A Agricultura em Moçambique-Geral2019
A Agricultura em Moçambique-Geral2019
A Agricultura em Moçambique-Geral2019
LICENCIATURA EM ECONOMIA
A Agricultura em
2. Caracterização e Estrutura
Ocupando cerca de 75% da mão-de-obra activa a produtividade na
agricultura era baixíssima devido à utilização de tecnologias e técnicas
agrícolas rudimentares. A mecanização era quase inexistente e a utilização de
agro-químicos e de outros factores modernos muito reduzida.
Este sector caracterizava-se por um dualismo de estruturas:
a) um sector com 4700 propriedades agrícolas, sendo que nelas trabalhavam
para os colonos centenas de milhares de moçambicanos e produziam com
destino ao mercado (ex. Chá, açúcar, sisal, etc). A mão-de-obra era
assalariada e usava técnicas relativamente avançadas de cultivo;
2
b) outro sector com 1 700 000 pequenas explorações do tipo familiar e de
subsistência cuja produção, pela sua natureza e dimensão, se destinava em
cerca de 80% para o autoconsumo. Os excedentes de produção deste
sector eram adquiridos pelos colonos aos preços baixos e destinavam-se
ao mercado externo e à indústria nacional (ex. Algodão, cajú e sementes
oleaginosas). Esta era a mão de obra familiar usando técnicas de cultivo
atrasadas e produzindo para o autoconsumo.
Destas estruturas sociais de produção agrícola podem-se destinguir cinco
elementos:
1. As Plantações- grandes empresas de monocultura, concentradas no
vale do Zambeze, extraindo o seu trabalho do campesinato numa
base regular ou sazonal. Estas plantações eram controladas pelo
capital estrangeiro não português, e especializadas na produção de
culturas de rendimento para a exportação- açúcar, chá, copra, sisal,
entre outras;
2. Os Latifúndios- grandes propriedades de colonos normalmente com
ocupação de parte da sua terra pelos camponeses produzindo muitas
vezes em sistema de chibalo e sendo obrigados a entregar parte de
sua produção (sistema de extracção da renda em espécie) para os
colonos;
3. As Médias e Pequenas Machambas dos Colonos- machambas que
dependiam significativamente do trabalho familiar do colono assim
como do chibalo e trabalho assalariado do campesinato. Possuíam
sistemas de irrigação, mecanização etc. Exemplos: os Vales do
Limpopo, Incomati e Umbeluzi. A produção destinava-se a satisfazer
a comunidade de colonos nos centros urbanos;
4. A Burguesia e Pequena Burguesia Comercial no Campo- que
fornecia infra-estruturas necessárias como lojas, armazéns e
facilidades de transporte em termos de compra e venda de produtos
dos camponeses. As cantinas rurais constituíam juntamente com os
armazenistas a principal forma de controlo e apropriação do
excedente do campesinato;
5. O Campesinato- para além de produzir para as suas necessidades
de consumo, foi compulsivamente integrado na economia de
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mercado como fornecedor da força de trabalho para as plantações,
latifúndios e colonos e como pequenos produtores de mercadorias
para vender ao colono.
Para além de produzir para a sua subsistência, o campesinato
moçambicano contribuiu para a produção mercantil do país. Cerca de
1/3 da produção total mercantil tinha como origem os excedentes dos
camponeses nomeadamente os seguintes produtos: mandioca, milho,
algodão, cajú, amendoim e sorgo.
A produção dos camponeses teve um papel significativo na agricultura
moçambicana uma vez que era responsável por cerca de 70% da
produção total, sendo 55% para subsistência e 15% comercializados
como excedente. A sua produção contribuía em cerca de 44% nas
receitas de exportação do país.
