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TECNOLOGIA BLOCKCHAIN: A EVOLUÇÃO

DAS TRANSAÇÕES FINANCEIRAS

ARTIGO DE REVISÃO

SOUSA, Marcos Ribeiro de [1], SILVA, Fernando Ferreira Leite Da [2],


SOUSA, Thomaz Gomes de [3], SILVA, Rai Ferreira da [4]

SOUSA, Marcos Ribeiro de. Et al. Tecnologia Blockchain: a evolução


das transações financeiras. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo
do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 10, pp. 26-45. Maio de 2021.
ISSN: 2448-0959, Link de
acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencia-da-
computacao/transacoes-financeiras

RESUMO

O presente artigo teve como objetivo analisar, sob o ponto de vista de


literaturas já publicadas e validadas no campo científico, as
potencialidades da tecnologia blockchain para o setor financeiro,
destacando as possibilidades para o campo das transações
financeiras. Para a elaboração das análises foi utilizado o método
baseado na análise de conteúdo, com pesquisas em ambientes
digitais de revistas científicas e repositórios acadêmicos. A
tecnologia Blockchain tem emergido como uma inovação irruptiva
que simplifica as transações financeiras e atenua seus custos. Entre
as várias virtudes da blockchain, quando aplicada, destaca-se a não
necessidade de envolver intermediários, que de certa forma
funcionariam como centralizadores. Isso permite afirmar que as
informações, dados ou recursos financeiros se tornam menos
passíveis de serem fraudados. Portanto, o setor financeiro deve
avaliar as oportunidades e desafios apresentados pela tecnologia.
Como um grande avanço, poderia transformar transações financeiras
e introduzir novas possibilidades para instituições financeiras
estabelecidas, bem como para novos entrantes. Apesar de seu
potencial, a literatura sobre seu impacto nas transações financeiras
ainda é fragmentada, com insights empíricos fracos e limitações
teóricas. Isso permite afirmar que os impactos da
tecnologia Blockchain no setor financeiro e em outros setores é uma
tarefa que ainda necessita de aprofundamentos teóricos e práticos.
Palavras-chave: Tecnologia blockchain, Transações financeiras,
Criptografia.

1. INTRODUÇÃO

Desde janeiro de 2009, a tecnologia blockchain vem crescendo e


evoluindo. O que já foi pensado como uma moda passageira, agora
está à beira de mudar a tecnologia de uma forma que a história virá
para ver como o tempo antes blockchain, e tudo o que veio depois.

Assim como Pong começou toda a indústria de videogames,


estimulando os avanços tecnológicos que mudaram nossas vidas
para sempre, o blockchain evoluiu para algo muito mais do que aquilo
que começou. Todos os novos conceitos passam por um processo de
desenvolvimento de um conjunto refinado de avanços ao longo do
caminho, blockchain tem passado por essa transformação desde o
seu início (ALLISON, 2015).

No começo, o blockchain era meramente a tecnologia de suporte


ao Bitcoin. Neste início a tecnologia permitia a descentralização de
moedas e de transações financeiras, descentralização do
armazenamento de dados na nuvem por meio de banco de dados
distribuídos e descentralizados, eliminação da necessidade de
terceiro para a verificação de transações e diminuição ou fim de ações
fraudulentas em transações.

Introduziu o Método de Consenso da Prova de Trabalho, que é o que


torna o blockchain único, pois combina o poder de processamento
computacional através do uso de nós conectados à rede. Esses nós
verificam todas as transações e protegem de forma geral os seus
clientes.

Muitos especialistas puderam ver que o blockchain tinha um caso de


uso que excedia em muito a necessidade do Bitcoin. Eles analisaram
a situação usando o mesmo método usado para desenvolver a
estrutura da internet (conhecida como o pacote de protocolos de
internet ou TCP / IP Stack) e viram que blockchain estava introduzindo
uma mudança radical na própria internet, e assim a necessidade de
agir como uma plataforma com seus próprios aplicativos construídos
em cima de seu núcleo, assim como o sistema operacional Windows
foi construído em cima do DOS (ALLISON, 2015).
No entanto, o blockchain do Bitcoin na época não poderia atender às
expectativas, uma vez que o código-fonte não permitia contratos
inteligentes completos da Turing. O termo em si “Contratos
Inteligentes” ou “Smart Contract”, refere-se a qualquer tipo de contrato
que possa ser executado ou cumprido em seu âmbito por si só,
formalizando as negociações entre as partes. Isso significa que seu
sistema automatizado não pode simular o comportamento e a
capacidade humana (ARAUJO, 2017).

