Um Contrato de Heterossexualidaed - A Quem Serve

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Um contrato

de heterossexualidade:
a quem serve?
ISSN: 2358-0844
n. 9, v. 1 maio.-out. 2018 Priscila Costa1
p. 500-511.

RESUMO: O presente artigo tem por objetivo propiciar uma reflexão acerca de conceitos naturalizados, como
o de heterossexualidade, família, sexo e gênero. Pretende, também, traçar um paralelo entre a matriz da
heterossexualidade e o conceito de Contrato Social, de Rousseau, analisando as formas pelas quais essa matriz
é reiterada a todo momento, de maneira que se torna naturalizada e condição indispensável para viver.
Ademais, visa enfatizar a importância da Educação neste processo reiterativo – seja a partir da família de
origem, escola ou mídia – e pontuar e analisar meios de desconstrução dos binarismos que mantêm a lógica
heterossexual, ao mesmo tempo em que a produzem. É através da Educação que se pode promover o
pensamento crítico, permitindo aos sujeitos o questionamento dessas normas. Em um mundo pós-moderno,
pós-estruturalista, de identidades fluidas, a rigidez com a qual a sexualidade é encarada engessa os mecanismos
que possibilitariam o trânsito livre dos sujeitos, o trânsito de sujeitos livres.
PALAVRAS-CHAVE: Heteronormatividade; Educação; Família; Matriz da heterossexualidade.

Abstract: This article aims to provide a reflection on naturalized concepts, like heterosexuality, family, sex and gender.
It also intends to draw a parallel between the heterosexuality’s matrix and the Rousseau's concept of Social Contract,
analyzing the ways in which this matrix is repeated all the time, becoming naturalized and indispensable to individual’s
survivor. Moreover, it aims to emphasize the importance of education in this reiterative process - either from the
original family, school or media - and score and analyze ways to deconstruct the binarism that keeps and produces the
straight logic. Through education we can provide critical thinking, allowing individuals to question these standards.
In a post-modern and post-structuralist world of fluid identities, the rigidity with which sexuality is seen plasters
mechanisms that would allow free transit of the subjects, the transit of free subjects.
Keywords: Heteronormativity; Education; Family; Heterosexuality’s matrix.

Resumén: El presente artículo tiene como objetivo propiciar una reflexión a cerca de los conceptos
naturalizados, como el de heterosexualidad, familia, sexo y género. Intenta, también, trazar un paralelo entre la
matriz de la heterosexualidad y el concepto de Contrato Social de Rosseau, analizando las formas por las cuales
esta matriz es reiterada en cada momento y así se vuelve natural y condición indispensable para vivir. También
busca enfatizar la importancia de la Educación en este proceso reiterativo – sea a partir de la família de origen,
escuela o media – y indicar y analizar medios de deconstrucción de lós binarismos que mantienen la logica
heterosexual mientras la produce. Es a través de la Educación que se puede promover el pensamiento critico,
permitiendo a los sujetos los cuestionamientos de estas normas. En un mundo posmoderno, pós-estructuralista,
de identidades fluidas, la rigidez con la cual se considera la sexualidad endurece los mecanismos que
posibilitarián el tránsito libre de los sujetos, el tránsito de sujetos livres.
Palabras clave: Heteronormatividad; Educación; Familia; Matriz de la heterosexualidad.

1
Psicóloga pela Faculdade Ruy Barbosa e Mestra pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e
Sociedade, da Universidade Federal da Bahia. E-mail: priscila.cordeiro.costa@gmail.com
Recebido em 10/11/15
Aceito em 08/12/17
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“Faço contigo um contrato, todo em teu prejuízo e todo em meu proveito, que eu
observarei enquanto me aprouver, e que tu observarás enquanto me aprouver”.

ROUSSEAU

O “sujeito homossexual” surgiu no século XIX, quando os comportamentos hoje vistos


como práticas homossexuais deixaram de ser considerados apenas sodomia (pecado ao qual
qualquer um poderia sucumbir), para serem constituintes de um tipo especial de sujeito, de sua
identidade, o que deu aval para que os homossexuais fossem colocados na posição de abjetos. Desde
então, os discursos sobre esse tipo de sujeito têm sofrido mudanças, associadas à conjuntura
histórica (LOURO, 2001).