Quanto às funções económicas do campesinato pode-se assinalar que
no país o sistema colonial actuou nas zonas rurais basicamente com
dois padrões: por um lado institucionalizou o sistema de trabalho
migratório interno (norte e centro de Moçambique) e externo (no sul),
por outro lado implantou um processo de campesinatização que exigiu a
transformação dos camponeses moçambicanos em produtores de
mercadorias. Deste modo, os camponeses moçambicanos muito
contribuíram para as seguintes funções económicas na economia
colonial:
Produção de matérias-primas baratas;
Produção de alimentos baratos para o abastecimento dos próprios
trabalhadores e dos colonos;
Fornecimento da força de trabalho para as empresas capitalistas à
baixo custo para o capital. A rendibilidade de trabalho nas
plantações, nas médias e pequenas empresas agrárias, nas minas,
nos portos e caminhos-de-ferro, dependia muito do recrutamento
da força de trabalho sazonal pelas autoridades administrativas
coloniais.
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Redução dos custos de produção da força de trabalho por intermédio
da produção familiar destinada ao autoconsumo e da produção de
alimentos baratos.
Parte 2
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destruição do equipamento e abate de gado ou seu contrabando através das
fronteiras com a África do Sul e Rodésia. A rede de comercialização não escapou
pois esta era quase que exclusivamente controlada pela burguesia e pequena
burguesia colonial. Como consequência, assistiu-se uma dramática baixa na
produção e colheita de produtos agro-pecuários, o que aliado com a baixa
produção dos camponeses provocou uma quebra acentuada da comercialização
de excedentes mercantis, afectando o mercado interno e as exportações.
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Estudiosos divergem na análise das causas da crise de 1974-1977 e dos
indicadores para uma política agrária no periodo pós independência.
Os dualistas argumentam que a crise de 1974/77 reflectiu o carácter dualista, ou
bimodal, da economia agrária de então, em Moçambique. Os colonos
abandonaram o país e houve desinvestimento nas plantações e como
consequência o sector capitalista desmoronou-se e isso afectou negativamente
o mercado interno e as exportações. Por outro lado, com a liberdade o
campesinato pôde retirar-se da produção agrícola comercializada e da venda da
sua força de trabalho. Por isso, a crise da produção agrícola comercializada
explica-se pelo facto de o campesinato ter regressado ao modo de produção pré
capitalista (a chamada economia natural ou tradicional), e o facto do sector
capitalista ter perdido investimento e força de trabalho.
Os não dualistas olham também para o efeito global da crise. Enquanto por um
lado ela pôs em causa a viabilidade do sector empresarial e de todo o sistema de
produção agrária colonial na medida em que este não conseguiu superar a sua
dependência em relação ao trabalho sazonal. Por outro lado a crise reflectiu-se
com particular severidade na deterioração acelerada da base produtiva do
campesinato. Este ficou sem acesso à um salário estável e privou-se das mais
importantes fontes de rendimento. (veja tabela 4, páginas 52-53, Castel-Branco,
1994)
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2. As Directivas do 3º congresso
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desenvolvimento das forças produtivas no campo. Para a efectivação desse
objectivo foram criadas machambas estatais cuja área podia variar entre alguns
milhares de hectares e 4000 hectares. Em 1978, as empresas estatais agrárias
ocupavam 100 mil hectares de terra cultiváveis, tendo esta área expandido para
140 mil hectares em 1982.
Foram priorizados investimentos no sector estatal em detrimento das
cooperativas, sector familiar e agricultores privados. Até 1984, mais de 90% dos
investimentos e dos técnicos disponíveis foram afectos na agricultura e a
componente construção de infra-estruturas para apoiar a agricultura
nomeadamente as obras de irrigação. Entre 1977-81 foram importados mais de
3 mil hectares e cerca de meio milhar de autocombinadas entre outro
equipamento e maquinaria agrícola. Insumos agrícolas de melhor qualidade foram
importados e usados massivamente na agricultura, sendo exemplo os
fertilizantes e pesticidas.
Durante o período compreendido entre 1975-81 conseguiu-se deter da queda
dos níveis de produção que durante 1981 atingiu, para a maior parte dos bens de
consumo interno e de produtos para a exportação, os níveis mais altos após a
independência. As exportações aumentaram 83% entre 1977 e 1981 e
continuaram a ser de origem agrícola.
