Pistolas e Revólveres Na I e II Grandes Guerras (Rev
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Pistolas e Revólveres na I e II Grandes Guerras (Rev. 1)
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Neste artigo pretendemos descrever, de forma resumida, as principais características das armas
curtas, sejam elas revólveres ou pistolas semi‑automáticas, que participaram dos dois maiores
conflitos armados da História, a I e a II Grandes Guerras, a primeira com início em 1914 e terminando
em 1918, e a última com início em setembro de 1939 e encerrando‑se em 1945. O teatro de operações
destes conflitos foi imenso, sendo que a II Guerra abrangeu praticamente toda a Europa, parte da
Ásia, Japão e norte da África, com diversos países aliados ou não, participando de forma direta ou
indireta, dos combates.
O uso das armas curtas em combate visa, tradicionalmente, a proteção e defesa pessoal de seus
portadores. Sozinha, num âmbito mais abrangente de armas militares em geral, ela não tem muita
importância e não decide uma batalha. Devido ao pouco alcance e limitada quantidade de munição,
ela é realmente destinada a uso individual, raramente mudando de uma forma ou de outra o curso
dos acontecimentos.
De maneira quase generalizada nos diversos países que participavam dos conflitos, a pistola ou
revólver eram destinados como arma de porte pelos oficiais e em alguns casos, aos sargentos ou
cabos quando em comando de patrulhas. O soldado raso geralmente portava somente armas longas,
como os fuzis, carabinas e submetralhadoras.
Longe de querer aqui filosofar sobre a velha polêmica envolvendo pistolas e revólveres quanto aos
seus méritos e qualidades individuais, temos que reconhecer que a pistola se tornou, a partir da I
Guerra, a arma leve de porte militar por excelência, substituindo o revólver em praticamente todos os
exércitos envolvidos, embora ainda esses dois tipos de arma conviveram juntos por um longo tempo.
A grosso modo, e aos olhos dos técnicos e burocratras que enfiam suas idéias guela abaixo sobre o
que se deve utilizar ou não num conflito bélico, as pistolas demonstraram mais vantagens que os
revólveres, principalmente em alguns pontos cruciais: a velocidade do disparo, a maior quantidade
de munição em uma só carga, a facilidade de se recarregar e a maior penetração dos projéteis,
geralmente encamizados. Mas, precisamos lembrar que essa situação foi analisada no início do século
passado, onde a variedade de armas e tipos de munições existentes era muito mais limitada que hoje.
ALEMANHA
A Alemanha foi um dos primeiros países do mundo a adotar uma pistola semi‑automática como
arma curta regulamentar para suas Forças Armadas, em substituição à um revólver, o Reichsrevolver
modelo 1879; foi a pistola Parabellum P‑08 (Luger), no ano de 1908; porém, antes disso a Suíça, já em
1900, havia adotado a mesma arma para seu Exército, embora em outro calibre.
Em 1893, o alemão naturalizado norte‑americano Hugo Borchardt (pron. Bork‑Hardt), retornou à
Alemanha, vindo dos USA onde trabalhou na Sharps e na Singer. Agora, trabalhando junto à
empresa berlinense Ludwig‑Loewe , patenteia o que seria a primeira pistola semi‑automática a ser
produzida em série e com relativo sucesso comercial. Apesar de sua aparência estranha e desajeitada,
grangeou uma certa reputação no mercado civil, mas não despertou o interesse dos militares como
era a intenção do fabricante. A pistola se denominava oficialmente de Selbstladepistole C93.
A pistola Borchardt de 1893 (C93), em calibre 7,65mm, com sua coronha montada
A Loewe enxergou logo que a arma teria que passar por uma remodelação para alavancar as vendas.
Apesar de que Hugo Borchardt, de certa forma, se recusava a fazer alterações em um projeto que ele
julgava ser perfeito e devido à crise financeira por que passava a Ludwig Loewe, Georg Luger, na
época consultor técnico da empresa, foi encarregado de desenvolver modificações no projeto original.
O que na verdade ocorreu é que as mudanças foram tantas que Luger acabou por projetar,
praticamente, uma nova arma.
Do desenho de Borchardt, Luger manteve o sistema de culatra com ação do tipo joelho “toggle‑joint“,
o carregador inserido dentro da empunhadura e o sistema de disparo. Para deixar a arma mais
balanceada, optou por um cano mais curto e eliminou a grande protuberância traseira, característica
marcante da C93, que servia como alojamento para a mola recuperadora do ferrolho, feita em lâmina
marcante da C93, que servia como alojamento para a mola recuperadora do ferrolho, feita em lâmina
de aço; Luger transferiu essa mola para a parte posterior da empunhadura, localizada atrás do
alojamento do carregador.
Assim sendo, em 1899, Luger apresenta seu primeiro protótipo que foi testado por uma comissão
especial do Exército Alemão, mas de imediato recebendo uma restrição com referência ao cartucho
empregado, um 7,65mm pouco mais curto que o cartucho usado na antecessora Borchardt. O
cartucho 7,65mm utilizado por Borchardt (foto à esquerda) foi o mesmo que inspirou a criação,
poucos anos depois, do 7,63mm Mauser, usado nas pistolas Mauser C96; porém, o 7,65mm Borchardt
possuía menor velocidade e energia.
À esquerda, o cartucho 7,65mm Borchardt e o 7,65mm Parabellum
Em 1900, a D.W.M. (Deutsche Waffen und Munitionsfabrik), empresa formada
pela união da Ludwig Loewe com a Deutsche Metallpatronenfabrik Lorenz
em 1896, e criada por Isidor Loewe após a morte de seu irmão Ludwig, inicia
a produção em série da pistola, que foi chamada de Parabellum, que também era o endereço
telegráfico da empresa. NA: Parabellum, palavra oriunda da frase em latim, “Si vis Pacem, Para Bellum”, de
autoria do romano Publius Flavius Renatus, que significa “Se queres a paz, prepara‑te para a guerra.
A pistola Luger, pela sua importância histórica e por ter se tornado um verdadeiro ícone no mundo
todo, será brevemente alvo de um artigo nosso, dedicado especificamente à ela.
A pistola possuía o sistema de culatra trancada, liberada por curto recuo do cano, usando um sistema
de ação de joelho similar ao da metralhadora projetada por Sir Hiram Maxim e era exatamente igual
ao empregado por Borchardt (veja nosso artigo sobre Sistemas de Culatras, neste site). Apesar de
funcionar bem, exige mais peças móveis e pinos nas articulações, que com o tempo poderiam gerar
algumas folgas e desgastes. Porém, a qualidade do material empregado nestas armas era tão boa que
raramente se observa alguma dessas pistolas apresentando desgastes nessas peças, mesmo
exemplares que foram exaustivamente utilizados. Possuía uma trava de segurança na empunhadura
e uma alavanca lateral que na verdade servia para evitar que a trava da empunhadura fosse acionada,
ou seja, uma trava para uma outra trava.
Ao contrário do projeto original de Borchardt, a Parabellum era uma arma estéticamente muito mais
bonita, elegante, bem balanceada, com um ângulo de empunhadura acentuado, sendo esta
empunhadura considerada por muitos atiradores como a melhor e a mais ergonômica das
encontradas em todas as demais pistolas militares. Seu carregador era para 8 cartuchos, tanto no
calibre 7,65 mm como no 9mm, e ficava inserido dentro da armação, podendo ser extraído mediante
um botão retém localizado convenientemente perto do gatilho, acionado pelo polegar. O gatilho era
uma bela peça, larga e confortável, posicionada numa das melhores distâncias em relação à parte
posterior da arma que se conhece em armas militares.
Talvez os dois maiores problemas da Parabellum eram o mecanismo de disparo, parcialmente
Talvez os dois maiores problemas da Parabellum eram o mecanismo de disparo, parcialmente
exposto do lado esquerdo da arma, que poderia acumular muita sujeira e engripar, e o seu sistema de
culatra de ação de joelho “toggle‑joint“, que aliás foi o motivo principal alegado pela comissão dos
testes norte‑americanos de 1907, para que não se adotasse essa arma. Tanto o sistema de culatra como
de disparo exigiam tolerâncias mínimas de fabricação e ajustes perfeitos, o que fazia da arma uma
das mais dispendiosas já fabricadas.
O que os americanos não gostaram do sistema “toggle‑joint” é que nele, a mola recuperadora é
incapaz de fechar totalmente o ferrolho quando o mesmo partir de qualquer posição que não seja do
seu batente final. Como a Luger engatilha o percussor quase no curso final de fechamento do
ferrolho, o mesmo só se fecha totalmente pelo impulso oriundo de seu curto completo, ou seja,
quando solto desde a abertura máxima.
Exemplificando, se erguermos o ferrolho da Luger um pouco só para cima, o suficiente para
engatilhar a arma e o soltarmos, ele não se fechará sozinho a partir dessa posição, pois a mola
recuperadora, neste estágio, não consegue vencer a força da mola do percussor.
Pistola Parabellum modelo 1900, em calibre 7,65mm Parabellum, modelo fornecido à Suíça sob contrato
Mas voltando à história, um ano depois do nascimento da arma, em 1901, a Suíça aprovou a pistola
para uso em seus exércitos e fechou um contrato de fornecimento de 3.000 peças, em calibre 7,65mm
Parabellum. Nesta mesma época os Estados Unidos adquiriram 1.000 pistolas, destinadas a testes de
campo.