Foucault (1988) mostra que a proliferação de discursos sobre o sexo, mais do que puramente
um fenômeno quantitativo, serve para uma regulação do sexo e da sexualidade por meio de discursos
úteis e públicos. Busca-se subjugar os corpos e controlar as populações através desses discursos, que
não reprimem o sexo, e sim o valorizam, fazendo com que o sexo ocupe uma posição de segredo, ao
mesmo tempo em que definem o que é natural e aceitável, e o que não o é. Existe uma polícia do
sexo, que busca uma sexualidade economicamente útil e politicamente conservadora. De acordo com
Preciado (2008), o biopoder possibilita o cálculo técnico da vida em termos de população. Todos
esses discursos sobre o sexo (religioso, científico, médico) são construídos visando o exercício desse
biopoder, sendo assim, não são naturais.

Wittig (2006) pontua que o termo “heterossexualidade” só surgiu quando o “sujeito


homossexual” foi definido, como o seu contraponto, ou seja, a heterossexualidade, até então, era tão
naturalizada que nem mesmo precisava ser definida. A autora também levanta que a ideia de
heterossexualidade estava implícita na idealização do contrato social trazida por Rousseau, no século
XVIII, mais especificamente em 1762, e se deteve a fazer uma análise entre o contrato social e a
heterossexualidade, explicitando como os termos são correspondentes.

Para Rousseau (1945), o vínculo social é a soma de convenções fundamentais que, ainda que
nunca tenham sido afirmadas, estão implicadas no fato de viver em sociedade. Sendo assim, o
contrato social é definido como a solução para o problema: “encontrar uma forma de associação que
defenda e proteja de toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado, e pela qual, cada um,
unindo-se a todos, não obedeça, portanto, senão a si mesmo, e permaneça tão livre como

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anteriormente”. Wittig (2006) afirma que não vivemos nesse contrato ideal (e utópico), e sim sob um
contrato que não diz o seu nome. Nesse contrato, as regras e convenções da heterossexualidade
tornam a vida possível, da mesma forma que respirar é condição para viver, e aqueles que não se
adequam à lógica heterossexual são colocados em uma posição abjeta.

É interessante observar a contemporaneidade do seguinte problema filosófico de Rousseau


(1945): “O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros”. Isso nos faz refletir sobre
as amarras que impossibilitam a nossa liberdade completa, sendo o pensamento heterossexual uma
delas. Além disso, é necessário questionar até que ponto o homem é livre. Será que no útero o
homem é livre?

1.1 A matriz da heterossexualidade

A declaração ‘É uma menina!’ ou ‘É um menino!’ [...] instala um processo que, supostamente, deve
seguir um determinado rumo ou direção. A afirmativa, mais do que uma descrição, pode ser
compreendida como uma definição ou decisão sobre um corpo. Judith Butler (1993) argumenta que essa
asserção desencadeia todo um processo de ‘fazer’ desse um corpo feminino ou masculino. Um processo
que é baseado em características físicas que são vistas como diferenças e às quais se atribui significados
culturais. [...] O ato de nomear o corpo acontece no interior da lógica que supõe o sexo como um ‘dado’
anterior à cultura e lhe atribui um caráter imutável, a-histórico e binário. Tal lógica implica que esse
‘dado’ sexo vai determinar o gênero e induzir a uma única forma de desejo (LOURO, 2004, p.15).

Butler (2002) chama a atenção para a questão de que não existe um “eu” antes do discurso,
posto que já nascemos inseridos em relações de poder que nos precedem (sendo, dessa forma, históricas)
e que vão interferir em nossas ações. A relação sexo-gênero-sexualidade, que pressupõe que uma pessoa
de determinado sexo deve performativizar o gênero correspondente a esse sexo, e se interessar por
pessoas de sexo oposto ao seu, é o que Butler chama de matriz da heterossexualidade.

De acordo com Louro (2000), produzimos e transformamos a Natureza e a Biologia, o que


expõe historicidade de definições que são supostamente tomadas como naturais, como a de homem e
a de mulher; a inscrição dos gêneros (masculino/feminino) nos corpos também é feita no contexto da
cultura, pois são convenções culturais que vão definir o que é atributo masculino e o que é atributo
feminino; e as possibilidades de sexualidade (homossexual/bissexual/heterossexual) também são
moldadas pelas redes de poder, já que essas identidades servem para delimitar e controlar os sujeitos,
pressupondo que esses são estáveis.

