Unid 07 - Competência - Roteiro LMM
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1. Jurisdição
1.1. Conceito
- poder de dizer o direito (ou aplicar a lei) aos casos concretos de forma vinculante e
cogente (Giuseppe Chiovenda).1
1.2. Princípios.
1 CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. 04 ed. Trad. Paolo Capitanio.
Campinas: Bookseller, 2009, p. 511-512.
2 MILANEZ, Bruno Augusto Vigo. O Princípio do Juiz Natural no Processo de Execução Penal. Tese
convocados virem a integrar Tribunais na condição de substitutos de Desembargadores, sem que isso
implique violação ao princípio do Juiz natural” (STF - Primeira Turma - ARE 1.174.976 AgR/SP - Rel.
Min. Roberto Barroso - j. em 28.06.2019 - DJe 170 de 05.08.2019); “Julgamento de habeas corpus por
colegiado integrado majoritariamente por magistrados de primeiro grau convocados: inexistência de
contrariedade ao princípio do juiz natural” (STF - Segunda Turma - RHC 122.002/RJ - Rel. Min.
Cármen Lúcia - j. em 03.06.2014 - DJe 114 de 12.06.2014). No mesmo sentido: STF - Primeira Turma -
ARE 795.550 AgR/PI - Rel. Min. Luiz Fux - j. em 28.10.2014 – DJe 224 de 13.11.2014; STF - Primeira
Turma - Rel. Min. Luiz Fux - HC 112.151/SP - j. em 22.05.2012 - DJe 118 de 15.06.2012; STF -
Tribunal Pleno - RE 597.133/RS - Rel. Min. Ricardo Lewandowski - j. em 17.11.2010 - DJe 065 de
05.04.2011; STF – Tribunal Pleno - HC 96.821/SP - Rel. Min. Ricardo Lewandowski - j. em 08.04.2010
– DJe 116 de 24.06.2010.
4 “1. A distribuição da ação penal ao Juízo da 3ª Vara Criminal e Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher ocorreu nos termos da legislação vigente à época em que o ato foi praticado.
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1.2.2. Inércia
- a jurisdição não atua de ofício (nemo iudex sine actore / ne procedat iudex ex
officio).
1.2.3. Indeclinabilidade
- o Estado-juiz não pode deixar de proceder à resolução (ou ao acertamento) de um
caso penal.
1.2.4. Indelegabilidade
- a jurisdição penal não pode ser delegada a órgão diverso do Poder Judiciário.
1.2.5. Imparcialidade
- o juiz como terceiro imparcial (equidistante das partes).
2.1. Conceito
- noção clássica: competência como limite ou quantidade de jurisdição (Carnelutti5 e
Liebman6);
- crítica: uma questão de legitimidade no exercício da jurisdição. Conforme Badaró, a
competência representa “o âmbito legítimo de exercício de jurisdição conferido a cada
órgão jurisdicional”.7
Quando da homologação da prisão em flagrante, encontrava-se em vigor a Lei Maria da Penha (Lei
11.340/2006), que, no ponto, foi regulamentada pela Resolução 18/2006-TJ/SC, não havendo razão
para que a ação penal fosse atribuída à 1ª Vara Criminal da Capital, tal como antes previsto no art. 107
da Lei Estadual 5.624/1979 (Código de Divisão e Organização Judiciárias do Estado de Santa Catarina).
Com o julgamento do recurso em sentido estrito, mantendo a sentença de pronúncia, o processo baixou
à origem e foi redistribuído à Vara do Tribunal do Júri da Capital, então recém-implantada pela
Resolução 46/2008 -TJ/SC. 2. Tanto a anexação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher à 3ª Vara Criminal da Capital quanto a instalação da Vara do Tribunal do Júri da Capital,
ambas por meio de Resoluções do TJ/SC, se deram em conformidade com a Constituição Federal, que,
em seu art. 96, I, “a”, autoriza aos Tribunais alterar a competência dos seus respectivos órgãos
jurisdicionais e administrativos, desde que observadas as normas de processo e as garantias
processuais das partes, como ocorreu no caso. Precedentes” (STF - Segunda Turma - HC 102.150/SC -
Rel. Min. Teori Zavaski - j. em 27.05.2014 - DJe 112 de 10.06.2014).
5 “(...) a competência é, por isso, aquela quantidade de jurisdição que compete a um singular ofício, oficial
ou encarregado (...) entre jurisdição e competência, a diferença é, pois, que a primeira é ilimitada, e a
segunda é limitada” (CARNELUTTI, Francesco. Lições sobre o Processo Penal. Trad. Francisco José
Galvão Bueno. t II. Campinas: Bookseller, 2004, p. 273).
6 “(...) a competência é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão” (LIEBMAN,
Enrico Tullio. Manual de Direito Processual Civil. Trad. Cândido. Rangel Dinamarco. v. I. 03 ed. São
Paulo: Malheiros, 2005, p. 81).