Quadro 1: Evolução das exportações de produtos agrícolas (mil contos)
Produtos 1975 1977 1979 1981 1982
Cajú 780 1468 1445 1890 1647
Açucar 575 260 952 888 331
Chá 177 409 680 502 970
Algodão 439 288 761 881 653
Madeiras 375 154 206 260 124
Camarão 276 366 753 1852 1454
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contribuição para a produção bruta agrária resultou principalmente do
crescimento da comercialização particularmente nos seguintes produtos:
Por isso, a produção do sector agrícola foi bastante condicionada pela enorme
flutuação dos preços dos produtos agrícolas no mercado internacional, para além
dos factores internos já referidos anteriormente, as inundações e secas, a
diminuição do aprovisionamento por importação e as acções de desestabilização.
O crescimento do valor das exportações até 1981 resultou da melhor
organização do processo de exportações e da retirada de Moçambique da zona
do escudo.
A modernização da agricultura
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A modernização da agricultura seria urgente para o desenvolvimento rápido da
produção, através da mecanização das empresas estatais já transformadas em
machambas estatais. A rápida mecanização era motivada pela vontade de
aumentar a produtividade e a necessidade de substituir o trabalho forçado
(chibalo) e trabalho manual duro por uma forma de agricultura mais moderna. A
mecanização rápida destinava-se a modernizar e aumentar a produção do sector
estatal. O tipo de mecanização introduzidos levantou problemas sérios tendo em
conta a estrutura económica existente:
a) reduziram as oportunidades de emprego dado o aumento da produtividade
do factor trabalho pela mecanização. Isto contribuiu para o aumento da
instabilidade no emprego;
b) aumentaram as necessidades pelo trabalho sazonal, especialmente nos
períodos de pico da colheita, pois a mecanização não contemplou todas as
fases do processo de produção (da lavoura à colheita);
c) o fluxo dos serviços que concorreria para optimizar o aproveitamento da
mecanização nem sempre estava disponível. São os casos de assistência
técnica, fornecimento de combustíveis e lubrificantes, peças
sobressalentes, manutenção corrente e pessoal técnico à altura;
d) faltaram com muita frequência os insumos que pudessem garantir a
estabilidade da produção em quantidade e qualidade, o que diminuiu a
rendibilidade e a qualidade das culturas, aumentou os custos unitários e
quase que eliminou a viabilidade económica do investimento realizado;
No entanto, a economia no seu global, estava longe de ser planificada dada as
dificuldades de se planificar a produção do sector familiar, as calamidades
naturais (cheias de 1977/78 e as secas de 1981-83), os choques externos do
mercado internacional (aumento do preço do petróleo e deterioração dos termos
de troca do comércio internacional), deslocamento das populações das zonas de
residência e de produção como consequência da sabotagem e insegurança
provocadas pelas acções armadas de desestabilização.
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É digno mencionar que a estratégia de desenvolvimento agrário desenhada no 3º
congresso não foi integralmente implementada. No entanto, foram significativos
os resultados do desempenho do sector agrícola até 1983:
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comércio internacional) e pela subida vertiginosa dos preços de petróleo a
partir de 1974;
b) as calamidades naturais, os actos de agressão e destruição e as acções
sistemáticas de desestabilização económica e social;
c) reduzido número de técnicos moçambicanos, erros e insuficiências
próprias de quadros que adquirem de direcção e gestão político económica
no próprio processo de transformação da vida económica e social;
d) a não confirmação de Moçambique como membro de pleno direito da
CAME (Conselho de Ajuda Mútua Económica);
e) a aplicação integral de sanções ao regime rebelde de Ian Smith em
cumprimento da resolução 253 (1968) aprovada em 29 de Maio pelo
conselho de segurança das nações unidas; agindo contra a independência
de Moçambique em reacção contra a aplicação de sanções à colónia
rebelde da Rodésia do sul o regime sul africano planeou e desencadeou
uma guerra não declarada contra Moçambique;
f) redução do recrutamento de mineiros moçambicanos e rescisão unilateral
por parte da África do Sul do acordo que tinha com Moçambique sobre o
pagamento do salário dos mineiros em ouro;
g) diminuição drástica da utilização dos caminhos de ferro e dos portos
moçambicanos pela África do Sul, o que a par com o encerramento de
fronteiras com a Rodésia do sul, reduziu para a metade o tráfego
rodoviário internacional através de Moçambique entre 1975-81;
h) destruição de 400 estabelecimentos comerciais nas zonas rurais em 1982
e de cerca de 500 outros em 1983 com efeitos multiplicadores negativos
para a economia camponesa.