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Butler (2013) levanta uma discussão sobre os conceitos de sexo (como algo natural, pré-
discursivo) e gênero (como algo construído culturalmente). A que serviria a noção de sexo, se não
for para justificar a estrutura binária? Os saberes sobre o sexo, ditos pré-discursivos, não seriam
construídos pelas ciências biológicas e médicas?

No mesmo livro, Problemas de gênero, a autora introduz, também, uma discussão sobre o
gênero em torno de duas perspectivas: humanista (a pessoa possui determinado gênero) e social (a
pessoa é, dentro de uma abordagem relacional). Com isso, a autora traz um debate sobre livre-arbítrio
e determinismo. Como pensar sobre algo se o próprio pensar está maculado pelas cadeias linguísticas
de uma linguagem binária e falocêntrica? Butler também contrapõe os pensamentos de Beauvoir
(1980) e Irigaray (1985). Para a primeira, “mulher” era uma categoria oposta a “homem”, sendo,
dessa maneira, o seu negativo, o que continuaria a reforçar o binarismo. Para a segunda, “mulheres”
era uma categoria que deveria ser pensada fora da relação oposta (Eu x Outro), posto que essa é
presumidamente binária e falocêntrica.

De acordo com Preciado (2008), o conceito de gênero surgiu na Segunda Guerra Mundial,
juntamente com outras “invenções”, quando John Money, um psicólogo neozelandês, fez o primeiro
uso da noção de gênero, com relação a cirurgias em bebês intersexuais, ao mostrar como a plasticidade
do conceito de gênero veio se opor à rigidez do conceito de sexo.

Para Scott (1995), a noção de gênero compreende as relações estabelecidas a partir da


percepção social das diferenças biológicas entre os sexos. Essa percepção fundamenta-se a partir de
esquemas classificatórios de oposição homóloga entre masculino/feminino, além de relacionar-se a
outras oposições, como: forte/fraco; grande/pequeno; acima/abaixo; dominante/dominado
(BOURDIEU, 1999). Tais oposições foram construídas historicamente, são consideradas arbitrárias
e podem ser caracterizadas como hierarquizadas. Cabe ao pólo masculino e a seus homólogos a
prioridade da valorização positiva e superior.

Louro (2004) nos leva a fazer reflexões sobre as marcas de poder que regulam os corpos, e toda
a matriz sexo-gênero-sexualidade. Partindo de ponderações sobre como os significados das marcas dos
corpos mudaram no decorrer do tempo, evidenciando a inconsistência de preceitos atuais de divisão
binária, a autora trouxe como exemplo que, até o início do século XIX, o masculino era o único modelo,
sendo a mulher um "homem invertido", que se desenvolveu ao contrário, para dentro.

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Tanto Louro (2004) como Butler (2010) utilizam como exemplo a performatividade da drag,
mostrando como essa, ao parodiar o feminino, expõe o quanto a autenticidade do feminino (e
masculino) é questionável e permeada por uma cultura heterossexista, que reitera, a todo momento,
as normas regulatórias que controlam corpos e desejos, baseadas em um suposto sexo pré-discursivo
(e, portanto, natural), que deve guiar a expressão do gênero e a orientação sexual. Além disso, Butler
(2002) realça que a performatividade da drag evidencia todo o simulacro das performances de gênero,
que nunca conseguem atingir por completo o ideal, nem mesmo quando se tratam de homens e
mulheres heterossexuais. A reiteração, por si mesma, já expõe a não-naturalidade da norma, posto
que, se essa fosse a forma natural (una) de as coisas serem, não seria necessária a repetição dos limites.

Butler (2010) chama de performatividade a reiteração dessa norma (ou desse conjunto de
normas) hegemônica, por meio de citações, que, ao mesmo tempo em que confirmam o discurso
normativo, produzem-no.

A autora questiona a serviço de quê (e a custo de quê) essas normas se materializam, produzindo
sujeitos e corpos inteligíveis e ininteligíveis, relegando os últimos a uma posição de abjetos, sem os
quais, paradoxalmente, não se pode produzir os primeiros. Nesse ponto, Butler (2010) desenvolve a
explicação do exterior constitutivo, chamando a atenção para o fato de que é dessa posição (não como
um local físico, mas como um local de discurso) que se pode criticar a norma hegemônica, ou seja,
deste local inabitável que é produzido pela mesma norma que o pretende excluir.

