Elementos Avaliacao Programa Formacao Cnte
Elementos Avaliacao Programa Formacao Cnte
Elementos Avaliacao Programa Formacao Cnte
Presidente SUPLENTES
Roberto Franklin de Leão (SP) Carlos Lima Furtado (TO)
Vice-Presidente Janeayre Almeida de Souto (RN)
Milton Canuto de Almeida (AL) Rosimar do Prado Carvalho (MG)
Secretário de Finanças João Alexandrino de Oliveira (PE)
Antonio de Lisboa Amancio Vale (DF) Paulina Pereira Silva de Almeida (PI)
Francisco de Assis Silva (RN)
Secretária Geral
Denise Rodrigues Goulart (RS)
Marta Vanelli (SC)
Alex Santos Saratt (RS)
Secretária de Relações Internacionais Maria Madalena A. Alcântara (ES)
Fátima Aparecida da Silva (MS)
Secretário de Assuntos Educacionais CONSELHO FISCAL - TITULARES
Heleno Araújo Filho (PE) Mario Sergio F. de Souza (PR)
Secretário de Imprensa e Divulgação Ivaneia de Souza Alves (AP)
Alvísio Jacó Ely (SC) Rosana Sousa do Nascimento (AC)
Secretário de Política Sindical Berenice Jacinto D’arc (DF)
Rui Oliveira (BA) Jakes Paulo Félix dos Santos (MG)
Secretário de Formação
Gilmar Soares Ferreira (MT) CONSELHO FISCAL - SUPLENTES
Secretária de Organização Ida Irma Dettmer (RS)
Marilda de Abreu Araújo (MG) Francisco Martins Silva (PI)
Secretário de Políticas Sociais Francisca Pereira da Rocha Seixas (SP)
Marco Antonio Soares (SP)
Secretária de Relações de Gênero Coord. do Depto. de Funcionários de Escola (DEFE)
Isis Tavares Neves (AM) Edmilson Ramos - Lamparina (DF)
Secretário de Aposentados e Assuntos Previdenciários Coord. do Depto. de Especialistas em Educação (DESPE)
Joaquim Juscelino Linhares Cunha (CE) Zenaide Honório (SP)
Secretária de Assuntos Jurídicos e Legislativos
Ana Denise Ribas de Oliveira (PR)
Secretária de Saúde dos(as) Trabalhadores(as) em Educação
Maria Antonieta da Trindade (PE)
Secretária de Assuntos Municipais
Selene Barboza Michielin Rodrigues (RS)
Secretário de Direitos Humanos
José Carlos Bueno do Prado - Zezinho (SP)
Secretaria Executiva
Claudir Mata Magalhães de Sales (RO)
Secretaria Executiva
Odair José Neves Santos (MA)
Secretaria Executiva
José Valdivino de Moraes (PR)
Secretaria Executiva
Joel de Almeida Santos (SE)
Endereço
SDS Ed. Venâncio III, Salas 101/106, Asa Sul, CEP: 70393-900, Brasília-DF, Brasil.
Telefone: + 55 (61) 3225-1003 Fax: + 55 (61) 3225-2685
Site: www.cnte.org.br » E-mail: cnte@cnte.org.br
Entidades Filiadas à CNTE
Revisão de textos
Carmen Lozza (português e leitura crítica)
Formas Consultoria (normas técnicas)
Editoração
Frisson Comunicação
Inclui Bibliografia
ISBN 978-85-64766-00-6 [eletrônico]
CDD 334
Wanderson Scapechi
CRB8/7172
Sumário
Apresentação.....................................................................................................................................................................7
Prólogo...............................................................................................................................................................................8
Introdução.......................................................................................................................................................................10
Discussão teórica e metodológica...............................................................................................................................12
Categorias....................................................................................................................................................................................... 12
Processo........................................................................................................................................................................................... 12
Instrumento de coleta de dados.................................................................................................................................................. 13
Metodologia.................................................................................................................................................................................... 14
Análise das categorias...................................................................................................................................................16
Participantes................................................................................................................................................................................... 16
Caracterização das entidades e filiações de base...................................................................................................................... 17
Desenvolvimento de atividades de formação........................................................................................................................... 18
Tipos de atividades de formação................................................................................................................................................. 19
Atividades de formação para além do Programa de Formação da CNTE............................................................................ 20
Eixos do Programa de Formação da CNTE............................................................................................................................... 23
Fascículos do Programa de Formação da CNTE....................................................................................................................... 25
Eixo 1 – Concepção política e sindical.......................................................................................................................25
Eixo 2 – Teoria e prática sindical..............................................................................................................................27
Eixo 3 – Planejamento e ação sindical.......................................................................................................................28
Eixo 4 – Temas transversais.....................................................................................................................................30
Turmas previstas e criadas........................................................................................................................................................... 35
Inscrições por região geográfica.................................................................................................................................................. 38
Concluintes das atividades de formação.................................................................................................................................... 39
Desenvolvimento do Programa junto à base............................................................................................................................. 47
Formas de reaplicação do Programa junto à base.................................................................................................................... 48
Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa..................................................................................................... 49
Participação de outras categorias................................................................................................................................................ 55
Detalhamento da participação de outras categorias................................................................................................................. 56
Avaliação dos fascículos do Programa....................................................................................................................................... 58
Avaliação geral do Programa de Formação............................................................................................................................... 60
Possíveis dificuldades na implementação do Programa e sugestões..................................................................................... 64
Pontos para a tomada de decisões...............................................................................................................................67
Referências......................................................................................................................................................................70
Anexo 1 - Instrumento de Coleta de Dados para Avaliação do Programa de Formação ..................................71
Gráficos
Gráfico 1 – Dispersão temática das atividades de formação desenvolvidas pelas entidades afiliadas,
para além do Programa de Formação da CNTE. ..............................................................................22
Gráfico 2 – Eixo 1 – Utilização de fascículos referentes à Concepção Política e Sindical. ...............................26
Gráfico 3 – Eixo 2 – Utilização de fascículos referentes à Teoria e Prática Social. ............................................27
Gráfico 4 – Eixo 3 – Utilização de fascículos referentes a Planejamento e Ação Sindical. ..............................29
Gráfico 5 – Criação de turmas, por região geográfica. .........................................................................................38
