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Revista EduFatec: educação, tecnologia e gestão

V.1 N.4 – janeiro-julho/2021


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ADOÇÃO DE BLOCKCHAIN NA GESTÃO DE CADEIAS DE
SUPRIMENTOS NO BRASIL

Bianca Ipolito de Barros1


Daniele Barbosa2
Kelly Cristina de Lira Lixandrão3
Jorge Costa Silva Filho4
Paulo Henrique Lixandrão Fernando5

Resumo

Com todo o avanço tecnológico que envolve a indústria mundial, acredita-se ser
possível utilizar a blockchain nos processos, com o objetivo de descentralizar as
informações, assim todo o fluxo da cadeia aconteça de forma mais rápida e ágil,
reduzindo custos. Neste cenário, o objetivo deste trabalho foi avaliar o nível de
conhecimento sobre a aplicabilidade da tecnologia da blockchain, buscando
compreender como a tecnologia pode contribuir com os processos logísticos do Brasil.
Para a realização do trabalho em questão foi adotado pesquisa exploratória, na qual
foi atribuída a pesquisa bibliográfica com a aplicação de artigos e livros, seguida de
uma entrevista com um profissional da área e um questionário para avaliação do
processo de blockchain para a validação e complementação das características
levantadas. Avaliou-se também a percepção da aplicabilidade e identificação das
oportunidades e desafios da tecnologia, a percepção do potencial disruptivo e de
vantagem competitiva, o tipo de uso e modelo da blockchain e o investimento
destinado à adoção da tecnologia. Este trabalho investigou quando a blockchain pode
contribuir de diferentes formas para as operações na Gestão da Cadeia de
Suprimentos e, identificar barreiras a serem superadas para sua ampla
operacionalização, como a necessidade de recursos computacionais robustos e
regulamentações.

Palavras-chave: Logística. Blockchain. Cadeia de suprimentos.

Abstract

1 Graduanda em Tecnologia em Logística pela Fatec Mauá – Mauá/SP. Endereço eletrônico:


bianca.barros01@fatec.sp.gov.br.
2 Graduanda em Tecnologia em Logística pela Fatec Mauá – Mauá/SP. Endereço eletrônico:

daniele.barbosa2@fatec.sp.gov.br.
3 Pesquisadora da UFABC. Endereço eletrônico: kelly.silva@ufabc.edu.br / kellycrislira@yahoo.edu.br
4 Doutorando em Nanociências e Materiais Avançados da UFABC e Tutor De Inovação e

Empreendedorismo – CREA-UNIVESP. Endereço eletrônico: jcsfilho@aluno.ufabc.edu.br /


Jorge.filho@cursos.univesp.br
5 Doutorando qualificado em Nanociências e Materiais Avançados da UFABC. Mestre em Engenharia

Mecânica do Instituto Federal de SP – IFSP. Docente da Fatec Mauá – Mauá/SP. Endereço eletrônico:
paulo.fernando@fatec.sp.gov.br.

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With all the technological advancement that involves the world industry, it is believed
that it is possible to use blockchain in the processes, with the objective of decentralizing
information, so that the entire flow of the chain happens more quickly and agile,
reducing costs. In this scenario, the objective of this paper is to assess the level of
knowledge about the applicability of blockchain technology, seeking to understand how
the technology can contribute to the logistics processes in Brazil. To carry out this
study, exploratory research was adopted, in which bibliographic research will be
attributed with the application of articles and books, followed by an interview with a
professional from a technology and a form to evaluate this process for validation and
complementation of the characteristics raised. It will assess the perception of
applicability and identification of opportunities and challenges of technology, the
perception of disruptive potential and competitive advantage, the type of use and
model of the blockchain and the investment intended for the adoption of the
technology. This paper investigated how blockchain can contribute in different ways to
operations in Supply Chain Management and identify barriers to be overcome for its
wide operationalization, such as the need for robust computing resources and
regulations.

Keywords: Blockchain. Logistics. Supply chain.

1 Introdução

As revoluções tecnológicas se caracterizam pelo impacto imediato no qual


causam no nível de vida das comunidades e pela evolução que provoca na sociedade
como um todo. (MORAIS e MONTEIRO, 2019). Entre as diversas tecnologias as quais
transformam a relação entre as organizações, está a blockchain (SCHWAB, 2018).
Blockchain é uma tecnologia que permite a grandes grupos de pessoas alcançarem
um acordo e registrem transações permanentemente, sem uma autoridade central
(REVOREDO, 2019).
As aplicações esperadas para a blockchain, são para Revoredo (2019) as
mais diversas, como pagamentos, empréstimos, contratos, patentes e registro de
negócios. Proporcionada pela sua arquitetura de automatização de processos e a de
desintermediação, a blockchain possibilita redução de custos, riscos e fraude, além
de melhorar drasticamente a velocidade e experiência em muitos processos na
maioria dos setores automotivos, bancário, educação, saúde, imóveis, dentre outros.
Com a falta de integração dos processos, há uma grande necessidade de tecnologias
que solucionem o problema de gerenciamento mais eficiente na cadeia de
suprimentos.
A blockchain não está mudando apenas a área da economia, ou seja, outros
segmentos estão sendo beneficiados pela tecnologia, como o de logística. De forma