Em 1902, George Luger resolve projetar um novo cartucho, agora em calibre 9mm, visando atender
aos apelos militares; o cartucho tinha as mesmas dimensões traseiras do 7,65mm, possibilitando
assim que as pistolas Parabellum se adaptariam a qualquer um deles com a simples troca do cano. A
cápsula era levemente cônica (diâmetro frontal menor do que o do fundo), solução muito empregada
em pistolas semi‑automáticas para diminuir travamentos do cartucho
dentro da cãmara no momento da extração. Esse novo cartucho,
denominado de 9mm Parabellum (9×19), viria se tornar o cartucho de
maior sucesso em uso no mundo, em pistolas semi‑automáticas,
adotado oficialmente pelos países da OTAN, substituindo inclusive, em 1985, o venerável cartucho
.45 ACP, utilizado pelos Estados Unidos desde 1911. Com esse novo cartucho em produção, Luger
produz algumas pistolas neste calibre e as submete à comissão avaliadora do Exército Alemão, que
passa a testar a nova arma em campos de provas e nas suas próprias tropas. No ano de 1904 a
passa a testar a nova arma em campos de provas e nas suas próprias tropas. No ano de 1904 a
marinha alemã, depois de estar examinando a pistola desde 1902, adota a arma mas um modelo com
cano mais longo (6″) e com alça de mira graduada.
Em 1906 George Luger promove alterações em seu projeto de 1900, as únicas e últimas mudanças
executadas nesta arma. As Lugers possuem somente dois modelos básicos, o 1900 e o 1906,
denominados na comunidade colecionista de “Old Model” e “New Model”, porém cada um deles
com várias alternativas de comprimento de cano e usando trava de empunhadura ou não. As
principais mudanças do 1900 para o 1906 foram a troca da mola recuperadora, de lâmina de aço para
espiral, as “orelhas” laterais que são apoio para se armar o ferrolho, mudaram de semi‑lisas para
totalmente recartilhadas e, finalmente, o extrator. A partir de 1906, quando há um cartucho na
câmara, a parte superior do extrator se destaca mais para fora, servindo como um alerta, tanto pelo
tato como visualmente de que arma se encontra carregada. Aliás, as faces laterais do extrator, quando
estavam visíveis, exibiam a palavra em alemão “GELADEN”, que significa “carregada”. Nas pistolas
dos contratos brasileiros e portugues, a gravação era a palavra “CARREGADA”.
No decorrer deste tempo, a D.W.M. consegue fechar diversos contratos de fornecimento e a pistola
começaca a fazer um sucesso inquestionável. Dentre vários países, Portugal e Brasil encomendaram
essas armas para uso em seus exércitos, sendo que o Brasil fez uma aquisição, em 1906, de 5.000
pistolas em calibre 7,65mm Parabellum, muitas delas ainda presentes em coleções individuais e em
bom estado de conservação.
O ano de 1908 jamais seria esquecido por George Luger nem pelas Forças Armadas Alemãs, uma vez
que foi quando, finalmente, a Parabellum foi adotada oficialmente como arma de uso individual do
Exército. A partir daí, sua nomenclatura oficial passou a ser P.08, ou “Pistole 08”, nomenclatura essa
que designa o ano de dotação e não o modelo da arma, que na verdade era o de 1906.
Pistola Luger (Parabellum) modelo 1906, adotada pelo Exército Alemão em 1908, em calibre 9mmX19
A P.08 era basicamente o modelo 1906 mas com cano de 4″ de comprimento, com 6 raias, alça de mira
fixa, sem a trava de segurança na empunhadura e com um encaixe na parte inferior posterior da
empunhadura para a adaptação de uma coronha. Alguns anos depois, a arma teve seu batismo de
fogo com a entrada da Alemanha na I Guerra Mundial, onde provou ser uma ótima pistola. Com o
término da guerra e a derrota da Alemanha, o Tratado de Versalhes lançou contra os países
derrotados uma série de restrições quanto ao fabrico de material bélico. Dentre eles, havia a limitação
de calibres em armas curtas que seria fixado no máximo em 8mm e o comprimento de cano,
de calibres em armas curtas que seria fixado no máximo em 8mm e o comprimento de cano,
no máximo de 3″ 5/8. Para a D.W.M. isso não causou problemas maiores, pois simplesmente os canos
seriam encurtados de 4″ para 3″ 5/8 e o calibre a usar seria o já existente 7,65mm Parabellum. O
modelo chamado de 1923 era justamente esse, que passaria a ser distribuído às tropas, as quais
também estavam restritas a um contingente máximo de 100.000 homens.
Entretanto, contratos estrangeiros como os da Suíça e o da Holanda continuaram mantendo a
produção ocupada. A partir de 1930, um relaxamento natural das restrições do tratado já eram
observadas. A D.W.M. já não mais existia com esse nome, mas sim como Berlin‑Karlsruhe Industrie
Werke (B.K.I.W.). Outros fabricantes da pistola foram surgindo na Alemanha, como a Simson & Co.,
da cidade de Suhl. Ainda em 1930, a B.K.I.W. foi incorporada pelo mesmo grupo que detinha a
maioria das ações da Mauser Werke, de Oberndorf. Todo o maquinário foi transferido de Berlin para
a Oberndorf, e a Mauser, doravante, passou a ser a maior fornecedora das pistolas Parabellum,
apesar de que continuou utilizando a marca registrada da D.W.M. até 1934.
Em 1933, os nazistas assumem o governo na Alemanha e a partir daí as restrições impostas pelo
Tratado de Versalhes foram descaradamente desobedecidas e o novo governo iniciou um
investimento de grande monta em material bélico. Com a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939
se inicia o maior conflito armado da história. A pistola Luger entra na guerra ainda como a arma
individual padrão da Wermacht, da Kiegsmarine e da Luftwaffe, exército, marinha e aeronáutica
respectivamente, bem como utilizada pelas tropas independentes como as S.S.
Desde 1937 a casa Carl Walther, cujas pequenas pistolas modelos PP e PPK já eram muito utilizadas e
apreciadas como armas de defesa pessoal por oficiais das forças armadas, cortejava o Governo
Alemão com o intuito de fornecer uma nova arma, em substituição às P. 08. Neste ano, a Walther
submete à testes de campo seu modelo HP, que foi muito bem aceito e elogiado pela comissão, pois
tratava‑se de uma pistola com características avançadas e sem alguns dos problemas críticos que as
Luger costumavam apresentar, como falhas de operação devido à excesso de sujeira, óleo e poeira,
que facilmente penetravam no mecanismo muito justo e parcialmente exposto da arma. Uma certa
intolerância em relação à munição também era um caso sério na Luger, pois em tempos de guerra a
qualidade e a inspeção final são muito desprezadas, o que resultava cartuchos mal feitos que não
funcionavam bem na pistola.
A pistola Walther P38 em calibre 9mm Parabellum
A comissão alemã, que pouco antes da guerra já estudava a substituição das pistolas Luger acaba
então, em 1938, por adotar a pistola da Walther, que passou a receber a denominação de P. 38, ou
seja, Pistole 38. A substituição em tempo de guerra foi feita paulatinamente, sendo que a nova pistola
necessitava ser fabricada por outros fornecedores, pois só a Carl Walther não possuía condições para
suprir toda a demanda. Sendo assim, além da Walter, a arma passou a ser produzida pela Mauser e
pelo arsenal de Spreewerke.
As marcas de códigos de identificação usadas eram “480″ e “ac” para as feitas pela Walther, “svw” e
“byf” para a Mauser e finalmente “cyq” para Spreewerke. A Walther produziu 583.000 pistolas
durante a guerra, em sua fábrica de Zella‑Mehlis; a Mauser se encarregou de fabricar 340.000 armas e
o arsenal de Spreewerke cerca de 285.000. A partir de 1942 foi encerrada definitivamente a produção
de pistolas Parabellum pela Mauser Werke A.G., o que a fez dedicar‑se integralmente ao fabrico das
P‑38.
Como projeto de pistola semi‑automática, a P38 tinha características muito interessantes. Foi a
primeira pistola a ser adotada por um exército dotada do sistema de dupla‑ação, onde o primeiro
cartucho poderia ser mantido na câmara e ao utilizar a arma, bastaria puxar o gatilho, como em um
revólver. Além disso, apresentava um eficiente sistema de trava de culatra, uma janela de ejeção
grande o suficiente para evitar travamentos, um cão externo e um sistema de trava de segurança
eficiente, soluções similares às usadas pelas pistolas Bere냍a modernas.
Saiba mais sobre a história e detalhes desta arma em nosso artigo, aqui.
Além das pistolas de maior potência efetiva, era comum entre os oficiais de patentes mais altas,
talvez pela própria discrição que se impunha, o uso de pistolas semi‑automáticas de menor porte.
Dessa forma, uma das preferidas era a Walther no modelo PP ou PPK, seguida da Mauser HSc, uma
pistola muito avançada para sua época, de dupla‑ação (como as Walther PP e PPK). A sigla HSc
significa Hahn‑Selbstspannerpistole Modell c, ou seja, Pistola de Dupla‑Ação Modelo C.
Acima, a pistola Mauser HSc em calibre 7,65mm Browning.
As duas pistolas que conviveram lado a lado no Exército Alemão durante a II Guerra: a Parabellum P‑08 e a
Walther P‑38, ambas em calibre 9mm Parabellum, na foto com suas culatras abertas.
Seja como for, e controvérsias à parte, com excessão dos Estados Unidos, a Alemanha era o país mais
bem servido de pistolas semi‑automáticas durante a II Guerra. Além de possuir “em casa” duas
excelentes armas, era prática comum durante a ocupação dos diversos países da Europa, a “adoção”
de armas neles fabricadas e que possuíam boas qualidades, como ocorreu durante a invasão da
Áustria, Bélgica, Polônia e Tchecoslováquia, onde as forças alemãs incorporaram as pistolas Steyr‑
Hahn 1911, Browning (FN) 1935, a Vis 35 (Radom) e as pistolas CZ (27 e 39), respectivamente.