7 BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal. 6 ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018, p. 231.
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2.2. Fundamento
- prático/organizacional;
- material (juiz natural).
8 A prevenção precisará ser (re)interpretada à luz do “juiz das garantias” (Lei n. 13.964/2019). Quando
esse novo modelo de competência funcional começar a produzir efeitos, a prevenção funcionará como
causa de exclusão da competência do “juiz de julgamento” (art. 3º-D do CPP), ficando reservado seu
papel enquanto método de fixação da competência somente entre os “juízos de garantia”.
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- distribuição;
- conexão/continência.
9 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 250.
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10 STJ - Terceira Seção - CC 169.053/DF - Rel. Min. Sebastião Reis Júnior - j. em 11.12.2019 - DJe de
19.12.2019.
11 STJ - Terceira Seção - CC 161.881/CE - Rel. Min. Joel Ilan Paciornik - j. em 13.03.2019 - DJe de
25.03.2019.
12 “Há que se diferenciar a situação em que o estelionato ocorre por meio do saque (ou compensação) de
cheque clonado, adulterado ou falsificado, da hipótese em que a própria vítima, iludida por um ardil,
voluntariamente, efetua depósitos e/ou transferências de valores para a conta corrente de
estelionatário. Quando se está diante de estelionato cometido por meio de cheques adulterados ou
falsificados, a obtenção da vantagem ilícita ocorre no momento em que o cheque é sacado, pois é nesse
momento que o dinheiro sai efetivamente da disponibilidade da entidade financeira sacada para, em
seguida, entrar na esfera de disposição do estelionatário. Em tais casos, entende-se que o local da
obtenção da vantagem ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque
adulterado, seja dizer, onde a vítima possui conta bancária. Já na situação em que a vítima, induzida
em erro, se dispõe a efetuar depósitos em dinheiro e/ou transferências bancárias para a conta de
terceiro (estelionatário), a obtenção da vantagem ilícita por certo ocorre quando o estelionatário
efetivamente se apossa do dinheiro, seja dizer, no momento em que ele é depositado em sua conta” (STJ
- Terceira Seção - CC 167.025/RS - Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 14.08.2019 - DJe de
28.08.2019).
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13 STJ - Terceira Seção - CC 160.053/SP - Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 22.08.2018 -
DJe de 27.08.2018.
14 STJ - Terceira Seção - CC 145576/MA - Rel. Min. Joel Ilan Paciornik - j. em 13.04.2016 - DJe de
20.04.2016.
15 STJ - Terceira Seção - CC 132024/SP - Rel. Min. Nefi Cordeiro - j. em 08.10.2014 - DJe de
16.10.2014.
16 STJ - Terceira Seção - CC 106625/SP - Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima - j. em 12.05.2010 - DJe de
25.05.2010.
17 STJ - Quinta Turma - RHC 793/SP - Rel. Min. Edson Vidigal - j. em 17.10.1990 - DJ de 05.11.1990.
Em sentido contrário: STJ - Sexta Turma - HC n. 196.458/SP - Rel. Min. Sebastião Reis Júnior - j. em
06.12.2011 - DJe de 08.02.2012.
18 “I – O Código de Processo Penal, ao fixar a competência para apurar e julgar a infração penal,
estabeleceu a competência do foro do local do crime, adotando, para tanto, a teoria do resultado, que
considera como local do crime aquele em que o delito se consumou. II - A opção do legislador ordinário
pelo local da consumação do delito se justifica pelo fato de ser esse o local mais indicado para se
obterem os elementos probatórios necessários para o perfeito esclarecimento do ilícito e suas
circunstâncias. III – Contudo, o próprio dispositivo legal permite o abrandamento da regra, tendo-se em
conta os fins pretendidos pelo processo penal, em especial a busca da verdade real. IV – No caso sob
exame, a maior parte dos elementos de prova concentram-se na Comarca de Guarulhos/SP, local onde
residiam a vítima e o réu, onde se iniciaram as investigações, onde a vítima foi vista pela última vez,
onde reside também grande parte das testemunhas, de forma que, por questões práticas relacionadas à
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coleta do material probatório e sua produção em juízo, o foro competente para processar e julgar a ação
penal deve ser o da Comarca de Guarulhos/SP” (STF - Segunda Turma - HC 112.348/SP - Rel. Min.
Ricardo Lewandowski - j. em 04.12.2012 - DJe 054 de 20.03.2013).
19 Esse tipo de crime pode ser de competência da justiça comum estadual ou federal, a depender da
incidência (ou não) das regras constitucionais de determinação da persecução federal (art. 109 da CF).
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20“O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda
Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações
penais” (STF - Tribunal Pleno - ADI-MC 3684/DF - Rel. Min. Cezar Peluso - j. em 01.02.2007 - DJ de
03.08.2007).
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eleitorais (arts. 35, II, e 364, ambos do Código Eleitoral c.c. art. 78, IV, CPP);21
c) infrações penais eleitorais de menor potencial ofensivo.
