Viagens Na Minha Terra
Viagens Na Minha Terra
Viagens Na Minha Terra
Pag 175
Contexto histórico
A história teve para os românticos uma grande importância, ela era o pretexto para
uma reflexão centrada sobre as nacionalidades. Os escritores procuravam exaltar
tudo quanto era nacional e popular. A literatura cedo adquiriu um caráter cívico e
patriótico e enveredou pouco a pouco pelo historicismo, tratando com carinho as
figuras nacionais.
Almeida Garrett não foge à regra, atento ao que se passava à sua volta, na
obra Viagens na Minha Terra, não faz mais do que um relato da evolução político-
social do liberalismo português.
De acordo com Garrett, o novo público desejava assuntos sentimentais e assuntos
que focassem a recuperação de tradições e de quimeras nacionais, que haviam sido
postos de lado pela cultura clássica, ou seja, temas que compunham a fisionomia do
romantismo. Segundo Garrett, a função do escritor é comunicar ao povo o valor dos
ideais e a verdade objetiva, através das suas obras e com a ajuda de temas
substanciais, patrióticos e emotivos, assim se caracterizava o movimento romântico.
Foi através da publicação de jornais de caris patriótico e literário, da renovação do
teatro em Portugal e da publicação de inúmeros romances que Garrett mobilizou o
desenvolvimento do romantismo em Portugal.
A obra foi publicada após a guerra civil portuguesa
uma obra única do Romantismo português e da literatura portuguesa, constituindo-
se como ponto de arranque da moderna prosa literária portuguesa, quer pela
estrutura aparentemente desconexa e inovadoramente compositora, quer pela
ductilidade da linguagem (ora clássica ora popular, ora jornalística ora dramática,
ressaltando a vivacidade de expressões e imagens, pelo tom oralizante usado pelo
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autor, que desta forma libertou o discurso da pesada tradição clássica), quer
sobretudo pela densidade do significado.
Resumo
O livro começa no ano de 1843, o narrador, após o narrador embarcar de barco com
destino a Santarém e aprecia a vista de Lisboa enquanto navega pelo rio Tejo,
avaliando as características de determinadas vilas por onde vai passando, Azambuja,
Cartaxo, etc.
Acende um cigarro e, numa atitude que hoje seria considerada “politicamente
incorreta”, valoriza o prazer de fumar um cigarro de Havana, “uma das poucas coisas
sinceramente boas que há no mundo”.
O autor congratula-se por estar a escrever um livro, que ao mesmo tempo relata as
viagens de uma maneira geográfica, como diz ser costume da época, com
“pensamentos brilhantes”, abordando vários temas.
Compara por exemplo o romance de Cervantes, Dom Quixote, a uma teoria filosófica
que divide o mundo entre espiritualismo e materialismo.
O autor dialoga com o leitor, afirmando que irá dececioná-lo por não realizar a
descrição do que observa dentro dos costumes literários da época, que exigiriam um
estilo mais romântico do texto.
“Viaja” tanto pelas terras quanto pelas ideias, descreve os lugares, as paisagens e a
desigualdade social, de uma forma irónica, assim como os seus pensamentos, acerca
da literatura, política e filosofia, estabelecendo comparações e fazendo várias
citações.
Reflete sobre a guerra civil, e todas as guerras, das quais reconhece que ninguém sai
vencedor, compara a sua obra a outras que ele considera grandiosas (Divina
Comédia, de Dante, Fausto, de Goethe, Os Lusíadas), observando que elas têm em
comum a fé em Deus, no ceticismo e na pátria. Decide então que sua obra será
guiada pela sua fé em Camões e identifica-se com a sua obra.
A partir do capítulo X ao mesmo tempo que elogia o vale de Santarém pela sua
beleza, harmonia e serenidade, comparando-o ao Éden, informa ao ver uma janela
que vai começar a sua história, faz considerações sobre a semelhança das mulheres
apaixonadas e dos poetas.
Apresenta Joaninha uma das personagens principais e ressalva que sua história não
será um romance, com aventuras, incidentes e situações raras, mas apenas uma
singela história que começa numa tarde de verão em 1832.
