Apostila de Libras
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Apostila de Libras
Muitas vezes, esses professores acreditam que o que usam seja a língua
de sinais. Isso tem implicações no processo educacional da criança surda. A
escola deve buscar alternativas para garantir à criança acesso aos
conhecimentos escolares na língua de sinais e o ensino da língua portuguesa
como segun-da língua.
Observamos que a maioria dos professores quer garantir um ensino da
língua portuguesa mais eficiente para o seu aluno surdo, atentando para o seu
processo de aprendizagem. Além disso, eles buscam tornarem-se bons
profes-sores de língua portuguesa em uma perspectiva bilíngüe e querem
saber como se ensina português como segunda língua para surdos.
Primeiramente, a proposta deste livro é situar o professor na educação
bilíngüe (língua de sinais e língua portuguesa) no contexto sócio-cultural do
processo educacional do aluno surdo. No capítulo 1, apresentamos alguns
con-ceitos e discutimos o contexto da educação de surdos no Brasil na
perspectiva da educação bilíngüe tendo a língua de sinais como língua de
instrução e a língua portuguesa escrita como segunda língua.
No capítulo 2, foco principal deste livro, apresentamos várias propostas
de atividades que foram amplamente usadas na educação de surdos. Todas as
atividades estão relacionadas com o ensino da língua portuguesa, mesmo que
indiretamente.
Muitas das idéias apresentadas foram criadas a partir de jogos e
brincadei-ras infantis ou adaptadas de dinâmicas utilizadas no ensino da
língua portugue-sa para crianças ouvintes e outras ainda foram criadas
especificamente para as crianças surdas. No entanto, sempre tivemos a
preocupação de contextualizar todo o processo na perspectiva do ensino de
segunda língua. Assim, as atividades propostas estão planejadas
considerando o contexto bilíngüe da criança surda.
Idéias para ensinar português para alunos surdos
formas ouvintes. Elas são de outra ordem, uma ordem com base
visual e por isso têm características que podem ser ininteligíveis aos
ouvintes. Elas se manifestam mediante a coletividade que se
constitui a partir dos próprios surdos.
Língua e linguagem – Lyons (1987) define linguagem como um sistema
de comunicação natural ou artificial, humano ou não. Nesse sentido,
linguagem é qualquer forma utilizada com algum tipo de intenção co-
municativa incluindo a própria língua. No entanto, vários estudos uti-
lizam o termo “linguagem” num sentido mais restrito (Chomsky, 1986;
1995): o conhecimento que a pessoa tem que a torna capaz de expres-
sar-se através de uma língua, isto é, um sistema lingüístico com deter-
minadas regras altamente recursivo, pois permite a produção de infini-
tas frases de forma altamente criativa. A língua, portanto, é tratada
enquanto sistema. Obviamente que estas definições são de ordem
essencialmente lingüísticas não captando a riqueza das interações so-
ciais que transformam e determinam a expressão lingüística. Assim,
língua e linguagem podem ser compreendidos em dois diferentes níveis:
(1) o nível biológico, enquanto parte da faculdade da linguagem hu-
mana e, (2) o nível social ao interferir na expressão humana final.
No primeiro nível, discutem-se questões essenciais, como a
aquisição da linguagem. Já no segundo nível, discutem-se aspectos
relacionados com as representações discursivas e sociais permeadas
por representações culturais. A questão do bilingüismo pode ser
discutida nesses dois níveis de linguagem. Aqui deter-se-á a discutir
e analisar esse aspecto no contexto do segundo.
Língua de sinais brasileira – Língua que é o meio e o fim da
interação social, cultural e científica da comunidade surda brasileira,
é uma língua visual-espacial.
Por volta dos três anos de idade, as crianças tentam usar configurações
mais complexas para a produção de sinais, mas freqüentemente tais tentativas
acabam sendo expressas através de configurações de mãos mais simples (pro-
cessos de substituição). Os movimentos característicos dos sinais continuam
sendo simplificados, embora já se observe o uso da direção dos movimentos com
êxito em alguns contextos. Classificadores são usados para expressar for-mas de
objetos, bem como o movimento e trajetórias percorridos por tais obje-tos.
Aspecto começa a ser incorporado aos sinais para expressar diferenças en-tre
ações (por exemplo, CORRER devagar, CORRER rápido). A criança começa a
estender as marcas de negação sobre sentenças assim como os adultos fazem,
inclusive omitindo o item lexical de negação. As crianças, também, já utilizam
estruturas interrogativas de razão (POR QUE). Nesse período, as crianças
começam a contar estórias que não necessariamente estejam relacionadas aos
Idéias para ensinar português para alunos surdos
fatos do contexto imediato. Elas falam de algum fato ocorrido em casa, sobre
o bichinho de estimação, sobre o brinquedo que ganhou, etc. No entanto, as
vezes não fica claro o estabelecimento dos referentes no espaço, o que
dificulta o entendimento das estórias.