4.2.1. Estrutura.
a) Justiça Militar Federal/da União
2.ª instância: Superior Tribunal Militar (STM)
1.ª instância: Conselho de Justiça/Auditorias Militares: compostas por um juiz
federal da justiça militar (antigo “juiz auditor” / juiz civil togado) e quatro juízes
militares (oficiais militares).22
b) Justiça Militar Estadual (art. 125, §§ 3º, 4º e 5º, da CF)
2.ª instância: Tribunal de Justiça Militar (SP, MG e RS) ou Tribunal de Justiça
Estadual
1.ª instância: Conselhos de Justiça/Auditorias Militares: compostas por um juiz de
direito do juízo militar (juiz civil togado) e quatro juízes militares (oficiais militares). 23
4.2.2. Competência.
- regra constitucional: a justiça militar é competente para julgar os crimes militares
definidos em lei (art. 124 da CF).
- definição legal: arts. 9º e 10º do Código Penal Militar (Decreto-lei n. 1.001/1969):
crimes militares em tempos de paz e crimes militares em tempo de guerra.
- crimes militares: próprio (ou propriamente militar) X impróprio (ou impropriamente
militar).
- ampliação da justiça castrense (Lei n. 13.491/2017): alcança também crimes
(militares) previstos em leis penais especiais (ex.: abuso de autoridade – superação
da súmula n. 172 do STJ24).
21 “Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos –
inteligência dos artigos 109, inciso IV, e 121 da Constituição Federal, 35, inciso II, do Código Eleitoral e
78, inciso IV, do Código de Processo Penal” (STF - Tribunal Pleno - Inq 4435 AgR-quarto/DF - Rel. Min.
Marco Aurélio - j. em 14.03.2019 – DJe 182 de 20.08.2019).
22 No caso da Justiça Militar da União, após a entrada em vigor da Lei 13.744/2018, a competência do
Conselho de Justiça subsiste apenas aos casos de crimes militares praticados exclusivamente por
militares federais. Do contrário, em havendo concurso de autoria com civil ou, então, crime militar
praticado por civil, o julgamento será de competência monocrática do juiz federal da justiça militar (art.
30, I-B, da Lei n. 8.457/1992).
23 No caso da Justiça Militar Estadual, “compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os
demais crimes militares” (art. 125, § 5º, da CF).
24 “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que
praticado em serviço” (Súmula n. 172 do STJ). Com a nova redação conferida ao art. 9º do CPM pela Lei
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por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se
praticados no contexto: I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente
da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; II – de ação que envolva a segurança de instituição
militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou III – de atividade de natureza militar, de
operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade
com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais (...)”.
26 STF - Segunda Turma - RHC 111.025/RJ - Rel. Min. Gilmar Mendes - j. em 10.04.2012 – DJe 079 de
23.04.2012.
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4.4. JECrim
- referência constitucional: “a União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os
Estados criarão juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos,
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau” (art. 98,
I, da CF).
27Após a entrada em vigor da Lei n. 13.491/2017, o policial militar apenas será julgado, nesses casos,
pela justiça comum se não restar configurado o crime militar (art. 9º, II, do CPM).
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b) Art. 109, IV, CF: “Infrações Penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça
Eleitoral”.
- bens: móveis ou imóveis;
- cancelamento da súmula n. 91 do STJ / portanto: crimes contra a fauna de
competência da justiça estadual.
- serviços: atividade pública desenvolvida pelo ente público quanto às suas
finalidades institucionais;
- servidores: “compete à justiça federal processar e julgar os crimes praticados
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”
28 STF - Tribunal Pleno – RC-Segundo 1468/RJ – Rel. Min. Ilmar Galvão – j. em 23.03.2000 – DJ de
16.08.2000.
29 STF - Segunda Turma - Ext. 1578/DF - Rel. Min. Edson Fachin - j. em 06.08.2019 – DJe 037 de
19.02.2020.
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30 No mesmo sentido: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra
servidor público federal, no exercício de suas funções e com estas relacionados” (súmula n.º 98 do
extinto TFR); “Compete à Justiça Federal processar e julgar os delitos praticados por funcionário público
federal, no exercício de suas funções e com estas relacionados” (súmula n.º 254 do extinto TFR).
31 STF - Tribunal Pleno - RE 454.737/SP - Min. Rel. Cezar Peluso - j. em 18.09.2008 - DJe 222 de
20.11.2008.
32 “Compete à Justiça Federal processar e julgar crime praticado por funcionário público federal no
exercício de suas atribuições funcionais (...) Havendo indícios de que o autor do delito é servidor público
federal, no exercício de suas funções, resta caracterizado o interesse da União no caso” (STJ - Terceira
Seção - CC 105.202/MG - Rel. Min. Jorge Mussi - j. em 09.06.2010 - DJe de 17.06.2010).
