Equilíbrio Químico

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Lcenciatura em Química

Físico-Química I / Profa. Cinthia Soares


Aula 7: Equilíbrio Químico

Equilíbrio químico

É possível ir analisando a composição do meio reacional

(concentrações) enquanto uma determinada reação ocorre. Ao longo do tempo

observamos variações de composição, porém, a partir de um dado intervalo

de tempo t’ não mais são observadas variações no meio reacional. A partir

daí, a reação é dita “em equilíbrio”. Em outras palavras, dizemos que a reação

“atingiu o equilíbrio”. As figuras abaixo mostram duas situações distintas e que

devem ser consideradas.

t’ t’

(a) (b)

Figura 1) Concentração em função do tempo para duas reações ocorrendo sob

temperatura controlada. (a) Reação que atinge o equilíbrio com concentração

de reagentes praticamente nula. (b) Reação que atinge o equilíbrio com

concentração de reagentes considerável. Em cada caso, as concentrações dos

reagentes no equilíbrio foram destacadas com uma seta de cor laranja.

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Reações que atingem o equilíbrio com concentração de reagentes

praticamente nula são chamadas de reações irreversíveis e são

representadas com uma seta num único sentido.

Ex.: HCl(aq) + H2O(l)  H3O+(aq) + Cl-(aq)

Reações que atingem o equilíbrio com concentração de reagentes

considerável são chamadas de reações reversíveis e são representadas

com setas em ambos os sentidos.

Ex.: HCN(aq) + H2O(l)  H3O+(aq) + CN-(aq)

Nos exemplos acima, temos dois processos de ionização ácida:

 no primeiro caso temos a ionização de um ácido forte

 no segundo caso temos a ionização de um ácido fraco

Um ácido forte “consegue liberar todos os seus hidrogênios

ácidos” (rendimento ≈ 100%, reação irreversível), enquanto que um

ácido fraco não (rendimento <<< 100%, reação reversível).

Dessa forma, podemos concluir que as representações utilizadas

( e ) estão plenamente de acordo com as definições de ácido forte e

ácido fraco.

A condição de equilíbrio das reações reversíveis, ao contrário do que se

poderia imaginar, não é estática. Ou seja, não é que os reagentes param de

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reagir e, por isso, não mais se observam variações nas quantidades dos

reagentes e produtos de uma reação. O entendimento da condição de

equilíbrio das reações reversíveis é que, as quantidades de reagentes e

produtos param de variar, pois as velocidades das reações direta e inversa

passam a ser iguais, a partir de um dado intervalo de tempo t’. Dessa

forma, o equilíbrio das reações reversíveis é compreendido como sendo uma

condição dinâmica, e não estática.

t’

Figura 2) Para uma reação reversível, ao longo do tempo, a velocidade da

reação direta (que gera produtos no meio reacional) vai diminuindo e a

velocidade da reação inversa (que gera reagentes no meio reacional) vai

aumentando, conforme destacado pelas setas de cor laranja. Num dado tempo

t’, essas velocidades se igualam e, dessa forma, as quantidades dos reagentes

e produtos no meio reacional tornam-se constantes.

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Grau de ionização

Aproveitando que tomamos o processo de ionização ácida para

exemplificar as reações irreversíveis e reversíveis, vejamos uma definição

importante, a definição de grau de ionização :

𝐧ú𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐦𝐨𝐥𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐢𝐨𝐧𝐢𝐳𝐚𝐫𝐚𝐦


𝛂=
𝐧ú𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐦𝐨𝐥𝐬 𝐢𝐧𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥

Dessa forma, podemos concluir que, quanto maior o grau de ionização

maior o número de mols que se ionizaram, e vice versa.

Constante de equilíbrio (K)

Observa-se que, para cada temperatura, uma determinada composição

de equilíbrio é atingida. Ou seja, as quantidades de produtos e reagentes “no

final” de uma reação dependem da temperatura na qual se processa a reação.

Considerando as reações reversíveis, as quantidades de produtos e reagentes

que permanecem em equilíbrio são agrupadas numa grandeza determinada

experimentalmente denominada constante de equilíbrio (K).

Para uma reação genérica em equilíbrio do tipo aA + bB  cC + dD,

ocorrendo em fase aquosa e numa dada temperatura T, a constante de

equilíbrio K, expressa em termos de concentrações molares (KC),

apresenta o seguinte formato:

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[𝐂]𝐜𝐞𝐪 [𝐃]𝐝𝐞𝐪
𝐊𝐂 =
[𝐀]𝐚𝐞𝐪 [𝐁]𝐛𝐞𝐪

 KC é a constante de equilíbrio da reação em termos de concentrações molares


 [A]aeq é a conc. molar de equilíbrio de A elevada ao coef. estequiométrico de A (a)
 [B]beq é a conc. molar de equilíbrio de B elevada ao coef. estequiométrico de B (b)
 [C]ceq é a conc. molar de equilíbrio de C elevada ao coef. estequiométrico de C (c)
 [D]deq é a conc. molar de equilíbrio de D elevada ao coef. estequiométrico de D (d)

