História Da Tecnologia E Meio Ambiente: Professor: Contato: Ementa
História Da Tecnologia E Meio Ambiente: Professor: Contato: Ementa
História Da Tecnologia E Meio Ambiente: Professor: Contato: Ementa
A nota qualitativa, além do respeito das normas gerais da escola está atribuída às
seguintes observações:
SUMÁRIO
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 4
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 10
A INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL 25
BARÃO DE MAUÁ 38
DESMATAMENTO CIVILIZADOR: 55
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL3
Renan Bardine
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL5
Contexto histórico
5
Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/revolucao-industrial/27484/
11
O pioneirismo da Grã-Bretanha
quando uma pessoa busca o melhor para si, toda a sociedade é beneficiada. Exemplo:
quando uma cozinheira prepara uma deliciosa carne assada, você saberia explicar quais
os motivos dela? Será porque ama o seu patrão e quer vê-lo feliz ou porque está
pensando, em primeiro lugar, nela mesma ou no pagamento que receberá no final do
mês? De qualquer maneira, se a cozinheira pensa no salário dela, seu individualismo
será benéfico para ela e para seu patrão. E por que um açougueiro vende uma carne
muito boa para uma pessoa que nunca viu antes? Porque deseja que ela se alimente
bem ou porque está olhando para o lucro que terá com futuras vendas? Graças ao
individualismo dele o freguês pode comprar boa carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores
pensam neles mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário e emprego.
Portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em seus lucros. Mas,
para lucrar, têm que vender produtos bons e baratos. O que, no fim, é ótimo para a
sociedade.
Então, já que o individualismo é bom para toda a sociedade, o ideal seria que as
pessoas pudessem atender livremente a seus interesses individuais. E, para Adam
Smith, o Estado é quem atrapalhava a liberdade dos indivíduos. Para o autor escocês,
"o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a economia". Se as forças do mercado
agissem livremente, a economia poderia crescer com vigor. Desse modo, cada
empresário faria o que bem entendesse com seu capital, sem ter de obedecer a nenhum
regulamento criado pelo governo. Os investimentos e o comércio seriam totalmente
liberados. Sem a intervenção do Estado, o mercado funcionaria automaticamente, como
se houvesse uma "mão invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o capitalismo e a liberdade
individual promoveriam o progresso de forma harmoniosa.
O motor a vapor
A classe trabalhadora
num segundo momento (energia elétrica no século XIX) e num terceiro e quarto
momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da
informática, da robótica e do setor de comunicações ao longo dos séculos XX e XXI
(aspectos, porém, ainda discutíveis).
Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi a transformação nas
condições de vida nos países industriais em relação aos outros países da época,
havendo uma mudança progressiva das necessidades de consumo da população
conforme novas mercadorias foram sendo produzidas.
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador
braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as
cidades. Criando enormes concentrações urbanas; a população de Londres cresceu de
800 000 habitantes em 1780 para mais de 5 milhões em 1880, por exemplo. Durante o
início da Revolução Industrial, os operários viviam em condições horríveis se
comparadas às condições dos trabalhadores do século seguinte. Muitos dos
trabalhadores tinham um cortiço como moradia e ficavam submetidos a jornadas de
trabalho que chegavam até a 80 horas por semana. O salário era medíocre (em torno de
2.5 vezes o nível de subsistência) e tanto mulheres como crianças também trabalhavam,
recebendo um salário ainda menor.
A produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o
trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a dominar
apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior. Como sua
produtividade aumentava os salários reais dos trabalhadores ingleses aumentaram em
mais de 300% entre 1800 até 1870. Devido ao progresso ocorrido nos primeiros 90 anos
de industrialização, em 1860 a jornada de trabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca
de 50 horas semanais (10 horas diárias em cinco dias de trabalho por semana).
Horas de trabalho por semana para trabalhadores adultos nas indústrias têxteis:
• 1780 - em torno de 80 horas por semana
• 1820 - 67 horas por semana
• 1860 - 53 horas por semana
• 2007 - 46 horas por semana
Segundo os socialistas, o salário, medido a partir do que é necessário para que o
trabalhador sobreviva (deve ser notado de que não existe definição exata para qual seja
o "nível mínimo de subsistência"), cresceu à medida que os trabalhadores pressionam
os seus patrões para tal, ou seja, se o salário e as condições de vida melhoraram com o
tempo, foi graças à organização e aos movimentos organizados pelos trabalhadores.
Movimentos
Alguns trabalhadores, indignados com sua situação, reagiam das mais diferentes
formas, das quais se destacam:
movimento ludista, uma forma mais radical de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um
dos líderes do movimento. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos.
Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais
eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de
jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram
condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os luditas ficaram lembrados como "os
quebradores de máquinas".
Anos depois os operários ingleses mais experientes adotaram métodos mais
eficientes de luta, como a greve e o movimento sindical.
Empresários e Proletários7
O novo sistema industrial transforma as relações sociais e cria duas novas classes
sociais, fundamentais para a operação do sistema. Os empresários (capitalistas) são os
proprietários dos capitais, prédios, máquinas, matérias-primas e bens produzidos pelo
trabalho. Os operários, proletários ou trabalhadores assalariados, possuem apenas sua
força de trabalho e a vendem aos empresários para produzir mercadorias em troca de
salários.
Os avanços da medicina preventiva e sanitária e o controle das epidemias
favorecem o crescimento demográfico. Aumenta assim a oferta de trabalhadores para a
indústria.
No início da revolução os empresários impõem duras condições de trabalho aos
operários sem aumentar os salários para assim aumentar a produção e garantir uma
margem de lucro crescente. A disciplina é rigorosa mas as condições de trabalho nem
sempre oferecem segurança. Em algumas fábricas a jornada ultrapassa 15 horas, os
descansos e férias não são cumpridos e mulheres e crianças não têm tratamento
diferenciado.
Movimentos Operários
Curiosidade
A vida nas cidades se tornou mais importante que a vida no campo e isso trouxe
muitas consequências: nas cidades os habitantes e trabalhadores moravam em
condições precárias e conviviam diariamente com a falta de higiene, isso sem contar
com o constante medo do desemprego e da miséria.
Por um outro lado, a Revolução Industrial estimulou os pesquisadores,
engenheiros e inventores a aperfeiçoar a indústria. Isso fez com que surgisse novas
tecnologias: locomotivas a vapor, barcos a vapor, telégrafo e a fotografia.
22
15/03/2011.
23
5) Qual a primeira lei que dispôs sobre a idade mínima para o trabalho o e sobre
a duração diária do trabalho?
R) A Lei de Peel (Moral and Health Act), de 1802, que foi feita por um industrial
inglês, sensibilizado com a condição nefasta a que eram submetidos os menores.
Passou a adotar práticas humanitárias em suas indústrias. A lei teve o propósito de
diminuir a exploração dos trabalhadores menores de idade, proibindo o trabalho noturno
e diminuindo a jornada diurna. Peel lançava os fundamentos de um direito novo e mais
humano.
A INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL9
O Brasil, como uma antiga colônia de uma nação europeia, faz parte de um grupo
de países de industrialização tardia.
A história da industrialização no Brasil pode ser dividida em quatro períodos
principais: o primeiro período, de 1500 a 1808, chamado de "Proibição"; o segundo
período, de 1808 a 1930, chamado de "Implantação"; o terceiro período, de 1930 a 1956,
conhecido como fase da Revolução Industrial Brasileira e finalmente o quarto período,
após 1956, chamado de fase da internacionalização da economia brasileira.
9
Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/revolucao-industrial/27484/
26
O outro foi marcado pela Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, que operou
uma mudança decisiva no plano da política interna, afastando do poder do estado
oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrários-comerciais. Getúlio
Vargas adotou uma política industrializante, a substituição de mão-de-obra imigrante
27
pela nacional. Essa mão-de-obra era formada no Rio de Janeiro e São Paulo em função
do êxodo rural (decadência cafeeira) e movimentos migratórios de nordestinos. Vargas
investiu forte na criação da infraestrutura industrial: indústria de base e energia.
Destacando-se a criação de:
• Conselho Nacional do Petróleo (1938)
• Companhia Siderúrgica Nacional (1941)
• Companhia Vale do Rio Doce (1943)
• Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945)
Foram fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de 1930:
• o grande êxodo rural, devido à crise do café, com o aumento da população urbana que
foi constituir um mercado consumidor.
• a redução das importações em função da crise mundial e da 2ª Guerra Mundial, que
favoreceu o desenvolvimento industrial, livre de concorrência estrangeira.
Esse desenvolvimento ocorreu principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, definindo a grande concentração espacial da
indústria, que permanece até hoje.
Uma característica das indústrias que foram criadas desde a 1ª Guerra Mundial é
que muitas delas fazem apenas a montagem de peças produzidas e importadas do
exterior. São subsidiárias das matrizes estrangeiras.
No início da 2ª Guerra Mundial o crescimento diminuiu porque o Brasil não
conseguia importar os equipamentos e máquinas que precisava. Isso ressalta a
importância de possuir uma Indústria de Bens de Capital.
Apesar disso as nossas exportações continuaram a se manter acarretando um
acúmulo de divisas. A matéria-prima nacional substituiu a importada. Ao final da guerra
já existiam indústrias com capital e tecnologia nacionais, como a indústria de autopeças.
No segundo governo Vargas (1951-1954), os projetos de desenvolvimento
baseados no capitalismo de Estado, através de investimentos públicos no extinto
Instituto Brasileiro do Café (IBC, em 1951), BNDES, dentre outros, forneceram
importantes subsídios para Juscelino Kubitschek lançar seu Plano de Metas, ainda que
a um elevado custo de internacionalização da economia brasileira.
Sindicalismo no Brasil
Em 1930
Dias atuais
10
Retirado do Site: http://www.vestibular1.com.br/resumos_livros/casa_grande_e_senzala.htm acesso em
23/08/2014
32
das verduras, o milho; e as frutas davam um colorido novo à mesa do colonizador. Mas
sua dieta ficava empobrecida, devido à ausência de leite, ovos e carne, que só apareciam
em datas especiais, festas e comemorações.
A terra foi usada para o cultivo da cana em detrimento da pecuária e da cultura de
alimentos, o que provocou a apatia, a falta de robustez e a incapacidade para o trabalho.
Males geralmente atribuídos à mestiçagem. Os portugueses não traziam para o Brasil
nem separatismos políticos, nem divergências religiosas, e não se preocupavam com a
pureza da raça. Assim o país se formava. E a unidade dessa grande extensão territorial
com profundas diferenças regionais, garantida muitas vezes com o uso da força,
aconteceu devido à uniformidade da língua e da religião.
A Igreja desenvolvia planos ambiciosos de evangelização da América Latina, toda
ocupada por países de tradição católica. Nessa quase cruzada no Novo Mundo, os
padres jesuítas desempenhavam um papel importante na tentativa de implantar uma
sociedade estruturada com base na fé católica. Para catequizar os índios, os jesuítas
decidiram vesti-los e tirá-los de seu hábitat. Já o senhor de engenho tentava escravizá-
los. Nos dois casos, o resultado era o extermínio e a fuga dos primitivos habitantes da
terra para o interior.
"Os portugueses, além de menos ardentes na ortodoxia que os espanhóis e
menos estritos que os ingleses nos preconceitos de cor e de moral cristã, vieram
defrontar-se na América com uma das populações mais rasteiras do continente... Uma
cultura verde e incipiente, sem o desenvolvimento nem a resistência das grandes semi-
civilizações americanas, como os Incas e os Astecas. Trecho de Casa-Grande &
Senzala.
"O ambiente em que começou a vida brasileira foi de grande intoxicação sexual.
O europeu saltava em terra escorregando em índia nua. Os próprios padres da
Companhia precisavam descer com cuidado, se não atolavam o pé em carne. Trecho
de Casa-Grande & Senzala.
A sociedade brasileira, entre todas da América, era a que se formava com maior
troca de valores culturais. Havia um aproveitamento de experiências dos indígenas pelos
colonizadores. Mesmo quando inimigo, o índio não provocava no branco uma reação
que levasse a uma política deliberada de extermínio, como a que ocorria no México e
Peru. A reação dos índios ao domínio do colonizador era quase contemplativa.
O português usava o homem para o trabalho e a guerra, principalmente na
conquista de novos territórios, e a mulher para a geração e formação da família. Esse
contato provocava o desequilíbrio das relações do índio com o seu meio ambiente.
"Eu sou índio da tribo pataxó. Eu aprendi com meus pais a fazer artesanato. A
gente faz cocares..., a gente vive só disso, de artesanato, a não ser no inverno, quando
a gente tem que pescar mucussu. Mucussu é peixe. A gente planta mandioca para fazer
cuiúna, feijão e arroz. A gente fala em pataxó: jocana baixu significa mulher bonita e
jocana baixa é mulher feia. Paturi, índio pataxó (Coroa Vermelha, BA)
"A grande presença índia no Brasil não foi a do macho, foi a da fêmea. Esta foi
uma presença decisiva, a mulher índia tomou-se de amores pelo português, talvez até
por motivos fisiológicos, porque, segundo pude apurar quando escrevi Casa Grande &
Senzala, as sociedades ameríndias ou índias, inclusive a brasileira, eram sociedades
que precisavam de festivais como que orgiásticos para provocar nos homens, nos
machos, desejos sexuais. O que há de acentuar é o grande papel da índia fêmea na
formação brasileira, essa índia fêmea não só através do relacionamento mencionado
sexual, mas através do papel social que ela começou a desempenhar magnificamente,
tornou-se uma figura capital na formação brasileira."