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sintética, este mercado engloba a negociação entre várias empresas, esse modelo de
banco de dados pode ajudar a melhorar os processos. Até o momento são poucos os
artigos nos quais relatam a utilização da blockchain na gestão da cadeia de
suprimentos, tornando deste modo a justificativa para elaboração da pesquisa. E
dessa necessidade tecnológica para solucionar os problemas de otimização da cadeia
de suprimentos, a hipótese será adotar um sistema da blockchain para garantir a
acuracidade de informações com rapidez, agilidade e eficiência.
Seguindo essas circunstâncias, o objetivo primário deste projeto foi distinguir
como a blockchain interage com a gestão da cadeia de suprimentos. Para alcançar
esse objetivo, se fez essencial desenvolver como objetivos específicos a estruturação
de um referencial teórico sobre gestão da cadeia de suprimentos e sobre blockchain,
sua classificação de uso e modelo, avaliar a percepção da aplicabilidade da
ferramenta blockchain com a aplicação de uma pesquisa de campo e analisar as
publicações sobre o uso da blockchain em gestão da cadeia de suprimentos (SCM),
com a realização uma entrevista com um profissional de uma empresa da área de
tecnologia que utiliza o blockchain para verificar as evidências encontradas.
Assim, este projeto buscou contribuir para o setor gerencial, exemplificando
as características e contribuições da tecnologia para gestores da cadeia de
suprimentos, e para o âmbito acadêmico, ao avançar no debate de um assunto ainda
em crescimento na área de Administração e Logística.

2 Referencial teórico e trabalho correlatos

2.1 Blockchain

Blockchain é uma tecnologia com potencial de transformar a maneira como o


mercado e os governos operam. Com características de confiabilidade, imutabilidade
e auditabilidade, a blockchain gera dados criptografados os quais passam por uma
rede de validação horizontal assegurando a inviabilidade dos seus dados (HAN,
2017).
Baseada em um algoritmo matemático, por meio de uma corrente de blocos
identifica uma transação realizada virtualmente, a blockchain torna possível
virtualmente todos os servidores responsáveis pela transação a validarem, criando

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assim uma corrente de blocos segura dificultando a ação de hackers (GOVERNMENT
OFFICE FOR SCIENCE, 2016).
De forma sintética, a essência da blockchain também é informacional e
processual, não só como uma ferramenta monetária. Ela permite a existência de um
livro-razão de forma pública, compartilhada e universal, cria consenso e confiança na
comunicação direta entre duas partes, ou seja, sem o intermédio de terceiros de forma
segura para viabilizar transações descentralizadas e generalizadas (WOOD, 2014).
O blockchain, são bases de registros e dados distribuídos e compartilhados e
possuem a função de criar um índice global para todas as transações ocorrem em um
determinado mercado. Está constantemente crescendo à medida que novos blocos
completos são adicionados a ela por um novo conjunto de registros. Os blocos são
adicionados à blockchain de modo linear e cronológico. Cada nó - qualquer
computador ocorrente conectado à essa rede tem a tarefa de validar e repassar
transações - obtém uma cópia da blockchain após o ingresso na rede. A blockchain
possui informação completa sobre endereços e saldos diretamente do bloco gênese
até o bloco mais recentemente concluído (FILIPPI, 2014).
O Blockchain pode ser dividido em quatro tipos:i) Publica não permissionada:
qualquer um pode participar do mecanismo de consenso da blockchain sendo assim,
qualquer pessoa que possua conexão com à internet é capaz de realizar transações
e visualizar todo o log de transações; ii) Publica permissionada: qualquer pessoa com
conexão à internet é capaz de realizar transações e visualizar o log de transações,
mas apenas uma parte restrita dos nós pode participar do mecanismo de consenso;
iii) Privada permissionada: capacidade restrita aos participantes da rede de realizar
transações e visualizar log. O dono da blockchain é quem define os usuários da rede
e quais podem participar do mecanismo de consenso; iv) Privada não permissionada:
Há restrição quanto à realização de transações e visualização do log, mas o
mecanismo de consenso é aberto a qualquer nó (GOVERNO DIGITAL, 2020).

2.2 Contratos inteligentes (Smart contracts)

Segundo Szabo (1997), contratos inteligentes (Smart contracts) são aqueles


contratos capazes de se auto executarem, de se cumprirem de forma automática. Este
conceito foi desenvolvido com o propósito de superar os contratos já existentes, os

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tornando mais ágeis e sem a necessidade de intervenção de terceiros estranhos à
relação contratual. Revoredo (2019), complementa que os contratos inteligentes
fornecem mecanismos para gerenciar com eficiência ativos, tokens e direitos de
acesso entre duas ou mais partes. São um instrumento público e aditável de incorporar
regras de governança e lógica de negócios por meio de códigos de software, impostas
por consenso majoritário em uma rede descentralizada e sem intermediários.
Um contrato inteligente depende das pessoas que o estão codificando
levando em consideração todas as informações disponíveis no momento da
codificação. Os contratos inteligentes passam a ter o potencial de impor contratos
legais quando determinadas condições foram atendidas. Muitas questões técnico-
legais, exigirão tempo e debates interdisciplinares entre advogados e
desenvolvedores de software precisarão ser resolvidas. (REVOREDO, 2019).
Além disso, como os smart contracts são escritos em código de computador,
os quais são projetados para serem mais dinâmicos diferente da norma legal
tradicional e, podem ser construídos para ajustar as obrigações de desempenho
durante a vigência de um contrato usando um Oráculo (REVOREDO, 2019). Os
oráculos podem ser indivíduos ou programas tendo suas principais funções o
armazenamento e transmissão de informações do mundo exterior (físico),
fornecendo, assim, um meio para os sistemas baseados em blockchain interagirem
com pessoas do mundo real e potencialmente reagirem aos eventos externos
(REVOREDO, 2019).

