Parto Humanizado: Valores de Profissionais de Saúde No Cotidiano Do Cuidado Obstétrico
Parto Humanizado: Valores de Profissionais de Saúde No Cotidiano Do Cuidado Obstétrico
Parto Humanizado: Valores de Profissionais de Saúde No Cotidiano Do Cuidado Obstétrico
RESUMO
Objetivo: Compreender os valores dos profissionais de saúde no processo de pensar e
Diego Pereira RodriguesI
sentir do cuidado obstétrico, baseando-se em suas carências vivenciadas no processo de
ORCID: 0000-0001-8383-7663 cuidar. Métodos: Estudo fenomenológico fundamentado no referencial scheleriano, com
Valdecyr Herdy AlvesII 48 profissionais de saúde de quatro maternidades da Região Metropolitana II do estado
do Rio de Janeiro. A coleta de dados foi por entrevista fenomenológica; e a análise, com o
ORCID: 0000-0001-8671-5063
referencial metodológico ricoeuriano. Resultados: O valor vital foi significado no cuidado
Cristiane Cardoso de PaulaIII centrado nos processos fisiológicos, para um acompanhamento individualizado e seguro.
O valor ético foi significado nas atitudes que oportunizam autonomia da mulher em sua
ORCID: 0000-0003-4122-5161
forma de parir e reconhecem o diálogo como processo de relação de simpatia, afetividade
Bianca Dargam Gomes VieiraII e criação de vínculo. Conclusão: A ressignificação da prática obstétrica, articulada com as
ORCID: 0000-0002-0734-3685 políticas públicas no campo do parto e nascimento, sustentada por um valor vitalético,
contribui positivamente na humanização do cuidado às mulheres.
Audrey Vidal PereiraII Descritores: Centros de Saúde Materno-Infantil; Parto Humanizado; Enfermagem Obstétrica;
ORCID: 0000-0002-6570-9016 Obstetrícia; Filosofia em Enfermagem.
Mudou muito no decorrer dos meus quase 30 anos de maternidade Então, a gente tenta valorizar as escolhas da paciente [mulher]
[…] o parto, a gente encarava como paciente cirúrgico e hoje a desde o início, entendo as mudanças […] a humanização deve
gente encara isso de uma forma mais fisiológica […] eu até acho ser o foco, com uma assistência individualizada com a mulher,
que o nome “parto normal” é uma coisa que deveria deixar de reafirmando os valores das evidências cientificas. (PS27)
existir, deve ser parto fisiológico […] criar condições que favore-
çam a fisiologia: isso se traduz em segurança da mulher. (PS34) Sabe-se que também a posição deitada não é uma posição que
favoreça a fisiologia, é o tradicional, mas na verdade não é o
O parto é um evento natural que se dá fisiologicamente, é um parto mais natural, a posição que geralmente a mulher assume
momento de extrema transformação para mulher/mãe e para instintivamente para o parto quando ela está só ou é de quatro
criança obviamente, respeitando a fisiologia, pois devemos estar ou é agachada […]. Ela geralmente fica mais para vertical do que
atentos a qualquer mudança fisiológica: isso é vital. (PS18) deitada, só que se convencionou deitar, então, às vezes a pessoa
vai lembrar que viu na televisão que é deitado: “Vou deitar!” Mas,
A fisiologia é reconhecida como um valor em si mesmo, pois instintivamente não é, tanto que a mulher, quando está em contração,
vale para o processo de parto natural. Nota-se a apreensão do ela dá preferência de estar sentada ou caminhando ou agachada,
valor vital, essencial para o reconhecimento do valor do saudável dá um alivio melhor, nos quadris, na posição e relaxa mais. (PS46)
e do fisiológico. Além de oferecer condições de compreender o
bem-estar como inerente à vida da mulher e de seu bebê, essa Tais discursos valoram o ético do profissional, em que o valor
apreensão atribui-lhes o valor essencial à vida. coaduna com a intuição emocional. Os profissionais de saúde
O profissional também expressa o cuidado obstétrico humani- apontam o valor ético, que, por meio de um cuidado simpático,
zado quando reconhece a distinção entre o normal, significando compreende os sentimentos do outro, é afetado pelo outro e se
fisiológico, como um evento natural, e o normal remetendo a envolve em trocas afetivas.