33 Decreto-lei n. 200/1967. “Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: I - Autarquia - o serviço
autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
administrativa e financeira descentralizada”.
34 Lei n. 13.013/2016. “Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente
detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios”.
35 STJ - Terceira Seção - AgRg no CC 161.363/MG - Rel. Min. Ribeiro Dantas - j. em 24.04.2019 - DJe
de 30.04.2019; STJ - Terceira Seção - AgRg no CC 155.063/SP - Rel. Min. Joel Ilan Paciornik - j. em
13.06.2018 - DJe de 29.06.2018.
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c) Art. 109, V, CF: “Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando,
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro,
ou reciprocamente”.
- não se trata de crime praticado (execução e consumação) no exterior /
extraterritorialidade (art. 7º do CP);
- crimes à distância previstos em tratado ou convenção internacional;
- tráfico transnacional de drogas (art. 70, caput, da Lei n.º 11.343/0639);40
- tráfico internacional de pessoa (art. 149-A do CP);
- transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior (art. 239 do ECA);41
- pornografia infantil por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e
241-B do ECA);42
36 STJ - Terceira Seção - CC 122.596/SC - Rel. Min. Sebastião Reis Júnior - j. em 08.08.2012 - DJe de
22.08.2012.
37 STJ - Terceira Seção - CC 129.804/PB - Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 28.10.2015 -
DJe de 06.11.2015.
38 STJ - Terceira Seção - AgRg no CC 164.656/MG - Rel. Min. Sebastião Reis Júnior - j. em 24.04.2019 -
DJe de 29.04.2019.
39 Art. 70, caput, da Lei n. 11.343/06: “O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37
desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal”. Observar,
ainda, a regra de deslocamento de competência prevista no art. 70, § único, da Lei n. 11.343/2006: “Os
crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal serão processados e julgados na
vara federal da circunscrição respectiva”.
40 Súmula n. 522 do STF: “Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência
será da justiça federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes”.
41 STJ - Terceira Seção - AgRg na Rcl 3445/PE - Rel. Min. Celso Limongi - j. em 14.03.2011 - DJe de
21.03.2011.
42 STF - Tribunal Pleno - RE 628.624/MG - Rel. Min. Marco Aurélio / Rel. Min. p/ Acórdão Min. Edson
Fachin - j. em 29.10.2015 - DJe 062 de 05.04.2016; STJ - Terceira Seção - CC 130.134/TO - Rel. Min.
Marilza Maynard (Des. Conv. TJ/SE) - j. em 09.10.2013 - DJe de 21.11.2013.
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- injúrias e discriminações pela internet: justiça estadual (em regra): delito contra a
honra cometido em rede social43 ou crime de incitação à discriminação racial contra
pessoas determinadas perpetrado em fórum de jornal eletrônico regional44 / justiça
federal (exceção): situações específicas de criminalidade transnacional previstas em
tratados internacionais45.
d) Art. 109, VI, primeira parte, CF: “Crimes contra a organização do trabalho”.
- crimes contra a organização do trabalho previstos no Código Penal (arts. 197 a 207)
/ porém apenas serão de competência da justiça federal se relacionados à
organização coletiva do trabalho46 (“ofensa ao sistema de órgãos e institutos
destinados a preservar, coletivamente, os direitos e deveres dos trabalhadores”47);
- competência estadual: violação a “direitos individuais, ainda que pertencentes a um
grupo determinado de pessoas”48;
- “compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes contra a organização do
trabalho, quando tenham por objeto a organização geral do trabalho ou direitos dos
trabalhadores considerados coletivamente” (súmula n. 115 do extinto Tribunal
Federal de Recursos - TFR).
- apesar de certa polêmica, tanto o STF49 quanto o STJ50, reconhecem, com base no
art. 109, VI, da CF, ter lugar a persecução criminal federal em face do delito de
redução a condição análoga à de escravo (art. 149 do CP).
43 STJ - Terceira Seção - CC 121.431/SE - Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze - j. em 11.04.2012 - DJe de
07.05.2012.
44 “É da Justiça estadual a competência para processar e julgar o crime de incitação à discriminação
racial por meio da internet cometido contra pessoas determinadas e cujo resultado não ultrapassou as
fronteiras territoriais brasileiras” (STF - Primeira Turma - HC 121.283/DF - Rel. Min. Roberto Barroso -
j. em 29.04.2014 - DJe 091 de 13.05.2014).
45 “I. Hipótese na qual foi requisitada a quebra judicial do sigilo de dados para fins de investigação de
crimes de difamação e falsa identidade, cometidos contra menor impúbere e consistentes na divulgação,
no Orkut, de perfil da menor como garota de programa, com anúncio de preços e contato. II. O Orkut é
um sítio de relacionamento internacional, sendo possível que qualquer pessoa dele integrante acesse os
dados constantes da página em qualquer local do mundo. Circunstância suficiente para a
caracterização da transnacionalidade necessária à determinação da competência da Justiça Federal. III.
