compreender o que
transformando em uma forma mais útil ocorre quando estão sob atração ou re-
ao seres humanos que é a energia elétrica, pulsão nas diferentes combinações destas
essa é força que vai movimentar os nos- duas cargas.
sos elétrons que irão realizar trabalho em Temos algo novo na figura 1.2.5,
nossos circuitos e projetos. Existe basica- que não estava visível na figura 1.1.7, que
mente duas formas de energia disponí- são as linhas de campo, essas são linhas
18
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

imaginárias que representam algo real campo, e desta forma, as cargas opostas
existente nas cargas que é o campo elé- tendem a se unirem assim como quando
trico que as envolve, ou seja, a força in- unimos dois imãs com os polos inverti-
visível que atua em volta do elétron ou dos norte-sul ou sul-norte eles se atrairão
do próton, sendo esta a responsável pela entre si.
atração ou repulsão entre as cargas. A Vamos observar o que ocorre
direção indicada por três setas nas linha quando unimos as cargas de mesmo si-
de campo, mostram o sentido das forças nal.
atuantes nas cargas, que para o caso do
elétron(-), essa força é para dentro em di-
reção ao seu centro, e no caso do próton,
é para fora sentido oposto ao seu centro.
Agora vamos vê o que ocorre,
com as linhas de campo, quando unimos
essas cargas nas diferentes combinações
possíveis.

Figura 1.2.7 linhas de campo cargas negativas

Unindo duas cargas negativas,


as linhas de campo, por terem direções
opostas entre si, não permitirá uma atra-
ção entre as cargas.
Vamos observar agora com as
Figura 1.2.6 linhas de campo cargas opostas
cargas positivas. Perceberemos que ocor-
re um processo bem semelhante ao das
Observe as linhas de campo das cargas negativas.
cargas de sinais opostos. Para a carga ne-
gativa, temos uma força de atração de seu
campo elétrico fluindo em direção ao seu
centro. O sentido do campo ou força de
atração é descrita pela trajetória das li-
nhas azuis. Já no caso da carga positiva a
direção da força de atração é para fora do
seu centro, desta forma, haverá uma com-
binação entre os campos das duas cargas
fazendo com que estas unam-se, por pos- Figura 1.2.8 linhas de campo cargas positivas
suírem o mesmo sentido das linhas de
19
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

Na figura 1.2.8, podemos perce- processos de geração de energia e dos


ber a repulsão entre as linhas de campo motores elétricos tal como temos hoje em
das duas cargas positivas. Assim, essa é dia, vamos analisar a figura 1.3.1.
a justificativa de o porque as cargas de
sinais iguais não unem-se, que é devi-
do às linhas de campo terem sinais que
se opõem entre si, essa oposição produz
uma forças de repulsão.
Vamos analisar outro fator inte-
ressante das cargas elétricas. Quando um
fio é percorrido por uma quantidade de
corrente, teremos neste fio um campo
elétrico resultante da soma vetorial dos
campos das cargas individuais, vamos
analisar a figura 1.2.9.

Nesta figura temos um fio de co-


bre e a representação dos dois campos
presentes neste. O campo em azul é per-
pendicular ao fio e representa a soma dos
campos resultantes da soma vetorial dos
campos das cargas que circulam no fio.
Em volta do fio temos o campo que nos
Este campo elétrico produzido no interessa, demonstrado na cor rosa, esse
interior do fio, é o campo resultante da é o campo magnético que surge no fio
soma dos campos individuais mostrados porque, todo condutor que é percorrido
na figura 1.2.7, este campo é perpendicu- por uma corrente, produzirá um campo
lar ao fio. magnético em volta desse condutor, e se
a corrente variar com o tempo, ou seja,
Para um aprofundamento no assunto de
aumentando e/ou diminuindo, este
eletromagnetismo, clique AQUI.
campo induzirá uma tensão elétrica.
A movimentação dessas cargas no Se outro meio condutor for aproxima-
fio também produzirá um campo mag- do desse campo, teremos uma corrente
nético, esse campo é bem semelhante aos induzida neste, sem que para isto, haja
existentes nos imãs naturais nos quais te- contato físico entre o condutor gerador
mos um polo norte e sul, e aqui começa de campo e o condutor receptor da cor-
a magia dos fenômenos magnéticos que rente induzida.
possibilitaram o desenvolvimento dos
20
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