Por volta dos quatro anos de idade, as crianças já apresentam condições de
produzir configurações de mãos bem mais complexas, bem como o uso do
espaço para expressar relações entre os argumentos, ou seja, as crianças explo-
ram os movimentos incorporados aos sinais de forma estruturada. A partir desse
período, elas começam a combinar unidades de significado menores para for-
mar novas palavras de forma consistente. Nesse período, começam a ser obser-
vadas a produção de sentenças mais complexas incluindo topicalizações. As
expressões faciais são usadas de acordo com a estrutura produzida, isto é, as
produções não manuais das interrogativas, das topicalizações e negações são
produzidas corretamente. As crianças ainda não conseguem conservar os pon-tos
estabelecidos no espaço quando contam suas estórias, apesar de já serem
observadas algumas tentativas com sucesso. Aos poucos, torna-se mais claro o
uso da direção dos olhos para concordância com os argumentos, bem como o
jogo de papéis desempenhado através da posição do corpo explorados para o
relato de estórias.
Na verdade, nas análises da produção das crianças adquirindo a língua de
sinais brasileira foi observado que a direção dos olhos é usada consistentemente
por volta dos 2 anos de idade. O uso da concordância verbal através do olhar é
uma das informações que garante a compreensão do discurso da criança du-rante
este período tão precoce4. O contexto em que esse processo de aquisição
acontece é aquele em que as crianças têm a chance de encontrar o outro surdo,
ou seja, além de ver os sinais, ela precisará ter escutas em sinais (Souza, 2000).
A escola torna-se, portanto, um espaço lingüístico fundamental, pois nor-
malmente é o primeiro espaço que a criança surda entra em contato com a língua
brasileira de sinais. Por meio da língua de sinais, a criança vai adquirir a
As línguas no contexto da educação de surdos
linguagem. Isso significa que ela estará concebendo um mundo novo usando
uma língua que é percebida e significada ao longo do seu processo. Todo
esse processo possibilita a signficação por meio da escrita que pode ser na
própria língua de sinais, bem como, no português. Como diz Karnopp
(2002), as pessoas não constroem significados em vácuo.
O português ainda é a língua significada por meio da escrita nos
espaços educacionais que se apresentam a criança surda. A sua aquisição
dependerá de sua representação enquanto língua com funções relacionadas
ao acesso às in-formações e comunicação entre seus pares por meio da
escrita. Entre os surdos fluentes em português, o uso da escrita faz parte do
seu cotidiano por meio de diferentes tipos de produção textual, em especial,
destaca-se a comunicação através do celular, de chats e e-mails.
No entanto, atualmente a aquisição do português escrito por crianças
surdas ainda é baseada no ensino do português para crianças ouvintes que
adquirem o português falado. A criança surda é colocada em contato com a
escrita do português para ser alfabetizada em português seguindo os mesmos
passos e ma-teriais utilizados nas escolas com as crianças falantes de
português. Várias ten-tativas de alfabetizar a criança surda por meio do
português já foram realizadas, desde a utilização de métodos artificiais de
estruturação de linguagem até o uso do português sinalizado5.
5 Para mais detalhes sobre a produção escrita do português de alunos surdos ver
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Idéias para ensinar português para alunos surdos
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As línguas no contexto da educação de surdos
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Idéias para ensinar português para alunos surdos
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As línguas no contexto da educação de surdos
relações entre eles, tais como, ao lado de, em cima de, contra, em
baixo de, em, dentro de, fora de, atras de, em frente de, etc.)
exploração das mudanças de perspectivas na produção de sinais
exploração do alfabeto manual
estabelecimento de relações temporais através de marcação de tempo
e de advérbios temporais (futuro, passado, no presente, ontem,
semana passada, mês passado, ano passado, antes, hoje, agora,
depois, amanhã, na semana que vem, no próximo mês, etc.)
exploração da orientação da mão
especificação do tipo de ação, duração, intensidade e repetição
(adjeti-vação, aspecto e marcação de plural)
jogos de perguntas e respostas observando o uso dos itens lexicais e
expressões não manuais correspondentes
utilização de “feedback” (sinais manuais e não-manuais específicos
de confirmação e negação, tais como, o sinal CERTO-CERTO, o
sinal NÃO, os movimentos de cabeça afirmando ou negando)
exploração de relações gramaticais mais complexas (relações de com-
paração, tais como, isto e aquilo, isto ou aquilo, este melhor do que este,
aquele melhor do que este, este igual àquele, este com aquele; relações
de condição, tais como, se isto então aquilo; relações de simul-
taneadade, por exemplo, enquanto isto acontece, aquilo está aconte-
cendo; relações de subordinação, como por exemplo, o fulano pensa
que esta fazendo tal coisa; aquele que tem isso, está fazendo aquilo)
estabelecimento de referentes presentes e não presentes no discurso,
bem como, o uso de pronominais para retomada de tais referentes de
forma consistente
exploração da produção artística em sinais usando todos os recursos
sintáticos, morfológicos, fonológicos e semânticos próprios da LSB (tais
recursos incluem, por exemplo os aspectos mencionados até então).