Já se a reação está ocorrendo em fase gasosa, a constante de

equilíbrio K, expressa em termos de pressões parciais (KP), apresenta o

seguinte formato:

(𝐏𝐂 )𝐜𝐞𝐪 (𝐏𝐃 )𝐝𝐞𝐪


𝐊𝐏 =
(𝐏𝐀 )𝐚𝐞𝐪 (𝐏𝐁 )𝐛𝐞𝐪

 KP é a constante de equilíbrio da reação em termos de pressões parciais


 (PA )aeq é a pressão parcial de eq. de A elevada ao coef. estequiométrico de A (a)
 (PB )beq é a pressão parcial de eq. de B elevada ao coef. estequiométrico de B (b)
 (PC )ceq é a pressão parcial de eq. de C elevada ao coef. estequiométrico de C (c)
 (PD )deq é a pressão parcial de eq. de D elevada ao coef. estequiométrico de D (d)

No entanto, se a reação em fase gasosa está ocorrendo num recipiente

de volume fixo, nada nos impede de escrever as concentrações molares de

equilíbrio, de forma que também é possível ter uma K C para reações em fase

gasosa. A relação entre os valores de KP e KC é a seguinte:

𝐊 𝐏 = 𝐊 𝐂 (𝐑𝐓)∆𝛎

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 R é a constante dos gases ideais (0,082 atm.L/mol.K)


 T é a temperatura absoluta (na escala Kelvin) na qual se processa a reação
 ∆ν é a variação dos coef. estequiométricos para a reação direta: (c + d) – (a + b)

Uma vez que a definição de constante de equilíbrio envolve uma

razão entre as quantidades de produto e reagente em equilíbrio,

podemos concluir que:

 se K é um valor alto, a composição de equilíbrio é formada por

bastante produto e pouco reagente

 se K é um valor baixo, a composição de equilíbrio é formada por

pouco produto e bastante reagente

Exemplos de aplicação

Ex.: Calcule o valor da constante de equilíbrio KC para a reação de oxidação do

óxido sulfuroso: SO2(g) + 1/2O2(g)  SO3(g), sabendo que, nas condições de

temperatura e pressão nas quais se processa a reação, foram obtidas as

seguintes concentrações de equilíbrio: [SO3] = 0,1 mol/L, [O2] = 1,5 mol/L e

[SO2] = 1,0 mol/L.

[SO3 ]1eq
KC = 1⁄
[SO2 ]1eq [O2 ]eq2

(0,1)
KC = 1⁄
(1,0)(1,5) 2

𝐊 𝐂 = 𝟎, 𝟎𝟖

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Ex.: Em um recipiente de 500 mL, encontram-se, em equilíbrio, 0,46 g de NO2

e 1,84 g de N2O4, isso a 25°C. Calcule a constante de equilíbrio KP para a

reação 2 NO2(g)  N2O4(g).

1) Pressões parciais de equilíbrio

 N2O4

nN2 O4 RT
PN2 O4 =
V
mN2 O4
MMN2 O4 RT
PN2 O4 =
V

1,84
× 0,082 × 298
92,011
PN2 O4 =
0,500

PN2 O4 = 1 atm

 NO2

nNO2 RT
PNO2 =
V
mNO2
MMNO2 RT
PNO2 =
V

0,46
46,0055 × 0,082 × 298
PNO2 =
0,500

PNO2 = 0,5 atm

3) Cálculo da constante de equilíbrio

(PN2 O4 )1eq
KP =
(PNO2 )2eq

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KP =
(0,5)2

𝐊𝐏 = 𝟒

Ex.: Ao dissolver 0,1 mol de ácido acético em água suficiente para 1 litro, numa

dada temperatura T, constata-se que 0,06 g do ácido acético se ioniza. Qual o

grau de ionização do ácido acético nessa solução?

1) Número de mols que ionizaram


m
n=
MM

0,06
n=
60,052

n = 0,001

2) Cálculo do grau de ionização

número de mols que ionizaram


α=
número de mols inicial

0,001
α=
0,1

𝛂 = 𝟎, 𝟎𝟏

Ex.: Na reação PCl5(g)  PCl3(g) + Cl2(g), a constante de equilíbrio KC vale

32,8, a 727°C. Em um recipiente estão em equilíbrio 1,5  10-3 mol/L de PCl5 e

2,0  10-1 mol/L de Cl2. Calcular:

a) A concentração molar do PCl 3 nesse equilíbrio.

b) O valor da constante de equilíbrio KP.

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a)

[PCl3 ]1eq [Cl2 ]1eq


KC =
[PCl5 ]1eq

[PCl3 ]eq (2,0 × 10−1 )


32,8 =
(1,5 × 10−3 )

32,28 × (1,5 × 10−3 )


[PCl3 ]eq =
(2,0 × 10−1 )

[𝐏𝐂𝐥𝟑 ]𝐞𝐪 = 𝟎, 𝟐 𝐦𝐨𝐥/𝐋

b)

K P = K C (RT)∆ν

K P = 32,8(0,082 × 1000)(1+1)−(1)

K P = 32,8 × (82)1

𝐊 𝐏 = 𝟐𝟔𝟗𝟎

Deus abençoe!

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