ÁUSTRIA
A Áustria foi anexada ao III Reich antes do início da II Guerra, em 1938. Porém, antes da I Guerra, a
Áustria era parte do então Império Austro‑Húngaro, que agregava diversos países além da própria
Áustria e a Hungria, tais como a Tchecoslováquia e Bósnia‑Herzegovínia. Após a derrota na I Guerra,
juntamente com a aliada Alemanha, em 1918, o Império foi totalmente desmembrado e vários países
componentes se declararam independentes.
Em 1906 foi apresentada ao governo, para testes e avaliação, a pistola Roth‑Steyr em calibre 8mm
Steyr, projeto desenvolvido pelo engenheiro tcheco Karel Krnka em conjunto com o fabricante de
munições Georg Roth. Após a aprovação da arma em 1907, a mesma passou a ser adotada
oficialmente como Repetierpistole M7. Entretanto, Roth não possuía instalações nem estrutura para
fornecimento das pistolas em larga escala. O governo então contratou a Österreichische
fornecimento das pistolas em larga escala. O governo então contratou a Österreichische
Waffenfabriksgesellschaft (OEWG) localizada na cidade de Steyr, Áustria e também a FEG, na cidade de
Budapest. De 1908 ao início da guerra em 1914, quase 100.000 pistolas foram produzidas.
A pistola Roth‑Steyr em calibre 8mm, utilizada pelo Império Austro‑Húngaro durante a I Grande Guerra
Antes de 1912, praticamente todas as unidades de cavalaria do Exército Imperial estavam equipadas
com essa pistola, que teve grande aceitação por parte dos militares. A pistola possuía características
interessantes para a época; possuía um carregador fixo embutido na empunhadura, com capacidade
de 10 cartuchos calibre 8mm (8X19), cartucho esse desenvolvido
especificamente para essa arma por Georg Roth.
Balisticamente o cartucho 8mm Steyr não era considerado muito
potente, podendo ser situado em uma posição entre o 7,65mm
Browning e o 9mm Browning Curto, o conhecido .380 ACP. Porém, várias munições fabricadas
contavam com projéteis encamizados em aço, como o da foto à esquerda, o que aumentava em muito
o poder de penetração mas, por outro lado, causava um desgaste prematuro no raiamento dos canos.
Mesmo com um cartucho não muito potente, a pistola utilizava um interessante sistema de
trancamento de culatra, baseado no recuo e na rotação do cano em 90º, cujas estrias em alto relevo se
encaixavam em rebaixos usinados na armação para manter cano e armação solidários no momento
do disparo.
Utilizava um carregador tipo clipe para 10 cartuchos. Com o ferrolho aberto, encaixava‑se o clipe em
um engate existente sobre a armação e em seguida, usando‑se o polegar, pressionava‑se uma guia
para baixo, inserindo assim todos os cartuchos para o interior do carregador. Após a retirada do clipe
a culatra se fechava inserindo o primeiro cartucho na câmara.
Detalhe do carregamento da Roth‑Steyr, com o clip encaixado na armação – após os cartuchos serem inseridos, o
pente era retirado e o ferrolho se fechava, posicionando um cartucho na câmara.
Em 1911 o engenheiro Krnka apresentou um novo modelo de pistola, baseado em várias soluções que
ele mesmo já havia empregado na modelo 1907, como o sistema de cano rotativo para se trancar a
culatra, o carregador fixo no interior da empunhadura e o mesmo sistema de clipe de se carregar por
cima. Em 1912, depois de ter sido aceita pelos órgãos do governo, a pistola foi adotada para substituir
a Roth‑Steyr que era, sem dúvida, um projeto bem mais antiquado.
Pistola Steyr‑Hahn modelo 1912, em calibre 9mm Steyr, adotada em substituição ao modelo 1907
A Steyr‑Hahn possuía um desenho bem mais moderno que sua antecessora, claramente inspirado
nos projetos de Browning, como os modelos Colt 1902 e 1905, mas não se sabe o porque da insistência
do projetista em ainda manter soluções já consideradas ultrapassadas na época, como o uso de
magazine fixo ao invés de se utilizar um carregador do tipo destacável.
O sistema de trancamento de culatra (locked‑breech) era bem interessante, consistindo em um cano
giratório, composto de estrias helicoidais e de dois engates que se encaixavam na armação e no
ferrolho, respectivamente. Na ocasião do disparo, e com o curto recuo desse cano (cerca de 8.0 mm),
seu movimento giratório fazia com que os engates do cano se soltassem do ferrolho, liberando assim
seu movimento.
A maior falha de projeto dessa arma foi, sem dúvida, o seu sistema de carregador fixo embutido na
empunhadura, visto que algumas pistolas de uso militar, como a Parabellum, a Colt 1905 e mesmo a
1911 já possuíam carregadores destacáveis. O municiamento tinha que ser feito através de uma
lâmina (clipe), muito similar à utilizada nos fuzis Mauser e na pistola Mauser C96, com capacidade
de 8 cartuchos, que se encaixava em um recesso na parte superior do ferrolho. Uma vez empurrados
os cartuchos para o interior da arma, esse clipe era retirado para que o ferrolho se fechasse. Era
possível se municiar a arma sem a utilização de um clipe, mas o trabalho requeria uma certa
habilidade. Os clipes não ocupavam muito espaço mas era comum os cartuchos posicionados nas
extremidades se soltarem dos mesmos.
Devido à importância histórica dessa arma, e por suas peculiares características, Armas On Line
dedicou a ela um artigo específico, que você pode acessar aqui.
POLÔNIA
Até a década de 30, as forças militares da Polônia eram guarnecidas por uma miríade de pistolas de
diversas procedências, como as Browning, Colt, Steyr, Mauser e revólveres Nagant. Visando uma
padronização, diversos projetistas e engenheiros foram convidados pelo Governo Polonês a
desenvolver e apresentar um projeto de uma pistola semi‑automática a ser adotada pelo Governo. Os
engenheiros poloneses Piotr Wilniewczyc e Jan Skrzypińsky apresentaram seu projeto, uma pistola
denominada de WiS, um anacronismo baseado nos nomes dos inventores, e que foi levado à testes
em 1935 juntamente com pistolas da italiana Breda, da alemã Mauser e uma da fábrica suéca Skoda.
Devido a um empate técnico entre a pistola da Skoda e a WiS e provavelmente por motivos
patrióticos, decidiu‑se adotar a WiS como arma padrão do Exército. A produção da arma foi
destinada à Fabryka Broni Lucznik w Radomu, de onde o nome Radom é originário e pelo qual a
pistola ficou mais conhecida mundialmente. A denominação correta da arma mudou depois para Wz
35 Vis. Wz é a abreviatura de “wzór” (Modelo) e WiS foi substituído por Vis, palavra latina que
significa “força”.
A pistola WiS em calibre 9mm Parabellum, dotação do Exército Polonês a partir de 1935
O desenho era claramente inspirado na Colt 1911 de John Browning, com algumas modificações. Era
muito bem construída, com materiais de primeira qualidade e foi considerada por muitos estudiosos
uma das melhores armas de sua época, apesar de não ter sido popularizada fora da Polônia. Usava o
sistema de trava de culatra idêntico ao da Browning Hi‑Power 1935, por curto recuo do cano, possuía
uma trava de segurança na empunhadura e outra trava localizada no lado esquerdo do ferrolho, que
quando baixada, primeiro retraía o percussor para o interior do ferrolho e depois liberava o cão para
desarmar, permitindo um desengatilhamento seguro com um cartucho na câmara. Outro dispositivo
que se assemelha à trava usada na Colt 1911, montado do lado esquerdo da armação, era utilizado
somente para facilitar a desmontagem da arma. O cão era de formato redondo e recartilhado, e ficava
ligeiramente confinado no interior do ferrolho para evitar enroscos.
Foram produzidas até 1945 cerca de 360.000 pistolas, que foram também utilizadas pelos alemães
Foram produzidas até 1945 cerca de 360.000 pistolas, que foram também utilizadas pelos alemães
após a ocupação da Polônia. A arma pesava 960 gramas descarregada, com cano de 12 cm e um
comprimento total de 17,6 cm., capacidade do carregador de 8 cartuchos. Após a guerra, a Polônia
passou a utilizar as pistolas russas TT‑33 (Tokarev) por influência do Pacto de Varsóvia. Em 1992, a
empresa Lucznik Arms Factory de Radom fabricou um pequeno lote de 27 armas só para
distribuição a colecionadores.
UNIÃO SOVIÉTICA
Antes da II Guerra, o Exército Russo era um adepto ao uso dos revólveres para equipar suas tropas,
algo aliás muito comum em diversos países participantes do conflito. Apesar de que as pistolas só
começaram a surgir no cenário militar depois de 1900, claro que o domínio anterior dos revólveres
permaneceu ainda por muito tempo. Durante muitos anos o Exército Imperial Russo usou os
excelentes revólveres Smith & Wesson adquiridos dos USA em grande quantidade, fornecidos em
calibre .44 S&W Russian, e posteriormente os revólveres Nagant modelo 1895 fabricados na Bélgica e
depois localmente, em calibre 7,62mmX38R.
Em 1904 e 1905 esses revólveres foram utilizados em grande escala na guerra Russo‑Japonesa e
acredita‑se que armas como essa tenham sido a utilizadas pelos assassinos de toda a família dos
Romanov, ocorrida na adega do palácio imperial em Yekaterinburg.