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SÍNESE: o 3º congresso da FRELIMO adoptou oficialmente a estratégia de
colectivização do campo; tal estratégia assentava em dois eixos: o sector
empresarial estatal (como forma de produção dominante) e o sector cooperativo.
1. Sector estatal agrário
Com este sector pretendia-se satisfazer as metas do plano de volume
de produção e desenvolvimento das forças produtivas no campo. O
objectivo era atingir uma determinada meta de produção física, sendo
assim garantidos os balanços materiais para o cumprimento dos
objectivos centrais do sistema de planificação centralizada que
buscavam o equilibrio entre a oferta e procura de factores de produção
nos diferentes sectores da economia e entre consumo e investimento.
Enfim, a eficiência económica era medida pela quantidade produzida.
Em face da necessidade de aumentar o volume de produção, foram
expandidas áreas do sector estatal (implicando a expropriação de terra
com qualidade ao campesinato e às cooperativas) e consolidando o
regime de monoculturas.
A mecanização acelerada tinha em vista o desenvolvimento rápido da
produção do sector estatal, aumentando as áreas de cultivo, mas sem
com isto depender do recrutamento de força de trabalho sazonal. A
mecanização contribuiu para reduzir as oportunidades de emprego,
substituiu os trabalhadores, aumentou a instabilidade de emprego,
aumentou a necessidade de trabalho sazonal em períodos muito curtos.
Uma vez que a mecanização requer um fluxo de serviços para optimizar
o aproveitamento do equipamento, facto que na realidade não
acontecia, a mecanização levou ao recrutamento não planificado da
força de trabalho pois, era comum as máquinas pararem por falta de
combustível ou adequada manutenção e aliás, a mecanização fez com
que o sector estatal enfrentasse o problema da falta de insumos de
qualidade, o que diminuia a rentabilidade e a qualidade das culturas.
Esse facto acontece porque a mecanização em sí não aumenta a
rentabilidade das culturas, para aumentar é necessária a adopção de
tecnologias intensivas para a recuperação e melhoramento dos solos,
sementes melhoradas, etc. O Estado estava mais interessado na
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quantidade que era produzida do que na eficiência com que essa
produção era realizada.
2. sectores familiar, cooperativo e privado
Para esses sectores foram destinados pouco mais de 5% do
investimento e dos técnicos afectos à agricultura.
As cooperativas tinham em vista organizar o campesinato
colectivamente em forças de produção mais avançadas e a estratégia
para o seu desenvolvimento assentava em palavras de ordem como
“contar com as próprias forças”, o que reflectia a escassez de
recursos.
O campesinato moçambicano não tinha organização social e políticas,
nem experiência de organização e gestão, que pudessem constituir a
base para o movimento cooperativo.
3. As Directivas do 4º Congresso
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A falta de bens de consumo fez com que os camponeses diminuíssem a produção
agrária comercializada ou a canalizassem para o mercado paralelo, o que
originou grandes aumentos de preços no mercado nacional.