2.3 Criptomoedas

Segundo Martins e Val (20016), criptomoedas são ativos financeiros utilizados


como moeda virtual, tendo sua operação descentralizada e sem ligação com sistema
monetário existente. Tendo como uma rede de transação par-a-par (peer-to-peer)
entre os computadores participantes, sendo totalmente independente de
intermediários e, portanto, com uma transação com custos baixos ou até mesmo sem
custos tanto na compra como na venda e podem ser realizadas em qualquer lugar do
mundo, sendo necessário apenas uma conexão com a internet.
Toda moeda virtual está protegida por uma criptografia, combinações
complexas responsáveis por gerar um código de acesso fornecida somente ao dono

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da moeda, garantindo anonimidade aos usuários e suas transações (MARTINS e VAL,
2016).
Em 1994 ocorreu a primeira transação de moeda eletrônica por meio do
DigCash criado por David Chaum. Em 1998, o b-money de Wei Dai inovou garantindo
a privacidade individual de cada moeda, criando códigos presentes em duas chaves,
uma pública com o endereço da “carteira” de moedas utilizada na transação entre os
usuários e uma privada cuja senha é pessoal do comprador (MARTINS e VAL, 2016).
No ano de 2005, o BitGold de Nick Szabo criou a prova-de-trabalho (proof-of-
work), um artifício responsável por garantir a não clonagem das moedas assegurando
a sustentabilidade do sistema, essa ferramenta deu início aos “mineradores”, pessoas
nas quais utilizam seus dispositivos para validar as transações feitas em troca de
novos códigos originais de moedas (MARTINS e VAL, 2016).
No caminho evolutivo da criptomoeda, Satoshi Nakamoto em 2008, lançou o
conceito de bitcoin, revelando todo o seu código de modo acessível a todos. Nakamoto
agrupou as tecnologias de chave pública e privada do B-money com o proof-to-work
do Bitgold e resolveu um problema de validação com a criação da Blockchain
(MARTINS e VAL, 2016).

2.4 O uso do Blockchain na Gestão da Cadeia de Suprimentos

O Gerenciamento de múltiplos elos e organizações de uma cadeia de


suprimentos, é denominada Gestão de Cadeias de Suprimentos (Supply Chain
Management, SCM), conforme proposto por Lambert (1998). Tendo como um dos
seus principais objetivos, alavancar e maximizar a competitividade para a organização
e a coordenação dos elos encarregados de sustentar toda a cadeia (LAMBERT,
1998).
Segundo Lambert (1998), gerenciar as informações envolvem toda uma
cadeia de suprimentos é complicada e desafiadora; é necessário identificar com quem
e de qual forma compartilhar as informações, além de estabelecer quais informações
devem ser divididas e em qual momento. Para Premkumar (2000), a questão sobre a
transmissão de dados não é uma questão tecnológica e sim empresarial. Já
Ramganathan et al (2005), diz, há também a necessidade de resolver problemas
como a coleta, transmissão, armazenamento e análises de dados, estes devem servir
como um facilitador na hora da tomada de decisão.

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A adoção da blockchain no âmbito profissional de gestão de cadeias de
suprimentos está em estágio inicial e de questionamento sobre sua aplicação. Em
abril de 2018, a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), no evento “Logística
4.0”, comparou o potencial da tecnologia blockchain ao que a internet foi para a
comunicação no mundo (ABRALOG, 2018a). Depois de vários meses de conversas e
acertos, o ano fechou com o primeiro teste de aplicabilidade de blockchain no setor
com o intuito de usar essa ferramenta para mudar o funcionamento no rastreamento
de cargas (ABRALOG, 2018b).
Com uma tendência mundial por tecnologias no setor de gestão da
informação, muitos gestores consideram a aplicação da blockchain como um
facilitador para a gestão de cadeias de suprimentos (GARTNER, 2018). A consultora
Gartner (2018), sumarizou alguns destes elementos que causam rompimento nas
cadeias tais como: necessidade de intermediários e entidades centralizadoras,
representação do valor e os mecanismos de intercâmbio, gestão, governança e
execução das parcerias e contratos por meio das entidades.
A característica da blockchain de suportar muitas empresas ou pessoas
compartilhando as mesmas informações de maneira segura confiável traz ganhos de
eficiência culminando na reinvenção da operação do ecossistema da indústria
(FORRESTER, 2018).
Segundo a consultora Accenture (2018), as aplicações básicas da tecnologia
de blockchain nas cadeias evitará reconciliação desnecessária, falta de comunicação
e aplicação inadequada dos padrões de contratos conjuntos. A consultora Capgemini
(2018), se posiciona a favor da aplicabilidade de blockchain nas cadeias de
suprimentos como forma de melhorar sua eficiência, mas mostra uma preocupação
pela falta de aplicação prática nas cadeias de suprimentos.