Revólver Nagant de fabricação russa, de 7 tiros, calibre 7,62mmX38R, adotado pela Rússia Czarista em 1895
Os revólveres Nagant foram adquiridos inicialmente de Liège, na Bélgica, mas logo a produção foi
transferida para a Rússia. devido à grande demanda para substituir os revólveres Smith & Wesson
modelo 1874. Os projetistas belgas Léon e Émile Nagant já eram bem conhecidos e estimados pelo
Czar Nicolau II e seus serviços eram levados em alta conta pelos militares imperiais, devido
principalmente ao trabalho conjunto desenvolvido por eles e pelo engenheiro russo Mosin no projeto
do fuzil Mosin‑Nagant modelo 1891, que equipou o exército russo até a II Guerra Mundial.
Ao lado, detalhe do tambor de 7 câmaras e seus recessos que se encaixam no
cano.
Apesar do comprimento do cartucho que era de 38mm, sua balística era comparável a um cartucho
7,65mm Browning (.32 Auto) da atualidade, medíocre para finalidades militares.
Um fato curioso merece menção aqui: essa particularidade de evitar os escapes de gases entre tambor
e cano também cooperava para uma pequena redução de ruído, um detalhe que de certa forma
inviabiliza até hoje o uso de silenciadores em revólveres. Em 1909, o americano Hiram Maxim
patenteou o primeiro silenciador eficaz que se tem notícia, e os russos aproveitaram a idéia para usar
esse dispositivo nos revólveres Nagant, o que ocorreu em muito pouca quantidade na duas Guerras
Mundiais.
Esquema do funcionamento do sistema selador de escape de gases usado no revólver Nagant
Após a Revolução Socialista de 1917, militarmente falando, os soviéticos nunca foram adeptos nem
de pistolas nem de revólveres, preferindo as sub‑metralhadoras, uma particularidade que prioriza a
ação ofensiva mais do que a defensiva. Porém, diversas unidades do exército apreciavam poder
contar com uma arma leve para defesa pessoal para uso em alguma situação de emergência.
Uma comissão militar, chamada de Conselho Militar Revolucionário, foi formada para dar início ao
desenvolvimento de uma arma portátil mais moderna, para substituir os antiquados revólveres
Nagant modelo 1895. Tradicionalmente, pelo menos até a II Guerra, os soviéticos preferiam copiar
projetos já existentes ao invés de desenvolverem por sua própria conta. De modo geral, faziam
algumas modificações sobre o projeto que serviu de base, normalmente para reduzir custos e facilitar
a fabricação. O acabamento nunca foi uma prioridade, posto que a grande maioria das armas
fabricadas por eles eram toscas. Porém, elas davam bem conta do recado e funcionavam a contento, e
isso era o que importava.
A pistola Tokarev TT 30, com talas de madeira
A pistola Tokarev TT30 (Tula Tokarev 30) não era uma excessão. Seu idealizador foi Fedor
Vasilyevich Tokarev, oficial dos regimentos cossacos nascido em 1871 e falecido em 1996. Claramente
se inspirando no desenho e nas soluções da pistola Browning modelo 1903, Tokarev procedeu a uma
série de mudanças visando a simplicidade e deixando de lado os cosméticos. Assim sendo, a TT30
tinha uma aparência bem similar à Browning, mas com mecanismo de disparo totalmente diferente,
optando por montá‑lo num bloco separado.
Porém, a Browning 1903 era uma pistola sem trancamento de culatra (blowback), o que levou Tokarev
a usar um sistema idêntico ao da Colt 1911, com o cano articulando sobre uma biela e com engates
que se encaixavam em recessos usinados no ferrolho. O cão era externo mas parcialmente encoberto e
sem arestas, provavelmente para evitar enroscos nas vestimentas pesadas dos soldados. O sistema de
diparo era de ação simples, ou seja, a arma necessitava ser engatilhada antes do primeiro disparo.
Não tinha travas de segurança de nenhuma espécie, mas contava com um dispositivo “hold‑open“,
que travava o ferrolho na posição aberta após o último cartucho disparado. O carregador para 8
cartuchos era retirado por um botão situado perto do guarda‑mato, acionado pelo polegar do
atirador, aos moldes da Colt 1911.
O calibre utilizado foi o 7,62mm Tokarev (7,62mmX25), praticamente idêntico ao 7,63mm Mauser, de
alta velocidade e boa potência, mas com poder de parada limitado, considerado bem inferior ao
.45ACP da Colt.
Pistola Tokarev em calibre 7,62X25 mm adotada oficialmente pelo Exército Vermelho na II Guerra utilizando
telas de ebonite com a estrela de 5 pontas ao centro.
Detalhe da pistola TT30 desmontada, onde se percebem o ferrolho, cano, carregador e armação bem similares à
Detalhe da pistola TT30 desmontada, onde se percebem o ferrolho, cano, carregador e armação bem similares à
Browning 1903 e à Colt 1911 – à direita, o bloco onde se situava o mecanismo de disparo.
Após alguns anos, e visando facilitar ainda mais os processos e reduzir custos de manufatura, a TT30
é substituída pela TT33, com mínimas alterações internas. A produção durante a guerra foi bem alta,
suprindo a maior parte das unidades da infantaria soviética mas não chegaram a substituir os
revólveres Nagant em sua totalidade.
A pistola TT33 foi extensivamente copiada na China e passou a ser usada também pela Hungria,
Polônia, Egito, Iugoslávia, Coréia do Norte, Paquistão e em mais de 30 paises da Ásia, África e
Oceania. Indubitavelmente não era uma arma bem acabada nem muito atraente, mas a pistola tinha
um índice de confiabilidade muito grande e o mais importante, de tudo, era fácil e barata de
produzir. A partir de 1954, quando cessou a sua produção na U.R.R.S., o governo começou a sua
substituição pela pistola Makarov, em calibre 9mmX18, um projeto baseado na alemã Walther
modelo PP. Estima‑se a produção das TT30 e 33, só na União Soviética, em cerca de 1.700.000 armas.
Pistola Makarov, adotada pela URRS em 1951 para substituir a TT30, usando um cartucho de calibre
9mmX18mm, gatilho de dupla ação, culatra no sistema “blowback”; essa arma não permitia o uso do cartucho
9mm Parabellum, muito potente para ela.
ITÁLIA
A Itália sempre contou com muita tradição e muito boa fama na fabricação de armas, sendo que a
Bere냍a, por exemplo, é a mais antiga fabricante de armas ainda em existência, em atividade desde o
ano de 1400 e com comprovação baseada em documentação existente desde 1526. Como não podia
deixar de ser, a Bere냍a foi a mais importante fornecedora de armas para o Exército Italiano, com suas
deixar de ser, a Bere냍a foi a mais importante fornecedora de armas para o Exército Italiano, com suas
pistolas, sub‑metralhadoras e metralhadoras. A arma pessoal preferida pelo oficial italiano era a
pistola Bere냍a modelo 1934.
Pistola Bere냍a M. 1934 calibre .380 ACP, ou 9mm Browning Curto, adotada pelo Exército Italiano
Essa pistola era de desenho bem simples, sistema de culatra “blow‑back”, pois utilizava um cartucho
que não necessitava de sistema de culatra trancada, o 9mm Browning Curto, o conhecido .380 ACP.
Não resta dúvida de que se tratava de um dos cartuchos mais fracos a serem adotados por algum
exército, com exceção do 7,65mm Browning usado pela França, mas na realidade a pistola mais servia
como arma de defesa pessoal dos oficiais do que para entrar em combate, propriamente dito.
A qualidade do produto era muito alta, uma marca registrada do fabricante que sempre esmerou na
fabricação de suas armas. Foi apresentada e adotada pelo Exército Italiano em 1934, passando a ser
denominada de M1934. Posteriormente lançou‑se o modelo 1935, arma praticamente idêntica, mas
em calibre .32 Auto, ou 7,65mm Browning, cartucho por demais ineficiente para uso militar. Um fato
interessante é a marcação que se encontra nas armas fabricadas durante o regime fascista de
Mussolini. Esse regime criou um calendário próprio, alternativo ao Gregoriano, iniciando em 28 de
outubro de 1922 (data da chamada Marcha sobre Roma), de forma que uma pistola fabricada em
1939, como a da ilustração acima, trazia a marcação XVII (17), ou seja, décimo‑sétimo ano do
calendário.
O modelo 1934 tinha boas características, como o ainda hoje tradicional ferrolho com grande abertura
O modelo 1934 tinha boas características, como o ainda hoje tradicional ferrolho com grande abertura
de ejeção, o que facilita bastante o ciclo da arma, martelo externo e trava de segurança ao alcance do
polegar do atirador. Entretanto, apesar de que após o último disparo o ferrolho parasse aberto, ao se
retirar o carregador o mesmo se fechava, o que atrasava um pouco a velocidade de carregamento. O
modelo 1934 foi feito até 1991, com pouco mais de 1 milhão de armas produzidas.
Soldados aliados, tanto norte‑americanos como ingleses apreciavam muito essa pequena mas
excelente pistola, de modo que ela era constantemente surrupiada de oficiais italianos mortos ou
aprisionados, e posteriormente utilizadas pelos soldados aliados como arma destinada ao porte
dissimulado.
Uma outra pistola, participante das duas guerras mundiais, foi a Glisenti, em calibre 9mm, fabricada
a partir de 1910 pela Real Fabricca d’Armi Glisenti, indústria fundada por Giovanni Glisenti em 1860.