A reflexão sobre o estágio da estrutura e desenvolvimento da economia
moçambicana levou o 4º congresso da FRELIMO a formular directivas
económicas e sociais profundas que estabeleciam o quadro geral de
desenvolvimento para 5 anos. As directivas definiam uma metodologia de
utilização máxima e integral dos recursos disponíveis localmente e o aumento
das capacidades produtivas com vista a minimizar as importações e aumentar
progressivamente as exportações. Contrariamente às directivas do 3º congresso,
o 4º congresso recomendava uma forte combinação dos pequenos e grandes
projectos para o combate a fome e o aumento de receitas em divisas para o
país.. A estratégia assentava no apoio ao sector de produção familiar, em
especial a actividade agro-pecuária. O objectivo era aumentar a produtividade
do sector familiar e estimular a produção mercantil que garantisse excedentes
para o aprovisionamento interno e para o aumento das exportações. O esforço
principal seria da produção de cereais, plantação e repovoamento de cajueiros,
no incentivo à apanha da castanha de cajú, na produção de algodão, de mandioca,
de oleaginosas, de feijão, na pecuária e produção de carne e na pesca.
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resultante da estratégia anterior e ao papel dos estímulos económicos
diminuindo a omnipotência da planificação burocrática.
Contudo, a estratégia era vaga e indecisa em vários aspectos tais como a forma
de implementação das reformas, as relações entre diferentes sectores sociais, a
relação entre a planificação dos recursos e a operação dos mercados, etc.
Devido à esses factores acrescidos pela guerra civil, a estratégia do 4º
congresso nunca chegou a ser realmente posta em prática.
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reinstalar o balanço macro-económico através da diminuição do déficit
orçamental, reforçar a balança de transações correntes e a pagamentos.
O PRE tinha também como objectivo liberalizar a economia e deixá-la
orientar-se para o mercado. Para tal, seria necessário que se tomasse
medidas políticas a nível financeiro, monetário e comercial. As empresas
estatais deviam ser reestruturadas e tanto quanto possível privatizadas.
Devia-se liberalizar o comércio e abolir o sistema de fixação de preços.
Após o início da implementação do PRE, havia poucos agricultores ou
empresas privadas para correr o risco comercial que os investimentos no
campo representam e no caso presente, esta situação era prejudicada também
pelo ambiente da guerra.
Devido à seca que se fazia sentir em 1992, houve um decréscimo da
produção. De facto, a seca, insegurança e às políticas de ajuda internacional
de muitos doadores pioraram a situação da população rural e como
consequência a possibilidade de se implementar a estratégia de “tomar a
agricultura como base económica de desenvolvimento” diminuíram
radicalmente.
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simultaneamente existiam potencialidades para se fazer um aumento da produção
de bens alimentares.
O ponto de partida do PDP (Programa dos Distritos Prioritários) foi a situação de
emergência que se vivia no campo e a consciência de que só a produção de
alimentos podia fazer Moçambique atingir a segurança alimentar.
Os 40 distritos prioritários representavam 50% da população rural de
Moçambique e 60% da produção agrícola comercializada. As áreas desses
distritos deviam ter 3 características essenciais: infra-estruturas mínimas e
condições climatéricas adequadas; ser fisicamente acessíveis em termos de
meios e vias de comunicação; e ter segurança e estabilidade.
Em termos de identificação de acções houve 2 princípios:
a) financiar as acções à longo prazo com recursos locais. Aqui, estava
implicita a descentralização;
b) o maior recurso de cada distrito devia ser um grande excedente da força
de trabalho.
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c) reintegrar os deslocados e soldados desmobilizados.
Este programa tinha como previsão de conclusão em 1993 e precisava de ajuda
internacional para a sua implementação.
7. O Acordo Geral de Paz, a Reconciliação e a Reconstrução do País
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9. PROAGRI
Durante muitos anos, o desenvolvimento do sector agrícola em Moçambique
foi baseado em projectos, quase que exclusivamente dependente da ajuda
externa.
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No âmbito deste programa quinquenal aprovou-se a política nacional de
desenvolvimento agrário e desenvolveram-se as estratégias sub sectoriais
correspondentes.
Apartir de 1996, a formulação do PROAGRI passou a contar com o apoio do
Banco Mundial e da DANIDA, para além do PNUD e da FAO.