Um ponto importante, levantado por Butler (2013), é a não universalidade em pensar sobre
essas questões de gênero e identitárias. Butler usa o exemplo de Irigaray para mostrar que se houvesse
simplesmente uma inversão, e conseguíssemos chegar ao lócus de pensamento descrito por Irigaray,
fora da estrutura binária falocêntrica, e considerássemos essa nova maneira como a única verdade,
não permitindo o diálogo, isso configuraria um certo “fascismo”. Butler sugere que as políticas sejam
feitas em termos de uma coalizão aberta, na qual as “identidades” podem se instituir e se abandonar
(de acordo com os contextos e os interesses), como forma de romper o binarismo, no qual, o tempo
todo, as coisas se configuram pela oposição, retroalimentando o próprio pensamento binário e o
colocando como única possibilidade.

Essa ideia de que as "identidades" podem cambiar de acordo com os interesses é um traço do
sujeito pós-moderno. Hall (2002), em seu livro A identidade cultural na pós-modernidade, discorre
acerca da “crise de identidade” do sujeito pós-moderno, que é tida como parte de um processo de
mudança, na qual as estruturas estáveis de identidade têm se abalado. A mudança estrutural está
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fragmentando paisagens culturais de gênero, classe, sexualidade, etnia, etc. Essa mudança se deu,
principalmente, por conta da desconstrução do sujeito do Iluminismo, um sujeito racional, estável.
Os movimentos sociais da pós-modernidade expuseram a multiplicidade das identidades.

A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à
medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados
por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais
poderíamos nos identificar - ao menos temporariamente (HALL, 2002, p.3).

De acordo com Louro (2003), os movimentos dos anos 60 colocaram em evidência os sujeitos
excêntricos (no sentido de fora do centro, diferentes). Isso contribuiu para o surgimento do sujeito
pós-moderno. Os sujeitos não se conformam mais com lógica centro-margem, que vigorava até então
(e ainda há muito investimento de poder tentando sustentar essa lógica). A realidade que pode ser
observada agora é completamente diferente daquela até então postulada. Os sujeitos pós-modernos
são nômades, viajantes, transitam entre os territórios e as fronteiras, pluralizam sentidos e significados
dessas experiências, estão abertos às mudanças. A autora mostra que não há mais como e nem porquê
imaginar um sujeito fixo, já marcado ao nascer, que siga o roteiro sexo-gênero-sexualidade, apesar
de todos os esforços dos discursos de poder para que os sujeitos sigam esse roteiro, esse contrato
social heterossexual.

O reconhecimento dos sujeitos dentro de cada uma das possibilidades de identidade é feito a
partir da interpelação, ou seja, reconhecemo-nos dentro de cada categoria de acordo com o que nos é
perguntado. Dessa forma, em determinados momentos, podemos nos identificar de acordo com a raça,
classe, orientação sexual, entre tantas outras categorias. Somos sujeitos de múltiplas identidades, o que
explicita o caráter fragmentado, instável, histórico e plural dos sujeitos e das próprias categorias.

No processo de reconhecer a identidade, inscreve-se, também, a atribuição de diferenças, ou


seja, de desigualdade e hierarquia, afinal, ao delimitar uma identidade, definimos, também, o que
não faz parte da mesma. Butler (2013) usa como exemplo a noção de “mulheres” para o sujeito do
Feminismo e critica a noção de um sujeito estável ao mostrar como essa concepção serve aos
interesses heterossexistas, exclui todos os sujeitos que não se adequam à categoria “mulheres”,
alimenta uma normatividade já excludente, além de produzir a própria categoria e endossar o
binarismo. Essa é uma crítica fundamental que autores da Teoria Queer2 (pós-estruturalistas) fazem

2 A Teoria Queer surgiu no final dos anos 80, em oposição aos estudos sociológicos sobre minorias sexuais e de gênero.
De acordo com Miskolci (2009), os estudos sociológicos acabavam por naturalizar a norma heterossexual, já que,
estudando as minorias, supõe-se que há uma norma hegemônica, ou seja, os estudos serviriam para reiterar essa norma.
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aos movimentos identitários (estruturalistas). A autora levanta a necessidade de uma postura crítica,
mesmo que, às vezes, seja necessário o uso de conceitos identitários, principalmente por conta de
políticas públicas.