A proposta é de tornar rica e lúdica a exploração de tais aspectos da língua
de sinais que tornam tal língua um sistema lingüístico complexo. As crianças
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Idéias para ensinar português para alunos surdos
precisam dominar tais relações para explorar toda a capacidade criativa que
pode ser expressa por meio da sua língua e tornar possível o amadurecimento
da capacidade lógica cognitiva para aprender uma segunda língua. Através
da língua, as crianças discutem e pensam sobre o mundo. Elas estabelecem
relações e organizam o pensamento. As estórias e a literatura são meios de
explorar tais aspectos e tornar acessível à criança todos os recursos possíveis
de serem explorados.
As relações cognitivas que são fundamentais para o desenvolvimento
escolar estão diretamente relacionadas à capacidade da criança em organizar
suas idéias e pensamentos por meio de uma língua na interação com os
demais colegas e adultos. O processo de alfabetização vai sendo delineado
com base neste processo de descoberta da própria língua e de relações
expressadas por meio da língua.
A riqueza de informação se torna fundamental. A interação passa a
apresentar qualidade e quantidade que tornam o processo educacional rico e
complexo. A alfabetização passa, então, a ter valor real para a criança.
Algumas formas de produção artísticas em língua de sinais podem ser
incentivadas para a utilização de todos os recursos, tais como:
produção de estórias utilizando configurações de mãos específicas,
por exemplo, as configurações de mãos mais comuns utilizadas na
língua; as configurações de mãos do alfabeto; as configurações de
mãos dos números
produção de estórias na primeira pessoa
produção de estórias sobre pessoas surdas
produção de estórias sobre pessoas ouvintes
O processo de alfabetização continua por meio do registro das produções
das crianças. As formas de registros iniciais são essencialmente visuais e pre-
cisam refletir a complexidade da língua de sinais. Explorar a produção de vídeos
de produções literárias de adultos, bem como das próprias produções das
crianças, é uma das formas de garantir um registro da produção em sinais com
qualidade. A filmagem de adultos produzindo estórias, bem como dos próprios
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As línguas no contexto da educação de surdos
arquivadas por meio de uma videoteca, pois tal recurso é fundamental para
avaliação das produções de outras pessoas, bem como das próprias produções.
Esse processo de avaliação deve ser interacional, constante e criativo. Veja que
no caso do aluno surdo, a percepção da sua produção é diferente da percepção de
uma criança que ouve e fala uma língua falada. O aluno surdo não tem a mesma
percepção do que produz e do que vê ser produzido pelo seu interlocu-tor.
Assim, ter a oportunidade de explorar a própria produção lendo a si próprio
é fundamental para o desenvolvimento cognitivo que sustentará o processo
de aquisição da leitura e escrita na língua portuguesa.
O ensino da língua de sinais é um processo de reflexão sobre a própria
a língua que sustenta a passagem do processo de leitura e escrita elementar
para um processo mais consciente. Esse processo dará sustentação para o
ensino da língua portuguesa que pode estar acontecendo paralelamente.
Quando a criança lida de forma mais consciente com a escrita, ela passa a ter
poder sobre ela, desenvolvendo, portanto, competência crítica sobre o
processo. A criança passa a construir e reconhecer o seu próprio processo,
bem como, refletir sobre o processo do outro.
INTERLÍNGUA I (IL1)
Neste estágio observamos o emprego predominante de
estratégias de trans-ferência da língua de sinais (L1) para a escrita
da língua portuguesa (L2) desses informantes, caracterizando-se por:
predomínio de construções frasais sintéticas;
estrutura gramatical de frase muito semelhante à língua de sinais
brasilei-ra (L1), apresentando poucas características do português (L2);
aparecimento de construções de frases na ordem SVO, mas
maior quantidade de construções tipo tópico-comentário;
predomínio de palavras de conteúdo (substantivos, adjetivos, verbos);
falta ou inadequação de elementos funcionais (artigos,
preposição, conjunção);
uso de verbos, preferencialmente, no infinitivo;
emprego raro de verbos de ligação (ser, estar, ficar), e, às
vezes, incor-retamente;
As línguas no contexto da educação de surdos
INTERLÍNGUA II (IL2)
Neste estágio constatamos na escrita de alguns alunos uma intensa mes-
cla das duas línguas, em que se observa o emprego de estruturas lingüísticas da
língua de sinais brasileira e o uso indiscriminado de elementos da língua portu-
guesa, na tentativa de apropriar-se da língua alvo. Emprego, muitas vezes,
desordenado de constituintes da L1 e L2, como se pode notar:
justaposição intensa de elementos da L1 e da L2;
estrutura da frase ora com características da língua de sinais
brasilei-ra, ora com características gramaticais da frase do português;
frasese palavras justapostas confusas, não resultam em efeito
de sen-tido comunicativo;
emprego de verbos no infinitivo e também flexionados;
emprego de palavras de conteúdo (substantivos, adjetivos e verbos);
às vezes, emprego de verbos de ligação com correção;
emprego de elementos funcionais, predominantemente, de
modo inadequado;
emprego de artigos, algumas vezes concordando com os
nomes que acompanham;
uso de algumas preposições, nem sempre adequado;
Idéias para ensinar português para alunos surdos
A raposa e as uva
Chapeuzinho Vermelho
Chapeuzinho Vermelho
A mamãe falou:
– Chapeuzinho por favo você vai
casa da vovó.