Ademais, o Brasil é signatário da Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança, a qual, em seu
art. 16, prevê a proteção à honra e à reputação da criança. IV. Conflito conhecido para declarar a
competência do Juízo Federal e Juizado Especial Federal de Londrina SJ/PR, o suscitante” (STJ -
Terceira Seção - CC 112.616/PR - Rel. Min. Gilson Dipp - j. em 13.04.2011 - DJe de 01.08.2011).
46 STF - Tribunal Pleno - RE 398041/PA - Rel. Min. Joaquim Barbosa – j. em 30.11.2006 – DJe 241 de
18.12.2008.
47 STJ - Terceira Seção - EDcl no AgRg no CC 129.181/MG - Rel Min. Jorge Mussi - j. em 25.02.2015 -
DJe de 05.03.2015.
48 STJ - Terceira Seção - CC 131319/SP - Rel Min. Newton Trisotto (Des. Conv. TJ/SC) - j. em
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e) Art. 109, VI, segunda parte, CF: “e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
financeiro e a ordem econômico-financeira”.
- previsão expressa: art. 26 da Lei n. 7.492/1986 (crimes contra sistema financeiro);
- crimes contra a ordem tributária: apenas de competência federal se relacionados a
tributos federais (Lei n. 8.137/1990).51
- crimes contra a economia popular (Lei n. 1.521/1951): competência estadual
(súmula n. 498 do STF).
f) Art. 109, VII, CF: “Os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou
quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição.
- ex.: habeas corpus em face de prisão ilegal realizada por delegado de polícia federal
na condução de inquérito policial que apura crime de competência da justiça federal.
g) Art. 109, VIII, CF: “os mandados de segurança e os habeas data contra ato de
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais.
- ex.: mandado de segurança em face da recusa ilegal por parte de delegado de
polícia federal quanto ao acesso aos autos de inquérito policial pelo investigado em
procedimento que apura crime de competência da justiça federal.
h) Art. 109, IX, CF: “Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
competência da Justiça Militar”.
- nada interfere se o navio encontra-se parado ou em deslocamento, bem como se a
aeronave estava em solo52 ou em voo no momento da prática delitiva;
- navio: embarcação de grande porte e com capacidade para navegação em alto-mar,
que não se confunde com estruturas de pequeno calado (ex.: iates ou veleiros).
- aeronave: “todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no
espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas”
(art. 106 da Lei n. 7.565/1986). Não se confunde com “balões de ar quente
tripulados”.53
51 “(...) nos crimes contra a ordem tributária (Lei n. 8.137) a competência somente será da Justiça
Federal se houver a supressão ou redução de tributos federais, do contrário, a competência é da Justiça
Estadual” (LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 268).
52 STJ - Terceira Seção - CC 143.343/MS - Rel. Min. Joel Ilan Paciornik - j. em 23.11.2016 - DJe de
30.11.2016.
53 Conforme já decidido pelo STJ, homicídios culposos e lesões corporais culposas decorrentes de
acidente aéreo envolvendo balões de ar quente tripulados são de competência da justiça comum
estadual (STJ - Terceira Seção - CC 143.400/SP - Rel. Min. Ribeiro Dantas - j. em 24.04.2019 - DJe de
15.05.2019).
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i) Art. 109, V-A, CF: “As causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º
deste artigo”.
- IDC: incidente de deslocamento de competência da justiça comum estadual para
federal;
- disciplina: incluído pela EC n. 45/2004, porém sem regulamentação legal
(infraconstitucional);
- critérios jurisprudenciais: três pressupostos estabelecidos pela jurisprudência para
o acolhimento do IDC: “(i) a constatação de grave violação efetiva e real de direitos
humanos; (ii) a possibilidade de responsabilização internacional, decorrente do
descumprimento de obrigações assumidas em tratados internacionais; e (iii) a
evidência de que os órgãos do sistema estadual não mostram condições de seguir no
desempenho da função de apuração, processamento e julgamento do caso com a
devida isenção”.57
54 “(...) Via de regra, crime praticado por índio ou contra ele, será processado e julgado pela Justiça
Estadual, salvo comprovação efetiva de que a motivação se refere a disputa de direitos indígenas. In
casu, o suposto homicídio praticado por índio contra outro não teve conotação de disputa de seus
direitos indígenas, não sendo relevante, para fins de competência, a crença pessoal do autor que alega
ter praticado o crime em virtude de ‘feitiço’, porquanto tal fato não atinge direitos coletivos, ou seja,
o crime não foi praticado para atingir a cultura indígena (...)” (STJ - Terceira Seção - AgRg no CC
149.964/MS - Rel. Min. Felix Fischer - j. em 22.03.2017 - DJe de 29.03.2017).
55 STJ - Terceira Seção - CC 144.894/MT - Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura - j. em 24.02.2016 -
DJe de 03.03.2016.
