Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo Da Bahia (2015 - 2024)

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ESTADO DA BAHIA

PLANO ESTADUAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO


DA BAHIA
(2015 – 2024)

SALVADOR
2015
ESTADO DA BAHIA

PLANO ESTADUAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO


DA BAHIA
(2015 – 2024)

Plano estadual de operacionalização do atendimento


socioeducativo da Bahia, com execução definida
para o período de dez anos - 2015 a 2024.

SALVADOR
2015
Qualquer parte deste material bibliográfico pode ser reproduzido desde que citada a fonte.

Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo da Bahia


(2015 – 2024) / Conselho Estadual dos Direitos da
Criança e do Adolescente – CECA (Organizador). –
Salvador: FUNDAC/SJDHDS, 2015.
174 p.

1. Adolescente – ato infracional. 2. Política de


Atendimento socioeducativo - Bahia. 3. Socioeducação. I.
Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do
Adolescente – CECA. II. Título.

CDU: 342.17

CONSELHO ESTADUAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DA BAHIA


Endereço: Rua Boulevar América, Nº 27, Jardim Baiano, Nazaré
CEP: 40.050-320 | Salvador - BA | Telefax: (71) 3321-2194
www.ceca.ba.gov.br
Email: ceca@sjdhds.ba.gov.br
Governo do Estado da Bahia
Rui Costa
Governador

Secretaria Estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social


José Geraldo dos Reis Santos
Secretário

Superintendência de Assistência Social


Maria Moraes de Carvalho
Superintendente

Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da Bahia


Regina Affonso de Carvalho
Diretora Geral

Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente


Edmundo Ribeiro Kroger
Presidente

Secretaria Estadual da Administração


Edelvino da Silva Goés Filho
Secretário

Superintendência de Gestão e Inovação


Elizabeth Maria Orge Lorenzo Menezes
Superintendente

Secretaria Estadual da Educação


Osvaldo Barreto Filho
Secretário

Superintendência de Políticas para Educação Básica


Eliezer Santos da Silva
Superintendente
Secretaria Estadual da Saúde
Fábio Vilas-Boas Pinto
Secretário

Superintendência de Atenção Integral à Saúde


José Raimundo Mota de Jesus
Superintendente

Secretaria Estadual da Segurança Pública


Maurício Teles Barbosa
Secretário

Superintendência de Prevenção à Violência


Admar Fontes
Superintendente

Prefeitura da Cidade de Salvador


Antonio Carlos Magalhães Neto
Prefeito

Secretaria Municipal da Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza


Bruno Reis
Secretário

Fundação Cidade Mãe


Risalva Fagundes Cotrim Telles
Presidente

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


Eserval Rocha
Presidente

Coordenadoria da Infância e Juventude


Emílio Salomão Pinto Resedá
Coordenador

2ª. Vara da Infância e Juventude


Álvaro Marques de Freitas Filho
Juiz Substituto Legal

5ª. Vara da Infância e Juventude


Nelson Santana do Amaral
Juiz Titular
Defensoria Pública do Estado da Bahia
Clériston Cavalcante de Macêdo
Defensor Público Geral

Subcoordenação da Defensoria Pública Especializada da Defesa dos Direitos


da Criança e do Adolescente
Maria Carmen Albuquerque Novais
Coordenadora

2ª. Defensoria Pública Especializada da Defesa dos Direitos da Criança e do


Adolescente de Salvador
Bruno Moura de Castro
Defensor Público Titular

Ministério Público do Estado da Bahia


Márcio José Cordeiro Fahel
Procurador Geral de Justiça

Centro de Apoio Operacional da Criança e do Adolescente


Márcia Luzia Guedes de Lima
Coordenadora

5ª. Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude de Salvador


Evandro Luís Santos de Jesus
Promotor de Justiça
GRUPO DE TRABALHO PARA CONSTRUÇÃO DO
PLANO ESTADUAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
DA BAHIA

Secretaria Estadual da Administração


Maria Elisabete Vita Souza

Secretaria Estadual da Educação


Isa Maria Fonseca Castro

Secretaria Estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social


Superintendência de Assistência Social
Marli Alves dos Santos
Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da Bahia
Emilson Gusmão Piau Santana
Maria de Fátima Silva de Oliveira
Patrícia Mota Lima
Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente
João da Silva Pereira
Laurenice Rodrigues Fernandes

Secretaria Estadual da Saúde


Márcia Maciel Porto

Secretaria Estadual da Segurança Pública


Maribel Fernandes Ribeiro Santana

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


2ª. Vara da Infância e Juventude
Ana Cláudia do Carmo Nascimento
5ª. Vara da Infância e Juventude
Nelson Santana do Amaral

Defensoria Pública do Estado da Bahia


Bruno Moura de Castro

Ministério Público do Estado da Bahia


Evandro Luís Santos de Jesus
GRUPO DE COLABORADORES PARA CONSTRUÇÃO DO
PLANO ESTADUAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
DA BAHIA
Secretaria Estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social
Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da Bahia
Ana Beatriz Santos Bity
Ana Clara Pedreira Santiago
Carla de Souza Rodrigues
Claudenice Santana Souza
Fábia Vírgínia Marques Calasans
Fabiana Valéria Burity Amorim
Georgina Góes da Conceição
Helen Dalila Araújo Esquivel
Ivonildes Teixeira de Sena
Janaína Pereira Galvão
Laís Teixeira Kelsh Vieira
Luciana Ribeiro Xavier Santos
Luciana Silva Ribeiro
Luiz Almeida Araújo
Maria Mercedes Agrícola Bonsucesso
Milena de Mariz
Ozeni Maria Oliveira da Assunção
Rosemeire Araújo Santos
Sandro Costa Correia
Yolanda Gomes Franco
Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente
Edmundo Ribeiro Kroger
Gianluca Guidetti
Normando Batista

Secretaria Estadual da Saúde


Andréa Carla Antunes Ribeiro

Secretaria Estadual da Segurança Pública


Renato Minho Figueiredo Filho

Secretaria Municipal da Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza


Denísia Ribeiro
Djean Felipe Lima
Madriani Souza
Maria de Cássia Lopes
Suzana Esteves

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


Elinalva Santana da Silva

Ministério Público do Estado da Bahia


Cecília Maria do Amaral
“Cada ser humano nasce com um potencial
e tem direito a desenvolvê-lo, mas para isso
acontecer, ele precisa de oportunidades. E
as melhores oportunidades são as
educativas, que preparam as pessoas para
fazerem escolhas. E isso eu chamo de
liberdade.”
(Antônio Carlos Gomes da Costa, 2009)
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 01 - Estatística Ano / Sexo / Idade ................................................ 44

Tabela 02 - Estatística Ano / Sexo / Etnia ................................................. 45

Tabela 03 - Estatística Ano / Sexo / Escolaridade .................................... 45

Tabela 04 - Estatística Ano / Sexo / Comarcas ........................................ 46

Tabela 05 - Estatística Ano / Comarcas / Atos Infracionais ...................... 47

Tabela 06 - Estatística Ano / Sexo / Decisões .......................................... 49

Tabela 07 - Quadro de Unidades da Bahia - Internação Provisória e


Medida Socioeducativa de Internação ................................... 53

Tabela 08 - Quadro de Unidades da Bahia – Medida Socioeducativa de


Semiliberdade ........................................................................ 53

Tabela 09 - Estatística Situação Escolar .................................................. 69

Tabela 10 - Estatística Escolaridade ......................................................... 69

Tabela 11 – Quantitativo de Adolescentes Atendidos em Atividades


Esportivas .............................................................................. 74

Tabela 12 – Quantitativo de Adolescentes Atendidos em Atividades


Culturais ................................................................................. 74

Tabela 13 – Quantitativo de Adolescentes Atendidos em Atividades


de Lazer ................................................................................. 74

Tabela 14 - Estatística Profissionalização, Trabalho e Previdência ......... 79

Tabela 15 – Cursos PRONATEC SINASE Homologados e Executados


na FUNDAC - 2013 à Abril.2015 ........................................... 81
Tabela 16 – Cursos Programa de Aprendizagem na Medida – Entidade
Formadora SENAI - Fevereiro.2013 à Abril.2015 ................. 82

Tabela 17 - Estatística Elaboração e Execução do Plano Individual de


Atendimento ........................................................................... 89

Tabela 18 – Demonstrativo Total de Medidas Socioeducativas de Meio


Aberto – Período 2008 à 2014 .............................................. 91

Tabela 19 - Demonstrativo de Serviço / Financiamento ........................... 92

Tabela 20 - Evolução do Serviço de Medidas Socioeducativas no


Âmbito do CREAS ................................................................. 93

Tabela 21 - Composição Mínima da Equipe de Referência do CREAS ... 96

Tabela 22 - Composição da Equipe da SAS/SJDHDS ............................. 97

Tabela 23 – Formações Realizadas pela Escola do SINASE da Bahia


Período de 2011 a 2014 ..................................................... 99

Tabela 24 - Períodos de Execução das Metas do Plano Estadual de


Atendimento Socioeducativo do Estado da Bahia ................................ 109

Gráfico 01 – Evolução dos Municípios que Ofertam Medidas


Socioeducativas de Meio Aberto na Bahia .......................... 91
LISTA DE SIGLAS

ABMP Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de


Justiça e Defensores Públicos da Infância e Juventude
ACADEPOL Academia da Polícia Civil da Bahia
CAFÉ Coordenação de Apoio à Família e ao Egresso da
Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da
Bahia
CASE Comunidade de Atendimento Socioeducativo
CASE BROTAS Comunidade de Atendimento Socioeducativo Brotas
CASE CIA Comunidade de Atendimento Socioeducativo Centro
Industrial de Aratu
CASE IRMÃ DULCE Comunidade de Atendimento Socioeducativo Irmã
Dulce
CASE JUIZ MELO MATOS Comunidade de Atendimento Socioeducativo Juiz Melo
Matos
CASE SSA Comunidade de Atendimento Socioeducativo de
Salvador
CASE SSA FEMININA Comunidade de Atendimento Socioeducativo Feminina
de Salvador
CASE ZILDA ARNS Comunidade de Atendimento Socioeducativo Zilda Arns
CECA Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do
Adolescente
CEDAP Centro Estadual Especializado em Diagnóstico,
Assistência e Pesquisa
CENTRO POP Centro de Referência Municipal Especializado para
População em Situação de Rua
CEPARH Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução
Humana
CETAD Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Drogas da
Universidade Federal da Bahia
CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
CIB Comissão Intergestores Bipartite
CIT Comissão Intergestores Tripartite
CMDCA Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente de Salvador
CNACL Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a
Lei
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social
CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente
CPSE Coordenação Estadual de Proteção Social Especial
CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência
Social
DAÍ Delegacia para o Adolescente Infrator
DERCA Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Criança e
o Adolescente
DPE Defensoria Pública do Estado da Bahia
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
EJA Educação de Jovens e Adultos
ENCCEJA Exame Nacional para Certificação de Competências de
Jovens e Adultos
ENEM Exame Nacional do Ensino Médio
ENS Escola Nacional de Socioeducação
FACIBA Faculdade de Ciências da Bahia
FCM Fundação Cidade Mãe
FJS Fundação José Silveira
FOBAP Fórum Baiano de Aprendizagem Profissional
FUNDAC Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da
Bahia
GERAD Gerência Administrativa da Fundação da Criança e do
Adolescente do Estado da Bahia
GERSE Gerência Socioeducativa da Fundação da Criança e do
Adolescente do Estado da Bahia
IFBA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Bahia
INEP Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacionais
Anísio Teixeira
IP Internação Provisória
LA Liberdade Assistida
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LOA Lei Orçamentária Anual
LOAS Lei Orgânica da Assistência Social
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a
Fome
MEC Ministério da Educação
MP Ministério Público do Estado da Bahia
MPT Ministério Público do Trabalho
MS Ministério da Saúde
MSEI Medida Socioeducativa de Internação
NAI Núcleo de Atendimento Integrado
NOB-RH/SUAS Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do
Sistema Único de Assistência Social
ONGs Organizações Não Governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
PA Pronto Atendimento da Fundação da Criança e do
Adolescente do Estado da Bahia
PAEFI Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e
Indivíduos
PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PIA Plano Individual de Atendimento
PNAISARI Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de
Adolescentes em Conflito com a Lei, em Regime de
Internação e Internação Provisória
PNAS Política Nacional de Assistência Social
POs Procedimentos Operacionais
PPA Plano Plurianual
PPCAAM Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes
Ameaçados de Morte
PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego
PSC Prestação de Serviços à Comunidade
PSE Proteção Social Especial
PST Prestação de Serviço Temporário
REDA Regime Especial de Direito Administrativo
RENAFOR Rede Nacional de Formação Inicial e Continuada de
Profissionais do Magistério da Educação Básica
SAS Superintendência de Assistência Social
SDH/PR Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas
SEC Secretaria Estadual da Educação
SECADI Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão
SEDES Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e
Combate à Pobreza
SEFAZ Secretaria Estadual da Fazenda
SEMPS Secretaria Municipal da Promoção Social, Esporte e
Combate à Pobreza
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENASP Serviço Nacional de Segurança Pública
SEPLAN Secretaria Estadual do Planejamento
SEPROMI Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial
SESAB Secretaria Estadual da Saúde
SETRE Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e
Esporte
SGD Sistema de Garantia de Direitos
SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
SCFV Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SINEBAHIA Serviço de Intermediação para o Trabalho
SIPIA INFOINFRA Sistema de Informação para Infância e Adolescência
SIPIA SINASE Sistema Nacional de Acompanhamento de Medidas
Socioeducativas
SJDHDS Secretaria Estadual de Justiça, Direitos Humanos e
Desenvolvimento Social
SPDCA Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e
do Adolescente
SRTE/BA Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na
Bahia
SSP Secretaria Estadual da Segurança Pública
SUAS Sistema Único de Assistência Social
SUPAT Superintendência de Patrimônio do Estado da Bahia
SUS Sistema Único de Saúde
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
UFBA Universidade Federal da Bahia
UnB Universidade de Brasília
UNICEF United Nations Children's Fund / Fundo das Nações
Unidas para a Infância
VIVER Serviço de Atenção a Pessoas em Situação de
Violência Sexual
APRESENTAÇÃO

Desde a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988


(CF/88), temos como norma jurídica no Brasil a imperativa necessidade de garantir
direitos aos cidadãos, com introdução, já na Carta Magna, no tocante a crianças e
adolescentes, da Doutrina da Proteção Integral. Pouco depois, em 1990, o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) foi instituído, trazendo, em seu bojo, a
consagração desta Doutrina e profundas alterações nas regulamentações relativas
às políticas afetas a este segmento etário, com mudanças de referenciais e
paradigmas, inclusive no âmbito infracional.

Apesar destas mudanças legais e conceituais, ainda se convivia, na área da justiça


juvenil e da socioeducação, com distorções que violavam estes preceitos. Fazia-se
necessário a definição de parâmetros e diretrizes para aplicação e execução das
medidas dispostas no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Após várias discussões e construções coletivas, em 2006, foi aprovado, através da


Resolução nº. 119 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(CONANDA), o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE),
documento teórico-operacional, sustentado nos princípios dos direitos humanos,
onde foram registradas orientações para o funcionamento da ação socioeducativa.
Paralelo a esta ação, ainda no mesmo ano, foi encaminhado ao Congresso Nacional
um projeto de lei, com propostas de regulamentações para a execução das medidas
socioeducativas, do ponto de vista judicial, o que somente foi promulgado no ano de
2012.

Não adianta, porém, ter regulamentações que preconizam a seguridade de direitos


fundamentais e prioridade absoluta para crianças e adolescentes, se o Sistema de
Garantia de Direitos (SGD) não estabelecer estratégias de ações integradas para a
execução das medidas necessárias ao atendimento deste público. Necessário e
urgente, portanto, estabelecer metas de trabalho a curto, médio e longo prazos.
À vista disso e para atender às determinações exaradas na Resolução e na Lei do
SINASE e na Resolução nº. 160/2013 do CONANDA, que determinam, às unidades
federativas do país, a elaboração de seus respectivos planos decenais de
atendimento socioeducativo, elaborou-se o presente documento.

Este Plano tem como objetivo nortear a gestão do atendimento socioeducativo no


Estado da Bahia, no intervalo de dez anos consecutivos, de 2015 a 2024,
estabelecendo metas com vistas à garantia dos preceitos preconizados nas
legislações e documentos específicos e a qualificação do atendimento aos
adolescentes acusados de cometer atos infracionais.

Para sua elaboração foi constituída uma comissão interinstitucional, composta por
profissionais de órgãos envolvidos com a socioeducação no Estado, tanto do âmbito
do Poder Executivo Estadual e Municipal quanto do Judiciário, Ministério Público e
Defensoria Pública, que disponibilizaram seus conhecimentos para redação do
documento, tendo como referência as legislações e normativas vigentes, o Plano
Nacional de Atendimento Socioeducativo e o Plano de Atendimento Socioeducativo
do Estado da Bahia, referentes aos períodos de 2014 a 2023 e de 2011 a 2015,
respectivamente.

Finda esta construção coletiva, o referido documento foi apresentado á sociedade,


para conhecimento, análise e crítica, através de audiência pública, o que resultou
em algumas alterações textuais. Foi submetido, ainda, à apreciação do Conselho
Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Estado da Bahia (CECA),
tendo sido aprovado em assembleia, na forma constante das atas incluídas nos
anexos deste documento.

Vale ressaltar que no Estado da Bahia, o atendimento socioeducativo é gerido pela


Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da Bahia (FUNDAC), instituição
integrante da estrutura organizacional da Secretaria Estadual de Justiça, Direitos
Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), no que diz respeito à gestão das
unidades de atendimento inicial e de cumprimento de internações e do regime de
semiliberdade.
As medidas em meio aberto têm sua execução efetivada nos municípios, no âmbito
dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), em
cogestão com a SJDHDS. Vale ressaltar que na cidade de Salvador este serviço
está sendo efetuado pela Fundação Cidade Mãe (FCM), vinculada à Secretaria
Municipal da Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (SEMPS), porém,
brevemente, será ofertado, também, em Centros de Referência Especializados de
Assistência Social.

Pretende-se que este documento possibilite o alinhamento e a qualificação do


atendimento socioeducativo no Estado da Bahia, garantindo, cada dia mais, a efetiva
aplicabilidade dos preceitos do ECA e do SINASE, em sua totalidade.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 21

1 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ................................................................. 24

2 MARCO SITUACIONAL GERAL .......................................................... 27

2.1 SISTEMAS DE JUSTIÇA E SEGURANÇA ............................................ 32

2.1.1 Sistema de Justiça ............................................................................... 32

2.1.2 Sistema de Segurança ......................................................................... 35

2.2 ATENDIMENTO INICIAL INTEGRADO ................................................. 43

2.3 ATENDIMENTOS SOCIOEDUCATIVOS EM MEIO FECHADO E 52


SEMILIBERDADE ..................................................................................
2.3.1 Suportes Institucional e Pedagógico ................................................. 57

2.3.2 Diversidade Étnico-racial, Gênero e Orientação Sexual .................. 60

2.3.3 Educação ................................................. ........................................... 62

2.3.4 Esporte, Cultura e Lazer ...................................................................... 72

2.3.5 Saúde .................................................... ............................................... 75

2.3.6 Abordagens Familiar e Comunitária ................................................... 77

2.3.7 Profissionalização, Trabalho e Previdência ...................................... 79

2.3.8 Segurança ............................................................................................. 83

2.3 ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO EM MEIO ABERTO ................... 84

2.4 RECURSOS HUMANOS ........................................................................ 95

2.5 SISTEMA DE INFORMAÇÃO ................................................................ 101

3 MODELO DE GESTÃO DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO ................ 104

4 EIXOS OPERATIVOS – METAS, PRAZOS E RESPONSÁVEIS .......... 109

4.1 EIXO – GESTÃO .................................................................................... 109

4.2 EIXO - QUALIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO ...... 113


4.3 EIXO - PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DOS ADOLESCENTES ........ 123

4.4 EIXO - FORTALECIMENTO DOS SISTEMAS DE JUSTIÇA E 124


SEGURANÇA ........................................................................................
5 ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO ................................................. 129

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 131

7 REFERÊNCIAS ...................................................................................... 133

ANEXO A – Resolução nº. 03, de 12 de junho de 2015, do CECA, que


dispõe sobre a Comissão responsável pela coordenação do processo
de elaboração deste Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo
da Bahia ..................................................................................................................... 139
ANEXO B – Ata da 196ª. Reunião Ordinária do CECA, onde foi
aprovado este Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo .............. 140
ANEXO C – Relatório das “Conferências Livres: O que desejam os
(as) jovens do atendimento socioeducativo de Salvador”, realizadas
pela FUNDAC com internos das unidades de privação de liberdade e
com egressos do município de Salvador ............................................ 146

ANEXO D – Relação de municípios que ofertam o serviço de medida


socioeducativa em meio aberto na Bahia .............................................. 172
21

INTRODUÇÃO

O sistema socioeducativo sofreu profundas transformações, conceituais e jurídicas,


nas últimas décadas. Novos instrumentos de trabalho foram promulgados e
publicados para normatizar o atendimento a adolescentes acusados de cometer atos
infracionais, implantando novas condutas e alterando a atuação dos vários setores
envolvidos no trato com este segmento etário.

Apesar destes avanços, persistem sérias e recorrentes violações no que se refere


ao atendimento socioeducativo. Superar a negação dos direitos ao segmento
infanto-juvenil é atribuição dos estados e municípios brasileiros, ratificando a
Doutrina da Proteção Integral, em consonância com a Convenção dos Direitos da
Criança e dos preceitos da Constituição Federal.

Na Bahia, apesar dos esforços empreendidos por todos os setores envolvidos na


prática socioeducativa, ainda existem preocupantes situações que vão de encontro
aos preceitos legais e teóricos da prática. Dificuldades são muitas e, algumas,
historicamente recorrentes.

Elaborar este Plano trouxe a necessidade de olhar a totalidade do sistema


socioeducativo, entendendo-o como um processo integrado e de constante
avaliação, e, o mais importante, estabelecer, conjuntamente, metas de trabalho para
os próximos dez anos.

O presente Plano, portanto, é fruto de um esforço coletivo e integrado, realizado por


diversos profissionais do SGD, de traçar o diagnóstico da atual realidade do
atendimento socioeducativo do Estado, de proposição de ações que possam ser
implementadas tanto para solucionar problemas historicamente identificados quanto
para implantar inovações qualificatórias, de orientação de novas práticas
socioeducativas e de busca de garantia de recursos direcionados às políticas
públicas para esta população. Enquanto política de Estado, pressupõe intervenções
sistêmicas, concebendo o atendimento socioeducativo como política essencialmente
22

interinstitucional e comunitária, exigindo a co-participação e a corresponsabilização


da família, da sociedade e do poder público.

A estrutura deste Plano segue a linha definida no Plano Nacional de Atendimento


Socioeducativo, publicado no ano de 2013. Inicialmente, são apresentados os
princípios e diretrizes norteadores da prática socioeducativa no Estado da Bahia. Em
seguida, no capítulo dois, há breve contextualização do percurso histórico das
políticas públicas nacionais voltadas para crianças e adolescentes e descrição da
atual situação do atendimento socioeducativo na Bahia, tomando como referência
seis âmbitos da prática, igualmente importantes para a formação de um marco
situacional geral do panorama estadual.

Através do conhecimento, discussão e análise dos dados coletados neste


diagnóstico inicial e considerando os indicadores propostos pelo Plano Nacional,
foram construídas metas de trabalho para os próximos dez anos do atendimento
socioeducativo na Bahia, apresentadas no capítulo quatro, distribuídas em quatro
eixos: Gestão; Qualificação do Atendimento Socioeducativo; Participação e
Autonomia dos Adolescentes; e Fortalecimento dos Sistemas de Justiça e
Segurança Pública.

Inspirando-se nos eixos do SINASE, estas metas têm execução proposta a curto,
médio e longo prazos, com monitoramento realizado através de períodos definidos,
na forma estabelecida no capítulo cinco, em cronograma pactuado e aprovado pela
Comissão Estadual Intersetorial de Implementação e Acompanhamento do Sistema
Nacional de Atendimento Socioeducativo da Bahia, que tem como finalidade
promover a articulação e a integração dos órgãos e entidades envolvidos na
execução do SINASE, bem como na elaboração e planejamento de ações
estratégicas destinadas ao atendimento de adolescentes autores de atos
infracionais.

No capítulo três, encontram-se expostos os modelos de gestão implantados pelos


órgãos do SGD, detalhando, contudo, apenas o funcionamento estrutural e de
23

recursos humanos das instituições que realizam a execução das medidas impostas
pelo ECA.

Desta forma, este Plano objetiva produzir mudanças positivas e implantação de


regulares e mais eficazes procedimentos de trabalho, com o fim precípuo de
favorecer práticas que conduzam à autonomia e emancipação cidadã do público
atendido.
24

1 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

O paradigma holístico que norteia o novo século, diz que o ser humano é um hólon,
um todo que se identifica como ser autônomo e, igualmente, como um elemento
participante de totalidades maiores. O físico, o intelecto, as emoções e o espírito
constituem as várias dimensões da totalidade indivisível da pessoa humana.
Nenhuma dessas dimensões pode ser priorizada no desenvolvimento individual, isto
traduz a visão integral do ser humano.

A proposta deste Plano é pautada no entendimento de que a prática deve ser


concebida como uma ação educativa, crítica e transformadora, estando suas ações
alicerçadas nos seguintes princípios:

• Afirmação dos adolescentes como sujeitos de direitos, assegurando-lhes as


garantias individuais inerentes ao adulto e aquelas próprias da sua condição
peculiar;

• Reconhecimento da condição peculiar do adolescente como pessoa em


desenvolvimento, de suas aptidões e da capacidade de cumprimento da medida
socioeducativa que lhe for aplicada;

• Observância e defesa dos princípios da legalidade, da brevidade, da


excepcionalidade e da proporcionalidade na aplicação das medidas
socioeducativas, especialmente de internação, em face dos prejuízos que a
privação de liberdade acarreta ao adolescente e a sua família;

• Garantia dos direitos à educação, saúde, assistência social, justiça, segurança,


lazer, cultura, esporte, profissionalização, convivência familiar e comunitária, bem
como respeito à dignidade, à identidade, à privacidade e à integridade física,
psicológica e moral dos adolescentes em privação ou restrição de liberdade,
focalizando a responsabilização e a emancipação cidadã;
25

• Territorialização e regionalização do atendimento socioeducativo, com participação


social e gestão democrática, considerando a intersetorialidade e a
responsabilização por meio dos órgãos que compõem o sistema;

• Excepcionalidade da intervenção judicial, através da busca constante de


estratégias de autocomposição de conflitos, por meio de práticas ou medidas
restaurativas;

• Crença na capacidade de transformação do ser humano, com convicção de que a


mudança é possível, reconhecendo a história, a cultura, a identidade e a
autonomia como possibilidades e não como determinação.

As diretrizes fundamentais para que se efetive a ação socioeducativa no contexto de


construção e execução das políticas públicas do Estado da Bahia estão a seguir
identificadas:

• Promoção da universalização dos direitos humanos em um contexto de


desigualdades;

• Respeito à diversidade humana nas mais variadas formas de expressão


(geracional, de raça, gênero, orientação sexual, cultura e credo);

• Reconhecimento e aplicação dos valores éticos universais em todas as instâncias


e situações;

• Crença que o ser humano que se pretende educar é capaz de retornar aos seus
direitos civis e políticos e aos seus deveres para com o Estado;

• Compromisso com a qualidade do serviço público de execução de medidas


socioeducativas, com base nas legislações pertinentes e com enfrentamento das
violações de direitos de adolescentes aos quais se atribui a autoria de ato
infracional;
26

• Entendimento da educação como um processo que leva o ser humano ao


crescimento e à realização pessoal, abrindo espaço para que o adolescente
exponha sua criatividade e desenvolva suas habilidades e capacidades;

• Democratização do saber, socializando o conhecimento;

• Promoção de capacitações básicas, continuadas e específicas para todos os


profissionais que laboram com socioeducação, de modo a permitir a formação
qualificada de toda a equipe;

• Aproximação do ideal da educação, formando cidadãos adultos, autônomos,


solidários, conscientes e capazes de lutar pela sua realização pessoal e
profissional, sem perder de vista a coletividade;

• Promoção do protagonismo dos adolescentes em todos os momentos do


atendimento socioeducativo, respaldado pelo Plano Individual de Atendimento
(PIA);

• Valorização da família do educando, assegurando a sua participação como


interlocutora e parceira da ação socioeducativa;

• Promoção da intersetorialidade, multiprofissionalidade e interdimensionalidade da


política de atendimento socioeducativo, mantendo estreito relacionamento entre os
órgãos/entidades parceiros, considerando o princípio da incompletude institucional;

• Priorização da aplicação de medidas socioeducativas de meio aberto, entendendo


a excepcionalidade da privação e restrição de liberdade;

• Empenho na busca da autocomposição dos conflitos e no emprego de práticas ou


medidas restaurativas, sempre que possível buscando atender as necessidades
das vítimas.
27

2 MARCO SITUACIONAL GERAL

Desde o fim do século XIX, a infância pobre era objeto de discussão e de políticas
de atendimento desenvolvidas pelas entidades assistenciais, mas foi no bojo do
processo acelerado de urbanização e industrialização desenvolvidas no Brasil, que
essa questão surgiu como parte da questão social (CARVALHO, 1995).

Nesse contexto, o objeto central das políticas correcionais repressivas, dos Juízos e
do Código de Menores (criados, respectivamente, em 1923 e 1927), marcou o início
da intervenção do Estado nesta questão. Com esse Código, estabeleceu-se um
novo padrão em relação à prática jurídica dirigida ao chamado “menor”, o que nos
permite falar do surgimento da “menoridade”, uma vez que esta categoria passou a
designar exclusivamente crianças e adolescentes pobres (ALVIM, VALADARES;
1998).

Assim, a prática dirigida ao chamado menor passou a ser baseada na doutrina da


situação irregular, que significa, segundo Méndez (1998), uma forma de legitimar a
ação judicial indiscriminada sobre as crianças em situação de dificuldade. Definindo
um “menor em situação irregular” exorcizam-se as deficiências das políticas públicas
e sociais, optando por soluções de natureza individual, que privilegiam a
institucionalização. “Inspirados na doutrina da situação irregular, o Código de
Menores não considerava que crianças e adolescentes, que por algum motivo
ficavam sob a proteção do Estado, fossem sujeitos de direitos” (UNICEF, 1999).

A partir dessas considerações, podemos dizer que ao se identificar os “menores”


como resultado de uma situação irregular, foi-se configurando um atendimento
repressivo, baseado na sua internação em instituições totais. Nessa perspectiva,
foram criados os primeiros estabelecimentos de proteção à infância, a exemplo do
Abrigo de Menores e a Escola de Reforma, implantados na década de trinta.

Dando um salto na história, em meados da década de oitenta, começou um


movimento que rompia com as concepções e tratamentos assinalados
28

anteriormente, passando a compreender crianças e adolescentes como pessoas em


condições especiais de desenvolvimento e detentoras de direitos específicos de
cidadania.

Articuladas nacionalmente, as entidades não governamentais de luta pelos direitos


da criança e do adolescente iniciaram, juntamente com um grupo de juristas, um
longo processo de discussão sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente,
inicialmente chamado Normas Gerais de Proteção à Infância e Adolescência, que
culminou em um documento consistente, com inclusão de temas carentes de
regulamentação em relação aos direitos infanto-juvenis (VOLPI, 1995).

Como assinala Méndez (1998), o Estatuto representou, tanto em sua forma de


produção quanto em seu conteúdo, verdadeira ruptura com a tradição anterior,
baseada na Doutrina da Situação Irregular. Trouxe, em seu bojo, os princípios da
Convenção Internacional dos Direitos da Criança, promulgada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em 1989, e que era considerada, à época, um novo marco
para o futuro mundial da infância. Ao introduzir a Doutrina da Proteção Integral, a
Convenção declarava que o bem estar e as condições de vida de crianças e
adolescentes não eram questão assistencial ou filantrópica, mas um direito que a
sociedade, o Estado e a família precisam garantir.

Assim, após dois anos da promulgação da Constituição Federal, entra em vigor o


Estatuto da Criança e do Adolescente, disciplinando e regulamentando esse novo
modelo juvenil, com mudanças de referenciais e paradigmas, com reflexos,
notadamente, no trato da questão infracional. Essa substituição representou uma
opção pela inclusão social do adolescente acusado de cometer ato infracional,
tirando-o da dimensão de mero objeto de intervenção.

Persistia, porém, a necessidade de melhor regulamentar a prática desenvolvida


pelos atores do Sistema de Garantia de Direitos. A partir do ano de 2002 esta
questão passou a ser tratada com maior ênfase pelos órgãos envolvidos neste
trabalho, notadamente nos encontros realizados pelo CONANDA e pela
29

Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (SPDCA),


órgão da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).

Discutiu-se, em vários encontros, uma proposta de lei para execução de medidas


socioeducativas apresentada pela Associação Brasileira de Magistrados,
Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e Juventude (ABMP), bem
como a prática pedagógica desenvolvida nas unidades socioeducativas. Acordou-se,
naquele momento, que seriam elaborados dois documentos diferenciados: um
projeto de lei, de cunho mais judicial, que definisse diretrizes de execução das
medidas socioeducativas, e outro mais teórico-operacional, que estabelecesse como
esta execução seria implementada na prática da prestação dos serviços.

No ano de 2004 foi sistematizada e organizada uma proposta, que tinha como
objetivo se tornar um guia na implementação das medidas socioeducativas,
denominada Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, sustentada nos
princípios dos direitos humanos.