Chapeuzinho falou
– Porque eu vou casa da
vovó? Mamãe falou
– Porque a vovó está doente entendeu.
Chapeuzinho falou
– da eu vou casa da vovó porque eu
tenho soudade da vovó eu do
feliz. A mamãe falou
– Por favor cuidado mato é perigoso.
As línguas no contexto da educação de surdos
Chapeuzinho falou
– e eu sei calma você não prisisa
ficar com preocupada entendeu.
Chapeuzinho vermelho pegou
Uma cesta para dar da vovó.
Chapeuzinho vermelho
Saiu mato anda calma e pula
Chegou lobo e lobo falou
– oi todo bom chapeuzinho Vermelho
Onde você vai?
Chapeuzinho Vermelho falou
– Eu vou da casa vovó porque a
vovó está doente entendeu.
Chapeuzinho Vermelho falou
– Onde você vai?
lobo falou
– eu estou passiar do
mato. lobo falou
– você prisisa entra do lado
porque e mais perdo entendeu.
Chapeuzinho Vermelho falou
– esta bom.
e depois
lobo correu e chegou casa da vovó.
bater porta
vovó falou
– quem você?
lobo falou
– eu sou chapeuzinho
Vermelho. vovó falou
– ah pode entra casa
lobo abriu porta e comeu vovó. Lobo deiteu
da cama
Idéias para ensinar português para alunos surdos
to. Isso significa que o professor vai precisar dar instrumentos para o seu
aluno chegar à compreensão. Provocar nos alunos o interesse pelo tema da
leitura por meio de uma discussão prévia do assunto, ou de um estímulo
visual sobre o mesmo, ou por meio de uma brincadeira ou atividade que os
conduza ao tema pode facilitar a compreensão do texto.
Há, pelo menos dois tipos de leitura, quando se discute esse processo
na aquisição de segunda língua: a leitura que apreende as informações gerais
do texto, ou seja, dá uma idéia mais geral do que o texto trata, e a leitura que
apreende informações mais específicas, isto é, adentra em detalhes do texto
que não necessariamente tenham implicações para a compreensão geral do
texto. Os dois tipos de leitura são importantes quando se está aprendendo a
ler em uma segunda língua e podem ser objetivo de leitura ao longo do
processo de aquisição.
O professor precisa preparar as atividades de leitura visando um e/ou
outro nível de acordo com as razões que levaram os alunos a terem interesse
a ler um determinado texto. Nesse sentido, a motivação para ler um texto é
im-prescindível. A criança surda precisa saber por que e para que vai ler. O
assunto escolhido como temática na leitura vai variar de acordo com as
atividades e interesses dos alunos. Instigar nos alunos, durante a leitura, a
curiosidade pelo desenrolar dos fatos no texto é fundamental. No caso de
histórias, por exemplo, pode-se parar a leitura em um ponto interessante e
continuá-la somente em outro momento, deixando nos alunos a expectativa
do que irá acontecer, per-mitindo que opinem sobre o desfecho da mesma e
comparando posteriormente com o final escolhido pelo autor.
O professor precisa conversar na língua de sinais sobre o que a leitura
estará tratando. Isso não necessariamente implica em ler o texto em sinais,
mas sim conversar sobre o texto ou trazer o texto dentro do contexto das
atividades já em desenvolvimento na sala de aula. Além disso, muitas vezes
discutir sobre alguns elementos lingüísticos presentes no texto pode ser
muito útil para o aluno que está aprendendo a ler.
Trabalhar com palavras-chaves também pode ser muito útil para o novo
leitor. Isso não significa listar o vocabulário presente no texto, mas discutir com
Idéias para ensinar português para alunos surdos
OBJETIVOS
Estimular na criança a habilidade de expressar-se perante um grupo;
Desenvolver na criança a capacidade de expor seus pensamentos de
forma clara e organizada, situando-se no tempo e no espaço,
utilizando este recurso como apoio.
MATERIAL
1 saco de pano, com a inscrição SACO DAS NOVIDADES no centro
e o nome da criança abaixo, em cola colorida, tinta para tecido ou
bordado.
Idéias para ensinar português para alunos surdos
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
Cada criança deve possuir seu próprio Saco das Novidades que será
levado para casa toda 6ª feira;
Durante o final de semana colocará no saco um objeto ou qualquer
material que represente ou faça parte de alguma atividade realizada
neste período (seja um passeio, uma brincadeira, um lanche, um mo-
mento em casa,...).Se não houver possibilidade de colocar uma
repre-sentação concreta, que seja então uma folha com um desenho
da ati-vidade desenvolvida.