Os objectivos do processo de formulação do PROAGRI foram definidos como
sendo:
a) criar um programa compreensivo e integrado para o desenvolvimento
harmonioso da agricultura;
b) estabelecer consensos e mecanismos de coordenação entre vários
doadores interessados pelo financiamento do desenvolvimento no sector
da agricultura;
c) estabelecer regras e mecanismos de gestão de programas e projectos que
induzam a transparência na utilização de recursos financeiros, humanos e
materiais.
III. Componentes sub sectoriais do PROAGRI
1. Componentes principais: componentes que pela sua natureza
alcançam a maioria dos objectivos de um sector particular (Pecuária,
Florestas e Fauna Bravia);
2. Componentes auxiliares: componentes cujas actividades apoiam os
vários sectores (Extensão, Investigação, Terras, Irrigação e
desenvolvimento institucional);
3. Componentes suplementares: componentes que apoiam a
implementação efectiva das componentes principais e auxiliares
(Finanças, Pós-colheita e Consolidação de Orçamento).
V. Problemas
1. falta de clareza conceptual e mudanças conceptuais frequentes
durante o processo;
2. insuficiente comunicação sobre o PROAGRI à todos os
Stakeholders;
3. falta coordenação e harmonização do processo.
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PROAGRI tem um importante contributo no PARPA- Plano de Acção para a
Redução da Pobreza Absoluta)
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Para a modernização do sector agrícola e pecuário, o governo propunha realizar
acções:
na área da reforma e desenvolvimento institucional;
na área dos serviços de apoio à produção agrícola;
na área do reforço dos serviços públicos agrários e de pecuária;
na área do uso sustentável dos recursos naturais.
No âmbito do desenvolvimento rural, o governo propunha-se a desenvolver
acções aos níveis micro e macro que permitissem aumentar o rítmo de
crescimento económico nas zonas rurais, com impacto na melhoria da qualidade
de vida da população rural.
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promover o desenvolvimento do sector familiar, cooperativo e privado e
criação do emprego;
aumentar a disponibilidade de serviços e melhorar as condições dos
criadores, em toda a cadeia de produção e processamento e
comercialização como forma de fomentar o desenvolvimento pecuário;
promover o investimento privado no sector agrário, encorajando
parcerias;
promover o acesso à mercados regionais e internacionais para produtos
agrários e agro-industriais;
garantir a segurança e posse de terra, em particular ao nível do produtor
familiar e promover sua gestão melhorada;
melhorar o abastecimento interno de pescado através do aumento do
volume de pescado desembarcado e da redução das perdas pós- captura;
crescimento de exportações pelo aumento do volume de produção da
aquacultura e pela valorização da produção artesanal;
melhoria das condições de vida das comunidades pesqueiras através de
acções integradas de desenvolvimento social;
exploração sustentável de recursos pesqueiros;
contribuir para a melhoria da balança de pagamentos.
Bibliografia
GoM- Governo de Moçambique (2005) Constituição da República de
Moçambique, Maputo.
GoM- Governo de Moçambique (1995, 2000 e 2005) Programas quinquenais
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criar condições para o desenvolvimento e crescimento da agricultura
familiar;
promover um desenvolvimento privado sustentável;
conservar as áreas de interesse ecológico;
introduzir um sistema de taxas baseado na ocupação e o uso do solo
(Conselho de Ministros, Setembro de 1995)
26
adquirido por ocupação pelas comunidades;
destinado à habitação própria;
destinado à exploração familiar exercida por pessoas singulares
nacionais.
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redução dos níveis de pobreza absoluta.
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3. condições fisiográficas (topografia e solos);
4. terras e outros recursos naturais (solo e subsolo);
5. dispersão;
6. subsistência Vs integração na economia monetária;
7. aspectos sócio-económicos (tamanho e composição das famílias,
valores culturais, atitudes, crenças, tradições, género, etc.);
8. actividade de risco.