A ética torna-se um valor que possibilita melhores práticas de Percebe-se que os discursos dos profissionais de saúde se dire-
saúde, como a afetividade do cuidado, produzindo uma relação cionam para uma ressignificação (um novo significado pela nova
simpatizante. Nesse teor, tais significados expressam uma res- visão de mundo), abarcando a humanização como processo para
significação do parto e nascimento como algo belo, único e de garantir o valor vital(24-25). O modelo humanizado reforça a abertura
redescoberta, fortalecendo a humanização em saúde enquanto para um cuidado vital às mulheres e aos seus bebês. Nessa transição,
um valor ético para o cuidado obstétrico: o modelo obstétrico configura-se em valores facetados: os valores
vitais apoiam-se nos valores centrados nos processos fisiológicos,
O parto é a coisa mais bela que o corpo humano consegue fazer, isto é, num valor primordial para assegurar a vida humana.
é um momento em que a mulher se redescobre como pessoa, é o Dessa forma, a humanização dialoga com os valores vitais
momento em que a mulher se redescobre como mãe, ela consegue alinhados com o bem-estar das mulheres e dos bebês(24), com
perceber que pode parir. (PS36)
destaque para a redução da medicalização, especificamente
das cesarianas eletivas, e para a eliminação de técnicas de assis-
Esse momento do parto e do nascimento para mim é único. Nós,
profissionais, devemos estar ao lado da mulher, com a mulher, isso
tência que limitam e prejudicam a liberdade física das mulheres
é ético. As evidências cientificas mostram isso com clareza; isso no trabalho de parto(2,7-12). A humanização, nos discursos dos
é um valor fundamental para um cuidado seguro e ético. (PS44) participantes, reforça o valor vital expresso na garantia da cen-
tralidade do cuidado à mulher dentro do campo dos processos
Os profissionais de saúde mostram a importância do diálogo fisiológicos do parto, em que constitui um valor em si mesmo(24-26),
enquanto processo de relação para o cuidado qualificado. Tal garantindo o bem-estar ao binômio mãe-bebê. Isso se expressa
diálogo possibilita a criação de vínculo e a relação de simpatia, na mudança do significado da parturição como um evento
na medida em que esta se desvela em uma relação afetiva com não mais normal (norma ou rotineiro), repleto de intervenções
a mulher, com seu cuidado e sua saúde. Somente quando se desnecessárias, e sim na compreensão de um parto fisiológico,
determina o vínculo, é possível simpatizar com o outro. possibilitando um maior diálogo para a tomada de decisões de
forma compartilhada e com foco na integralidade do cuidado à
Uma atenção qualificada está correlacionada com a nossa ética, mulher(2,14,19-21). Desse modo, o modelo de humanização fortalece
então, em um modelo humanizado, devemos criar vínculo com esse sentido de novos significados da atuação profissional no
ela [mulher], para que possamos acolher, ouvir, interagir, criar cuidado obstétrico, com seu exercício centrado nos processos
vínculo e afeto com essa mulher e para que ela [mulher] se sinta fisiológicos do parto e nascimento.