Este documento apresentava alinhamentos conceitual, estratégico e operacional,


estruturado, principalmente, em bases éticas e pedagógicas. Propunha a correlação
de diferentes campos das políticas públicas e interfaces com diferentes sistemas,
requerendo atuação diferenciada, que associasse responsabilização e satisfação de
direitos.

Após muitas discussões, em 2006, foi publicado o SINASE, com registro das
orientações para o funcionamento da ação socioeducativa. Em paralelo, foi
encaminhado um projeto de lei ao Congresso Nacional, com propostas
regulamentadoras para a execução das medidas socioeducativas, do ponto de vista
judicial, somente tornando-se lei no ano de 2012.

Apesar desta evolução legislativa, o sistema socioeducativo encontra-se ainda


distante do idealizado. Mesmo dispondo de instrumentos norteadores da prática, que
muito favorecem o trabalho, tanto do ponto de vista conceitual quanto jurídico, a
30

área da socioeducação e da justiça juvenil vivenciam desafios para efetivação


destes dispositivos.

No Estado da Bahia ainda não se conseguiu colocar estes instrumentos em prática


em sua integralidade, o que gera sérios problemas no sistema socioeducativo e,
consequentemente, em toda a sociedade.

Neste processo estão implicados todos os atores do Sistema de Garantia de Direitos


que, apesar de estarem envolvidos com a problemática juvenil, nem sempre logram
êxito em suas tentativas de efetiva implementação dos ditames da socioeducação.

Conhecer o público deste sistema é um ponto de extrema importância neste


processo, uma vez que, não somente conduz à qualificação do serviço prestado,
como também promove eficiência à elaboração de estratégias de promoção e
prevenção de políticas públicas preventivas, que garantam o acesso aos direitos
fundamentais, buscando evitar o ingresso de crianças e adolescentes no universo
infracional.

Na Bahia, a política de atendimento socioeducativo, no tocante à privação e


restrição de liberdade, é coordenada pela Fundação da Criança e do Adolescente do
Estado da Bahia, que igualmente executa as ações referentes ao atendimento inicial
e acompanhamento de egressos e suas respectivas famílias.

A FUNDAC tem buscado alinhar a práxis da prestação do serviço público de


execução de medidas socioeducativas a um novo arranjo legal, orientado no
enfoque interdisciplinar, voltado exclusivamente aos adolescentes acusados de
cometer atos infracionais, com o desafio de se desvencilhar, no campo conceitual,
de concepções repressivo-assistencialistas, e no campo institucional, de
equipamentos que lhe permaneceram vinculados, mas que não mais correspondem
à sua missão legal, de responsável pela complexa e específica política estadual de
atendimento socioeducativo.
31

Para desenvolver as suas atividades, opera com unidades de pronto atendimento,


semiliberdade, internação provisória (IP) e internação, além de um programa de
apoio à família e egresso.

As medidas socioeducativas em meio aberto são executadas pelos municípios, no


âmbito dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social, em
cogestão com a SJDHDS. Esta Secretaria, por intermédio da Superintendência de
Assistência Social (SAS) coordena, em nível estadual, o Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), através de ações de monitoramento, capacitação e
cofinanciamento dos serviços socioassistenciais municipais, contribuindo para
assegurar a oferta de benefícios e serviços de proteção social básica e especial em
todo o Estado.

O Centro de Referência Especializado de Assistência Social, unidade pública


estatal, de abrangência municipal ou regional, oferta os serviços de proteção social
especial (PSE) de média complexidade, que engloba o atendimento a adolescentes
em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC).

Importante esclarecer que a incompletude institucional1 deve ser um princípio da


ação desenvolvida pelas instituições que realizam o atendimento socioeducativo.
Este conceito se contrapõe à histórica concepção da instituição total como modelo
de funcionamento das organizações, abolindo o entendimento das entidades como
centros isolados, responsáveis por prover todos os serviços necessários ao
adolescente. Dessa forma, o concurso sistemático e constante de políticas públicas
setoriais em todos os níveis (educação, saúde, segurança, etc.) é uma exigência
para o atendimento pleno de adolescentes em passagem pela socioeducação.

1
A incompletude institucional é um principio fundamental, norteador de todo o direito da
adolescência, que deve permear a prática dos programas socioeducativos e da rede de serviços.
Demanda a efetiva participação dos sistemas e políticas de educação, saúde, trabalho, previdência
social, assistência social, cultura, esporte, lazer, segurança pública, entre outras, para a efetivação da
proteção integral de que são destinatários todos adolescentes. (SINASE, 2006)
32

A seguir será descrita, de forma mais pormenorizada, a atual situação do sistema


socioeducativo no Estado da Bahia, com ênfase em aspectos relevantes à prestação
de tão específico e importante serviço, observando eixos propostos pelo SINASE,
bem como a participação ativa de representantes do Sistema de Garantia de
Direitos.

2.1 SISTEMAS DE JUSTIÇA E SEGURANÇA

2.1.1 Sistema de Justiça

Conforme mencionado anteriormente, a promulgação da Constituição da República


Federativa do Brasil de 1988 introduziu no ordenamento jurídico brasileiro um novo
paradigma em relação à infância e juventude. Superou-se a Doutrina da Situação
Irregular, vigente no antigo Código de Menores, e implementou-se a Doutrina da
Proteção Integral, deixando, a criança e o adolescente, de ser objeto de tutela e
passando a ser sujeito de direitos.

Dois anos após a promulgação desta Constituição, entra em vigor o Estatuto da


Criança e do Adolescente, disciplinando e regulamentando esse novo modelo
juvenil. Completados vinte e cinco anos da implantação deste documento legal,
porém, muitos desafios ainda se fazem presentes para efetivação dos seus
dispositivos.

Nesse contexto, o sistema socioeducativo encontra-se ainda distante do idealizado.


Apesar da evolução legislativa, inclusive com a introdução da Lei nº. 12.594/12 (Lei
do SINASE), que teve por objetivo efetivar os direitos e garantias destinadas ao
adolescente acusado de praticar ato infracional, a realidade é que as unidades de
internação se transformaram em verdadeiros presídios e as medidas
socioeducativas em meio aberto estão sendo precariamente executadas.
33

No Estado da Bahia existem apenas cinco unidades de internação, concentradas em


um raio de duzentos quilômetros (nas cidades de Salvador, Feira de Santana e
Camaçari), que não atendem à demanda de adolescentes infratores, na forma
exarada nos documentos que tratam desta matéria, algumas, inclusive, operando
com superlotação.

A maioria dos municípios baianos fica distante dessas unidades, o que compromete
a convivência familiar e o necessário acompanhamento do processo socioeducativo
por parte dos responsáveis pelos adolescentes, desrespeitando princípio
constitucional, previsto também no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei do
SINASE. Urge, portanto, a implantação de centros de internação regionalizados,
criando mais vagas no sistema, qualificando o atendimento e aproximando os
adolescentes dos seus familiares, condição fundamental para sua reinserção na
sociedade.

Noutro giro, mais um dos graves entraves do nosso sistema socioeducativo tem sido
a deficiente execução das medidas socioeducativas em meio aberto, que, conforme
disciplina a Lei do SINASE, é de competência dos municípios, assegurada a
cooperação dos Estados. Estas medidas, se efetivas, responsabilizam o
adolescente, porém não o priva de liberdade, o que nesta fase da vida pode trazer
consequências irreversíveis.

Vale ressaltar que as medidas socioeducativas privativas de liberdade são regidas


pelos princípios da excepcionalidade e da brevidade, devendo, a responsabilização
do adolescente, basear-se nas medidas em meio aberto. Contudo, diante da
fragilidade do seu cumprimento, essas medidas têm sido pouco utilizadas pelo
Poder Judiciário, que acaba se socorrendo, indiscriminadamente, das medidas de
internação.

A seguir estão dispostos dados da atual situação da justiça juvenil no Estado, bem
como as mais expressivas demandas registradas no momento, em forma de tópicos:
34

• Varas especializadas da infância e juventude instaladas apenas em três


mesorregiões, das sete existentes no Estado da Bahia, atualmente nas cidades
de Salvador, Feira de Santana, Lauro de Freitas, Camaçari, Vitória da Conquista,
Itabuna e Ilhéus;

• Necessidade de desvinculação das varas da infância e juventude dos juízos


criminais;

• Falta de um sistema de estatística comum às instituições que compõem o sistema


de justiça da infância e juventude;

• Exposição de adolescentes acusados de cometer atos infracionais na mídia, sem


qualquer cuidado com a proteção da identidade dos mesmos e autorização dos
responsáveis;

• Número insuficiente de unidades judiciárias, promotorias e defensorias para


atender à demanda na área da infância e juventude;

• Deficiência no quantitativo de servidores, Juízes, Promotores de Justiça e


Defensores Públicos que atuam nas varas da infância e juventude;

• Inexistência ou precariedade na formação de equipes multidisciplinares, para


atuar junto às promotorias, defensorias e varas da infância e juventude;

• Escassez de capacitação dos Agentes de Proteção com atuação nas varas da


infância e juventude;

• Ausência de centros integrados de atendimento ao adolescente em todas as


localidades onde existem varas especializadas;

• Falta de estabelecimentos regionalizados para cumprimento de medidas de


internação e semiliberdade;
35

• Descumprimento dos prazos legais para reavaliação de adolescente em


cumprimento de medida socieducativa;

• Necessidade de revisar a estrutura e conteúdo das informações repassadas pelas


equipes técnicas interdisciplinares das unidades/programas do sistema
socioeducativo ao Poder Judiciário, subsidiando melhor as decisões judiciais;

• Descumprimento do prazo legal máximo para internação provisória;

• Falta de celeridade na tramitação dos processos da infância e juventude;

• Ineficiência dos recursos legais, que demoram em média um ano para serem
julgados;

• Necessidade de implantação da Justiça Restaurativa Juvenil.

2.1.2 Sistema de Segurança

As ações da segurança socioeducativa, no Brasil, têm base na CF/88, em seu artigo


6º, combinado com o artigo 227, onde há entendimento extensivo da segurança
como garantia dos direitos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente traz, em seu artigo 87, como linha de ação
da política de atendimento socioeducativo, a proteção jurídico-social por entidades
de defesa dos direitos da criança e do adolescente, enquanto o SINASE orienta o
Poder Público, por seus mais diversos órgãos e agentes, na prestação deste
atendimento especializado, com eixo de trabalho exclusivo para a área de
segurança socioeducativa.

No plano internacional, a segurança socioeducativa baliza-se pelo estabelecido em


convenções e declarações da Organização das Nações Unidas, as quais o Estado
36

Brasileiro é signatário, tais como: Convenção Internacional dos Direitos da Criança;


Regras Mínimas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude
(Regras de Beijing); Regras Mínimas para a Proteção dos Jovens Privados de
Liberdade; e Diretrizes para a Prevenção da Delinquência Juvenil (Diretrizes de
Riad).

A segurança socioeducativa, na Bahia, é entendida como o conjunto de condições


necessárias para garantir que a privação da liberdade possa ser exercida com
preservação das integridades física, moral e psicológica do adolescente e de todas
as pessoas que exercem a sua atividade profissional ou que transitam internamente
ou no entorno de uma comunidade socioeducativa. Assim sendo, é realizada com
base em, pelo menos, três dimensões, quais sejam: adolescente/adolescente;
adolescente/profissionais/adolescente; e adolescente/mundo externo/adolescente.

A observância e implementação de ações de segurança são imprescindíveis no


planejamento e realização de todas as atividades desenvolvidas no sistema
socioeducativo. É de vital importância que seja percebida como responsabilidade de
todos os profissionais dos programas/unidades e aconteça ininterruptamente, na
perspectiva de validar as ações pedagógicas estabelecidas.

No âmbito da FUNDAC, essas ações possuem caráter protetivo e de garantia de


direitos, sendo geridas pela Coordenação de Segurança da Gerência
Socioeducativa (GERSE), que tem como finalidade planejar, coordenar e
supervisionar as ações da equipe de Socioeducadores das unidades, na perspectiva
precípua de proteger e assegurar ao adolescente/jovem sob sua responsabilidade,
os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral preconizada no ECA e no SINASE.

Para isto, acompanha as atividades desenvolvidas pelas coordenações de


segurança das unidades, visando auxiliar na resolução de problemas do cotidiano,
através de monitoramento estratégico de prevenção e controle de acontecimentos
rotineiros e de situações limite. Objetiva, ainda, garantir a padronização e a
harmonia das ações, assegurando o fiel cumprimento das orientações institucionais,
37

no tocante às políticas de segurança, e otimizar a formação continuada para atores


deste específico sistema, gerando maior produtividade educacional, tornando a
execução das medidas de privação e restrição de liberdade mais eficazes e
eficientes.

Desenvolve, portanto, procedimentos técnicos de controle, prevenção e intervenção


a serem adotados nas unidades, em busca de um ambiente favorável à prática
socioeducativa, tanto no que diz respeito à segurança interna quanto no tocante a
segurança externa, envolvendo vigilância da instituição e execução de ações que
demandem serviços policiais.

É importante salientar que a utilização da força para enfrentamento de situações


limite é competência exclusiva do Poder Público, sendo a ONU entidade
responsável pela elaboração destas regras. Como o Brasil é signatário das
convenções internacionais de direitos humanos editados pela citada organização,
todas as regulamentações se fazem presentes no ordenamento jurídico brasileiro,
como garantias individuais e coletivas.

De modo geral, as ações de segurança socioeducativa se realizam em articulação


com órgãos de segurança pública e de justiça, devendo ser observadas com
especial relevância, desde a apreensão dos adolescentes até a extinção da medida.
Os egressos também podem se beneficiar com esta atenção, na medida das suas
necessidades, sendo fomentadas por profissionais da Coordenação de Apoio à
Família e ao Egresso (CAFE) da FUNDAC ou dos CREAS.

Na esfera da segurança pública do Estado, compete a Secretaria Estadual da


Segurança Pública (SSP) realizar as ações de investigação e inteligência
desenvolvidas pela Polícia Civil e as ações repressivas e de salvaguarda de
atribuição da Polícia Militar.

Conforme levantamentos e estudos da SSP, o Estado Brasileiro, acompanhando as


mudanças nos processos civilizatórios exigidos na contemporaneidade, tem
buscado, nas dimensões jurídica, econômica, social e cultural, atender às diversas
38

comunidades, na perspectiva de reduzir os graus de vulnerabilidade dos segmentos


populares.

Nos processos de gestão pública instituídos no Brasil, por vezes as políticas são
pensadas de maneira discriminatórias e preconceituosas, neste particular para os
denominados “grupos vulneráveis”, que diz respeito a “um conjunto de pessoas que
por questões ligadas a gênero, idade, condição social, deficiência e orientação
sexual, tornaram-se mais suscetíveis à violação de seus direitos” (SENASP, 2009).
Os integrantes destes segmentos, inscritos na realidade social brasileira,
representam a expressiva maioria da população brasileira e baiana.

Partindo-se desta análise, depreende-se que no tocante a crianças e adolescentes


deve-se ter redobrada atenção e buscar implementar ações que transformem a
realidade e reduzam o grau de vulnerabilidade ao qual são submetidas, diariamente
e nos diversos espaços sociais.

No âmbito da segurança pública, reconhecendo-se a necessidade de qualificar a


atuação dos profissionais da SSP, que atuam diante de uma cultura organizacional
forte e com desempenho pautado na salvaguarda dos direitos e proteções
individuais, proporcionam-se diferentes processos de gestão e de acesso a
ferramentas tecnológicas.

Outro aspecto importante para o exercício do cargo diz respeito à formação para o
exercício da atividade policial; são dimensões distintas que formam o “ser policial”,
provocando contradições entre o “ser” e o “dever ser”. Nesta linha deve-se observar
que os equipamentos e a tecnologia precisam de profissionais operando no sentido
de fazer valer as normas e os valores institucionais.

Desse modo, percebe-se que, na Bahia, com a instalação das Bases Comunitárias
de Segurança Pública e o recrutamento de novos Policiais, associado ao modelo de
gestão de polícia comunitária, implantou-se uma importante ação de prevenção da
criminalidade. Neste contexto a Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI) e a
Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Criança e o Adolescente (DERCA) se
39

coadunam com a imperiosa necessidade buscada, de ampliar as ações de proteção


de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

Preliminarmente, é preciso pensar na “porta de entrada” dos adolescentes quando


conduzidos à delegacia: a recepção, a triagem e o recolhimento. Delegacias como a
DAI e a DERCA atendem, na maioria das vezes, crianças e adolescentes com alto
grau de vulnerabilidade social, devendo atuar mais na natureza social do que
policial, focando na prevenção e cidadania.

Nesse sentido, no que diz respeito às medidas de segurança internas e externas ao


âmbito socioeducativo, a garantia dos direitos humanos de adolescentes/jovens,
deve considerar aspectos divergentes, ou seja, a dicotomia entre a apreensão e a
garantia das integridades física, psíquica e moral destes e a execução do processo
socioeducativo. Além de exigir a articulação efetiva entre os demais setores do
Estado para garantia integral a esses direitos, precisa ter como pressuposto a
incompletude institucional.

Em consonância com o que reza a Constituição Federal, os Estatutos da Criança e


do Adolescente e da Juventude e o SINASE e em conformidade com as diretrizes
estabelecidas nos tratados, convenções e declarações internacionais sobre direitos
de crianças e adolescentes, dos quais o Estado Brasileiro é signatário, a segurança
socioeducativa na Bahia, no tocante às atribuições da FUNDAC e da SSP, aponta
em seu marco situacional para a necessidade de:

• Combate à superlotação das unidades finalísticas da FUNDAC, motivo de


elevação do grau de vulnerabilidade e comprometimento da segurança
socioeducativa interna;

• Superação da escassez de materiais estratégicos para a execução de


procedimentos de segurança, em consonância com o princípio da dignidade da
pessoa humana, tais como rádios, aparelho raios-X, detectores de metais,
veículos apropriados para transporte de adolescentes, etc.;
40

• Maior observância aos Procedimentos Operacionais (POs) de condução de


adolescentes, uso de algemas, dentre outros, que visem coibir e combater
tratamentos vexatórios, prestados aos socioeducandos;

• Qualificação da revista íntima para acesso de visitantes às unidades


socioeducativas, bem como para os adolescentes acusados de cometer atos
infracionais, assegurando o respeito à dignidade humana, com implementação de
procedimentos de revista mecânico, através da utilização de equipamentos
necessários e capazes de garantir a segurança nos estabelecimentos, tais como
detectores de metais, aparelhos de raios-X, entre outras tecnologias que preserve
a integridade física, psicológica e moral do revistado, proibindo-se a revista
manual, salvo em situações excepcionais;

• Aumento da oferta de formação continuada, através de capacitação para os


profissionais da segurança socioeducativa, notadamente nas questões
relacionadas aos direitos humanos, adolescência, equidade, mediação de
conflitos, incêndios, primeiros socorros, com vistas a mudanças conceituais,
procedimentais e comportamentais, que ensejem o discernimento e a objetividade
nas ações cotidianas e nos momentos de situações limites do atendimento;

• Ampliação do quantitativo de Socioeducadores, observando a proporção mínima


de um profissional para três adolescentes, bem como assegurando seleção de
perfis adequados à socioeducação;

• Implantação e/ou implementação de circuitos fechados de televisão em todas as


unidades finalísticas da FUNDAC;

• Fortalecimento da segurança externa das instituições de privação de liberdade,


estabelecendo, junto a Polícia Militar, parceria para atuação e realização de
rondas nas respectivas áreas, de forma articulada e focada na atividade
preventiva;

• Garantia da segurança externa nas unidades socioeducativas;


41

• Construção do Plano Institucional de Segurança Socioeducativa, com a


participação dos órgãos de assistência social, segurança pública, defesa civil e
judiciais da infância e juventude;

• Manutenção das instalações físicas das unidades de pronto atendimento, de


privação e de restrição de liberdade, com ênfase na estrutura predial e nos
equipamentos de segurança;

• Maior agilidade nas respostas às demandas apresentadas pela FUNDAC, aos


diversos órgãos públicos, no que concerne a segurança;

• Garantia que a estrutura física e a organização espacial e funcional das unidades


favoreçam a convivência entre profissionais e adolescentes, em um ambiente
harmônico e produtivo, onde as situações críticas tenham chances reduzidas de
eclosão e proliferação;

• Estabelecimento de procedimentos operacionais padronizados nos


relacionamentos com as Polícias Militar e Civil, Defensoria Pública do Estado da
Bahia (DPE), Ministério Público do Estado da Bahia (MP) e com a Justiça da
Infância e Juventude, assegurando o provimento de condições adequadas de
segurança no atendimento socioeducativo;

• Maior observância ao fluxo de comunicação dos profissionais com os


adolescentes, favorecendo o bom andamento do trabalho socioeducativo e a
manutenção de um clima de entendimento e paz;

• Requalificação da estrutura física das delegacias especializadas e do quadro de


pessoal, para oferecer um serviço humanizado e focado no cumprimento das
atividades inerentes a polícia investigativa, alinhada ao ECA;

• Promoção de ações que viabilizem a identificação civil das pessoas apresentadas


nas delegacias quando da instauração do inquérito policial, a fim de evitar a
ocorrência de indiciamentos ou liberações inadequadas;
42

• Agilização da retirada dos adolescentes acusados de cometer atos infracionais da


custódia nas delegacias;

• Estabelecimento de ações conjuntas com a Secretaria Estadual de Promoção da


Igualdade Racial (SEPROMI), para redução da vulnerabilidade e da mortalidade
da juventude negra;

• Garantia da articulação diuturna entre o Poder Judiciário, Conselho Tutelar e


Delegacias para adoção das medidas necessárias ao acolhimento institucional
dos adolescentes em situação de vulnerabilidade social, em custódia nas
unidades policiais, quando não apresentarem condições de entrega aos
responsáveis;

• Garantia do encaminhamento dos adolescentes apreendidos para realização de


exame de corpo de delito, nos casos previstos em protocolo da DAI;

• Agilização da emissão dos laudos periciais pelo Departamento de Polícia Técnica,


levando em consideração a necessidade dos órgãos envolvidos no atendimento
ao adolescente acusado de cometer ato infracional em contar com a informação,
com brevidade;

• Integração da rede de atendimento da infância e juventude, inclusive com


disponibilidade também aos finais de semana e feriados;

• Necessidade de maior capacitação dos profissionais da segurança pública, para


atendimento e acompanhamento de adolescentes;

• Fortalecimento dos trabalhos prestados pelo Serviço de Atenção a Pessoas em


Situação de Violência Sexual (VIVER), mais especificamente na dimensão da
prevenção;

• Normatização e qualificação do transporte, remoção e condução de


adolescentes/jovens submetidos às medidas de internação ou de semiliberdade,
quando em deslocamento externo, sobretudo quando oriundos das comarcas do
43

interior do Estado com destino às unidades socioeducativas, assegurando os


direitos preconizados para este público.

2.2 ATENDIMENTO INICIAL INTEGRADO

No contexto da justiça juvenil, conta-se, atualmente, com normatizações emanadas


do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo. Estas legislações trouxeram mudanças de referenciais, paradigmas
e de atuação dos vários setores envolvidos no trato com esta especial clientela.

Para garantia da prática destas normatizações, faz-se necessário a implantação e


implementação de medidas que assegurem o atendimento nos moldes propostos,
tais como:

[...] reordenamento institucional das unidades de internação;


ampliação do sistema em meio aberto; organização em rede de
atendimento; pleno funcionamento do sistema de defesa do
adolescente em conflito com a lei; regionalização do atendimento;
municipalização do meio aberto; capacitação dos atores
socioeducativos; elaboração de uma política estadual e municipal de
atendimento integrada com as demais políticas; ação mais efetiva
dos conselhos estaduais e municipais; ampliação de varas
especializadas e plantão institucional; maior entendimento da lei e
suas especificidades; integração dos órgãos do Judiciário,
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública, Assistência
Social, na operacionalização do atendimento inicial do
Adolescente em conflito com a lei, e atendimento estruturado e
qualificado aos egressos (grifo nosso) (SINASE, 2006, p. 21).

O atendimento inicial prestado a adolescentes a quem se atribui a autoria de atos


infracionais, tem essencial colocação nesta conjuntura. Atualmente, as unidades de
Pronto Atendimento (PA) da FUNDAC, instaladas nas cidades de Salvador e Feira
de Santana, funcionam de forma integrada com os demais órgãos envolvidos neste
trabalho (Defensoria Pública, Ministério Público e Poder Judiciário), inclusive no
mesmo espaço físico, oportunizando agilidade de procedimentos, maior efetividade
do Sistema de Garantia de Direitos e restrição de condutas abusivas, notadamente
desnecessárias privações de liberdade, sob a forma de internações.
44

Nos PAs são disponibilizados atendimentos técnicos aos adolescentes, objetivando


favorecer a redução do stress causado pela situação em que se encontram, a
reelaboração de conceitos, a ressignificação do ato infracional, a orientação quanto
a condutas adequadas à sua condição física, psíquica e social e a garantia da plena
e justa decisão no procedimento judicial e do pleno exercício de sua cidadania,
enquanto sujeitos de direitos.

São oferecidos, ainda, serviços básicos aos adolescentes, tais como alimentação,
atendimento de saúde ambulatorial e higienização, bem como atendimento técnico
aos responsáveis pelos mesmos, presentes em suas instalações.

Nos últimos quatro anos (2011-2014), dos adolescentes atendidos na unidade de


atendimento inicial de Salvador, 89,73% (oitenta e nove vírgula setenta e três por
cento) foram do sexo masculino enquanto 10,27% (dez vírgula vinte e sete por
cento) do sexo feminino. Vale ressaltar que a faixa etária dos 16 aos 17 anos de
idade corresponde a 65,3% (sessenta e cinco vírgula três por cento) do total dos
adolescentes atendidos.

Tabela 01 – Estatística Ano - Sexo - Idade


2011 2012 2013 2014
Idade
Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total

12 Anos 037 014 051 022 008 030 029 009 038 014 004 018

13 Anos 065 027 092 072 026 098 070 016 086 068 010 078

14 Anos 177 030 207 142 041 183 142 033 175 153 020 173

15 Anos 337 055 392 304 054 358 334 048 382 303 033 336

16 Anos 556 072 628 502 057 559 523 039 562 575 058 633

17 Anos 796 054 850 690 052 742 658 042 700 675 045 720

Maior de 18 Anos 045 001 046 032 003 035 033 --- 033 028 --- 028
Sem Informação --- --- --- 002 --- 002 015 --- 015 010 --- 010
Total Geral 2013 253 2266 1766 241 2007 1804 187 1991 1826 170 1996
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: 30/12/2014

No tocante à etnia, 83,49% (oitenta e três vírgula quarenta e nove por cento) dos
atendimentos iniciais foram realizados com adolescentes pardos e negros, enquanto
que com relação à escolaridade 88,72% (oitenta e oito vírgula setenta e dois por
45

cento) informaram estar cursando o ensino fundamental, apesar de ser percebido


que muitos possuem dificuldades condizentes ainda com aprendizagens afetas à
alfabetização.

Tabela 02 – Estatística Ano / Sexo / Etnia


2011 2012 2013 2014
Etnia
Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total

Amarela --- --- 0037 0031 003 0034 0027 008 0035 0025 002 0027

Branca --- --- 0115 0108 016 0124 0116 016 0132 096 006 0102

Índia --- --- 0026 035 004 0039 0045 005 050 041 005 0046

Negra --- --- 0811 0671 095 0766 0710 064 0774 0766 064 0830

Parda --- --- 1028 0798 102 0900 0783 084 0867 0829 085 0914

Não Informada --- --- 0249 0123 021 0144 0123 010 0133 0069 008 0077

Total Geral --- --- 2266 1766 241 2007 1804 187 1991 1826 170 1996
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: 30/12/2014

Tabela 03 – Estatística Ano / Sexo / Escolaridade


2011 2012 2013 2014
Escolaridade
Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total

Analfabeto 0098 003 1001 0055 007 0062 0061 006 0067 0056 001 0057

Alfabetizado 0015 --- 0015 0011 --- 0011 0014 --- 0014 0004 --- 0004

Ensino Fundamental 1717 217 1934 1529 210 1739 1553 160 1713 1569 133 1702

Ensino Médio 0090 018 0108 0086 013 0099 0075 017 0092 0110 030 0140

Superior Incompleto 0001 --- 0001 0001 --- 0001 0002 --- 0002 --- --- ---

Supletivo Ens. Fundam. 0041 011 0052 0055 008 0063 0061 001 0062 0057 004 0061

Supletivo Ensino Médio 0004 --- 0004 0006 002 0008 --- 001 0001 0001 --- 0001

Não Informado 0047 004 0051 0023 001 0024 0038 002 0040 0029 002 0031

Total Geral 2013 253 2266 1766 241 2007 1804 187 1991 1826 170 1996
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: 30/12/2014

Neste mesmo período, em média 80,38% (oitenta vírgula trinta e oito por cento) dos
atendimentos foram realizados com adolescentes provenientes de Salvador,
oriundos da delegacia especializada, com situações judiciais ainda indefinidas. Os
demais atendimentos, 19,62% (dezenove vírgula sessenta e dois por cento), foram
46

feitos com público originário de outras comarcas, com decisões exaradas para
cumprimento de internações (provisória ou definitiva) nas unidades da FUNDAC.

Tabela 04 – Estatística Ano / Sexo / Comarcas


2011 2012 2013 2014
Comarca
Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total

Salvador 1595 229 1824 1373 214 1587 1488 166 1654 1436 139 1575

Interior da Bahia 0418 024 0442 0393 027 0420 0316 021 0337 0398 023 0421

Total Geral 2013 253 2266 1766 241 2007 1804 187 1991 1834 162 1996
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: 30/12/2014

No tocante aos atos infracionais com maior índice de acusação, percebe-se uma
diferenciação entre os dados relativos aos adolescentes apreendidos na capital em
comparação com os do interior do Estado. Em Salvador houve maior incidência de
imputações alusivas a atos contra o patrimônio e ao comércio ou posse de drogas,
enquanto que nas demais comarcas as ações contra a vida tiveram relevante
ocorrência, chegando a atingir 12,37% (doze vírgula trinta e sete por cento) do total
de apreensões contra 0,88% (zero vírgula oitenta e oito por cento) de Salvador.

Na análise dos dados a seguir registrados, depreende-se que em Salvador os atos


infracionais pelos quais os adolescentes mais foram apreendidos, no período de
2012 a 2014, foram os análogos aos crimes de roubo (28,90%), tráfico de drogas
(21,86%), porte ilegal de arma de fogo (10,3%), furto (9,72,%), posse de drogas
(4,65%) e lesão corporal (4,55%), enquanto que no interior do Estado tem-se a
seguinte estatística: roubo (28,15%), tráfico de drogas (18,49%), homicídio
(12,35%), porte ilegal de arma de fogo (7,63%), tentativa de homicídio (7,1%) e furto
(5,41%).
47

Tabela 05 – Estatística Ano / Comarcas / Atos Infracionais


2012 2013 2014
Comarca

Salvador

Salvador

Salvador
Interior

Interior

Interior
Total

Total

Total
Ameaça 0061 018 0079 0057 009 0066 0080 011 0091

Apropriação Indébita ---- --- ---- 0003 --- 0003 ---- --- ----

Atentado Violento ao Pudor 0001 --- 0001 ---- --- ---- ---- --- ----

Cárcere Privado ---- 002 0002 ---- --- ---- ---- --- ----

Contravenção Prevista na Lei de Trânsito 0016 --- 0016 0008 --- 0008 0005 --- 0005

Crime Previsto na Lei de Trânsito 0015 --- 0015 0020 --- 0020

Dano 0045 003 0048 0016 005 0021 0031 005 0036

Desacato à Autoridade 0010 --- 0010 0009 002 0011 0019 --- 0019

Direção Perigosa ---- 001 0001 ---- 001 0001 ---- --- ----

Estelionato 0004 --- 0004 0006 --- 0006 ---- --- ----

Estupro 0025 011 0036 0013 005 0018 0011 013 0014

Extorsão 0001 001 0002 0003 001 0004 ---- 002 0002

Falsificação de Documentos 0004 --- 0004 0005 --- 0005 0001 --- 0001

Formação de Quadrilha 0024 006 0030 0016 014 0030 0027 011 0038

Furto 0223 039 0262 0167 016 0183 0119 024 0143

Homicídio 0016 071 0087 0011 047 0058 0019 061 0080

Latrocínio 0005 010 0015 0002 011 0013 0003 018 0021

Lesão Corporal 0088 018 0106 0086 009 0095 0065 006 0071

Outras Contravenções Consumadas 0010 --- 0010 0005 --- 0005 0001 --- 0001

Outros Crimes Consumados 0018 --- 0018 0017 005 0022 0027 004 0031

Outros Crimes Tentados 0003 --- 0003 0002 --- 0002 0003 --- 0003

Perturbação da Ordem Legal 0004 --- 0004 0003 --- 0003 ---- --- ----

Porte Ilegal de Armas 0171 034 0205 0202 033 0235 0168 043 0211

Posse de Drogas 0084 005 0089 0090 --- 0090 0070 003 0073

Provocar Incêndio 0001 002 0003 ---- 001 0001 ---- --- ----

Receptação 0032 005 0037 0047 003 0050 0038 007 0045

Rixa 0013 --- 0013 0002 --- 0002 ---- --- ----

Roubo 0438 128 0566 0519 115 0634 0560 164 0724

Sequestro/Subtração de Incapaz 0001 005 0006 0006 001 0007 0001 001 0002
48

Tabela 05 – Estatística Ano / Comarcas / Atos Infracionais (continuação)


2012 2013 2014
Comarca

Salvador

Salvador

Salvador
Interior

Interior

Interior
Total

Total

Total
Tentativa de Estupro ---- 002 0002 0003 --- 0003 0002 001 0003

Tentativa de Furto 0016 --- 0016 0015 001 0016 0013 001 0014

Tentativa de Homicídio 0014 040 0054 0022 026 0048 0011 037 0048

Tentativa de Latrocínio ---- 008 0008 ---- 004 0004 ---- --- ----

Tentativa de Roubo 0015 001 0016 0025 003 0028 0040 005 0045

Tráfico de Drogas 0353 087 0440 0392 091 0483 0402 087 0489

Vias de Fato 0020 002 0022 0015 033 0048 0005 --- 0005

Violação de Domicílio 0003 001 0004 0005 001 0006 ---- --- ----

Total Geral 1719 500 2219 1787 437 2224 1741 504 2245
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: 30/12/2014

Conforme dados da Tabela 06 (Estatística Ano / Sexo / Decisões), depreende-se


que 69,19% (sessenta e nove vírgula dezenove por cento) destes adolescentes
foram acusados do cometimento da primeira infração, enquanto 30,32% (trinta
vírgula trinta e dois por cento) já tinham sido apontados como autores de outros atos
infracionais e 0,49% (zero vírgula quarenta e nove por cento) foram apreendidos
através de Mandado de Busca e Apreensão emitido pela 2ª. Vara da Infância e
Juventude, por motivos diversos.