Em resumo, corrente elétrica va- adquirisse um conhecimento básio do as-


riante no tempo produzirá um campo sunto. Vamos analisar agora um gerador
magnético que induzirá uma tensão, um elétrico elementar para poder entender
campo magnético variante no tempo pro- melhor o assunto.
duzirá uma corrente elétrica induzida.
Devido a esse fenômeno é que consegui-
mos gerar energia elétrica utilizando os
geradores elétricos.
Em 1820, Hans Christian Oersted,
físico dinamarquês, através de experi-
mentos abriu portas para o entendimento
das relações existentes entre campo mag-
nético e campo elétrico. E, depois de vá- Na figura 1.3.2, temos um gerador
rias contribuições de grandes nomes da elétrico elementar, composto por um imã
física, temos hoje essa compreensão de que está representado na figura separada-
que, uma carga elétrica em movimento mente pelos polos norte e sul, uma espira
produzirá um campo magnético, como retangular giratória por onde as linhas de
também, o contrário é válido, ou seja, um campo do imã são atravessadas para in-
campo magnético variável gera um cam- duzir a corrente na espira.
po elétrico que, por sua vez, induzirá uma Na posição atual da espira 0º
corrente elétrica em outro meio condu- graus, as linhas de campo do imã não
tor. Agora podemos falar de corrente al- atravessam a espira, portanto a corrente
ternada. induzida é igual a zero, quando a espira
gira e fica em uma posição à 90º graus, a
corrente induzida é máxima e, a medida
que vai avançando para a posição de 180º,
A corrente alternada CA, é uma a corrente vai diminuindo até chegar a
forma de corrente e tensão elétrica que se zero, devido ao movimento giratório da
alterna com o tempo. A forma como os espirar a corrente gerada terá dois senti-
geradores utilizados nas usinas hidrelétri- dos, em um momento no sentido do per-
cas geram a energia é neste formato CA. curso azul, em outro, no sentido do per-
Os geradores elétricos são rotativos e fun- curso vermelho.
cionam através da indução eletromagné- Devido a essa característica al-
tica, que é a transformação de um fluxo ternada da corrente, é que nomeamos de
magnético variável em corrente induzida, corrente alternada a gerada nestes tipos
esse conceito abordamos anteriormente de geradores elétricos, e tem um gráfico
de forma bem resumida para que você representado por uma senoide, vejamos o
21
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

gráfico 1.1. parte deste livro. Esse tipo de corrente ou


tensão não sofre variação com o tempo
y
max ou seja se tiver uma bateria de 9 volts,
ela fornecerá sempre esses nove volts en-
+
quanto estiver carregada, na verdade terá
algumas perdas mas vamos considerar
x
- um modelo ideal que é sempre constante.
min
Esse tipo de gerado é obtido por
meio de processos químicos, ou seja rea-
Gráfico 1.1 - Corrente Alternada ções químicas entre metais e outras subs-
tâncias ácida que geram corrente elétrica
No gráfico é demostrada a alter- contínua. Os tipos de geradores CC, mais
nância da corrente, representada pela se- conhecidos são as baterias e as pilhas. Em
noide. Quando a senoide está tocando no capítulos posteriores teremos um espaço
eixo x, a corrente é zero. Quando próximo reservado para abordamos com mais de-
da linha vermelha tracejada a corrente é talhes o funcionamento das pilhas e bate-
máxima para cima ou mínima quando rias. Vejamos o gráfico 1.2, de uma cor-
para baixo, não haverá necessidade de rente contínua CC.
aprofundamento neste assunto.
Vale ressaltar que, este tipo de ge-
ração de energia utiliza-se da força das
águas para girar a espira, mas, existem
outras formas de girá-la, a exemplo: pela
força dos ventos (eólica), combustão de
combustíveis (carvão, gás, petróleo etc),
energia solar, energia atômica, etc. . To-
davia, o princípio de geração é o mesmo
mudando somente a força utilizada para
girar a espira.
Para uma compreensão melhor do as- Idealmente este é o formato, para
sunto acesse aqui. uma bateria de 9V, no qual sempre tere-
mos um valor de tensão, fornecido cons-
tantemente sem grandes alterações, du-
rante o tempo em que estiver carregada,
na prática é um pouco diferente.
Vamos falar da corrente contí- Diante da introdução apresenta-
nua CC, que a que utilizaremos na maior da, agora poderemos avançar para outras
22
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

