URGÊNCIA - Febre
URGÊNCIA - Febre
URGÊNCIA - Febre
MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL DOS HOSPITAIS
1. INTRODUÇÃO
2. DEFINIÇÃO
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Definição: Febre é a elevação da temperatura corporal ≥1ºC acima da média diária
indivídual, tendo em conta o local de medicação.
3. EPIDEMIOLOGIA / ETIOLOGIA
Classificação
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>40°c Hipertermia
Características Semiológicas
1-Infecciosas
3-Neoplásicas
Sem sinais de focalização
4-Diversas Sem foco
De origem indeterminada
Bacteriemia oculta
• Presença de bactéria em hemocultura numa criança com febre, sem um foco
identificável, e que esteja clinicamente bem o suficiente para ser tratada em
nível ambulatorial.
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• Hemoculturas positivas em crianças febris com doença focal podem
associar-se com bacteremia, como pneumonia ou pielonefrite e não deve ser
considerada como bacteremia oculta.
Febre sem sinais de focalização
• Aparecimento agudo com duração de < 1 semana e sem sinais de localização.
• A etiologia e avaliação dependem da idade da criança.
• São considerados três grupos etários:
a) Neonatos;
b) Lactentes entre 1 – 3 meses de idade;
c) Crianças entre 3 – 36 meses de idade.
d)
Neonatos
• Devido a não confiabilidade dos achados físicos e a presença de um sistema
imune imaturo todos os neonatos febris devem ser internados;
• Deve se obter: Hemocultura, urocultura, coprocultura, Rx do tórax, LCR,
PCR e logo antibioterapia empírica venosa e incluir aciclovir em caso de
suspeita de infecção por HSV.
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Baixo risco: < 7pontos. Risco moderado: 8-12 pontos. Alto risco: > 13pontos
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Crianças entre 3 – 36 meses de idade
• Aproximadamente 30% das crianças febris neste grupo etário, não
apresentam sinais de localização de infecção.
• As infecções virais são a causa mais comum de febre nesta população, mas
infecções bacterianas graves ocorrem efectivamente.
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Quadro nº 3 - Avaliação do risco
PACIENTES FEBRILE COM ALTO RISCO DE INFECÇÕES BACTERIANAS
GRAVES
GRUPO DE ALTO RISCO POSSÍVEIS DIAGNÓSTICOS
PACIENTES IMUNOCOMPETENTES
Streptococcus do Grupo B, Escherichia
coli, sepse e meningite de Listeria
Recem nascidos ( < 28 dias) monocytogenes; infecção neonatal por
vírus herpes simplex, enterovírus
Bacteremia oculta em <0,5% das crianças
imunizadas com Haemophilus influenzae
Bebês de 1 a 3 meses tipo b e vacinas conjugadas contra
pneumococos; infecções do trat
Meningite, bacteremia, pneumonia,
Hiperpirexia (> 40°c insolação, síndrome de encefalotia por
choque hemorrágico
Bacteremia e meningite por Neisseria
Febre com petéquias meningitidis, H. Influenzae tipo be
Streptococcus pneumoniae
PACIENTES IMUNODEPRIMIDOS
Sepse, pneumonia e miningite por S
Anemia falciforme pneumonia, Osteomielite por Salmonela e
Staphylococus aureus
Bacteriemia e meningite devido a N.
Esplenia meningitides, H. influenza tipo b e s.
pneumoniae
Deficiência de complemento ou de Sepse por meningitidis
properdina
Agamaglobulinemia Bacteriemia, infecções sinopulmonares
S. Pneumoniae, H. Influenzae tipo be
SIDA
infecções por Salmonella
Endocardite infecciosa; abcesso cerebral
Cardíacas congénitas
com shunt da direita para esquerda
Staphylococcus aureus, estafilococos
Rota venosa central
coagulase-negativa, Candida
Bacteremia com bactérias entéricas gram-
negativas, S. aureus e estafilococos
Neoplasia
coagulase-negativos; fungemia com
Candida Aspergillus
Fonte: Nield LS, Kamat D- Fiebre sin foco in: Kliegman RM, Stanton BF, Behrman RE
editors. Nelson Tratado de Pediatria, vol.1, 19ª Edição, Ed. Elsevier, Espanha 2013, cap.
170, pag. 935-944
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4. ABORDAGEM
Anamnese
Antecedentes patológicos
Imunizações
Viagens
Letargia/gemidos
Vómitos/ sintomas associados
Apetite/ nível de atividade
Exame físico
Estado geral
Aparência toxémica
Sinais vitais
Tipo de choro
Características da pele (cianose, palidez)
Exame segmentar
Aparência toxémica
Sinais vitais
Tipo de choro
Características da pele (cianose, palidez)
Exame segmentar
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Quadro nº4 - Escala de observação clínica de Yale
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Quadro nº5 - Exames complementares
c Resultado
Leucograma · > 5.000 e < 10.000/mm3 baixo risco
· < 5.000/mm3 alto risco
· > 10.000/mm3 com rel. neutrófilos totais/imaturos > 0,2 alto risco
· > 15.000/mm3 com febre > 38,8ºC alto risco
· > 20.000/mm3 alto risco
· Vacuolização e granulações tóxicas nos leucócitos alto risco
Provas de Fase PCR >4 x o valor máximo de referência
Aguda VHS > 30mm/h
Raio-X de Tórax Crianças sem sinais e sintomas respiratórios com leucocitose >
20.000/mm3.