56 STJ - Terceira Seção - CC 156.502/RR - Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 22.02.2018 -
DJe de 28.02.2018.
57 STJ - Terceira Seção - IDC 10/DF - Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 28.11.2028 - DJe de
19.12.2018.
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elementar cautela, para amparar, a um só tempo, o responsável e a Justiça, evitando, por exemplo, a
subversão da hierarquia, e para cercar o seu processo e julgamento de especiais garantias, protegendo-
os contra eventuais pressões que os supostos responsáveis pudessem exercer sobre os órgãos
jurisdicionais inferiores” (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. v. 2. 27. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005, p. 130). Nucci rebate todos os argumentos de Tourinho Filho, sendo
absolutamente contrário ao foro especial. Argumenta que inexiste hierarquia entre juízes quanto ao
convencimento decisório (e tal hierarquia não é violada na justiça cível? ex.: ação de indenização julgada
pelo magistrado de primeiro grau tendo como réu um ministro do STJ), bem como que o juiz de primeiro
grau está tão exposto a pressões (inclusive midiáticas e políticas) quanto o juiz de segundo grau ou de
tribunais superiores (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 11. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 215-216).
61 Súmula n. 451 do STF: “A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime
competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados
após a cessação daquele exercício”
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937/RJ-QO)63.
- essa limitação quanto à prerrogativa de foro especial aplicava-se,
inicialmente, apenas aos deputados federais e senadores: restrição temporal / regra
da contemporaneidade (crimes cometidos durante o exercício do cargo – contado a
partir da diplomação) e objetiva (crimes relacionados às funções – “propter officium”)64
cumulada, no entanto, com a perpetuação da jurisdição originária após concluída a
instrução processual;
- recentemente, no entanto, passou-se a entender que a orientação limitadora
supra “deve ser aplicada a todo agente público que possua foro especial”.65 Nessa
linha, o STJ já reconheceu, por simetria constitucional, a ausência de competência
por prerrogativa de função a casos envolvendo governador estadual66 e prefeito
municipal67.
- Prefeito. “(...) Não havendo solução de descontinuidade entre os mandatos
exercidos por Prefeito municipal, em virtude de sua reeleição para o mandato
imediatamente subsequente ao anterior, a competência para processar e julgar os
crimes por ele cometidos durante o exercício do primeiro mandato, em obediência ao
requisito da atualidade da função, é do Tribunal de Justiça (...) No caso em apreço,
os crimes supostamente praticados pelo ora recorrente foram cometidos durante o
exercício do cargo e se relacionam com as funções desempenhadas. Além disso, não
houve solução de descontinuidade entre os mandatos de Prefeito municipal por ele
exercidos, pois houve a sua reeleição para mandato imediatamente consecutivo ao
anterior, fato que permite fixar a competência do Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará para o processamento e julgamento da denúncia formulada em seu
desfavor”.68
63 STF – Tribunal Pleno - AP 937 QO/RJ – Rel. Min. Roberto Barroso – Rel. p/ acórdão Min. Edson
Fachin – j. em 03.05.2018 – DJe 265 de 10.12.2018.
64 “(...) o Plenário do Supremo Tribunal Federal assentou o entendimento de que o foro especial por
simetria em relação interpretação dada pelo Pretório Excelso ao art. 102, I, alíneas b e c, da
Constituição Federal, interpretou restritivamente as exceções de foro previstas no art. 105, I, a, b, e c,
da Constituição, declinando da competência para julgar ação penal proposta contra Governador de
Estado” (STJ - Sexta Turma - HC 472.031/SP - Rel. Min. Nefi Cordeiro - j. em 21.05.2019 - DJe de
30.05.2019).
67 “Ressalta-se que, conforme jurisprudência desta Corte Superior, não se mostra razoável que o novo
entendimento firmado pela Suprema Corte deixe de ser aplicado aos demais agentes com igual foro
previsto constitucionalmente, como é o caso dos autos, pois trata-se de Prefeito Municipal” (STJ -
Quinta Turma - RHC 108.679/CE - Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 13.08.2019 - DJe de
30.08.2019).
68 STF - Primeira Turma - RE 1.240.599 AgR/CE - Rel. p/ Acórdão Min. Alexandre de Moraes - j. em
08.06.2020 - DJe 267 de 06.11.2020. Na mesma linha: “Nos casos de delito cometido por prefeito no
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exercício e em razão do cargo, a competência será do Tribunal de Justiça, quando, cessado o mandato
no qual os crimes foram praticados, houver continuidade pela reeleição consecutiva” (STF - Segunda
Turma - RE 1.253.213 AgR/MG – Rel. Min. Gilmar Mendes - j. em 15.04.2020 - DJe 099 de
24.04.2020).
69 STJ – Corte Especial - QO na APn 878 / DF – Rel. Min. Benedito Gonçalves – j. em 21.11.2018 – DJe
de 19.12.2018.