etapas necessárias, em outra ocasião re- ao negativo teríamos um circuito menor


tornaremos à alguns desses tópicos para ainda, pensamento errado, se você fizesse
abordar outros aspectos importantes. isto teria, na verdade, um curto-circuito,
que é um circuito sem nenhum consumi-
dor ou limitador de corrente e seria uma
ligação direta do polo positivo ao polo
negativo, esse seria um curto que provo-
Em eletrônica uma palavra muito caria uma saída brusca de corrente elétri-
recorrente é “circuito”, sempre você vai ca que iria provocar um centelhamento
ouvir falar sobre ela, mas o que vem a ser nos terminais da bateria. Vamos ver isso
um circuito? em nosso laboratório.
Um circuito, segundo o dicionário
é um caminho fechado que limita um es-
paço. Em nosso caso, é uma caminho que Laboratório 1: Curto-circuito no termi-
interliga componentes eletrônicos entre nal da bateria ACESSO.
si com um retorno à origem. Temos dois
tipos na eletrônica, sendo circuito aberto
A ocorrência das centelhas é devi-
e circuito fechado. Vamos a um exemplo
do a não termos um limitador de corrente
visual.
ou uma resistência de valor significativo
entre a haste da chave de fenda e os termi-
nais da bateria. Por esse motivo, conectar
um fio entre os terminais de uma bateria,
não pode ser considerado um circuito, e
sim, um curto-circuito.
Ao lado esquerdo da figura 1.3.3,
temos um circuito com os componentes
e no lado direito temos um modelo sim-
plificado ou representativo do mesmo
circuito, a grande diferença é que os com-
Na figura 1.3.3, temos um dos cir- ponentes estão sendo representados pelas
cuitos mais simples que se possa projetar. suas simbologias, as quais conheceremos
Perceba que temos um caminho por onde por etapas. A forma representativa é a
a corrente elétrica irá fluir, saindo do polo mais comum de se encontrar e, neste livro
positivo da bateria entrando no resistor e iremos trabalhar com as duas formas.
retornando para o polo negativo da ba- Neste circuito, por está fechado,
teria. Você poderia agora está pensando teremos uma corrente circulando entre
que ligando o polo positivo da bateria um terminal da bateria passando pelo re-
23
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

sistor e retornando ao outro terminal da caminho fechado e que possuem alguns


bateria, vejamos em nosso laboratório. componentes inseridos nele, mas, quais
seriam esses componentes?

Laboratório 2: Circuito fechado, corren- Para responder essa pergunta ire-


te fluindo ACESSE. mos separá-los por categoria, sendo três
as categorias, que são, a dos fornecedo-
res consumidores e os neutros, assim,
Vamos ao exemplo de um circuito num circuito teremos componentes serão
aberto. Veja figura 1.3.4. fornecedores de energia (baterias, pi-
lhas, geradores, etc.) e outros que serão
consumidores de energia (resistores,
lâmpadas, motores, LED’s, etc.) e outros
que nem serão consumidores nem forne-
cedores ou se comportarão de ambas as
formas os neutros (chaves, capacitores,
diodos, transistores, fios, conectores,
etc), vejamos figura 1.3.5.

