Psicologia Da Educação: Gabriel Godoi
Psicologia Da Educação: Gabriel Godoi
Psicologia Da Educação: Gabriel Godoi
DA EDUCAÇÃO
Gabriel Godoi
Educação inclusiva
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você aprenderá sobre as políticas que embasam a proposta
de educação inclusiva dentro das instituições de ensino no Brasil e nos
Estados Unidos. Na sociedade, os alunos com necessidades educacionais
especiais foram, por muitos anos, excluídos da convivência social comum
com outros estudantes. Esse afastamento não era exclusivo aos alunos
com algum tipo de deficiência, pois atingia também mulheres, negros
e índios.
Além de entender quais foram as bases que formam as políticas esco-
lares atuais, você poderá observar mais claramente as características da
educação inclusiva e como ela pode ser vista no dia a dia escolar. A partir
da compreensão dessas características, você poderá pensar criticamente
acerca da inclusão e das formas pelas quais você poderá formular novas
maneiras de ensinar os seus estudantes a partir dessas bases.
Por fim, você tomará contato com as crianças com altas habilidades
(superdotadas), compreenderá o histórico da forma como esses indivíduos
foram tratados pelas instituições de ensino, as diferenças entre os termos
“superdotação” e “altas habilidades”, assim como identificará as crianças
com esta última característica e as maneiras de auxiliar esses estudantes
a desenvolver seus potenciais plenos.
2 Educação inclusiva
No entanto, por mais que o Brasil tenha uma das Legislações mais avan-
çadas para a proteção dos direitos educacionais dos estudantes que convivem
com algum tipo de deficiência, muito educadores ainda sentem que as escolas
não têm estrutura, financiamento e aporte teórico necessários para oferecer a
melhor educação para esses alunos. Santrock (2009), ao falar sobre o sistema
de ensino estadunidense, refere que escolas públicas norte-americanas, as-
sim como as brasileiras, são obrigadas por lei a receberem todas as crianças
com deficiências em um ambiente menos restritivo possível. A educação de
estudantes com necessidades educacionais especiais também é um terreno
de debates intensos, sendo que diversos autores discordam sobre a forma de
inserir essa população nos sistemas de ensino.
Educação inclusiva 3
Características da proposta
de educação inclusiva
As Legislações dentro do campo da educação inclusiva são muito melhores
estruturadas hoje em dia do que em qualquer outro momento do Estado Mo-
derno. Como pudemos observar na seção anterior, essa Legislação não é um
pensamento compartilhado por toda a sociedade, mas, sim, uma construção
gerada a partir das diferentes forças no campo político. Dessa forma, precisa-
mos entender que as leis para a educação especial não são imutáveis, podendo
estar sujeitas a avanços e retrocessos conforme o passar dos anos e mudança de
mentalidade do Estado e da sociedade. Além disso, nem todos os dispositivos
dispostos nas leis são cumpridos na prática pelas escolas e faculdades, seja por
falta de estrutura, verba ou conhecimento teórico sobre a questão.
A seguir, listamos alguns dos serviços disponibilizados dentro das escolas
para os alunos com necessidades educacionais especiais. Ao tomar contato com
esses serviços você deve manter uma visão crítica do assunto, procure pensar
nos dispositivos oferecidos nas escolas em que estudou e nas quais você trabalha.
Com isso, procure pensar de que forma é possível especializar ainda mais esses
serviços oferecer uma melhor oportunidade para todos os estudantes.
Quanto aos professores e educadores, Dettmer, Dyck e Thurston (2002)
explicam que os alunos podem se utilizar dos serviços do professor de classe
regular, do professor da sala de recurso, de um professor de educação espe-
cial, de um orientador colaborativo e/ou de outros profissionais vinculado a
educação, como fonoaudiólogos, tradutores/intérpretes de Libras, psiquiatras,
psicólogos. Esse atendimento não necessariamente precisa ser individual,
podendo todos estes profissionais estar trabalhando com a mesma criança em
uma equipe integrada. Os profissionais que mais trabalham com alunos com
necessidades educacionais especiais estão descritos a seguir.
Superdotação: características e
como promover o potencial dos alunos
Atualmente, a superdotação não é mais um conceito padrão dentro dos estudos
da educação. Sá (2017) nos explica que, durante muito tempo, houve uma falsa
ideia de que a superdotação infantil seria uma facilidade com o conhecimento
em geral. As crianças poderiam aprender qualquer conteúdo que tivessem
vontade, e suas habilidades poderiam ser utilizadas em qualquer campo. No
entanto, as crianças que têm facilidade em todos os campos do conhecimento
são apenas uma parte das que apresentam superdotação — sendo que a maioria
dos alunos tem grande talento para alguma área específica, enquanto nas
outras é igual às demais crianças ou pior. Uma criança pode ser muito boa
em música, mas não em matemática, pode ter superdotação na área de exatas,
mas não ter os conhecimentos de humanas.
Muitos analistas argumentam que diversas crianças dos “programas de
superdotados” não são, de fato, prodígios em uma área em particular, mas
inteligentes de modo geral, normalmente cooperativas, além de a grande
maioria desses estudantes ser de origem branca não latina (CASTELLANO;
DIAZ, 2002). Eles acreditam que o manto da genialidade é colocado sobre
muitas crianças que não estão muito além do “inteligente normal”. Embora,
em muitos estados norte-americanos, o nível de inteligência definido em
pontos de QI seja ainda utilizado como critério principal de decisão para
que uma criança participe ou não de um programa de superdotados, novos
conceitos de inteligência incluem cada vez mais ideias como a de Gardner,
sobre múltiplas inteligências, e o critério de participação baseado em uma
avaliação de QI deve mudar (WINNER, 2006). Essa falta de compreensão
acerca das características da superdotação fez com que diversos estudantes
potencialmente superdotados não tivessem a oportunidade de receber auxílio
adicional para o total desenvolvimento de seus potenciais. Como Renzulli e
Reis (1997) nos contam, os padrões de admissão de crianças superdotadas
nas escolas geralmente eram baseados na inteligência e aptidão acadêmica,
ou seja, apenas no QI. Devido a todo esse histórico de perdas e preconceitos
relacionados à facilidade incomum ou ao talento inato em determinada área,
atualmente, já não são mais utilizados os termos “criança superdotada” ou
“superdotação”, sendo que o padrão da academia e das Legislações nesse
sentido é tratar por crianças com altas habilidades. Segundo Sá (2017), essa
alteração pretende desconstruir o imaginário social de que os alunos com
altas habilidades seriam “potenciais gênios” para que os educadores possam,
10 Educação inclusiva
Winner (2006) descreveu outros três critérios que podem ajudá-lo a perceber
se existem crianças com altas habilidades em sua turma ou convívio.
Link
A videoaula disponibilizada no link a seguir será importante para que você possa
reforçar seus conhecimentos sobre as crianças com altas habilidades e as formas de
como auxiliá-las.
https://goo.gl/93qNL5
Não se esqueça de que a criança pode ser muito adiantada para o seu
conteúdo e verifique se precisa adiantar um pouco a matéria por meio
de feedback do aluno e de avaliações.
Crianças com altas habilidades normalmente são muito curiosas, então,
procure desafiá-las, mas não de forma a perder curiosidade nos temas.
A escola tem que ser um ambiente agradável para que a criança se
mantenha engajada.
Pense, junto com os cuidadores da criança, em formas de trabalharem
juntos para uma melhor estimulação dos potenciais do estudante.
Leitura recomendada
WINNER, E. The origins and ends of giftedness. American Psychologist, v. 55, n. 1,
p. 159-169, jan. 2000.