Gráfico 6 – Número de inscrições, por região geográfica. ...................................................................................39
Gráfico 7 – Inscritos e concluintes, por eixo e gênero – Região Nordeste. ........................................................40
Gráfico 8 – Inscritos e concluintes, por eixo e gênero – Região Sudeste. ..........................................................41
Gráfico 9 – Inscritos e concluintes, por eixo e gênero – Região Centro-Oeste. .................................................42
Gráfico 10 – Inscritos e concluintes, por eixo e gênero – Região Sul. ..................................................................43
Gráfico 11 – Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa de Formação da CNTE –
Região Nordeste. ...................................................................................................................................50
5
Sumário
Gráfico 12 – Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa de Formação da CNTE –
Região Sudeste. ......................................................................................................................................52
Gráfico 13 – Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa de Formação CNTE –
Região Centro-Oeste. ............................................................................................................................53
Gráfico 14 – Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa de Formação CNTE –
Região Sul. ..............................................................................................................................................54
Quadro
Quadro 1 – Temas das atividades de formação desenvolvidas pelas entidades afiliadas, para além do
Programa de Formação da CNTE. ......................................................................................................20
Tabelas
Tabela 1 – Eixos realizados do Programa de Formação da CNTE, por região geográfica. ....................................... 24
Tabela 2 – Atividades e respectivas formas e anos de realização – Região Nordeste. ................................................ 30
Tabela 3 – Atividades e respectivas formas e anos de realização – Região Norte. ...................................................... 31
Tabela 4 – Atividades e respectivas formas e anos de realização – Região Sudeste. ................................................... 32
Tabela 5 – Atividades e respectivas formas e anos de realização – Região Centro-Oeste. ......................................... 32
Tabela 6 – Atividades e respectivas formas e anos de realização – Região Sul. ........................................................... 33
Tabela 7 – Participantes do Programa de Formação da CNTE, por vagas, turmas e inscritos –
Região Nordeste ..................................................................................................................................................... 35
Tabela 8 – Participantes do Programa de Formação da CNTE, por vagas, turmas e inscritos –
Região Norte. .......................................................................................................................................................... 36
Tabela 9 – Participantes do Programa de Formação da CNTE, por vagas, turmas e inscritos –
Região Sudeste. ....................................................................................................................................................... 36
Tabela 10 – Participantes do Programa de Formação da CNTE, por vagas, turmas e inscritos –
Região Centro-Oeste. ............................................................................................................................................. 36
Tabela 11 – Participantes do Programa de Formação da CNTE, por vagas, turmas e inscritos –
Região Sul. ............................................................................................................................................................... 37
Tabela 12 – Inscritos e concluintes – Região Nordeste. ....................................................................................................... 39
Tabela 13 – Inscritos e concluintes, por eixo e gênero – Região Sudeste. ........................................................................ 40
Tabela 14 – Inscritos e concluintes, por eixo e gênero – Região Centro-Oeste. .............................................................. 41
Tabela 15 – Inscritos e concluintes, por eixo e gênero – Região Sul. ................................................................................. 42
Tabela 16 – Desenvolvimento do Programa junto à base – Região Nordeste. ............................................................... 47
Tabela 17 – Desenvolvimento do Programa junto à base – Região Norte. ...................................................................... 47
Tabela 18 – Desenvolvimento do Programa junto à base – Região Sudeste. .................................................................. 47
Tabela 19 – Desenvolvimento do Programa junto à base – Região Centro-Oeste. ........................................................ 48
Tabela 20 – Desenvolvimento do Programa junto à base – Região Sul. .......................................................................... 48
Tabela 21 – Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa, por eixo e gênero –
Região Nordeste. .................................................................................................................................................... 50
Tabela 22 – Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa, por eixo e gênero –
Região Sudeste. ....................................................................................................................................................... 51
Tabela 23 – Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa, por eixo e gênero –
Região Centro-Oeste............................................................................................................................................... 52
Tabela 24 – Funcionários/as da educação atendidos/as pelo Programa, por eixo e gênero –
Região Sul. ..................................................................................................................................................54
6
Apresentação
É
com satisfação que a Escola de Formação da CNTE (Esforce) e a Secreta-
ria de Formação da CNTE apresentam este relatório intitulado Elementos
para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito
de atuação sindical?, de autoria do prof. Zacarias Gama, do Programa de Pós-gradu-
ação em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH) da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ).
O relatório abrange a realização do primeiro Programa de Formação da CNTE,
efetivado com diversas entidades filiadas no período de 2007-2010, e foi construído a
partir do instrumento de coleta de dados enviado, em março de 2011, a todas as afi-
liadas. Isto porque, independentemente da participação no Programa de Formação
da CNTE, entendemos que esta seria uma oportunidade ímpar para captar as diver-
sas atividades formativas realizadas no período. Como resultado, diversas entidades
não participantes do Programa atenderam à solicitação e explicitaram suas ativida-
des formativas.
Mesmo que este trabalho não faça parte estritamente do Grupo de Pesquisa His-
tória em Movimento (parceria da CNTE com professores/as do PPFH/UERJ), certamen-
te ele fornece insumos para que aqueles/as pesquisadores/as possam compreender
melhor o universo e as especificidades do conjunto dos/as trabalhadores/as da edu-
cação básica pública.
A expectativa com este Relatório é a possibilidade de maior apropriação pelos
dirigentes da CNTE e de suas afiliadas da riqueza formativa que alcançamos nos úl-
timos anos. Alcançamos diversas dimensões como a produção de material didático
e orientações para realização de atividades. É um processo que tem se mostrado au-
dacioso, pois temos consciência de que a conjuntura – nacional e internacional – que
tem se apresentado para nós é igualmente desafiadora.
Desejamos a todos e todas uma ótima leitura e que o Programa de Formação Sin-
dical seja um instrumento de capacitação dos/as dirigentes sindicais e um forte aliado
no processo de mobilização da categoria para o enfrentamento da conjuntura.
Registramos, ainda, o agradecimento em nome dos(as) trabalhadores(as) da
educação básica pública do Brasil, ao importante apoio logístico do Sindicato dos
Educadores da Suécia (Lärarförbundet) para o Programa Nacional de Formação, no
período de 2007 a 2009.
7
Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
Prólogo
H
á alguns bons anos, venho estudando as questões relativas à avaliação da
aprendizagem, das instituições de educação superior e das políticas pú-
blicas e programas sociais. Sempre venho tentando abordá-las a partir de
um referencial marxiano. O presente trabalho não foge à regra, ainda que me tenha
desafiado a trabalhar nos limites do movimento sindical brasileiro.