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70 “I. Supremo Tribunal Federal: competência penal originária: ação penal (ou interpelação preparatória
dela) contra o Advogado-Geral da União, que passou a ser Ministro de Estado por força da última edição
da MPr 2049-20, de 29.06.2000” (STF - Tribunal Pleno - Inq 1660 QO/DF - Rel. Min. Sepúlveda Petence
– j. em 06.09.2000 – DJ de 06.06.2003).
71 “Os juízes de 1º grau, quando convocados para os Tribunais de Justiça para exercer a função de
desembargador, não possuem a prerrogativa de foro previsto pelo art. 105, I, da CF/1988. A prerrogativa de
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foro é inerente ao cargo, e não a eventual exercício da função em substituição, uma vez que o convocado
mantém sua investidura no cargo de origem, ou seja, juiz de 1º grau” (STJ - Corte Especial - AgRg na Rp
368-BA - Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima – j. em 05.03.08 – DJ de 15.05.2008)
72 Súmula n. 702 do STF: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos
crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá
ao respectivo tribunal de segundo grau”.
73 “O Tribunal Regional Federal é competente para processar e julgar ação penal em que se imputa a
deputado estadual a prática de crimes conexos a delitos de competência da Justiça Federal” (STF -
Segunda Turma - HC 91.266/ES - Rel. Min. Cezar Peluso - j. em 02.03.2010 - DJe 071 de 22.04.2010).
74 “Norma da Constituição Estadual não pode delegar ao legislador ordinário, mesmo implicitamente, a
competência para definir quais agentes públicos seriam equiparados aos Secretários de Estado para fins
de concessão de foro especial por prerrogativa de função perante o Tribunal de Justiça Estadual.
Precedentes. 2. Procedência da ação direta de inconstitucionalidade, para declarar inconstitucional a
expressão ‘e os Agentes públicos a eles equiparados’, inscrita no art. 77, inciso X, a, da Constituição do
Estado de Roraima” (STF - Tribunal Pleno - ADI 4141/RR - Rel. Min. Edson Fachin - j. em 25.10.2019 -
DJe 243 de 06.11.2019).
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75 “1. A Constituição Federal estabelece, como regra, com base no princípio do juiz natural e no
princípio da igualdade, que todos devem ser processados e julgados pelos mesmos órgãos jurisdicionais.
2. Em caráter excepcional, o texto constitucional estabelece o chamado foro por prerrogativa de função
com diferenciações em nível federal, estadual e municipal. 3. Impossibilidade de a Constituição
Estadual, de forma discricionária, estender o chamado foro por prerrogativa de função àqueles que não
abarcados pelo legislador federal. 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para
declarar a inconstitucionalidade do art. 81, IV, da Constituição do Estado do Maranhão” (STF - Tribunal
Pleno - ADI 2.553/MA - Rel. Min. Gilmar Mendes - Rel. Min. p/ Acórdão Alexandre de Moraes - j. em
15.05.2019 - DJe 204 de 14.08.2020).
76 Posicionamento Anterior dos Tribunais Superiores (STF e STJ): “Não afronta a Constituição da
ainda que por previsão da Carta Estadual, em face da ausência de previsão simétrica no modelo federal”
(STF – Tribunal Pleno - ADI 882/MT – Rel. Min. Maurício Corrêa – j. em 19.02.2004 – DJ de
23.04.2004). No mesmo sentido: STF – Tribunal Pleno - ADI 2587/GO – Rel. Min. Maurício Corrêa – Rel.
p/ acórdão Min. Carlos Britto - j. em 01.12.2004 – DJ de 06.11.2006. STJ: “(...) É inconstitucional o
dispositivo da Carta Estadual que atribui competência, em sede processual, privativa da União, para
julgamento de delegado de polícia. Entre os alcançados pelo foro privilegiado, na Constituição Federal e
na lei processual, não se encontram os delegados de polícia” (STJ – Sexta Turma - RHC n. 478/RJ – Rel.
Min. José Cândido – j. em 24.04.1990 – DJe de 21.05.1990, p. 4439).
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6.1. Prevenção (art. 83, CPP): “Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez
que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição
cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da
denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c)”.
79STF - Tribunal Pleno - ADI 2553/MA - Rel. Min. Gilmar Mendes - Rel. p/ acórdão Min. Alexandre de
Moraes - j. em 15.05.2019 - Informativo 940 do STF.
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Art. 77, I, CPP – Continência Subjetiva ou Por Cumulação Subjetiva: “I - duas ou mais
pessoas forem acusadas pela mesma infração”;
Art. 77, II, CPP – Continência Objetiva ou Por Cumulação Objetiva = “II - no caso de
infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 54
(arts. 70, 73, segunda parte, e 74, segunda parte) do Código Penal”.
a) concurso formal próprio - artigo 70, 1.ª parte, do CP: “Quando o agente, mediante
uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe
a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade”.
b) concurso formal impróprio - artigo 70, 2.ª parte, do CP: “Quando o agente,
mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior”.
c) concurso formal por erro na execução ou “aberratio ictus” (resultados múltiplos) -
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artigo 73, 2.ª parte, do CP: “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa
diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa
que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código”.
d) concurso formal por resultado diverso do pretendido ou “aberratio criminis” ou
“aberratio delicti” (resultados múltiplos) - artigo 74, 2.ª parte, do CP: “Fora dos casos
do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém
resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto
como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do
art. 70 deste Código”.