Do total dos adolescentes com passagem registrada no PA de Salvador, no


mencionado período, 57,1% (cinquenta e sete vírgula um por cento) foram entregues
a seus familiares após aceitarem as condições impostas pelo Ministério Público ou
pela 2ª. Vara da Infância e Juventude (Entrega sob Termo de Responsabilidade),
34,04% (trinta e quatro vírgula zero quatro por cento) tiveram decisões exaradas de
internação provisória e 3,5% (três vírgula cinco por cento) foram encaminhados para
cumprimento de medida socioeducativa de internação (MSEI). Os demais 5,36%
(cinco vírgula trinta e seis por cento) dos atendimentos tiveram decisões de retorno a
DAI ou a comarca de origem, cumprimento de internação sanção ou de medida
socioeducativa de semiliberdade e encaminhamentos a abrigos e instituições afins l.
49

Tabela 06 – Estatística Ano / Sexo / Decisões


Movi 2011 2012 2013 2014
menta Decisões
Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total
ção
Encam. para outra unidade 054 008 062 025 015 040 027 009 036 012 006 018

Int. Provisória CASE SSA 433 37 470 367 032 399 382 023 405 478 --- 478

Int. Provisória CASE CIA --- --- --- 010 --- 010 050 --- 050 011 --- 011

Int. Provisória CASE SSA


--- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 031 031
FEMININA

Liberado Sob Termo – MP 666 133 799 627 127 754 647 105 752 656 89 745

Liberado Sob Termo – 2ª.


104 006 110 089 008 097 135 009 144 074 006 080
Vara da Inf. e Juventude
Uma Entrada

Retorno a DAÍ 006 001 007 004 003 007 002 --- 002 001 --- 001

Retorno a Comarca de
--- --- --- 001 --- 001 --- --- --- --- --- ---
Origem

Internação CASE CIA 022 --- 022 019 --- 019 019 --- 019 018 --- 018

Internação CASE SSA 015 001 016 042 008 050 017 --- 017 016 --- 016

Int. Sanção CASE SSA --- --- --- --- --- --- 001 003 004 001 --- 01

Int. Sanção CASE CIA --- --- --- --- --- --- 001 --- 001 --- --- ---

Semiliberdade CASE
--- --- --- --- --- --- 001 --- 001 001 --- 001
BROTAS

Pernoite MP 008 003 011 002 --- 002 --- --- --- --- --- ---

Total 1308 189 1497 1186 193 1379 1282 149 1431 1268 132 1400

Encam. para outra unidade 087 007 094 027 005 032 030 007 037 013 --- 013

Int. Provisória CASE SSA 243 018 261 204 009 213 197 006 203 245 --- 245
Mais de Uma Entrada

Int. Provisória CASE CIA --- --- --- 001 --- 001 007 --- 007 002 --- 002

Int. Provisória CASE SSA


--- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 014 014
FEMININA

Internação CASE CIA 015 --- 015 004 --- 004 003 --- 003 007 --- 007

Internação CASE SSA 020 --- 020 025 002 027 016 001 017 010 --- 010

Liberado Sob Termo – MP 236 031 267 246 026 272 192 017 209 221 013 234

Liberado Sob Termo – 2ª.


058 003 061 062 005 067 055 006 061 049 003 052
Vara da Inf. e Juventude

Retorno a DAÍ 015 002 017 007 --- 007 --- --- --- --- --- ---
50

Tabela 06 – Estatística Ano / Sexo / Decisões (continuação)


Movi 2011 2012 2013 2014
menta Decisões
Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total
ção
Retorno a Comarca de
014 002 016 001 001 002 002 --- 002 004 --- 004
Mais de Uma Entrada

Origem

Busca e Apreensão CASE


003 001 004 --- --- --- --- --- --- --- --- ---
SSA

Centro de Educação
--- --- --- 001 --- 001 --- --- --- --- --- ---
Especial Elcy Freire

Pernoite MP 006 --- 006 001 --- 001 --- --- --- --- --- ---

Total 697 064 761 579 048 627 507 038 545 551 030 581

Semiliberdade Camaçari 001 --- 001 --- --- --- --- --- --- --- --- ---

Retorno a Unidade de
--- --- --- --- --- --- 0001 --- 001 --- --- ---
Origem
Busca e Apreensão

Liberado Sob Termo - 2ª.


--- --- --- 001 --- 001 002 --- 002 003 --- 003
Vara da Inf. e Juventude

Int. Provisória CASE SSA --- --- --- --- --- --- 008 --- 008 012 --- 012

Internação CASE SSA 007 --- 0007 --- --- --- 003 --- 003 --- --- ---

Internação CASE CIA --- --- --- --- --- --- 001 --- 001 --- --- ---

Total 008 --- 008 001 --- 001 015 --- 015 015 --- 015

Total Geral 2013 253 2266 1766 241 2007 1804 187 1991 1834 162 1996
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: 30/12/2014

Vale ressaltar que até o último mês de maio, o Pronto Atendimento de Salvador
funcionava de segunda a sexta-feira, das sete às dezenove horas, o que impunha
que os adolescentes em circunstâncias de prática de ato infracional permanecessem
em alguns momentos na delegacia especializada, local que, além de não ter esta
finalidade, não oferece espaço humanizado adequado para realização da custódia.
Em junho de 2015, porém, a unidade passou a estender sua atuação aos horários
diurnos dos finais de semana e feriados, não operando, apenas, basicamente nos
períodos noturnos, diminuindo a exposição deste público às adversidades da
custódia policial. Este plantão, porém, encontra-se funcionando inadequadamente,
pois não conta com a presença da Defensoria Pública e do Poder Judiciário no
Centro Integrado, o que compromete e dificulta o trabalho desenvolvido.
51

A implantação de um serviço de atendimento ininterrupto a estes adolescentes, nas


dependências da FUNDAC, articulado aos plantões dos representantes da
Defensoria Pública, do Ministério Público, do Poder Judiciário e da Delegacia para o
Adolescente Infrator, como definido nas especificações do Núcleo de Atendimento
Integrado (NAI), notadamente nos municípios que possuem varas da infância e
juventude e unidades de privação de liberdade, é imperioso para transformação
deste cenário de violação de direitos, a fim de resguardar a dignidade e os direitos
dos adolescentes e de seus responsáveis.

No tocante à situação atual do atendimento inicial prestado a adolescentes no


Estado da Bahia, destaca-se:

• Ausência de atendimento inicial integrado antes da decisão de processos de


conduta infracional nas varas judiciais, com exceção das comarcas de Salvador e
Feira de Santana, onde o serviço já se encontra implantado;

• Inadequação da estrutura física dos centros integrados instalados no Estado;

• Dificuldades na efetivação da prática integrada dos órgãos constantes no


atendimento inicial, observando, inclusive, uma melhor estruturação para a
otimização do serviço;

• Escassez e/ou inexistência de instituições para onde possam ser encaminhados


adolescentes liberados após o atendimento inicial, e/ou seus familiares, para
resolução e suporte de questões de saúde, sociais e psíquicas, notadamente com
referência ao tratamento de dependência química;

• Necessidade de redefinição da grade curricular dos treinamentos destinados aos


profissionais envolvidos no atendimento socioeducativo inicial, ampliando as
áreas de conhecimento e os conteúdos atualmente apresentados, de forma a se
aproximarem mais fidedignamente das demandas provenientes do atendimento
deste público específico;
52

• Dificuldades na interlocução com as equipes das unidades socioeducativas para


as quais os adolescentes atendidos nos PAs são encaminhados;

• Ausência de ações integradas com os órgãos envolvidos na apreensão e custódia


preliminar dos adolescentes encaminhados aos PAs, a fim de buscar garantir a
não ocorrência de violações de direitos, tais como agressões físicas e
psicológicas, privações desnecessárias de liberdade, etc.;

• Insuficiência e/ou indisponibilidade de recursos materiais para a otimização dos


serviços prestados.

2.3 ATENDIMENTOS SOCIOEDUCATIVOS EM MEIO FECHADO E


SEMILIBERDADE

Constatada a prática de ato infracional, o adolescente pode ser submetido ao


cumprimento das medidas socioeducativas de internação ou de inserção em regime
de semiliberdade, dentre outras possibilidades.

Segundo o SINASE, a ação socioeducativa deve respeitar as fases de


desenvolvimento integral do adolescente, levando em consideração suas
potencialidades, subjetividade, capacidades e limitações, garantindo a
particularização do seu atendimento.

Na Bahia, os atendimentos socioeducativos em meio fechado (internações provisória


e definitiva) e semiliberdade estão distribuídos em unidades específicas. No ano de
2014 o Estado contava com seis unidades de privação de liberdade em
funcionamento e igual número de estabelecimentos de semiliberdade, como se pode
observar nas Tabelas 07 e 08, inseridas a seguir.
53

Tabela 07 – Quadro de Unidades da Bahia


Internação Provisória e Medida Socioeducativa de Internação

Unidades de Atendimento Socioeducativo


(Internação Provisória e Medida Socioeducativa de Internação)

Quantitativo Atual

Quantitativo Atual
Capacidade Real

Capacidade Real
Tipo de Medida
Percentual de

Total

Total
Unidade

Ocupação Superlotação
IP Masc 45 087
CASE SSA 125 297 238% 138%
MSEI Masc 80 210
IP Fem 10 003
CASE SSA 035 017 49% -51%
MSEI Fem 25 014
IP Masc -- ---
CASE CIA 090 097 108% 8%
MSEI Masc 90 097
CASE IP Masc 37 031
090 094 104% 4%
ZILDA ARNS MSEI Masc 53 063
IP Masc 40 011
MSEI Masc 40 035
CASE JUIZ Atendimento 080 046 58% -42%
MELO MATOS Inicial (PA)
09 005
(Custódia
Temporária)
CASE IP Masc 18 ---
072 012 17% -83%
IRMÃ DULCE MSEI Masc 54 012
Total Geral 492 563
Fonte: Central de Vagas e Regulação – Data: 30/12/2014

Tabela 08 – Quadro de Unidades da Bahia


Medida Socioeducativa de Semiliberdade

Unidades de Atendimento Socioeducativo


(Medida Socioeducativa de Semiliberdade)
Quantitativo Atual

Quantitativo Atual
Capacidade Real

Capacidade Real
Tipo de Medida

Percentual de
Total

Total

Unidade

Ocupação Superlotação

Semiliberdade
CASE Brotas
(1ª. Medida e 20 14 120 58 48% -52%
Salvador
Progressão)

Semiliberdade
Colibri
(1ª. Medida e 20 19 120 58 48% -52%
Feira de Santana
Progressão)
54

Tabela 08 – Quadro de Unidades da Bahia


Medida Socioeducativa de Semiliberdade (continuação)

Unidades de Atendimento Socioeducativo


(Medida Socioeducativa de Semiliberdade)

Quantitativo Atual

Quantitativo Atual
Capacidade Real

Capacidade Real
Tipo de Medida
Percentual de

Total

Total
Unidade

Ocupação Superlotação

Semiliberdade
Navaranda
(1ª. Medida e 20 10
Vitória da Conquista
Progressão)

Semiliberdade
Gey Espinheira
(1ª. Medida e 20 06
Juazeiro
Progressão)

Semiliberdade
Estação Vida I
(1ª. Medida e 20 03
Porto Seguro
Progressão)

Semiliberdade
Estação Vida II
(1ª. Medida e 20 06
Teixeira de Freitas
Progressão)

Total Geral 120 58


Fonte: Central de Vagas e Regulação – Data: 30/12/2014

Importante ressaltar que a CASE JUIZ MELO MATOS, instalada na cidade de Feira
de Santana, foi desativada em março de 2015, desmobilizando seu programa de
atendimento, para dar inicio à reforma estrutural de suas instalações físicas, sem
previsão, ainda, de retorno das suas atividades. Os adolescentes que se
encontravam internados na unidade, quando do inicio das obras, foram transferidos
para as CASEs Zilda Arns (Feira de Santana) e IRMÃ DULCE (Camaçari), conforme
determinação judicial.

O serviço de atendimento inicial desenvolvido na Instituição, no entanto, continuou


sendo executado em imóvel localizado na área da unidade, em espaço destinado ao
Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente, onde funciona não somente o
Pronto Atendimento como também os órgãos representativos do Poder Judiciário,
Ministério Público e Defensoria Pública. No local são realizadas as custódias
55

provisórias dos adolescentes acusados de cometer ato infracional, que ainda não
tiveram decisão quanto às suas situações.

No tocante à execução da medida de semiliberdade, encontram-se atualmente em


funcionamento as unidades implantadas nas cidades de Salvador (CASE BROTAS),
Vitória da Conquista (Navaranda) e Juazeiro (Gey Espinheira), estando as demais
(Colibri/Feira de Santana; Estação Vida I/Porto Seguro; e Estação Vida II/Teixeira de
Freitas) em processo de análise e redefinição dos contratos, notadamente por força
da reformulação do modelo de gestão, que será implantado brevemente no Estado.

Importante esclarecer que no último semestre de 2014 deu-se inicio aos


procedimentos de reformulação da gestão das unidades, tendo sido publicado o
autorizo do Governador do Estado para a publicização dos serviços de atendimento
ao adolescente em cumprimento de privação e restrição de liberdade, atualmente
executados ou coordenados pela FUNDAC.

Publicização é a transferência da gestão de serviços de interesse público, não


exclusivos do Estado, para entidades privadas sem fins lucrativos, qualificadas como
organização social, mediante processo seletivo e celebração de contrato de gestão.
Este instrumento é firmado entre o Poder Público e a entidade, com vistas à
formação de parceria entre as partes.

Com a publicização, o Estado passa de executor ou prestador direto dos serviços


para regulador, provedor ou promotor destes. Como provedor desses serviços, o
Estado continuará a subsidiá-los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social
direto e a participação da sociedade.

A celebração do contrato de gestão pressupõe a formulação de um planejamento e


de um sistema de avaliação de resultados onde são estabelecidos metas e
indicadores, que são monitorados e avaliados, levando à adoção de práticas
gerenciais mais eficientes por parte da organização social.
56

As unidades que deverão ter os seus serviços transferidos para uma organização
social mediante a publicização estão localizadas nas cidades de Salvador (CASEs
SSA, CIA e SSA FEMININA), Camaçari (CASE IRMÃ DULCE) e Feira de Santana
(CASEs JUIZ MELO MATOS e ZILDA ARNS).

As entidades interessadas em gerir os serviços nessas unidades passarão por


processo seletivo, submetendo-se aos critérios de julgamento previstos em edital,
após o qual serão celebrados os contratos com as organizações sociais vencedoras
do certame.

Pretende-se com essa iniciativa traçar uma nova funcionalidade organizacional para
o funcionamento das Comunidades de Atendimento Socioeducativo, conferindo
maior autonomia e flexibilidade administrativa e financeira na gestão dos serviços.

O modelo de gestão por organizações sociais prioriza a avaliação por resultados e


promove maior integração entre os setores público e privado e a sociedade.

Nos últimos quatro anos, houve um aumento de aproximadamente 50% (cinquenta


por cento) do número de internações provisórias, enquanto que, no tocante à
medida socioeducativa de internação, este índice teve um crescimento de cerca de
70% (setenta por cento).

Segundo o SINASE (2006), durante o cumprimento da internação provisória e das


medidas socioeducativas, devem ser disponibilizadas, ao adolescente, ações que
contribuam para a sua formação, fomentando a reflexão e mudanças de atitudes que
conduzam a uma melhor qualidade de vida, tornando-o “capaz de se relacionar
melhor consigo mesmo, com os outros e com tudo que integra a sua circunstância”,
potencializando suas competências pessoal, relacional, cognitiva e produtiva.

Preceitua, ainda, que as unidades devem propiciar, aos mesmos, acesso a direitos,
oportunidades de superação de sua dinâmica de vida e ressignificação de valores,
através de uma prática pedagógica sustentável e garantista.
57

Ainda segundo o SINASE (2006), todos os programas de atendimento precisam


“estruturar-se em seis dimensões básicas”, tanto na execução da internação
provisória quanto das medidas socioeducativas, “guardando as especificidades na
execução do atendimento”.

Estas dimensões objetivam abarcar todas as demandas que possam ser


apresentadas por este específico segmento etário, principalmente nas perspectivas
de espaço físico, infraestrutura e capacidade; desenvolvimento pessoal e social do
adolescente; direitos humanos; acompanhamento técnico; recursos humanos; e
alianças estratégicas.

Devem utilizar, para o desenvolvimento de suas ações, parâmetros socioeducativos,


distribuídos nos seguintes eixos estratégicos: suportes institucional e pedagógico;
diversidade étnico-racial, de gênero e de orientação sexual; educação; esporte,
cultura e lazer; saúde; abordagens familiar e comunitária; profissionalização,
trabalho e previdência; e segurança.

2.3.1 Suportes Institucional e Pedagógico

As unidades precisam ter projetos pedagógicos definidos de acordo com as suas


especificidades, com enfoque prioritário nos objetivos, público alvo, capacidade de
atendimento, referencial teórico-metodológico, ações, recursos humanos e
financeiros, monitoramento e avaliação.

Necessitam de espaço físico/arquitetônico apropriado para o desenvolvimento da


respectiva proposta de atendimento, que preveja e possibilite, inclusive, mudanças
de fases do atendimento, de acordo com as metas e ações estabelecidas no Plano
Individual de Atendimento.

Considerando o quanto previsto no SINASE, no item referente aos parâmetros da


gestão pedagógica no atendimento socioeducativo, depreende-se que:
58

As estruturas físicas das unidades de atendimento e/ou programas


serão orientadas pelo projeto pedagógico e estruturadas de modo a
assegurar a capacidade física para o atendimento adequado à
execução desse projeto e a garantia dos direitos fundamentais dos
adolescentes. (SINASE, 2006)

Os espaços físicos das unidades devem, portanto, contar com ambientes


preparados para o cumprimento das fases de atendimento socioeducativo, bem
como locais disponíveis para adolescentes ameaçados em sua integridade física e
psicológica.

A FUNDAC tem enfrentado problemas no tocante aos espaços físicos das unidades,
que não dispõem de estrutura totalmente adequada para a prática socioeducativa,
no entanto tem buscado suporte financeiro para a resolução desta problemática.

Ainda na perspectiva deste eixo, o SINASE orienta que as unidades devem


observar, entre outros aspectos:

• Perfis e habilidades específicas dos profissionais contratados para compor as


suas equipes de trabalho;

• Construção e utilização de instrumentais para o registro das informações


específicas (iniciais, de acompanhamento e de avaliação), atentando para o
cumprimento dos prazos legais de envio destes aos órgãos judiciais, bem como
as estratégias de intervenção destinada aos adolescentes;

• Consolidação dos dados referentes ao fluxo de permanência dos adolescentes na


unidade e do perfil dos mesmos, a fim de subsidiar o monitoramento e avaliação
do atendimento socioeducativo, favorecer a construção de estatísticas e,
consequentemente, de mais acertadas políticas públicas;

• Realização sistemática dos atendimentos e acompanhamentos técnicos


especializados dos adolescentes, de forma individual e/ou grupal, durante todo o
percurso do atendimento socioeducativo, inclusive fornecendo dados para o
59

asseguramento da continuidade do trabalho, nos casos de progressão e/ou


regressão de medidas;

• Efetivação de encontros frequentes entre os membros da equipe de referência


para realização de estudos de casos, referentes aos adolescentes em
atendimento;

• Promoção da participação dos adolescentes e de seus responsáveis na


elaboração e acompanhamento do desenvolvimento do PIA e no processo de
avaliação dos adolescentes em relação ao cumprimento das respectivas medidas
socioeducativas;

• Articulação com os órgãos envolvidos no trato judicial: Varas da Infância e


Juventude, Ministério Público e Defensoria Pública;

• Mapeamento das instituições e/ou programas sociais públicos e comunitários, dos


âmbitos municipal e estadual, a fim de acioná-los sempre que necessário,
observando o princípio da incompletude institucional;

• Estabelecimento de normas (sempre que possível de construção coletiva)


dirigidas aos profissionais que atuam nas unidades e aos adolescentes, com o
objetivo de orientar a intervenção e o cumprimento das medidas socioeducativas,
através de documentos formais;

• Planejamento financeiro visando a garantia da realização de atividades propostas


no projeto pedagógico e nos PIAs, inclusive com foco nos responsáveis pelo
adolescente.

A FUNDAC tem empreendido esforços para observar estas orientações,


notadamente no tocante aos parâmetros e intervenções técnicas do atendimento.
Realiza ações interdisciplinares, tanto no tocante ao atendimento técnico voltado às
demandas sociais, psicológicas e cotidianas, efetuadas pela equipe de Assistentes
Sociais, Psicólogos e Educadores de Medida, como por aquelas desenvolvidas
60

pelos demais membros do quadro funcional de suas unidades, que ofertam serviços
das mais diversas áreas (saúde, educação formal, cultura, esporte, lazer, atividades
laborativas e profissionalizantes, etc.).

Amplas discussões têm sido travadas pelos membros do Sistema de Garantia de


Direitos, no tocante á elaboração do Plano Individual de Atendimento. O PIA,
importante documento para o desenvolvimento pessoal e social do adolescente na
execução das medidas socioeducativas, tem sua construção iniciada desde a
acolhida do mesmo na unidade, através da realização de diagnóstico
polidimensional realizado por meio de intervenções técnicas junto ao adolescente,
seus familiares e todos aqueles com relevância na história e dinâmica de vida do
socioeducando.

Como forma de regulamentar o atendimento, a FUNDAC elaborou, ao longo dos


últimos quatro anos, documentos que normatizam as suas ações e atividades, a
exemplo dos projetos político-pedagógicos geral e das unidades (PAs e CASEs),
regimentos internos, procedimentos operacionais, estrutura de definição de
atribuições e competências dos profissionais por categoria e portarias normativas,
bem como instrumentais para o registro das informações produzidas nos
atendimentos.

A fim de vencer entraves críticos da prática foram criados os projetos “Uma Escola
na Vida”, para a escolarização de adolescentes em situação de internação
provisória; “Medida Afetiva”, que garante o direito à visita intima nas Comunidades
de Atendimento Socioeducativos (CASEs); e “Aprendizagem na Medida”, que atua
na linha da formação profissional através da aprendizagem.

2.3.2 Diversidade Étnico-racial, Gênero e Orientação Sexual

No tocante às questões de diversidade étnico-racial, de gênero e de orientação


sexual, a FUNDAC vem realizando ações de esclarecimentos, discussão, reflexão e
61

combate à discriminação e ao preconceito no âmbito do atendimento socioeducativo,


através de atividades realizadas nas áreas educacionais, de cultura, lazer e do
atendimento técnico, favorecendo o conhecimento, o respeito às diferenças e a
valorização da autoestima dos adolescentes.

Oportuniza espaço de comunicação onde são trabalhados assuntos desta natureza,


tais como vidas afetiva e sexual; reprodução (gravidez, aborto, métodos
anticonceptivos); responsabilidade parental; família; saída do lar; deficiências;
violências física e psicológica; exploração sexual; trabalho infantil; e de construção
de identidade e padrões de gênero, raça, geracional, etnia e orientação sexual.

Um dos graves entraves á convivência harmônica nas unidades diz respeito à forma
como a questão de gênero foi construída e internalizada socialmente. Isto gera
sérios problemas quando é necessário colocar para coabitar no mesmo espaço
adolescentes com as mais diversas orientações sexuais e valores. Convive-se com
posturas homofóbicas, expressas através de atitudes preconceituosas,
demonstradas não somente na ação indireta como, principalmente na forma de
violências verbais e físicas.

Na tentativa de amenizar a situação, muitas vezes, faz-se necessário recorrer ao


afastamento dos adolescentes, seguindo critério de gênero e orientação sexual, o
que, atualmente, por dificuldades afetas à adequação da estrutura física, tem trazido
danosos prejuízos àqueles que têm permanecido “segregados”, em ambientes
inadequados e com dificuldades de acesso a alguns importantes serviços
disponibilizados interna e externamente às instituições.

Buscar soluções para esta problemática, no âmbito das unidades socioeducativas, é


urgente, imprescindível e inadiável, uma vez que fere os direitos humanos de todo
um segmento populacional, impedindo que seja realizada a missão precípua da
privação ou restrição de liberdade, determinada legalmente, a qual não pode, os
discriminados, furtarem-se a cumprir.
62

Do ponto de vista institucional, realiza treinamento sobre estes temas com os


profissionais que atuam no atendimento, capacitando-os, ainda, para atender com
isonomia, intervindo de forma equânime com todos os adolescentes, principalmente
no que se refere à qualidade e oferta de serviços e atividades.

2.3.3 Educação

Na área de educação conta-se, como regulamentadora, além das legislações


específicas da justiça juvenil e da CF/88, com a Lei nº. 9394/1996, Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB).

Nos incisos I e V do artigo 208 da CF/88 há indicação de que o dever do Estado com
a educação será efetivado mediante a garantia da educação básica obrigatória e
gratuita, assegurada de forma franqueada, inclusive para todos os que a ela não
tiveram acesso na idade própria, bem como aos “níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”.

O artigo 227 da mesma Carta Magna dispõe, ainda, que “é dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

O artigo 53 do ECA reafirma e estende esta garantia ao afirmar que “a criança e o


adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
assegurando-se-lhes igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola”. Ao referir-se à aprendizagem, o ECA não descarta a educação informal,
incentivando a cultura, as artes, o esporte, o lazer, entre outras expressões de
instrução, mas, com certeza, o maior enfoque é dado a educação escolar formal.
63

No tocante à ação socioeducativa, há registro deste preceito no artigo 123 do


mesmo diploma legal, onde consta que “durante o período de internação, inclusive
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas”. É, portanto, obrigação do
Estado oferecer educação formal aos socioeducandos, tanto por ser esta uma
responsabilidade prevista na CF/88 quanto, e ainda mais, por estarem privados de
liberdade. As unidades de privação de liberdade devem contar, por conseguinte,
com estrutura educacional que contemple a prestação deste serviço a todos os
internos das Comunidades de Atendimento Socioeducativo.

Diante desta realidade, cabe ao Estado:

• Garantir aos adolescentes o direito à educação básica;

• Assegurar uma modalidade de ensino da educação básica específica para


adolescentes em privação de liberdade, com características adequadas às
especificidades da condição de vida e de sobrevivência na qual se encontram,
garantindo as condições de acesso à educação e continuidade dos estudos;

• Optar por uma proposta curricular que atenda a especificidade da situação


jurídica dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e em
internação provisória;

• Articular educação escolar com outras práticas socioeducativas, tendo por


objetivo a ampliação e o fortalecimento das possibilidades formativas para os
adolescentes.

O artigo 86 do ECA define que “a política de atendimento dos direitos da criança e


do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais
e não governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios”.

O artigo 82 da Lei nº. 12.594/2012 (Lei do SINASE) determinou que os Conselhos


dos Direitos da Criança e do Adolescente, juntamente com os órgãos responsáveis
pelo sistema de educação pública e as entidades de atendimento, deveriam, até
64

janeiro de 2013, “garantir a inserção de adolescentes em cumprimento de medida


socioeducativa na rede pública de educação, em qualquer fase do período letivo,
contemplando as diversas faixas etárias e níveis de instrução”.

Em 2006, através do SINASE, foram estabelecidos parâmetros e diretrizes para o


atendimento socioeducativo, definindo para o Eixo Educação a necessidade de
definição de princípios da gestão pedagógica, comum a todas as entidades que
executam a internação provisória e as medidas socioeducativas da seguinte forma:

• Consolidação de parcerias com órgãos executivos do Sistema de Ensino, visando


garantir o que preceitua o ECA no capítulo referente ao direito à educação, à
cultura, ao esporte e ao lazer, bem como à garantia de regresso e permanência
dos adolescentes na rede formal;

• Organização da estrutura escolar (espaço, tempo e currículo) de modo que


favoreça a dinamização das ações pedagógicas, o convívio em grupos de
discussões e reflexões, estimule o aprendizado e a troca de informações e evite
repetições, rotinas e burocracias desnecessárias, proporcionando, desta forma,
condições favoráveis para a apropriação e produção do conhecimento;

• Garantia de acesso aos níveis de educação formal, a todos os adolescentes


inseridos no sistema socioeducativo, de acordo com suas reais necessidades;

• Estabelecimento de relações de parceria com as escolas para que estas


conheçam a proposta pedagógica das entidades/programas que executam o
atendimento socioeducativo e sua metodologia de trabalho, a fim de mais
facilmente realizar a reinserção dos adolescentes em seus espaços;

• Desenvolvimento dos conteúdos escolares, artísticos, culturais e ocupacionais de


maneira interdisciplinar;

• Favorecimento do acesso dos adolescentes com deficiências à educação escolar,


observando as suas particularidades.
65

Mais especificamente em relação às entidades/programas que executam as


medidas socioeducativas de semiliberdade e de internação, o CONANDA
acrescenta, ainda, os seguintes parâmetros:

• Garantia, na rotina de atividades, de horário para acompanhamento sistemático


das tarefas escolares, orientando aqueles que possam ter dúvidas e/ou
dificuldades, favorecendo, no entanto, a autonomia e responsabilidade destes;

• Estabelecimento de harmonia entre a escola e o projeto pedagógico do programa


de internação, a fim de que as atividades consequentes sejam complementares e
integradas em relação à metodologia, conteúdo e forma de serem ofertadas
(exclusivo para medida socioeducativa de internação);

• Salvaguarda do acesso dos adolescentes em cumprimento de medida


socioeducativa de internação a todos os níveis de educação formal, podendo,
para isto, ter unidade escolar nas suas dependências físicas, vinculada à escola
existente na comunidade ou em inclusão na rede pública externa.

Para a internação provisória o Conselho estabelece que as entidades de


atendimento devem oferecer atividades pedagógicas que favoreçam a aproximação
dos adolescentes com a escola. Nos casos em que os mesmos estejam
frequentando as aulas regularmente é importante o estabelecimento de contato com
a escola de origem, para que seja dada continuidade ao aprendizado durante o
período de privação de liberdade, através de metodologia específica, com
abordagens condizentes com o nível de ensino de cada um.

Os projetos pedagógicos das unidades de cumprimento de internação devem,


portanto, ser construídos em consonância com esses princípios, proporcionando o
desenvolvimento da ação socioeducativa, sustentada na garantia dos direitos
humanos e estruturada em bases éticas e didáticas de cunho emancipador.

Parte-se do pressuposto de que a política pública de escolarização é essencial para


a promoção da conscientização, alteridade e qualidade social na vida dos sujeitos
66

adolescentes. A perspectiva é institucionalizar as práticas e subsidiar a organização


do trabalho pedagógico em contextos específicos, como o da escolarização, tanto
nos espaços internos das unidades socioeducativas como nos externos, da rede
pública regular de ensino que recebam adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas.

Na Bahia, para garantir a política pública de escolarização na socioeducação, foi


instituída cooperação técnica entre a FUNDAC e as Secretarias Estadual e
Municipais de Educação. Antes disso estas atividades já aconteciam, porém
necessitavam de acompanhamento, sistematização e avaliação, tendo como
referência os princípios e diretrizes emanadas da legislação vigente.

O Termo de Cooperação Técnica estabelecido especifica as rotinas e os fluxos para


a oferta de escolarização de adolescentes em cumprimento de internações
provisória e definitiva e normatiza procedimentos que garantam matrícula na rede
pública de ensino, tanto ao ingressar na unidade como ao retornar para a escola
regular, com garantia de sigilo da sua condição judicial em toda a sua
documentação.