Seu cartucho, de uso exclusivo dela, era na verdade cópia do alemão 9mm Parabellum, porém com
uma carga menos potente. O uso do cartucho 9mm Parabellum nessas pistolas expõe o atirador a um
risco muito grande.
A pistola Glisenti M1910 em calibre 9mm Glisenti, adotada pelo Exército de 1910 a 1934, quando foi
substituída pela Bere냍a. Porém, continuou em serviço após essa data devido à escassez de pistolas produzidas
em época de guerra. Nota‑se nas placas da empunhadura, feitas de ebonite, o brasão da Casa dos Sabóias.
Os italianos já haviam utilizado em razoável quantidade as pistolas Mauser C96, cujo contrato de
cerca de 5.000 armas havia sido assinado em 1899. Porém, após essa aquisição nunca mais houve
outra, de forma que a quantidade de pistolas Mauser existentes se tornou pequena com o início da I
Guerra Mundial. Desta maneira, a firma Meccanica Bresciana Tempini, de Brescia, se encarregou de
produzir em série a pistola Glisenti, uma vez que em 1906 Glisenti abandonou o negócio,
transferindo seu maquinário e desenhos para a Tempini. A pistola pesava vazia cerca de 800 gramas e
utilizava um sistema de trava de culatra oscilante, uma espécie de bloco articulado em um eixo que se
utilizava um sistema de trava de culatra oscilante, uma espécie de bloco articulado em um eixo que se
encaixava na parte inferior do ferrolho. A capacidade do carregador era para 7 cartuchos. Convém
lembrar aqui que a Glisenti não é uma pistola no sistema “Locked‑ Breech” (culatra trancada), e sim,
uma variação do sistema do tipo ação retardada (retarded‑blowback).
Possuía um interessante sistema de segurança, muito similar ao utilizado pelas pistolas Tipo 14
japonesas: na parte frontal da empunhadura, logo abaixo do guarda‑mato, havia uma peça com
acabamento ranhurado, que era pressionada para dentro ao se empunhar a arma, destravando desta
forma o curso da tecla do gatilho. Quanto ao cartucho, a idéia da Tempini era utilizar o próprio 9mm
Parabellum, o que depois de alguns testes se mostrou potente demais. Tempini então reduziu a carga
do cartucho 9mm Parabellum em cerca de 25% e padronizou dessa forma o seu cartucho.
Desenho esquemático da pistola Glisenti, onde se pode notar o bloco oscilante que age como trava de culatra
As talas de empunhadura eram feitas de ebonite, material similar ao baquelite, porém frágeis ao
ponto de sempre se quebrarem em qualquer queda que a arma sofria sobre uma superfície rígida. Por
esse motivo, algumas delas passaram a ser fornecidas com placas de nogueira zigrinada, mas sem
ostentar o escudo dos Sabóias. Outra coisa interessante era uma peça em formato de chave, que ficava
armazenada em um dos lados da empunhadura e só acessível após a retirada de uma das talas, peça
essa que servia para se desmontar o ferrolho da arma.
O cartucho 9mm Parabellum era fartamente encontrado na Europa durante a II Guerra, de modo que
O cartucho 9mm Parabellum era fartamente encontrado na Europa durante a II Guerra, de modo que
os italianos não abriam mão de utilizá‑los de vez em quando nas pistolas Glisenti, apesar dessa
prática ser rigorosamente proibida dentro do Exército. O que acabava acontecendo é que a arma, com
o uso constante daqueles cartuchos, acabava causando acidentes sérios, como o desprendimento total
do ferrolho no momento do disparo, atingindo o rosto do atirador. Fatos assim só contribuíram para
piorar a fama da pistola e ela acabou fazendo juz a um apelido jocoso e até mesmo injustiçado: “a
Luger dos pobres”.
FRANÇA
Esse é outro país com pouca ou quase nenhuma tradição no desenvolvimento de pistolas semi‑
automáticas, de forma que conviveu por muitos anos com os revólveres equipando suas tropas. Até o
ano de 1892 a França utilizava um revólver de construção robusta e de grande calibre, o 11mmX17R;
tratava‑se do Chamelot Delvigne modelo 1873, produzido pela Manufacture D’Armes de St. Etiènne.
Seu cartucho era carregado com pólvora negra, com tambor fixo e com carregamento e a extração
feitas com um cartucho de cada vez.
Revólver Chamelot‑Delvigne de 1873, utilizado pelo Exército Francês até cerca de 1940, mesmo com a dotação
do Modelo 1892.
Porém, a partir de 1892 foi adotado um dos revólveres que mais de destacaram em uso militar e que
permaneceu em serviço por muito tempo: o Modelo de Ordenança 1892, conhecido erroneamente
como revólver Lebel. Este revólver foi desenvolvido por uma comissão nomeada pelo governo
francês e adotado como arma regulamentar do exército em 1892. Apesar de ter sido levemente
inspirado no seu antecessor, é um revólver bem mais moderno, de dupla‑ação, de tambor
inspirado no seu antecessor, é um revólver bem mais moderno, de dupla‑ação, de tambor
escamoteável (swing‑out cilinder) com capacidade para 6 cartuchos. Possuía um cano de 4″ e um peso
de 940 gramas quando municiado.
O revólver Modèle d’Ordenance, 1892 em calibre 8mm, fabricação de Saint‑Etiènne
Era uma arma bem construída, com materiais de primeira qualidade, produzida principalmente pela
Manufacture d’Armes de Saint Étienne, tradicional e importante fabricante de armas da França. Sua
armação era fechada, nos moldes dos revólveres Smith & Wesson e Colt norte‑americanos, com
tambor que se escamoteava para o lado direito, lado contrário ao dos americanos. A extração dos
cartuchos era feita por uma caneta e uma estrela que expulsava todos os cartuchos de uma só vez.
Possuía um interessante sistema que permitia que a tampa lateral que cobre todo o mecanismo,
incluindo o guarda‑mato, podia ser articulada como uma dobradiça, expondo assim as peças
internas para desmontagem ou limpesa.
Detalhe do revólver M1892 com sua placa lateral escamoteada, exibindo o mecanismo interno
Interessante citar, como curiosidade histórica, que esse revólver foi importado pela antiga Força
Pública do Estado de São Paulo, nas décadas de 20 e 30, e em razoável quantidade para equipar os
policiais da corporação. No começo dos anos 50, começaram a ser gradativamente substituídos por
revólveres nacionais, fabricados pela Taurus, em calibre .38 SPL. Ainda hoje se encontram excelentes
e bem conservados espécimens dessa arma, em mãos de ex‑oficiais da corporação, além do que são
muito apreciados pelos colecionadores.
Esse revólver serviu o Exército Francês, independente de sua baixa potência, por muitos anos, desde
a I Guerra até meados da II Guerra Mundial, quando a França resolveu aposentá‑los e adotar pistolas
semi‑automáticas, das quais a primeira delas foi a MAB 1935 utilizando o fraco cartucho 7,65mm
Browning, ou .32 Auto. Porém, a primeira pistola utilizada pelo Exército não foi a MAB. Durante os
anos que antecederam a I Grande Guerra, a França assinou um contrato de fornecimento de 40.000
pistolas da fabricante norte‑americana Savage, do modelo 1907, também em calibre 7,65mm
Browning.
Pistola Savage mod. 1907 – foto do modelo enviado à França, que tinha a argola de fixação do fiel incorporada à
empunhadura e um indicador de cartucho carregado na câmara
A pistola MAB 1935 era baseada no modelo 10/22 da F.N. belga, um projeto original de Browning,
com pequenas modificações na aparência externa da empunhadura e a colocação de uma trava de
segurança e do botão para extrair o carregador em uma posição mais cômoda, ao alcance do polegar
do atirador. Foi produzida na Manufacture d’Armes de Bayonne até cerca de 1963, e utilizada pelas
forças militares e policiais da França inclusive após a II Guerra, como no conflito da Hindochina e na
Guerra do Vietname. Uma variação um pouco menor foi produzida e destinada à venda no comércio
para uso por civís, denominada de modelo C.
É evidente que o calibre é considerado inadequado para defesa, ainda mais para uso militar ou em
combate. Durante a II Guerra, com a França ocupada pela Wehrmacht, passou a ser utilizada por
alguns membros ligados ao Partido Nazista e até mesmo pelo Exército, sendo que várias delas são
encontradas com marcações de prova alemãs, apesar de que algumas dessas pistolas foram,
claramente, marcadas após a guerra por comerciantes inescrupulosos, tentando transformar uma
pistola comum em um ítem atrativo para colecionadores.
Acima a pistola MAB modelo D em calibre 7,65mm Browning
Lado direito da pistola MAB modelo D, onde claramente se percebe a semelhança com a F.N. modelo 10/22
Outra pistola que foi adotada pouco antes da II Guerra era mais adequada ao uso militar, por utilizar
um cartucho um pouco mais potente do que o da MAB, apesar de não ser padrão e nunca ter sido
utilizado por qualquer outra pistola no mundo: o cartucho 7,65mm French Long. Essa arma se
denominava Pistolet Modèle 1935. Ela foi projetada especificamente para participar de testes de
utilizado por qualquer outra pistola no mundo: o cartucho 7,65mm French Long. Essa arma se
denominava Pistolet Modèle 1935. Ela foi projetada especificamente para participar de testes de
avaliação a serem conduzidos pela Commission d’Experiences Techniques de Versailles, que a partir de
1935 iniciou os trabalhos para escolher a arma que seria adotada pelas Forças Francesas.
A pistola Modelo 1935A produzida pela S.A.C.M.
Seu projeto é de autoria do então Capitão Charles Pe냍er, que trabalhava na Société Alsacienne de
Constructions Mécaniques de Cholet (SACM) baseado no sistema de trava de culatra de Browning.