O Saco das Novidades deve ser trazido e explorado em sala sempre na 2ª
feira. A criança mostra o objeto e conta em língua de sinais o que ele
significa, que atividade representa, onde e quando foi realizada, quem
participou dela.... Se não consegue fazê-lo espontaneamente o pro-
fessor pode,num primeiro momento, auxiliar fazendo-lhe alguns ques-
tionamentos: “O que você trouxe aí?”, “É seu? Não? De quem é?”,
“Quando fez isto, foi no sábado ou no domingo?”, “Você gostou?”,...
Conforme o nível de aprendizagem da turma,após a atividade
anterior, pode-se:
– fazer o registro individual ou em grupo; escrito ou ilustrado;
– montar histórias em quadrinhos que podem ser trocadas entre as cri-
anças para que recontem a atividade do colega em língua de sinais,
pro-porcionando a troca e o desenvolvimento lingüístico;
– aproveitar algum registro para o trabalho de português;
– e tantas outras atividades que venham de encontro aos objetivos
traça-dos pelo professor.
Exemplo: Uma criança traz dentro do saco uma boneca de pano nova.
Ana.
Ana
Domingo à noite Ana colocou a boneca em sua cama e dormiu com ela.
O BOM DO FERIADÃO.
Felipe chamou a família para ver os cinco gatos que nasceram. Um gato morreu.
Jean brincou de carrinho com seu amigo. Ele dormiu no edifício do amigo.
OBJETIVOS
Desenvolver na criança a capacidade de expressar sensações, sejam
elas táteis ou visuais, de forma “oral” (em língua de sinais) e escrita;
Proporcionar experiências que levem a criança à abstração, análise e
síntese, descrição, classificação e conceituação.
MATERIAL
Um saco de pano, bem maior que o saco das novidades, onde possam
ser colocados vários objetos, de formas e tamanhos diferentes, ao
mesmo tempo. O tecido não pode ser transparente!!!
Objetos escolhidos conforme o tema a ser trabalhado.
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
a) O saco surpresa fica sempre na sala de aula e pode ser utilizado pelo
professor na introdução de temas. Seu uso, portanto, pode ser
semanal, quinzenal, mensal,.... ou apenas esporádico.
b) Os objetos colocados nele devem ser escolhidos pelo professor con-
forme o assunto a ser desenvolvido e a ênfase que ele queira dar, de
acordo com seu planejamento. Deve-se tomar o cuidado de, sempre
que possível, ter um número de objetos equivalente ou maior que o
número de alunos para que todos tenham a oportunidade de
participar do momento de descoberta dos mesmos.
c) Esta atividade é desenvolvida em grupo, porém cada aluno, um a
um, coloca a mão no saco surpresa e pega um objeto para explorá-lo
inicial-mente sem ver.
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
Conversação em língua de sinais antes de ver o material: “Como é?
É redondo, é macio, dá para amassar, parece papel, é pequeno, é
bom de pegar,..... é papel higiênico!!!”
O objeto é mostrado e mais explorado: “É mesmo macio? Qual é o sinal
dele? Qual é a marca? Que cor é esta? Existe de outras
cores e marcas? Quais vocês conhecem? Para que serve?
Qual é o nome em português? Alguém sabe fazê-lo
em alfabeto manual? É formado por duas palavras:
“papel” e “higiênico”. O que significam cada uma?
É o mesmo papel onde escrevemos e desenhamos?
É possível desenhar ou escrever no papel
higiê-nico? Por que não usamos para isto?”
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
Relacione
7 Todos os sinais desenhados foram retirados do Dicionário de Libras de Capovilla e Raphael (2001).
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
Nós ____________________________________________________________ .
Eu _____________________________________________________________
Idéias para ensinar português para alunos surdos
MATERIAL
Dependerá das atividades programadas para as mesas podendo ser:
– materiais para atividades artísticas – tinta, pincéis, lápis coloridos,
massa de modelar, papéis coloridos, argila, sucata, .....
– materiais para atividades gráficas – papel, lápis, borracha, gravuras,
materiais de contagem,...
– materiais para atividades em língua de sinais- gravuras, textos, fichário,...
– materiais para atividades lúdicas – jogos de memória, bingo, quebra-
cabeças, jogos com atividades pedagógicas específicas,...
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
a) Para desenvolvê-la o professor prepara atividades que possam abranger
as diversas áreas do conhecimento; podendo envolver uma ou mais
temáticas; tendo o cuidado de incluir alguns jogos e/ou brincadeiras;
b) As atividades podem ser realizadas individualmente ou em
pequenos grupos, conforme os objetivos traçados pelo professor;
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
Mesa 2 – Atividade de resolução de problemas matemáticos:
Em duplas, cada um escolhe uma folha,não pode ser igual, e resolve
três problemas matemáticos. Só depois, trocam os papéis para a
correção. Material: diversas folhas xerocadas, com problemas
matemáticos que envolvam meios de transporte, lápis e borracha.