Paralelo á necessidade da institucionalização e da organização administrativa, se


faz presente, ainda, a obrigatoriedade de construção da proposta pedagógica
específica para esse público. Em 2012 foi elaborada conjuntamente, pela FUNDAC
e Secretarias Estadual da Educação da Bahia e Municipal de Salvador, uma
proposta de escolarização diferenciada, com organização curricular produzida de
forma a oferecer ao educando, seja na internação provisória ou definitiva, um
percurso formativo integral e integrado, com emissão de certificação por cada
período estudado. A elaboração dessa proposta ensejou a necessidade de
construção de material didático específico, que promovesse a orientação do
processo de escolarização e de reinserção dos adolescentes na rede regular de
educação, notadamente daqueles em execução de internação provisória, sem
prejuízo em sua formação.
67

A proposta “Uma Escola na Vida”, implantada como ferramenta da escolarização


dos adolescentes em internação provisória, oferece novas possibilidades de acesso
ao conhecimento e ao pensamento crítico, permitindo-lhes reorientar e internalizar
valores, na perspectiva da superação da condição de exclusão social e de formação
de princípios significativos. Necessita, porém, de urgente e indispensável validação
pelos órgãos competentes.

Em 2013, além de buscar a organização administrativa, a Secretaria Estadual da


Educação (SEC) estabeleceu como objetivo fortalecer o vínculo entre as unidades
escolares e socioeducativas e consolidar o acompanhamento pedagógico, através
de visitas e reuniões.

Nessas reuniões, a partir dos depoimentos dos professores sobre sua prática
pedagógica, foram discutidas as concepções de educação, de currículo e de
avaliação, tendo como base as características dos alunos e as condições de vida
peculiares do espaço educacional em questão, incluindo neste contexto as normas
de segurança, o papel do Socioeducador e as outras medidas que fortalecem o
caráter punitivo das instituições, em contrapartida com a proposta educacional que
busca o desenvolvimento humano.

Esta contradição, porém, favorece a consolidação e o fortalecimento da prática do


Professor, de acordo com a concepção humanista e emancipatória da educação,
observando que o currículo se estrutura e se organiza a partir da utilização, como
referencial no desenvolvimento da aprendizagem, dos saberes, práticas e
habilidades construídas pelos adolescentes nos vários espaços, inclusive na
unidade socioeducativa, estabelecendo o diálogo destes com os conteúdos
disciplinares fundamentados nas diretrizes programáticas nacionais para o nível
fundamental da educação básica.

Esta questão encontra-se diretamente relacionada à formação dos professores e,


pela sua importância, faz parte da agenda das políticas públicas dos órgãos
responsáveis pela socioeducação em nível federal. Para atender a essa demanda,
em 2014, foi ofertado um curso de formação específico para os profissionais que
68

atuam na área, desenvolvido na modalidade à distância, com carga horária de 216


(duzentos e dezesseis) horas, sendo16 (dezesseis) presenciais.

O Curso de Aperfeiçoamento em Docência na Socioeducação é uma ação de


formação continuada, decorrente de parceria entre a Universidade de Brasília (UnB)
e a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECADI) do Ministério da Educação (MEC). Integra a Rede Nacional de Formação
Inicial e Continuada de Profissionais do Magistério da Educação Básica (RENAFOR)
que, por meio das ações desenvolvidas, objetiva fortalecer a política de formação de
profissionais da educação básica, com vistas à melhoria da qualidade da educação
brasileira.

Participaram do curso 74 (setenta e quatro) profissionais, que efetivamente


trabalham com a escolarização na socioeducação, entre professores, gestores,
coordenadores das redes municipal e estadual e técnicos da SEC, da FUNDAC e do
Ministério Público. Infelizmente, porém, devido ao vínculo empregatício temporário
de grande número dos professores, esse trabalho poderá sofrer descontinuidade,
dificultando a formação de um coletivo de educadores na socioeducação.

Estes professores, que atuam nas unidades de atendimento socioeducativo, fazem


parte da rede pública, sendo lotados nas escolas estaduais ou municipais, segundo
legislação específica para esse fim. Os profissionais, em sua maioria, são
contratados via Secretaria Estadual da Educação, com as seguintes formas de
vinculação:

• Concursados, fazendo parte do quadro de servidores efetivos da SEC;

• Contratados através de Regime Especial de Direito Administrativo (REDA),


vinculação estabelecida para atender a necessidades temporárias, de excepcional
interesse público, com permissão de contratação por tempo determinado, sob
regime específico;

• Contratados através de Prestação de Serviço Temporário (PST).


69

As contratações temporárias, principalmente no caso das PSTs, que representam


mais da metade deste quadro de pessoal, apresentam dificuldades no que se refere
à participação dos profissionais nos programas de formação, uma vez que
estabelece grande fluxo de admissão e dispensa dos professores nas CASEs.

As ações de formações continuada e de acompanhamento tem previsão de


fortalecimento em 2015, com implantação de maneira gradativa.

Paralelo à participação no curso e fortalecidos pela discussão e estudo de


experiências, foi dado prosseguimento ao trabalho iniciado em 2013, de elaboração
de proposta pedagógica para adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas, realizada de forma coletiva, em reuniões e encontro formativo.

O processo de escolarização acontece em todas as unidades de atendimento


socioeducativo a partir do nível de escolaridade apresentado pelo adolescente.
Analisando o perfil dos adolescentes atendidos de janeiro a dezembro de 2014,
percebe-se que, ainda no atendimento inicial, 46,9% (quarenta e seis vírgula nove por
cento) informaram não estar sequer matriculados e 80,48% (oitenta vírgula quarenta e
oito por cento) declararam estar no ensino fundamental.

Tabela 09 – Estatística Situação Escolar


Situação Escolar Quantidade Percentual
Matriculado e Frequenta 0752 31,9%
Matriculado e não Frequenta 0281 11,9%
Não Matriculado e não Frequenta 1105 46,9%
Sem Informações 0209 08,9%
Nunca Estudou 0009 00,4%
Total Geral 2356 100%
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: Janeiro/2015

Tabela 10 – Estatística Escolaridade


Escolaridade Quantidade Percentual
Analfabeto 0055 02,33%
Alfabetizado 0010 00,42%
Ensino Fundamental I 1896 80,48%
Educação de Jovens e Adultos (EJA)
0048 02,04%
Ensino Fundamental
Ensino Médio 0151 06,41%
EJA Ensino Médio 0002 00,08%
70

Tabela 10 – Estatística Escolaridade (continuação)


Escolaridade Quantidade Percentual
Outros 0061 02,59%
Sem Informação 0131 05,56%
Superior Incompleto 0001 00,04%
Total Geral 2356 100%
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: Janeiro/2015

Estes percentuais são bastante significativos, pois os adolescentes, pelo que


preconiza a Lei, são sujeitos de direito à educação, com garantia de acesso e
permanência na escola, ou seja, com total possibilidade de aprendizagem. Ao lado
de outros aspectos, a não efetivação desse direito pode contribuir para aumentar a
vulnerabilidade deste segmento da população.

É de fundamental importância considerar a idade e a trajetória escolar do adolescente,


sendo para isto aplicada, nas unidades, atividade avaliativa diagnóstica que deflagra o
processo de obtenção de informações sobre os conhecimentos, aptidões e
competências dos adolescentes, com vistas à melhor inserção dos mesmos nas
ações pedagógicas, profissionalizantes, lúdicas e esportivas disponibilizadas pela
instituição. A partir dessa constatação, os adolescentes são encaminhados para as
ofertas educacionais, segundo nível/modalidade da educação básica.

É importante observar, também, que as Comunidades de Atendimento Socioeducativo


possuem peculiaridades operacionais que demandam uma oferta de educação básica
diferenciada. Estas atividades são desenvolvidas em articulação com as Secretarias
Estadual e/ou Municipais de Educação, através de propostas curriculares especiais,
que atendem às especificidades deste público, buscando garantir a efetivação do
direito à educação destes estudantes.

Com o compromisso de promover um atendimento socioeducativo articulado e


qualificado, a FUNDAC tem como pressuposto, na área de educação, que as ações
pedagógicas desenvolvidas com os adolescentes poderão perpassar por até cinco
fases, a depender de cada programa de atendimento e das demandas pessoais e
sociais dos educandos, que são: momento de acolhida (recepção e integração do
adolescente); realização de estudo de caso; elaboração e desenvolvimento do PIA;
71

preparação para o desligamento do programa e para a reinserção sociofamiliar; e


acompanhamento da reinserção sociofamiliar no pós-medida.

Cada uma dessas etapas possui suas próprias especificidades, estágios e metas,
porém um processo único de aprendizagem e crescimento biopsicossocial.

No contexto educacional das unidades de internação observa-se que há uma quebra


em um direito fundamental do ser humano que é a liberdade, sendo a partir dessa
realidade que se busca romper alguns paradigmas colocados para a educação de
um modo geral. Explicita-se a articulação da educação formal com a educação não-
formal. E, no limite da contradição, busca oportunizar aos adolescentes a vivência
de uma educação integral, onde os conhecimentos formais e não-formais da
educação se entrelaçam no processo educativo, mostrando que o aprendizado
ocorre por diferentes vias e que todas elas são espaços de intensa interação
humana, em que o conhecimento, seja ele direto e objetivo ou indireto e subjetivo, é
construído na dimensão da razão e da emoção.

Neste contexto, é muito importante observar que a promoção da educação,


promovida através de convênios com as Secretarias Estadual e Municipais de
Educação, seja realizada com qualidade.

Existem, porém, alguns entraves para a execução desta ação, tais como as
dificuldades com o espaço físico-arquitetônico, com o quadro funcional da rede de
ensino, com o fornecimento de material didático e, notadamente, com a
possibilidade de liberação do educando a qualquer momento, interrompendo o
processo educativo iniciado.

No tocante à medida de semiliberdade, a programação das atividades pedagógicas


estão voltadas a garantir o acesso do adolescente a todos os níveis de educação
básica, estando 100% (cem por cento) dos socioeducandos matriculados na rede
escolar pública, do município ou estadual, tanto nas formas de organização
convencional quanto na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. A equipe
técnica multidisciplinar da entidade que executa o programa, realiza constante
72

acompanhamento e supervisão das questões que envolvem esta atividade, em


estreita comunicação com o adolescente e a instituição escolar.

Esta inserção escolar é obrigatória e utiliza, prioritariamente, os recursos


educacionais existentes na comunidade onde se encontra a unidade.

Ainda há muito a fazer e caminhos a percorrer, mas o direcionamento já foi


delineado. A análise da realidade apresentada cria um compromisso de todos no
sentido de qualificar essa educação, garantindo aos adolescentes com restrição ou
privação de liberdade o direito inerente ao ser humano – o direito à educação.

2.3.4 Esporte, Cultura e Lazer

O Estatuto da Criança e do Adolescente consagra a doutrina de proteção integral,


instituindo a convivência familiar e comunitária como um dos direitos fundamentais e
imprescindíveis para o pleno desenvolvimento de toda criança e adolescente. O
adolescente em cumprimento de medida socioeducativa de internação encontra-se
em privação da liberdade e com limitações no convívio com a sua família e
comunidade. Para reduzir os danos causados por esta situação, cumprir a missão
da socioeducação e garantir o acesso a direitos de cidadania, não restringidos
judicialmente, a entidade/programa de atendimento deve disponibilizar ao
adolescente algumas prerrogativas, a exemplo do acesso a práticas esportivas,
culturais e de lazer.

Também no SINASE há orientações com relação à condução destas atividades,


apontando, inclusive, para a possibilidade de parcerias das instituições de
socioeducação com órgãos governamentais, não governamentais e de iniciativa
privada, para o desenvolvimento e oferta de programas culturais, esportivos e de
lazer, bem como para a necessidade de inclusão destas ações no projeto
pedagógico das unidades.
73

Neste contexto, o acesso a estas atividades é compreendido como instrumento de


inclusão social, sendo as ações a serem desenvolvidas escolhidas com a
participação dos adolescentes, respeitando os seus interesses, escolhas e aptidões.

Importante esclarecer que o espaço físico/arquitetônico das unidades, ainda


segundo o SINASE, unifica, concentra e integra o atendimento ao adolescente,
através do desenvolvimento de um programa de atendimento e de um projeto
pedagógico específico.

As unidades da FUNDAC, onde são realizadas a execução das medidas de


internação possuem estruturas diferentes, no entanto nenhuma delas atende
integralmente as determinações do SINASE, no que tange ao Eixo Cultura, Esporte
e Lazer. As CASEs CIA e IIMÃ DULCE (Camaçari) possuem quadra coberta, onde
as atividades esportivas e os eventos culturais acontecem, enquanto a CASE ZILDA
ARNS tem área aberta para atividades esportivas. A CASE SSA possui área para
eventos culturais, porém conta com espaços para atividades esportivas adaptados,
não dispondo de infraestrutura adequada, o que dificulta a realização das atividades
previstas em Lei.

As determinações do SINASE encontram restrições para efetivação no meio


fechado, tais como a burocracia na aquisição de materiais didáticos, esportivos e de
equipamentos para realização das ações socioeducativas e a desproporção entre o
quantitativo insuficiente de Socioeducadores (profissionais de referência para
acompanhar o adolescente com a devida segurança) e o de adolescentes
internados, o que vem dificultando o alcance da meta de 100% (cem por cento) dos
educandos em atividade.

Nas CASEs SSA e ZILDA ARNS, unidades que atendem as internações provisória e
definitiva, a superlotação (vide Tabela 07) potencializa os aspectos acima referidos,
de modo que a oferta de atividades esportivas, culturais e de lazer, não consegue
atender integralmente a demanda de adolescentes internados.
74

Neste sentido, um importante passo seria a realização de uma mudança na estrutura


de gestão quanto à obtenção de recursos materiais e humanos, possibilitando
melhorar o atendimento através de um acompanhamento de qualidade, levando o
adolescente a uma inserção social que amenizasse os efeitos danosos da privação
de liberdade, tais como a ansiedade, carência afetiva, baixa autoestima, dificuldade
de compreender as relações comuns do cotidiano, dentre outros.

Tabela 11 – Quantitativo de Adolescentes Atendidos em Atividades Esportivas


Subtotal de
Ano Internação
Atendidos
2006 0217 0217
2010 0382 0382
2013 1025 1001
Total Geral 1624 1600
Fonte: GERSE/FUNDAC

Tabela 12 – Quantitativo de Adolescentes Atendidos em Atividades Culturais


Subtotal de
Ano Internação
Atendidos
2006 0210 0210
2010 0375 0375
2013 0654 0654
Total Geral 1239 1239
Fonte: GERSE/FUNDAC

Tabela 13 – Quantitativo de Adolescentes Atendidos em Atividades de Lazer


Subtotal de
Ano Internação
Atendidos
2006 0818 0818
2010 0983 0983
2013 1262 1262
Total Geral 3063 3063
Fonte: GERSE/FUNDAC

Vale ressaltar que as CASEs CIA, IRMÃ DULCE e ZILDA ARNS possuem espaço de
leitura favorecido através de parceira com a Fundação Pedro Calmon, que
disponibiliza acervo e treinamento de profissional para atender às demandas no
local. A CASE SSA e a CASE SSA FEMININA não possuem biblioteca instalada no
momento, já estando planejada a reativação e a implantação do espaço,
respectivamente.
75

No tocante à medida de semiliberdade, são realizadas parcerias com instituições


públicas, privadas e comunitárias, através da iniciativa de profissionais das
respectivas equipes multiprofissionais, a fim de viabilizar atividades esportivas,
culturais, artísticas e de lazer para os adolescentes.

Para a participação em atividades no meio externo, porém, as unidades enfrentam


algumas dificuldades, tais como requisição da necessária autorização judicial
(burocracia); disponibilização de transporte e de Socioeducadores, para locomoção
e acompanhamento dos adolescentes, respectivamente; e recursos financeiros para
custeio dos eventos. Algumas conseguem mais facilmente superar estes obstáculos,
notadamente aquelas com menor número de adolescentes internados, realizando
articulações institucionais que viabilizam e ativam as redes de atendimento
socioeducativo para a promoção destas ações, no entanto outras possuem maiores
adversidades, obtendo menor êxito nestas práticas, realizando menor quantidade de
saídas.

2.3.5 Saúde

O direito à saúde é assegurado a todos os cidadãos brasileiros pela CF/88, sendo


definido como “dever do Estado”. Quando se refere às crianças e aos adolescentes,
a Carta Magna confere, em seu artigo 227, “absoluta prioridade”, compartilhando
esta responsabilidade com a família e a sociedade.

Este artigo é regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata da


proteção do direito à saúde, reafirmando que deve ser efetivado mediante a
promoção de políticas sociais públicas que permitam o desenvolvimento sadio e
harmonioso da criança e do adolescente, em condições dignas de existência. O
Sistema Único de Saúde (SUS) ratifica esta disposição legal, preconizando que
todos os brasileiros, sem discriminação, têm direito aos serviços de saúde gratuitos,
de forma integral, inclusive aqueles que se encontram em regime de privação e
restrição de liberdade.
76

Na FUNDAC, a área de saúde tem entre suas atribuições, planejar, coordenar,


supervisionar e monitorar as ações de atenção e cuidado à saúde física e mental
dos adolescentes atendidos nas suas unidades, em conformidade com as diretrizes
preconizadas no SINASE, no ECA, nas Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral
à Saúde de Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da
Saúde, bem como nos demais diplomas legais aplicáveis à matéria.

No âmbito das unidades de internação, as equipes multiprofissionais estão


compostas por Médicos Clínicos e Psiquiatras, Enfermeiros, Técnicos de
Enfermagem, Odontólogos, Auxiliares de Consultório Dentário, Fisioterapeutas,
Terapeutas Ocupacionais, Musicoterapeutas e Arteterapeutas, com perfil para
acolhimento e acompanhamento dos adolescentes e suas respectivas famílias, em
suas demandas de saúde.

No âmbito da FUNDAC as ações de saúde estão concentradas na atenção básica,


com encaminhamento das situações de média e alta complexidade para a rede
pública, porém as unidades encontram dificuldades em realizar alguns
procedimentos e/ou atendimentos, uma vez que contam com número de
funcionários reduzido, com óbices para deslocamento dos adolescentes para
instituições externas, falta de material, inadequação da estrutura física, receio de
alguns profissionais da rede externa em atender adolescentes oriundos de unidades
socioeducativas e dificuldade na regulação para atendimento na rede.

Nesta perspectiva, foi lançada, pelo Ministério da Saúde (MS), a Portaria nº.
1.082/2014, que trata das diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei, em Regime de Internação e
Internação Provisória (PNAISARI), estabelecendo novos critérios e fluxos para
adesão e operacionalização da atenção integral à saúde de adolescentes em
situação de privação de liberdade.

Esta Portaria, em seus artigos 17 e 18, prevê a elaboração de um Plano Operativo,


com objetivo de estabelecer diretrizes para a implantação e implementação de
ações de saúde que incorporem os componentes da atenção básica, média e alta
77

complexidade, com vistas a promover, proteger e recuperar a saúde da população


adolescente em regime de privação de liberdade, além de descrever as atribuições e
compromissos entre as esferas municipal e estadual de saúde e da gestão do
sistema socioeducativo estadual, na provisão dos cuidados em saúde dos
adolescentes.

As ações possuem como linhas de ação principais o acompanhamento do


crescimento e desenvolvimento físico e psicossocial dos adolescentes nas áreas da
saúde sexual, reprodutiva, bucal e mental e na prevenção ao uso de álcool e outras
drogas; prevenção e controle de agravos; e educação em saúde, direitos humanos,
promoção da cultura de paz, prevenção de violências e outros temas que envolvem
o mundo da adolescência e juventude.

Com referencia às unidades de semiliberdade, não há contratação de profissionais


da área de saúde para compor o quadro de recursos humanos da instituição, uma
vez que todas as demandas desta natureza são encaminhadas para a rede pública
de assistência à saúde.

2.3.6 Abordagens Familiar e Comunitária

Uma das vertentes mais importantes do trabalho socioeducativo diz respeito aos
núcleos familiar e comunitário, uma vez que são deles que o adolescente emerge e
a eles que retorna após a privação e/ou restrição de liberdade. Trabalhar o presente
é fundamental, porém isto não pode ser realizado sem conhecer e intervir nas
dinâmicas e realidades do passado deste adolescente, onde provavelmente ele será
reinserido no futuro.

A FUNDAC procura executar ações com as famílias dos adolescentes, utilizando


diversos referenciais de trabalho, tais como sociais, psicológicos, educacionais,
profissionalizantes, de lazer, entre outros, através de propostas de âmbitos interno e
externo.
78

Realiza atendimento na instituição e através de visitas domiciliares, a fim de melhor


identificar a realidade socioeconômica das famílias, a estruturação dos vínculos
familiares e as potencialidades e competências destes para o mundo do trabalho,
encaminhando seus membros, em seguida, a programas públicos e não
governamentais, de assistências à saúde, social, de apoio à família, de geração de
renda e busca de orientações previdenciárias, entre outros, de acordo com a
demanda apresentada.

Há maior dificuldade em realizar estas atividades com as famílias residentes em


comarcas diversas daquelas onde estão instaladas as instituições, por força de
problemas financeiros e/ou outros obstáculos. Ocorrem, em muitas ocasiões,
empecilhos para locomoção dos profissionais para as cidades de domicilio destes e
dos familiares para comparecer e/ou se fazerem regularmente presentes nas
unidades, o que pode, inclusive, comprometer a eficácia do processo
socioeducativo, bem como a execução de ações que atendam a demandas deste
núcleo.

Urge, portanto, a implantação de unidades socioeducativas de privação e restrição


de liberdade em cidades estratégicas do interior do Estado, criando mais vagas no
sistema, qualificando o atendimento e aproximando os socioeducandos dos seus
familiares.

Com relação à medida de semiliberdade, é necessário levar em conta que durante a


execução da mesma os adolescentes mantêm sua convivência na comunidade
sujeita às mesmas influências e pressões anteriores à restrição de liberdade. Isto é
inevitável e desejável, pois faz parte de um processo que deve culminar com a
aquisição de padrões de autorregulação da conduta e na construção de um projeto
de vida que implique no rompimento com as práticas infracionais, sendo capaz de
voluntariamente evitá-las. Estas são razões que transformam esta medida de difícil
execução, considerando que o adolescente continua, na maioria das vezes,
convivendo com a sua família e com a comunidade, no mesmo contexto que o levou
a se envolver na pratica de ato infracional.
79

Vale ressaltar que o entendimento de família corresponde ao conjunto de todos


aqueles com as quais o adolescente possua vínculos afetivos significativos e que
para ele atue nesta dimensão, respeitando-se os diferentes arranjos familiares.

Com relação ao âmbito comunitário, a FUNDAC desenvolve ações que buscam


favorecer esta convivência, através da participação em atividades de lazer, esporte e
cultura da comunidade; ofertando espaços de participação nas unidades e
promovendo a divulgação de ações desenvolvidas nos meios de comunicação
comunitários.

Vale ressaltar que o cumprimento de medida socioeducativa em semiliberdade


impõe a convivência comunitária e familiar como procedimento indispensável à sua
execução, devendo ser efetivada através da inclusão dos adolescentes em
equipamentos sociais de saúde, educação, esporte, cultura e lazer, bem como
através de frequentes encontros familiares.

A cidadania dos adolescentes não acontece plenamente se não existir integração


entre os mesmos, a comunidade e suas respectivas famílias.

2.3.7 Profissionalização, Trabalho e Previdência

No tocante ao trabalho e previdência, há indicação de que o percentual de


adolescentes exercendo atividade laborativa com carteira assinada é infinitamente
pequeno (0,09%), estando, ainda, do total de atendidos em 2014, 51,3% (cinqüenta
e um vírgula três por cento) fora do mercado de trabalho.

Tabela 14 – Estatística Profissionalização, Trabalho e Previdência


Situação Profissional Quantidade Percentual
Trabalha sem Carteira Assinada 0962 40,8%
Não Trabalha Atualmente 0952 40,4%
Nunca Trabalhou 0256 10,9%
Não Informado 0158 06,7%
Trabalha com Carteira Assinada 0022 00,9%
80

Tabela 14 – Estatística Profissionalização, Trabalho e Previdência (continuação)


Situação Profissional Quantidade Percentual
Exerce Atividade não Remunerada 0006 00,3%
Total Geral 2356 100%
Fonte: SIPIA SINASE (PA) – Data: Janeiro/2015

No que tange a profissionalização, o SINASE orienta que, durante o cumprimento


das medidas socieducativas, devem ser desenvolvidas atividades onde a geração de
renda seja favorecida, ampliando as competências, favorecendo as habilidades
básicas, específicas e de gestão, proporcionando o desenvolvimento do
adolescente, bem como a sua formação para a educação profissional em nível
técnico e sua inserção em programas de aprendizagem. Busca-se, no cotidiano das
ações, assegurar estas indicações, estruturando e fomentando o desenvolvimento
das competências pessoais, relacionais e cognitivas.

Neste contexto é de extrema relevância o papel desempenhado pelas oficinas de


iniciação profissional nas unidades finalísticas da FUNDAC, cuja responsabilidade
cresce cotidianamente, tornando-se de fundamental importância à ampliação da
visão de mundo do trabalho e de todas as oportunidades que este possa oferecer.
Desta forma, o educando passa a compreender de maneira mais simples esse fluxo,
do qual, na maioria das vezes, ainda que por falta de orientação e incentivo, não
foram oportunizadas as condições necessárias para que valorizasse e tivesse
interesse.

Através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego


(PRONATEC) do SINASE, vinculado ao Ministério da Educação, foi possível
oportunizar aos educandos reais condições de acesso às redes de educação
profissional e tecnológica e aos serviços nacionais de aprendizagem, em instituições
formadoras de renome e comprovada experiência, sendo emitida, ao final,
certificação reconhecida no mundo do trabalho. Isto permitiu a ampliação do número
de cursos ofertados aos adolescentes, condizentes e/ou equiparados com a
respectiva escolarização, facilitando o acesso a cursos externos, notadamente
àqueles que possuíam baixa escolarização e distorção idade/série, que são a maior
parcela da população institucional das unidades da FUNDAC.
81

Tabela 15 – Cursos PRONATEC SINASE


Homologados e Executados na FUNDAC - 2013 à Abril.2015
Número de Início / Matriculados /
Curso Ofertante Vagas
Turmas Término Certificados
Recepcionista 27.05.13 /
IFBA*1 01 20 20 / 18
CASE SSA 20.08.13
Recepcionista 10.06.13 /
SENAC*2 01 20 14 / 05
CASE SSA 29.08.13
Montador de Móveis 22.04.13 /
SENAI*3 02 80 44 / 20
CASE SSA 18.07.13
Operador de Teleatendimento 10.06.13 /
SENAC 01 20 16 / 07
CASE SSA 27.08.13
Recepcionista 13.05.13 /
IFBA 01 20 20 / 11
CASE JUIZ MELO MATOS 07.08.13
Climatização Doméstica 20.05.13 /
IFBA 01 40 21 / 17
CASE ZILDA ARNS 19.08.13
Inglês para Turismo 21.10.13 /
IFBA 02 40 23 / 17
CASE SSA 16.01.14
Montador e Reparador Computador 30.10.13 /
IFBA 01 20 20 / 16
CASE SSA 23.01.14
Climatização Doméstica 23.09.13 /
SENAI 01 20 20 / 15
CASE JUIZ MELO MATOS 06.12.13
Pintor de Imóveis 07.10.13 /
SENAI 01 20 20 / 14
CASE CIA 16.12.13
Agente Turístico 23.04.14 /
IFBA 01 20 20 / 14
CASE SSA 11.07.14
Inglês Aplicado ao Turismo 08.04.14 /
IFBA 01 20 17 / 11
CASE SSA 05.08.14
Pintor de Obras 31.07.14 /
IFBA 01 20 20 / 09
CASE SSA 15.10.14
Pizzaiolo 31.03.14 /
IFBA 01 20 15 / 11
CASE JUIZ MELO MATOS 23.06.14
Garçom 31.03.14 /
IFBA 01 20 15 / 07
CASE JUIZ MELO MATOS 23.06.14
Pizzaiolo
IFBA 01 ----- 20 20 / 12
CASE JUIZ MELO MATOS
Ajudante de Obras 31.03.14 /
IFBA 01 20 15 / 13
CASE ZILDA ARNS 23.06.14
Pintor de Obras 07.04.14 /
SENAI 01 20 20 / 14
CASE ZILDA ARNS 25.07.14
Ajudante de Obras 31.07.14 /
IFBA 01 20 20 / 07
CASE ZILDA ARNS 31.10.14
Eletricidade Predial 29.10.14 /
IFBA 01 20 20 / 10
CASE SSA 13.01.15
Inglês Básico 29.10.14 /
IFBA 01 20 19 / 14
CASE SSA 19.01.15
Montador e Reparador Computador 10.11.14 /
IFBA 01 20 20 / 16
CASE CIA 20.01.15
Pintor de Obras 15.12.14 /
SENAI 01 20 20 / 11
CASE JUIZ MELO MATOS 19.01.15
Pintor de Obras 15.12.14 /
SENAI 01 20 20 / 12
CASE ZILDA ARNS 06.03.15
*1
( ) IFBA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia;
(*2) SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial;
(*3) SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
82

Tabela 15 – Cursos PRONATEC SINASE


Homologados e Executados na FUNDAC - 2013 à Abril.2015 (continuação)
Número de Início / Matriculados /
Curso Ofertante Vagas
Turmas Término Certificados
Pintor de Obras 15.12.14 /
SENAI 01 20 20 / 12
CASE SSA 06.03.15
Montador e Reparador Computador 15.12.14 /
SENAI 01 20 20 / 05
CASE SSA 06.03.15

Total Geral de Certificados 207


Fonte: GERSE/FUNDAC - Data: Maio/2015

Ainda no tocante à profissionalização, foi implantado nesta Fundação o Programa


Aprendizagem na Medida, instituído através de um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) firmado entre a FUNDAC e empresas privadas, sob a fiscalização do
Ministério do Trabalho e Emprego, objetivando garantir a qualificação, inserção e
articulação de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e egressos
do respectivo sistema em projetos institucionais que fomentem a inserção no mundo
formal do trabalho. Para tanto, os adolescentes são inseridos em estágios
remunerados e programas de aprendizagem, a partir de convênios com instituições
públicas ou privadas, com ênfase na perspectiva formadora, claramente descrita no
SINASE.

Tabela 16 – Cursos Programa de Aprendizagem na Medida


Entidade Formadora SENAI - Fevereiro.2013 à Abril.2015
Número Início / Matriculados /
Curso Ofertante
de Turmas Término Certificados
Rotinas Administrativas com
Fevereiro.13 /
Aprendizagem Industrial (SENAI)

Informática 01 20 / 05
Fevereiro.14
CASE CIA
Serviço Nacional de

Reparador de Móveis
01 ----- 20 / 10
CASE CIA
Auxiliar de Padeiro e Confeiteiro Agosto.14 /
01 25 / Em Curso
CASE CIA Abril.15
Rotinas Administrativas Agosto.13 /
01 20 / 12
CASE ZILDA ARNS Agosto.14
Auxiliar de Padeiro e Confeiteiro Agosto.13 /
01 20 / 17
CASE ZILDA ARNS Agosto.14
Assistente Administrativo Serviço Março.15 /
01 24 / Em Curso
CASE ZILDA ARNS Nacional Março.16
Auxiliar de Padeiro e Confeiteiro de Agosto.14 /
01 20 / Em Curso
CASE SSA Aprendizage Abril.15
Edificações de Obras m Industrial Março.15 /
01 24 / Em Curso
CASE SSA (SENAI) Março.16
Fonte: GERSE/FUNDAC - Data: Maio/2015
83

No tocante à medida de restrição de liberdade, a unidade deve, obrigatoriamente,


viabilizar a inserção dos adolescentes em espaços profissionalizantes, cabendo à
equipe técnica multidisciplinar da entidade que executa o programa a função de
promover ações que fomentem, capacitem, fixem e acompanhem os
socioeducandos em cursos desta natureza e/ou no mercado de trabalho.

Atualmente estão sendo desenvolvidas nas unidades de semiliberdade, bem como


junto aos egressos e seus familiares, ações de aprendizagem profissional através do
Projeto Cidadão Aprendiz, em parceria com o Ministério Público, a Defensoria
Pública, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia (SRTE/BA) e
o SENAI. Também, nestas unidades, estão sendo executadas atividades de
profissionalização em parceria com o SENAC, prefeituras e Organizações Não
Governamentais (ONGs).

2.3.8 Segurança

A segurança socioeducativa, na Bahia, é entendida como responsabilidade de todos


os profissionais dos programas/unidades e acontece ininterruptamente, na
perspectiva de validar as ações pedagógicas estabelecidas.

É executada através da disponibilização de condições necessárias à preservação


das integridades física, moral e psicológica do adolescente e de todas as pessoas
que exercem a sua atividade profissional ou que transitam internamente ou no
entorno de uma comunidade socioeducativa, com caráter protetivo e de garantia de
direitos.

No âmbito da FUNDAC é gerida por uma coordenação instalada na GERSE, que


planeja, coordena e supervisiona as ações da equipe de Socioeducadores das
unidades da respectiva Fundação, visando auxiliar na resolução de problemas do
cotidiano e garantir a padronização e a harmonia das ações, o que gera maior
84

produtividade educacional, tornando a execução das medidas de privação e


restrição de liberdade mais eficazes e eficientes.

Para isto, realiza monitoramento estratégico de prevenção e controle de


acontecimentos rotineiros e de situações limite, que impliquem no funcionamento
habitual das unidades, buscando assegurar o fiel cumprimento das orientações
institucionais implementadas, no tocante as políticas de revistas, de abordagem, de
contenção e de formação continuada para atores do sistema de segurança.

Desenvolvem, portanto, procedimentos técnicos de controle, prevenção e


intervenção a serem adotados nas instituições, em busca de um ambiente favorável
à prática socioeducativa, tanto no que diz respeito à segurança interna quanto no
tocante a segurança externa, envolvendo vigilância da instituição e execução de
ações que demandem serviços policiais.