Nesta, temos um circuito aberto,


neste circuito não existe corrente elétri-
ca fluindo por ele não permite o retorno
ao outro polo da bateria, talvez você es-
teja pensando que a corrente chegue até
o ponto em que o circuito esta aberto e
fique ali, não! A corrente nem chega a sair
do terminal da bateria, mas entre os dois
pontos onde o circuito esta aberto tere-
mos a tensão de 9V da bateria, no resis-
tor não teremos tensão alguma. Vejamos
nosso laboratório.
Laboratório 3: Tensão no Circuito Aber- Para que um circuito exista tere-
to: ACESSO. mos que ter ao menos um consumidor e
um fornecedor, como no caso da figura
1.3.3. Quero enfatizar que essa classifi-
cação faz parte da didática deste livro, e,
provavelmente você não encontrará em
Já vimos que um circuito é um outros materiais esse tipo de classifica-
24
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

ção.
No decorrer do livro iremos apre-
sentar vários componentes que fazem
parte das três classificações.
Respondendo a pergunta inicial,
um circuito é uma forma de utilizar-
mos a energia elétrica para efetuar al-
gum tipo de trabalho útil ao ser huma-
no, exemplo: uma lanterna é um circuito
composto por uma bateria, uma chave
liga/desliga e uma lâmpada, que serve
para iluminar ambientes escuros. As apli-
cações e os circuitos são dos mais varia-
dos tipos, indo desde um simples circuito,
como o dá lanterna, até um circuito bem
complexo, como no caso de uma placa
mãe de computador.
A habilidade que se deve adquirir
é, a de entender ao máximo os princípios
básicos da eletrônica, replicar os circuitos
já existentes para depois desenvolver seus
próprios circuitos.

25
CAPÍTULO 3
FUNDAMENTOS CIRCUITO CC

ocorre o ganho de elétrons (redução);



Iremos trabalhar muito mais com • Solução eletrolítica, meio pelo qual os
os circuitos de corrente e tensão contínua elétrons conseguem mover-se do ânodo
CC, que os de corrente e tensão alterna- até o cátodo.
da CA, por isso, esses serão os primei-
ros conceitos práticos abordados neste
livro, e, já dando continuidade ao nosso
assunto do capítulo anterior iremos falar
do mais importante elemento fornecedor
para um circuito CC, que são as pilhas e
baterias.

As pilhas e baterias são excelentes


fontes práticas de tensão e corrente CC,
na alimentação de nossos circuitos e você
precisar conhecer bem esse assunto, e tal-
vez, você já tenha se perguntado, qual é a
diferença entre uma pilha e uma bate-
ria?
Para responder essa pergunta va- Na figura 1.3.6, temos um mode-
mos entender como funciona uma pilha. lo simplificado de uma pilha ou também
A pilha é um dispositivo que transforma chamada de célula. Através das reações
energia química em energia elétrica por químicas ocorridas no interior da pilhar
meio de reações químicas onde um ele- é que consegue-se gerar tensão e corrente
mento perde elétrons por oxidação e ou- contínua numa pilha.
tro ganha elétrons por meio de redução. Geralmente as pilhas conseguem
Os componentes básicos de uma produzir de 1 a 2 volts, no caso da bate-
pilha são: ria de um carro temos 6 células ou pilhas
• Ânodo, é o eletrodo negativo onde internamente, cada célula gera 2 volts,
ocorre a perda de elétrons (oxidação); totalizando - 2V x 6 células = 12 volts.
Assim, as pilhas terão uma capacidade
• Cátodo, é o eletrodo positivo onde 26
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