Dentro do âmbito crítico, podemos refletir, por exemplo, sobre o aparecimento do


Transfeminismo, uma corrente do Feminismo, que surge em um momento de questionamentos acerca
da biologização do conceito de sexo e de gênero, visando incluir as pessoas transgêneras ao
movimento Feminista. O Transfeminismo busca evidenciar, principalmente, o caráter ilusório da pré-
discursividade do sexo, fomentada pela Ciência, que passou a servir como fundamento para a
exclusão de mulheres transgêneras da luta por direitos, considerando como mulheres apenas as
mulheres cisgêneras, ou seja, aquelas cujo gênero e sexo correspondem entre si, são iguais.

Na sociedade, em geral, a norma que se estabelece remete para o homem branco,


heterossexual, de classe média urbana, cristão e ocidental. O reconhecimento do “outro” é feito a
partir do lugar em que esse sujeito ideal se encontra. Assim, a mulher vira o “segundo sexo” e gays e
lésbicas transformam-se em sujeitos desviantes. Dessa forma, a heterossexualidade é concebida como
“natural”, universal e normal. Esse sujeito ideal não pode mais servir de modelo para a multiplicidade
de identidades com a qual o sujeito pós-moderno se depara.

Através de cadeias linguísticas, estamos, o tempo todo, repetindo e produzindo essa


normatização. Butler (2002) elucida que não temos controle do “nosso” discurso, sendo que esse pode
se ressignificar ao longo do tempo, e até nós mesmos podemos repensá-lo. A autora também pontua
como o mesmo nome que pode ser usado como forma de abjeção a um sujeito, às vezes, é reivindicado
pelo mesmo sujeito para criar políticas. Assim, esclarece o motivo da palavra queer ter sido
reivindicada, justamente para desconstruir a sua conotação utilizada pela normatividade, denunciando
o sistema excludente da heteronormatividade. De acordo com Louro (2004, p. 38), “queer pode ser
traduzido por estranho, talvez ridículo, excêntrico, raro, extraordinário”. É importante ressaltar que o
campo dos estudos queer não é fechado e Butler (2002) sugere que mesmo esse nome pode ser
substituído por outro, já que o importante é a sua ideia central de desconstrução da norma heterossexual.

Para Butler (2002), o uso da palavra “queer” transcende o campo puramente linguístico,
constituindo-se, assim, em um ato político. O termo pode ser reivindicado por todos aqueles que
desconstroem a naturalidade da heterossexualidade hegemônica, colocando-a em questão. A
terminação vai de encontro à terminologia de identidade e o binarismo que está implícito na mesma.

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A performatividade e as hipérboles, utilizadas em manifestações queer, servem para colocar em


evidência aquilo que a hegemonia heterossexual esconde, visto que vai de encontro à mesma.

Apesar da noção pós-estruturalista de fluidez das identidades, de acordo com Louro (2000), a
centralidade da sexualidade nas modernas sociedades traz consigo uma dificuldade de entendê-la
como fluida. Admitir uma nova identidade sexual ou de gênero é considerado uma alteração na
essência do sujeito – “tememos a incerteza, o desconhecido, a ameaça de dissolução que implica não
ter uma identidade fixa” (WEEKS, 1995, p.89).

Ainda é mais inteligível que uma pessoa transite entre as identidades de classe, por exemplo,
ascendendo socialmente, do que transite entre as identidades sexuais ou de gênero. Como exemplo
disso, Louro (2001, p. 63-64) expõe o caso do prefeito de uma pequena cidade da Alemanha,
Quellendorf, que, em 1998, após algum tempo de eleito, decidiu assumir publicamente uma nova
identidade de gênero, apresentando-se como mulher, informando sua intenção de concluir a
transformação através de processos médicos-cirúrgicos. Esse caso ocasionou um reboliço na cidade
e as pessoas iniciaram um movimento para destituir o prefeito, por considerar que a sua essência
havia mudado, ou seja, ele não era a mesma pessoa em quem haviam votado.

1.2 A Educação e a reiteração da matriz heterossexual

Rousseau (1945) afirmou que a família é o primeiro modelo das sociedades políticas. O pai
corresponderia a um chefe e os filhos corresponderiam ao povo. Dentro dessa concepção está
implícita uma noção de subordinação, ou seja, tanto o pai quanto o chefe seriam hierarquicamente
superiores aos filhos e ao povo, respectivamente. É interessante observar que a mulher é totalmente
invisibilizada e não chega a ser citada em todo o livro do autor.