Segundo Araujo (2017) ainda retrata que diversas crises financeiras


assolaram a economia de nações originadas pelas reservas bancárias
fracionárias e com a má gestão e aplicação das moedas centrais dos
bancos tradicionais. Consequência dos altos impostos, falta de
empresas para administração dos bens públicos, descartando a
possibilidade de concorrência e consequentemente elevando os
custos, má distribuição dos recursos públicos entre os estados, além
de outros preceitos (ARAÚJO, 2017).

Problemas como a necessidade de diminuir as fraudes bancárias, a


burocracia das transferências financeiras e a facilitação no
armazenamento e transferência de dados justificam o
aprofundamento de discussões que se proponham a analisar
tecnologias capazes de contribuir para minimizar os impactos
negativos destes problemas, tendo como exemplo principal a
tecnologia blockchain.

Neste sentido, este trabalho tem como objetivo analisar os avanços


recentes e as potencialidades da tecnologia blockchain para o setor
financeiro, com destaque para as transações financeiras. Isso será
possível por meio de uma pesquisa baseada na análise de conteúdo,
com destaque para a história da tecnologia, aplicações atuais e
soluções alcançadas por meio da implementação desta tecnologia.

2. METODOLOGIA

Este artigo foi elaborado a partir do método de análise de conteúdo,


onde foram pesquisados trabalhos científicos disponibilizados em
plataformas digitais, sites de revistas científicas, banco de teses e
dissertações da capes, entre outros. De acordo com Yin (2010) este
método contribui para que os pesquisadores consigam reter as
características mais significativas de um evento ou assunto.
A primeira etapa deste trabalho consistiu na pesquisa de trabalhos
científicos de caráter teórico-conceitual relacionado às tecnologias e
inovações disponíveis e que podem ser utilizados na educação
básica. O levantamento das literaturas em ambiente digital ocorreu a
partir da utilização dos seguintes termos de pesquisa: blockchain;
utilização da blockchain; histórico e transações financeiras por meio
da blockchain.

O segundo passo metodologia foi a elaboração de uma análise


teórico-conceitual sobre todos os trabalhos pesquisados, afim de
selecionar aqueles que poderiam contribuir de forma mais efetiva
com as discussões levantadas ao longo do artigo. Nesta etapa foi
possível obter as primeiras conclusões acerca da
tecnologia blockchain e suas potencialidades para o setor financeiro.

Na terceira etapa chegou-se às principais análises e conclusões


acerca do objetivo proposto neste trabalho, a partir da interpretação,
coleta dos dados e articulação entre as ideias apresentadas pelos
autores. Isso possibilitou a construção de um entendimento sobre o
uso das tecnologias tratadas neste artigo

2.1 BLOCKCHAIN: CONCEPÇÃO TECNOLÓGICA

A tecnologia Blockchain foi introduzida por Nakamoto (2008) para


contornar os atores intermediários, como as instituições financeiras,
permitindo transações peer-to-peer diretas. Para atingir esse objetivo,
Nakamoto sugeriu um livro-razão distribuído peer-to-peer. Está
tecnologia de distribuição baseada em “livro-razão” visa a
descentralização como medida de segurança, compartilhando
registros e dados distribuídos, criando um índice global para todas as
transações que ocorrem em um determinado mercado. Miranda e
Zuchi (2018) também afirmam que

Um detalhe interessante é que


o termo blockchain não é citado no artigo Bitcoin: A Peer-to-Peer
Electronic Cash System, publicado em 2008 pela pessoa com o
pseudônimo de Satoshi Nakamoto, ele explica
que os registros históricos das movimentações são formados por
uma série de blocos encadeados, onde cada bloco armazena as
informações das transações com as criptomoedas bitcoin de dentro
da rede Bitcoin, e nesta série, cada bloco é encadeado com
criptografia ao bloco anterior, ou seja, uma cadeia de blocos, daí o
termo blockchain (MIRANDA e ZUCHI, 2018 p.459).

Entre as várias virtudes da blockchain, quando aplicada, destaca-se a


não necessidade de envolver intermediários, que de certa forma
funcionariam como centralizadores. De acordo com Gomes (2018),
a Blockchain permite garantir a imutabilidade das cadeias de
informações que a compõem, ocorre por meio dos sistemas de
verificação e criptografia. Isso permite afirmar que as informações,
dados ou recursos financeiros se tornam menos passíveis de serem
fraudados. Na figura 1 é possível visualizar um modelo esquemático
da blockchain como base de dados distribuída.