"Da cunhã é que nos veio o melhor da cultura indígena. O asseio pessoal. A
higiene do corpo. O milho. O caju. O mingau. O brasileiro de hoje, amante do banho e
sempre de pente no bolso, o cabelo brilhante de loção ou de óleo de coco, reflete a
34
influência de tão remotas avós. Ela nos deu, ainda, a rede em que se embalaria o sono
ou a volúpia do brasileiro. Trecho de Casa-Grande & Senzala.
A união do português com a índia havia gerado os mamelucos que atuavam como
bandeirantes e, junto com os índios, formavam a muralha movediça da fronteira colonial.
O mameluco e o índio, que excediam o português em mobilidade, atrevimento e ardor
guerreiro; que defendiam o patrimônio do senhor de engenho contra o ataque de piratas
estrangeiros, nunca firmaram as mãos na enxada. Os pés de nômades não se fixavam
na plantação da cana-de-açúcar.
"Essa arte é descendência dos índios, né! Aí nós somos seguidores já dos índios.
A gente ficou fazendo as panelas de barro, que eu aprendi com meu pai. Meu pai já
trabalhava, aí eu fiquei trabalhando. Agora meus filhos também trabalham na mesma
arte.Zé Galego, artesão (Caruaru, PE).
Dos costumes dos primitivos habitantes da terra eram as relações sexuais e de
família, a magia e a mítica que marcavam a vida do colonizador. A poligamia e a
sexualidade da índia iam ao encontro da voracidade do português, ainda que a vida
sexual dos indígenas não se processasse tão à solta quanto o relatado pelos viajantes
que aqui estiveram.
Para as tribos mais primitivas, a união do macho com a fêmea tinha época; o
costume de oferecer mulheres aos hóspedes era prática de hospitalidade, quase um
ritual. A mulher nativa resgatava o sonho da ninfa, que se banhava no rio e penteava os
longos cabelos negros. Uma imagem deixada pela invasão moura na Península Ibérica
e adormecida no inconsciente do português.
"Figura vaga, falta-lhe o contorno ou a cor que a individualize entre os imperialistas
modernos. Assemelha-se nuns à do inglês; noutros, à do espanhol. Um espanhol sem a
flama guerreira nem a ortodoxia dramática do conquistador do México e do Peru; um
inglês sem as duras linhas puritanas. O tipo do contemporizador. Nem ideias absolutas,
nem preconceitos inflexíveis. ...Um rio que vai correndo muito calmo e de repente se
precipita em quedas de água... Trecho de Casa-Grande & Senzala.
Os portugueses davam uma contribuição criativa ao novo mundo através da
produção de açúcar. E implantavam um sistema econômico que aprenderam com os
mouros durante a ocupação da Península Ibérica. Os mouros, de grande tradição
agrícola, introduziram a laranjeira, o limoeiro e a tangerina e implantaram a tecnologia
do fabrico do açúcar em Portugal. O engenho mouro é avô do engenho pernambucano.
Essa contribuição criativa é que diferenciava o português do holandês e do francês,
que para cá traziam apenas aperfeiçoamentos tecnocráticos. O choque dasduas
culturas, a europeia e a ameríndia, no Brasil colônia, se dava mais lentamente, nãopor
meio da guerra, mas nas relações entre homem e mulher, mestre e discípulo. A Igreja
ganhava no Brasil capelas simples dentro do complexo arquitetônico da casa-grande. Lá
morava o capelão, que dela tirava seu sustento. E essa mesma Igreja, através dos
jesuítas, partia maciça e indiscriminadamente para a catequização dos índios.
O animalismo e a magia impregnavam a vida dos índios: desde o berço, quando
a mãe entoava cantigas de ninar e, já meninos, nas brincadeiras de imitar animais. Entre
os jogos infantis dos curumins, o jogo de cabeçada com a bola de borracha ficava como
contribuição da cultura indígena. Apesar de crescerem livres de castigos corporais e de
disciplina paterna, os meninos estavam sempre em contato com rituais da vida primitiva.
Na puberdade eram levados para o baíto, a casa secreta dos homens, onde passavam
por provas de iniciação à fase adulta.
Para os padres da Companhia de Jesus, os índios acreditavam em tudo e
aprendiam e desaprendiam os ensinamentos rapidamente. Havia uma enorme
quantidade de aldeias espalhadas pela floresta, que falavam diferentes línguas. Era
preciso unificar as tribos para poder pregar a doutrina católica. O menino indígena servia
de intérprete aos jesuítas, que aprendiam com ele as primeiras palavras em tupi. Os
35
padres puderam então escrever uma gramática, unificando a língua dos Brasis. Estava
criando o tupi-guarani.
Tanto a Igreja quanto o senhor de engenho fracassavam nos esforços de
enquadrar o índio no sistema de colonização que iria criar a economia brasileira. Fora
de seu hábitat natural, o índio não se adaptava como escravo: morria de infecções, fome
e tristeza. Para suprir a deficiência da mão-de-obra escrava, os senhores de engenho
de Pernambuco e do Recôncavo baiano começavam a importar negros caçados na
África.
Agora, as escravas negras substituíam as cunhãs tanto na cozinha como na cama
do senhor. Na agricultura, a presença do negro elevava a produção de açúcar e o preço
do produto no mercado internacional. O Brasil, esquecido por quase duzentos anos,
despertava finalmente o interesse do Reino de Portugal.
Entre os africanos que vinham para o Brasil, eram os negros muçulmanos, de
cultura superior não só à dos índios como também à da maioria de colonos brancos, que
aqui chegavam e viviam quase sem nenhuma instrução, que para escrever uma carta
necessitava da ajuda do padre-mestre. O movimento malê da Bahia, em 1835, foi
considerado um desabafo da cultura adiantada, que era oprimida por outra menos nobre.
Contava-se que os revoltosos sabiam ler e escrever em alfabeto desconhecido. Eram
negros que liam e escreviam em árabe.
"Pode-se juntar à superioridade técnica e de cultura dos negros sua predisposição
como que biológica e psíquica para a vida nos trópicos. Sua maior fertilidade nas regiões
quentes. Seu gosto pelo sol. Sua energia sempre fresca e nova quando em contato com
a floresta tropical. Trecho de Casa-Grande & Senzala.
O Brasil importava da África não somente o animal de tração que fecundou os
canaviais, mas também técnicos para as minas, donas de casa para os colonos,
criadores de gado e comerciantes de panos e sabão. Os negros vindos das áreas de
cultura africana mais adiantada eram um elemento ativo, criador e pode-se dizer nobre
na colonização do Brasil, degradados apenas pela condição de escravos. O negro
escravo e a cana-de-açúcar fundamentavam a colonização aristocrática e a estrutura
básica do mundo dos coronéis se repetiria nos ciclos do ouro e do café, em Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo, com o mesmo fundamento: a ocupação da terra.
Na sociedade escravocrata e latifundiária que se formava, os valores culturais e
sociais se misturavam à revelia de brancos e negros. Sua convivência diária favorecia o
intercâmbio de culturas e gerava sadismos e vícios, que influenciavam a formação do
caráter do brasileiro. A escravatura degradava senhores e escravos.