2.4 ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO EM MEIO ABERTO

A partir da promulgação do ECA, inaugura-se uma nova fase no direcionamento das


políticas de atendimento à infância e adolescência, cabendo destacar as que dizem
respeito áqueles acusados de cometer ato infracional. Através do SINASE, se têm
estabelecidas as diretrizes dos programas de atendimento destinados aos
adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.

O ECA, em seu artigo 112, estabelece seis medidas socioeducativas, a saber:


advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade,
liberdade assistida, semiliberdade e internação em estabelecimento educacional. De
acordo com a forma de sua execução essas medidas podem ser definidas como de
privação ou restrição de liberdade, ou de cumprimento em liberdade (meio aberto),
sendo que a prestação de serviços à comunidade e a liberdade assistida são as que
devem ser efetuadas em meio aberto, assim definidas:
Art. 117. A prestação de serviço a comunidade consiste na
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
85

excedente há seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,


escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
programas comunitários e governamentais.
Art.118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a
medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar
o adolescente. (ECA, 1990)

Embora prevista no Código de Menores, afirma Luiz Antonio M. Ferreira (2006) que
a liberdade assistida é tratada de forma mais adequada no ECA, ao ser
estabelecida, em seu artigo 118, como finalidade dessa medida acompanhar,
auxiliar e orientar o adolescente infrator, com o objetivo de promovê-lo em todos os
aspectos, ou seja, nos âmbitos familiar, social, comunitário, educacional e
profissionalizante.

Complementando esses conceitos, Liberati (2006) acrescenta que:

A liberdade assistida é um instrumento legal, de natureza


sancionatória, aplicado ao adolescente autor de ato infracional sujeito
a orientação e assistência social e pedagógica por técnicos,
associações ou entidades especializadas. Tem as seguintes
características:
a) somente será aplicada ao adolescente autor de ato infracional;
b) a medida será cumprida em meio aberto;
c) será administrada e executada pelo Poder Público;
d) com prazo de seis meses, no mínimo, permitida sua prorrogação,
revogação ou substituição;
e) com avaliações periódicas do adolescente efetuadas pelo
orientador nomeado pela autoridade judiciária ou pelo programa de
atendimento;
f) é uma medida restritiva de direitos.
A prestação de serviços à comunidade consiste em:
a) tarefas que serão atribuídas conforme aptidões do adolescente,
devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas
semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de
modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada de
trabalho;
b) que se realiza de maneira gratuita, sem remuneração;
c) atividade que desperta interesse da comunidade;
d) tarefa que se pode traduzir também em trabalho, atividade física
ou mental (diversa da relação de emprego).

O ECA expressa, ainda, atendendo ao princípio da descentralização político-


administrativa, que a execução das medidas socioeducativas em meio aberto é de
responsabilidade dos municípios. Reforçando este preceito, a Lei do SINASE,
86

sancionada em janeiro de 2012, reafirma o principio da municipalização, definindo


como competência dos municípios:

Art. 5.
I – formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de
Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela
União e pelo respectivo Estado;
II – elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em
conformidade com o Plano Nacional e o respectivo Plano Estadual;
III - criar e manter programas de atendimento para a execução das
medidas socioeducativas de meio aberto.

A Política de Assistência Social, ao ser instituída como direito, nos moldes da CF/88
e da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), representou um avanço significativo
na construção da proteção social, principalmente para a grande parcela da
população, que não tem condições mínimas para garantir a sua sobrevivência sem a
intervenção do Estado.

Refere-se a um conjunto de programas, projetos, ações, atenções, benefícios e


serviços socioassistenciais, ofertados pelo Sistema Único de Assistência Social, com
finalidade de reduzir e prevenir as situações de vulnerabilidades sociais, de
impedimento de satisfação das necessidades básicas, de negação da dignidade
humana, de risco social e pessoal e de violação de direitos. É destinada a pessoas,
famílias ou grupos em situação de risco pessoal e social, exclusão e violação de
direitos, tais como crianças, adolescentes, jovens, idosos, pessoas com deficiência,
em situação de rua e/ou em uso abusivo de substâncias psicoativas, migrantes, etc.

Sua efetivação envolve mais que o reconhecimento da legitimidade pública das


demandas, implicando na efetivação dos direitos, como parte de uma cultura de
justiça e de igualdade social.

O SUAS é um sistema público, descentralizado e participativo, que tem por função a


gestão do conteúdo específico da proteção social da Política de Assistência Social
Brasileira. Deve garantir a materialização dos direitos socioassistenciais e de outros
conteúdos contemplados na LOAS (PNAS, 2004).
87

Através dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social, o SUAS


realiza o acompanhamento técnico aos adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas em meio aberto, nas modalidades Liberdade Assistida e Prestação
de Serviços à Comunidade, tendo como objetivo a promoção social do adolescente.
O CREAS, unidade de referência para oferta de serviços de proteção social especial
de média complexidade, deve produzir, também, informações sobre as violações de
direitos nos territórios de sua abrangência, através de sistema de informação,
monitoramento e avaliação, a fim de produzir diagnósticos para a vigilância
socioassistencial, servindo de instrumento para controle social e planejamento das
ações. Deve garantir, em sua metodologia, orientações a serem prestadas aos
adolescentes para garantia da defesa de seus direitos.

O adolescente acusado de cometer ato infracional e suas famílias são público


usuário do SUAS, alvo de ações de assistência social inseridas no Sistema de
Garantia de Direitos, através do acompanhamento técnico no cumprimento da
medida em meio aberto, buscando a garantia dos direitos destes e de suas
respectivas famílias.

O SINASE é o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios, de caráter jurídico,


político, pedagógico, financeiro e administrativo, que envolve desde o processo de
apuração de ato infracional até a execução de medidas socioeducativas. Essa
normativa nacional inclui os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como
todas as políticas, planos, e programas específicos de atenção a esse público.

Este Sistema reafirma a diretriz do ECA sobre a natureza pedagógica da medida


socioeducativa, rompendo com a tradição assistencial-repressiva no âmbito do
atendimento à criança e ao adolescente. Sustentado na Doutrina da Proteção
Integral expressada na mesma legislação, valida os direitos da população infanto-
juvenil brasileira, assegurando o valor intrínseco da criança e do adolescente como
ser humano, a necessidade de especial respeito à condição de pessoas em
desenvolvimento, o valor prospectivo da infância e adolescência como portadoras de
continuidade do seu povo e o reconhecimento da sua situação de vulnerabilidade, o
que os torna merecedores de proteção integral por parte da família, da sociedade e
88

do Estado, devendo este atuar mediante políticas públicas e sociais na promoção e


defesa dos respectivos direitos.

O SUAS e o SINASE normatizam a gestão destas políticas e traçam os parâmetros


para oferta de serviços, financiamento, utilização de recursos, participação popular,
controle social, planejamento, monitoramento e avaliação. Estes Sistemas
interagem, na medida em que o primeiro regula os serviços socioassistenciais
voltados para crianças, adolescentes e suas famílias, enquanto o segundo
estabelece parâmetros para a atuação da assistência social como constituinte do
Sistema de Garantia de Direitos, trazendo desafios comuns.

Buscam implicar o Estado, a sociedade e a família como responsáveis pelo cuidado


aos seus membros, superando uma atuação fragmentadora do indivíduo,
preconizando a integralidade da atenção e do sujeito e exigindo o respeito à
dignidade do cidadão. Promovem a intersetorialidade, a qualidade na oferta de
serviços territorializados, o sigilo, a não exposição a situações vexatórias e
discriminatórias, buscando o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

O CREAS é a unidade de referência para oferta de serviços da proteção social


especial de média complexidade, que, de acordo com a Tipificação Nacional de
Serviços Socioassistenciais (Resolução 109, CNAS/2009), inclui:

• Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e


Indivíduos (PAEFI);
• Serviço Especializado em Abordagem Social;
• Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de
Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação
de Serviços à Comunidade (PSC);
• Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência,
Idosas e suas Famílias.

À luz da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, o serviço de proteção


social a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas de Liberdade
Assistida ou de Prestação de Serviços à Comunidade tem por finalidade prover
atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em execução
de sentenças desta natureza, determinadas judicialmente. Deve contribuir, ainda,
89

para o acesso deste público a direitos, à ressignificação de valores na vida pessoal e


social, bem como para a observância da responsabilização face ao ato infracional
praticado, com obrigações também definidas de acordo com as legislações e
normativas específicas.

Além disso, é necessário a elaboração do Plano Individual de Atendimento, com a


participação do adolescente e sua família, onde deve constar os objetivos e metas a
serem alcançados durante o cumprimento da medida, perspectivas de vida futura,
dentre outros aspectos a serem acrescidos, de acordo com as necessidades e
interesses do adolescente. O SINASE define o PIA como instrumento pedagógico e
metodológico importante no acompanhamento do adolescente durante o
cumprimento da medida socioeducativa. Para tanto, o acompanhamento social ao
adolescente deve ser realizado de forma sistemática, com frequência mínima
semanal, que garanta o acompanhamento contínuo e possibilite o desenvolvimento
do referido plano.

O Censo SUAS/CREAS 2012-2014 aponta a elaboração do Plano Individual de


Atendimento como uma das ações realizadas pelos profissionais do CREAS no
âmbito da LA e PSC.

Em 2012, 88 (oitenta e oito) municípios afirmaram, a este Censo, terem elaborado o


PIA, estando 64 (sessenta e quatro) adolescentes em cumprimento de LA e igual
número de PSC. No ano de 2013, 99 (noventa e nove) cidades informaram ter
produzido o PIA dos adolescentes atendidos, no acompanhamento a 71 (setenta e
um) adolescentes em LA e 69 (sessenta e nove) em PSC. Já em 2014, houve um
acréscimo de municípios, totalizando 106 (cento e seis), com o PIA elaborado para
85 (oitenta e cinco) adolescentes que cumpriam a medida socioeducativa de
liberdade assistida e 79 (setenta e nove) de prestação de serviços à comunidade,
conforme demonstrado na tabela abaixo.

Tabela 17 – Estatística Elaboração e Execução do Plano Individual de Atendimento


Quantidade de PIAs em Execução PIAs em Execução Prestação
ANO
Municípios Liberdade Assistida de Serviços à Comunidade
2012 088 64 64
90

Tabela 17 – Estatística Elaboração e Execução do Plano Individual de Atendimento


(continuação)
Quantidade de PIAs em Execução PIAs em Execução Prestação
ANO
Municípios Liberdade Assistida de Serviços à Comunidade
2013 099 71 69

2014 106 85 79
Fonte: Censo SUAS/CREAS (2012-2014)

No Estado da Bahia, a SJDHDS, através da Superintendência de Assistência Social,


tem por missão, de acordo com seu regimento interno, coordenar em nível estadual
o Sistema Único de Assistência Social, através de ações de monitoramento,
capacitação e cofinanciamento dos serviços socioassistenciais municipais,
contribuindo para assegurar a oferta de benefícios e serviços de proteção social
básica e especial em todo o Estado, em consonância com as definições da Lei
Federal 12.435/2011.

No Estado da Bahia, até meados de 2008, o atendimento ao adolescente em


cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto estava sob a
responsabilidade da FUNDAC, através de convênios com ONGs em 08 (oito)
municípios.

A partir de junho de 2008, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a


Fome (MDS), através da Portaria nº. 222, iniciou o repasse de recursos de
cofinanciamento federal para implantação do serviço de proteção social aos
adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, através
dos municípios e Distrito Federal (BRASIL, 2005). Nesse ano, 25 (vinte e cinco)
municípios baianos efetivaram o aceite para implantação do referido serviço.

Em junho de 2010, a Resolução nº. 7 da Comissão Intergestores Tripartite (CIT),


expandiu esse serviço, abrangendo mais 21 (vinte e uma) cidades, perfazendo um
quantitativo de 46 (quarenta e seis) municípios cofinanciados.

O resultado do Censo SUAS/CREAS 2011, apontou 17 (dezessete) municípios


baianos com um número elevado de adolescentes com prática de atos infracionais,
ofertando o serviço de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade
91

Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade, sem receber cofinanciamento,


fato esse que levou o Estado, através de discussão e aprovação na Comissão
Intergestores Bipartite (CIB), a realizar este tipo de fornecimento de fundos a um
total de 63 (sessenta e três) municípios.

Na análise do Censo SUAS/CREAS 2014 foram identificados 106 (cento e seis)


municípios com oferta do serviço de medidas socioeducativas em meio aberto no
âmbito do CREAS. No gráfico abaixo é possível observar a evolução na ampliação
desse serviço no período de 2008 a 2014. No ano de 2014, devido à demanda, mais
07 (sete) cidades passaram a oferecer esta assistência.

Gráfico 01 – Evolução dos Municípios que Ofertam


Medidas Socioeducativas em Meio Aberto na Bahia

Fonte: SAS/CPSE - Censo CREAS/2014

A análise do Censo SUAS/CREAS do período de 2009 a 2014, demonstra a


quantidade de municípios que informaram ofertar o serviço de medidas
socioeducativas em meio aberto no Estado da Bahia e o total de adolescentes em
execução de LA e PSC.

Tabela 18 – Demonstrativo Total de Medidas Socioeducativas de Meio Aberto


Período 2008 à 2014
Quantidade Municípios Total
Ano LA PSC
Prestadores do Serviço MSE Meio Aberto
2008 Ano de implantação

2009 033 0788 0501 0287

2010 046 0530 0383 0147

2011 046 1230 0832 0398

2012 064 1352 1184 0168


92

Tabela 18 – Demonstrativo Total de Medidas Socioeducativas de Meio Aberto


Período 2008 à 2014 (continuação)
Quantidade Municípios Total
Ano LA PSC
Prestadores do Serviço MSE Meio Aberto
2013 099 0921 0592 0329

2014 106 4441 3431 1181


Fonte: SAS/CPSE - Censo CREAS/2014

Segundo os registros mensais dos CREAS, no período de agosto a dezembro de


2014, foram atendidos pelos municípios 4441 (quatro mil, quatrocentos e quarenta e
um) adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto,
sendo 3431 (três mil, quatrocentos e trinta e um) em Liberdade Assistida e 1181 (um
mil, cento e oitenta e um) em Prestação de Serviços à Comunidade.

Atualmente, dos 196 (cento e noventa e seis) municípios com CREAS, 106 (cento e
seis) ofertam o serviço de medida socioeducativa em meio aberto, o que
corresponde a 54% (cinqüenta e quatro por cento) de cobertura, onde 64 (sessenta
e quatro) são cofinanciados pelo Estado e União, correspondendo a 67,84%
(sessenta e sete vírgula oitenta e quatro por cento) do total de municípios que
ofertam o serviço de medidas de LA e PSC.

Tabela 19 – Demonstrativo de Serviço / Financiamento


Cofinanciamento
Beneficiários
Abrangência

Partilha por (R$)


Demanda
Descrição do
Identificada
Estado
União

Serviço
de Média Complexidade

no Relatório
CREAS
Piso Fixo

Proteção social a
adolescentes em
1760 adolescentes/jovens

cumprimento de
64 municípios

medidas
2.200,00

1.540,00

socioeducativas de Grupo de 20
Liberdade adolescentes
Assistida e de
Prestação de
Serviços á
Comunidade
Valor Repasse Federal Valor Repasse Estadual
Total Repasse Anual
R$ 1.927.200,00 R$ 2.022.240,00
Fonte: MDS/CNAS – Resolução nº. 18/2014
93

O gráfico abaixo apresenta o aumento do número de municípios cofinanciados na


Bahia, nos anos de 2008, 2010, 2012 e 2014.

Tabela 20 – Evolução do Serviço de Medidas Socioeducativas no Âmbito do CREAS


Município Cofinanciados
Ano
na Bahia
2008 25
2010 46
2012 63
2014 64
Fonte: SAS/CPSE - Censo CREAS/2014

Cumprindo o seu papel, a extinta Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e


Combate à Pobreza (SEDES), no ano de 2010, em parceria com a Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República e a Universidade Federal da Bahia
(UFBA), promoveu um curso para formação de operadores do sistema de
atendimento ao adolescente acusado de cometer ato infracional deste Estado, com
carga horária de 160 (cento e sessenta) horas, destinado aos profissionais da
FUNDAC e dos CREAS (incluindo funcionários da SAS). Já em 2012, a SDH/PR, em
parceria com a Faculdade de Ciências da Bahia (FACIBA), ofertou o curso de
especialização, com carga horária de 360 (trezentos e sessenta) horas, direcionado
ao mesmo público, acrescentando apenas funcionários da coordenação estadual do
CREAS.

Com o objetivo de qualificar o atendimento nos municípios, nos anos de 2013 e


2014, a Coordenação Estadual de Proteção Social Especial (CPSE) da SAS
participou, com a equipe técnica responsável pelo acompanhamento do serviço das
medidas socioeducativas nos CREAS, da Primeira e Segunda Mesas Redondas do
Programa Infância em Primeiro Lugar, realizadas no Centro de Estudo e
Aperfeiçoamento Funcional do Ministério Público do Estado da Bahia, junto com
Promotores de Justiça de Salvador e de comarcas do interior, para discutir o
atendimento.

Em 2014, foi realizado em Salvador, um seminário sobre medidas socioeducativas


em meio aberto, dirigido a operadores dos CREAS de 87 (oitenta e sete) municípios,
beneficiando 192(cento e noventa e dois) profissionais. Neste encontro foi sinalizada
94

a necessidade de se realizar uma reunião entre técnicos e gestores lotados nos


órgãos de cumprimento de medida socioeducativo em meios aberto e fechado, com
o objetivo de discutir a relação/complementaridade entre os dois sistemas, o que
aconteceu no mês de maio de 2015, com a participação de 110 (cento e dez)
pessoas, representantes de 14 (quatorze) municípios.

Importante ressaltar que estas capacitações representaram valiosa contribuição para


o aprimoramento do serviço que é ofertado no âmbito dos CREAS, na perspectiva
do fortalecimento da cidadania dos adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa de LA e PSC.

Ainda em 2013, foi prestado assessoramento técnico a gestores e técnicos


municipais de 04 (quatro) territórios de identidade (Litoral Norte e Agreste Baiano;
Portal do Sertão; Itaparica BA/PE; e Baixo Sul).

A CPSE/SAS dispõe de um grupo virtual para repasse e troca de informações e


orientações sobre os serviços do CREAS e um endereço eletrônico de medidas
socioeducativas, que tem sido muito utilizado entre os municípios e a citada
coordenação, principalmente nos direcionamentos para a construção deste Plano.

A seguir são apresentadas informações sistematizadas de forma mais pontual sobre


as dificuldades encontradas pelo sistema socioeducativo em meio aberto, no Estado
da Bahia:

• Desarticulação das políticas setoriais na efetivação destas medidas


socioeducativas;

• Falta de entendimento sobre as diferenças entre medidas protetivas e


socioeducativas;

• Deficiência na interlocução entre instituições, órgãos e serviços da rede de


atendimento e proteção;
95

• Inexistência de qualificação dos municípios para a implementação da política;

• Insuficiência de recursos para o cofinanciamento destinado à implementação de


medidas socioeducativas em meio aberto;

• Uso insuficiente ou inadequado do Plano Individual de Atendimento,


comprometendo o projeto socioeducativo;

• Dificuldades no estabelecimento de parcerias para ampliação das medidas em


meio aberto, especialmente Prestação de Serviços à Comunidade;

• Ausência e/ou insuficiência de políticas de inclusão atraentes aos


adolescentes/jovens, a fim de evitar a reincidência;

• Práticas desalinhadas do ponto de vista conceitual e operacional;

• Rotatividade das equipes, com grande maioria dos técnicos trabalhando através
de contratação temporária, o que causa precariedade dos vínculos de trabalho;

• Situações encaminhadas diretamente pelo Conselho Tutelar aos CREAS, sem a


devida determinação judicial;

• Não encaminhamento, por parte do Poder Judiciário, de adolescentes para


cumprimento da medida socioeducativa no CREAS;

• Descumprimento pelos adolescentes, da medida aplicada pelo Judiciário.

2.5 RECURSOS HUMANOS

Na FUNDAC há atualmente 539 (quinhentos e trinta e nove) servidores efetivos,


sendo que alguns já estão em processo de aposentadoria, e aproximadamente
96

1.400 (um mil e quatrocentos) colaboradores terceirizados.

A maior parte dos profissionais que laboram nas unidades finalísticas da FUNDAC
são terceirizados, contratados pela Fundação José Silveira (FJS). Inicialmente este
serviço foi ajustado através da modalidade de convênio, a partir de justificativa de
cooperação técnica, sendo que, hodiernamente, por conta de apontamentos dos
órgãos de controle do Estado, passou-se a estabelecer o vínculo por meio de
contratação, o que tem sido realizado, nos últimos anos, de forma emergencial.

A execução do serviço de medida socioeducativa em meio aberto, cuja gestão


acontece nos municípios, nos Centro de Referência Especializado de Assistência
Social, tem que ter equipe mínima de referência estabelecida conforme disposto na
Norma Operacional Básica de Recurso Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS, Nº. 3,
p.20), na forma constante na tabela inserida a seguir:

Tabela 21 – Composição Mínima da Equipe de Referência do CREAS


Composição Equipe Mínima de Referência dos CREAS
Pequeno Porte I e II; Médio Porte; Grande Porte; Metrópole;
Gestão Básica ou Plena Gestão Básica e Plena
Capacidade de Atendimento: Capacidade de Atendimento:
50 (cinqüenta) famílias ou indivíduos 80 (oitenta) famílias ou indivíduos
01 (um) Coordenador 01 (um) Coordenador
01 (um) Assistente Social 02 (dois) Assistentes Sociais
01 (um) Psicólogo 02 (dois) Psicólogos
01 (um) Advogado 01 (um) Advogado
02 (dois) Profissionais de Nível Superior ou 04 (quatro) Profissionais de Nível Superior ou
Médio (abordagem dos usuários) Médio (abordagem dos usuários)
01 (um) Auxiliar Administrativo 02 (dois) Auxiliares Administrativos
Fonte: NOB-RH/SUAS Nº. 3/2006

A natureza da atenção ofertada pelo CREAS e o caráter público da instituição,


impõem que a equipe de profissionais seja composta por servidores públicos
efetivos, aprovados em concurso público, como indica a NOB/RH/SUAS,
favorecendo, desta forma, a oferta contínua e ininterrupta dos serviços, fortalecendo
o papel dos trabalhadores na relação com os usuários, consolidando a equipe como
referência no território e propiciando a construção do vínculo. (Orientações técnicas:
Centro de Referência Especializado de Assistência Social, 2011, p.94)
No ano de 2014, o Censo SUAS/CREAS identificou que dos 106 (cento e seis)
97

municípios que ofertam o serviço de execução de medidas em meio aberto, 37


(trinta e sete) afirmaram ter no seu quadro equipe mínima para a oferta desse
serviço.

Em relação à carga horária, os municípios podem realizar a contratação dos


profissionais da maneira mais conveniente para sua realidade, com contratos de
vinte, trinta ou quarenta horas semanais, contanto que não haja interrupção no
funcionamento do equipamento/serviço, devendo estar disponíveis para realizar
atendimentos de segunda a sexta-feira, das oito às dezessete horas.

Na Superintendência de Assistência Social, a Coordenação de Proteção Social


Especial de Média Complexidade, tem atualmente quadro de recursos humanos com
a seguinte composição:

Tabela 22 – Composição da Equipe da SAS/SJDHDS

Função Lotação/Serviço Quantidade Carga Horária

01 (um) 40 (quarenta) horas


Proteção Social Especial

01 (um) 40 (quarenta) horas


Proteção Social Especial de Média Complexidade
Coordenadores
Serviço Programa de Erradicação do Trabalho 01 (um) 40 (quarenta) horas
Infantil (PETI)

Serviço CREAS PAEFI 01 (um) 40 (quarenta) horas

01 (um) 40 (quarenta) horas


Serviço CREAS

01 (um) 40 (quarenta) horas


Serviço CREAS PAEFI

01 (um) 40 (quarenta) horas


Técnicos Serviço de Abordagem Social e PETI

Centro de Referência Municipal Especializado para 01 (um) 40 (quarenta) horas


População em Situação de Rua (CENTRO POP) e
PETI
01 (um) 40 (quarenta) horas
Serviço Centro Dia e PETI
98

Tabela 22 – Composição da Equipe da SAS/SJDHDS (continuação)

Função Lotação/Serviço Quantidade Carga Horária

Serviço de Proteção Social a Adolescentes em 01 (um) 40 (quarenta) horas


Cumprimento das Medidas Socioeducativas de LA e
Técnicos PSC
02 (dois) 40 (quarenta) horas
Nível médio, administrativo

Fonte: SAS/SJDHDS - 2015

Com a publicização, no que tange aos recursos humanos, as organizações sociais


são livres para, observadas as normas de direito privado que regem as relações
trabalhistas, adotar a forma de contratação que mais eficientemente atinja os seus
objetivos.

Através do contrato celebrado com a organização social para a gestão dos serviços
de atendimento ao adolescente em cumprimento de internação provisória e medidas
socioeducativas, deverá ser observada a necessidade de seleção criteriosa para
contratação dos profissionais que irão atuar no sistema socioeducativo, haja vista a
complexidade da prática, que precisa ser, concomitantemente, educativa e restritiva
da liberdade. Estes profissionais necessitam atuar de forma ética e comprometida
com a formação continuada, atentando para os parâmetros definidos no SINASE.

O servidor público, titular de cargo efetivo, que estiver lotado no local do serviço a
ser publicizado pode ser colocado à disposição da organização social, mantendo o
vínculo com o Estado, sem interrupção do tempo de serviço, para todos os efeitos
legais, inclusive promoção por antiguidade e aposentadoria, ficando, entretanto,
sujeito às normas internas da organização social. Poderá, também, ser relotado,
com o respectivo cargo, com ou sem mudança de sede, para outro órgão ou
entidade do mesmo poder e natureza jurídica ou ser posto em disponibilidade, com
remuneração proporcional ao respectivo tempo de serviço, até o seu regular e
obrigatório aproveitamento.

Importante ressaltar que a complexidade do atendimento socioeducativo requer a


composição de equipes multiprofissionais, no mínimo, com membros das áreas
jurídica, de saúde, psicologia, social e pedagógica, para, através de intervenções
99

individuais e/ou grupais, promover exitoso trabalho juntos aos adolescentes,


familiares e comunidade.

É imprescindível que estes profissionais sejam qualificados para a condução dos


trabalhos, na forma exarada pelo SINASE, percebam remuneração condizente com
a responsabilidade específica do serviço a ser prestado e sejam submetidos a
constantes formações.

Pensando na capacitação dos colaboradores da FUNDAC, foi implantada a Escola


do SINASE, denominada, porém, a partir do ano de 2014, como Núcleo Estadual da
Escola Nacional do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo no Estado da
Bahia, responsável por treinamentos permanentes, através de formações
específicas: inicial, continuada, avançada e prática. Os conteúdos destas instruções
não pretendem substituir os conhecimentos específicos das áreas de atuação dos
profissionais envolvidos na ação socioeducativa, mas fornecer informações teóricas
e práticas, específicas do trabalho da FUNDAC e dos atores do Sistema de Garantia
de Direitos.

Tabela 23 – Formações Realizadas pela


Escola do SINASE / Núcleo Estadual da Escola Nacional do SINASE da Bahia
Período de 2011 a 2014
Ano Formação Total de Alunos
Inicial 197
2011
Seminário 600
Inicial 117
Direitos Humanos 056
2012 Continuada 090
Brigadista 074
Segurança 376
2013 Inicial 143
2014 Inicial 112
Total Geral 1765
Fonte: Núcleo Estadual da Escola Nacional do SINASE/BAHIA – Ano de 2015

Importante ressaltar que este programa faz parte, também, das ações da Secretaria
Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, que normatizou o
serviço em âmbito nacional, através da criação da Escola Nacional de
100

Socioeducação (ENS), corroborando assim, com a efetivação desta prática na


Instituição.

No tocante aos recursos humanos, depreende-se que o Estado da Bahia:

• Encontra-se com execução de programa de qualificação profissional continuada,


porém se faz necessário ampliar a frequência e o público do trabalho;

• Possui necessidade de efetivação do reordenamento da FUNDAC e aprovação de


novo plano de cargos, carreiras e vencimentos dos servidores efetivos;

• Conta com servidores efetivos em processo de aposentadoria, uma vez que o


último concurso onde foram realizadas nomeações aconteceu no ano de 1996;

• Vivencia, no momento, possível eminente transição da gestão das unidades de


privação e restrição de liberdade para organizações sociais, permanecendo
poucas coordenações/núcleos sob administração de recursos humanos internos
da FUNDAC;

• Necessita emergencialmente de promoção de ações para incrementar a


interlocução entre os atores do Sistema Socioeducativo;

• Conta, atualmente, com 539 (quinhentos e trista e nove) servidores no quadro de


efetivos, porém alguns já estão em processo de aposentadoria;

• Possui necessidade de ampliação das equipes de profissionais das unidades


onde há superlotação, a exemplo da CASE SSA.
101

2.6 SISTEMA DE INFORMAÇÃO

No tocante ao registro e armazenamento de dados, utiliza-se, na FUNDAC, o


Sistema Nacional de Acompanhamento de Medidas Socioeducativas (SIPIA
SINASE), tanto com este objetivo quanto para tabulação estatística das informações.

O SIPIA é um sistema nacional de registro e tratamento de informação criado no ano


de 1997, no contexto da Política de Direitos Humanos e gerido, a partir de 2003,
pela Secretaria de Direitos Humanos, através da Secretaria Nacional de Promoção
dos Direitos da Criança e do Adolescente. Inicialmente a parte referente à inserções
de dados alusivos a adolescentes acusados de cometer atos infracionais, foi
realizada através do Sistema de Informação para Infância e Adolescência (SIPIA
INFOINFRA), utilizado, na Bahia, até o ano de 2011, quando migrou para a versão
SINASE.

O SIPIA SINASE é uma evolução do modelo inicial do SIPIA, utiliza a plataforma


web, podendo ser acessado via internet a qualquer horário e lugar, necessitando
apenas de estrutura mínima que suporte o serviço. Apresenta novos campos e
funcionalidades, que melhor qualificam a prática de arquivamento e tratamento das
informações colhidas no atendimento socioeducativo, contando com um módulo de
armazenamento das informações colhidas por profissionais das entidades de
atendimento inicial, internação provisória e de execução das medidas
socioeducativas, com os adolescentes/jovens e seus responsáveis.

Para garantir a correta utilização do programa, foi criada uma coordenação, com
objetivo de acompanhar, cadastrar, realizar treinamentos e fornecer apoio técnico
aos usuários, além de fornecer informações estatísticas, quando necessário.
Atualmente, as unidades coordenadas pela FUNDAC contam com computadores
para uso exclusivo do Sistema, fornecidos pela SDH/PR, entretanto faz-se
necessário ampliar a velocidade da internet, para promover a otimização do uso da
ferramenta.
102

Além das atribuições alusivas ao respectivo Sistema, esta coordenação realiza


atividades afetas à regulação de vagas nas unidades de privação de liberdade do
Estado, informando, inclusive, diariamente, o quantitativo de adolescentes
atendidos.

Em 2014 as ações estiveram focadas na atualização de dados no Sistema e


formação de novos técnicos, concentrando-se, principalmente, nas unidades CASEs
SSA FEMININA e IRMÃ DULCE (Camaçari).

No que tange ao atendimento em meio aberto, não há uma pactuação do Estado


para utilização do SIPIA SINASE como seu sistema de informações, o que acarreta
a falta de informações mais completas referentes aos atendimentos.

É sentida, ainda, a ausência dos dados alusivos aos aspectos policiais e judiciais,
uma vez que estes campos deveriam ser preenchidos pelo Poder Judiciário que, no
momento, utiliza o Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei
(CNACL) para esta finalidade, não registrando informações no SIPIA, o que
ocasiona cadastros incompletos.

Este banco de dados encontra-se em ininterrupto processo de atualização, devido à


constante necessidade de inclusão de novas informações, ao variável fluxo
populacional das entidades, da freqüente implantação de novas unidades e das
mudanças nas equipes de referência.

Importante pontuar, ainda, que as restrições para aquisição de serviços e material


tecnológicos e a insuficiência de recursos humanos e capacitações pertinentes, tem
gerado dificuldades no tocante a qualificação de registros estatísticos e de
instrumentos avaliativos, o que compromete a qualidade das informações referentes
ao atendimento socioeducativo. Neste contexto, a realização e execução do PIA,
importante ferramenta para o acompanhamento da evolução pessoal e social do
adolescente em cumprimento de medida socioeducativa, feito a partir de
intervenções técnicas junto ao adolescente, visando o levantamento de informações
para consolidação de um diagnóstico individual e a elaboração de metas pactuadas
103

com ele, toma maior visibilidade, uma vez que possibilita avaliar as contribuições
destas e de outras atividades para o atendimento do adolescente
Atualmente o armazenamento de dados do atendimento realizado no Sistema
Socioeducativo encontra-se com:

• Insuficiência ou ausência de registros sistemáticos sobre os adolescentes


inseridos no atendimento socioeducativo por questões de ordem técnica, tais
como baixa velocidade de conexão da internet, falta de equipamentos e materiais
tecnológicos e deficiência no número de profissionais nas equipes de referência;

• Ausência de dados policiais e judiciais, que deveriam ser inseridos pelo Poder
Judiciário, bem como dificuldade de integração do SIPIA SINASE com a
ferramenta atualmente utilizada nas varas judiciais, atuantes na execução de
medidas socioeducativas;

• Falta de integração do SIPIA SINASE com outros sistemas de informação, a


exemplo do CNACL, o que acarreta em prejuízos para o atendimento e
desperdício de tempo e de pessoal para cadastramento de informações;

• Necessidade de reestruturação do Sistema, a fim de atender às demandas


requeridas à Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do
Adolescente, pelos Estados, favorecendo a melhor utilização da ferramenta;

• Necessidade de constante formação dos profissionais envolvidos no atendimento


socioeducativo, no âmbito da gestão da informação e, mais especificamente, para
o uso do SIPIA;

• Baixa utilização da ferramenta pelos profissionais que realizam o atendimento de


adolescentes em cumprimento de medidas em meio aberto.
104

3 MODELO DE GESTÃO DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO

A Constituição Federal de 1988, no parágrafo único do artigo primeiro, estabelece


que o exercício do poder pode ser realizado diretamente ou por meio de
representantes eleitos. Nos incisos I e II do artigo 204, estabelece, também, as
diretrizes da descentralização e da participação da população, nas ações de
assistência social. Aos Estados, Distrito Federal e Municípios cabe a execução da
política socioeducativa no país, por intermédio de ações descentralizadas e
cofinanciadas nos três níveis de poder e da articulação das políticas setoriais que
compõe o Sistema de Garantia de Direitos.