segura com as nossas ações no cuidado dela. (PS01) Um destaque para essas mudanças de práticas e saberes está
relacionado à influência das propostas realizadas pelas políticas
Eu acho que o diálogo é essencial, pois temos várias mulheres de
públicas, como da PNH e, especialmente, da Estratégia Rede
diversos níveis socioculturais ou socioeconômicos […] você tem
que conversar, entender o que a mulher fala, mas eu acho que Cegonha, que reafirmam o valor vital do parto(24), sustentadas
basicamente você tem que ter uma boa relação médico-paciente pelo reconhecimento da centralidade dos processos fisioló-
com diálogo e afeto. (PS43) gicos. Desse modo, os valores vitais se constituem como base
do exercício profissional, orientado pelo valor da vida, tendo
Assim, o valor ético se incorpora na forma pela qual os pro- o bem-estar e a segurança como marcos para o alcance da
fissionais de saúde agem com as mulheres e cuidam delas, em plenitude da vida saudável(16-24). Convém ressaltar que o valor
que se estabelece a afetividade de estar com o outro e cuidar do da sensibilidade, correspondente ao bem-estar, é interpretado
outro. O cuidado simpático visa ao outro (parturiente) em sua de modo significativo pelos profissionais de saúde no campo
integralidade de ser mulher parindo e se torna possível quando da centralidade dos processos fisiológicos do parto e está em
está direcionado para a individualidade da mulher. linha com o modelo humanizado. Isso conduz à compreensão
do valor vital como potencialidade do cuidado obstétrico, a fim
DISCUSSÃO de realizar o parto e nascimento com um acompanhamento
individualizado e seguro(7-9,14,19,24-29).
As expressões valorativas reveladas pelos discursos dos de- Assim, a transição de modelo obstétrico se torna uma neces-
poentes deste estudo viabilizaram discutir o valor vital-ético sidade essencial para a transformação da assistência ao parto e
no cuidado obstétrico humanizado para o cuidado do outro(32). nascimento, conforme os discursos dos profissionais de saúde.
Primeiro, menciona-se que a saúde se constitui como um valor Portanto, essa atenção se sustenta nos valores conjugados para
vital, traduzido de forma efetiva como algo essencial ao bem-estar. o bem-estar, valores vitais, ou seja, essenciais à vida(24). Esses
Esse valor vivenciado pelo cuidado de enfermeiros e de médicos valores também estão presentes no alinhamento das políticas
no cotidiano das maternidades se relaciona com o sentido valo- públicas de saúde no campo obstétrico. Os valores vitais são
rativo scheleriano(24), em que a intuição emocional do homem inerentes à dignidade humana, na autonomia na forma de parir,
permite que ele faça uma referência imediata ao objeto (valor), com o respeito às suas escolhas, alinhando-as ao valor da justiça
sendo, este, fruto da carência existencial(25-26). A busca pelo valor e do direito à vida(24-25,33).
vital, que o modelo humanizado oportuniza aos profissionais de Esse reconhecimento também se consolida na valorização
saúde na busca de sua plenitude, favorece o desenvolvimento da ciência para garantir um cuidado qualificado, pois, quando
e crescimento do profissional. Assim, o objeto vale para o ser os profissionais de saúde sustentam sua atuação pelas reco-
humano, pois este, de fato, preenche suas necessidades. mendações científicas(2), se perpetua o valor à vida, garantindo
um cuidado individualizado para a segurança. Por fim, quando promoção de uma autonomia para a vivência do parto prazeroso,
o profissional valoriza a humanização, ele tende a reconhecer o com valores incorporados pela humanização(11-14,19-20,24-25,35-36).
sentido da vitalidade do seu cuidado como essência vital para o Já quanto aos significados dos profissionais de saúde no par-
outro(24,32). Reconhece-se, portanto, a mulher como sujeito com to e nascimento, o valor ético(24,32) mostrou-se por meio de um
autonomia no ato de parir, dentro dos seus direitos, e o cuidado cuidado simpático (afetividade) para com o outro(24-25). Esse valor
como um valor em si mesmo, validando, com isso, a segurança ético é estabelecido nas relações entre a mulher e o profissional
da parturiente e do recém-nascido(1-2,7-14,24-26). de saúde, em que, com a intencionalidade do profissional para
Há uma valorização nos discursos dos profissionais de saúde a afetividade com o outro, desenvolve-se uma aproximação à
quando trazem as recomendações científicas(1-2,7-11,21), que qualificam mulher(16-19,24,29,32,37).