"Na verdade, senhores, se a moralidade e a justiça de qualquer povo se fundam,
parte nas suas instituições religiosas e políticas, e parte na filosofia, por assim dizer
doméstica de cada família, que quadro pode apresentar o Brasil quando o consideramos
debaixo desses dois pontos de vista? Trecho de Casa-Grande & Senzala.
O senhor de engenho, um homem extremamente rico e poderoso, passava a
maior parte do tempo deitado na rede, cochilando e copulando. Quando saía, a passeio
ou em viagem, o negro era seus pés e mãos. O sinhô não precisava levantar-se da rede
para dar ordens aos negros, bastava gritar.
Os negros veteranos, os ladinos, iniciavam os recém-chegados na moral e nos
costumes dos brancos. Ensinavam a língua e orientavam nos cultos religiosos
sincretizados. Eram ainda os ladinos que ensinavam aos boçais a técnica e a rotina na
plantação da cana e no fabrico do açúcar.
A escravidão desenraizava o negro de seu meio social e desfazia seus laços
familiares. Além dos trabalhos forçados, ele era usado como reprodutor de escravos: era
preciso aumentar o rebanho humano do senhor de engenho. As crias nascidas eram
logo batizadas e ainda assim consideradas gente sem alma. A Igreja, esteio dos
poderosos, agia da mesma forma no tratamento dado ao negro. A mulher escrava fazia
36
BARÃO DE MAUÁ11
Miriam Ilza Santana
11
Disponível em: http://www.infoescola.com/historia/barao-de-maua/ Acesso em 12/03/2012.
39
Company, da estrada de ferro dom Pedro II – hoje a Central do Brasil -, e da São Paulo
Railway – atual Santos-Jundiaí.
Deu início à edificação do canal do mangue, no Rio de Janeiro, e respondeu pela
implantação dos primeiros cabos telegráficos e submarinos, conectando o Brasil à
Europa.
No final do ano de 1850, o então visconde inaugurou o Banco Mauá, MaCGregor
& Cia, com várias filiais espalhadas pelas capitais brasileiras, e também no exterior,
como em Londres, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu.
Era considerado um liberal, abolicionista e peremptoriamente antagônico à Guerra
do Paraguai, concedeu os recursos financeiros imperiosos para a defesa de Montevidéu
quando esta cidade se sentiu acuada pela liderança imperial que decidiu intervir, em
1850, nas questões do Prata. Com suas atitudes contra o governo, acabou por se
transformar em uma pessoa não bem vista pelo Império.
Suas fábricas foram sabotadas, ações criminosas aconteceram, sem a menor
cautela, e suas transações comerciais foram atingidas pela lei, que passou a cobrar taxas
exorbitantes sobre as importações.
Na carreira política foi deputado pelo Rio Grande do Sul em vários mandatos,
porém, em 1873, renunciou ao seu encargo para poder se dedicar a seus negócios que
se encontravam em risco desde a crise bancária de 1864.
Em 1875, Irineu sofreu um duro golpe, amargou a falência do Banco Mauá, em
vista disso ele foi obrigado a vender a maior parte de suas empresas a capitalistas do
exterior.
Encontrava-se então doente, era portador de diabetes, porém só sossegou
quando finalmente conseguiu liquidar todas as suas contas.
De cabeça erguida, viu encerrada a sua vida de grande empreendedor,
nobremente se retirou da vida de industrial e terminou seus dias sem nenhum patrimônio,
mas com algo que valia mais que qualquer bem material, dignidade e fidelidade às suas
convicções.
Durante o período em que esteve na ativa, foi merecedor de vários títulos: em
1854 conquistou o de Barão e em 1874 o de Visconde de Mauá.
Era Mauá12
Felipe Araújo
empresas internacionais para o Brasil. Esse período foi conhecido pelo seu otimismo no
que tange ao crescimento da economia brasileira em que medidas como o Plano de
Metas incentivaram a produção industrial.
Essa política do JK para estimular o crescimento industrial ficou conhecida como
nacional-desenvolvimentista, ela concentrava suas atenções em investimentos na
área de energia e de transportes. Para isso, JK utilizou o capital estrangeiro permitindo
a entrada de empresas multinacionais para o Brasil, como a montadora de automóveis,
Volkswagen.
Destarte, foram com essas medidas políticas do governo de Getúlio Vargas e de
Juscelino Kubistchek que a industrialização brasileira adquiriu vida própria e obteve um
crescimento vertiginoso, principalmente nos últimos anos do século XX e início do século
XXI
O próximo período é o do chamado “Milagre Econômico Brasileiro”. Esta fase se
caracteriza por rápido crescimento econômico, com as taxas situando-se em torno de
10% a.a., com destaque para o produto industrial que cresceu à média de 14% a.a. Neste
período, manteve-se a tendência de maior crescimento nos setores mais intensivos em
capital. Algumas médias de crescimento setorial ilustram este fato:
• Setor de bens de consumo duráveis: 23,6% a.a.;
• Setor de bens de capital: 18,1% a.a.;
• Setor de bens intermediários: 13,5% a.a.
A construção civil ao longo do milagre cresceu a uma taxa média de 15% a.a. e o
setor de bens de consumo leves foi o que apresentou o pior desempenho: o setor têxtil,
por exemplo, cresceu ao longo de todo o período apenas 31%, e o de alimentos 61%.
A fase seguinte é caracterizada por uma série de investimentos estatais e
incentivos ao setor privado, para o desenvolvimento do setor de bens intermediários, no
primeiro caso, e de bens de capital, no segundo. Esta fase é o chamado II PND (II Plano
Nacional de Desenvolvimento).
As taxas de crescimento no período foram menores que ao longo do Milagre, mas
ocorreram profundas mudanças estruturais na economia. A indústria como um todo
cresceu 35% entre os anos 1974/79. Os principais setores foram o metalúrgico, que
cresceu 45%, o setor de material elétrico, 49%, papel e papelão, 50%, o setor químico,
48%. O setor têxtil cresceu 26% e o de alimentos 18%. O setor de material de transportes
cresceu 28%. Percebe-se, novamente, um redirecionamento na atividade industrial,
agora para o setor de insumos e de máquinas e equipamentos.
Com o investimento industrial enquanto centro dinâmico do crescimento
econômico, houve aumento significativo na participação da indústria no PIB, sendo este
o setor com melhor desempenho no período 1930/80.
A década de 80, marcada pela crise cambial da economia brasileira e pela
aceleração inflacionária, trouxe uma crise generalizada para a indústria, com profundas
oscilações no produto industrial. A indústria foi o setor que mais sofreu com o processo
de ajustamento na década de 80. Este baixo crescimento industrial levou vários autores
a chamarem a década de 80 de “A Década Perdida”. Algumas qualificações devem ser
feitas a esse respeito. A indústria passou por um amplo processo de saneamento neste
período. Este fato pode ser visto pelo aspecto financeiro, em que as indústrias deixaram
de ser devedoras líquidas e passaram a apresentar posições credoras, ou seja, ficaram
43
em geral com seus passivos saneados e numa posição líquida para retomar os
investimentos. Observou-se amplo processo de racionalização de custos e busca de
maior eficiência, em especial a partir do governo Collor e do processo de abertura
comercial ao exterior, que levou a profundos ganhos de produtividade.