2.5 Potenciais benefícios e desafios na adoção de blochchain na gestão de


cadeias de suprimentos

A aplicabilidade da blockchain poderá contribuir com a transparência na


gestão de cadeias de suprimentos, além de possibilitar a mudança de como as
pessoas transferem e monitoram online, os bens físicos de valor. Ao encontro dessa
ideia, Gantori (2017) discorre da adoção da blockchain se tornar essencial, para
rastreabilidade de diamantes, arte, vinhos e alguns (nem todos) suprimentos e

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comércio de bens orgânicos, pois com a natureza descentralizada se torna impossível
a fraude.
Os potenciais benéficos fornecidos pelo blockchain são de acordo com
Revoredo (2019): i) eficiência propiciada pela descentralização das transações, com
redução de custos de transações e custos de rede, diminuindo o número de
intermediário no processo logístico; ii) maior segurança e redução quase zero a
falsificações das cadeias de produção e pagamento devido a rastreabilidade do
registro de transações; iii). com uma maior rastreabilidade gera menor arbitrariedade,
aumentando a transparência das operações.
Porém existem alguns desafios do blockchain para ser enfrentados como:
Escalabilidade: A escalabilidade é um dos desafios técnicos mais importantes
que a comunidade blockchain enfrenta atualmente, mas não o único. Se um
blockchain for altamente descentralizado e altamente seguro, ele terá um custo de
escalabilidade. Se tiver alta performance e for altamente descentralizado, não será
seguro. Da mesma forma, se alguém está disposto a aceitar um grau maior de
centralização, é possível construir blockchains altamente seguros e de alto
desempenho. (REVOREDO, 2019).
Assuntos Regulatórios: Segundo a Abralog (2018a), o marco legal ainda é
frágil e a percepção da blockchain, ainda cética para os entes regulatórios,
principalmente pela experiência proporcionada pelas criptomoedas. O anonimato que
fazem a natureza da dinâmica da blockchain exclui os reguladores e auditores do
esquema. O marco regulatório para a adoção de blockchain é uma dificuldade extra,
pois o emaranhado regulatório que existe no Brasil emperra os negócios.
Gestão de conhecimento: é preciso promover a conscientização sobre as
diferentes soluções tecnológicas (KAMATH, 2018), bem como a compreensão sobre
o que são blockchains, aplicativos descentralizados (DApps) e contratos inteligentes
(Smart Contracts) e o que você pode fazer com eles. A falta de expansão de
conhecimento da área financeira a outras áreas se deve a pouca disponibilidade
global de talentos, isso faz com que a adoção desta tecnologia seja mais lenta.
(REVOREDO, 2019).

3 Materiais e métodos ou desenvolvimento

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A tecnologia blockchain é um assunto em movimento, e, por isso, o presente
trabalho seguiu uma abordagem metodológica exploratória, com a técnica de
pesquisa qualitativa para avaliar o estudo do tema escolhido. Para a elaboração da
pesquisa qualitativa se empregou da ferramenta entrevista não-diretiva. Esse
instrumento de pesquisa foi criado pelo psicólogo Carl Rogers e, se fundamenta no
princípio no qual o informante é capaz de se exprimir com clareza. O entrevistador
deve se manter apenas escutando, anotando e interagindo com breves perguntas
(OLIVEIRA, 2011). Segundo Freitas (2017), a elaboração da pergunta e a formulação
do problema são abertas, livres, não são delimitadas ou demarcadas, tudo é muito
mais flexível. O método utilizado para relacionar, refletir e sugerir de como a cadeia
de Gestão de Suprimentos, associa e implementa novas tecnologias como blockchain,
foi realizado por meio de dois questionários desenvolvidos para este fim (Apêndice A).
O primeiro questionário se refere à entrevista com o especialista no segmento, e o
segundo para mapear conhecimentos básicos sobre o tema com o público geral entre
os dias 15 de março de 2021 a 20 de março de 2021.

2.1 Procedimentos metodológicos

2.1.1. Pesquisa sobre conhecimentos da Blockchain

Foi elaborado uma pesquisa de campo com oito perguntas que seguiram a
metodologia quantitativa exploratória, sob o método de pesquisa de campo. O objetivo
desta pesquisa foi analisar num âmbito geral, como e o que, as pessoas entendem
novas tecnologias, criptomoedas e blockchain. Na pesquisa de campo as perguntas
elaboradas foram: 1 – Qual a definição que você daria para a blockchain? 2 – Você
acredita que cartórios físicos deixarão de existir com o uso de contratos
digitais? 3 – Você usaria um modelo de transação bancária em que esta só é
aceita se for aprovada como legítima através da tomada de uma decisão em
grupo formado por indivíduos anônimos e que não é centralizada por um órgão
financeiro? 4 – Criptomoedas utilizam conceito de criptografia para ocultar
conteúdo de mensagens. Qual sua confiança no uso de criptografia nesse tipo
de transação? 5 – Você usaria um serviço sabendo que o acesso aos seus dados
bancários dependesse de uma chave privada que deixaria sua conta protegida,
mas caso ela seja perdida o acesso as suas informações se tornariam muito

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difícil de ser acessado novamente? 6 – Você utilizaria uma ferramenta como a
da blockchain que emprega como forma de armazenamento uma rede
distribuída de nodes (nós), um sistema altamente resistente a falhas técnicas ou
ataques maliciosos para armazenar suas informações e documentos
importantes? 7 - Após responder a estas perguntas, e refletir sobre esta
ferramenta, você considera a Blockchain uma ferramenta com condições de
crescer e ter sua funcionalidade aproveitada por diversas empresas em
diferentes setores? 8 – Na sua opinião, qual o maior problema na utilização de
criptomoeda?