Atividade:
Pense e responda no caderno:
1. Que meios de transporte você vê?
2. Quantos meios de transporte você vê?
3. O tem mais: caminhões ou carros?
4. Quantas bicicletas tem?
5. O que tem menos: caminhões ou motos?
6. Quantas pessoas você vê?
7. Nesta cidade tem livraria?
( ) Sim ( )Não
8. Escreva 5 meios de transporte que
você não vê nesta cidade.
9. O que os homens estão fazendo na
fábrica SÓ TOMATE S.A.?
10 Que os homens fazem na padaria?
bem criativa, à escolha do aluno, com os materiais que estão sobre a mesa.
figura-palavra), CARRO
que pode ser em duplas
ou em trios.
Cada criança anota os
pares de meios de
transporte que conseguir
encontrar.
Material: um jogo de
memória sobre os meios de transporte, de preferência
confeccionado anteriormente pelas próprias crianças, cartões e lápis
para que elas registrem seus pares.
Complete :
AVI__ __ C__RR__Ç__ BA__C__
B__CI__ __ __ TA Ô __ __ B__S
Desenhe:
A Andréia viajou de avião.
Material: duas caixas com fichas sobre regras de trânsito, uma com
gravuras e outra com frases. Outra variação é brincar com as placas
de sinalização, onde uma criança escolhe uma placa de uma caixa
para o colega representar uma situação correspondente a ela.
Idéias para ensinar português para alunos surdos
OBJETIVO
Proporcionar à criança situações de aprendizagem a partir de
vivências interessantes e significativas.
MATERIAL
Dependerá da experiência ou vivência planejada.
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
a) A experiência deve ser bem planejada nos seguintes aspectos:
– Objetivo: com que finalidade se realizará esta atividade, que
conteúdos curriculares pretende-se desenvolver, que experiências de
vida, de grupo, de comunidade pretende-se proporcionar às crianças;
– Local e data: quando e onde será realizada, se necessita agendamento
antecipado, se necessita autorização dos pais, se necessita transporte, se
não prejudica ou interfere em outras atividades da escola;
– Recursos materiais: que materiais serão utilizados, se existem na
escola ou precisam ser trazidos pelas crianças, se a atividade é fora
da escola o que precisa ser levado, que equipamentos precisam ser
solicitados e reservados com antecedência;
– Desenvolvimento: como a experiência será desenvolvida, em que eta-
pas, que tarefas cada um desenvolverá ou será toda em grupo, terá um
coordenador ou não, o que será feito com o material que possa ser
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
O PASSEIO NO SÍTIO.
Nossa turma foi passar a tarde num sítio em Viamão. Nós fomos de Kombi e demorou
muito para chegar.
Lá nós conhecemos muitas plantas. Aprendemos a diferença entre árvores, arbustos e plantas rasteiras.
Também aprendemos que jardim, pomar e horta não são a mesma coisa.
Havia muitas flores: margaridas, camélias, azaléias, hortênsias e orquídeas. Pegamos algumas para
trazer à escola. Também havia muitas árvores frutíferas e conhecemos a pitangueira e a nogueira.
Nós vimos as plantas que servem para fazer chá e elas são bem diferentes umas da outras.
Aprendemos muitas coisas lá e depois de estudar fizemos uma salada de frutas para comer.
No final da tarde voltamos para a escola e quando chegamos o sinal já havia batido e a aula terminado.
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
CARRETEIRO
NÓS FIZEMOS CARRETEIRO.
NO CARRETEIRO TEM ARROZ, CARNE, TOMATE, CEBOLA,SALSA, SAL E AZEITE.
O CARRETEIRO É QUENTE.
NÓS COMEMOS MUITO.
OBJETIVO
Ampliar e fixar o conhecimento de palavras da Língua Portuguesa de
forma lúdica.
MATERIAL
Dependerá do jogo escolhido. Os materiais poderão ser adquiridos
comercialmente ou confeccionados palas crianças conforme a atividade a ser
desenvolvida, observando-se características como apresentação visual e
durabilidade.
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
b) Baralho
Montar um baralho de letras (por-
tuguês ou alfabeto manual) ou de
sílabas com os alunos.
Como jogar: metade das cartas são
distribuídas e a outra metade fica
no monte. A primeira carta do
monte é virada e colocada na
mesa. A criança, na sua vez, com-
pra do monte ou da mesa, baixa as
palavras que conseguir formar e descarta sempre uma carta no final
da sua jogada. Vence o jogo aquele que terminar primeiro suas
cartas ou quando acabarem as do monte.
Cada letra ou sílaba do baralho pode ter uma pontuação, assim os
alunos poderão somar seus pontos conforme as palavras que conse-
guirem formar, porém só ganharão os pontos se souberem o sinal
cor-respondente;
Aproveitando a brincadeira: no final de cada partida as palavras são
registradas e no final da brincadeira pode ser montado um mini-
dicionário com todo o vocabulário do jogo para ser aproveitado em
outras atividades de português.
c) Jogo do Mico:
Usar a idéia do jogo do mico e
criar, junto com os alunos, um
baralho sinal-palavra-figura para
jogar em sala.