“O processo de industrialização brasileiro, tinha como uma de suas características
o protecionismo, que levava a uma despreocupação com a questão da eficiência. A
necessidade de sobrevivência, ao longo da crise, levou vários setores e indústrias
específicas a um processo de modernização e de busca de competitividade. Este
processo levou, inclusive, a um aumento nas exportações de manufaturados, uma vez
que a crise forçou as empresas a buscar novos mercados consumidores”. (FORTUNA,
1995, p. 117)
Assim, chamar a década de 80 de perdida, com base nos dados globais de
produção industrial, é encobrir um importante processo de reorganização
microeconômica da estrutura produtiva.
Este último ponto torna-se extremamente importante ao analisarmos a tendência
de abertura comercial brasileira. Várias empresas que se modernizaram ao longo da
crise possuem hoje competitividade internacional, em especial se algumas reformas
institucionais forem realizadas no sentido de se reduzir o chamado “custo Brasil”. Entre
estas destacam-se a readequação da infraestrutura (transporte, energia, sistema
portuário etc.), a reforma tributária com a diminuição da cunha fiscal sobre as empresas,
a reforma financeira que permita a consolidação de linhas de financiamento com prazos
e custos adequados.
Algumas características, porém, ainda permanecem no setor empresarial
brasileiro que necessitarão de transformações. O modelo de industrialização brasileira
baseou-se no chamado tripé: capital estatal, capital privado nacional e capital privado
internacional. Ao primeiro caberia o setor de infraestrutura e as indústrias intermediárias
(de base) - setores que necessitavam de alta escala de capital. Ao terceiro caberia os
setores de ponta, tecnologicamente mais avançados, os setores dinâmicos do
desenvolvimento (bens de consumo duráveis, químicos etc.). O capital privado nacional
ficou responsável pelos setores tecnologicamente mais simples e onde menores escalas
de capital fossem necessárias; neste sentido incumbiu-se do setor de bens de consumo
leve e dos setores fornecedores de insumos ao capital estrangeiro e ao capital estatal.
Com isso, a empresa nacional é de pequeno porte, em comparação com as
empresas internacionais, possuindo pequena escala de produção. Este fato pode ser
explicado por vários motivos; entre eles, podemos destacar o pequeno mercado
consumidor nacional, dado o processo concentrador de renda que se verificou no Brasil
e a ausência de financiamento adequado para as empresas. Esta pequena escala
permite a existência de empresas de caráter tipicamente familiar, que vão passando de
pais para filhos, em que muitas vezes se sacrifica a expansão da empresa para não se
perder o controle familiar. Com isso, várias ineficiências administrativas se colocam em
várias empresas por uma resistência à profissionalização da administração e à quebra
do controle familiar.
Outro ponto é que, dadas as características do mercado de trabalho no Brasil e
em virtude do protecionismo, que permitia despreocupação com a eficiência, as
empresas nacionais não possuem tradição de investir em pesquisas e desenvolvimentos
44
A descentralização industrial
Processos
14 Fonte: http://geocities.yahoo.com.br
45
Porto Alegre constitui-se, de fato, como o maior centro urbano do estado sul-rio-
grandense. Isso, graças a essa dinâmica econômica relacionada com as áreas coloniais
e o desenvolvimento industrial incipiente nessa nova dinâmica.
Contudo, salienta-se que a questão da industrialização no Rio Grande do Sul nem
sempre ocorreu em consequência de uma evolução artesanal que se intensificou, na
medida em que se aumentavam os investimentos oriundos dos excedentes agrícolas.
Em alguns casos, constata-se a presença de investidores que não passaram pelo estágio
do artesanato, tendo seu foco comercial já relacionado com a instalação de maior porte.
Esses investimentos eram do “burguês imigrante” (PESAVENTO, 1985, p.32), um
imigrante respaldado pela sua experiência profissional (entendimento técnico e
econômico/capitalista). No ramo industrial, via no crescente mercado consumidor sul-rio-
grandense/brasileiro um excelente investimento.
Ressalta-se que, muitas vezes, esse “burguês imigrante” via no colonato uma
excelente oportunidade para obter uma mão-de-obra qualificada. Esse colono, que
serviu de mão-de-obra para as nascentes indústrias sul-rio-grandense, se caracterizou
por ser um pequeno produtor rural que não teve recursos suficientes para se modernizar
e competir comercialmente com outros colonos. Dessa forma, esse pequeno produtor
acabou servindo como uma excelente mão-de-obra para a indústria, pois além de existir
um laço étnico entre o imigrante burguês e o imigrante pequeno colono, havia também
uma noção de trabalho artesanal por parte desse pequeno colono, o que facilitava o
trabalho nas indústrias.
No que tange à matéria prima para a indústria oriunda dos imigrantes, estava
relacionada diretamente com a produção sul-rio-grandense, com a indústria se
destinando ao beneficiamento, principalmente de alimentos e vestimentas, destacando-
se a produção de banha, cerveja, farinha, fumo, roupas e sapatos. Evidencia-se,
também, a indústria metalomecânica, que apesar de depender de matéria prima externa,
tinha como finalidade a produção destinada para atender às necessidades internas, ou
seja, relacionadas com o setor de produção agrícola. Conforme Schemes, Fay e
Prodanov (2010):
Pelo fato de repensar a história da terra e dos seres vivos numa escala de
centenas de milhões de milênios, um punhado de cientistas naturais do século
XIX provocou um cataclismo no sistema “ocidental” de contagem do tempo [...].
Esse foi um fato central na vida intelectual europeia do século XIX e os seus
choques perduram. Entre profissões de fé materialistas e antimaterialistas,
escândalos, excomunhões e polêmicas canhestras sobre a ancestralidade símia
dos humanos, a história natural do século XIX e as suas diversas herdeiras
desafiaram o tempo do Velho Testamento e da cultura europeia e ocidental.
(DRUMMOND, 1991, p. 178).
Precisa ficar claro que pensar sobre a relação entre o “tempo geológico” e o
“tempo social”, combinar a história natural com a história social, colocar a
sociedade na natureza, enfim - implica necessariamente atribuir aos
componentes naturais “objetivos” a capacidade de condicionar significativamente
a sociedade e a cultura humanas. Não há meias palavras quanto a isso. Não se
trata de fazer apenas metáforas ambientais, ecológicas ou naturais, como as que
predominaram, por exemplo, na famosa escola de “ecologia humana”
desenvolvida na Universidade de Chicago a partir dos anos 1920 [...]. Trata-se
de uma mudança séria de paradigma nas ciências sociais. Significa que o
cientista social dá às “forças da natureza” um estatuto de agente condicionador
ou modificador da cultura. (DRUMMOND, 1991, p. 180).