Este relatório – Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da
CNTE: um novo conceito de atuação sindical? – é o resultado concreto desse desafio, sem
ser entretanto um ponto de chegada. Ele abre novas perspectivas de investigação e
de análise no campo avaliacional, as quais efetivamente podem contribuir para a for-
mulação de um novo conceito de atuação sindical, principalmente numa conjuntura
mundial na qual o capitalismo desenvolve novas formas de exploração e suprime di-
reitos historicamente conquistados por todos os trabalhadores assalariados e quando
se torna importante ampliar a noção de classe trabalhadora e de suas formas organi-
zativas de luta político-econômica.
O método de apresentação utilizado neste relatório compreende três partes. No
que pode ser considerado como primeira parte, encontra-se uma discussão teórica e
metodológica, cujo objetivo foi colocar em evidência a impossibilidade de se realizar
uma avaliação do Programa de Formação da CNTE em sua completicidade, tentando
apreender todos os seus aspectos, relações, processos etc. Minha compreensão de to-
talidade concreta levou-me, inevitavelmente, a eleger determinadas categorias e fa-
tos possíveis de serem compreendidos racionalmente. Somente com essa eleição, ad-
miti ser possível interrogar as categorias, descobrir os seus conteúdos e significados
objetivos para, então, evidenciar elementos passíveis de uma avaliação objetiva da
realização do Programa de Formação da CNTE. No que pode ser uma segunda par-
te, estão os dados de conteúdo das categorias que tomei como objeto de análise. Por
último, apresento alguns pontos que considerei merecedores de tomadas de decisão
para o aperfeiçoamento do Programa.
Para terminar, algumas notas de agradecimento tornam-se indispensáveis. A re-
alização deste relatório não seria possível sem que o interesse da CNTE, nas pessoas
de seu Presidente, Roberto Franklin de Leão, e de seu Secretário de Formação, Gilmar
Soares Ferreira, se concretizasse materialmente, inclusive favorecendo-me o contato
pessoal com diversos companheiros: do Coletivo Nacional de Formação, durante a
realização do XXXI Congresso Nacional da CNTE, no período de 13 a 16 de janeiro de
2011, em Brasília; do XIX Congreso de la Confederación de Educadores Americanos (CEA),
8
Zacarias Gama
Zacarias Gama
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
Introdução
A
CNTE vem se esforçando historicamente para estabelecer, em bases só-
lidas, um sindicalismo classista, democrático, de base, com liberdade e
autonomia sindical, na busca da unidade da categoria dos/as trabalha-
dores/as em educação. Suas lutas têm sido forjadas sob as bandeiras de uma escola
pública, gratuita e de qualidade social, do piso salarial nacional, do plano de carrei-
ra para todos/as os/as trabalhadores/as em educação, da formação profissional, da
organização curricular e do financiamento público para a educação.
Nos últimos anos, entretanto, tem havido grande êxodo de lideranças sindicais
da CNTE e das entidades filiadas para postos políticos nas esferas da administra-
ção governamental, o que, problematicamente, não obstante os aspectos positivos
que pode conter lhe impõe a imediata necessidade de renovação de quadros em seu
próprio âmbito e no de todas as suas entidades afiliadas como condição para a ma-
nutenção da mobilização, a curto e médio prazos. As consequentes mudanças po-
líticas, os avanços tecnológicos e os cerceamentos da disponibilidade de sindicalis-
tas para se envolverem na defesa das causas sindicais são dificuldades impeditivas
para o aprofundamento necessário dos alicerces políticos, filosóficos, pedagógicos
e sociológicos, assim como para a apropriação da história dos movimentos sociais
e populares e da história propriamente dita.
No âmbito da entidade, a realização de programas sistemáticos de formação
político-sindical de seus dirigentes é uma das alternativas contra essa situação e
o distanciamento dela decorrente. O Programa de Formação da CNTE é o esfor-
ço concreto para capacitar novos quadros, fundamentais para a atuação no cenário
atual, e para reincorporar aqueles que estão dispostos a fazer o caminho de volta.
O Programa, com duração de três anos, organizado pela Secretaria de Forma-
ção da CNTE, e colocado em prática em 2007, tem, portanto, como objetivo recom-
por e aumentar os quadros sindicais da área. Para tanto, é disponibilizado aos seus
sindicatos afiliados material considerado de fundamental importância para a im-
perativa formação dos associados, baseando-se em quatro eixos: Eixo 1 - Concep-
ção Política e Sindical, Eixo 2 - Formação de Dirigentes Sindicais, Eixo 3 - Planeja-
mento e Administração Sindical, Eixo 4 - Temas Transversais. Cada um dos eixos
é apresentado em formato de fascículos impressos, vídeos e outros materiais com
os conteúdos básicos para os seminários e oficinas a serem desenvolvidos. Todas
as atividades de formação seguem o roteiro dos eixos e os conteúdos elencados em
cada fascículo.
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Zacarias Gama
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
Categorias
Processo
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
Metodologia
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
Participantes
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Zacarias Gama
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
A Região Nordeste, com mais entidades participantes, é a que tem a maior base
de filiação de trabalhadores/as em educação ligados/as às esferas administrativas do
estado e município (7). Contudo, os informes registram haver trabalhadores/as com
vínculos ou somente com o estado (1) ou com o município (3).
Nas regiões Norte e Sudeste, as 4 entidades participantes, duas de cada região,
indicaram ser a base de filiação simultaneamente estadual e municipal: duas filiações
em cada uma.
Na Região Centro-Oeste, a base da filiação é semelhante: a maioria dos/as traba-
lhadores/as (3) está ligada às esferas estadual e municipal, com duas à estadual. Uma
entidade deixou de informar a base de filiação dos/as trabalhadores/as.
Na Região Sul, há três entidades com base de filiação municipal (SIMPROSM,
SINTERG/RS e SISMMAC/PR), uma com base de filiação estadual (SINTE/SC) e ou-
tra com base de filiação estadual e municipal (APP/PR).