Inicialmente a arma aprovada foi a modelo 1935A, das quais foram produzidas cerca de 10.700 antes
da ocupação alemã na II Guerra. Após a ocupação a produção
da pistola continuou sob supervisão alemã como “Pistole 625
(f)”, sendo que a letra (f) é oriunda da palavra Frankreich, que
é como os alemães se referem à França.
Apesar dela disparar um cartucho não muito potente, a arma
utilizava o sistema de tranca de culatra similar à Colt 1911,
mas ao invés de utilizar as duas tradicionais ranhuras sobre o
cano, que se encaixavam em recessos no ferrolho, Pe냍er optou
por aumentar o diâmetro da câmara para que ela mesma se
encaixasse na abertura da janela de ejeção, solução mais
simples e que é usada hoje em dia em várias pistolas, como
exemplo nas austríacas Glock e nas nacionais Taurus 24/7.
Uma prova da qualidade e virtudes do projeto é a que, após a guerra, a empresa suíça SIG
(Schweizerische Industrie Gesellschaft) adquiriu os direitos de produzir a arma naquele país, sendo o
ponto de partida para o projeto da pistola SIG modelo P210.
À esquerda, tres épocas de cartuchos franceses: o 8mm Lebel do revólver de ordenança, o 7,65mm Long e o
7,65mm Browning.
Uma outra variante foi produzida, além da modelo 1935A: era o modelo 1935S, que foi apresentado
Uma outra variante foi produzida, além da modelo 1935A: era o modelo 1935S, que foi apresentado
com diversos aperfeiçoamentos técnicos, permitindo processos de fabricação mais baratos e um
desenho de empunhadura retilíneo, o que a deixou mais ainda parecida com a Colt 1911.
Uma pistola modelo 1935S, produzida durante a II Guerra pela M.A.C.
Durante o período de guerra, a produção das pistolas 1935A e 1935F foram entregues a diversas
outras fábricas francesas, que eram concorrentes entre si na época de paz, tais como a MAS
(Manufacture d’Armes de Saint‑Étiènne), a M‑F (Manufacture Française d’Armes et Cycles de Saint Étiènne),
a SAGEM (Societé d’Applications Generales d’Electricité et de la Mecanique) e a MAC (Manufacture
Nationale d’Armes de Chatellerault), essa última a que mais quantidade produziu, cerca de 56,000
armas.
Acima uma pistola MAC 1935S desmontada, onde se percebe a similaridade com a Colt 1911 de Browning. Veja
no detalhe, o cano sem as ranhuras encontradas nas Colt 1911.
REINO UNIDO
Antes da II Guerra Mundial, a preferência britânica recaía invariavelmente em seus revólveres. Os
principais revólveres ingleses envolvidos nos dois conflitos foram os Webley & Sco냍 e os Enfield. A
Inglaterra, um país tradicionalmente conservador, sempre relutou um pouco em aceitar mudanças
quaisquer que fossem, de uma maneira geral. Isso causou diversos transtornos nos dois conflitos
mundiais, onde a presença de armamento antiquado gerava muitas críticas de dentro e fora do
âmbito militar, haja visto a relutância, por exemplo, em se adotar a sub‑metralhadora Thompson
oferecida pelos USA e inicialmente recusada, porque “o Exército não necessitava de uma arma que
era utilizada por gângsters”.
Revólver Webley & Sco냍 Mark III em calibre .455
Os revólveres Webley eram venerados pelos militares inglêses e sempre tiveram participação ativa e
muito confiável em todos os conflitos gerados pela expansão territorial do Império Britânico,
espalhados por diversas regiões do mundo e com os mais diferentes climas e ambientes. Apesar de
seu desenho já ser obsoleto na II Guerra, os revólveres Webley não costumavam deixar seus usuários
na mão, fossem convivendo com a areia nos desertos do norte da África ou debaixo de chuva e na
lama das úmidas selvas da Birmânia.
Foi adotado pelo Império Britânico em 1887, com o nome oficial de Pistol Webley Mark I B.L. Revolver,
substituindo os revólveres Enfield Mark I de 1879, que disparavam somente cartuchos com pólvora
negra, no calibre .476. O Mark I utilizava o calibre .442, mais tarde substituído pelo .455 nos Mark II,
bem antes da introdução do modelo Mark VI em 1915. O Webley & Sco냍 serviu até 1963 em diversas
unidades do Exército, mesmo com a presença de outras armas adotadas posteriormente a II Guerra.
Trata‑se de um revólver de dupla‑ação, modelo “top‑break”, ou seja, de abrir por cima. Com o cano
basculando para baixo, o extrator automático expulsa de uma só vez os seis cartuchos deflagrados do
interior do tambor, o que é uma operação muito rápida e prática. Nesta posição, o tambor pode ser
recarregado com facilidade, pois suas seis câmaras estão expostas ao mesmo tempo. O revólver
também pode ser utilizado em ação simples, engatilhando‑se manualmente o martelo a cada tiro, o
que permite uma pressão menor sobre o gatilho, pois em dupla‑ação, além do curso ser longo, ele é
bastante duro.
Revólver Webley & Sco냍 Mark IV, em calibre .455
O modelo Mark IV e o Mark VI foram os mais utilizados durante a II Guerra, pelos oficiais e
graduados do Exército. Possuía versões com canos de 4″, 6″ e 7 1/2″, pesava cerca de 1,100Kg
desmuniciado e o comprimento total era de 28cm. Embora não comum durante a guerra, uma versão
dos modelos Mark VI foi fabricada no calibre .380‑200, armas essas adotadas por algumas unidades
da Polícia Britânica até bem pouco tempo.
Um Webley & Sco냍 do modelo Mark VI, o mais utilizado na II Guerra Mundial, também em calibre .455
O cartucho .455 Webley, no início carregado com pólvora negra, foi a partir da versão Mk II
O cartucho .455 Webley, no início carregado com pólvora negra, foi a partir da versão Mk II
carregado com cordite, um tipo de pólvora sem fumaça, onde atingia cerca de 700 pés/seg de
velocidade; apesar dessa relativa baixa velocidade, tinha um bom poder de parada (“stopping‑
power”), comparado até ao .45 AR norte americano.
Revólver Webley Mark VI (foto do autor)
Vista explodida do revólver Webley Mark VI
O peso do projétil podia variar de 220 grains (14 gramas) a 265 grains (17 gramas) em versões que
iam do totalmente feito em chumbo, semi canto‑vivo, até mesmo uma jaquetada. Embora hoje seja
considerado um cartucho obsoleto, ainda há diversos fabricantes na Europa que o produzem, como a
Fiocchi e a Gecco.
O revólver Webley, principalmente devido ao seu peso, um bom
O revólver Webley, principalmente devido ao seu peso, um bom
balanço e munição não excessivamente potente, era uma arma
relativamente fácil de controlar e mesmo pessoal não muito bem
treinado conseguia resultados bem satisfatórios com ele.
Seu projeto era baseado nos revólveres Webley mas foi tanto internamente como externamente
modificado pela Real Fábrica de Armas Portáteis de Enfield. É inegável a semelhança do novo
mecanismo do Enfield com os revólveres da Smith & Wesson norte‑ americanos. A eliminação do
guarda‑mato, agora formando uma peça única com a armação, eliminando‑se assim um excesso de
peças, mais a tampa lateral para desmontagem, são exemplos bem claros dessa similaridade. O novo
formato da empunhadura também foi claramente inspirado nos Smith & Wesson.
Infelizmente em alguns aspectos o trabalho da Enfield afetou profundamente o humor dos soldados
que o portavam, pois seu gatilho era ainda mais pesado e duro do que de seus antecessores. Alguns
modelos do revólver eram produzidos com a cabeça do martelo eliminada, a fim de impedir o
enrosco em qualquer tipo de saliências comuns à ambientes confinados, como dentro de viaturas e
carros de combate. Com isso, a arma não permitia nem o uso em ação simples, caso fosse a
necessidade de se obter um tiro mais preciso.
O revólver Enfield Nº 2 Mark I, versão com martelo cortado para evitar que a arma enroscasse em alguma
saliência
Diagrama mostrando o mecanismo interno do Enfield Nº 2 Mk I
É curioso imaginarmos por que razão os militares britânicos resolveram substituir os revólveres
Webley, com seu eficiente cartucho .455 por um outro revólver, superior na simplicidade e na
facilidade de construção, mas com um calibre fraco como era o .380‑200, na verdade quase o mesmo
cartucho americano .38 S&W, conhecido erroneamente como .38 Smith & Wesson Curto. Este
cartucho, também conhecido na Inglaterra como .380 Revolver, era bem menos potente que o
cartucho .38 Special, que já estava em uso por unidades da Força Aérea Norte Americana.
Aliado ao fato de serem famosos pela pouca precisão, devido ao gatilho duro, vários combatentes
britânicos preferiam, na primeira oportunidade, trocá‑los até mesmo pelos Webley .455 ou pelos mais
preferidos Smith & Wesson americanos, fornecidos por esse fabricante à Inglaterra durante a guerra.
O sistema de abertura “top‑break” foi mantido, igual à dos Webley, ao invés de se adotar a opção do
tambor escamoteável (swing‑out cilinder) usada nos Colt e Smith & Wesson americanos.
Enfield Nº 2 Mark I, versão com o martelo tradicional, que possibilitava seu uso em ação simples, melhorando a
precisão.