Para que a história ambiental atinja realmente o seu objetivo de se intercalar com
a história social, e dessa forma melhor reconstituir o fato histórico, é necessário que o
pesquisador adepto a este cientificismo histórico siga uma série de procedimentos
metodológicos. Pode-se estabelecer este procedimento metodológico a partir de cinco
vieses:
Primeiro, julga-se necessário o reconhecimento da região a ser pesquisada:
relevo, hidrografia, clima, a população presente, a intervenção do homem na natureza.
Analisando especificamente essas áreas, o historiador poderá perceber as influências
do meio ambiente na vida social.
Segundo, a apropriação de estudos de outras ciências naturais como a geologia,
geomorfologia, climatologia, meteorologia, biologia, agronomia e engenharia florestal.
Dessa forma, as ciências naturais, além de “aliadas”, podem ser também parte do próprio
objeto de estudo, como manifestações culturais que ajudam a entender os padrões de
uso dos recursos naturais. (DRUMMOND, 1991, p. 181)
Terceiro, trata-se de relacionar a utilização dos recursos naturais existentes no
ambiente local e o uso feito pela sociedade. Há de se salientar que nem todas as
sociedades que possuem os mesmos recursos naturais tiveram a sua mesma utilização.
Tudo dependeu dos avanços científicos e culturais para a melhor exploração do material.
Um exemplo desse acontecimento está no fato de que diversas sociedades dominavam
o uso do fogo, mas nem todas estas utilizavam do fogo para beneficiar metais e
produzirem instrumentos ou ferramentas para uso do cotidiano.
Quarto caracteriza-se pela diversidade de fontes que podem ser usados na
pesquisa de história ambiental, inclusive fontes usadas ou estabelecidas pela história
social, os relatos de viajantes que percorreram o Mundo a partir do séc. XV. As viagens
de cientistas naturais do séc. XVIII constituem uma significativa fonte de pesquisa.
O quinto e último aspecto a ser levantado está ligado ao trabalho da pesquisa de
campo, onde os historiadores ambientais vão até o local de interesse para conhecer
melhor o meio ambiente. O trabalho de campo serve para identificaras marcas deixadas
na paisagem pelos diferentes usos humanos, marcas essas que nem sempre constam
de documentos escritos. (DRUMMOND, 1991, p. 182)
Seguindo estes procedimentos, o historiador ambiental terá subsídios suficientes
para qualificar a sua pesquisa.
53
Referência
DESMATAMENTO CIVILIZADOR:
A história ambiental da colonização europeia no Rio Grande do Sul (1824-1924)
Juliana Bublitz
Introdução
agrotóxicos nas lavouras, a partir da chamada “Revolução Verde”, das décadas de 1960
e 70.
Feita essa ressalva, cabe lembrar que, a partir do final do século XIX, dois
processos simultâneos marcaram o desenvolvimento da Província: ao passo que
imensas massas florestais desapareciam em velocidade vertiginosa, as colônias
floresciam. Da nova leva de colônias criadas pelo governo da Província, os primeiros
núcleos foram Mariana Pimentel (1888) e Barão do Triunfo (1888), entre a Depressão
Central e a Serra do Sudoeste; Vila Nova (1888) e Marquês do Herval (1891), na borda
da Serra geral; Antônio Prado (1889) e Guaporé (1892), no centro; Dona Francisca e
Botucaraí (1890), em Cachoeira; Jaguari (1889), à Oeste e, no Planalto setentrional, Ijuí
(1890) e Guarani (1891). Pouco a pouco, as colônias difundiam-se sobre a zona da mata.
Mas esses núcleos não foram suficientes para absorver os imigrantes que
continuavam a desembarcar no Brasil meridional e mesmo os descendentes dos
pioneiros – inclusive porque, após a proclamação da República, o governo provincial
passaria gradativamente a rejeitar a grande imigração, preferindo resolver o problema
da população colonial interna excedente, ou seja, os filhos dos primeiros colonos que
buscavam assento em novas paragens. Assim, o governo da Província acabaria criando
mais uma leva de colônias no Planalto, ampliando a zona pioneira: surgiriam Erechim,
em 1908, Ijuizinho, em 1910, e São João Batista, em 1912, entre outras. Nesse período,
também seriam criadas inúmeras colônias particulares no Estado, inclusive Planalto
adentro, como Não-me-Toque (1897), General Osório (1898), Dona Ernestina (1900),
Selbach (1906) e Dona Júlia (1912).
O processo de constituição dos novos núcleos foi acompanhado pelos trilhos do
trem e pela abertura de estradas. Em 1894, a ferrovia chegaria à colônia de Cruz Alta e,
poucos anos depois, a Passo Fundo, Erechim, Marcelino Ramos, Ijuí e Santo Ângelo,
todas localizadas na região setentrional do Estado. Com a implantação das estradas de
ferro, houve uma acentuada valorização de terras na região (Roche 1969, p.63) e um
significativo incremento populacional. Somente Erechim, cinco anos após a sua criação,
já contava com 18 mil habitantes (Ducatti Neto,1981). No ano de seu cinquentenário, a
ex-colônia seria definida, em reportagem publicada no jornal Correio do Povo, por Rubem
Neis, como a “nova Terra de Promissão”, para onde se deu “um verdadeiro êxodo das
colônias velhas”. Teria sido a “excelência das terras”, segundo Frainer, autor do Álbum
do município de Erechim, o principal atrativo da colônia. E não apenas dela: os
dissidentes das antigas colônias, cujas propriedades estavam desgastadas pelo uso
intensivo e pelas constantes queimadas, migravam em direção ao Planalto exatamente
para recomeçar a vida em novas terras – nesse caso, as terras mais férteis. Nas
pequenas propriedades, dedicaram-se inicialmente à policultura. Com o passar dos
anos, porém, o trigo e a soja passaram a se destacar na região, assim como as serrarias.
A partir do primeiro decênio do século XX, as colônias do Planalto passariam a
figurar no cenário regional como as principais produtoras de madeira do Rio Grande do
Sul. Nas antigas colônias, a mata já havia sido devastada para dar lugar às lavouras e,
na maioria dos casos, a madeira derrubada se transformara em cinzas ou apodrecera
entre as plantações. Isso porque, no início da colonização, a falta de vias de transporte
e as dificuldades de comunicação impediam a comercialização das toras. Como registrou
a imigrante belga Marie van Langendonck (2002, p.53), “a falta quase total de vias de
59
augmentar o seu valor”. O resultado desse processo, apesar das boas intenções do
governo, foi bastante diferente do previsto. A exploração do meio ambiente acabou se
mostrando intensa e desmedida.