· Presença de sinais e sintomas respiratórios ou toxemia.
· Frequência respiratória > 50/min em crianças < 6 meses de idade ou
> 42/min em crianças entre 6 e 24 meses de idade
Exames serológicos Dengue, Chicungunya, Salmonelose, Leptospirose, HIV
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Quadro nº6 - Conduta
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5. ASSINATURAS
Nº Revisão:
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Grau de Recomendações e evidências
Grau de
recomendações Descrição
Existência evidências e/ ou consenso geral de que determinado
Grau I procedimento/tratamento é benéfico, útil e eficaz
Existência de evidências contraditórias e/ou divergência de opiniões sobre a
Grau II utilidade/eficácia de determinado tratamento ou procedimento
Grau IIa Evidências/opinião maioritariamente a favor da utilidade/eficácia
Grau IIb Utilidade/eficácia pouco comprovada pelas evidências/opiniões
Existem evidências e/ou consenso geral de que determinado
procedimento/tratamento não é benéfico/eficaz e poderá ser em certas
Grau III situações prejudicial.
Fonte: Adaptado e traduzido de www.escardio.org
Nível de evidência
Descritivo
A Informação recolhida a partir de vários ensaios clínicos aleatorizados ou meta-
análises.
B Informação recolhida apartir de um único ensaio clínico aleatorizado ou estudos
alargados não aleatorizados.
C Opinião consensual dos especialistas e/ou pequenos estudos, estudos retrospetivos e
registos.
Fonte: Adaptado e traduzido de www.escardio.org
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ANEXOS
Fluxograma
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INDICADORES DE AVALIAÇÃO
- Incremento no diagnóstico correcto e internamento por síndrome febril;
BICLIOGRAFIA
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Ya-Li Chien, Fang-Liang Huang, Chung-Ming Huang, Po-Yen Chen-Abordagem clínica da
febre de origem desconhecida em crianças; Journal of Microbiology, Immunology and Infection
(2017) 50, 893 e 898
• Torreggiani S, Filocamo G, Esposito S.-Febre recorrente em crianças; Int. J. Mol. Sci. 2016,
17, 448; doi: 10.3390 / ijms17040448
• Chiappini E, Bortone B, Galli L, et al. Diretrizes para o manejo sintomático da febre em
crianças: revisão sistemática da literatura e avaliação da qualidade com AGREE II. BMJ Open
2017; 7: e015404. doi: 10.1136 / bmjopen-2016-015404
• Esposito S, Rinaldi VE, Argentiero A et al.-Abordagem aos Recém-nascidos e Bebês com
Febre sem Fonte em Risco de Infecção Bacteriana Grave; Hindawi Mediators of Inflammation,
Volume 2018, Artigo ID 4869329, 11 páginas, https://doi.org/10.1155/2018/4869329
• Yan-Wei Li, Le-Shan Zhou e Xing Lii- Precisão da avaliação tátil da febre em crianças por
cuidadores: uma revisão sistemática e meta-análise; Indian Pediatrics Volume 54__march 15,
2017, publicado online: 02 de fevereiro de 2017. PII: S097475591600044
• Woll C, Neuman MI,. Aronson PL, -Management of the Febrile Young Infant: Update for the
21st Century; Pediatr Emerg Care. Novembro de 2017; 33 (11): 748–753. doi: 10.1097 /
PEC.0000000000001303• Bruno M, Ellis A. Consenso para o uso adequado de antibióticos em
crianças menores de 36 meses com febre sem uma fonte óbvia de infecção. Sumário executivo.
Arch Argent Pediatr 2017; 115 (2): 205-206.
• Revisão clínica e de segurança do Kanabar DJ-A do paracetamol e ibuprofeno em crianças;
Inflammopharmacol (2017) 25: 1–9 DOI 10.1007 / s10787-016-0302-3
• Carrilho EM-A criança com febre em: Palminhas JM, Carrilho EM- Orientação diagnostóstica
em Pediatria, Ed. Lidel, Lisboa-Porto, 2003, vol.1, cap.23, página 463-487.
• Nield LS, Kamat D- Fever sem foco em: Kliegman RM, Stanton BF, editores Behrman RE.
Tratado de Pediatria de Nelson, vol.1, 19ª Edição, Ed. Elsevier, Espanha 2013, cap. 170, pág.
935-944.
• Picarzo JPL et al.- Guia Rápido de Emergências Pediátricas, 2011; Área de Pediatria e
Neonatologia. Hospital Universitário da Fundação Alcorcón. Alcorcóm, Madrid 2011
• Afonso AC- Algoritmos de Decisão em Pediatria, Lidel, julho de 2014
Nield LS, Kamat D- Fever: Kliegman RM, Stanton BF, editores Behrman RE. Tratado de
Pediatria de Nelson, vol.1, 20ª Edição, Ed. Elsevier, 2016, cap. 170, pág. 1277-1284
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