de até 2 volts, sendo que o padrão é 1,5


volts. Quando temos um fornecedor que
entrega mais que 2 volts em seus termi-
nais, nesse caso, teremos uma bateria que
é a junção de duas ou mais pilhas inter-
namente. A exemplo temos a bateria de 9
volts, que é composta por 4 células de 1,5
volts, que totaliza em 1,5V x 4 células = 9
volts.
Em resumo, uma pilha é um for-
necedor capaz de entregar em seus ter- Uma bateria ou pilha não recarre-
minais o máximo de 2 volts, uma bateria gável, é um tipo de fornecedor que após a
é um fornecedor que entrega em seus sua descarga, ou seja, depois de um certo
terminais mais que 2 volts, ou podemos tempo em funcionamento ela irá perder
também, ligar duas ou mais pilhas em carga e ficará descarregada, tendo como
serie ou paralelo e teremos uma bateria. destino o descarte.
Quais são os tipos de baterias encontra- Já as pilhas e/ou baterias recarre-
das no mercado? gáveis, após seu uso e completa descarga,
é possível conectá-la a um carregador de
pilhas e a mesma voltará a receber car-
ga e novamente estará carregada e apta
para uso, um exemplo bem comum são
São várias as formas de se classi-
as baterias de celulares que são do tipo
ficar as baterias, aqui iremos falar do que
recarregáveis. Você não deve em hipótese
realmente nos interessa. Dois grupos são
alguma tentar recarregar uma pilha que
importantes que são das baterias recar-
não seja recarregável, pois pode provocar
regáveis e das não recarregáveis, é im-
explosões e/ou incêndios.
portante saber que algumas baterias são
recarregáveis e outras não, para que você A segunda característica impor-
não cometa o erro de tentar carregar as tante sobre pilhas são os tamanhos padrão
que não são recarregáveis, você pode mais comuns disponível para comprar no
identificá-las pelo material químico que mercado. A diferença entre os diferentes
as constituem ou pela descrição em seu tamanhos, esta relacionada a sua tensão
corpo, indicada por recharge (inglês) ou nominal e capacidade de fornecimento
recarregável (português), conforme ve- de corrente elétrica ampere-hora, veja-
remos na imagem 1.5, onde temos duas mos a imagem 1.6.
pilhas do tipo abaixo.

27
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

Na figura 1.3.7, temos alguns dos principais características da mesma e não


principais tamanhos de pilhas e baterias reflete o processo interno real.
disponíveis no mercado, no corpo da pi- Vejamos nossa bateria na figura
lha temos duas informações bem relevan- 1.3.8.
te, primeiro o tipo, sendo, AAAA (4A),
AAA(3A), AA(2A), C, D, 9B e N. E a
tensão nominal, sendo, 1.5V e 9V.
Perceba que, praticamente, todas
as pilhas possuem tensão nominal igual,
sendo de, 1.5V, o que mais as diferenciam
são os tamanhos, essa diferença de tama-
nho esta relacionada com a capacidade de
fornecimento de corrente, quanto maior,
a pilha terá capacidade de fornecer cor-
rente elétrica por mais tempo. Vamos
aprofundar mais nosso estudo sobre pi-
lhas, para isto utilizaremos nossa pilha As informações mais úteis estão
didática. no corpo da bateria, a começar pela in-
dicação da polaridade (+/-), deve se estar
muito atento a esta característica para
não queimar os componentes que serão
O que você verá nessa bateria di- ligados nesta, pois, a maioria dos compo-
dática é uma maneira mais simples de nentes possuem polaridade (+/-), assim,
exemplificar o comportamento interno e em um circuito deve-se sempre ser res-
peitada as polaridades de ligação dos
28
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