A evidenciação da filiação de base dos/as trabalhadores/as tem sua relevância,
particularmente quando a CNTE defende a bandeira da unidade da categoria dos/as
trabalhadores/as em educação. Com efeito, ao se pretender como uma entidade na-
cional representativa dos sindicatos regionais, com unidade sólida, a sua atuação e a
das suas entidades afiliadas possivelmente serão dificultadas sempre que se restrin-
girem às questões que mobilizam trabalhadores/as de apenas uma ou outra esfera de
administração pública – estadual e municipal –, sabendo-se que as entidades afilia-
das participantes têm vida sindical ativa a partir daqueles sujeitos que atuam numa e
noutra esfera, indistintamente, em todas as regiões brasileiras.
A unidade de qualquer entidade social, incluindo a da própria CNTE, por sua
natureza, é dialeticamente contraditória e, em função disso, não deve pressupor que
se distinga qualquer um dos elementos básicos. A união e a desunião, desse modo,
por mais contraditórias, integram a mesma unidade dialética, na qual ora um ele-
mento é capaz de predominar, ora outro; é o movimento existente no interior de cada
entidade o impeditivo para que tanto a união quanto a desunião se eternizem. A con-
tradição é real e está na base dos movimentos inerentes à união e à desunião. Não
é, então, por diferente razão que o empenho de qualquer liderança implica esforços
para superar ou administrar democraticamente as contradições que surgem em mo-
mentos de união e de desunião.
18
Zacarias Gama
período. Apenas um sindicato da Região Sul não o fez e 3 outros, das regiões Nordes-
te (1) e Centro-Oeste (2), deixaram de fornecer a informação.
1 Ressaltamos que o Sindicato desenvolveu, entre 2004 e 2011, uma diversidade de atividades formati-
vas por muito ricas, tendo sido, inclusive, objeto de apresentação no Seminário Nacional de Formação
da CNTE, em maio deste ano. (Nota da CNTE).
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
Região Nordeste
Análise da situação financeira do Estado da Paraíba
Mesa de negociação
Análise de conjuntura
CES – Curso descentralizado de formação dirigente
CES – Planejamento estratégico situacional
Curso de formação marxista
Historia do movimento sindical
O que é sindicato e o papel do sindicato,
Ações inter-relacionais
Encontros de Funcionários/as da Educação, Executiva, PSPN
Gestão democrática
Saúde do trabalhador
FUNDEB/Financiamento da Educação
Planejamento de ações
Plenárias de delegados de base
Seminários de Diretoria, Núcleos Regionais, Formação sindical, Orçamento, Relação
Sindicatos-Movimentos Sociais, Política Sindical
Relação e igualdade de gênero/diversidade sexual
Relações interpessoais
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Zacarias Gama
Região Norte
Plano de cargos, carreira e remuneração
Plano Nacional de Educação (PNE)
Gestão democrática
FUNDEB/Financiamento da Educação
PSPN
Região Sudeste
Diversidade no espaço escolar
Estatuto do magistério (âmbito municipal)
Igualdade racial
Plano Decenal de MG, CONEB, CONAE
Diversidade sexual
Saúde do professor
Projeto EPT/DST/AIDS
FUNDEB/Financiamento da Educação
PSPN
Encontros de Professores
Pré-sal e educação
Redes municipais
Região Centro-Oeste
Curso em parceria com ECO/CUT
Formação de conselheiro da educação
Formação sindical
Previdência e seguridade social
PSPN
Encontro jurídico
Saúde e prevenção
Encontro de Funcionários/as da Educação
Seminários regionais
Encontro Estadual de Educação
Região Sul
Letramento e alfabetização
Saúde do trabalhador
Discriminação e racismo
Política, vida e trabalho
Formação político-sindical
Demandas trabalhistas
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
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Título do Eixo
0
Série1
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
-5
-10
-15
-20
-25
Dispersão temáca do Eixo 4
Para a construção desse gráfico, foram atribuídos, aleatoriamente, valores aos te-
mas. Receberam valor zero aqueles imediatamente considerados atinentes aos eixos
do Programa de Formação da CNTE. Aqueles que pareceram ser muito discrepantes
dos eixos receberam valor negativo igual a menos vinte: Projeto EPT/DST/AIDS, Di-
versidade no espaço escolar, Diversidade sexual, Igualdade racial, Letramento e al-
fabetização, Pré-sal e educação, e Relação e igualdade de gênero/diversidade sexual.
Outros, que podem ser considerados mais próximos aos eixos receberam valores ne-
gativos menores (valor menos cinco): Relações interpessoais, Saúde dos trabalhado-
res, Discriminação e racismo. Valores positivos maiores do que zero foram atribuídos
aos temas Encontro de Professores e Encontro Estadual de Educação (valor cinco);
aos temas PNE e Redes Municipais foram atribuídos valores iguais a dez.
Essa dispersão, a despeito da importância formativa que pode ter, chega, en-
tretanto, a ser paradoxal, porque seus temas tendem a não valorizar o cotidiano das
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
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SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I
O Gráfico 2 nos dá uma boa visão das atividades tendo como objeto de trabalho
os fascículos do Eixo 1. Nele é destacada a sua aplicação de maneira bastante signifi-
cativa na Região Nordeste, no sentido de efetivar a sua concretização, sendo também
digna de nota a ação da Região Centro-Oeste.
Quanto ao ano de realização das atividades dos fascículos, na Região Nordes-
te, duas entidades deixaram de indicá-lo; 5 delas trabalharam os fascículos em 2007
(SINPROESEMMA/MA, SINTEPE/PE, SINTE/PI, SINDIPEMA/SE e SINPROJA/PE)
e uma, o SINTEAL/AL, os trabalhou em 2008. A entidade do Rio Grande do Norte
(SINTE/RN) começou a trabalhá-los em 2008 e completou-os em 2009. Duas entida-
des (APLB/BA e APEOC/CE) estão bem atrasadas em relação às demais: a APEOC/
CE ainda não conseguiu trabalhar qualquer fascículo, e a APLB/BA somente traba-
lhou o fascículo História do Movimento Sindical na Educação no Brasil, no ano de 2008.
Na Região Norte, a única entidade afiliada que informou ter trabalhado todos os
fascículos do Eixo 1, em 2007, foi o SINSEPEAP/AP. O SINTEPP/PA somente traba-
lhou os dois primeiros fascículos, em 2009.
Na Região Sudeste, somente o SIND-UTE/MG informou os meses e o ano de tra-
balho com todos os fascículos do Eixo 1 – de março a novembro de 2007. O SINDIU-
PES/ES ainda não os trabalhou.