2.1.2. Entrevista com especialista

Dos estudos comentados no referencial teórico, foram pré-selecionadas


perguntas que seguiram a metodologia quantitativa exploratória, sob o método de
entrevista. O objetivo foi considerar perguntas como base para desenvolver uma
análise para o presente estudo e com isso, ter uma base de comparação para avaliar
a adoção de blockchain na cadeia de suprimentos no Brasil.

4 Resultados e discussão

4.1 Entrevista com especialista

Por intermédio da entrevista com o especialista Jorge Costa, perguntas e


respostas se encontram no Apêndice , se obteve as discussões na qual a blockchain
apresenta inúmeras vantagens, por ser uma rede altamente resistentes à falhas
técnicas, a ataques maliciosos e, com possibilidade de todas as alterações serem
rastreadas e permanentemente registradas em um livro distribuído e público. Um
sistema blockchain, elimina o risco de confiar em uma única organização, além de
reduzir os custos gerais, as taxas das transações e, retirando intermediários e
terceiros. A blockchain na cadeia de suprimentos, poderá ser aplicada para melhoria
no fluxo de processos existentes ou na criação de novos modelos de negócios, como
no rastreamento de alimentos do produtor ao consumidor, contribuindo com a
otimização do comercio nos portos e reduzindo os custos das exportações e
possibilitando o aumento e o volume de negociações, Além destes fatores,

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colaborando e garantindo a eliminação de documentos físico e acesso as informações
em tempo real. Porém na indústria, ainda há os desafios de privacidade, segurança,
assuntos regulatórios, colaboração na cadeia, escalabilidade para aplicação da
blockchain e, ainda é preciso, promover a conscientização sobre as diferentes
soluções tecnológicas, em um contexto no qual contempla uma falta de conhecimento
do público em geral, dado que a adoção de blockchain requer a ampliação da
capacitação dos funcionários para definir a aplicabilidade certa.

4.2 Pesquisa sobre conhecimentos da Blockchain

Foram entrevistadas e analisadas um total de cento e dezenove (119)


respostas as quais foram obtidas entre o dia 15 de março de 2021 a 20 de março de
2021. Como primeiro resultado, pode ser observado na Figura 1, onde se observa que
setenta e nove porcento das amostras dizem conhecer sobre o que é blockchain , ou
seja, discorreram em relação a plataforma não se fundamentara apenas em um
serviço para criptomoedas, mas sim um sistema que permite rastrear o envio me
recebimento de informações pela internet por uma arquitetura criptográfica. Porém,
ainda há uma parcela significativa de dezoito porcento das amostras na qual a
blockchain não é conhecida.

Figura 1 – Pergunta sobre a definição da blockchain

3%

18%

79%

Não Conheço

Tecnologias que envolvem uma arquitetura criptográfica


distribuída de sistemas computacionais descentralizados
Tecnologia baseada em bitcoin
Fonte: Próprios autores (2021)

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Na Figura 2, se encontram os dados referentes a pergunta sobre contratos,
dentre os sessenta e seis porcento das amostras apontam que mesmo com os
avanços dos contratos digitais os cartórios físicos não deixarão de existir. Esta
porcentagem demonstra as mudanças tecnológicas as quais estão acontecendo, mas
também a insegurança por uma parte da população, na qual não se sente segura pela
utilização desta nova ferramenta, ocasionando em muitos casos a utilização pelo
método tradicional, a.
Figura 2 - Pergunta sobre contratos digitais

34%

66%

Sim Não

Fonte: Próprios autores (2021)

No que se refere a utilização de transações bancárias, sessenta e seis


porcento das amostras preferem utilizar m modelo de em que não haja um vínculo
com instituições financeiras, como mostrado na Figura 3 esta é uma forma de
decentralizar todas as operações, dificultando fraudes pois todas as transações são
verificadas pelos participantes da rede e não podem ser duplicadas.

Figura 3 - Pergunta sobre consenso

34%

66%

Sim Não

Fonte: Próprios autores (2021)

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Foi realizado também um levantamento sobre a utilização de criptomoedas,


relativo ao sentimento de segurança deste procedimento. Dentre eles, Ao analisar o
restante das amostras, cerca de dezesseis porcento ainda não se sente seguras por
desconhecimento ou medo.