Figura 1 – Blockchain como base de dados distribuída.


Fonte: BRAGA (2017), modelo adaptado.

Desta forma, pagador e beneficiário podem trocar informações


diretamente pela rede, utilizando mecanismos de criptografia e
consenso para tornar as transações invioláveis, já que qualquer
modificação no registro de dados históricos é detectável por nós da
rede blockchain participantes, sendo que cada nó da rede é
incorporado de forma linear e cronológica, permitindo que qualquer
computador que esteja conectado nesta rede (blockchain), possa
validar e repassar as transações, obtendo-se uma cópia após o
ingresso na rede (BUTERIN, 2015).

Buscando um entendimento conceitual sobre os mecanismos de


criptografia e consenso, Braga (2017) relata que os métodos de
consenso consistem em objetos que os nós da rede 2P decidem a
ordem de registro que ocorrerá na base de dados. Ou seja, todos os
processos envolvidos “concordam” por meio dos nós da rede, tendo
protocolos específicos e regras bem definidas em sua base de dados
para que isto ocorra.

O papel da validação dos processos é dos algoritmos de consenso


que na verdade tomam decisões para um grupo específico, onde um
indivíduo do grupo aplica diretriz (regras de controle) que funcionara
para todos do grupo, ou seja, todos os membros precisam aceitar tais
diretrizes, gostando ou não das atribuições (regras), havendo assim o
consenso. Desta forma as regras de validação (figura 2) são baseadas
em blocos de transação onde o consenso ocorre através de um nó
central que valida os resultados, tornando o processo confiável para
execução.

Figura 2 – Processo de validação (consenso) por blocos.


Fonte: BRAGA (2017), modelo adaptado.

Braga (2017) também relata sobre os processos de criptografia


para Blockchain, compreendendo como soluções comuns que usam
rotinas de programação (funções de hash), gerando endereços,
consistindo em valores hash calculados sobre as chaves públicas
(assinaturas digitais que garantem a autenticidade das transações).
Na figura 3 é possível visualizar o processo de validação
na Blockchain.

Figura 3 – Ocorrências do processo de validação – Blockchain.


Fonte: BRAGA (2017), modelo adaptado.

É percebido através da Figura 3 que todo o processo ocorre


digitalmente, ou seja, a validação é totalmente descentralizada, além
do fato de que a quantidade de validações para que uma transação
seja aprovada será determinada por quem cria a solicitação. Desta
forma as funções de hash geram uma sequência de valores
em bits (único) que será lido pelo protocolo de entrada e tornando
o hash como o principal meio de controle e comunicação entre a
requisição e o documento original.

Ressalta-se que ao criar ou definir a quantidade de validações que


será necessária, haverá um custo por cada validação, permitindo
assim que o “seu criador” possa controlar todos os blocos de
transferência através dos algoritmos de consenso. Uma vez criado
o Blockchain emite um certificado digital de propriedade privada (ao
seu criador) contendo uma espécie de carimbo de tempo, onde
permite que sua autenticidade nunca mais seja modificada, validando
os processos.

A criptografia assimétrica baseada na chave pública utiliza funções


seguras como SHA-2 e SHA-3. Chaves públicas só podem ser
acessadas por chaves privadas, ou seja, por assinaturas digitais
pertencentes ao dono da aplicação (transação), tornando o
documento único e inviolável (desta forma o assinante fica
impossibilitado de negar a transação, já que o acesso é dado a partir
de sua própria assinatura digital). Na figura 4 é possível observar um
modelo adaptado da estrutura da criptografia.

Figura 4 – Estrutura da Criptografia.

Fonte: BRAGA (2017), modelo adaptado.


Um dos objetivos fundamentais de qualquer sistema de pagamento é
se proteger contra os gastos duplicados. Em outras palavras, o
sistema deve ser capaz de rastrear quem é dono do dinheiro e só deve
permitir que a pessoa que possui o dinheiro gaste uma vez e não mais
de uma vez. Blockchain a tecnologia resolve a questão dos gastos
duplos por meio de um mecanismo de consenso. Mecanismos de
consenso são basicamente a permissão e validação das transações
e a inclusão de um novo bloco válido na Blockchain, servindo como
prova de trabalho (NAKAMOTO, 2008).