1º Critério: Art. 78, III, CPP: “no concurso de jurisdições de diversas categorias,
predominará a de maior graduação”;
- foro especial por prerrogativa de função e foro comum;
- foro especial e conexão/continência:
- réus “desiguais”: com foro especial e sem foro especial;
- crimes em geral: atração ao foro especial: “não viola as garantias do juiz
natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou
conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados” (súmula n. 704 do STF);
- crimes dolosos contra a vida: separação (cisão processual) entre foro especial e
tribunal do júri: “o envolvimento de corréus em crime doloso contra a vida, havendo
em relação a um deles a prerrogativa de foro como tal definida constitucionalmente,
não afasta, quanto ao outro, o juiz natural revelado pela alínea “d” do inciso XXXVIII
do artigo 5º da Carta Federal”.80 Há, no entanto, julgado bastante polêmico, do STF,
em sentido contrário, pela mitigação da competência do júri.81
2º Critério: Art. 78, IV, CPP: “no concurso entre a jurisdição comum e a especial,
prevalecerá esta”.
80 STF - Tribunal Pleno - HC 69.325/GO - Rel. Min. Néri da Silveira - Rel. p/ acórdão Min. Marco
Aurélio - j. em 17.06.1992 - DJ de 04.12.1992
81 “Tendo em vista que um dos denunciados por crime doloso contra a vida é desembargador, detentor
de foro por prerrogativa de função (CF, art. 105, I, a), todos os demais coautores serão processados e
julgados perante o Superior Tribunal de Justiça, por força do princípio da conexão. Incidência da
Súmula 704/STF. A competência do Tribunal do Júri é mitigada pela própria Carta da República” (STF -
Segunda Turma - HC 83.583/PE - Rel. Min. Ellen Gracie - j. em 20.04.2004 - DJ de 07.05.2004, p. 47).
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- justiça eleitoral;
- justiça eleitoral e crime doloso contra a vida: cisão?82
3º Critério: Art. 78, I, CPP: “no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão
da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri”;
- júri estadual e júri federal;
Outros.
- Crime Comp. Just. Estadual e Crime Comp. Just. Federal
- STF: “havendo concurso de crimes, a competência da Justiça Federal para um
deles, por conexão instrumental ou probatória, atrai para ela a competência para o
julgamento dos demais”84;
- STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a,
do Código de Processo Penal” (súmula 122 do STJ).85
- Contravenção Penal e Crime Comp. Just. Federal.
- cisão processual.86
82 “(...) se a conexão se estabelecer entre um crime eleitoral e outro de competência do Tribunal do Júri,
haverá cisão: o crime eleitoral será julgado na Justiça Eleitoral, e o homicídio (ou qualquer outro de
competência do Tribunal do Júri), no Tribunal do Júri. Isso porque a competência do Júri é
constitucional, prevalecendo sobre o disposto em leis ordinárias (como o Código Eleitoral e o CPP)”
(LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal..., p. 291-292). Em sentido contrário, a reconhecer a
força atrativa da justiça eleitoral (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. v. 2. 27. ed.
São Paulo: Saraiva, 2005, p. 213-214).
83 “I – Na hipótese de concurso de jurisdições entre juízes de mesma categoria, a competência é
determinada em face da infração penal à qual for cominada, abstratamente, a pena máxima mais
elevada, consoante disposto no art. 78, II, a, do Código de Processo Penal. II - Revela-se insubsistente a
pretensão de ver estabelecida a competência do juízo tomando-se como parâmetro a sanção mínima
prevista para o tipo penal, que é o limite da possibilidade de fazer-se a gradação da pena, ao passo que
a sanção máxima representa a qualidade da condenação imposta em virtude da prática da conduta
penalmente tipificada (STF - Segunda Turma - RHC 116.712/RS - Rel. Min. Ricardo Lewandowski - j.
em 27.08.2013 - DJe 180 de 12.09.2013).
84 STF - Primeira Turma - HC 133.377 AgR/RS - Rel. Min. Rosa Weber - j. em 23.11.2018 - DJe 256 de
29.11.2018.
85 No mesmo sentido, a súmula n. 52 do extinto TFR.
86 “por se tratar de competência constitucional, não se aplicam as normas previstas no Código de
Processo Penal acerca da competência por conexão ou continência, sendo correta a decisão que
determinou o desmembramento do feito, devendo a Justiça Federal processar e julgar o crime de
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