A análise destas características podem ajudar a compreender acerca
dos pontos positivos e fracassos de outras políticas adoptadas pelo
Governo de Moçambique no âmbito da agricultura nomeadamente as
ligadas à NEPAD, Integração Regional e à Revolução verde.
Na Produção:
pragas e doenças
armazenagem)
Acesso ao Mercado
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Geral- mau estado das vias de acesso aos centros produtores
Comercialização a retalho:
Tecnologia de Processamento
-fraca industrialização
Transporte
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custo de manejo. Também são creditados à revolução verde o uso extensivo de
tecnologia no plantio, na irrigação e na colheita, assim como na gerenciamento da
produção. Esse ciclo de inovações se iniciou com os avanços tecnológicos do pós-
guerra, embora o termo revolução verde só tenha surgido na década de 70. Desde
essa época, pesquisadores de países industrializados prometiam, através de um
conjunto de técnicas, aumentar estrondosamente as produtividades agrícolas e
resolver o problema da fome nos países em desenvolvimento. A introdução destas
técnicas em países menos desenvolvidos provocou um aumento brutal na produção
agrícola de países não-industrializados. Países como o Brasil e a Índia foram
alguns dos principais beneficiados. No Brasil , passaram a desenvolver tecnologia
própria, tanto em instituições privadas quanto em agências governamentais (como
a Embrapa) e universidades. A partir da década de 1990, a disseminação destas
tecnologias em todo o território nacional permitiu que o Brasil vivesse um surto de
desenvolvimento agrícola, com a aumento da fronteira agrícola, a disseminação de
culturas em que o país é recordista de produtividade (como a soja, o milho e o
algodão, entre outros), atingindo recordes de exportação. Há quem chame esse
período da história brasileira de Era do Agronegócio (ou Era do Agrobusiness),
embora esse último termo soe provocativo em alguns círculos nacionalistas).
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Revolução Verde
Uma Visão do Caso Moçambicano
Expectativas de Moçambique:
Trata-se de uma iniciativa que vai impulsionar, de certa forma, a produção
agrícola, devendo incidir não só nos grandes produtores comerciais, mas,
sobretudo, do sector familiar, com o objectivo de aliviar a fome e a
pobreza;
Prevê-se o envio de 100 cientistas chineses para o local e a transferência
de tecnologias indispensáveis à investigação agrária;
No distrito da Moamba, província de Maputo, seriam erguidas as
instalações do Parque de Ciência e Tecnologia, compreendendo uma área
de 365 hectares e avaliado em 70 milhões de dólares americanos;
Condições de que Moçambique Dispunha
Necessidades de Moçambique
NB:. A ser investigado pelo estudante
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As áreas de produção de sementes melhoradas, fertilizantes e a
comercialização agrícola passariam a ter maior apoio da Aliança para a
Revolução Verde em África (AGRA), que já estava a conceder ajuda
técnica para a investigação no país;
A AGRA encorajava o seu apoio desde a formação técnica à própria
produção e comercialização;
Segundo o MADER envolver-se-ia cerca de 100 a 200 técnicos na área de
pesquisa e privilegia-se a formação de técnicos nacionais na investigação
de sementes melhoradas e fertilizantes. Eles fariam um trabalho
acelerado, mas mais tarde deveriam continuar normalmente. O MADER
estava a financiar a formação de quatro técnicos moçambicanos no nível
de PhD e outros quatro em Mestrado em Investigação. Moçambique devia
investir na pesquisa prática junto dos camponeses para melhorar as
sementes utilizadas e voltar a vender para os mesmos camponeses a
preços acessíveis;
O MADER considerava a população-alvo os agricultores familiares. O
exemplo prático noutros países já se tinha verificado, tendo alcançado
sucesso na implementação das iniciativas da Revolução Verde no Quénia,
Uganda e agora na Tanzânia e Malawi, devendo continuar em todas estas
frentes até que, de facto, se conseguisse aumentar a produção de
alimentos para o consumo e comercialização;
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Problemas
* a questão da água para irrigação continuava a ser uma preocupação, embora
não tenha sido colocada como prioritária nesta fase;
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