Essa concepção binária e falocêntrica reitera a matriz da heterossexualidade e persiste em


muitos contextos nos dias atuais, mesmo passados dois séculos e meio. Isso expõe a relevância de
falarmos de um contrato social de cunho extremamente heterossexual: “Faço contigo um contrato,
todo em teu prejuízo e todo em meu proveito, que eu observarei enquanto me aprouver, e que tu
observarás enquanto me aprouver” (ROUSSEAU, 1945, p. 28).

Considerando que a família de origem é a primeira fonte de contato com a cultura, através
dela são passados, simbolicamente, por meio da linguagem, os valores aceitos em sociedade. Dessa
forma, é através dessas figuras primárias que o indivíduo aprenderá o que significa um

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comportamento adequado ou não (ZWEIG; ABRAMS, 2009). Por esse motivo, a importância das
figuras parentais na formação do universo simbólico do sujeito é bastante significativa e influencia
diretamente nos seus comportamentos, sejam eles encobertos ou explícitos.

De acordo com Lundin (1977), os comportamentos iniciais, aprendidos na infância, têm


grande potencial de permanecer durante a vida adulta do indivíduo. Isso acontece porque, quando o
indivíduo aprende uma determinada resposta e essa passa a ser reforçada3 constantemente, a
aquisição de outros tipos de comportamentos acaba ficando comprometida.

Partindo-se da hipótese de que a forma com a qual um indivíduo absorve o mundo e se


comporta está intrinsecamente relacionada com o padrão comportamental ao qual ele é exposto,
pressupõe-se que suas expressões de preconceito estão pautadas, em parte, nas manifestações que seu
ambiente familiar apresenta.

Um outro contexto – físico e de discurso – de proliferação da matriz heterossexual é a escola,


na qual as crianças estão, gradativamente, passando uma parcela maior do seu tempo, em decorrência,
principalmente, da necessidade de trabalho dos pais e mães. Além disso, também se pode citar a
influência da mídia, que vem adquirindo um papel importante na educação das crianças, pois elas
estão cada vez mais em contato com aparatos tecnológicos. Louro (2003) enfatizou como a educação
vem reiterando a norma da matriz sexo-gênero-sexualidade, não sabendo/querendo lidar com as
contingências atuais, que mostram a inadequação dessa norma (que até mesmo precisa do que está
fora dela para se afirmar).

Um exemplo da reiteração inadequada dessa norma são as datas comemorativas do “dia dos
pais” e “dia das mães”, que, sob a máscara de propiciar um momento de proximidade parental,
fortalecendo vínculos entre pais (e por que não mães?) e filhxs4, reproduzem um conceito arcaico de
família, também corroborado pelo site de busca mais conhecido do mundo (Google), no qual basta
digitar a palavra “família” na parte de “Imagens” e brotarão na tela diversas imagens de uma família
heteronormativa, branca, com filhxs, e, principalmente, feliz.

Aqui cabe um parêntese para discorrer um pouco acerca da “ditadura da felicidade”. Costas
(2006) apresenta a visão do psicólogo Steven Hayes que, em entrevista, pontua que a nossa
necessidade de estar sempre certos e conseguir tudo o que queremos tem se intensificado na

3 Reforço é tudo aquilo que aumenta a probabilidade de um comportamento acontecer novamente.


4 Grifo nosso.
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atualidade devido a dois fatores: a facilidade com que a tecnologia faz as coisas e a “ditadura da
felicidade”. Para nos adequar ao mercado de trabalho, muitas vezes precisamos competir com
máquinas que, obviamente, realizarão o mesmo trabalho, em um tempo muito mais curto. As
tecnologias nos fazem entrar em contato com uma ideia de perfeição, na qual tudo é muito simples,
assim, somos impelidos a acertar sempre e a alcançar aquilo que almejamos. Nesse percurso, o ser
humano é exposto às suas limitações, o que é inerente à vida, e o grande problema é que ele não
aprendeu a lidar com as mesmas.

A busca pela perfeição é exigida e, além disso, também é ordenado que estejamos sempre
felizes, portanto, o sofrimento por conta dessa busca não deve existir. Todo sofrimento deve ser evitado,
esquecendo-se, assim, que lidar com experiências negativas faz parte da existência. É natural que nos
sintamos tristes em determinadas situações. Na tentativa de evitar essas dores, criamos fobias e medos
que limitam a nossa vida, atrapalhando-nos de alcançar nossos valores pessoais.