a prática assistencial ao parto normal centrada nas necessidades Essa concepção scheleriana(24) sustenta que, por intermédio
das mulheres, classificando-a em categorias relacionadas à carência do afeto, se estabelece a capacidade de simpatizar com o outro,
de cada mulher, reconhecendo a singularidade e particularidade percebendo-o como humano e não como um mero objeto. Trata-se
do cuidado e possibilitando o desenvolvimento do profissional. de um posicionamento importante para os princípios que regem
Por consequência, o valor basilar (vital) tem como meta estimular a humanização, com o respeito à mulher e sua individualidade,
a utilização de cuidados úteis(24-26) em vez de práticas prejudiciais singularidade, autonomia e criação de vínculos como propósito
e/ou ineficazes, que devem ser evitadas e abolidas no cotidiano da realização de condutas fundadas na humanização(24-26,32,37). Os
das maternidades. Desse modo, quando se propõe um cuidado valores éticos são mediados pelos atos laborais que consolidam
individualizado, valorizando a ciência e os sentimentos, rompe-se o bem de determinada sociedade, coletivo de pessoas ou indiví-
com a rotina instituída pelo modelo tecnocrático que valora o duo(24-26,32,37). Assim, estes são valores superiores, o valor da vida
mesmo padrão de assistência para todas as mulheres em trabalho humana e o valor espiritual, por isso tornam-se valores precípuos
de parto; contrapõese ao processo parturitivo em série. Assim, a e sadios para a humanidade(24), aqui representados pelo ato de
humanização permite essa intuição valorativa científica, com base assistir o processo de parturição.
no valor vital e na formação (busca de conhecimento) como um Desse modo, a humanização se articula com o valor ético(32) e
processo humanístico, uma formação voltada para os saberes do possibilita um ensaio para um cuidado pautado na afetividade,
espírito(1,9-12,21,24-26,34). potencializando esboçar o uso de valores ao outro, no cuidado
Logo, considerar o valor ético(24,32) no processo da parturição é em saúde, revelando-se, inclusive, a construção de valores no
valorar o bem-estar do parto e nascimento, uma atenção facilita- cuidar simpatizante(24-25). Isso porque, simpatizar com o outro
dora de aberturas para as emoções e sentimentos da mulher que é estabelecer um diálogo, com criação de vínculo, unificando
vivencia o parto. Esses processos afetam o seu existir emocional, e um ato afetivo que motiva a ação para um cuidado do outro
sua autoestima se expressa para além da razão(24-26), com influência (compreender o que o outro vive e como vive)(32).
na sua autonomia de parir. Dessa maneira, o profissional reconhece Compreende-se, portanto, que os discursos dos profissionais
o valor da humanização e encontra eco para concretizar um cuidado de saúde ratificam que a humanização é sustentada pelo valor
humanizado, basilar para a instauração do valor ético(32), e se firma ético no cuidado afetivo(32) e singular com o outro. Esse exercício
no desenvolvimento do sentimento por parte do profissional de na subjetividade em zelar pelo outro (simpatia) considerando as
saúde diante da vida e para com a mulher. O valor ético permite que condutas obstétricas eficazes propicia um cuidado singular. Já
a conduta profissional contribua com o cuidado compartilhado: por que esse cuidado com o outro é um impulso afetivo, cuja primeira
exemplo, isso ocorre quando ele fomenta na mulher a liberdade manifestação é a simpatia do ser para si e para o outro, implica
sobre o modo de parir, estimulando posições mais verticalizadas, múltiplas transformações com os sujeitos envolvidos (a mulher, o
como parto em cócoras e na banqueta, que garantem mais con- companheiro e a família), fortalecendo, dessa forma, as relações
forto e bem-estar da parturição; assim, evita-se o parto horizontal afetivas, sociais e espirituais(26,32,37-38). Isso nos leva a reconhecer
como a forma tradicional do nascimento e, consequentemente, que as mulheres têm conhecimentos próprios sobre seu corpo
as intervenções na cena do parto. e que seus saberes devem ser compartilhados no processo da
Os valores éticos(32) estão, intrinsecamente, interligados à reali- parturição, a fim de garantir a ética do cuidado integral(1-2,7-14).