O ECA, a Resolução 119/2006 do CONANDA e a Lei Federal 12.594/2012 (Lei do


SINASE), corroboraram estes princípios, ao sinalizar a necessidade da participação
direta, por meio das organizações representativas da sociedade civil, que exercem o
poder de controle e acompanhamento das políticas públicas, através dos conselhos
de direitos da criança e do adolescente.

O modelo de gestão ora proposto estabelece uma coordenação nos três níveis do
poder executivo, responsável por articular e implantar todas as medidas
socioeducativas, qualquer que seja sua natureza. A Comissão Estadual Intersetorial
de Implementação e Acompanhamento do SINASE objetiva manter permanente
articulação interinstitucional nestas três instâncias, com a participação direta de
todas as políticas setoriais pertinentes. A intersetorialidade é um eixo estruturante da
organização dos serviços e possibilita processos decisórios organizados e coletivos,
que culminam em ações capazes de impactar positivamente as políticas
socioeducativas.

O SINASE propõe um redesenho político-administrativo, alinhado à Resolução do


CONANDA e à Lei Federal nº. 12.594/2012, definindo e estabelecendo as
responsabilidades na aplicação das medidas socioeducativas, como tarefa
necessária e insubstituível dos órgãos que compõe o Sistema de Garantia de
Direitos, particularmente daqueles que são responsáveis por sua execução.
105

No Estado da Bahia, conforme estabelecido nas legislações vigentes, o atendimento


inicial, a internação provisória e a execução das medidas socioeducativas de
privação e restrição de liberdade são executadas pelo Estado, através da FUNDAC,
órgão da administração indireta, atrelada à Secretaria Estadual de Justiça, Direitos
Humanos e Desenvolvimento Social.

Conforme referido anteriormente, o acompanhamento técnico aos adolescentes em


cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto é realizado pelo SUAS,
através dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social, tendo
como objetivo a promoção social do adolescente.

No Estado da Bahia, a SJDHDS, através da Superintendência de Assistência Social,


tem por missão, de acordo com seu regimento interno, coordenar em nível estadual
o Sistema Único de Assistência Social, através de ações de monitoramento,
capacitação e cofinanciamento dos serviços socioassistenciais municipais,
contribuindo para assegurar a oferta de benefícios e serviços de proteção social
básica e especial em todo o Estado, em consonância com as definições da Lei
Federal nº. 12.435/2011.

O CREAS é a unidade de referencia para oferta de serviços da PSE de média


complexidade, que, de acordo com a Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistenciais (Resolução 109, CNAS/2009), inclui:

• Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e


Indivíduos (PAEFI);
• Serviço Especializado em Abordagem Social;
• Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento
de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC);
• Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência,
Idosas e suas Famílias.

A oferta de serviços de PSE de Média Complexidade cabe aos Municípios/Distrito


Federal e, nos casos específicos de oferta regionalizada de serviços, aos Estados.
No âmbito da PSE de Média Complexidade, o CREAS constitui unidade de
106

referência para a oferta de serviços (Orientações Técnicas: Centro de Referência


Especializado de Assistência Social, 2011, p.20).

No município de Salvador especificamente, o serviço de proteção social especial a


adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto não está
sendo ofertada nos CREAS. Através da celebração de um Termo de Ajustamento de
Conduta entre a Prefeitura, o Ministério Público e o Poder Judiciário, desde o ano de
2005, o serviço vem sendo disponibilizado na Central de Medidas Socioeducativas,
com coordenação da Fundação Cidade Mãe, uma vez que o município não fez o
aceite com o Ministério de Desenvolvimento Social, razão pela qual, inclusive, não
recebe os devidos recursos.

Importante ressaltar, porém, que em reunião realizada no dia 12 de maio de 2015, a


FCM e a Secretaria Municipal da Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza
acordaram que a execução das medidas socioeducativas em meio aberto passará a
ser ofertada brevemente, em Salvador, pelo CREAS conforme tipificação legal.
Deliberou-se, ainda, que os citados órgãos irão planejar e executar processo de
transição que garanta a efetividade e a qualidade do serviço a ser prestado, cuja
proposta já foi apresentada ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente de Salvador (CMDCA), para inclusão quando da elaboração do Plano
Municipal de Atendimento Socioeducativo.

O modelo de gestão atual da Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da


Bahia está prescrito na Resolução nº. 02/92, que instituiu o seu regimento interno,
onde está registrada a finalidade, competência e organização estrutural do órgão.
Importante ressaltar que este documento encontra-se em reformulação, com
rediscussão de todo o seu conteúdo, notadamente da estrutura organizacional
sinalizada.

Atualmente a FUNDAC possui, em sua ordenação institucional, uma administração


central, composta por Diretorias Geral e Adjunta, Assessorias e as Gerências de
Atendimento Socioeducativo, Regionalização, Administração, Financeira e de
107

Modernização e Informática. Conta, ainda, com o suporte da Procuradoria Jurídica


do Estado.

Estas estruturas realizam suas atividades buscando acompanhar e monitorar toda a


execução do sistema socioeducativo a que se vinculam, com o objetivo de torná-lo
mais eficaz e exitoso. Para isto, vale-se de quadro de profissionais concursados,
terceirizados e de provimento temporário (cargos de confiança), planejando,
monitorando e avaliando as ações, utilizando, para isto, modelos de gestão
centralizado e descentralizado.

A Gerencia de Atendimento Socioeducativo é responsável pelo planejamento,


monitoramento e acompanhamento das atividades nos Prontos Atendimentos, nas
CASEs e nas atividades com egressos do sistema.

Todos os serviços auxiliares são desenvolvidos através de gestão indireta, ou seja,


descentralizada, ficando a cargo de empresas contratadas, geridas pela Gerência
Administrativa (GERAD) da FUNDAC. Estas atividades dizem respeito às ações de
higienização e limpeza dos espaços, alimentação de adolescentes e funcionários,
portaria, vigilância patrimonial, jardinagem e manutenção, este ultimo incluindo os
serviços de pedreiro, artífice, eletricista, encanador e serralheiro.

No tocante às suas unidades finalísticas, a Fundação atua em contato direto com as


mesmas, seja nos prontos atendimentos (Salvador e Feira de Santana), nas
comunidades de atendimento socioeducativo (Salvador, Feira de Santana e
Camaçari) e nas unidades de semiliberdade (Salvador, Vitória da Conquista e
Juazeiro), bem como na Coordenação de Apoio a Família e ao Egresso (Salvador e
Feira de Santana) e no Centro de Educação Especial Elcy Freire.

As unidades de privação de liberdade e a CASE Brotas (semiliberdade) têm modelo


de gestão direta, com serviços prestados por servidores públicos e profissionais
terceirizados, diretamente vinculados à FUNDAC. As demais instituições de restrição
de liberdade são geridas por entidades não governamentais, monitoradas e
fiscalizadas por corpo técnico atrelado à referida Fundação.
108

Ainda no artigo quarto da Lei do SINASE, consta a especificação do Conselho


Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, também vinculado à SJDHDS,
esclarecendo ser sua competência:

“§ 1o Ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do


Adolescente competem as funções deliberativas e de controle do
Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo, nos termos
previstos no inciso II do art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), bem como outras
definidas na legislação estadual ou distrital.
§ 2o O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo será
submetido à deliberação do Conselho Estadual dos Direitos da
Criança e do Adolescente.”

O Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública atuam de forma


autônoma, com representações designadas para atuação nos procedimentos de
apuração de ato infracional e nos trâmites processuais, até a execução e
monitoramento das medidas aplicadas aos adolescentes, integrando o Sistema de
Garantia de Direitos.
109

4 EIXOS OPERATIVOS – METAS, PRAZOS E RESPONSÁVEIS

Os eixos operativos estão divididos a seguir, conforme deliberação da Secretaria de


Direitos Humanos da Presidência da República, tendo como base a gestão; a
qualificação do atendimento socioeducativo; a participação e autonomia dos
adolescentes; e o fortalecimento dos sistemas de justiça e segurança pública.

Importante registrar que os períodos de execução das metas estabelecidas neste


Plano dizem respeito aos seguintes anos:

Tabela 24 – Períodos de Execução das Metas do


Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo da Bahia
Execução de Metas (Períodos)
Ordem Ano(s)
Primeiro 2015
Segundo 2016 a 2019
Terceiro 2020 a 2023
Quarto 2024

4.1 EIXO - GESTÃO

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.
Comissão Estadual
1.1 Efetivação de 100% (cem por cento) das
Intersetorial de
atividades da Comissão Estadual Intersetorial
X X X X Implementação e
1 Assegurar a de Implementação e Acompanhamento do
Acompanhamento do
implementação do SINASE na Bahia
SINASE
Sistema Estadual de
Avaliação e
1.2 Promoção de ações de incentivo à criação
Acompanhamento do
e funcionamento das Comissões Municipais Comissão Estadual
Atendimento
Intersetoriais de Implementação e Intersetorial de
Socioeducativo da
Acompanhamento do SINASE, X X X X Implementação e
Bahia
especialmente nos municípios que Acompanhamento do
concentrem parcela significativa do SINASE
atendimento socioeducativo
110

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

1 Assegurar a
implementação do • SJDHDS
1.3 Adequação de 80% (oitenta por cento)
Sistema Estadual de (FUNDAC e SAS)
dos programas de medidas socioeducativas,
Avaliação e
de internação provisória e de atendimento X X X X • Secretarias
Acompanhamento do
inicial, à legislação em vigor e às diretrizes Municipais de
Atendimento
deste Plano Assistência Social
Socioeducativo da
Bahia (continuação)

2.1 Implantação e/ou implementação do


SIPIA SINASE em 100% (cem por cento) • SDH/PR
dos programas de atendimento inicial, X X X X • SJDHDS
privação e restrição de liberdade, meio (FUNDAC e SAS)
aberto e egressos

2.2 Articulação e integração do SIPIA


Comissão Estadual
SINASE com, no mínimo, 50% (cinquenta
Intersetorial de
por cento) dos sistemas de informação das
--- X X X Implementação e
demais políticas setoriais (justiça, conselho
Acompanhamento do
tutelar, educação, saúde, assistência social e
SINASE
segurança pública)
2 Efetivar e otimizar o
Sistema Nacional de
Acompanhamento de
2.3 Implantação e/ou implementação de
Medidas SJDHDS
centrais de vagas nos programas de privação X X X X
Socioeducativas (SIPIA (FUNDAC e SAS)
e restrição de liberdade e meio aberto
SINASE) no Estado da
Bahia

• SJDHDS
(FUNDAC e SAS)

2.4 Implantação de 01 (um) Observatório • Núcleo Estadual da


Estadual do Sistema Socioeducativo, Escola do SINASE da
composto por equipe interdisciplinar Bahia
--- X X X
especializada, para análise e sistematização
• Comissão Estadual
das informações geradas pelo SIPIA
Intersetorial de
SINASE
Implementação e
Acompanhamento do
SINASE

3.1 Garantia de recursos nos orçamentos do • SJDHDS


3 Garantir a Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes (FUNDAC e SAS)
participação do sistema Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária
socioeducativo nas Anual (LOA) para execução de 100% (cem X X X X • Secretarias Estaduais
previsões orçamentárias por cento) das metas deste Plano Decenal do Planejamento
estaduais (2015-2024), que estejam em sua (SEPLAN) e da
responsabilidade Fazenda (SEFAZ)
111

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

3 Garantir a 3.2 Implantação de 100% (cem por cento) • SJDHDS


participação do sistema dos serviços/projetos necessários ao (FUNDAC e SAS)
socioeducativo nas asseguramento dos cofinanciamentos para a X X X X • Secretarias
previsões orçamentárias implementação e qualificação do Municipais de
estaduais (continuação) atendimento socioeducativo no Estado Assistência Social

• SJDHDS (SAS)
4.1 Acompanhamento e orientação de 100%
• CECA
(cem por cento) dos municípios que
executam as medidas socioeducativas em • Comissão Estadual
meio aberto, na formulação dos respectivos X X X X Intersetorial de
Planos Municipais de Atendimento Implementação e
Socioeducativo, em conformidade com o Acompanhamento do
4 Promover a integração Plano Nacional e este Plano Estadual SINASE
dos órgãos executores • SGD
de medidas
socioeducativas e dos
programas de egressos • SJDHDS
do Sistema (FUNDAC e SAS)
Socioeducativo 4.2 Articulação entre Estado e Municípios
visando proporcionar o fortalecimento da • CECA
implantação e implementação das medidas • Comissão Estadual
socioeducativas nos equipamentos de X X X X Intersetorial de
assistência social, para uma melhor Implementação e
efetivação da política de atendimento Acompanhamento do
socioeducativo SINASE

• SGD

5.1 Monitoramento deste Plano Estadual de


Comissão Estadual
5 Monitorar as ações Atendimento Socioeducativo, através de
Intersetorial de
deste Plano Estadual do indicadores estabelecidos pela Comissão
X X X X Implementação e
Atendimento Estadual Intersetorial de Implementação e
Acompanhamento do
Socioeducativo Acompanhamento do SINASE
SINASE

6 Qualificar a gestão de 6.1 Efetivação do reordenamento da


recursos humanos no FUNDAC e aprovação de novo plano de • SJDHDS
X X --- ---
atendimento cargos, carreiras e vencimentos dos • SAEB
socioeducativo servidores efetivos
112

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

6.2 Adequação do quadro de recursos


humanos das unidades de execução de
• SJDHDS
atendimento inicial, internação provisória e
medidas socioeducativas para garantir o • SAEB
quantitativo de profissionais necessários para X X X X
• Secretarias
o desenvolvimento das ações
Municipais de
6 Qualificar a gestão de socioeducativas, com a imprescindível
Assistência Social
recursos humanos no qualidade dos serviços, na forma estabelecida
atendimento nas orientações e legislações vigentes
socioeducativo
(continuação)
• SJDHDS
6.3 Realização de concurso público para
• SAEB
preenchimento de vagas nos cargos que
X X X X
demandem continuidade da prestação do • Secretarias
serviço Municipais de
Assistência Social

7.1 Regulamentação do programa de • SJDHDS


acompanhamento a egressos do sistema (FUNDAC)
X X --- ---
socioeducativo, nos meios fechado e
semiliberdade • SAEB

• SJDHDS (SAS)
7 Instituir e/ou 7.2 Implantação de programas de
regulamentar programas acompanhamento a egressos do sistema X X --- --- • Secretarias
de acompanhamento socioeducativo no meio aberto Municipais de
posteriores à execução Assistência Social
das medidas
socioeducativas
• MDS
7.3 Implantação e/ou implementação do
• SJDHDS (SAS)
Serviço de Convivência e Fortalecimento de
X X X X
Vínculos (SCFV) destinado aos adolescentes • Secretarias
egressos, como grupo prioritário Municipais de
Assistência Social

• SJDHDS
(FUNDAC)
8.1 Ampliação e adequação da frota de
--- X X --- • Secretarias
veículos do sistema socioeducativo
8 Aparelhamento do Municipais de
Sistema Assistência Social
Socioeducativo, a fim
de garantir a prestação
dos serviços com a 8.2 Aquisição de equipamentos e materiais • SJDHDS
qualidade e o respeito da área tecnológica, tais como computadores, (FUNDAC)
necessários impressoras, scanners, projetor multimídia,
--- X X --- • Secretarias
máquinas fotográficas digitais, programas
informáticos, rádios, aparelho raios-X e Municipais de
detectores de metais Assistência Social
113

4.2 EIXO - QUALIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

• SDH/PR

• SJDHDS
(FUNDAC)
1.1 Desativação da CASE SSA --- X --- ---
• Superintendência
de Patrimônio
(SUPAT)

1.2 Construção e implantação das unidades


abaixo especificadas, seguindo as orientações
do SINASE e outras normativas legais
pertinentes:

• 07 (sete) unidades socioeducativas


masculinas de internação, sendo 02(duas) em
Salvador e uma em cada uma das seguintes • SDH/PR
cidades: Itabuna, Vitória da Conquista, • SJDHDS
1 Regionalizar e Juazeiro, Barreiras e Teixeira de Freitas; X X X X
(FUNDAC)
territorializar o
atendimento • 01 (uma) unidade de internação provisória • SUPAT
socioeducativo na masculina em Salvador;
Bahia, seguindo as • 08 (oito) NAIs, sendo um em cada um
legislações e dos seguintes municípios: Salvador, Itabuna,
orientações vigentes Vitória da Conquista, Juazeiro, Barreiras,
Teixeira de Freitas, Feira de Santana e
Camaçari

1.3 Ampliação, reforma e manutenção das


• SDH/PR
unidades socioeducativas CASE SSA
FEMININA, CASE CIA, CASE IRMÃ • SJDHDS
--- X X ---
DULCE, CASE ZILDA ARNS e CASE JUIZ (FUNDAC)
MELO MATOS, adequando-as ás orientações
• SUPAT
do SINASE

• SJDHDS
1.4 Reforma e manutenção da sede (FUNDAC)
--- X X ---
administrativa da FUNDAC.
• SUPAT
114

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

1.5 Implantação e/ou manutenção de 12


(doze) unidades de semiliberdade, observando
as orientações do SINASE e outras
normativas legais pertinentes, em 02(duas)
etapas:
• SDH/PR
R
• a primeira até 2016, contemplando 07(sete)
municípios (Salvador, direcionada ao público • SJDHDS
X X --- ---
feminino; Feira de Santana; Vitória da (FUNDAC)
Conquista; Itabuna; Irecê; Teixeira de Freitas;
• SUPAT
e Juazeiro);

• a segunda até 2017, abrangendo mais


05(cinco) cidades, a serem definidas
oportunamente, levando em consideração os
territórios de identidade

1.6 Relocação da semiliberdade já existente • SDH/PR


na cidade de Salvador (CASE Brotas),
• SJDHDS
atentando para observância às orientações do --- X --- ---
(FUNDAC)
1 Regionalizar e SINASE e outras normativas legais
territorializar o pertinentes • SUPAT
atendimento
socioeducativo na
Bahia, seguindo as 1.7 Construção e/ou adequação de, no
legislações e mínimo, 60% (sessenta por cento) dos
orientações vigentes espaços destinados às ações de educação • SDH/PR
(laboratórios, salas, interativas de jogos
(continuação) • SJDHDS
lúdicos matemáticos, inclusão digital, dentre --- X X X
(FUNDAC)
outros) e arte-educação, das unidades de
internação do Estado, atentando para • SUPAT
observância às orientações do SINASE e
outras normativas legais pertinentes

1.8 Construção e/ou adequação de 100% (cem


por cento) dos espaços destinados às ações de • SDH/PR
profissionalização, biblioteca, esporte,
• SJDHDS
cultura, lazer e visita intima, das unidades de --- X X X
(FUNDAC)
internação do Estado, atentando para
observância às orientações do SINASE e • SUPAT
outras normativas legais pertinentes

1.9 Implementação de 100% (cem por cento)


dos serviços socioeducativos de SJDHDS
X X --- ---
semiliberdade, nas unidades destinadas a esta (FUNDAC)
finalidade, implantadas no Estado
115

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

1 Regionalizar e
territorializar o
atendimento 1.10 Implantação e/ou implementação da • SJDHDS (SAS)
socioeducativo na municipalização das medidas em meio aberto • Secretarias
--- X X ---
Bahia, seguindo as em, no mínimo, 80% (oitenta por cento) dos Municipais de
legislações e municípios da Bahia Assistência Social
orientações vigentes
(continuação)

• SJDHDS
(FUNDAC e SAS)
2.1 Criação de 01(um) Fórum Estadual do
Sistema Socioeducativo, garantindo a • Comissão Estadual
X X X X Intersetorial de
participação de todos os setores que compõe o
SGD Implementação e
Acompanhamento do
SINASE

• SJDHDS
(FUNDAC e SAS)

• Núcleo Estadual da
2.2 Criação de, no mínimo, 01 (um) fórum
Escola do SINASE da
permanente de discussão entre técnicos dos
Bahia
programas/entidades executoras de medidas X X X X
socioeducativas, internação provisória e • Comissão Estadual
atendimento inicial Intersetorial de
2 Implementar e Implementação e
qualificar o Acompanhamento do
atendimento SINASE
socioeducativo na
Bahia
• MS
2.3 Implantação e implementação dos Planos • SJDHDS
Operativos e de Ações Municipais do (FUNDAC)
PNAISARI em 100% (cem por cento) dos
X X X X • Secretaria Estadual
municípios que possuem unidades de
privação e/ou restrição de liberdade no da Saúde (SESAB)
Estado da Bahia • Secretarias
Municipais da Saúde

• SJDHDS
2.4 Produção gráfica de 500 (quinhentas)
(FUNDAC)
exemplares das Orientações Gerais para
Elaboração e Monitoramento dos Planos X --- --- --- • SESAB
Operativos e de Ação Municipais do
• Secretarias
PNAISARI no Estado da Bahia.
Municipais da Saúde
116

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.
• SJDHDS
(FUNDAC)
2.5 Implantação e/ou implementação da
Caderneta de Saúde de 100% (cem por • SESAB
X X X X
cento) dos adolescentes custodiados nas
• Secretarias
unidades de privação e restrição de liberdade
Municipais da
Saúde

• SJDHDS
2.6 Implementação de 100% (cem por cento) (FUNDAC)
das disposições contidas nas propostas • Secretarias
--- X X X
pedagógicas da FUNDAC, em todas as Estadual e
unidades socioeducativas Municipais da
Educação

2.7 Ampliação e incremento de, no mínimo, • SJDHDS


60% (sessenta por cento) de ações esportivas, (FUNDAC e SAS)
2 Implementar e
qualificar o culturais, artísticas e de lazer para --- X X X • Secretarias
atendimento adolescentes em cumprimento de internação Municipais de
socioeducativo na provisória e medidas socioeducativas Assistência Social
Bahia
(continuação)

2.8 Implementação de 100% (cem por cento)


das matrizes de referência das oficinas de
--- X --- --- SJDHDS (FUNDAC)
iniciação profissional nas unidades
socioeducativas de internação

2.9 Estabelecimento de avaliação e


certificação para 100% (cem por cento) dos
adolescentes em cumprimento de internação, --- X --- --- SJDHDS (FUNDAC)
participantes das oficinas de iniciação
profissional.

2.10 Implementação do PIA em 100% (cem • SJDHDS


por cento) dos programas de cumprimento de X X X X (FUNDAC e SAS)
medidas socioeducativas • SGD
117

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.
2.11 Criação de espaços específicos em 100%
(cem por cento) das unidades de privação e
• SDH/PR
restrição de liberdade do Estado, destinados a
adolescentes em situação de risco pessoal, a • SJDHDS
X X X X
fim de assegurar a integridade física, moral e (FUNDAC)
psíquica destes, garantindo, no entanto, a
• SUPAT
participação dos mesmos em todas as ações
desenvolvidas nas instituições

2.12 Elaboração e implementação de • SJDHDS


alternativas para solução de entraves (FUNDAC e SAS)
referentes a assuntos complexos, a saber:
X X --- --- • Núcleo Estadual da
orientação sexual, gênero, sexualidade,
redução de danos, entre outros, sob orientação Escola do SINASE da
de especialistas Bahia

• SJDHDS
2.13 Adequação de 100% (cem por cento) das
(FUNDAC)
estruturas física e organizacional das unidades
em funcionamento no Estado, para garantia • SUPAT
de acessibilidade aos adolescentes, ---- X X X
• Secretarias
funcionários e visitantes com deficiências,
Estadual e
conforme especificado no Decreto nº.
Municipais da
3.298/99
2 Implementar e Educação
qualificar o
atendimento 2.14 Cumprimento de 100% (cem por cento)
socioeducativo na das normativas do SINASE referente à gestão
Bahia e garantia do acompanhamento técnico nos
(continuação) programas de atendimento socioeducativo,
em todo o território Estadual, destacando-se
as recomendações alusivas a (ao): SJDHDS
X X X X (FUNDAC e SAS)
• relação entre quantitativo de
profissionais e adolescentes, assim como
especificidades de categorias profissionais;

• acompanhamento técnico;

• eixo suporte institucional e pedagógico

2.15 Implantação e/ou implementação de


metodologias de atendimento com base em SJDHDS
práticas restaurativas, em 100% (cem por X X X X (FUNDAC e SAS)
cento) das ações dos programas do Sistema
Socioeducativo

2.16 Garantia do atendimento a 100% (cem


• SJDHDS
por cento) dos egressos do sistema
(FUNDAC e SAS)
socioeducativo e seus familiares nos
X X X X
programas de acompanhamento instituídos • Secretarias
com esta finalidade, a exemplo da CAFE da Municipais de
FUNDAC Assistência Social
118

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

• SDH/PR

3.1 Implementação da Escola Estadual de • ENS


X X --- ---
Socioeducação do Estado da Bahia
• SJDHDS
(FUNDAC e SAS)

• SDH/PR

• SJDHDS
3.2 Formalização de parcerias com (FUNDAC e SAS)
universidades para formações Lato Sensu e • Núcleo Estadual da
--- X X ---
3 Qualificar os recursos Stricto Sensu Escola do SINASE
humanos do sistema da Bahia
socioeducativo e
• Instituições de
parceiros externos
ensino superior
envolvidos na
socioeducação (saúde,
educação, cultura,
• SDH/PR
segurança e justiça) 3.3 Realização de formação inicial dirigida a
100% (cem por cento) dos profissionais que • SJDHDS
ingressarem no sistema socioeducativo e (FUNDAC e SAS)
X X X X
continuada na proporção progressiva de
• Núcleo Estadual da
acréscimo de 10% (dez por cento) ao ano, do
Escola do SINASE
total de profissionais do referido Sistema
da Bahia

3.4 Realização de formação especializada • SJDHDS


para, no mínimo, 60% (sessenta por cento) (FUNDAC)
dos profissionais externos que desenvolvam X X X X • Núcleo Estadual da
atividades junto aos adolescentes em privação Escola do SINASE
de liberdade da Bahia

4 Promover ações de 4.1 Realização de, no mínimo, 02 (duas)


sensibilização e ações anuais para intercâmbio de • SJDHDS
conscientização da conhecimentos e conscientização da X X X X (FUNDAC)
sociedade em relação à sociedade quanto a socioeducação, visando a
• SGD
socioeducação diminuição de preconceitos e estigmas

5.1 Implantação e/ou manutenção dos


circuitos fechados de câmeras em 100% (cem
--- X X X SJDHDS (FUNDAC)
5 Efetivar e humanizar por cento) das unidades de privação e
a segurança restrição de liberdade
socioeducativa interna
das unidades
socioeducativas 5.2 Substituição de 100% (cem por cento) da
revista intima manual pela mecânica, --- X X --- SJDHDS (FUNDAC)
ressalvadas as situações excepcionais
119

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

• SJDHDS
5 Efetivar e humanizar (FUNDAC)
a segurança 5.3 Revisão de 100% (cem por cento) dos
socioeducativa interna Programas de Atendimento das unidades • Comissão Estadual
X X --- --- Intersetorial de
das unidades socioeducativas, objetivando efetivar e
socioeducativas humanizar a segurança socioeducativa interna Implementação e
(continuação) Acompanhamento do
SINASE

6.1 Garantia do pagamento da gratificação de


6 Reconhecer a periculosidade para 100% (cem por cento) • SJDHDS
peculiaridade do trabalho dos profissionais da escolarização formal que X X --- --- (FUNDAC)
socioeducativo trabalhem diretamente com adolescentes em • SAEB
privação de liberdade

7.1 Inserção de, no mínimo, 50% (cinquenta • SJDHDS


por cento) dos adolescentes sem suporte (FUNDAC e SAS)
familiar e/ou com vínculos familiares X X X X • Secretarias
rompidos em programas específicos de Municipais de
convivência familiar Assistência Social

7.2 Encaminhamento de, no mínimo, 70%


(setenta por cento) dos responsáveis pelos • SJDHDS
adolescentes, com passagem registrada no (FUNDAC e SAS)
sistema socioeducativo e demandas X X X X • Secretarias
identificadas, para serviços de políticas Municipais de
públicas sociais, de saúde, atendimento Assistência Social
jurídico, educação e qualificação profissional
7 Articular, fortalecer e
efetivar as redes do • SJDHDS
Sistema de Garantia de 7.3 Redefinição dos procedimentos de (FUNDAC)
Direitos revalidação/manutenção de 100% (cem por
• Secretarias
cento) dos convênios e das outras formas de
Estadual e
contratualização com as Secretarias Estadual X X X X
Municipais da
e Municipais da Educação e com os parceiros
Educação
com trabalho contínuo e constante
• Órgãos/Instituições
Parceiras

• SJDHDS
7.4 Garantia de inclusão de 100% (cem por (FUNDAC e SAS)
cento) dos adolescentes em cumprimento de • Secretarias
X X X X
medidas socioeducativas na escolarização Estadual e
formal Municipais da
Educação
120

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.
• MEC

• SJDHDS
7.5 Redefinição de 100% (cem por cento) dos
(FUNDAC)
currículos escolares, contemplando
--- X X X
metodologias diversificados de ensino- • Secretarias
aprendizagem Estadual e
Municipais da
Educação

• SJDHDS
(FUNDAC)

• Secretarias
7.6 Regulamentação da proposta “Uma
Estadual e
Escola na Vida”, planejada para adolescentes X X --- ---
Municipais da
internos das unidades da FUNDAC
Educação

• Conselho Estadual
de Educação

• SJDHDS
7.7 Garantia de inserção de 100% (cem por (FUNDAC)
7 Articular, fortalecer e cento) dos adolescentes em cumprimento de
efetivar as redes do internação provisória em programa X X X X • Secretarias
Sistema de Garantia de educacional diferenciado, com certificação Estadual e
Direitos (continuação) pelo período estudado Municipais da
Educação

• SJDHDS
7.8 Garantia de acesso de 100% (cem por (FUNDAC)
cento) dos adolescentes/jovens egressos do • Secretarias
X X X X
sistema socioeducativo nas instituições Estadual e
estaduais e municipais da educação Municipais da
Educação

• Instituto Nacional
de Estudo e Pesquisa
Educacionais Anísio
7.9 Garantia do acesso de 100% (cem por
Teixeira (INEP)
cento) dos adolescentes, com perfil
específico, nos programas de Exame Nacional • SJDHDS
X X X X
do Ensino Médio (ENEM) e Exame Nacional (FUNDAC)
para Certificação de Competências de Jovens
• Secretarias
e Adultos (ENCCEJA)
Estadual e
Municipais da
Educação
121

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

• SJDHDS
(FUNDAC e SAS)

• Secretaria Estadual
do Trabalho,
Emprego, Renda e
Esporte (SETRE /
7.10 Promoção e/ou inserção de, no mínimo, SINEBAHIA)
60% (sessenta por cento) dos adolescentes em
• Sistema S
cumprimento de medidas socioeducativas e
X X X X
egressos do sistema socioeducativo em cursos • PRONATEC
de iniciação e educação profissional, SINASE
ampliando esta oferta gradativamente
• IFBA

• Fórum Baiano de
Aprendizagem
Profissional
(FOBAP)

7 Articular, fortalecer e • ONGs


efetivar as redes do
Sistema de Garantia de
Direitos (continuação) • Ministério Público
do Trabalho (MPT)

• MP

• DPE

• SRTE/BA

7.11 Elaboração de 01 (uma) proposta • SJDHDS


diferenciada de educação profissional, (FUNDAC e SAS)
específica para adolescentes que se encontram --- X X --- • SEC
em cumprimento de medidas socioeducativas,
respeitando as peculiaridades de cada situação • Universidades
públicas

• Sistema S

• ONGs (Parceiras)

• Conselhos
Nacionais e Estaduais
de Direitos
122

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

• SJDHDS
(FUNDAC)

• Sistemas S
7.12 Ampliação e diversificação de, no
mínimo, 60% (sessenta por cento) dos cursos • PRONATEC
de qualificação profissional ofertadas pelas --- X X --- SINASE
unidades de privação de liberdade, seguindo • Serviço Brasileiro
as determinações das legislações em vigor de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas
(SEBRAE)

• ONGs

• SJDHDS
(FUNDAC/SAS)
7.13 Inserção de, no mínimo, 50% (cinquenta
• SETRE
por cento) dos adolescentes/jovens em
(SINEBAHIA)
cumprimento das medidas socioeducativas de --- X X X
semiliberdade e em meio aberto e egressos do • Sistema S
sistema socioeducativo em postos de trabalho
• IFBA
7 Articular, fortalecer e
efetivar as redes do • FOBAP
Sistema de Garantia de
Direitos (continuação)
• SJDHDS
(FUNDAC e SAS)

• SETRE
7.14 Realização de seminários (SINEBAHIA)
interinstitucionais anuais, para discutir as
educações formal e profissional e a inclusão • Secretarias
no mundo do trabalho de adolescentes e Estadual e
--- X X X Municipais da
egressos do sistema socioeducativo, gerando
propostas de otimização da prática Educação
profissional • Sistema S

• IFBA

• Empresas parceiras

• SJDHDS
7.15 Formalização de parcerias voltadas à
(FUNDAC)
promoção e prevenção à saúde com, no
X X --- ---
mínimo, 03(três) instituições, a exemplo do • SESAB
CEDAP, CETAD e CEPARH
• UFBA
123

Execução da Meta
Objetivo Meta Período
Responsável
1º. 2º. 3º. 4º.