O autor desenrola uma longa descrição de Joaninha, depois apresenta duas
personagens secundárias, Dona Francisca a avó de Joaninha, uma velha cega e triste,
muito crente e Frei Dinis, um religioso franciscano.
Garrett no capítulo XVI faz uma contextualização histórica importantíssima sobre a
guerra civil, comparando frei Dinis aos absolutistas, apoiantes de D. Miguel e Carlos
aos liberais, apoiantes de D. Pedro, apresentando Pedro como neto de Dona
Francisca e primo de Joaninha.
Como todas as sextas a avó de Joaninha e joaninha aguardam a vinda de frei d.dinis
que traz uma carta de Carlos, primo de Joaninha que luta na guerra civil pelo lado de
D.Pedro.
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Com a chegada da guerra ao vale de Santarém , a casa de dona Francisca é ocupada
pelos liberais, sendo Carlos destacado para lá. Joaninha e o primo reencontram-se e
trocam juras de amor, apesar de Carlos estar comprometido com uma inglesa, de
nome Georgina.
Entretanto o autor chega a Santarém onde observa a decadência da vila e do seu
património e reflete sobre a arquitetura, a história e a literatura e critica os barões
do liberalismo.
Já na novela, Carlos é gravemente ferido e é transportado para uma cela no
convento de S.Francisco. Georgina dirige para perto de Carlos e descobre da relação
com a sua prima e abdica do seu amor.
Mais tarde, Carlos descobre que é filho de frei D.Dinis e os seus segredos e parte
para Évora com o exército onde manda uma carta para joaninha a dizer que o
esqueça. Joaninha enlouquece e acaba por morrer, Georgina torna-se abadessa e
Frei D.Dinis e Dona Francisca esperam a morte.
No final o autor anuncia a sua saída de Santarém.
Viagem física
A 17 de julho de 1843, o narrador parte, a
convite de Passos Manuel, em direção a
Santarém, passando por Vila Nova da
Rainha, Azambuja, Cartaxo e o vale de
Santarém, viajando de barco, mula e a pé.
Viagem mental
Visível nas reflexões, divagações, críticas
e na ficção.
Materialismo vs espiritualismo;
Oposição frade/barão;
Crítica política;
Crítica aos estereótipos românticos;
Oposição romantismo / “romantismos”;
Denúncia da degradação do património nacional;
Adão social vs Adão natural;
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simples trajeto geográfico: viagens pela História, pela Cultura, pela Literatura, pelas
Ideologias e por um espaço nacional (de Lisboa a Santarém), que se pretende
redescobrir.
A digressão surge como processo de análise e instrumento expressivo privilegiado.
A dinâmica da narrativa é interrompida para que o narrador formule asserções,
comentários ou reflexões.
As digressões constituem instrumentos preferenciais no processo de representação
ideológica que na obra se concretiza.
Nas digressões, a reflexão sobre a Literatura e o Romantismo ganha destaque e a
denúncia da falta de originalidade é feita em tom irónico.
Viagens na minha terra é uma obra empenhada na transformação de uma sociedade
atingida por mutações históricas significativas.
As digressões constituem instrumentos preferenciais no processo de representação
ideológica que na obra se concretiza.
Nas digressões, a reflexão sobre a Literatura e o Romantismo ganha destaque e a
denúncia da falta de originalidade é feita em tom irónico.
Viagens na minha terra é uma obra empenhada na transformação de uma sociedade
atingida por mutações históricas significativas.
O título da obra Viagens na minha terra evidencia não só uma viagem física mas
também outro
tipo de viagens – as que decorrem das constantes digressões do narrador – e daí o
caráter reflexivo e crítico da obra que incide sobre várias temáticas, entre as quais:
a falta de originalidade na criação literária;
o desprezo e o abandono de costumes e tradições do passado;
a decadência dos valores espirituais;
o excessivo materialismo da sociedade, da responsabilidade, sobretudo, dos
barões;
o exagerado endividamento do Estado.
Dimensão irónica
O tom irónico do narrador é uma constante em toda a obra, sobretudo ao serviço da
dimensão reflexiva e crítica.