A tecnologia Blockchain compreende vários conceitos e ideias


tecnológicas (utilização de ferramentas para análise através de
algoritmos específicos, certificações digitais, bancos online,
Inteligência Artificial, entre outros) e não tecnológicas (processos
burocráticos sobre regras e diretrizes de validação da transação,
documentos e regras sobre as áreas das quais a blockchain pode ser
aplicada, questionamentos sobre as regras para quem criou a
transação, entre outras). A integração desses conceitos e ideias
permite trocas de valores sem uma instituição central confiável
(KIVIAT, 2015). Como resultado, há um interesse crescente na
tecnologia porque ela fornece segurança, anonimato e integridade de
dados sem organizações terceirizadas no controle das transações
(YLI-HUUMO et al., 2016).

Embora possa teoricamente desintermediar, na realidade, as


redes blockchain re-intermediam a confiança longe do centro e
formam esquemas “multicêntricos, fracamente intermediados” (GUO
e LIANG, 2016).

Inicialmente, a tecnologia blockchain surgiu como a plataforma


subjacente para a criptomoedas Bitcoin. No entanto, pelas razões
apresentadas, os bancos esperam que isso os ajude a simplificar e
reduzir os custos de atividades como pagamentos internacionais e
liquidação de transações (IRRERA e SHUMAKER, 2017).

Essa expectativa abre a porta para uma tecnologia potencialmente


inovadora que pode ter amplas implicações para o setor financeiro.
Zhao, Fan e Yan (2016) e Mougayar (2016) preveem que o efeito
transformacional da tecnologia blockchain em possibilitar transações
confiáveis globalmente irá paralelizar a influência paradigmática da
Internet na acessibilidade em formação. Zhao, Fan e Yan (2016) ainda
afirmam que a confiança descentralizada – resultante da
tecnologia blockchain atenua os custos de transações que são
devidas a aspectos não técnicos de centralização.

Da mesma forma, Guo e Liang (2016) postulam que a aplicação da


tecnologia blockchain pode resolver muitos dos gargalos de
ineficiência, atrasos, fraudes e riscos operacionais que eles afirmam
infestar o setor financeiro, principalmente por ser um conjunto de
registros de transações que tem autonomia para autenticar outros
registros, eliminando agentes intermediários como bancos,
instituições financeiras que poderiam gerar os gargalos. Os
benefícios desta tecnologia podem ser notados especificamente no
contexto de serviços financeiros e registros de propriedade
(TAVARES; PACHECO; CHAGAS, 2019)

No entanto, as redes blockchain são inerentemente lentas, uma vez


que obter uma rede inteira para um consenso em uma única verdade
é demorada e os nós peer-to-peer devem atuar tanto como cliente
quanto como servidor (TSAI et al., 2016). A natureza descentralizada
da tecnologia blockchain também pode tornar os dados mais
transparentes quando comparados a transações centralizadas (YLI-
HUUMO et al., 2016). No entanto, como os usuários da
rede blockchain pública podem optar por agir anonimamente, um alto
nível de privacidade pode diminuir o grau de transparência na
perspectiva de entidades que precisam saber mais sobre os usuários
finais.

3. BLOCKCHAIN TRANSAÇÕES FINACEIRAS

3.1 MOEDAS DIGITAIS

De acordo com Viceconti e Neves (2013) e Vasconcelos (2004),


moeda é um bem ou ativo financeiro que possui aceitação pela
sociedade e que pode ser utilizado para o pagamento de bens e
serviços de forma instantânea. Para Melo et al., (2019) as moedas
possuem três funções básicas: intermediar trocas, unidade de medida
de valor e reserva de valor.

O surgimento de moedas baseadas em tecnologia de algoritmos


criptografados como a blockchain, certamente representou, ao
contrário do surgimento das primeiras moedas, não somente uma
reserva de valor ou uma unidade de medida de valor, mais uma reação
inovadora à falta de limites e regras impostas pelo sistema financeiro
global. A partir de sua criação é possível verificar um rápido
crescimento da tecnologia blockchain e das criptomoedas, com
destaque para o Bitcoin (PIRES, 2017).