Figura 4- Pergunta sobre criptomoeda


4%
12%

46%
38%

Nenhuma Pouca Moderada Muita

Fonte: Próprios autores (2021)

Na Figura 5, foi mostrado o conhecimento dos entrevistados sobre a chave


privada, ou seja, mesmo com risco de não ter mais o acesso a conta, sessenta e um
porcento das respostas demostra confiança na segurança de ter uma chave individual,
personalizada e sem chance de acesso remoto fazendo dessa uma das melhores
escolhas atualmente.

Figura 5 – Pergunta sobre chave privada

39%
61%

Sim Não

Fonte: Próprios autores (2021)

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Em relação a utilização do Blockchain, mostrado na Figura 6, oitenta e sete
porcento das amostras consideram a blockchain como uma ferramenta segura,
transparecendo segurança para quem utiliza.

Figura 6 - Pergunta sobre a utilização da blockchain

13%

87%

Sim Não

Fonte: Próprios autores (2021)

Na Figura 7, foi relatado as respostas dos múltiplos setores os quais podem


utilizar o blockchain, neste quesito oitenta e sete porcento representa que a tecnologia
está cada vez mais presente na sociedade e em evolução, demonstrando em alguns
anos o quanto se tornará algo comum entres as empresas e pessoas.

Figura 7 - Pergunta sobre a blockchain em múltiplos setores

13%

87%

Sim Não

Fonte: Próprios autores (2021)

E na pergunta 8 dentre as cento e dezenove (119) respostas as mais comuns


foram: “falta de segurança”, “alta volatilidade do mercado”, “escassez sobre o assunto”
“falta de acessibilidade, por ter altas taxas de transação e difícil aquisição”

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Considerações finais

Este trabalho traz como principal foco investigar como adoção da blockchain é
exercida nas empresas que utilizam a gestão da cadeia de suprimentos no Brasil.
Esta ferramenta ainda está em acessão, gera muitos questionamentos de sua
funcionabilidade e aplicabilidade, instigando uma busca mais aprofundada sobre esse
tema.
Entretanto, por se tratar de uma tecnologia pouco utilizada no brasil, trouxe
dificuldades no levantamento de dados e resultados relevantes para sua adoção.
Conseguimos coletar informações da utilização da blockchain na SCM por meio de
artigos e livros, contribuindo no ramo acadêmico, trazendo bases teóricas e auxiliando
no setor gerencial para empresas que possuem pouco conhecimento sobre a
blockchain.
Como foi relatado pelo entrevistado, esta ferramenta ainda sofre algum tipo
de resistência por parte dos diretores pois o número de pessoas capacitadas para
trabalhar com ela ainda é muito baixo e exige um investimento em cursos e
capacitações, entretanto, a aplicação dela em Cadeias de Suprimentos causará uma
otimização nos fluxos da empresa melhorando os processos.
De acordo com os resultados obtidos pela pesquisa, oitenta e sete porcento (
apresentado na análise da pergunta seis) das amostras consideram a blockchain uma
ferramenta útil e confiável, entretanto, por ser pouca difundida no país algumas
dúvidas sobre as etapas proporcionada pela tecnologia, como os contratos
inteligentes, demostra resistência da população a adotá-lo. Outro ponto evidenciado
pela pesquisa foi a aceitação da população pela utilização da blockchain por outros
ramos do mercado. A próxima etapa deste trabalho buscará na pratica a adoção da
tecnologia da gestão da cadeia de suprimentos.

Referências

ABRALOG.A. Blockchain: caminho sem volta, 13 nov. 2018. Disponivel em:


<https://www.abralog.com.br/noticias/blockchain-caminho-sem-volta/>. Acesso em:
21 set. 2020.

ABRALOG.B. Abralog mostra como Blockchain conecta logística em tempo real,


09 nov. 2018. Disponivel em: <https://www.abralog.com.br/noticias/blockchain-
conecta-toda-a-cadeia-logistica-em-tempo-real/>. Acesso em: 21 set. 2020.

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APENDICE A – Entrevista com especialista

A entrevista foi realizada com o Professor Jorge Costa. Jorge Costa é


Professor/Tutor do Curso de Pós-Graduação Lato sensu – Especialização em
Empreendedorismo e Inovação Tecnológica nas Engenharias (CEEIT), parceria entre
o CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), a UNESP
(Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”) e a UNIVESP (Universidade
Virtual do Estado de São Paulo). Doutorando em Nanociências e Materiais Avançados
pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Licenciando em Matemática (UFABC).
Master of Business Administration em Gestão de Projetos, na Escola Superior de
Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP - 2020).
Mestre em Tecnologia Nuclear em Materiais no Instituto de Pesquisas Energéticas e

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Nucleares da Universidade de São Paulo (IPEN/USP - 2020). Bacharel em
Engenharia de Materiais pela Universidade Federal do ABC (UFABC -2018) e
Bacharel em Ciências e Tecnologia pela Universidade Federal do ABC (UFABC -
2016). É professor e ex-coordenador - Cursinho Popular Carolina de Jesus
(cursinhocarolina.org). É pesquisador na área de Afroetnomatemática sobre o tema
Contribuições dos Povos Africanos para a Matemática, com enfoque em Fractais
Africanos e, membro da ABPN - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros.
Membro do IEEE - Institute Of Electrical And Electronics Engineers, Inc e IEEE
Electronics Packaging Society (EPS), e percussionista do grupo Amigos do Arnesto
Na entrevista com o Professor Jorge Costa foram apresentadas as perguntas
1 a 11. Que são elas:

1) Em 5 palavras, como o senhor conceitua blockchain?