Considerações Finais
De acordo com Projeto Manduri (2006) a vegetação original ainda pode ser
encontrada apresentando componentes das florestas estacional, semi-decidual e
ombrófilas densa e mista, em área de tensão ecológica. De acordo com o estudo
realizado por Marcos Cornélio Bernardes em 2011, conforme informações de moradores
antigos, a ocupação da região ocorreu no meio da vegetação existente, onde a Floresta
Estacional cedeu espaço para o povoamento, causando com isso um significativo
processo de desmatamento e consequentes “impactos ambientais”.
Os moradores entrevistados também relatam histórias de árvores imensas sendo
abatidas, além de animais como onças, hoje não vistos na região, sendo caçados.
(BERNARDES, 2011). Ainda segundo Bernardes (2011), durante o processo de leitura
da paisagem da pesquisa de campo realizada (2010), identificou-se três zonas
agroecológicas.
As singularidades entre as zonas vêm das relações entre clima, relevo, vegetação,
fauna e também de causas e efeitos da ocupação humana. A Zona de Várzea é uma
planície aluvial com altitudes entre 30 e 55 metros acima do nível do mar e que concentra
a maior parte da população e onde se localizam as sedes urbanas dos municípios.
Bastante antropizada, com lavouras de tamanho maior, indústrias, comércios e
moradias. É também a zona com maior ocorrência de impactos ambientais devido à
pressão antrópica. De acordo com Gehrke (2010) esta área possuía uma vegetação
composta por matas ribeirinhas e paludosas, porém, tal condição já não está mais
presente. A Zona de Encosta é representada pelos seus declives e aclives, penhascos,
platôs e arroios com muitas cascatas possuindo boa cobertura vegetal.
Nesta área situa-se a agricultura tradicional, porém visivelmente decadente no
que tange à mão de obra. Conforme os dados do IBGE (2010) a população rural sofre
um processo de envelhecimento, considerando que os jovens são atraídos para centros
urbanos onde encontram estilos de vida mais atraentes.
A cobertura florestal é mais abundante em relação a zona de várzea, composta
de um entremeado de capoeira, de pequenos reflorestamentos de Pinus, Eucalipto ou
Acácia recortados de também pequenas roças ou desflorestamentos normalmente com
área de até dois hectares. (GEHRKE, 2010). Porém, antes do sistema colonial esta
região era totalmente coberta de florestas nativas. A maior parte dos reflorestamentos
com exóticas ocorre nesta Zona que se estabelece entre os 55 a 700 metros acima do
nível do mar. (BERNARDES, 2011).
A terceira Zona Agroecológica delimitada no estudo de Bernardes é a Zona de
Serra, com as maiores altitudes e uma floresta mais densa, inclusive com Floresta
Nativa, abrangendo áreas de preservação como os Campos de Cima da Serra e Áreas
de Proteção Ambiental com unidades de conservação. (GEHRKE, 2010).
As altitudes variam entre os 700 e os 1000 metros acima do nível do mar. Estes
declives tornarem-se maiores próximos a zona de encosta, formando escarpas. Devido
ao maior isolamento ocorrem florestas mais conservadas. Nesta região são evidenciadas
atividades de produtores de hortigranjeiros e também consideráveis extensões de
reflorestamentos com Pinus e Eucalipto. A figura 01 representa a toposequência com as
três zonas.
69
15
Dados: FEPAM, disponível em: http://www.fepam.rs.gov.br/qualidade/qualidade_sinos/sinos.asp
70
nascentes, atinjam o nível mais alto – Classe 4 – para a maioria dos parâmetros
estabelecidos na legislação, em boa parte do curso dos rios que formam a bacia, PRÓ-
SINOS16 .
Na figura 2 é possível verificar a composição hídrica da região e sua posição
geográfica no Rio Grande do Sul. O impacto ambiental provocado pela construção de
duas pequenas centrais hidrelétricas no município de Canela também deve ser
considerado no processo de transformação da região que compõe a mata atlântica, pois
foram construídas nas nascentes do rio Paranhana – principal rio da região – afluente do
rio dos Sinos.
Com significativas alterações na mata atlântica pela inundação das áreas afetadas
e desvios nos cursos dos rios e nascentes. Atualmente estes e outros impactos são
monitorados e através do projeto MONALISA – Monitoramento Ambiental Local de
Impactos Sobre Arroios. (CEEEGT, 2011).
16
O Pró-Sinos é um consórcio de direito público formado por até o momento 26 dos 32 municípios que compõem a
Bacia do Rio dos Sinos, disponível em: http://www.consorcioprosinos.com.br/
71
(1969) por seu turno, descreve o colono alemão na região do Mundo Novo como
“fabricante de terra”, pelo desmatamento/desbravamento da floresta, pois quanto mais
desbravada a terra mais riqueza poderia ser produzida, principalmente de gêneros
alimentícios.
A Colônia do Mundo Novo foi fundada em 1846 por Tristão Joze Monteiro, que
adquirira as terras um ano antes. A colônia foi então dividida em lotes (colônias menores)
que foram vendidos para colonizadores de diferentes etnias (REINHEIMER, 2005).
Segundo Magalhães (2003) estes lotes podiam ainda ser divididos em colônias menores.
Os colonos alemães ocuparam principalmente as encostas do Planalto que eram
bastante íngremes, terras consideradas mais férteis, porém necessitavam de
ferramentas mais braçais, diferente da tecnologia utilizada na Europa, como o Império
na época previa que seria utilizada no Brasil. As áreas foram totalmente “limpas”,
deixando apenas os Jerivás (espécie de coqueiro) para alimentação e pastagens do
gado, com as pedras retiradas da floresta, os alemães faziam cercas e taipas.
(REINHEIMER, 2005, pg. 23).
A ocupação do solo foi intensa, boa parte das áreas rurais ou de preservação, é
coberta com vegetação mais rasteira e tipos de capins. Este processo transformador da
mata atlântica foi mais consistente na região, pois os lotes vendidos por Tristão Monteiro
no final do século XIX foram financiados, facilitando sua aquisição, e a rápida mudança
do espaço agregou valor à terra e a produção podia ser rapidamente escoada,
primeiramente por barcas e a partir de 1903 pela estrada de ferro. (ROCHE, 1969).
Com a estrada de ferro chegando à região, foi necessária a construção de uma
nova ponte para cruzar até o outro lado da Colônia, esta ponte também foi muito utilizada
pelos colonos com suas carretas, pois as pontes construídas anteriormente – a primeira
uma ponte pênsil e a segunda uma ponte de madeira – não resistiram às enxurradas que
com as fortes correntezas traziam árvores, galhos e troncos. O trajeto por trem porém,
durou pouco, o primeiro trem chegou em 1903 e em 1963 a ponte foi desativada em
função do encerramento das atividades férreas na região (ENGELMANN, 2004).
Mesmo assim, em 1970, foi inaugurada uma nova ponte no local, desta vez
construída com material mais consistente, feita de concreto deixando as pontes de
madeira apenas nos registros históricos. Apesar do curto período em que as ferrovias da
região foram utilizadas, o transporte ferroviário foi um grande impulsionador no
desenvolvimento da região, favorecendo o escoamento da produção agrícola,
contribuindo desta forma para o aumento da população. Com este novo processo de
desenvolvimento, iniciou também a urbanização e industrialização da região.