zação de um dinamismo congruente para um cuidado qualificado Deduz-se que o valor ético(24,32) é concebido como um cuidado,
e seguro, sustentados no valor das evidências científicas (ética baseado na vivência singular, que exige o nosso respeito, carinho e
vs. evidência científica), as quais são captadas pelo cotidiano das amor, quando observadas as questões concernentes à preservação
maternidades no pleno exercício da prática assistencial associada do outro enquanto ser humano. Vê-se o cuidado ético responsável
ao valor da verdade produzido pelos processos do conhecimen- se manifestar em valor universal(32). Assim sendo, o valor ético se
to(1,7-14,24-25). Entretanto, a transgressão dos valores éticos se mostra torna uma essência transformadora da prática cotidiana e deve ser
em condutas contrárias à ciência, não garantindo o estar e cuidar e estar com o outro, exaltando os seus direitos humanos(25-27,32,37-39).
da mulher, nem sua liberdade, tal qual propõe a humanização(27). A pessoa é o centro de toda fundamentação ética, e os atos
Dessa forma, o sentido do cuidado obstétrico se estabelece na genuínos de simpatizar ostentam um valor ético positivo(24,32).
afetividade como faceta do valor ético(2,21,24,32), na escuta das mu- A simpatia se encontra inseparável dos aspectos do cuidado à
lheres que desejam posições mais verticalizadas, potencializando pessoa(32). Então, quando o profissional de saúde, ao assistir o
um parto seguro e inibindo as intervenções desnecessárias. Esse parto, se defronta com significados que se estabelecem como
cuidado centrado no diálogo potencializa a confiança e oportuniza conexão afetiva com o cuidado simpatizante(32,37), ele entende a
um compartilhamento de decisões, com corresponsabilidade e sua aproximação com o ser humano em sua totalidade(32) e com a
humanização, permeada pela aproximação do significado concreto O compartilhamento das ações em saúde é um valor necessário
do nascimento como um valor em si mesmo. nas relações entre profissional de saúde, gestores e usuárias do serviço.
Dessa forma, é necessário que o profissional de saúde compreenda Deve-se orientar pelos valores vitais e éticos, objetivando exercer um
o valor do cuidado obstétrico em sua totalidade quando, ao escutar cuidado simpatizante com o outro, com foco nos direitos humanos,
a mulher, interage com suas angústias e expectativas. Com essa nos direitos das mulheres, na justiça e nas evidências científicas, que
ação, potencializa a afetividade e a criação de vínculos, pois há uma não podem estar desvinculados do processo de cuidar em saúde.
simpatia com a mulher, e esse processo simpatizante com o outro
produz um cuidado mais qualificado, seguro e compartilhado. Assim, CONSIDERAÇÕES FINAIS
a humanização permite que os profissionais de saúde estabeleçam
novos significados na parturição, com base no cuidado vital e ético, Os profissionais de saúde, concomitantemente, descortinam
sendo o elo para que a mulher seja vista, ouvida e entendida com significados sobre a humanização da assistência obstétrica e dis-
um cuidado integral. Além disso, o profissional de saúde, nas suas correm sobre as potencialidades da humanização para mudança
dimensões valorativas preferenciais, contribui no seu ato intuitivo do cuidado, dando novos sentidos, alinhados aos valores vitais e
de reorganização da hierarquia de valores, sendo uma situação éticos, firmados nas relações afetivas por meio do processo simpa-
essencial para a transformação de sua atitude no cuidado obstétrico. tizante. Eles ressignificam o seu modo de cuidado, baseando-se na
humanização, e expressam o valor vital e ético como fundamento
Limitações do estudo para essa mudança, em oposição à utilização de princípios tecno-
cráticos na parturição.
Como limitação do estudo, menciona-se a impossibilidade A ressignificação da prática obstétrica surge articulada com
institucional em realizar uma análise documental referente às as políticas públicas de saúde, no campo do parto e nascimento,
descrições das práticas assistenciais relatadas pelos profissionais com a inserção do valor vital e ético para a vida das mulheres
nos documentos institucionais. e seus bebês, intervindo na forma de cuidar das mulheres. O
cuidado qualificado, seguro e compartilhado é conjugado com
Contribuições para a área da Enfermagem a afetividade, com o cuidado com o outro.
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