Resposta 1: Aumento confiabilidade nas transações
2) Você considera a blockchain como a ferramenta mais segura
disponível no mercado?
Resposta 2: - Sim, em questão de segurança e rastreabilidade. Porque o
blockchain é um banco de dados imutável gravado em uma única vez, ou seja, se for
necessária alteração, é preciso realizar outro cadastro.
3) Quais são as vantagens e desvantagens da blockchain?
Resposta 3: Vantagens: Distribuído - Como os dados da blockchain costumam
ser armazenados em milhares de dispositivos numa rede distribuída de nodes (nós),
o sistema e esses dados são altamente resistentes à falhas técnicas e ataques
maliciosos. Cada node na rede é capaz de replicar e armazenar uma cópia do banco
de dados, por esse motivo não há ponto central de falha: um único node que fica off-
line não afeta a disponibilidade ou a segurança da rede; Estabilidade - É muito
improvável que blocos confirmados sejam revertidos posteriormente, significando que,
uma vez registrados que os dados são registrados na blockchain, é extremamente
difícil removê-los ou alterá-los. Isso faz da blockchain uma ótima tecnologia para
armazenar registros financeiros ou quaisquer outros dados em que uma auditoria
possa ser necessária, pois todas as alterações são rastreadas e permanentemente
registradas em um livro distribuído e público; Sistema Trustless - Na maioria dos
sistemas de pagamento tradicionais, as transações não dependem apenas das duas
partes envolvidas, mas também de um intermediário - como um banco, empresa de

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cartão de crédito ou provedor de pagamento. Ao usar a tecnologia blockchain, todo
esse arranjo não é mais necessário porque a rede distribuída de nodes verifica as
transações por meio de um processo conhecido como mineração. Por essa razão, a
blockchain é usualmente conhecida como um sistema "Trustless". Portanto, um
sistema blockchain elimina o risco de confiar em uma única organização, reduz os
custos gerais e as taxas das transações, cortando intermediários e terceiros;
Desvantagens: Ataques de 51% - O algoritmo de consenso Proof of Work
(PoW) que protege a blockchain do Bitcoin provou ser muito eficiente ao longo do
tempo. No entanto, existem alguns ataques em potencial que podem ser realizados
contra redes blockchain, dentre eles está o Ataque de 51%. Tal ataque pode acontecer
se uma organização conseguir controlar mais que 50% do poder computacional da
rede, permitindo que eles interfiram no funcionamento da rede excluindo ou
modificando intencionalmente a ordenação das transações. Apesar de ser
teoricamente possível, nunca houve um Ataque de 51% bem-sucedido na rede
blockchain do Bitcoin. Além disso, um Ataque de 51% bem-sucedido só seria capaz
de modificar as transações mais recentes por um curto período de tempo, porque os
blocos são vinculados através de provas criptográficas (mudar blocos mais antigos
exigiria níveis intangíveis de poder computacional). Além disso, a blockchain do
Bitcoin é muito resiliente e se adapta rapidamente em resposta a um ataque;
Modificação de Informações - Outra desvantagem dos sistemas blockchain é que,
uma vez que os dados foram adicionados à rede, é muito difícil modificá-los. Embora
a estabilidade seja uma das vantagens da blockchain, nem sempre é uma boa
característica. Alterar dados ou o código de uma rede blockchain é normalmente muito
complicado e geralmente requer um Hard Fork (Bifurcação), onde uma cadeia de
blocos é abandonada e outra é criada; Chaves Privadas - A blockchain usa criptografia
de chave pública (ou assimétrica) para dar aos usuários a propriedade sobre suas
criptomoedas (ou quaisquer outros dados da blockchain). Cada conta (ou endereço)
na blockchain tem duas chaves correspondentes: uma chave pública (que pode ser
compartilhada) e uma chave privada (que deve ser mantida em segredo). Os usuários
precisam da chave privada para acessar seus fundos, significando que eles agem
como seu próprio banco. Se um usuário perder sua chave privada, os fundos são
efetivamente perdidos e não há nada que ele possa fazer a respeito; Ineficiência - As
blockchains que usam o algoritmo de consenso PoW são altamente ineficientes.
Como a mineração é extremamente competitiva e há apenas um vencedor a cada dez