Dimensão geográfica
O autor serve-se de uma viagem de Lisboa a Santarém, passando por várias
localidades, para refletir, entre outros aspetos, sobre o estado de um país devastado
pela guerra civil e que descuidou a paisagem e o património.
Representação da natureza
A Natureza pode ser encarada como o espaço ideal da existência do Homem puro e
natural, espaço paradisíaco feito de espontaneidade e harmonia; por sua vez, a
sociedade é o domínio das convenções e das imposições que constrangem a
liberdade primordial do indivíduo, espaço de submissão a degradantes interesses
materiais.
O retornar a uma vida mais sã e natural, longe da sociedade, diz respeito a um
desejo saudoso de regresso a uma existência harmoniosa de felicidade absoluta.
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Para os românticos, a Natureza permite a reconstrução do mundo imaginário onde é
possível atingir o ideal supremo de felicidade.
Sentimento nacional
Ao longo da sua obra, Garrett denuncia e critica o estado da nação, colocando em
evidência um Portugal decadente, reflexo de uma sociedade corrupta e com uma
manifesta crise de valores. No entanto, no seu discurso, deixa antever possíveis
soluções que podem conduzir à salvação do país. Assim, propõe:
a união das diferentes fações existentes em Portugal;
a valorização do passado e as suas tradições;
o regresso ao estado de pureza original propiciado pela Natureza;
a reconstrução da nação, tendo por alicerces o povo.
Linguagem
o tom coloquial;
o estilo dialogante;
a conversa distendida com o leitor ou a leitora;
o ritmo variado;
a pontuação excessiva, traduzindo as digressões e emoções
do autor;
a utilização de expressões populares, de estrangeirismos e
neologismos;
o uso da ironia;
a alternância de registos de língua.
Personagens
Carlos
Os valores da liberdade, da justiça e da autenticidade (nos planos amoroso,
religioso ou da nacionalidade) inspiram uma ânsia de absoluto que lança a
personagem romântica em tensões e conflitos, rebeldia contra convenções, ironia e
superioridade,evasão no tempo e no espaço, frustração e desencanto.
Carlos, enquanto amante, confronta, por amor, o tempo e o destino, podendo
morrer por amor ou ser a causa da morte da amada. A fatalidade rege o destino de
Carlos desde o mistério das suas origens, e converte-o no destrutor de si próprio e
dos que o rodeiam.
Características românticas
Carlos
Revolucionário e rebelde (liberal).
Patriota e nacionalista.
Idealista (depois materialista, quando se torna barão).
Fortemente propenso a amar.
De espírito inquieto e insatisfeito (a ânsia do absoluto não lhe permite decidir-se
entre Joaninha e Georgina e, desencantado da vida, torna-se barão).
Destinado à fatalidade.
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A sua partida do vale de Santarém corresponde à perda da pureza original.
Joaninha
É perfeita, simples e pura.
Ser em sintonia com o espaço onde vive.
A naturalidade, a gentileza, a espiritualidade
acentuam o seu caráter excecional.
Joaninha é apresentada como mulher-anjo.
Personagem marcada pela estabilidade, ligada e fiel ao espaço físico (vale de
Santarém), que funciona como uma metonímia da personagem.
Harmoniosa, perfeita, simples, pura, tal como o espaço do qual são excluídos os
vícios sociais.
Graciosa e amável.
Profundamente apaixonada.
Narrador
O narrador substitui Carlos na relação antagónica que estabelece com Frei Dinis.
Patriota e nacionalista (na defesa dos valores do passado e do povo).
Idealista (embora reconheça que o liberalismo falhou e que é necessário um
compromisso entre o passado e o presente; entre o materialismo e o espiritualismo).
Identifica-se com o próprio viajante e autor da obra. É um liberal que perdeu as
ilusões revolucionárias.
Personagens tipo
Francisca - representa a inércia de Portugal.
Frei Dinis - representa o velho Portugal.
Georgina - representa um novo Portugal e a influência estrangeira.
Joaninha - representa a Natureza impoluível.
Carlos - representa o falhanço do liberalismo.