0.2Ah
componentes. Ligações incorretas de po-
laridade, é uma das principais causas de Com o consumo de 0.2Ah, essa
defeito nos componentes, eles esquentam bateria conseguiria fornecer essa quan-
e literalmente queimam (carboniza). tidade de corrente durante 22 horas e 30
Outra característica importante é minutos. Nossa bateria forneceu o con-
a tensão nominal das pilhas, através desta sumo em amperes hora mas tem baterias
informações poderemos escolher a pilha que fornecem em miliamperes hora, no
ou bateria correta para o nosso circuito. momento da conta deve se levar em con-
Geralmente, a tensão nominal da maio- sideração miliamperes com miliamperes
ria das pilhas é de 1.5V (volts), no caso de e amperes com amperes.
nossa bateria didática temos 6V, que é a Exemplo1: Um carregador fornece 500
composição de 3 células de 2V cada. Essa mAh, se temos uma bateria de 2000 mAh
tensão nominal é uma faixa média, sendo a ser carregada, quanto tempo carga para
que pode ser ligeiramente maior que 6V que a bateria esteja completamente carre-
ou também menor, isso porque depende gada?
alguns outros fatores, mas, não será uma
Capacidade mAh = tempo hora (1.3
diferença muito grande.
)
A próxima característica impor- Consumo mAh
tante é a capacidade de fornecimento de
corrente, no caso de nossa bateria ela tem 2000mAh = ?
uma capacidade de fornecimento de cor- 500mAh
rente de 4.5Ah (amperes por hora), veja
só, isso não quer dizer que dentro da ba- 2000mAh = 4 horas
500mAh
teria tem 4.5 amperes, mas que ela conse-
gue fornecer 4.5 amperes durante o perí-
odo de uma hora, caso você utilize apenas
0.2 Ah essa bateria irá fornecer essa quan-
tidade durante quanto tempo?
Mas adiante trataremos de um
assunto que será necessário o conheci-
Capacidade mAh = tempo hora (1.3 )
consumo mAh mento prévio dos tipos de fontes em um
circuito, vamos abordá-lo agora.
4.5Ah = ? São dois os tipos de fontes, as fon-
0.2Ah tes de corrente e as fontes de tensão. Essa
bateria didática é uma fonte de tensão,
4.5Ah = 22.5 horas isso quer dizer que, considerando as pe-
29
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

quenas diferenças, a tensão ou diferença As bolinhas vermelhas represen-


de potencial será sempre constante e a tam o lado positivo da bateria e estão in-
corrente variável, ou seja, sempre os elé- dicando a falta de elétrons dos átomos,
trons estarão sendo empurrado com essa que por sua vez, estão carregados posi-
mesma tensão nominal ou força de 6V. tivamente, já do lado negativo temos os
Existe também, mas não muito átomos com excesso de elétrons sendo
comum, a fonte de corrente, nesse tipo representados por bolinhas azuis, que in-
a corrente sempre será constante e a dicam um excesso de cargas negativas.
tensão variável, se fosse o caso de nossa Como nosso sistema tende sem-
bateria didática, ela sempre iria fornecer pre à estabilização das cargas, e levando
4.5A e a tensão seria variável, podendo em consideração que são as cargas nega-
assumir qualquer valor que o circuito tivas (elétrons) que se movem no circui-
projetado exigir dela. to, ao conectarmos um fio entre os dois
polos, fechando um curto circuito entre
os terminais da bateria, teremos um flu-
xo de bolinhas azuis indo em direção ao
lado positivo da bateria, a fim de que o
Vamos analisar nossa bateria di- sistema estabilize. Essa é uma simples
dática por dentro, figura 1.3.9. analogia para demonstrar, de forma di-
dática, o funcionamento de uma bateria
naquilo em que nos interessa que são o
movimento das cargas elétricas e a tensão
nominal.
Existem duas formas distintas de
se conseguir maiores correntes ou maio-
res tensões a partir de um conjunto de
baterias e/ou pilhas, que é por meio das
ligações em série e ligações em paralelo.

As baterias ou pilhas nos permite


fazer combinações que são muito interes-
santes, para nos fornecer maiores tensões
e/ou maiores correntes.
Primeiro vamos falar da ligação
30
ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

série, nesta, conseguiremos aumentar a Tensão total - 3 x 1,5V = 4.5V


tensão do conjunto de baterias, vejamos Corrente total - 2000 mAh
o esquema elétrico.
Em série as tensões são somadas e cor-
Neste circuito temos alguns ele- rente não, logo a capacidade total do cir-
mentos simbólicos dos elementos reais cuito é: 4.5V e 2000 mAh.
de um circuito, que são: as baterias.
Vamos ao nosso laboratório
tinkercad, efetuarmos a montagem de um
circuito de baterias em série.

Laboratório 4: Circuito série de bate-


rias, clique ou escaneie.

No circuito acima temos três ba-


terias de 9V ligadas em série, a ligação em
série é caracterizada pela ligação de um
polo negativo da bateria ao outro polo
positivo, está uma bateria após a outra.
Na ligação série, como dissemos,
a tensão das baterias são somadas, já a
corrente não permanecendo o equivalen-
te ao valor de uma única célula.

