A Escolarização Dos Filhos Na Atualidade
A Escolarização Dos Filhos Na Atualidade
A Escolarização Dos Filhos Na Atualidade
E como os pais vêem a escolarização de seus filhos ? Quê expectativas têm ? O que
esperam atingir? Quê tarefas estão se atribuindo? Há muitas diferenças ou apenas
semelhanças nas percepções de pais e mães?
Das 34 crianças que compõem esta amostra, 88% freqüenta a escola, sendo que
destas 77% estuda em escolas particulares, escolhidas pelos pais e mães, contra
23% que estão em escolas municipais ou estaduais.
Para os pais o papel da escola seria o de "formação dessas crianças (...) como o
respeito, a civilidade, é um fator muito importante, além da educação básica
mesmo, né ? ", embora o ensino mais acadêmico também seja enfatizado. É
interessante notar ainda seu comentário sobre as dificuldades da escola pública,
trazendo um discurso repleto de críticas aos professores "que se perderam", ao
planejamento que não há, à rotatividade e desinteresse dos profissionais da
educação.
DISCUSSÃO
É inegável também que se acentua cada vez mais a idéia de que a criança "precisa"
ir cedo para o ambiente coletivo e que, de preferência este lhe dê condições de
desenvolver habilidades várias - das sociais às acadêmicas.
Pode-se discutir essa escolarização precoce para muitas das crianças, quer ela se
deva ao trabalho da mãe fora de casa, que acaba não tendo pessoas que inspirem
confiança no cuidado dos filhos, quer pela necessidade de interação com outros de
mesma idade. Estes resultados estão de acordo com a literatura que aponta esta
tendência em outros países e no Brasil. Embora existam controvérsias quanto aos
aspectos positivos e negativos destes cuidados diários sendo realizados por pessoas
estranhas à família, cabe o questionamento do quanto a família tem perdido sua
função básica de socialização primária ao delegá-la a outras instituições (Sommer &
Langsted, 1994).
Como conseqüência, observa-se a crítica ora mais exacerbada, ora mais amena,
que parte dos dois lados. A Família questiona atitudes e procedimentos da Escola e
esta (se indagada como o foram os pais nesse estudo) devolve, apontando as
minúcias das inadequações parentais no trato com seus filhos. Eis aí amplamente
semeada a insatisfação.
Pode-se em outros termos dizer que os pais vêm atribuindo à escola maiores
responsabilidades e deveres, pois, segundo eles, ela deveria realizar desde a
alfabetização até a formação de atitudes de ordem moral e social, o que caracteriza
uma elevada expectativa. Para responder a ela os pais colocam suas crianças em
escolas particulares, escolhidas em função das características especiais que
possuem, e que, na sua visão, não estão presentes na Escola Pública. Esta é
considerada como "decadentes" se comparada àquela de sua época de
escolarização primária, quando segundo eles, os profissionais ligados à educação
eram valorizados socialmente e podiam se dedicar plenamente à tarefa de ensinar.
No meio fica a criança e a sua infância, ou o que a sociedade atual define e delimita
como sendo o esperado para um desenvolvimento saudável e promissor nessa
etapa da vida. Isto implica em poder competir em pé de igualdade com os outros e
para tal estar desde os primeiros anos submetida aos ditames do mundo adulto no
que tange à ocupação do tempo ao longo do dia, ao aproveitamento de todas as
oportunidades para desenvolver habilidades à utilidade das atividades a que se
dedica.