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5
4
3
2
1
0
SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I
Planejamento Estratégico
Gestão Sindical
Planejamento Estratégico da Ação Sindical
Sistema Democráco de Relações de Trabalho
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SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I SIM NÃO N/I
Planejamento Estratégico
Gestão Sindical
Planejamento Estratégico da Ação Sindical
Sistema Democráco de Relações de Trabalho
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Pelo que se pode ver, 2007 e 2009 foram os anos em que mais se trabalharam fascícu-
los. Em 2008 e 2010, o trabalho foi menor. E em 2010, quase nenhum. Tal constatação pa-
rece evidenciar uma relação direta entre as atividades políticas dos anos eleitorais e gran-
des eventos, como a Copa do Mundo, tamanho o impacto sobre o calendário de ativida-
des do Programa de Formação. Essa relação, no entanto, é uma hipótese que merece ser
pensada. Mas, quem sabe, seria conveniente criar calendários de atividades que sejam
não coincidentes com anos eleitorais e grandes eventos que mobilizam a sociedade bra-
sileira? É uma questão.
REGIÃO NORDESTE
NÃO
ENTIDADE TEMAS FORMAS ANO
INDICADO
SINPROJA/PE X
SINPROESEMA X
História da classe operária no
Palestra
APLB/BA Brasil N/I
Seminário
Reforma da educação
Palestras
APEOC/CE Direitos jurídicos da categoria N/I X
Seminários
SINDIPEMA/SE X
SINTEAL/AL X
FUNDEB
Igualdade de gênero 2007/
SINTEPE/PE Diversos
Saúde do trabalhador/a 2009
Gestão democrática
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Zacarias Gama
REGIÃO NORDESTE
NÃO
ENTIDADE TEMAS FORMAS ANO
INDICADO
Teoria e prática da
comunicação sindical Seminários 2008/
SINTE/PI
Negociação salarial Oficinas 2010
Gestão sindical
SIMPERE/PE X
Relações de gênero
Análise de conjuntura
2007
Relações interpessoais com a
Seminários 2008
SINTEP/PB direção da entidade
2009
Situação financeira do Estado
2010
da Paraíba
FUNDEB
SINTE/RN X
REGIÃO NORTE
NÃO
ENTIDADE TEMAS FORMAS ANO
INDICADO
FUNDEB Oficina
SINSEPEAP/AP N/I
Gestão democrática da educação Seminário
SINTEPP/PA X
31
Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
REGIÃO SUDESTE
NÃO
ENTIDADE TEMAS FORMAS ANO
INDICADO
Plano decenal
Palestras
CONEB
SIND-UTE/MG Oficinas N/I
CONAE
Seminário
Gênero
FUNDEB
Diversidade sexual
Seminário N/I
SINDIUPES/ES Saúde do professor/a
Estatuto do magistério
(municipal)
REGIÃO CENTRO-OESTE
NÃO
ENTIDADE TEMAS FORMAS ANO
INDICADO
SINPRO/DF X
SINTEGO/GO X
2009
As
SINTET/TO Concomitante com os eixos 2010
mesmas
2011
Gênero
Raça Seminários
Etnia Encontros
FETEMS/MS N/I
Financiamento da educação Palestras
Previdência Debates
Outros
32
Zacarias Gama
REGIÃO CENTRO-OESTE
NÃO
ENTIDADE TEMAS FORMAS ANO
INDICADO
Redes municipais
Jurídico
SINTEP/MT N/I N/I
SPE
Funcionários/as
SAE/DF X
REGIÃO SUL
NÃO
ENTIDADE TEMAS FORMAS ANO
INDICADO
SINTERG/RS X
SINTE/SC X
Concepção e prática sindical
Planejamento estratégico –
Método
Sistema democrático de relações 2009/
APP/PR N/I
de trabalho 2010
Gestão sindical
Planejamento estratégico da
ação sindical
Trabalho hoje
Mundo do trabalho e crise
capitalista 2007/
SINPROSM/RS Seminários
Saúde do professor 2010
Violência na escola
Autoestima do professor/a
SISMMAC/PR X
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
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Zacarias Gama
Nº DE Nº DE Nº DE Nº DE
NÃO
ENTIDADE VAGAS TURMAS TURMAS INSCRITOS/
INFORMADO
PREVISTAS PREVISTAS CRIADAS AS
SINTEP/PB 50 1 1 50
SIMPERE/PE X
SINTE/PI 50 1 1 50
SINTEPE/PE 50 1 11 1.134
SINTEAL/AL 50 1 0 50
SINDIPEMA/SE 50 1 1 40
APEOC/CE 50 X
SINPROJA/PE 50 1 0 51
SINPROESEMMA/MA 50 1 1 50
APLB/BA 100 2 1 38
SINTE/RN 50 1 1 50
TOTAL DE
17 1513
INSCRIÇÕES
35
Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
Tabela 9 – Participantes do Programa de Formação da CNTE, por vagas,
turmas e inscritos – Região Sudeste.
Nº DE Nº DE Nº DE
Nº DE VAGAS
ENTIDADE TURMAS TURMAS INSCRITOS/
PREVISTAS
PREVISTAS CRIADAS AS
SINDIUPES/ES 50 1 0 0
100 1 1 (estadual) 120
SIND-UTE/MG
500 12 11 (regionais) 451
TOTAL DE
12 571
INSCRIÇÕES
Nº DE Nº DE Nº DE
Nº DE NÃO
ENTIDADE VAGAS TURMAS TURMAS
INSCRITOS/AS INFORMADO
PREVISTAS PREVISTAS CRIADAS
SINPRO/DF X
SINTEP/MT 50 1 15 750
50 (para 2 (por 197 (nos três
FETEMS/MS 1 (por eixo)
cada eixo) eixo) eixos)
SINTET/TO 50 1 1 94
SINTEGO/GO 50 1 0 50
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Zacarias Gama
Nº DE Nº DE Nº DE
Nº DE NÃO
ENTIDADE VAGAS TURMAS TURMAS
INSCRITOS/AS INFORMADO
PREVISTAS PREVISTAS CRIADAS
SAE/DF X
TOTAL DE
22 1091
INSCRIÇÕES
Nº DE Nº DE Nº DE Nº DE
NÃO
ENTIDADE VAGAS TURMAS TURMAS INSCRITOS/
INFORMADO
PREVISTAS PREVISTAS CRIADAS AS
32 – 2007 1100
35 – 2008 1278
APP/PR 50 1
42 – 2009 1724
47 – 2010 1500
SINTE/SC X
SINTERG/RS X
SINPROSM/RS X
SISMMAC/PR 50 1 1 46
TOTAL DE
157 5648
INSCRIÇÕES
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
157
17 22
10 12
TUMAS CRIADAS
Por sua vez, o número de inscrições por região, demonstrado no Gráfico 6, a se-
guir, foi elevado, compreendendo 9.173 cursistas. Somente na Região Sul, o núme-
ro de cursistas inscritos chegou a 5.648. Na Região Nordeste, este número atingiu a
soma de 1.463; na Região Sudeste, 571; na Região Norte, 400; e na Região Centro-Oes-
te, 1.091.