Aproveitando a brincadeira: ao ter-
minar o jogo cada criança deve fa-
zer para os colegas, em alfabeto
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
d) Forca:
A brincadeira pode ser feita no quadro, em folhas, no caderno,...
Asletras vão sendo sugeridas em alfabeto manual e escritas em
portu-guês até completar a palavra.
Aproveitando a brincadeira: pode ser feita em grupo aonde o
professor vai incluindo palavras novas para os alunos; pode ser feita
em duplas onde os alunos tenham que escolher palavras que já
conhecem; pode ser feita como competição entre equipes onde os
alunos são estimula-dos a pensar em palavras mais difíceis ou
maiores; em todas as formas as palavras devem ser listadas e
aproveitadas em outras atividades de português.
e) Bingo:
Montar diferentes jogos de bingo:
– cartões com palavras e cartelas com sinais;
– cartões com sinais e cartelas com palavras;
– cartões com alfabeto manual e cartelas com letras ou palavras;
– cartões com configuração de mão e cartelas com figura e palavra;
– cartões com palavras e cartelas com figuras;
Utilizaro vocabulário dos
conteúdos de aula para
fix-ação;
Aproveitando a brincadei-
ra: no fim de cada
rodada todos terão que
copiar as palavras
marcadas na sua cartela.
Idéias para ensinar português para alunos surdos
f) Jogo de Corrida:
Criar jogos de corrida de tabuleiro, com dados, onde para avançar o
aluno tenha que dar respostas em português através do alfabeto
manual;
Podem ser confeccionados em cima de conteúdos que estejam sendo
trabalhados, por exemplo: materiais de higiene, materiais de sala de
aula, alimentos, animais, países, ...
Aproveitando a brincadeira: montar um mural com fichas das
palavras que apareceram no jogo.
Montar textos registrando a atividade.
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
g) Quebra-cabeças:
Confeccionar quebra-cabeças ou
aproveitar jogos já existentes;
Os quebra-cabeças podem ser
mon-tados individualmente, em
duplas ou em pequenos grupos,
pela turma em conjunto,ou ainda
como com-petição entre equipes;
Aproveitando a brincadeira: após ser montado o quebra-cabeça pode ser
bem explorado quanto aos elementos que aparecem nele (substan-tivos,
verbos, adjetivos,...), primeiro através de conversação em língua de
sinais e depois através de registro em Língua Portuguesa.
Podem ser feitas listagens em grupo ou separadamente verificando
depois quem conseguiu levantar mais palavras em português.
Criar uma história em língua de sinais sobre o quadro montado e depois
transcrevê-la para o português.
h) Palavras Cruzadas:
Brincar com o jogo de palavras cruzadas, encontrado em lojas ou livrarias. A
criança tem que formar palavras e somar seus pontos conforme as letras
utilizadas. Depois anotam todas as palavras que forem formadas na partida,
para trabalhar posteriormente.
Montar cruzadinhas (em português ou alfabeto manual) com
vocabulário dos conteúdos de aula.
Aproveitando a brincadeira: as crianças podem criar as cruzadinhas,
com figuras, sinais ou frases que caracterizem ou conceituem as
pala-vras escolhidas ou o professor cria as cruzadinhas com as
palavras que os alunos tem mais dificuldade de fixar.
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
i) Adivinhações:
Utilizar adivinhações já existentes ou criar novas conforme o que se
esteja trabalhando.
Aproveitando a brincadeira: lançar a adivinhação em língua de sinais
para que os alunos respondam em sinais e em português; lançar a
adi-vinhação de forma escrita para trabalhar a compreensão do
português, reforçando as palavras novas.
j) Stop:
Escolherem conjunto todos os itens que os alunos quiserem incluir
no jogo (nomes de pessoas, cidades, alimentos, animais,vestuários,
meios de transportes,...) ou o professor mesmo os escolherá
conforme o obje-tivo que tiver traçado para esta atividade;
Os itens escolhidos são colocados em sinais. As letras escolhidas
para cada rodada podem ser confeccionadas em cartões com alfabeto
manual e colocadas dentro de um saco. Uma é sorteada e cada
criança terá que completar sua lista com palavras começadas por
esta letra. O primeiro que completar toda a lista faz o sinal de PARE
(stop) e todos param de escrever.
LETRAS PONTOS
Idéias para ensinar português para alunos surdos
k) Mímicas:
Confeccionar vários cartões com palavras em português que estejam
sendo trabalhadas.
Sortear os cartões entre os alunos que terão que ler a palavra,
reconhecê-la, de preferência sem ajuda, e representá-la através de
mími-ca para que os colegas descubram qual é.
Aproveitando a brincadeira: a resposta não pode ser dada em sinal,
precisa ser escrita no quadro pois o objetivo é o português.