7.16 Garantia de inserção de 100% (cem por


7 Articular, fortalecer e cento) dos adolescentes com passagem • MP
efetivar as redes do registrada pelas unidades da FUNDAC e • SJDHDS
X X X X
Sistema de Garantia de CREAS, com perfil específico, no Programa (FUNDAC, SAS e
Direitos (continuação) de Proteção a Crianças e Adolescentes PPCAAM)
Ameaçados de Morte (PPCAAM)

4.3 EIXO - PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DOS ADOLESCENTES

Execução das Metas


Objetivos Metas Período
Responsáveis
1º. 2º. 3º. 4º.

1.1 Garantia de atividades com os conteúdos


previstos na Proposta Político Pedagógica da • SJHDS (FUNDAC)
FUNDAC, tais como: Leis (ECA/SINASE), • Conselhos Estaduais
Cidadania, Direitos Humanos, Política, e Municipais
X X X X
Cultura da Paz, Protagonismo Juvenil,
Orientação Sexual, Sexualidade, Drogas, • Sociedade civil
Violência, Diversidade Étnico-racial e • ONGs
Gênero, fomentando a participação cidadã

• SJDHDS
1.2 Garantia da participação de 100% (cem
1 Implantar e (FUNDAC/SAS)
por cento) dos adolescentes em cumprimento
implementar ações que
de medidas socioeducativas nas discussões • Conselhos Estadual e
viabilizem a
visando à elaboração de políticas públicas na Municipais do Direito
participação político-
área da adolescência e juventude, definindo a X X X X da Criança e do
cidadã dos adolescentes
representação dos mesmos, com 5% (cinco Adolescente
em cumprimento de
por cento) deste público, para participação
medidas • Conselhos Estadual e
nas instâncias de acompanhamento e de
socioeducativas Municipais da
decisão
Juventude

1.3 Garantia da escuta de 100% (cem por


SJDHDS
cento) das demandas dos adolescentes pela --- X X X
(FUNDAC)
Ouvidoria da FUNDAC

1.4 Implementação da gestão participativa


prevista no SINASE, garantindo, inclusive, SJDHDS
X X X ---
a participação dos adolescentes na (FUNDAC e SAS)
elaboração de documentos institucionais
124

Execução das Metas


Objetivos Metas Período
Responsáveis
1º. 2º. 3º. 4º.

1.5 Criação de, no mínimo, 01 (uma)


instância de representação dos • SJCDH (FUNDAC)
adolescentes/jovens por unidade, embasando- X X X X • Conselhos Estaduais
1 Implantar e
implementar ações que se em espaços já existentes, tais como e Municipais
viabilizem a conselhos, grêmios e centros acadêmicos
participação político-
cidadã dos adolescentes
em cumprimento de • SJDHDS
medidas
1.6 Formação de, no mínimo, 01 (um) grupo (FUNDAC)
socioeducativas
(continuação) de adolescentes/jovens, para atuar como
--- X X X • SESAB
Promotores da Saúde, nas unidades de
privação de liberdade • Secretarias
Municipais da Saúde

4.4 EIXO- FORTALECIMENTO DOS SISTEMAS DE JUSTIÇA E SEGURANÇA

Execução das Metas


Objetivos Metas Período
Responsáveis
1º. 2º. 3º. 4º.

1.1 Implantação de delegacias especializadas


para atendimento a adolescentes acusados de
cometer atos infracionais em todas as • SSP
--- X X X
comarcas que dispuserem de varas • SUPAT
especializadas da infância e juventude, em
articulação com o Programa Pacto pela Vida

1 Garantir atendimento 1.2 Adequação de 100% (cem por cento) das


humanizado e adequado delegacias gerais do Estado, para atendimento
às necessidades dos e custódia dos adolescentes acusados de
adolescentes e de suas cometer atos infracionais quando da falta de • SSP
famílias nas instituições --- X X ---
repartição policial especializada, assegurando • SUPAT
de segurança e justiça os direitos preconizados para este segmento
etário, atentando, ainda, para a
excepcionalidade e brevidade desta situação

1.3 Implantação de equipes técnicas • Tribunal de Justiça da


multiprofissionais em 100% (cem por cento) Bahia
X X X X
das varas e delegacias especializadas na área
da adolescência • SSP
125

Execução das Metas


Objetivos Metas Período
Responsáveis
1º. 2º. 3º. 4º.

1.4 Qualificação de, no mínimo, 80% (oitenta


por cento) dos profissionais que atuam junto
ao adolescente nas delegacias, de acordo com • SSP
as normativas do SINASE, em parceria com o --- X X X
Núcleo Estadual da Escola Nacional do • SJDHDS (FUNDAC)
SINASE da Bahia e a Academia da Polícia
Civil da Bahia (ACADEPOL)

1.5 Ampliação do quadro atual de servidores


• Tribunal de Justiça da
do Poder Judiciário, Ministério Público e
Bahia
Defensoria Pública e de Juízes, Defensores
--- X X X
Públicos e Promotores de Justiça com atuação • DPE
na área da infância e juventude, com base na
• MP
demanda existente

1.6 Implantação das varas especializadas da • Tribunal de Justiça da


infância e juventude previstas na Lei Estadual Bahia
nº. 10.845/2007 (LOJ), com criação das --- X X X
1 Garantir atendimento consequentes promotorias e defensorias • MP
humanizado e adequado públicas • DPE
às necessidades dos
adolescentes e de suas
famílias nas instituições • Tribunal de Justiça
de segurança e justiça Bahia
1.7 Implementação de medidas que visem
(continuação) coibir 100% (cem por cento) da exposição de • DPE
adolescentes, em especial quando se X X X X
• MP
encontrarem sob custódia estatal
• SSP

• SJDHDS (FUNDAC)

1.8 Implantação e implementação de Varas da


Infância e da Juventude com:

• separação das áreas de proteção, de


apuração de atos infracionais e de execução
de medidas socioeducativas;
Tribunal de Justiça da
• fixação dos números de feitos em X X X X
Bahia
tramitação, para garantir a celeridade da
prestação jurisdicional exigida;

• disponibilização de recursos materiais e


humanos, compatíveis com as atribuições de
cada vara judicial específica
126

Execução das Metas


Objetivos Metas Período
Responsáveis
1º. 2º. 3º. 4º.

1.9 Normatização e qualificação do transporte, • Casa Civil do


1 Garantir atendimento Governador do Estado
remoção e condução de adolescentes/jovens
humanizado e adequado
submetidos às medidas de internação ou de • CECA
às necessidades dos
semiliberdade, quando em deslocamento
adolescentes e de suas X X --- --- • Comissão Estadual
externo, sobretudo quando oriundos das
famílias nas instituições Intersetorial de
comarcas do interior do Estado com destino às
de segurança e justiça Implementação e
unidades socioeducativas, assegurando os
(continuação) Acompanhamento do
direitos preconizados para este público
SINASE

2.1 Implantação dos protocolos de • SSP


atendimento em 100% (cem por cento) das --- X X ---
delegacias gerais e especializadas • SGD

2.2 Fortalecimento dos serviços executados


pelo Projeto VIVER na dimensão da --- X X --- SSP
prevenção à violência sexual

2.3 Celeridade do Departamento de Polícia


Técnica para emissão dos laudos periciais,
2 Qualificar os Sistemas levando em consideração o breve
--- X X X SSP
de Justiça e Segurança encaminhamento dos adolescentes para
atendimento nas unidades de atendimento
inicial e as prescrições dos atos processuais

2.4 Fiscalização do tempo de permanência de


adolescente em 100% (cem por cento) das • MP
X X X X
delegacias/cadeias públicas durante a • DPE
tramitação e julgamento de processos

2.5 Criação de mecanismos visando efetivar a


Tribunal de Justiça da
prioridade de julgamento nos recursos X X X ---
Bahia
relativos a infância e juventude

3.1 Promoção de ações que viabilizem a


identificação civil de 100% (cem por cento) as Comissão Estadual
pessoas apresentadas nas delegacias quando Intersetorial de
da instauração do inquérito policial, bem X X X X Implementação e
como dos adolescentes encaminhados para Acompanhamento do
cumprimento de internação provisória e de SINASE
3 Articular, e fortalecer medidas socioeducativas
as Redes de Justiça e
Segurança
• SSP
3.2 Garantia da representação da SSP na
Comissão Estadual Intersetorial de • Comissão Estadual
Implementação e Acompanhamento do X X X X Intersetorial de
SINASE, conforme determina o Decreto Implementação e
Estadual nº. 14.910/2014 Acompanhamento do
SINASE
127

Execução das Metas


Objetivos Metas Período
Responsáveis
1º. 2º. 3º. 4º.

3.3 Implantação e implementação da Justiça


Restaurativa no âmbito do Sistema de • Tribunal de Justiça da
Garantia de Direitos, em 100% (cem por Bahia
--- X X X
cento) dos centros integrados de atendimento
ao adolescente acusado de cometer ato • SHDHDS (FUNDAC)
infracional

3.4 Garantia da articulação diuturna entre o


Poder Judiciário, Conselho Tutelar e
• Tribunal de Justiça do
Delegacias para adoção das medidas
Estado da Bahia
necessárias ao acolhimento institucional dos
--- X X ---
adolescentes em situação de vulnerabilidade • SSP
social, em custódia nas unidades policiais,
• Conselho Tutelar
quando não apresentarem condições de
entrega aos responsáveis

• Tribunal de Justiça da
3.5 Incremento da fiscalização do Poder
Bahia
Judiciário com relação ao cumprimento de
X X X X
100% (cem por cento) das medidas de • SJDHDS (FUNDAC)
semiliberdade e em meio aberto impostas
• CREAS
3 Articular, e fortalecer
as Redes de Justiça e
Segurança (continuação) 3.6 Atuação do Poder Judiciário e da • Tribunal de Justiça da
Defensoria Pública in loco, no Centro Bahia
Integrado de Atendimento ao Adolescente, em
X X X X • DPE
100% (cem por cento) dos finais de semana e
feriados, complementando o grupo de órgãos • SSP
em plantão nestes dias

3.7 Designação de, no mínimo, 01 (um)


Defensor Público para atuação na fase inicial
do atendimento a adolescentes acusados de X X --- --- DPE
cometer ato infracional, nos dias de trabalho
convencional (segunda a sexta-feira)

3.8 Articulação, junto a Polícia Militar para


realização de rondas nas áreas externas das • SSP
X X X X
unidades socioeducativas da FUNDAC, para • SJDHDS (FUNDAC)
atuar preventivamente e fortalecer a segurança

3.9 Elaboração de plano de segurança


institucional interno, para 100% (cem por X X --- --- SJDHDS (FUNDAC)
cento) das unidades socioeducativas
128

Execução das Metas


Objetivos Metas Período
Responsáveis
1º. 2º. 3º. 4º.

3.10 Elaboração e execução de plano de


segurança institucional externo, para 100%
X X X X SSP
(cem por cento) das unidades socioeducativas
da FUNDAC
129

5 ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO

Conforme disposto na Lei do SINASE, necessário se faz o acompanhamento e a


avaliação processual e periódica deste Plano Estadual, com vistas a equacionar o
cumprimento dos objetivos e metas delineados e garantir a qualidade da
operacionalização de suas ações.

O acompanhamento e avaliação deste Plano Estadual serão imprescindíveis para a


qualificação do trabalho socioeducativo no Estado, nos próximos dez anos (2015-
2024). Estas atividades serão desenvolvidas pela Comissão Estadual Intersetorial de
Implementação e Acompanhamento do SINASE da Bahia, que as executará
juntamente com os responsáveis pela consecução das metas estabelecidas no
documento

O acompanhamento será realizado a partir da coleta e da análise de dados


estruturados e mapeados, constantes deste documento e dos planos de ação
firmados para execução das metas, que deverá dispor, também, de indicadores de
avaliação, a serem utilizados no processo de apreciação dos resultados. Serão
observados, também, indicadores de análise da fase inicial da implantação do Plano,
bem como outros a serem estabelecidos pela Comissão Estadual Intersetorial de
Implementação e Acompanhamento do SINASE da Bahia, que tem como
competência:

[...] acompanhar e avaliar a execução do Plano Estadual de


Atendimento Socioeducativo e das ações desenvolvidas pelas
Secretarias que compõem a Comissão Intersetorial, visando a
implementação do Sistema Estadual de Atendimento
Socioeducativo. (BAHIA, 2014)

Os indicadores iniciais registrados a seguir se constituem nas balizas da fase


preliminar de implantação do Plano, que sinalizam para a necessidade de
estabelecimento das seguintes ações:
130

• Mapeamento e análise de dados complementares da evolução do atendimento


socioeducativo no Marco Situacional, com alinhamento dos objetivos, metas
qualitativas e quantitativas, responsabilidades e orçamento necessário à
estruturação do Sistema Socioeducativo;

• Planejamento e execução das atividades propostas para implantação deste


Plano;

• Revisão dos documentos basilares e norteadores dos programas de atendimento


socioeducativo, referidos nos artigos 9°, 11, 12, 15, 16, 17 da Lei N° 12.594/2012.

As avaliações serão aferidas a partir de indicadores semestrais e bianuais,


qualitativos e quantitativos, capazes de identificar possíveis entraves à implantação
das ações e diagnosticar a eficiência e o impacto da prática estabelecida,
objetivando promover ajustes necessários a efetividade e êxito da proposta,
inclusive com encaminhamento de recomendações aos gestores e operadores dos
Sistemas. Deverão focar tanto a gestão das atividades inerentes ao Sistema
Socioeducativo quanto as ações preventivas, de responsabilidade das demais áreas
governamentais, envolvidas com esta problemática.

Vale salientar que a Portaria n°. 266/2014, exarada pela FUNDAC, instituiu o Núcleo
Estadual da Escola Nacional do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
no Estado da Bahia, “com a finalidade de promover e garantir de forma colegiada,
articulada, integrada e continuada o planejamento, execução, monitoramento e
avaliação dos processos formativos” (BAHIA, 2014).

Importante registrar que o monitoramento das ações a serem executadas será


contínuo e, ao final de cada período, será efetuada avaliação mais aprofundada,
objetivando avaliar e corrigir possíveis equívocos da prática.
131

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em consideração que as metas planejadas para este Plano são para
execução em períodos de curto, médio e longos prazos, é importante observar que
as instâncias do Sistema de Garantia de Direitos, através dos instrumentos legais,
devam garantir que estas metas sejam efetivadas de acordo com o cronograma
proposto.

Nesse sentido, é importante destacar que um dos maiores desafios para a execução
deste Plano, bem como para os demais planos setoriais voltados ao atendimento
socioeducativo, é o monitoramento e avaliação pelos órgãos competentes,
representados pelo CECA e pela Comissão Estadual Intersetorial de Implementação
e Acompanhamento do SINASE da Bahia, que têm como um dos seus objetivos a
manutenção de permanente articulação interinstitucional das políticas setoriais.

Importante ressaltar que a intersetorialidade é um eixo estruturante da organização


dos serviços públicos e possibilita processos decisórios organizados e coletivos, que
culminam em ações capazes de impactar positivamente as políticas
socioeducativas.

A efetiva regionalização do atendimento socioeducativo, através da construção de


unidades de privação e restrição de liberdade, em articulação com ações
producentes de atendimento inicial nos NAIs e da política de egressos, nos polos de
Irecê, Juazeiro, Vitória da Conquista, Barreiras, Itabuna e Teixeira de Freitas; a
implementação dos serviços existentes nas cidades de Salvador, Feira de Santana e
Camaçari; e a priorização da aplicação de medidas socioeducativas em meio aberto,
são ações que, se efetivadas, produzirão efeitos extremamente benéficos ao
sistema socioeducativo.

No caso do meio aberto, destaca-se a necessidade de implantação dos CREAS em


maior número de municípios; a estruturação, manutenção e fortalecimento da rede
de serviços sociais existentes; a permanente qualificação dos profissionais
132

envolvidos nesta prática; e o fortalecimento das parcerias com as equipes do


atendimento em meio fechado e semiliberdade.

Em se tratando da qualificação do atendimento socioeducativo, faz-se necessário a


estruturação e implementação de Escola Estadual de Socioeducação, objetivando
assegurar a formação dos profissionais internos e externos ao sistema
socioeducativo, conforme diretrizes definidas pelo CONANDA, pelo Conselho
Nacional da Escola Nacional de Socioeducação e pelo Núcleo Estadual da Escola
Nacional do SINASE no Estado da Bahia.

Além das formações inicial e continuada de todos que atuam diretamente no


atendimento socioeducativo e dos parceiros de setores estratégicos, cabe,
atualmente ao Núcleo Estadual da Escola Nacional do SINASE da Bahia e
posteriormente à Escola Estadual de Socioeducação, a articulação para a
implantação de cursos voltados à capacitação de profissionais com conhecimentos
específicos em socioeducação, a exemplo de cursos tecnológicos, de graduação e
especialização em parceria com universidades públicas.

O presente Plano aponta os caminhos a seguir para o desenvolvimento e


sustentabilidade do atendimento socioeducativo na Bahia, qualificando e
ressignificando os programas de atendimento e contribuindo na transformação da
vida dos adolescentes que adentram no sistema socioeducativo.
133

7 REFERÊNCIAS

BAHIA. Decreto n°. 14.910, de 08 de janeiro de 2014. Institui, no âmbito do Poder


Executivo, a Comissão Estadual Intersetorial de Implementação e Acompanhamento
do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Diário Oficial do
Estado da Bahia, 09 jan. 2014.

BAHIA. Portaria nº. 266, de 11 de julho de 2014. Institui, no âmbito do Estado da


Bahia, o Núcleo Estadual da Escola Nacional do Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo – SINASE. Diário Oficial do Estado da Bahia, 10 jul. 2014.

BAHIA. Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza. Proposta


Pedagógica da Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da Bahia –
FUNDAC. Salvador, 2011. Disponível em: <http://www.fundac.ba.gov.br/wp-
content/uploads/2015/01/PROPOSTA-PEDAG%C3%93GICA-FUNDAC-BAHIA.pdf>.
Acesso em: 17 ago. 2015.

BAHIA. Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza. Plano Estadual


de Atendimento Socioeducativo – 2011/2015. Salvador, 2011.

BAHIA. Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza.”U Uma Escola


na Vida”. Proposta de Escolarização para Adolescentes em Internação Provisória na
Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da Bahia – FUNDAC. Salvador,
2011.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação, Câmara de


Educação Básica. Resolução 07, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Brasília, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação


Básica. Brasília, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.082, de 23 de maio de 2014. Redefine as


diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em
Conflito com a Lei, em Regime de Internação e Internação Provisória (PNAISARI),
incluindo-se o cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto e fechado; e
estabelece novos critérios e fluxos para adesão e operacionalização da atenção
integral à saúde de adolescentes em situação de privação de liberdade, em
unidades de internação, de internação provisória e de semiliberdade. Brasília, 2014.
134

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.083, de 23 de maio de 2014. Institui o


incentivo financeiro de custeio para o ente federativo responsável pela gestão das
ações de atenção integral à saúde dos adolescentes em situação de privação de
liberdade, de que trata o art. 24 e parágrafo único da Portaria nº 1.082/GM/MS, de
23 de maio de 2014. Brasília, 2014.

______. Portaria n. 1.271, de 06 de junho de 2014. Define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos
serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do
anexo, e dá outras providências. Brasília, 2014.

______. Portaria n. 1.498, de 19 de julho de 2013. Redefine o Calendário Nacional


de Vacinação, o Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas e as
Campanhas Nacionais de Vacinação, no âmbito do Programa Nacional de
Imunizações (PNI), em todo o território nacional. Brasília, 2013.

______. Portaria n. 1.555, de 30 de julho de 2013. Dispõe sobre as normas de


financiamento e de execução do Componente Básico da Assistência Farmacêutica
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, 2013.

______. Portaria n. 1.968, de 25 de outubro de 2001. Dispõe sobre a notificação, às


autoridades competentes, de casos de suspeita ou de confirmação de maus-tratos
contra crianças e adolescentes atendidos nas entidades do Sistema Único de
Saúde. Brasília, 2001.

______. Portaria n. 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção


Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS). Brasília, 2011.

______. Portaria n. 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a


organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS). Brasília, 2010.

______. Portaria n. 737, de 16 de maio de 2001. Aprova a Política Nacional de


Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Brasília, 2001.

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Rede Nacional de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde e a implantação e
implementação de Núcleos de Prevenção à Violência em Estados e Municípios.
Brasília, 2004.
135

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Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes nacionais para a atenção integral à
saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde.
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Nacional de Atendimento Socioeducativo e dá outras providências. Brasília: Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, 2006.

______. Resolução 130, de 15 de julho de 2005. Aprova a Norma Operacional


Básica da Assistência Social – NOB SUAS. Brasília: Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, 2005.

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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Portaria n. 222,


de 30 de junho de 2008. Dispõe sobre o co-financiamento federal do piso fixo de
média complexidade para a implantação de Centro de Referência Especializado de
Assistência Social - CREAS e implementação do Serviço de Proteção Social aos
Adolescentes em Cumprimento de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto no
âmbito da Proteção Social Especial do Sistema Único de Assistência Social - SUAS,
com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social. Brasília, 2008.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria


Nacional de Assistência Social. Orientações Técnicas: Centro de Referência
Especializado de Assistência Social - CREAS. Brasília, 2011.
136

BRASIL. Lei n. 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Institui o Sistema Nacional de


Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a execução das medidas
socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as
Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de
novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro
de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de
janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Diário Oficial [da] República Federativa
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de Direitos Humanos - PNDH-3 e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial [da]
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______. Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei n. 8.080, de


19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de
Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação
interfederativa, e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, 2011.

______. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e


do Adolescente e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, 1990.

______. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a


promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial [da]
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137

______. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da


comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS} e sobre as transferências
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139

ANEXO A – Resolução nº. 03, de 12 de junho de 2015, do CECA, que dispõe sobre
a Comissão responsável pela coordenação do processo de elaboração deste Plano
Estadual de Atendimento Socioeducativo da Bahia
140

ANEXO B – Ata da 196ª. Reunião Ordinária do CECA, onde foi aprovado este Plano
Estadual de Atendimento Socioeducativo
141
142
143
144
145
146

ANEXO C – Relatório das “Conferências Livres: O que desejam os (as) jovens do


atendimento socioeducativo de Salvador”, realizadas pela FUNDAC com internos
das unidades de privação de liberdade e com egressos do município de Salvador

CONFERÊNCIAS LIVRES:

O Que Desejam os (as) Jovens


do Atendimento
Socioeducativo de Salvador
147

CONFERÊNCIAS LIVRES:

O Que Desejam os (as) Jovens


do Atendimento
Socioeducativo de Salvador

RELATÓRIO apresentado ao Conselho


Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente de Salvador – CMDCA, como
resultado das Conferências Livres nas
Unidades de Atendimento Socioeducativo de
Internação e Egresso do Município de
Salvador.
148

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO 04

2 INTRODUÇÃO 05

3 METODOLOGIA 07

4 DESENVOLVIMENTO 11

4.1 DIAGNÓSTICO 11

4.2 AÇÕES TRANSFORMADORAS 15

5 AVALIAÇÃO 21

6 CONSIDERAÇÕES 22
149

1. APRESENTAÇÃO

O presente Relatório tem como objetivo apresentar como foram desenvolvidas as


Conferências Livres nas Unidades de Atendimento Socioeducativo da Fundação da Criança e do
Adolescente- FUNDAC, com processo iniciado em 23 de outubro de 2014 e finalizado em 09 de abril
de 2015, segundo orientação recebida do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente – CMDCA, através do Seminário Política e Plano Decenal dos Direitos Humanos de
Crianças e Adolescentes - Etapa Preparatória da IX Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente de Salvador, realizado na Faculdade 2 de Julho em 26 de agosto de 2014.

As discussões foram iniciadas envolvendo reuniões, debates e encontros com adolescentes


em cumprimento de medida socioeducativa de internação e egressos de Salvador, com a
colaboração de profissionais das Comunidades de Atendimento Socioeducativo – CASEs e da
Coordenação de Apoio à Família e ao Egresso - CAFE, sob a coordenação da Gerência de
Atendimento Socioeducativo – GERSE/FUNDAC. Estiveram envolvidos adolescentes, familiares*,
educadores de medida, socioeducadores, professores, (profissionais das escolas) e técnicos de
referência, das Unidades de internação e pós-medida, a saber: CASE CIA em Simões Filho; CASE
Salvador e CASE Feminina em Tancredo Neves; e CAFE Salvador em Brotas.
150

2. INTRODUÇÃO

A Fundação da Criança e do Adolescente – FUNDAC, vinculada à Secretaria de Justiça,


Direitos Humanos e Desenvolvimento Social – SJDHDS, é a instituição responsável pela execução de
Medida Socioeducativa de internação e semiliberdade em Salvador e no Estado da Bahia, cuja missão
é “promover a responsabilização e contribuir para a emancipação cidadã de adolescentes aos quais
se atribui a autoria de ato infracional no estado da Bahia, atuando na garantia dos direitos humanos
destes indivíduos” (Fundac, 2011).

Nesse sentido, a FUNDAC fomenta o atendimento para adolescentes em conflito com a lei a
partir do Pronto Atendimento (PA), realizando o atendimento inicial como membro partícipe do
Centro Integrado de Atendimento; durante todo o período de cumprimento de medida
socioeducativa, através das Comunidades de Atendimento Socioeducativo – CASEs e Unidades de
Semiliberdade, localizadas na capital e demais municípios do Estado; até o pós medida, caso haja
demandas específicas, quando promove o acompanhamento de egressos e seus familiares através da
Coordenação de Apoio à Família e ao Egresso - CAFE.

UNIDADES DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

(INTERNAÇÃO PROVISÓRIA E MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO)

QUANTITA % DE % DE
CAPACIDA
CAPACIDADE QUANTITATIVO TIVO OCUPAÇÃ SUPERL
UNIDADE TIPO DE MEDIDA DE REAL
REAL ATUAL ATUAL O OTAÇÃ
TOTAL
TOTAL O

IP MASCULINO 45 87
CASE SSA
125 297 238% 138%
MASCULINO
MSEI MASCULINO 80 210

IP FEMININA 10 03
CASE SSA FEMININA 35 17 49% -51%
MSEI FEMININA 25 14

IP MASCULINO 00 00
CASE CIA 90 97 108% 8%
MSEI MASCULINO 90 97

IP MASCULINO 37 31
CASE ZILDA ARNS 90 94 104% 4%
MSEI MASCULINO 53 63
151

IP MASCULINO 40 11

CASE JUIZ MELO MSEI MASCULINO 40 35


80 46 58% -42%
MATOS
CUSTÓDIA 09 05
TEMPORÁRIA (PA)*

IP MASCULINO** 18 00
CASE IRMÃ DULCE 72 12 17% -83%
MSEI MASCULINO 54 12

T O T A L 492 563

Atualmente o atendimento socioeducativo de internação provisória, internação e semiliberdade está


distribuído nas respectivas unidades:
FONTE:CENTRAL DE VAGAS E REGULAÇÃO. Em 30/12/2014

UNIDADES DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE SEMILIBERDADE

CAPACIDAD QUANTITAT % DE % DE
CAPACIDADE QUANTITATIVO OCUPA
UNIDADE TIPO DE MEDIDA E REAL IVO ATUAL SUPERL
REAL ATUAL ÇÃO
TOTAL TOTAL OTAÇÃO

CASE BROTAS
SEMILIBERDADE
20 14
(1ª MEDIDA)
(SALVADOR)

COLIBRI SEMILIBERDADE
20 19
(FEIRA DE (1ª MED. E
SANTANA) PROGRESSÃO)

NAVARANDA SEMILIBERDADE
20 10
(VITÓRIA DA (1ª MED. E
CONQUISTA) PROGRESSÃO)

SEMILIBERDADE
120 58 48% -52%
GEY ESPINHEIRA
20 06
(JUAZEIRO) (1ª MED. E
PROGRESSÃO)

SEMILIBERDADE
ESTAÇÃO VIDA I
20 03
(1ª MED. E
(PORTO SEGURO)
PROGRESSÃO)

ESTAÇÃO VIDA II SEMILIBERDADE


20 06
(TEIXEIRA DE (1ª MED. E
FREITAS) PROGRESSÃO)

T O T A L 120 58

FONTE:CENTRAL DE VAGAS E REGULAÇÃO. Em 30/12/2014


152

Apesar dos avanços em relação às políticas setoriais de garantia de direitos humanos, nas
últimas décadas, persistem sérias e recorrentes violações no que se refere às políticas de
atendimento socioeducativo. Superar a negação dos direitos ao segmento adolescente juvenil é
atribuição dos Estados e Municípios brasileiros.

A realidade brasileira é marcada pela desigualdade social. Os reflexos desta disparidade


recaem sobre os menos favorecidos economicamente, que em sua maioria estão expostos a
situações de pobreza, fome, exclusão, marginalidade e violência. Nesse contexto inserem-se
adolescentes e jovens a quem o Sistema de Garantia de Direitos não alcançou. Houve falha na
assistência social- SUAS, falha na Saúde- SUS, falha na Educação vigorando, ao invés da ação
preventiva, ações punitivas marcando-os como grupo de autores de atos infracionais. Mas, além de
fazerem parte deste grupo discriminado de “infratores”, ainda são parte de um grupo social com
direito a direitos e direito a Voz:

“A sociedade civil é importante para criar leis e ninguém melhor do que nós adolescentes

onde estamos privados de liberdade para tentar criar leis com intuito de garantir

melhor os nossos direitos e melhorar a nossa vida lá fora ou aqui dentro”

(Adolescente S6 da CASE Salvador/FUNDAC)

Dessa forma, as propostas apresentadas pela FUNDAC neste documento visam a articulação
de ações com a Rede do Sistema de Garantia de Direitos, especialmente à luz do princípio norteador
da incompletude institucional, que visa à utilização do máximo possível de serviços na comunidade,
através do acesso a políticas e serviços públicos que venham minimizar os danos oriundos da
histórica desigualdade social que atinge essa população. Desta maneira, articular essas Redes
Parceiras Externas é de extrema importância para conhecer o contexto sociocultural e econômico
que o adolescente está inserido, garantir direitos, além de potencializar o acompanhamento do
adolescente e de sua família durante a medida e principalmente no pós-medida.
153

3. METODOLOGIA

As Conferências Livres nas Unidades Finalísticas da FUNDAC aconteceram de maneira


colaborativa contando com a participação dos Adolescentes, Educadores de Medida,
Socioeducadores, Técnicos e Professores. Para iniciar as atividades, foi realizada uma reunião de
apresentação da metodologia base, que contou com a presença de todas as Unidades de Internação:
Salvador, Feira de Santana e Camaçari, além do Egresso Salvador. Vale ressaltar, que tal metodologia
serve como uma orientação, tendo os colaboradores total autonomia para contextualizá-la de acordo
com as necessidades encontradas em cada Unidade.

Metodologia Base

1ª ETAPA  Dialogando sobre o meu contexto

Discussão na escola e nos alojamentos sobre a Sociedade Atual (Educação, Saúde, Assistência Social,
Trabalho, Cultura, Segurança, Justiça) em diálogo com:

• Constituição Federal
• Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
• Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE
• Regimento Interno da FUNDAC
Responsáveis: Adolescentes, Educadores de Medida, Socioeducadores, Pedagogos, Professores e
Técnicos.

Metodologia: Rodas de Conversa

2ª ETAPA: Construindo Propostas de Mudanças

Atividades que construirão materiais sobre:

 Como está a sociedade de hoje? Diagnóstico


Educação, Saúde, Segurança, Assistência Social, Trabalho, Cultura

 Como é a sociedade que desejamos?


 O que é preciso para transformar essa sociedade?
Propostas: Ações, Responsáveis, Temporalidade, Prioridade
154

Responsáveis: Adolescentes, Educadores de Medida, Socioeducadores, Pedagogos, Professores e


Técnicos.

Metodologia: Dinâmica, Atividades Lúdicas

3ª ETAPA: Sistematizando a Conferência Livre

Elaboração de um produto escrito com a compilação de todas as propostas da Unidade:

1. Apresentação: Mobilização da Atividade na Unidade, Quantitativo de participantes


(adolescentes e adultos), Metodologia, Espaços e Materiais utilizados.
2. Diagnóstico: Sociedade Atual (Instrumento 1)
3. Utopia: Sociedade que desejamos (Instrumento 1)
4. Propostas: Ações que possibilitem alcançar o desejado (Instrumento 2)
5. Temas mais discutidos, contextualização, por que esses temas foram tão discutidos?
6. Avaliação: Reflexão sobre o processo
7. Anexos: Fotos, textos produzidos, desenhos...
Responsáveis: Adolescentes, Educadores de Medida, Socioeducadores, Pedagogos, Professores e
Técnicos.