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Zacarias Gama
REGIÃO NORDESTE
INSCRITOS CONCLUINTES
EIXO
MULHERES HOMENS MULHERES HOMENS
EIXO 1 459 200 424 161
EIXO 2 416 178 354 152
EIXO 3 335 136 286 112
2 Deixamos de apresentar a tabela e o gráfico referentes à Região Norte, na medida em que as entidades
da região não enviaram dados a respeito.
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REGIÃO SUDESTE
INSCRITOS CONCLUINTES
EIXO
MULHERES HOMENS MULHERES HOMENS
EIXO 1 67 35 50 25
EIXO 2 67 35 - -
EIXO 3 67 35 21 8
40
Zacarias Gama
REGIÃO CENTRO-OESTE
INSCRITOS CONCLUINTES
EIXO
MULHERES HOMENS MULHERES HOMENS
EIXO 1 616 280 535 252
EIXO 2 596 324 532 261
EIXO 3 136 73 309 150
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REGIÃO SUL
INSCRITOS CONCLUINTES
EIXO
MULHERES HOMENS MULHERES HOMENS
EIXO 1 38 8 16 4
EIXO 2 38 8 16 4
EIXO 3 0 0 0 0
42
Zacarias Gama
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
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Zacarias Gama
profissional, para além do campo de atuação sindical, pode ser considerada real e
tem a ver com o problema que a Secretaria de Formação da CNTE formula. Nesse
sentido, a questão que lhe corresponde pode ser elaborada da seguinte maneira: o
Programa de Formação da CNTE está ou não proporcionando condições, como efei-
to social subjetivo decorrente da obtenção de um diploma ou certificado de conclu-
são do Programa de Formação, para a mobilidade social de trabalhadores/as em edu-
cação, para além dos seus quadros?
Antes, no entanto, de tentar responder à questão, é necessário admitirmos que
tal Programa de Formação não se pretende – nem tem a intenção de tornar-se – uma
escola de formação, como muitas outras instituições de ensino, públicas e particula-
res, existentes no país. Sua missão explícita é promover a formação de dirigentes sin-
dicais para a mobilização sindical dos trabalhadores/as em educação, no campo da
luta político-econômica, onde se digladia capital versus trabalho.
Nossa reflexão a respeito leva-nos a pensar no mundo que nos cerca, marcado
pela competitividade, onde diplomas se prestam muito mais para a ascensão indivi-
dual do que para o envolvimento de quem os adquire em lutas coletivas. No entanto,
também é preciso considerar, as pessoas nem sempre se movem com intentos de sem-
pre tirar proveito das situações. A grande maioria, certamente, tem nobres ideais, va-
lores e convicções. Contudo, isso só não é suficiente, é preciso ter determinadas atitu-
des. Kosik (1969) nos ajuda quando emprega as metáforas da bela alma, do comissário
e do revolucionário para distinguir as pessoas e suas atitudes.
Na perspectiva em que ele situa a sua metáfora, as pessoas com uma bela alma
nada resolvem, ou melhor, são imobilizadoras e, podemos acrescentar, o individua-
lismo é o mundo no qual existem. Primeiro, pensam em si mesmas, nada impedin-
do serem amáveis e populares. Nada lhes impede frequentar determinados círculos e
movimentos sociais em benefício próprio. Os comissários, por sua vez, têm outras ati-
tudes, mas sempre provocam a passividade entre os homens. São desmobilizadores,
apesar das suas intenções reformistas, que, invariavelmente, transformam-se em prá-
ticas deformadoras, superficialmente reformistas. A busca da harmonia entre o bem
e o mal, da forma como os comissários a propõem, é apassivante e conservadora do
status quo. São as pessoas com atitude revolucionária, no entendimento de Kosik, as
que devem prevalecer, em oposição à antinomia bela alma-comissário. Possivelmente, é
a elas que Brecht teria se referido poeticamente como “aqueles que lutam toda a vida
e são imprescindíveis.”
Essas três almas estão presentes em todos os grupos e movimentos sociais, quei-
ramos ou não. Nada impede que as primeiras queiram viver da política, fazendo dela
uma lucrativa fonte de renda pessoal, nem que nos forneçam razões para explicar o
êxodo de muitas lideranças sindicais em busca de postos políticos nas esferas da ad-
ministração governamental, criando as alegadas dificuldades que a CNTE enfrenta
45
Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
para a renovação de seus quadros de mobilização, seja em seu próprio âmbito, seja
no de todas as entidades afiliadas.
Diversos estudos acadêmicos3 podem nos comprovar o impacto positivo de de-
terminados cursos de formação na capacitação de muitas almas que logo buscam al-
çar novas posições sociais. É compreensível, portanto, que a Secretaria de Formação
da CNTE reaja a tal êxodo, vendo nele um problema causal quanto a um possível en-
fraquecimento político e de desequilíbrio interno. Seu Programa de Formação, afinal,
deveria, mesmo que não exclusiva, mas basicamente, servir para consolidar e alargar
posições políticas, e para reproduzir e socializar os seus interesses, ideologias e valo-
res sociais. A reação que essa Secretaria expressa coloca em evidência o contrassenso,
ou a contradição, entre os interesses da CNTE e os dos cursistas que parecem fazer,
em benefício próprio, as atividades do Programa de Formação.