Debord (1997), em seu livro A sociedade do espetáculo, esclarece que a sociedade atual
manifesta-se como uma acumulação de espetáculos. Há uma representação do que se vive, sem se
viver de fato, e as coisas que acontecem são apenas passíveis de contemplação. E, posteriormente,
essas coisas se diluem no tempo.

Assim como existe o binarismo heterossexualidade/homossexualidade, existe o binarismo da


felicidade/tristeza, e é necessário observar que não existe uma polarização positivo/negativo, ou o
que é bom e o que é ruim, os juízos de valor não são naturais, são construídos. Nada é bom ou ruim
por si só e um termo sempre depende do outro para se afirmar.

É necessário observar as relações de poder vigentes nas normas e o efeito dessas nos sujeitos,
como meio de questioná-las, trazendo as suas transitoriedades contingenciais, encarando a
multiplicidade como algo interessante. Ou seja, essa multiplicidade não deve ser motivadora de medo
e sim de estímulo para que sejamos mais críticxs.

Louro (2003) discorre acerca da ultrapassagem dos limites da episteme, em todos os contextos,
incluindo o da Educação, e traz o conceito de Foucault (1995) para denotar a episteme como o campo
de conhecimento do que pode ser pensado, do que é permitido pensar. Sendo assim, a autora explica
a necessidade de se questionar o que está posto como natural, como forma de ultrapassar esse campo
do que é permitido pensar.

Periódicus, Salvador, n. 9, v. 1, maio-out. 2018 – Revista de estudos indisciplinares em gêneros e sexualidades


Publicação periódica vinculada ao Grupo de Pesquisa CUS, da Universidade Federal da Bahia – UFBA
ISSN: 2358-0844 – Endereço: http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistaperiodicus

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COST A, P.C.; U M C O N T RA T O D E H E T E RO S S E X U A L I D A D E

O questionamento da "naturalidade" com a qual a matriz binária impera, a fim de excluir tudo
que parece instável, é um passo importante para diminuir o medo experienciado pelo que é
inconstante, o medo do diferente. Nada é natural, nem mesmo o sexo, como já discutido por Butler,
tudo é contingencial. Pensar nisso pode ser bastante efetivo no ambiente educacional, tanto familiar
quanto escolar, contribuindo para desenvolver uma postura crítica nos sujeitos.

No dia 31 de outubro de 2013, diversos sites de notícia de Salvador divulgaram uma


mudança ocorrida no projeto pedagógico de uma escola construtivista da referida cidade. De acordo
com o site da escola,

As datas comemorativas, como os dias das mães e dos pais, passaram a ser festejadas na Lua Nova como
Dia da Família. As famílias são homenageadas de uma forma mais ampla e contextualizada, ou seja, pais,
mães, avós, tios, tios, primos... podem estar presentes numa festa que tem acontecido sempre aos sábados,
simbolizando a família contemporânea em suas diversas configurações. As datas religiosas não estão
inseridas neste contexto, pois a Lua Nova é uma instituição laica. (ESCOLALUANOVA, 2013).

Esses questionamentos acerca das estruturas e conceitos encarados acriticamente como


naturais é muito importante para a formação do pensamento crítico nas crianças e a desconstrução
da lógica binária.

Louro (2003) também traz uma reflexão importante sobre o binarismo existente na Educação:
ignorância x conhecimento. A ignorância e o conhecimento estão implicados mutuamente, um faz
parte do outro; todo conhecimento é conhecimento de alguma coisa, e tudo que escapa a esse
conhecimento é ignorância. A autora levanta um ponto interessante, que é pensar a serviço de quê
está o conhecimento, e o desejo de não conhecer determinados aspectos. Isso nos faz refletir sobre
como funcionam as relações de poder. Além disso, propõe uma erotização do conhecimento, no
sentido de um desejo de saber, de questionar as premissas que mantêm e produzem a ordem. Sem
sexualidade não existe curiosidade.

A reviravolta epistemológica que o pensamento queer traz, e todas as reflexões decorrentes


desse processo, que atinge não só o campo da sexualidade, produzem uma desconstrução do que é
visto como natural em diversos campos, inclusive o da Educação. A multiplicidade da sexualidade,
pensada pela teoria queer, transporia os limites da sexualidade, e, consequentemente, da curiosidade,
e o conhecer seria muito mais prazeroso. É importante percebermos que somos instáveis, transitamos
entre os lugares, e isso não é ruim, como o imperativo binário também quer supor, faz parte da viagem
que é a vida.
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