Porém, o cenário até então dominado pelos dois revólveres estava mudando. Algumas unidades
aero‑terrestres e de comandos já estavam utilizando uma das melhores pistolas concebidas até aquela
data: a Browning modelo 1935, também chamada de “Hi‑Power”, em calibre 9mm Parabellum, com
carregador com capacidade de 13 cartuchos, fabricada no Canadá pela firma Inglis e na Bélgica pela
Fabrique Nationale D’Armes de Guerre. Porém, com a ocupação deste último país pelas forças
alemãs, somente o Canadá tinha condições de continuar fornecendo a arma. Para saber mais detalhes
sobre esta arma, e devido à sua importância no cenário militar e mesmo no uso civil, temos um artigo
bem abrangente aqui.
A Browning Hi‑Power 1935, calibre 9mm Parabellum, capacidade de 13 cartuchos, modelo dotado com mira
A Browning Hi‑Power 1935, calibre 9mm Parabellum, capacidade de 13 cartuchos, modelo dotado com mira
tangencial como os fornecidos para algumas unidades britânicas
Além da utilização, embora mais ou menos limitada, da pistola Browning 1935, o Reino Unido
também empregou a pistola semi‑automática Webley & Sco냍, apesar de que, com excessão da Royal
Navy que a adotou em 1912, ela nunca foi padrão no Exército. Porém, em tempos de guerra, muitas
coisas mudam, mesmo na Inglaterra, de modo que as Webley em calibre .455 Webley Auto foram
parar nas mãos de vários combatentes.
Porém, tinha qualidades, como uma construção robusta, relativa simplicidade de mecanismo e
empregava um cartucho potente com bom “stopping‑power”, baseado que foi no .455 utilizado nos
revólveres. A balística geral deste cartucho era similar ao .45 ACP em uso nas Colt 1911.
Entretanto, com o suprimento de cerca de 39.500 pistolas Colt mod. 1911A1 que o governo norte‑
americano promoveu nos tres primeiros anos da I Guerra, e pela superioridade inegável que as Colt
possuíam sobre as Webley, essas pistolas foram muito pouco presentes no cenário de combate na
Europa.
A Webley era uma pistola semi‑automática, com capacidade para 7 cartuchos em um carregador
inserido na empunhadura, com disparo sistema ação simples, ou seja, necessitava ser engatilhada
manualmente antes do primeiro tiro.
Pistola semi‑automática Webley & Sco냍 em calibre .455 Webley Auto e seu carregador (coleção particular)
A Webley & Sco냍 calibre .455 Webley Auto
O sistema de culatra da Webley era tipo “locked‑breech”, usando um interessante método onde o
cano, ao recuar, baixava alguns milímetros no interior da armação, através de ressaltos inclinados ali
existentes, que coincidiam com rebaixos usinados na face interna da armação. Possuía uma trava de
coronha, solução que foi muito bem aceita por diversos projetistas de pistolas militares, como a Colt
1911 e a Parabellum, pois evitava de alguma forma o disparo acidental da arma quando não estivesse
sendo empunhada. Seu peso era de 1,110 Kg descarregada, comprimento total de 216 mm e com cano
de 127 mm.
JAPÃO
Outro país não muito adepto do uso de armas curtas entre seus guerreiros, sendo que muitos oficiais
japoneses eram vistos, muitas vezes, portando mais espadas do que pistolas, o Japão foi um dos mais
desafortunados países em relação ao seu armamento como um todo. Nenhuma arma curta ou longa
que equipava o exército japonês podia ser digna de ser muito elogiada.
Com relação às suas armas curtas, o Japão adotou para uso de seus oficiais duas pistolas que
possuíam, além do nome em comum e cada uma a seu modo, características bem estranhas: foram a
pistola Tipo 14 e a pistola modelo 94.
A Tipo 14, acima ilustrada, projetada por Kijiro Nambu, claramente inspirada na aparência da pistola
alemã Parabellum, não tinha mais nada em comum com aquela arma além da semelhança. Utilizava
um pequeno e fraco cartucho de calibre 8mm, com baixo poder de parada, muito similar em desenho
com o 7,63mm Mauser, mas longe de ter as qualidades deste último.
Das pistolas alemãs Parabellum (Luger), produzidas desde 1900, a Nambu herdou o formato e o
ângulo de inclinação da empunhadura, a peça que serve de base do carregador, o guarda‑mato
circular e até o cartucho que disparava. Porém, as semelhanças terminam por aí. Mecanicamente, são
armas completamente diferentes. A Nambu não utiliza o peculiar ferrolho articulado de ação de
joelho, como nas Lugers. Na verdade, usa até uma solução muito mais simples; um ferrolho feito em
uma só peça e com uma mola recuperadora posicionada do lado esquerdo do mesmo.
A pistola modelo modelo 94 (foto acima) é designada por muitos estudiosos, como a pior pistola
militar semi‑automática já construída. Projetada pelo mesmo oficial japonês Kijiro Nambu, foi uma
alternativa encontrada para a substituição do Tipo 14, de fabricação muito mais cara e demorada.
Utilizava o mesmo e ineficiente cartucho 8mm Nambu de sua antecessora.
Utilizava o mesmo e ineficiente cartucho 8mm Nambu de sua antecessora.
O ferrolho da 94 era feito em duas peças. A peça que recuava propriamente dita tinha como
dispositivo de parada uma pequena lingueta transversal, algo considerado frágil, mesmo tendo em
conta que o cartucho era fraco e a arma possuía uma trava de culatra. A desmontagem era um pouco
mais complicada que a Tipo 14 e aí poderia ocorrer algo perigoso: na remontagem, a arma poderia
ser completamente montada, mas sem a trava de culatra. Como se tratava de uma peça pequena,
seria até fácil perdê‑la num local confuso e nem se dar conta dela ao montar. O resultado podia ser
catastrófico pois a pistola se converteria numa “blow‑back”, ou seja, o ferrolho poderia ser ejetado
para fora da arma bem na direção do rosto do atirador.
Apesar da popularidade da arma junto aos oficiais do Exército, ela nunca foi considerada taticamente
importante em batalhas. Num exército onde os oficiais se sentiam mais seguros usando suas
tradicionais espadas e outras armas de lâmina, oriundas de herança de família, uma arma como esta,
de precisão medíocre e qualidade duvidosa, era mais um “traste” para ser carregado ou talvez útil
para se cometer suicídio em caso de ser aprisionado, do que algo em que se poderia confiar a vida em
um campo de batalha.
As pistolas Nambu mereceram um capítulo à parte em nosso site. Para conhecer melhor essas armas,
acesse o artigo por aqui.
ESTADOS UNIDOS
Os Estados Unidos da América tiveram sua estréia na II Guerra no teatro do Pacífico, após o ataque
japonês à Pearl Harbor, no final de 1941. Entretando, desde 1911 suas forças militares já contavam
com uma das melhores e mais famosas pistolas até hoje fabricadas, a Colt modelo 1911 em calibre
.45ACP.
Toda a saga e desenvolvimento dessa arma são minuciosamente descritos aqui em nosso site, em dois
artigos distintos a saber:
A Colt 1911 História e Desenvolvimento e A Colt 1911 – Os testes de 1907
Nesses dois artigos descrevemos a evolução e desenvolvimento da arma, sua participação histórica
em todos os conflitos mundiais e finalmente a sua dotação oficial como arma regulamentar do
Exército Norte‑Americano, com os testes de campo iniciados em 1907 e terminados em 1911, em
Springfield, Massachussets.
Entretanto, cabe aqui um resumo da situação pré‑guerra dos Estados Unidos. Adotada em 1911,a
Colt participou já da I Grande Guerra, seja nas mãos dos norte‑americanos como nas mãos de
soldados britânicos. No começo da II Guerra, o Governo dos USA traçou um plano de cooperação
com a Inglaterra, de forma que passou a fornecer àquele país uma quantidade considerável de
revólveres Smith & Wesson em calibre .38 bem como de pistolas Colt 1911 em cal. 45ACP.
Pistola Colt 1911A1 em calibre .45ACP, arma padrão regulamentar dos Estados Unidos de 1911 a 1974
Com a entrada dos USA na guerra, todo o esforço de produção de armamentos era necessário agora
para suprir a demanda do próprio país. Além da pistola 1911, o Exército e Aeronáutica utilizaram
revólveres, basicamente tres modelos, um da Colt e dois da Smith & Wesson. Mesmo depois da
adoção da 1911 pelo Exército, a Aeronáutica continuou utilizando em grande quantidade os
revólveres da Smith & Wesson em calibre .38 Special. Era um modelo muito similar ao comercial,
vendido pela empresa no mercado civil e fornecido para a maioria das unidades policiais norte‑
americanas.
Uma arma confiável, de porte médio, mas
com um calibre não muito indicado para
uso militar, com seu projétil de chumbo.
Porém, devido à sua utilização, visando
mais a defesa pessoal de seus pilotos do
que combater numa frente de batalha, o
revólver até que cumpria bem sua
finalidade.
À esquerda, o Smith & Wesson .38 SPL e seu
coldre de couro
Seu sistema de gatilho era de dupla‑ação, cilindro rebatível com capacidade de 6 cartuchos.
Seu sistema de gatilho era de dupla‑ação, cilindro rebatível com capacidade de 6 cartuchos.
Originalmente projetado para usar a mesma munição da pistola, o cartucho .45ACP, ele necessitava
de um jogo de dois clipes meia‑lua, onde os culotes dos cartuchos eram fixados, a fim de possibilitar
a extração. Porém, podia disparar a contento a mesma munição sem uso da meia‑lua, pois os
tambores possuíam o ressalto necessário para o apoio da cápsula, mas a extração dos cartuchos era
feita manualmente, pois a estrela de extração não engastava nessas cápsulas.