Tal êxodo, entretanto, não é específico do campo de formação e atuação sindical,
nem pode ser estancado. O mesmo ocorre em outros setores da vida política e econô-
mica. Contudo, parece ser razoável pensarmos na hipótese de que os trabalhadores/
as em educação, mormente em conjuntura de pequena mobilização sindical, tendam
a realizar os seus projetos de ascensão social conforme os seus próprios interesses,
ideologias e valores, sempre relacionados às posições que podem adquirir, em espe-
cial, na estrutura de poder. Na perspectiva em que Florestan Fernandes (2008) colo-
ca a questão da mobilidade social, é bem razoável admitir que há cursistas que pro-
cedem sem a perspectiva da totalidade, isto é, como se as mudanças mais amplas não
confluíssem para vantagens comuns.
Embora, nos limites deste relatório, tais questionamentos possam parecer um
contrassenso, eles pretendem somente trazer à tona uma reflexão a merecer posterio-
res aprofundamentos, demorados e acompanhados de investigação, com o objetivo
de captar a essência determinante do fenômeno. O foco da investigação e das refle-
xões não deve, no entanto, se fixar exatamente no êxodo como fenômeno generaliza-
do e difícil de ser interrompido. O problema pode ser muito grave se a migração for
feita, sobretudo, pelas almas revolucionárias, de modo a provocar a predominância, no
sindicalismo do campo educacional, da base ao topo, somente de belas almas e comis-
sários, conforme a metáfora de Kosik. Seria o caso, então, de investigarmos a qualida-
de e destino de quem migra.
3 Para mais informações ver: CIAVATTA, M. A.; CASTRO, C. M. A contribuição da educação técnica à
mobilidade social. Cad. Pesq., São Paulo, n. 36, p. 41-46, fev. 1981; FERREIRA, F. F. Educação superior
e mobilidade social: limites, possibilidades e conquistas. 2006. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) –
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2006; REIS, E. P. Percepções da elite sobre pobreza e
desigualdade. Revista Brasileira de Ciências Sociais (RBCS), São Paulo, v. 15, n. 42, fev. 2000.
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Zacarias Gama
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
O conteúdo da categoria, investigado por meio deste item, visou a apreender se as ba-
ses das entidades foram atendidas por alguma atividade de formação. Em caso positivo,
as entidades afiliadas deveriam especificar as formas de reaplicação que desenvolveram.
Na Região Nordeste, algumas entidades reaplicaram o Programa, com formas dife-
renciadas de desenvolvimento (SINTEAL/AL, APLB/BA, SINPROJA/PE, SINTEPE/PE e
SINPROESEMMA/MA). Outras entidades deixaram de desenvolver ações de reaplica-
ção do Programa de Formação da CNTE junto à base (SINTE/PI, SINTEP/PB, SINDIPE-
MA/SE, APEOC/CE, SINTE/RN). O SIMPERE/PE nada informou acerca de ações de re-
aplicação.
A reaplicação do Programa pelas entidades afiliadas dessa região adquiriram
diversas formas: reaplicação da totalidade dos fascículos (SINTEPE/PE); duplicação
dos fascículos do Eixo 1 – Introdução à Sociologia e Teoria Política, para reaplicação em
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Zacarias Gama
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REGIÃO NORDESTE
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Zacarias Gama
REGIÃO NORTE
REGIÃO SUDESTE
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REGIÃO CENTRO-OESTE
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Zacarias Gama
REGIÃO SUL
4 É importante ressaltar que a APP Sindicato/PR desenvolveu um Programa com grande alcance esta-
dual. Entretanto, o dado referente a gênero não compunha, à época, o formulário de inscrição.
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Zacarias Gama
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O item de investigação desta categoria, cuja resposta deveria ser discursiva, vi-
sou a saber qual a avaliação feita pelas entidades quanto aos temas e à disposição de
apresentação dos fascículos integrantes do Programa de Formação.
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Zacarias Gama
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Zacarias Gama
Aspectos negativos:
»» a distância a ser percorrida pelos cursistas (SINTERG/RS);
»» a longa duração, dificultando não só a presença constante como a conclusão do
curso pelos participantes (SISMMAC/PR);
»» muitas turmas regionais e despreparo da equipe de formação (APP/PR).
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que vão realizar, a quem beneficiarão etc. Como nos diz Lenin (1978), a classe traba-
lhadora precisa ter sua própria direção intelectual, moral e política, como condição
para a sua futura hegemonia. E prossegue: a classe operária deve ter um conhecimen-
to preciso, não só teórico, como fundamentado na experiência da vida política.
66
Zacarias Gama
O
presente relatório, como se pode inferir, concentra um esforço para apre-
sentar elementos para a avaliação do Programa de Formação da CNTE
em sua totalidade concreta. As tomadas de decisões necessárias são tão
somente sugeridas, na medida em que, como acadêmicos que somos, entendemos se-
rem outros os nossos lugares.
O esforço concretizado e que se evidencia neste relatório-diagnóstico essencial-
mente colide, no entanto, com os possíveis fetichismos de um Programa de Formação
de abrangência nacional. Ele igualmente se presta a trazer à tona o conteúdo objetivo
do Programa e seu significado, além de sua função social e política concreta e de seu
lugar histórico como produção e produto social. Do mesmo modo, retira da caverna
platônica – e faz sobre eles incidir luzes – os sujeitos concretos envolvidos com a sua
realização e que participam do Programa, abatidos pelo cansaço das jornadas de tra-
balho e das distâncias, atribulados pelos afazeres domésticos e públicos.
Metodologicamente, o que se buscou neste relatório foi a essência interna do
Programa de Formação da CNTE, a sua alma, a qual, aliás, revelou-se de imediato
com bastante positividade, como “um marco para o desenvolvimento de uma políti-
ca de formação sindical que estava sendo relegada”, segundo a feliz expressão usada
pelos companheiros do SIND-UTE/MG. Em síntese, são positivos: o desenvolvimen-
to geral do Programa de Formação, os temas, os conteúdos e o modo como esses são
apresentados no material didático de apoio.
Mas, o mesmo Programa mostrou-se portador de problemas com gravidades di-
ferenciadas, que emergem no processo de sua implementação, aplicação e reaplica-
ção junto à base. Muitos deles já foram evidenciados no desenrolar do relatório. Ca-
be-nos, agora, enfatizar os mais flagrantes e que estão a demandar esforços pedagógi-
cos e políticos para que possam ser superados. Tal ênfase, porém, não supõe qualquer
hierarquização direta ou inversa dos problemas. Quatro deles, que podem represen-
tar importantes paradoxos, tensões e contradições, são apresentados a seguir, ape-
nas obedecendo à ordem em que foram examinados e sem qualquer ideia de hierar-
quia entre eles.