Relação
Patriotismo
Tal como na poesia trovadoresca, em Viagens na minha terra, a donzela
(Joaninha) tem uma forte ligação com a Natureza.
Excertos
Aspetos da narrativa
Atividade (classroom) texto para completar, perguntas exame
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Biografia
Contexto histórico
Pergunta: o que acham da conservação dos monumentos e da cultura
portuguesa
Resumo
Personagens com excertos
Divisão entre a própria viagem (mapa) e a novela
Relaçoes com que se pode relacionar
Atividade (classroom) texto para completar, perguntas exame
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Minha oral
Peripécias
Personagens mais excertos
Principais temas da obra
Conclusão
Peripécias
Ao longo da novela estam presentes diversas ações das personagens que alteram o
desfecho desta obra como
A partida de Carlos para o estrangeiro devido a ser apoiante de D.Pedro, ou seja
apoiava a causa liberal. (pag.135)
A guerra civil que se instalou no vale alterou a vida de Joanhinha e de Dona
Francisca
O regresso de Carlos ao vale leva-o a refletir sobre a sua vida amorosa
A conversa entre carlos e frei dinis
Personagens
Personagens principais: Carlos e Joaninha;
Personagens secundárias: Georgina, frei Dinis e Dona Francisca
Carlos é um jovem de estatura média, delgado, de peito largo e forte, com os olhos
pardos e expressivos, a boca pequena ( excerto pag 160 )
é um homem instável que não se consegue decidir sobre as suas relações amorosas,
podendo ser ligado às características biográficas do próprio Almeida Garrett.
Revolucionário e rebelde, devido a ser apoiante de D.Pedro por isso liberal.
Patriota e nacionalista.
De espírito inquieto e insatisfeito por não se decidir entre Joaninha e Georgina
por isso torna-ser barão ( é um título monarquico de baixa nobreza) devido a
abandonar as e as suas crenças liberais e materialista.
Carlos representa o falhanço do liberalismo poque apesar dos seus esforços todo
acabou por ser am vão quer no liberalismo quer na história de Carlos.
Joaninha, prima e amada de Carlos. Meiga e singela, não era bela, mas possuía os
olhos verdes como esmeraldas. É carcterizada como perfeita, simples e pura.
A naturalidade, a gentileza, a espiritualidade acentuam o seu caráter excecional.
(excerto pag95 )
Joaninha é apresentada como mulher-anjo.
Personagem marcada pela estabilidade, ligada e fiel ao espaço físico (vale de
Santarém)
Harmoniosa, perfeita, simples, pura, tal como o espaço do qual são excluídos os
vícios sociais.
Graciosa e amável.
Joanhinha representa a natureza pois é pura simples e estável todo
caracteristicas associadas à natureza.
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Representa a influência estrangeira em Portugal e o novo portugal por ser
apoiante de novas ideias e métodos para o desenvolvimento de Portugal.
Dona Francisca é a avó de Carlos e joaninha, cega e passando a citar ( excerto pag
90)
É o prototipo da
Representa a falta de ativiadade de Portugal pois mesmo com a guerra á porta a avó
nada fez para se proteger.
Frei Dinis frade já velho com uma ideologia fixa teimoso e austero( excerto pag 120 )
Representa o velho portugal isto é tal como dinis seguia as suas ideias antigas e fixas
portugal naquela altura tinha tambem ideias e métodos antigos para a época
comparando com outros paises.
Narrador substitui Carlos na relação oposta que estabelece com Frei Dinis.
Patriota e nacionalista (na defesa dos valores do passado e do povo).
Idealista (embora reconheça que o liberalismo falhou e que é necessário um
compromisso entre o passado e o presente.
Identifica-se com o próprio viajante e autor da obra. É um liberal que perdeu as
ilusões revolucionárias.
No final o proprio autor considera-se uma personagem de história devido ao
cruzamento do plano da viagem com o plano da novela
Conclusão
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Assim podemos concluir que através desta obra o autor procurou refletir e criticar a
sociedade portuguesa na altura de forma a conseguir alterar a visao e a atitude de
forma a atingiram o progresso atraves do da sua prespetiva e atraves da novela que
conta.
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