Muitos órgãos responsáveis por transações financeiras estão


coletando informações para responder um questionamento levantado
por eles mesmos, ou seja, como a tecnologia poderia bloquear as
transações financeiras? Esta pergunta foi realizada por todos os
laboratórios de pesquisa futuristas em muitos dos maiores bancos,
bancos centrais, instituições financeiras, empresas de consultoria e
comitês governamentais em todo o mundo. O R3CEV (2019), em um
esforço do consórcio financiado por alguns dos maiores bancos do
mundo, está atarefado buscando a resposta dessa pergunta.
A Goldman Sachs, a McKinsey Consulting e a Consumers
’Research escreveram excelentes relatórios sobre essa questão. O
governo do Reino Unido, o Senado dos EUA, o Canadá, a Austrália e a
UE também fizeram investigações sobre este tema.

Cabe destacar que startups também contribuem na produção de


documentos sobre o uso de tecnologia blockchain, e muitas vezes
incluem a questão social mais ampla: “Como isso vai mudar as
coisas?”. Diante deste questionamento levantado por estas grandes
organizações destacam-se alguns pontos fundamentas, que são
(TILOOBY, 2018): Infraestrutura para transações internacionais: a
revolução digital mudou completamente a mídia, como se sabe. Isso
teve um efeito no setor financeiro também. A mesma pergunta se faz
atualmente: qual o impacto da blockchain para o setor financeiro
atualmente?

Mesmo diante das possibilidades é importante ressaltar que a


revolução digital até agora não inovou as transações internacionais.
A Western Union, por exemplo, permanece sendo um enorme nome,
realizando praticamente o próprio negócio que a todo momento
possuiu. Os bancos continuam a utilizar uma infraestrutura
complicada para transações fáceis, como mandar dinheiro com
destino ao exterior (TILOOBY, 2018). Essa arquitetura é o resultado do
setor financeiro utilizando bancos de dados privados imensamente
seguros.

Neste sentido, a tecnologia Blockchain autoriza que as organizações


financeiras produzam links diretos entre si, evitando os
correspondentes bancários, para tal, a estrutura dos dados das
transações reflete a semântica da própria aplicação, tendo uma
estrutura que se aproxima de um “balancete contábil”, onde há
um timestamp, um identificador (hash) indicando de onde vem a
transação (valores de entrada e saída) e para onde vai a transação, ou
seja, o endereço de destino, que é verificada através de uma
assinatura digital realizada com chave privada (BRAGA, 2017) (figura
4).

Figura 4 – Passos de uma transação Blockchain

Fonte: BRAGA (2017), modelo adaptado.

O principal produto da R3 até hoje, o Corda, é voltado para bancos


correspondentes. Corda é um jogo de palavras que incorpora “acordo”
(acordo) e “corda” (a linha mais reta entre dois pontos em um círculo)
(R3CEV, 2019).

No caso do Corda, o círculo é formado por bancos que usariam um


livro compartilhado para transações, contratos e documentos
importantes. Instituições financeiras oponentes seriam capazes de
utilizar esse banco de dados simples para conduzir a aplicação,
compensação e liquidação de transações sem a obrigação de
abranger qualquer banco de dados central ou sistema de
administração. Em suma, os bancos se tornarão capazes de
formalizar e assegurar relações digitais entre si de maneira que não
poderiam antes (R3CEV, 2019). Na figura 5 consta a infraestrutura e
os intermediários em operações bancárias internacionais que estão
em vigor desde os anos 70.

Figura 5 – Infraestrutura para transações financeiras internacionais


Fonte: R3CEV (2019), modelo adaptado.

A representação acima contribui para entender que os acordos


bancários correspondentes e o RGTS ou NEFT (RTGS – liquidação
bruta em tempo real e NEFT – transferência eletrônica nacional de
fundos) “são sistemas de pagamento eletrônico que permitem aos
indivíduos transferir fundos entre bancos”, poderiam ser os dois de
curto prazo. As transações podem ocorrer diretamente entre duas
partes em uma base P2P sem ter atrito.

O Ripple (Empresa que processa pagamentos entre câmbio de


moedas digitais), um blockchain autorizado, é construído para
resolver muitos desses problemas, utilizando um sistema de
pagamentos de consenso distribuído, com código aberto, ou seja,
permite que seus usuários consigam realizar transações em
intermédio de bancos, PayPal, Payonner, entre outros, consegue
processar até mil transações por segundo e segundo informações da
empresa, pode ser escalada em até 50 mil (TILOOBY, 2018).