Começamos pela filiação de base dos/as trabalhadores/as em educação das enti-
dades afiliadas, porquanto encobre tensões resultantes das especialidades e posições
diferenciadas que os/as trabalhadores/as ocupam nas relações sociais. Como já disse-
mos, o Estatuto da CNTE não faz distinções entre eles e erige para a instituição sin-
dical a missão de integrá-los e defender os seus interesses de categoria. Sendo assim,
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
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Zacarias Gama
Inicialmente, tal dispersão foi vista em sua positividade, porquanto implica enrique-
cimento teórico e prático dos/as trabalhadores/as em educação, cursistas do Progra-
ma de Formação. Todavia, não obstante sua imediata positividade, é plausível, en-
tretanto, estar produzindo elevada sobrecarga de trabalho nas bases e forçando a di-
minuição da sua efetiva ação política, importante para o enfrentamento das questões
que afetam a vida profissional dos trabalhadores em educação e dos demais desafios
da área, que, aliás, como sempre reiteramos, não são poucos.
Da mesma forma, pode ainda estar a produzir pressões para que uma ou mais
entidades afiliadas tenham dificuldades de responder, unitária e imediatamente, às
demandas do coletivo local e nacional. É nesse sentido que a dispersão se torna pro-
blemática e deixa antever que, em nenhum momento, valoriza, com a ênfase neces-
sária, alguns temas candentes do cotidiano das escolas diretamente relacionados aos
desafios concretos que os trabalhadores/as em educação enfrentam diuturnamente. É
o caso das classes cheias, da falta de condições objetivas para o sucesso no desempe-
nho das suas funções, do descumprimento dos contratos coletivos de trabalho pelas
autoridades governamentais, da estandardização da educação etc. Esse ponto, sem
dúvida, é de grande importância e sugere uma tomada de decisão que defina mais
concretamente qual a efetiva prioridade ou prioridades das lutas sindicais no cotidia-
no das escolas.
Esses são pontos que emergem carregados de maior preocupação. Outros, mais
pontuais, mas não menos preocupantes, apresentam-se no corpo deste relatório. To-
dos são merecedores de atenção, e as tomadas de decisão que demandam deverão
contribuir para o aperfeiçoamento do Programa de Formação da CNTE. Outros, ain-
da, é bem verdade, podem ter escapado às nossas análises.
Por essa razão, este relatório, mesmo que tenha sido consolidado pelo Grupo de
Pesquisa História em Movimento, não se pretende absoluto e definitivo, estando aber-
to ao debate. Sua maior intenção foi sempre a de contribuir para o debate e, por que
não, para a concretização de um novo conceito de atuação sindical. Como acadêmi-
cos, nossas contribuições são positivamente efetivas, quando podemos atiçar o de-
bate e apresentar novos enfoques a respeito daquilo que impregna o senso comum.
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Elementos para uma avaliação do Programa de Formação da CNTE: um novo conceito de atuação sindical?
Referências
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e negação do trabalho. São Paulo:
Boitempo, 2006.
BABEUF, G. Manifesto dos iguais. Paris: [s.n.], 1796. Disponível em: <http://www.marxists.org/
portugues/babeuf/1796/mes/manifesto.htm#topp>. Acesso em: abr. 2011.
ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1989.
FRIGOTTO, Gaudêncio. et al. História em movimento: terceiro balanço das atividades das afiliadas à
CNTE (Ago.Dez./09). Brasília: CNTE, 2010.
LENIN, Vladimir I. Que fazer?: as questões palpitantes do nosso movimento. São Paulo: Hucitec, 1978.
LOBO, Thereza. Avaliação de processos e impactos em programas sociais: algumas questões para
reflexão. In: RICO, E. M. Avaliação de políticas sociais: uma questão em debate. São Paulo: Cortez; IEE,
2001. p. 75-84.
mészáros, István. A atualidade histórica da ofensiva socialista. São Paulo: Boitempo, 2010.
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Zacarias Gama
1 – CARACTERIZAÇÃO DA ENTIDADE
Nome da entidade:
Sim Não
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6 – FASCÍCULOS DO PROGRAMA
DE FORMAÇÃO DA CNTE – EIXO 1 Em caso
- Concepção Política e Sindical Sim Não positivo, em que
ano?
De acordo com a organização do Eixo 1, os
fascículos abaixo foram trabalhados?
Introdução à Sociologia
Teoria Política
Economia Política
7 – FASCÍCULOS DO PROGRAMA
DE FORMAÇÃO DA CNTE – EIXO 2 Em caso
- Teoria e Prática Sindical Sim Não positivo, em que
ano?
De acordo com a organização do Eixo 2, os
fascículos abaixo foram trabalhados?
Introdução à Filosofia
Análise de Conjuntura
Negociação Coletiva
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8 – FASCÍCULOS DO PROGRAMA
DE FORMAÇÃO DA CNTE – EIXO 3 Em caso
- Planejamento e Ação Sindical Sim Não positivo, em que
ano?
De acordo com a organização do Eixo 3, os
fascículos abaixo foram trabalhados?
Gestão Sindical
Forma da atividade
Tema (Exemplos: Palestras, seminários,
distribuição de fascículos, etc.)
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Zacarias Gama
10 - PARTICIPANTES
Com relação aos três primeiros eixos, cada entidade tinha previamente definidos
o número de turmas e o quantitativo de 50 cursistas por turma. No entanto, podia
ampliar esse número conforme critérios próprios.
Para sanar dúvidas, em anexo, há a relação do número de vagas e turmas previstas, por
entidade.
Inscritos Concluintes
Eixos
Mulheres Homens Mulheres Homens
Eixo 1
Eixo 2
Eixo 3
12 – DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA
SIM NÃO
JUNTO À BASE
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Eixo 1
Eixo 2
Eixo 3
Sim Não
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Projeto Gráfico
Esta publicação foi elaborada em 26 x 19,5 cm, com mancha gráfica de 20,5 x 13 cm, fonte Palatino
Linotype Regular 11pt., papel off set LD 90g, P&B, versão eletrônica.