Metodologia: Relatório Escrito

MATERIAL DE SUPORTE

Instrumento 1 (Itens 2 e 3):

DIAGNÓSTICO/UTOPIA

COMO ESTAMOS? O QUE DESEJAMOS?

Educação

Saúde

Assistência Social

Cultura

Trabalho

Justiça

Segurança
155

Instrumento 2 (Item 4):

AÇÕES TRANSFORMADORAS

EIXO 1: PROMOÇÃO DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Criação, Ampliação e Integração das políticas sociais básicas e a intersetorialidade de ações


(Educação, Saúde, Segurança, Assistência Social, Cultura)

AÇÕES RESPONSÁVEIS TEMPORALIDADE PRIORIDADE

EIXO 2: PROTEÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS

Criação, Ampliação, Articulação e Integração das políticas sociais de atendimento à violação dos
direitos fundamentais de crianças; Ampliação e fortalecimento das instâncias de defesa dos direitos
da criança e do adolescente e do sistema de justiça;

AÇÕES RESPONSÁVEIS TEMPORALIDADE PRIORIDADE

EIXO 3: PARTICIPAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Inserir os adolescentes nos espaços democráticos e processos de tomada de decisão e da gestão,


contemplando diversidade, tais como: comunidades indígenas, do campo, meninos e meninas em
situação de rua e demais grupos culturais, étnicos, religiosos, sociais e de gênero.

AÇÕES RESPONSÁVEIS TEMPORALIDADE PRIORIDADE

EIXO 4: CONTROLE SOCIAL DA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS

Garantir o fortalecimento da rede de proteção, defesa e garantia dos direitos da criança e do


adolescente

AÇÕES RESPONSÁVEIS TEMPORALIDADE PRIORIDADE

EIXO 5: GESTÃO DA POLÍTICA

Garantir a elaboração e implementação da política e do Plano Decenal de Direitos Humanos de


Crianças e Adolescentes nos âmbitos Federal, Estadual, do Distrito Federal e Municipal,
contemplando:
• a gestão integrada, participativa e descentralizada;
• a efetivação do princípio da prioridade absoluta no ciclo orçamentário das três esferas de governo
156

CRONOGRAMA

Atividades OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

Datas 23 27 a 31 3a7 10 a 14 17 a 21 24 a 28 1 a 5 08 10

Encontro GERSE / Unidades F

Roda de Conversa: Conceitos E

Roda de Conversa I:Sociedade Atual R

Roda de Conversa II: Sociedade do Futuro I

Roda de Conversa III: Ações de Transição A

Sistematização e Encaminhamento p/Gerse D

Sistematização /Gerse O

Encaminhamento p/ CMDCA

Esse cronograma foi acordado na primeira reunião com a presença das Unidades, porém
devido às dificuldades no que diz respeito à rotina da Unidade alguns ajustes foram feitos em
algumas Unidades. Com relação ao Instrumento 2, somente as ações por área e a prioridade foram
feitas, não sendo possível um aprofundamento sobre a governabilidade das ações e a temporalidade,
itens que compõe o Plano Decenal. Sobre a separação nos cinco Eixos determinados pelo CONANDA,
a sistematização ficou a cargo da GERSE.

Como ressaltado anteriormente, as Unidades tinham autonomia para modificar ou criar


atividade que tivessem como objetivo a discussão e reflexão sobre a realidade vivenciada pelos
adolescentes dentro e fora da FUNDAC e a elaboração de propostas para melhorar situações de
desigualdades e violação de direitos, assim como fortalecer ações existentes que potencialize o SGD.
Na CASE SSA foram aproveitadas as informações da atividade desenvolvida em setembro na sobre
eleições, na qual foram discutidos os três poderes: Legislativos, Executivo e Judiciário e a participação
da sociedade civil na construção de propostas de melhoria da sociedade. Os adolescentes
exercitaram ocupar o lugar de um político, organizando propostas como candidatos a presidência.
Tais propostas foram retomadas na atividade feita para a Conferência.

Nas atividades nosso quantitativo foi de:


157

 CASE SSA: 144 adolescentes e 70 colaboradores.


 CASE Feminina: 11 adolescentes e 7 colaboradores.
 CASE CIA: 68 adolescentes e 25 colaboradores.
 CASE Irmã Dulce: 14 adolescentes e 12 colaboradores
 CASE Melo Matos: 32 adolescentes e 27 colaboradores

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 DIAGNÓSTICO

Levando em consideração o que foi exposto pelos adolescentes nas Unidades Finalísticas da
FUNDAC, durante o processo de realização das Conferências Livres, seguem os pontos resultantes da
reflexão sobre a sociedade atual subdivido por área:

EDUCAÇÃO

“Em minha opinião a Educação e estudo é fundamental na vida de qualquer


pessoa, principalmente quando se trata de Medida Socioeducativa.

É aí que a escola tem que funcionar mais”.

(adolescentes S7)

• Falta de investimento na educação (infraestrutura precária, falta de material didático e


equipamentos, tecnologia e computadores);
• Falta de bibliotecas e investimento em acervo no que diz respeito à diversidade
contextualizado com a adolescência e juventude, tanto nas escolas quanto nas Unidades de
Internação, dificultando a ampliação do aprendizado para a vida por meio da leitura;
• Escolas com didáticas ultrapassadas de ensino e conteúdos desatualizados sem diálogo com a
realidade;
• Ausência de material didático básico (livros, cadernos, canetas, lápis etc.) e tecnológico
(computadores, retroprojetores, TV’s, DVD’s)
• Poucas escolas públicas de qualidade. Aquelas que apresentam melhores indicadores de
ensino são disputadas por fila de madrugada;
• Violência nas escolas (presença de crime organizado);
• Não cumprimento da carga horária curricular nas unidades de internação;
• Os professores são cordiais;
158

• Falta professores por disciplinas;


• Muitas greves;
• Falta de Formação continuada para professores;
• Baixa remuneração de professores;
• Falta de articulação entre as prefeituras e Estado com as escolas, fazendo com que os jovens
desconheçam cursos e programas, aos quais tiveram acessos após cumprimento de uma
medida socioeducativa;

SAÚDE

“Por que existe qualidade na saúde particular?

O cidadã (sociedade) só pode ter direito a saúde se tiver um capital?

Isto é uma vergonha para o país!”

(adolescentes S5)

• Atendimento desumano e demorado;


• Burocracias no atendimento SUS;
• Demora na marcação de consulta e exames;
• Falta de medicamentos em farmácias públicas;
• Falta de Médicos nas Unidades de Internação;
• Hospitais superlotados e em condições precárias e insalubres;
• Falta de medidas preventivas no controle de doenças - Alto índice de pessoas infectadas com
HIV e Chikungunya;
• Falta de qualificação profissional e dificuldade de atendimento com especialistas como
oftalmologista, ginecologista e urologista;
• Desnutrição - muitos adolescentes antes da sua entrada na Unidade ainda convivem com a
realidade social da fome;
• Falta de água dificultando o atendimento odontológico;
• Dificuldade de atendimento externo de saúde;
• Corrupção nas filas de espera da saúde (leitos, internações, procedimentos cirúrgicos,
transplantes, etc.).

ASSISTÊNCIA SOCIAL
159

“O governo deveria ajudar as famílias carentes, só o bolsa família não ajuda,


deveria ter um programa que ajudasse de uma forma

que não fosse com uma cesta básica”

(adolescentes IP1)

• O/a profissional atende bem e respeita a família e o adolescente;


• Nunca ouviu falar sobre o assunto (CRAS e CREAS) - Em algumas comunidades desconhece-se
o funcionamento de órgãos de assistência social, apenas se ouve falar;
• Falta número de profissionais adequados e capacitados para atender a grande demanda da
população;
• Os programas sociais do governo não beneficiam a todos;
• Os CRAS atendem número excedente de bairros com dificuldades financeiras para manter os
profissionais e os serviços, não dando assistência necessária e adequada a toda comunidade;
• Visita familiar a cada três meses ou mais por intermédio das Unidades, gerando um período
longo de distanciamento das famílias; Falta de parceria com as Prefeituras para a viabilização
destes traslados.
• Os recursos públicos não atendem a todos que deveriam realmente atender;
• Privilégios para atendimento em equipamentos da assistencial social, CRAS e CREAS;
• Morosidade no atendimento de Assistência no Brasil;
• Continuidade do acompanhamento da Assistência Social após o cumprimento da Medida
Socioeducativa.

CULTURA

“O ECA diz que eu tenho que ter cultura e lazer.

Queria uma vez no mês saída para um clube e o cinema,

eu nunca fui no cinema não sei nem como é. É bom distrair a mente.
(adolescentes S6)

• Os adolescentes não fizeram referências a experiências culturais externas, evidenciando


carências “culturais”;
• Participação de jovens apenas em festas populares, devido a dificuldades financeiras;
160

• Na Comunidade de atendimento socioeducativo o acesso à cultura é precário. Falta


oportunidades de acesso a clubes, cinemas, teatros, museus, praias e quando ocorre poucos
adolescentes são contemplados descumprindo o direito de acesso à Cultura que preconiza o
ECA;
• Falta diversificação esportiva nas Unidades, como vôlei, natação, boxe, capoeira;
• Descaso com a cultura popular.

TRABALHO

“Como a falta de emprego no Brasil é grande, muitos brasileiros vivem


trabalhando avulso em ônibus, em praias e ruas do país.

Em minha opinião as pessoas que vivem desta maneira o governo deveria


oferecer cursos para adaptação no mercado de trabalho “

(adolescentes IP1)

• Alto índice de desemprego na sociedade;


• Dificuldades de inserção de pais e mães nos postos de trabalho por falta de escolaridade e
oportunidades de qualificações;
• Trabalhadores avulsos sem reconhecimento e crianças trabalhando de forma irregular (nos
ônibus, ruas e praias);
• Falta de oportunidades para o primeiro emprego dos jovens;
• Faltam cursos profissionalizantes para os jovens (12 a 17 anos);
• Os cursos profissionalizantes do PRONATEC nos dão uma visão de futuro, os cursos
contribuem de forma positiva na inserção no mundo de trabalho;
• Cursos (PRONATEC) não são remunerados;
• Falta de vagas de trabalho para quem tem baixa escolaridade.
• Falta de continuidade do PRONATEC após a liberação
• Dificuldade de inserção do adolescente/jovem nos postos de trabalhos pós medida;
• Necessidade de ampliação de parcerias externas para cursos profissionalizantes;
161

JUSTIÇA

“A justiça tá muito lenta com nossos processos”

(adolescentes S7)

• Demora na avaliação dos relatórios e nas respostas dos processos dos adolescentes em
privação de liberdade;
• Não cumprimento dos prazos de internação provisória dos educandos das CASES;
• Desconhecimento do ECA por profissionais da justiça, inclusive juízes dos interiores;
• Falta de juízes no interior do Estado voltados para o atendimento da criança e do
adolescente;
• Aplicação da Internação como primeira medida, sem avaliação do ato infracional e de outras
medidas socioeducativas;
• Justiça punitiva para pobres e negros;
• Impunidade para punir classe média e alta;
• Insuficiência de atendimento jurídico nas unidades para os adolescentes (Defensor Público);
• Ausência do Juiz nas unidades para diálogo com os (as) adolescentes;
• Juízes com experiência anterior em Vara Criminal, que muitas vezes não consideram o
desenvolvimento do adolescente na medida socioeducativa, condicionando o tempo da
medida ao ato infracional.

SEGURANÇA

“O que vemos aqui é tudo errado. Aqui temos que dividir o espaço

com todos os crimes. Como fica o cumprimento desta lei?”

(adolescentes IP2).

• Superlotação nas Comunidades de Atendimento Socioeducativo;


• Inocentes mortos injustamente na sociedade;
• Brutalidade na abordagem policial;
• Discriminação generalizada e opressão da minoria;
• Casos de Abuso de Poder/Violência/Impunidade;
• Ambiente insalubre/desumano nas DAI’s e Delegacias Comuns.
162

4.2 AÇÕES TRANSFORMADORAS

A partir da reflexão sobre a realidade dos adolescentes tanto dentro da FUNDAC como
também em seus locais de moradia, foram estruturadas ações descritas a seguir. Para organização de
tais propostas foi seguida a orientação do CONANDA, sendo estas separadas por Eixos. Ressalta-se
que os adolescentes definem como prioritárias as ações referentes à Educação, Trabalho e Saúde.

PROPOSTAS COMPILADAS DAS UNIDADES FINALÍSTICAS DA FUNDAC


(CASE SSA, CASE FEMININA, CASE CIA e Egresso SSA)

AÇÕES TRANSFORMADORAS

EIXO 1: PROMOÇÃO DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Criação, Ampliação e Integração das políticas sociais básicas e a intersetorialidade de ações (Educação,
Saúde, Segurança, Assistência Social, Cultura)

Educação

Criar ou ampliar bibliotecas e/ou acervos contextualizando às necessidades dos adolescentes quanto à
diversidade de temas, nas escolas e nas Unidade Socioeducativas;

Fortalecer a Rede de Educação e FUNDAC a fim de garantir informações e inserção nos cursos
profissionalizantes durante e após o cumprimento de Medida Socioeducativa;

Ampliar as modalidades de esportes na Unidade Socioeducativa: natação, capoeira, karatê, basquete,


vôlei, dança, boxe etc.;

Ampliar a quantidade de escolas nos bairros para atender as demandas das comunidades urbanas e
rurais;

Ampliar as Escolas em tempo integral com melhor estrutura física, alimentar, transporte, materiais
didáticos, equipamentos tecnológicos e acessibilidade para deficientes;

Melhorar a qualidade de ensino no que tange à metodologia utilizada pelos professores, nas Escolas
Municipais e Estaduais;

Capacitar de forma continuada os professores e melhorar sua remuneração;

Promover espaços de educação para a cidadania abordando temas transversais como: Ética, Filosofia,
Política, Direitos Humanos, Diversidade, Meio Ambiente;

Contratar professores correspondentes às disciplinas que compõe o currículo determinado na LDB,


evitando a falta de profissionais e/ou o acúmulo de disciplinas que não são de sua competência;
163

Aprovar a Lei que garante a contratação de Assistente Social e Psicólogo na equipe mínima das Escolas;

Efetivar o princípio do trabalho conforme preconiza a LDB (fortalecimento das relações entre Educação
Formal e dos postos de trabalho);

Inserir Educação Profissional nas Escolas em tempo integral;

Ampliar o orçamento público da Pasta da Educação, garantindo maiores investimentos na Educação


Infantil e Básica;

Promover informação sobre as Medidas Socioeducativas para a sociedade com o intuito de minimizar
preconceitos e discriminações (Escola do SINASE FUNDAC);

Ampliar o prazo de validade do ENEM para ingresso em faculdade/universidades dos egressos do sistema
socioeducativo, garantindo o acesso às instituições de ensino superior após o cumprimento da medida
socioeducativa.

Trabalho

Fortalecer as parcerias com PRONATEC e Sistema S (SENAI, SENAC e SESC);

Promover a adequação dos Cursos Profissionalizantes conforme a LDB, no que diz respeito a educação
integral, ampliando a formação para além do fazer profissional;

Ampliar a oferta de Educação Profissional em áreas que possuem mais postos de trabalho, para o público
de entre 14 e 17 anos e investir na qualificação de seus profissionais;

Ampliar o Programa Jovem Aprendiz nas Unidades;

Criar programas de parcerias com empresas e faculdades para inserção profissional (observação, estágio
e trabalho) dos adolescentes da FUNDAC;

Promover parcerias para a realização de Orientação vocacional;

Estruturar políticas de reconhecimento de trabalhadores "informais" (vendedores em ônibus, ruas,


praias, praças entre outros);

Garantir vagas para a inserção dos adolescentes no primeiro emprego;

Implantar um centro de treinamento com equipamentos tecnológicos nas unidades socioeducativas;

Ampliação de postos de trabalho para adolescentes e seus familiares;

Cultura

Ampliar ações culturais visibilizando as habilidades artísticas dos educandos da FUNDAC, em parcerias
com instituições públicas e privadas;

Proporcionar saídas para lazer (clube, cinemas, teatros, museus e praias), que contemple maior número
de adolescentes das Unidades;
164

Ampliar as atividades de lazer na Unidade, investindo em sala de vídeo, teatro, sala de jogos;

Criar um política cultural, tendo como referência a Tarifa Social (aplicada pelas companhia de Energia e
Água), cujo valor do ingresso seja proporcional ao seu poder aquisitivo, valorizando e incentivando o
acesso à Cultura;

Ampliar e fortalecer as bibliotecas públicas diversificando seu acervo voltado para as demandas dos
adolescentes;

Fomentar parcerias e o desenvolvimento de projetos, oficinas e atividades culturais nas Unidades


Socioeducativa;

Ampliar o acesso gratuito de crianças e adolescentes em ambientes culturais (circos, teatros, cinemas,
museus e parques);

Fomentar a produção e difusão da cultura popular;

Descentralizar as Programações Culturais potencializando às ações nos bairros que não possuem
equipamentos ou programações culturais freqüentes;

Saúde

Promover ações preventivas nas áreas de saúde bucal, higiene pessoal, nutrição e de doenças infecto
contagiosas e DST´s;

Maior acesso aos serviços médicos hospitalares e pronto atendimento;

Garantir a disponibilização gratuita de medicamentos de uso contínuo;

Ampliar, qualificar e humanizar o atendimento do SUS;

Ampliar, melhorar, equipar (aparelhos e instrumentais) e manter todas as instâncias de Atendimento de


Saúde;

Ampliar as vagas e os acessos às marcações de consultas e exames para atender as demandas da


população;

Contratar mais profissionais especialistas em psiquiatria, urologia, ginecologia, e oftalmologia entre


outras;

Garantir o cumprimento da carga horária de contratação por parte dos médicos;

Assistência Social

Disponibilizar passagens rodoviárias para as famílias do interior por um período máximo de um mês com
ajuda da Unidade ou da prefeitura de cada cidade;

Investir na ampliação e manutenção da estrutura e profissionais dos CRAS E CREAS;

Divulgar os CRAS E CREAS para os adolescentes e familiares, objetivando o fortalecimento da rede


165

socioassistencial para os mesmos;

Aprimorar o acompanhamento de egressos (aumentar a divulgação dos serviços disponibilizados através


da CAFE);

Identificar postos de trabalho e realizar os devidos encaminhamentos, a fim de possibilitar maiores


oportunidade aos egressos;

Justiça

Cumprir o tempo de internação provisória – 45 dias;

Utilizar medidas socioeducativas como PSC, Semi Liberdade, L.A, precedendo a internação como prevê o
ECA;

Otimizar as avaliações dos relatórios e agilizar as respostas dos processos;

Aumentar o número de Varas Especializadas da Infância e Juventude nas regiões do interior.

Capacitar e contratar profissionais da justiça para lidar com o socioeducativo.

Garantir a presença dos profissionais da justiça (Defensor Público, Juiz) dentro das Unidades
Socioeducativas para diálogo com o adolescente.

Segurança

Extinguir a superlotação das Unidades Socioeducativas através da construção e regionalização das


Unidades.

Combater as situações de Abuso de Poder, violência, discriminação, corrupção e impunidade no que diz
respeito aos serviços de segurança internos e externos voltados à criança e ao adolescente.

Readequar os espaços físicos das Instituições socioeducativas e de segurança (DAI, DERCCA e Delegacias
comuns) a fim de garantir a integridade física e psicológica das crianças e adolescentes, além de melhorar
a convivência dos mesmos nos ambientes coletivos.

Aumentar o número de policiais nas ruas, além de disponibilizar material de segurança para os mesmos.

Implantar em todas as ruas e vias de acesso públicas, câmeras de áudio e vídeo.

Melhorar a remuneração e programas de capacitação dos policiais, como forma de potencializar o


empenho e a qualidade no trabalho dos mesmos.

EIXO 2: PROTEÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS

Criação, Ampliação, Articulação e Integração das políticas sociais de atendimento à violação dos direitos
fundamentais de crianças; Ampliação e fortalecimento das instâncias de defesa dos direitos da criança e
do adolescente e do sistema de justiça;
166

Educação

Equiparar quantidade de disciplinas, professores e horas-aula nas Escolas Públicas do socioeducativo com
as das escolas externas

Aproximar as prefeituras das escolas, para orientar os jovens sobre programas e cursos disponibilizados à
este público pelo governo;

Garantir a segurança nas escolas.

Trabalho

Regulamentar os profissionais que trabalham de forma autônoma, como vendedores ambulantes;

Garantir a execução das políticas de reconhecimento de trabalhadores "informais" (vendedores em


ônibus, ruas, praias, praças entre outros);

Executar a lei no que diz respeito ao trabalho infantil;

Aumentar a oportunidade de vagas nos postos de trabalho para adolescentes e jovens do sexo feminino;

Saúde

Aumentar a disponibilidade de vacinas que contemplem os adolescentes de todas as idades;

Assistência Social

Ampliar as Políticas públicas e programas de assistência social nos bairros como, por exemplo, serviço de
proteção para crianças e adolescentes vítimas de qualquer forma de abuso;

Realizar mais encaminhamentos às Redes de Serviços Comunitários;

Aumentar os valores dos benefícios socioassistenciais;

Justiça

Cumprir os prazos estabelecidos pelo ECA e SINASE;

Efetivar as leis punitivas para todos e não apenas com os menos favorecidos, garantindo a proteção e
equidade;

Segurança

Assegurar parceria com a segurança pública e as Unidades de Medida Socioeducativa, no sentido de


proteção e segurança dos adolescentes;

Cumprir a Lei SINASE quanto ao quantitativo de adolescentes, extinguindo a superlotação nas Unidades
de Internação;

Garantir espaços diferenciados para cumprimento de medida de internação e internação provisória,


167

respeitando idade, compleição física e a natureza dos atos infracionais;

Potencializar a segurança nos bairros para todos;

Adequar a estrutura física e qualificar o atendimento, humanizando as DAI's, DERCA's e Delegacias


comuns;

EIXO 3: PARTICIPAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Inserir os adolescentes nos espaços democráticos e processos de tomada de decisão e da gestão,


contemplando diversidade, tais como: comunidades indígenas, do campo, meninos e meninas em
situação de rua e demais grupos culturais, étnicos, religiosos, sociais e de gênero.

Educação

Reativar e tornar obrigatório os grêmios estudantis nas Escolas Públicas e Privadas.

Cultura

Criar instâncias de representação obrigatória de crianças e adolescentes embasando-se em espaços já


existentes como Conselhos, Grêmios, Centros Acadêmicos;

Assistência Social

Criar instâncias de representação obrigatória de crianças e adolescentes embasando-se em espaços já


existentes como Conselhos, Grêmios, Centros Acadêmicos;

Conferências

Garantir a realização das Conferências Municipais, Territoriais, Estaduais e Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente e da Juventude potencializando o exercício cidadão;

EIXO 4: CONTROLE SOCIAL DA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS

Garantir o fortalecimento da rede de proteção, defesa e garantia dos direitos da criança e do


adolescente;

Educação

Garantir representação de Gestores de Escolas Estaduais e Municipais da FUNDAC em Conselhos de


Educação;

Manter e fortalecer a representação da SEC - Secretaria Estadual de Educação na Comissão Intersetorial


do SINASE;

Trabalho

Garantir a manutenção da representação da FUNDAC no Fórum Baiano de Aprendizagem;


168

Fortalecer a fiscalização do trabalho infantil, executando as Leis estabelecidas;

Manter representação da SETRE - Secretaria Estadual de Trabalho, Emprego e Renda na Comissão


Intersetorial do SINASE.

Cultura

Manter a representação da SECULT - Secretaria Estadual de Cultura na Comissão Intersetorial do SINASE.

Saúde

Implementar a PNAISARI - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Adolescentes em conflito
com a lei em Regime de Internação, internação provisória e semiliberdade;

Manter a representação da SESAB - Secretaria Estadual de Saúde na Comissão Intersetorial do SINASE.

Assistência Social

Implementar a gestão participativa preconizada no SINASE;

Fiscalizar a concessão de benefício à população;

Garantir a representação do CEAS - Conselho Estadual de Assistência Social na Comissão Intersetorial do


SINASE.

Justiça

Manter e fortalecer a representações das Instituições que compõem do Centro Integrado (2ª e 5ª Varas
da Infância e Juventude, Defensoria Pública, Ministério Público, Delegacia do Adolescente Infrator e
FUNDAC) na Comissão Intersetorial do SINASE.

Segurança

Garantir a representação da SSP - Secretaria de Segurança Pública na Comissão Intersetorial do SINASE.

Outros

Criar ou efetivar mecanismos de fiscalização do uso do dinheiro público em todos os setores;

Manter e fortalecer a representação da FUNDAC no FONACRIAD - Fórum Nacional de Dirigentes


Governamentais de Entidades Executoras de Políticas de Promoção d Defesa dos Direitos da Criança e do
Adolescente;

Manter e fortalecer a representação da FUNDAC nos CMDCA’s – Conselhos Municipais dos Direitos da
Criança e do Adolescente e CECA - Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente;

Manter e fortalecer a representação do CECA na Comissão Intersetorial do SINASE.


169

EIXO 5: GESTÃO DA POLÍTICA

Garantir a elaboração e implementação da política e do Plano Decenal de Direitos Humanos de Crianças e


Adolescentes nos âmbitos Federal, Estadual, do Distrito Federal e Municipal, contemplando:
• a gestão integrada, participativa e descentralizada;
• a efetivação do princípio da prioridade absoluta no ciclo orçamentário das três esferas de governo

Educação

Desenvolver um Programa Intersetorial que tenha equipe multiprofissional para avaliar as demandas de
cada Comunidade contextualizando as ações e metodologias desenvolvidas;

Trabalho

Fomentar Programas de Incentivo à Educação Profissional;

Ampliar e fortalecer parcerias de Educação Profissional;

Ampliar e adequar os Programas de Aprendizagem ao contexto e necessidades do Atendimento


Socioeducativo;

Cultura

Fomentar e garantir materiais, recursos financeiros e profissionais qualificados;

Construir e adequar Equipamentos Culturais como a Cidade do Saber - Camaçari nas cidades do interior;

Fomentar a construção e manutenção de parques públicos;

Saúde

Garantir e qualificar a assistência medica nas Unidades de Privação de Liberdade, em conformidade com
o ECA/SINASE considerando as propostas do Eixo 1;

Criar um projeto de atendimento domiciliar por profissionais de saúde (técnicos de enfermagem,


enfermeiros, médicos) para realização de procedimentos simples e encaminhamentos dos paciente para
unidades adequadas, diminuindo o superlotações das Unidades de Saúde .

Capacitar profissionais qualificando e humanizando os atendimentos;

Ampliar e potencializar os programas destinados ao atendimento à mulheres gestantes, como também


em atendimento de media e alta complexidade para todos os cidadãos;

Ampliar a Rede Pública de Saúde;

Assistência Social

Garantir e qualificar a Assistência Social nas Unidades de Privação de Liberdade em conformidade com o
ECA/SINASE considerando as propostas do Eixo 1;
170

Justiça

Garantir, ampliar e qualificar os profissionais que atuam nas Varas da Infância e Juventude em
conformidade com o ECA/SINASE, considerando as propostas do Eixo 1;

Segurança

Garantir, ampliar e qualificar os profissionais que atuam na Segurança Pública em conformidade com o
ECA/SINASE, considerando as propostas do Eixo 1;

Outros

Ampliar a frota de transporte para atendimento Socioeducativo garantindo atendimentos básicos de


saúde, educação, cultura e justiça e potencializando a participação em atividades externas fundamentais
para a efetivação da cidadania;

5. AVALIAÇÃO
A ocorrência das Conferências Livres nas unidades finalísticas da FUNDAC, oportunizou
reflexões, comentários, exposições orais, explosão de ideias, escritas e atividades manuais, que
potencializaram a análise crítica quanto à atual situação do Sistema Socioeducativo e das Políticas
Públicas de Saúde, Educação, Assistência Social, Trabalho, Cultura, Lazer, Justiça e Segurança
incluindo seus contextos sociais nas discussões.

Além da análise do contexto atual, houve o momento de organizar ações, que possibilitasse a
transformação das realidades de dificuldades e violações listadas. Os socioeducandos, ao
perceberem-se dentro do contexto, tornaram as discussões e a criação das metas a serem alcançadas
mais simples e rápidas. Todas as discussões foram pautadas no que temos e o que queremos, sob
esse olhar, foi percebido que o objetivo primordial foi alcançado pelas opiniões expostas de forma
contundente, entendendo que para melhorar uma situação é necessário pensar o que é preciso, e
assim foram desenvolvidas as ações transformadoras.

Desta maneira, observa-se que as atividades possibilitaram aos adolescentes um novo olhar
sobre as Leis que regem o Sistema Socioeducativo oportunizando discussão e debates significativos
para suas vidas. Considera-se assim, que houve um aproveitamento bastante significativo, uma vez
que houve uma participação satisfatória dos educandos e profissionais das referidas unidades. Com a
oportunidade de debater temas tão importantes para a sociedade, os educandos em situação de
Cumprimento de Medida Socioeducativa, se sentiram realmente envolvidos na construção da
171

melhoria de um sistema, em que todos estão inseridos em um processo participativo, no qual as


diversas opiniões têm significados relevantes para o aprimoramento das Políticas Públicas de
atendimento à Criança e ao Adolescente, fortalecendo assim o Sistema de Garantias de Direitos.

Mesmo com diversas mudanças, dificuldades e situações inesperadas que comprometiam o


pleno funcionamento das unidades e a execução de alguns trabalhos, as atividades foram realizadas
em todas as CASES, cada uma com suas especificidades.

6. CONSIDERAÇÕES
Após a sistematização das propostas verifica-se não apenas a demanda de qualificação do
atendimento socioeducativo, mas principalmente a necessidade recorrente de acesso ao Sistema de
Garantia de Direitos fundamentais relacionados à Educação, Saúde, Assistência Social, Cultura,
Trabalho, Justiça e Segurança, dentre os quais os dois primeiros são sinalizados pelos adolescentes
como prioritários. Consequentemente, constata-se que sozinha a FUNDAC não poderá dar conta de
todo o pleito apresentado pelos jovens em cumprimento de medida socioeducativa, tendo em vista
que as políticas públicas propostas requerem um esforço intersetorial do Estado para garantir o
acesso e o fomento à direitos básicos.

Foi observada também a inexpressiva formulação de propostas no Eixo 3, sobre a


participação de crianças e adolescentes nas discussões nos setores que tocam seus direitos. Ainda
vivemos os resquícios da ditadura militar que durantes muitos anos censurou a participação da
sociedade civil nas decisões políticas. É preciso garantir espaços de discussão para esclarecimento,
além de construir estratégias e leis que fomentem a obrigatoriedade de instâncias representativas de
crianças e adolescentes em instituições que tem tal público. A cidadania e a crença nas ações cidadãs
individuais e coletivas são aprendidas e construídas, no fazer cotidiano de viver em sociedade.
172

ANEXO D – Relação de municípios que ofertam o serviço de medida socioeducativa


em meio aberto na Bahia

Numeração Nome do Município


01 Alagoinhas
02 Amargosa
03 Amélia Rodrigues
04 Aracatu
05 Araci
06 Barra
07 Barra da Estiva
08 Barra do Choça
09 Barreiras
10 Belmonte
11 Bom Jesus da Lapa
12 Brumado
13 Buerarema
14 Cachoeira
15 Camaçari
16 Campo Formoso
17 Canavieiras
18 Candeias
19 Capim Grosso
20 Caravelas
21 Casa Nova
22 Catu
23 Conceição do Coité
24 Conceição do Jacuípe
25 Condeúba
26 Cruz das Almas
27 Entre Rios
28 Euclides da Cunha
29 Eunápolis
30 Feira de Santana
31 Floresta Azul
32 Formosa do Rio Preto
33 Gandu
34 Guanambi
35 Ibicaraí
36 Ibirapitanga
37 Ibotirama
38 Iguaí
39 Ilhéus
40 Ipiaú
41 Ipirá
173

Numeração Nome do Município


42 Irecê
43 Itabela
44 Itaberaba
45 Itabuna
46 Itajuípe
47 Itamaraju
48 Itambé
49 Itanhém
50 Itapetinga
51 Itapicuru
52 Itororó
53 Jacobina
54 Jaguaquara
55 Jaguarari
56 Jequié
57 Juazeiro
58 Laje
59 Lapão
60 Lauro de Freitas
61 Livramento de Nossa Senhora
62 Luís Eduardo Magalhães
63 Macaúbas
64 Mairi
65 Maracás
66 Mata de São João
67 Miguel Calmon
68 Milagres
69 Mirangaba
70 Monte Santo
71 Mucuri
72 Mundo Novo
73 Mutuípe
74 Nova Fátima
75 Nova Soure
76 Nova Viçosa
77 Olindina
78 Paulo Afonso
79 Pindobaçu
80 Poções
81 Porto Seguro
82 Prado
83 Riachão do Jacuípe
84 Riacho de Santana
85 Rio Real
86 Santa Cruz da Vitória
174

Numeração Nome do Município


87 Santo Amaro
88 Santo Antonio de Jesus
89 São Domingos
90 São Francisco do Conde
91 São Gonçalo dos Campos
92 Seabra
93 Senhor do Bonfim
94 Serra do Ramalho
95 Serra Dourada
96 Serrinha
97 Simões Filho
98 Sobradinho
99 Teixeira de Freitas
100 Ubaíra
101 Ubatã
102 Uruçuca
103 Valença
104 Valente
105 Vitória da Conquista
106 Xique-Xique

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