Modelo de Memoriais para Julgamento
Modelo de Memoriais para Julgamento
Modelo de Memoriais para Julgamento
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
EMINENTES JULGADORES,
VII- Sentença de fls. 50/52 decidiu pela procedência dos embargos, aduzindo,
em suma, a aplicação da Súmula 84 do STJ, a qual admite a oposição de embargos de
terceiro fundados em alegação de posse advinda de compromisso de compra e venda,
ainda que desprovido do registro.
2. DAS PRELIMINARES
XVIII- Por outro lado, verifica-se que desde 10.01.2012, data do termo
de posse, até 08.03.2017, data da Decisão que a destituiu, a Administradora Judicial da
Massa Falida de Mediodonto – Assistencial LTDA era Úrsula Catarine Rocha Matos.
Neste sentido, observando-se as certidões de fls. 38/v. e 41/v. percebe-se que as
intimações foram efetivamente realizadas na pessoa da aludida Administradora, sendo,
pois, válidas.
XXI- Em preciosa lição, Fredie Didier JR. aduz: “Não se pode confundir a revelia,
que é um ato-fato, com a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor, que é um dos seus
efeitos. A revelia não é um efeito jurídico; a revelia encontra-se no mundo dos fatos e é um ato fato
jurídico”.1
XXII- Neste sentido, tal presunção é afastada nas hipóteses do artigo 345, do
CPC/15. Logo, in casu, é mais que certo que a presunção de veracidade não se aplica ao
caso em testilha, haja vista tratarem-se os direitos em discussão de indisponíveis,
consonante o inciso II, do referido artigo. Os interesses da Massa Falida não são de
livre disposição pelo Administrador Judicial, o qual exerce notável munus público, na
defesa dos credores e da própria lei.
XXIV- Não é razoável, muito em razão dos princípios que regem o processo
falimentar, notadamente o do melhor interesse dos credores, que estes ficassem a ver
navios em razão da desídia da Administradora Judicial, a qual não contestou ação de
relevantíssimo interesse, haja vista, ao que tudo indica, serem os imóveis em análise os
únicos bens da Massa Falida.
3. DO MÉRITO
1DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito Processual Civil,
Parte Geral e Processo do Conhecimento – Volume I. 17a Edição; Salvador, Juspodium, 2015
cumpre fazer um breve histórico da sociedade que originou a presente Massa Falida:
XXVI- Nesta toada, resta, ainda, indiscutível a nulidade do contrato de promessa
de compra e venda objeto dos embargos de terceiro. Tem-se que o instrumento
contratual encontra-se datado de 20.08.2004. Entretanto, verifica-se que é na 9a
Alteração Contratual, datada de 07.02.2006, já mencionada, que houve a retirada dos
sócios primevos José Eustáquio Pereira e Divina Maria da Silva, com a entrada dos
novos sócios MAURÍCIO DUARTE, portador de 99.000 (noventa e nove mil) quotas
de R$1,00 (hum real) e JOSÉ ALBERTO DUARTE LOURENÇO, titular de 1.000
(hum mil) quotas de R$1,00 (hum real). Ocorre que na promessa de compra e venda
assinam como promitentes vendedores, representando a sociedade proprietária
do imóveis, os mesmos MAURÍCIO DUARTE E JOSÉ ALBERTO DUARTE
LOURENÇO.
XXX- Não pode nem mesmo o Apelado invocar erro material na data aposta
no contrato, notadamente em face da leitura de sua inicial, na qual mencionam
múltiplas ocasiões que o negócio foi realizado em 20 de agosto de 2006 (20.08.2006),
diferindo de 20 de agosto de 2004 (20.08.2004). Isto se dá, pois, mesmo se considerar
a data de assinatura supracitada, veremos que o reconhecimento de firma constante do
verso do instrumento (fl. 14/v.) é de 24.05.2006, isto é, a autenticação teria ocorrido
três meses antes da formalização do contrato, algo evidentemente impossível!
XXXII- Ora, afirma o Apelado várias vezes em sua inicial ter agido de
boa-fé ao efetuar o negócio de compra e venda. Entretanto, qualquer que seja
considerada a data de assinatura do contrato, estar-se-á dentro dos limites do termo
legal da liquidação, muito antes, inclusive, da avença que o Apelado afirma ser boa, isto
é, para todos os fins da lei, a sociedade promitente vendedora já estava em crise. Não
há, pois, como se esquivar, notadamente em face da latente nulidade já
exaustivamente mencionada no contrato, das datas contraditórias, da abrangência
pelo termo legal, além do valor irrisório pelo qual foram vendidos os lotes (R$21.000,00
pelos sete), sendo que a ASMÉDICA os comprou por R$70.000,00 (setenta mil reais),
de possível conluio entre as partes.
4. DA CONCLUSÃO
XXXVIII- Ante o exposto, requer este Administrador Judicial que seja dado
PROVIMENTO ao recurso interposto às fls. 54/61, com a consequente reforma da
Sentença exarada às fls. 50/52, pelos fundamentos aqui expostos, a fim de se manter a
indisponibilidade dos bens imóveis em questão.
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MARIA CELESTE MORAIS GUIMARÃES
OAB/MG 37.745
Administrador Judicial
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PEDRO HENRIQUE GUIMARÃES COSTA
OAB/MG 177.316