Exemplo2: Imagine três bateria liga-


das em série, contendo cada uma a ten-
são de 1.5V e capacidade de corrente de
2000mAh. Qual é a tensão e a capacidade
de fornecimento de corrente total do con- Em nosso laboratório teremos a
junto de bateria série? montagem acima, perceba que a caracte-
rística da ligação série é: a ligação de po-
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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

sitivo com negativo. Os pinos vermelhos


das baterias é o polo positivo e o preto o
polo negativo.
Esse tipo de ligação é bem comum
em nosso dia a dia, na grande maioria dos
equipamentos eletrônicos domésticos,
tais como: controles remotos, brinque-
dos, notebook, etc.. Utilizam esse tipo de
ligação. Numa ligação em paralelo de
baterias, todos os polos positivos estão
Em resumo, sempre que um pro-
conectados entre si, e todos os polos
jeto exigir uma tensão maior do que as
negativos estão interconectados entre
baterias comerciais podem fornecer,
si. Observe que neste tipo de ligação a
utilizaremos o artifício da ligação de
tensão total é equivalente a de uma única
baterias em série.
bateria, somente a corrente é somada. Ve-
Vejamos outro tipo de ligação, de jamos a montagem em nosso laboratório.
baterias, que aumenta a capacidade de
fornecimento de corrente.
Laboratório 5: Circuito paralelo de ba-
terias, clique aqui.

Ao desejarmos um tempo e/ou


quantidade maior de fornecimento de
corrente, poderemos utilizar o artifício da
ligação em paralelo de baterias ou pilhas.
Neste tipo de ligação a corrente das ba-
terias são somadas, aumentando assim, a
corrente total fornecida pelo conjunto de
baterias. Vejamos a forma representativa,
em diagrama, do circuito, abaixo.

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ELETRÔNICA BÁSICA PARA LEIGOS

Acrescente mais baterias e faça Solução: primeiro pensaremos na


novos teste testes no laboratório. corrente, já que para aumentar a corrente
Existem situações em que precisa- precisaremos das baterias em paralelo. E,
remos de maior tensão e corrente que as segundo a folha de dados desse modelo de
baterias comerciais podem disponibilizar, pilha, cada uma delas fornece 235mAh,
e nesse caso, iremos utilizar o artifício de assim temos.
ligação mista de baterias para suprir nos- 3 x 235mAh = 705mAh.
sa necessidade, vejamos esse novo tópico. Sabemos agora que teremos um
conjunto de 3 pilhas em paralelo para for-
necer a corrente desejada.
Para aumentar a tensão devemos
A ligação mista de baterias, é uma ligar as baterias em série, assim temos, no
combinação de baterias em série e parale- primeiro conjunto série temos a tensão
lo na mesma ligação, desta forma conse- de 3V e 705mAh, necessitaremos de mais
guiremos aumentar a tensão e a corrente 3V para conseguir os 6V solicitados.
nominal no conjunto misto de baterias.
2 x 3V = 6V
A forma mais adequada de fazer
Por uma questão de balancea-
uma ligação mista é primeiramente efetu-
mento das correntes, a próxima tensão de
ar as ligações em paralelo, depois que o(s)
3V, montaremos com mais um conjunto
conjunto(s) em paralelo estiverem pron-
de 3V e 705mAh, por um motivo que ire-
tos, liga-os em série. Vale ressaltar que as
mos demostrar agora.
tensões nominais de todas as baterias
devem ser iguais. Caso tivéssemos utilizado apenas
uma bateria de 3V e 235 mAh, consegui-
Imagine que se deseje uma bate-
ríamos os nossos 6V, porém ocorreria um
ria de 6V e 700 mAh, utilizando o modelo
erro muito perigoso, pois, como terias
CR2032.
um conjunto com 705mAh e outro com
235mAh, a tendência seria de o conjunto
de 705mAh, descarregar, na intensão de
balancear o circuito, sobre a bateria de
235mAh, numa corrente tão absurda que
poderíamos ter explosão ou incêndio ou
apenas um esquentamento do conjunto,
os efeitos poderiam ser dos mais diversos.

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