A Bitcoin gerou algo único: propriedade digital. Antes da existência


do Bitcoin, “digital” não era sinônimo de carência. Qualquer objeto
digital pode ser copiado com o clique de um botão. Uma curta
observada na indústria da música e nas vendas de álbuns relata essa
história de modo convencedor. Contudo o Bitcoin gerou algo novo:
produziu um código digital que não pode ser copiável, já que a
autenticidade de cada transação é protegida por assinaturas digitais,
gerando endereços diferentes através de códigos QR, permitindo que
o núcleo do Bitcoin seja confiável. Portanto, pela primeira vez a partir
de que os bits e bytes foram criados, existia um modo de ter alguma
coisa digital que não tinha como ser copiada. Isso deu o valor do
código digital. Até nos dias de hoje, o preço do Bitcoin é
fundamentado na competência de sua blockchain para impedir gastos
duplicados e a formação de moedas falsificadas (WORKIE e JAIN,
2017).

Com isso em pensamento, os desenvolvedores de Bitcoin foram


pioneiros em moedas coloridas que são capazes de agir como ações
de uma firma. A “cor” da moeda simboliza conhecimentos acerca de
que direitos de propriedade a chave criptográfica privada proporciona
(figura 6).

Figura 6 –Exemplificações das cores do Bitcoin


Fonte: Workie e Jain, (2017), modelo adaptado.

Através da imersão da tecnologia, a gigante do varejo


online Overstock informou que iria emitir ações públicas de ações da
empresa em sua plataforma blockchain. Através desta “iniciação” o
advento das “ofertas iniciais de moedas” como a (ICOs) e “appcoins”
(criptomoedas nativas de um aplicativo que ajudam a financiar o
desenvolvimento do projeto), começaram a ter destaque no mercado
financeiro. Esses exemplares são somente pedaços da história
de blockchains em ativos digitais. Eles são capazes de ser o ativo,
mas blockchains também podem ser usados para executar o próprio
mercado (WORKIE e JAIN, 2017). Basicamente, esses esforços estão
tratando os ativos digitais como um equipamento de suporte, que é
uma utilização ampla e hábil.
4. CONCLUSÃO

Este artigo procurou discutir os avanços e as potencialidades da


tecnologia blockchain para as transações financeiras. Foi possível
perceber que as informações relacionadas a Blockchain estão cada
vez mais difundidas no mercado financeiro. A sociedade de uma
forma geral anseia por um entendimento mais aprofundado do
assunto, buscando informações e principalmente o conhecimento do
mundo das criptomoedas.

Uma vez criado o Blockchain emite um certificado digital de


propriedade privada (ao seu criador) contendo uma espécie de
carimbo de tempo, onde permite que sua autenticidade nunca mais
seja modificada, validando os processos. Essa capacidade tem
suscitado debates no campo financeiro, o que tem contribuído para a
existente de amantes e inimigos da tecnologia. No setor financeiro, as
criptomoedas podem deslocar bancos centrais e bancos
internacionais”. Esse deslocamento implica que o poder sobre os
sistemas financeiros poderá ser tirado das instituições e dos
governos e dado a população em geral. Por outro lado, o sistema pode
garantir maior confiabilidade em transações financeiras.

A tecnologia de contabilidade distribuída é considerada pela indústria


de tecnologia como a maior conquista da ciência da computação
desde a Internet. Há muitas características para sustentar uma
declaração tão forte, mas os aspectos centrais (Imutabilidade,
Transparência, Autonomia, Resistência a Censura) é que a tornam
uma tecnologia revolucionária para o setor financeiro. Por outro lado,
a difusão desta tecnologia pode tornar as pessoas donas do seu
próprio banco, descentralizando o poder do governo e
consequentemente obtendo-se ações mais independentes
relacionadas ao movimento financeiro.

Assim, a tecnologia Blockchain possui potencial para mudar


permanentemente a forma como os pagamentos e transações
financeiras são feitas, desde micro pagamentos entre apenas duas
pessoas, até bancos internacionais que transferem milhões de
dólares instantaneamente. Usando a tecnologia blockchain, o custo e
o tempo gasto para concluir as transações podem ser drasticamente
reduzidos.

Neste sentido, é possível afirmar que a aplicação da


tecnologia blockchain poderá resolver muitos dos gargalos de
ineficiência, atrasos, fraudes e riscos operacionais no setor
financeiro, principalmente por se tratar de um conjunto de registros
de transações que detém autonomia para autenticar outros registros,
eliminando agentes intermediários como bancos e instituições
financeiras.

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Link Artigo:

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencia-da-computacao/transacoes-financeiras

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