Uma solução encontrada para evitar o uso desses adaptadores foi desenvolver um outro tipo de
cartucho, mas contando com um aro (rimmed), carregado com projétil de chumbo e com carga
propelente equivalente ao .45 da pistola, denominado de .45 Auto Rim.
Acima, exemplar do revólver Smith &Wesson do Contrato Brasileiro de 1937 com o brasão da República
Os anos de serviço militar do M1917 não se encerraram após a I Guerra. Cerca de 175.000 revólveres
foram fornecidos ao Exército dos Estados Unidos. Em 1937, a exemplo do que também ocorreu com a
pistola Colt Modelo 1911A1, o Governo Brasileiro encomendou 25.000 revólveres à fábrica da Smith
& Wesson. Esses revólveres foram distribuídos aos quartéis de diversos estados brasileiros, e todos
vinham gravados com o Brasão de Armas da República, e a data de 1937 estampados do lado direita
da arma. A alça de mira era ligeiramente modificada em relação ao Smith & Wesson fornecido ao
Governo Americano, e as talas da empunhadura, em nogueira americana, foram fornecidas lisas ou
também zigrinadas (igual ao do modelo comercial americano), com o medalhão da fábrica, em
alumínio, incrustado em sua parte superior. O acabamento era a oxidação padrão “dull‑black”,
brilhante, e o gatilho e cão, em “case‑hardened”.
Smith & Wesson DA 1917 do modelo Contrato Brasileiro de 1937
Composição artística do revólver S&W 1917 do Contrato Brasileiro e caixa de cartuchos cal. 45 Auto, produzida
Composição artística do revólver S&W 1917 do Contrato Brasileiro e caixa de cartuchos cal. 45 Auto, produzida
pela CBC na década de 60 para o Ministério da Guerra. Abaixo, os clipes “meia‑lua” e medalhas. Nesta foto o
Brazão da República não está bem visível devido à iluminação incidente.
O outro revólver adotado pelo Exército Americano era o não menos famoso Colt New Service M1909,
também em calibre .45ACP, arma igualmente robusta e extremamente resistente, de tamanho um
pouco mais avantajado do que os da Smith & Wesson. Foram produzidos cerca de 350.000 revólveres,
fornecidos não só ao Exército Americano como também ao Canadense e Britânico, entre 1898 e 1946.
Diversos cartuchos foram disponibilizados para essa arma, além do .45ACP: .476 Enfield, .455
Webley, .45 Colt, .44‑40 Winchester, .38 SPL e .357 Magnum. No caso da utilização do .45ACP, o Colt
New Service aceitava os mesmos clipes meia‑lua desenvolvidos pela Smith & Wesson.
O Colt New Service 1917 em calibre .45 ACP
Ambos os revólveres granjeavam de enorme popularidade e reporta‑se até o fato de alguns
combatentes preferirem utilizá‑lo no lugar da Colt 1911, talvez por tradição ou até mesmo pelas
indiscutíveis vantagens que um revólver possui sobre uma pistola semi‑automática, a mais
importante delas a confiabilidade e a maior rapidez de poder ser disparado novamente, após um
incidente de nega ou falha do cartucho.
De qualquer forma, e encerrando aqui a nossa lista de países participantes do conflito, não resta
dúvida de que a II Guerra Mundial veio selar definitivamente a utilização militar das pistolas semi‑
automáticas sobre os revólveres, como arma individual ofensiva ou de defesa pessoal, uma tendência
iniciada mesmo antes da guerra e que tornou‑se hoje, padrão em todas as forças militares em
atividade.
*** *** ***
Wri냍en by Carlos F P Neto
16/05/2011 às 20:45
16/05/2011 às 20:45
14 Respostas
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Prezado Carlos,
Sobre a fabricação de armas sem número de série, os fabricantes não o admitem, mas o fato é que
algumas são assim produzidas. São as chamadas armas “sanitizadas”, cujo objetivo é a
comercialização para países que sofram algum tipo de embargo. Quanto à Smith & Wesson, soube
de pelo menos duas submetralhadoras M‑76, apreendidas aqui no Brasil, onde a perícia constatou
que se tratavam de peças nessa configuração. Soube, também, de uma carabina Puma apreendida
em Minas Gerais, onde a perícia constatou que a arma não foi numerada ao sair da fábrica. Em
armas curtas ainda não soube de casos assim.
Erick Tamberg
01/06/2016 at 16:37
Edimar, pode enviar as fotos para nosso e‑mail armasonline@gmail.com. No entanto, avaliações e
identificações são cobradas, valor de R$ 40,00 por arma. Abraços.
Carlos F P Neto
04/05/2016 at 19:33
BOA NOITE! TENHO 3 ARMAS QUE PERTENCERAM AO MEU AVO FALECIDO A 70 ANOS,
EU ESTOU COM 77 ANOS, PORTANTO AS ARMAS SÃO ANTIGAS, 1 REVOLVER, 1
REVOLVER PISTOLA, E UMA PISTOLA, GOSTARIA DE ENVIAR FOTOS DAS ARMAS PARA
SUA APRECIAÇÃO, É POSSIVEL?, ABRAÇO EDMAR BATISTA.
EDIMAR RIBEIRO BAPTISTA
04/05/2016 at 19:04
Stefan, saudações. Por gentileza, leia antes a nossa Política de Avaliações e Identificações, no
menu do site. Obrigado.
Carlos F P Neto
24/01/2016 at 18:37
Boa tarde, sou proprietário de um revólver Smith wesson de calibre 32, longo, cromado e placas
de empunhar em madrepérola, fabricado na Alemanha pela CGHaenel. Gostaria de saber
detalhes da concessão americana, e até que data foi fabricado.
Stefan Kulina Neto
21/01/2016 at 15:35
Paloma, mande‑nos um email para armasonline@gmail.com. Grato.
Carlos F P Neto
Carlos F P Neto
27/08/2015 at 11:10
Olá, estou realizando um projeto integrador de curso na minha faculdade, onde preciso fazer a
abertura de uma empresa fictícia; e optamos inicialmente pela indústria bélica. Como inicialmente
seria apenas uma empresa nacional e precisamos”dominar” 5% do mercado, optamos por fabricar
armas leves, revólveres ou pistolas. O problema é que estamos com várias dúvidas no processo de
fabricação, poderia me ajudar de alguma forma?
Obrigada.
Paloma
27/08/2015 at 0:13
Olá, Carlos!
Sobre os revólveres militares, é interessante notar a comparação que o autor britânico John Weeks
faz entre os Enfield e os Smith & Wesson: segundo ele, os Enfield requeriam um “pulso de
Hércules” para acionar o gatilho, porém, conseguiam percutir eficazmente a munição feita às
pressas em tempo de guerra. Enquanto os Smith & Wesson “Victory Model” eram mais macios e
precisos, eles frequentemente negavam fogo com munição militar, pois a maciez do gatilho
resultava em uma percussão fraca.
Quanto ao revólver francês Modelo 1892, os últimos registros de seu uso em combate são do final
dos anos 60, tendo sido capturados exemplares nas mãos dos vietcongues. Recordo‑me de dois
filmes onde esse revólver aparece:
– “Os Boinas Verdes”, com John Wayne (aparece num quadro de armas capturadas logo no início
do filme);
– “O Dia do Chacal”, com o ator Edward Fox (não o lixo do remake com Bruce Willis): um 1892 é
usado no fuzilamento do coronel Jean‑Baptiste Bastien‑Thiry (este fato foi real) para o tiro de
misericórdia.
Erick Tamberg
27/07/2015 at 12:59
Rafael, saudações. Você possui CR com apostilamento de coleção há quanto tempo? Abraços.
Carlos F P Neto
04/02/2015 at 10:00
Dentre outros objetos da Segunda Guerra, tenho interesse em adquirir uma Walther P38 de um
colecionador no exterior. É possível? quais seriam os passos legais para isso?
obrigado
Rafael
03/02/2015 at 21:31
Lenoir, todos os revólveres do contrato com a S&W vieram com numeração serial. A S&W nunca
Lenoir, todos os revólveres do contrato com a S&W vieram com numeração serial. A S&W nunca
produziu uma arma sequer sem numeração serial, a exemplo de sua rival Colt. Se algum
exemplar desses revólveres estiverem sem numeração, foram raspadas. Muitos deles também
possuem, no “backstrap” uma segunda numeração de controle, provavelmente do Arsenal de
Gusrra, mas não são todos.
Carlos F P Neto
11/11/2014 at 17:20
Boa Tarde Carlos.
Isso mesmo. Gostaria de saber se todas as armas saíam de fábrica com a numeração de série, como
nos casos das armas mais modernas.
Estou fazendo uma tese de que essas armas não podem ser consideradas como arma de uso
restrito, somente levando em conta o calibre. O que me chamou a atenção é que raramente são
encontrados os números de série. Por isso a questão.
Obrigado pela atenção.
Abraço
Lenoir
lenoir
11/11/2014 at 16:08
Lenoir, saudações. Quais revólveres a que se refere? Os Smith & Wesson do contrato brasileiro de
1937?
Carlos F P Neto
11/11/2014 at 15:44
Boa Tarde!. Excelente material para os curiosos como eu ou até mesmo para os maiores
conhecedores do assunto.
Esses revólveres da S & W, que vieram para o Brasil nessas remessas possuíam numeração ou
somente a descrição do fabricante e local de fabricação?
Caso não consigam responder, onde eu poderia obter essas informações?
Grato pela atenção e se puderem ajudar nas questões ficarei imensamente agradecido!
Abraço
Lenoir
lenoir
10/11/2014 at 19:56