A expansão da colonização seguia fervorosa, tanto que após 30 anos desde a sua
chegada, as áreas ocupadas pelos imigrantes já representavam 5,8% do total, porém a
área verde diminuira para 30,7%. Em 1914 estes dados já apresentavam outros
números, restando 25% de área verde, contabilizando um desmatamento de 11,5%.
(ROCHE, 1969). Segundo o inventário florestal realizado pela FEPAM (Fundação
Estadual de Proteção Ambiental) em 1983, havia apenas 5,62% de mata nativa, mas
com as políticas ambientais e a criação de reservas de proteção ambientais algumas
áreas puderam ser regeneradas, a cobertura vegetal aumentou para 17,5%, porém com
uma vegetação secundária (BUBLITZ, 2006).
72
questões de sobrevivência, ou pela era de consumo voltada para o capitalismo, deve ser
igualmente considerada. O modo de produção mais voltado para o consumo imprime um
novo modo de vida que inclusive confunde “qualidade de vida com quantidade de coisas”
(KASPARY, 2014).
do Rio dos Sinos que além de ser utilizado para consumo humano ainda é utilizado na
agricultura para irrigação e também na indústria (SEMA-RS, 2010).
Além das fontes hídricas afetadas pela indústria calçadista, o crescimento da
população também deve ser considerado nas transformações ambientais, pois com a
demanda por Mão de obra na região, houve um aumento da população urbana, este
processo ocorreu em função das migrações do rural para o urbano, e ainda de regiões
vizinhas.
A taxa de urbanização no período de foi superior à taxa de urbanização no estado.
O percentual de crescimento da população foi de 4,72% a.a., enquanto que no estado
foi de 1,48% a.a. (GALVÃO, 1999). Apesar da forte industrialização e do
desenvolvimento gerado, a região do Paranhana ainda é dependente da região do Vale
dos Sinos, uma vez que os insumos demandados pelo setor calçadista advêm do Vale
dos Sinos.
registro das obras físicas enquanto patrimônio histórico, não considerando o meio
ambiente como patrimônio e como fonte para o entendimento das transformações
ambientais e humanas.
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77
Referências
crescer, com Roessler, desse modo, passando de forma intrínseca e extrínseca, através
da imprensa, os perigos de uma industrialização desenfreada e mal planejada.
Prado salienta que mesmo com a identificação de Henrique Luiz Roessler com a
Educação Ambiental suas ideias acabaram por servir como fundamento para essa área,
é necessário destacar que suas concepções diferem das concepções apresentadas
atualmente pelos adeptos da educação Ambiental. Conforme Prado:
A visão ambientalista apresentada por Roessler, através de suas crônicas,
valoriza o meio natural a partir de uma crítica as representações do progresso
capitalista, pois abarcaram desde orientações de como educar os filhos e alunos
contra a prática de matança de passarinhos, até a costura de uma contundente
crítica contra a indústria coureiro-calçadista do Vale dos Sinos, que, com a
contaminação hídrica, desorganizava a vida das populações ribeirinhas.
(PRADO, 2008, p. 181).
17 PÁDUA, José Augusto et LAGO, Antônio. O que é ECOLOGIA. São Paulo: Abril Cultural/Brasiliense, 1985. p. 07
82
escassez, ou até mesmo a falta de recursos naturais para a subsistência humana entrou
em pauta nos meios acadêmicos. A ação humana deveria ser regulada em relação aos
recursos naturais, no entanto, a ganância de uma sociedade capitalista-industrial até nos
dias atuais dificulta o processo de conscientização iniciado há mais de meio século.
O Conservacionismo é fruto exatamente do contexto anteriormente citado do fim
da 2ª Guerra Mundial e especialmente na década de 60 do século XX, onde a percepção
já evidenciada pelos ecologistas sociais motiva outro grupo de ecólogos em defender a
natureza lutando de forma mais prática pela sua preservação. Voltados exclusivamente
na defesa das questões ambientais, os conservacionistas criticam o modelo econômico
capitalista-industrial da sociedade contemporânea em virtude dos danos ambientais
causados pela desenfreada exploração dos recursos naturais oriundos desse sistema
econômico.
O Ecologismo se constitui num projeto mais abrangente do que as demais áreas
em defesa da natureza. Os ecologistas apresentam discussões abrangentes em defesa
de políticas sociais em defesa do meio ambiente. Diferentemente dos conservadores, os
ecologistas ampliam as suas discussões além das questões ambientais, discussões
sociais, abrangendo a sua preocupação ao todo social. Buscando assim não só garantir
a sobrevivência da espécie humana, como também em garantir a sobrevivência pela
construção de formas culturais e sociais, visando atingir o ideal de liberdade, igualdade
e fraternidade18.
Fruto de uma verdadeira revolução cultural e social: os operários solicitavam
melhores condições de trabalho, camponeses reclamavam por uma reforma agrária,
indígenas buscavam a valorização e reconhecimento de sua cultura, mulheres visavam
às igualdades entre os sexos, negros lutavam contra a submissão e preconceito racial,
os homossexuais lutavam pela direito à diferença e à indiscriminação e os jovens
propunham a contracultura; mas o movimento ecológico não contou com esta
homogeneização característica dos outros movimentos. A luta, no entanto, se dava
presente em diversos seguimentos dos demais movimentos e por vezes entrava em atrito
com outros. Um exemplo pode ser caracterizado quando grupos de ecologistas lutavam
contra a instalação ou ampliação de uma indústria em contrapartida aos interesses do
movimento operário, que buscava conseguir mais empregos.
As já referidas transformações ocorridas na década de 60 representam a
consolidação de um desejo coletivo que desde o fim da Segunda Guerra Mundial vinham
se desenhando. As vitórias de grupos sociais ocorridas no séc. XX, como por exemplo,
os operários que passaram a gozar de carga horária diária limitada em oito horas, férias,
hora extra, representam avanços sociais no sistema capitalista industrial. Nesse sentido,
parte-se para outra questão a ser analisada no contexto da década de 60: não estava se
buscando exclusivamente melhoramentos do segmento social e sim uma crítica e/ou
alternativa nova para o modo de vida, para o cotidiano.
Os beatnik e os hippies se encaixam neste novo padrão que busca uma nova
sociedade e um novo modo de vida, a contracultura entra em pauta. O movimento
pacifista está intrínseco neste contexto de Guerra Fria. Com este viés pacifista se
fortalecerá o movimento ecológico, que buscava na paz a alternativa contra perigos para
desenvolvimento predatório. O que poderá determinar, caso não haja reflexões e ações
imediatas das nações mais ricas e responsáveis pelo desenvolvimento predatório, um
caminho sem volta.
Referências:
PÁDUA, José Augusto et LAGO, Antônio. O que é ECOLOGIA. São Paulo: Abril
Cultural/Brasiliense, 1985.