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minutos, o trabalho de todos os outros mineradores é desperdiçado. Como eles estão
sempre tentando aumentar seu poder computacional, para ter uma chance maior de
encontrar um hash (algoritmo) de bloco válido, os recursos usados pela rede
aumentaram significativamente nos últimos anos e atualmente consomem mais
energia do que muitos países, como a Dinamarca, a Irlanda e a Nigéria;
Armazenamento - Os livros das blockchains podem crescer muito ao longo do tempo.
A blockchain do Bitcoin atualmente requer cerca de 200 GB de armazenamento. A
velocidade no crescimento das blockchains parece estar superando o visto na
capacidade dos discos rígidos (HDs) e a rede corre o risco de perder nodes se o livro
ficar muito grande, impedindo que usuários baixem e armazenem o mesmo.
4) Quais são os diferentes tipos de tecnologia blockchain / livro-
registro?
Resposta 4: Existem o blockchain público e blockchain privado. O blockchain
públicos (abertos) normalmente são utilizados em moedas com por exemplo as
bitcoins, mas não é uma necessidade. E normalmente são utilizados para moedas por
que não dependem de as pessoas aceitarem um/uma novo/nova participante na rede,
pois a rede é completamente aberta e, qualquer um que quiser participar pode entrar
na rede sem nenhuma restrição. As informações as quais são colocadas dentro dessa
rede são totalmente públicas e são normalmente redes montadas para
compartilhamento público de informações. Ou seja, estas redes são baseadas em
dificuldade em problemas computacionais. Não possuem uma identidade própria.
Exemplo: Etherium. E o blockchain privados (necessidade de aprovação). No caso de
grandes lojas de varejo por exemplo, qualquer novo parceiro que queira entrar na rede
(modelo de blockchain) precisa da aprovação, ou seja, precisa na verdade da
aprovação do consenso do grupo de outros participantes para que ele possa
efetivamente participar. Modelo de validação de pares (consenso 50%+1, outras
possibilidades). Identificação criptografada. Exemplo: Hyperledger.
5) O blockchain pode ser considerado um investimento com
recuperação a longo prazo?
Resposta 5: Sim. A longo prazo, na medida em que amadureça a tecnologia
e emerjam modelos de negócios mais robustos.
6) O senhor considera o contrato inteligente como uma crescente no
mercado empresarial?

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Resposta 6: Sim. Ele já é amplo utilizado no varejo online na confirmação do
recebimento de produtos, além da comprovação da transferência de dados
financeiros. No mercado imobiliário, é possível controlar, de forma automática, o
cumprimento da compra e venda de um imóvel ou do pagamento de aluguéis, além
de citar a questão jurídica que a cada dia, está mudando o volume de papéis, por
autenticações. A pandemia acelerou esse processo, pois o contato inteligente ou
smart contract, está em diferentes aplicações.
7) A ferramenta blockchain tem espaço em todos os ramos da logística?
Resposta 7: Acredita-se que a utilização do blockchain necessariamente
necessita de profissionais qualificados, para entender quais as motivações e
problemáticas de se inserir o blockchain. E que pode ser implementado em todos os
ramos, mas a pergunta é saber se é viável essa aplicação.
8) Como poderá ser utilizada a blockchain para a cadeia de suprimentos
– logística?
Resposta 8: A blockchain pode ser aplicada na gestão de cadeias de
suprimentos para melhorar o fluxo de processos existentes ou criar novos modelos de
negócios. Vou citar alguns exemplos, a utilização em eleições no futuro, (AMARO,
2020). No caso de Montadoras, por exemplo, a sustentabilidade dos minérios para
preservar a natureza e proteger os trabalhadores. (AMPUDIA, 2019). No rastreamento
de alimentos, a proposta é usar a tecnologia para que o consumidor consiga refazer
o caminho de sua comida, desde a compra até o produtor de origem
(COMPUTERWORLD, 2019). Para rastreamento de diamantes (EVERLEDGER,
2020). E a tecnologia também já é utilizada em alguns, portos, como por exemplo em
Rotterdam (WOOD, 2019).
9) Quais são as principais barreiras para investir na adoção da
blockchain na cadeia de suprimentos (industrias)?
Resposta 9: Na indústria, os desafios de privacidade, segurança, assuntos
regulatórios, colaboração na cadeia, escalabilidade foram descritas tanto na
academia, na consultoria como em projetos de aplicação. Como por exemplos os
casos citados, de proteção dos dados e leis e regras de privacidade pela LEMIEUX
em 2018; a questão de vulnerabilidade de segurança pela Dutch Blockchain Coalition
em 2018; ABRALOG (2018a) relata a fragilidade do marco regulatório no Brasil sobre
blockchain; (MENDLING, DECKER, et al., 2018),discorre sobre a dificuldade entre a
dificuldade em se desenvolver blockchains colaborativas; (BOCEK, RODRIGUES, et

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al., 2017), em um case de aplicação na indústria farmacêutica, sinaliza a dificuldade
da conectividade e a instabilidade do servidor.
10) Por que muitas empresas ainda não adotaram o uso da ferramenta,
ela ainda é nova e desconhecida?
Resposta 10: Acredita-se que por uma série de motivos, que vão desde falta
de profissionais que entendam sobre o tema. O entendimento sobre o que o
blockchain possa melhorar sua cadeia produtiva se inicia na Gestão de Conhecimento
da organização, ou seja, aplicação de Gestão de Mudanças, pois é preciso promover
a conscientização sobre as diferentes soluções tecnológicas, em um contexto onde
há uma falta de conhecimento do público em geral, dado que a adoção de blockchain
requer a ampliação da capacitação dos funcionários para definir a aplicabilidade certa.
11) E para finalizar nossa entrevista há alguma mensagem final sobre a
blockchain? Você acredita na longevidade da blockchain?
Resposta 11: A blockchain é uma tecnologia a qual temos no momento que
ainda não é totalmente utilizada. Acredito que ela vai se expandir para outras cadeias
de produção e que irá ter uma longevidade ainda.

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