As palavras ficam no quadro até o final das apresentações e depois
são copiadas por todos sendo aproveitadas em outras atividades.
As apresentações dos alunos também podem ser registradas em
forma de texto.
l) Sinais Relacionados:
Estaé uma dinâmica que trabalha com vocabulário e foi apresentada
nas formas oral e sinalizada num curso de formação de intérpretes.
Aqui ela foi adaptada para a aprendizagem e ampliação de
vocabulário escri-to na língua portuguesa.
Consiste em apresentar um sinal-tema (e se necessário conceituá-lo),
OBJETIVO
Proporcionar àcriança o conhecimento e aprimoramento do uso da
Língua Portuguesa escrita;
Estimular, através de diferentes técnicas e recursos, a criatividade e a
capacidade da criança de externar seus pensamentos de forma clara e
objetiva.
MATERIAL
Dependerá da atividade que irá desenvolver: gravuras, textos, gibis,
revistas, jornais, jogos pedagógicos, brincadeiras e outros.
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
Serão apresentadas várias sugestões para estimular a produção escrita:
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
Exemplo 1:
Idéias para ensinar português para alunos surdos
Explorando a gravura:
– O que você vê?
– Quem você acha que são estas pessoas?
– Onde elas estão?
– O que pensa que estão fazendo?
– Será que são apenas amigos ou uma grande família?
– Porque estão parados ali?
– De onde eles vieram?
– E para onde irão? Fazer o que?
– E depois o que acha que vai acontecer?
– Para onde o menino e a menina estão indo?
– O que será que eles viram?
– Você já esteve num lugar assim?
Exemplo 2:
Depois de explorar uma gravura e ter como apoio as palavras no
quadro, pedir que criem uma história sobre ela.
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
Idéias para ensinar português para alunos surdos
Exemplo 2:
Organizar a seqüência dos fatos da história como a criança a perceber,
o que pode não ser a mesma ordem de acontecimentos que você esperava,
desde que o raciocínio tenha sentido, por isso precisa contá-la em língua de
sinais e só depois redigi-la.
Idéias para ensinar português para alunos surdos
Exemplo 3:
Criar (ou escolher) o início, meio ou final da história através de
desenhos ou colagens, apresentar sua idéia ao grupo e depois redigi-la.
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
Exemplo 1:
Idéias para ensinar português para alunos surdos
Exemplo 2:
Exemplo 3:
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos
Exemplo 1: Exemplo 2:
Idéias para ensinar português para alunos surdos
Jogo de memória:
Terminada a partida pode-
se registrar o desenvolvimento
do jogo em si ou cada criança
pode montar frases ou
pequenos textos com os pares
que con-seguiu ganhar.
Exemplo: “Eu ganhei o
jogo. Encontrei o limão, a
melan-cia, a uva e o abacaxi.”
As frases também são trabalhadas em sinais.
Brincadeira da forca:
Pode-se listar as palavras ou frases
desta atividade para usá-las na produção de
texto,ou apenas para trabalhá-las posterior-
mente. Exemplo: “Hoje nós brincamos de
forca. Ana e João não descobriram a palavra
e foram enforcados. Aprendemos três pala-
vras novas: temporal, aluguel e emprestar.”
Recursos Didáticos
a) FICHÁRIO
Descrição do material
Consiste em uma caixa repleta de fichas padronizadas, com figura
epalavra, de tudo o que se possa imaginar, que pode ser utilizada
em qualquer momento de aula, ou de conversa, ou de brincadeira,
com o intuito de mostrar à criança “o nome das coisas” em
português ou, ao contrário, o que determinada palavra representa.
Caixa: não deve ser muito pequena para que, ao longo do trabalho,
novas fichas possam ser acrescentadas. Sugestão: 50cm X 25cm.
Deve ser de material resistente pois será manuseada com freqüência.
Fichas: confeccionadas em papel cartão ou folhas de desenho, brancas,
com tamanho mínimo de 20cm X 15cm. Se possível que sejam plastifi-
cadas. É claro que estas sugestões são para que se torne um material
Recursos didáticos
Sugestões de uso:
– Apresentar palavras novas;
– Relacionar sinais feitos pela criança à figura ou palavra correspondente,
quando haja dúvida ou dificuldade de compreensão neste sentido;
– Brincar com o fichário, por exemplo: procurar figuras que comecem com
a letra sugerida pelo professor ou pelo colega em alfabeto manual;
organizar figuras conforme sejam escritas (por ordem alfabética, ou por
quantidade de letras ou sílabas, ou que comecem com a mesma letra,
Idéias para ensinar português para alunos surdos
b) DICIONÁRIO LIBRAS/PORTUGUÊS
Descrição do material:
São dicionários bilíngües, imprescindíveis nas escolas e salas onde
hajatrabalho de educação de surdos. Há, no comércio, alguns dicionários
que podem ser adquiridos e existem também apostilas montadas de acordo
com as necessidades e usos de cada região. Mas lembre-se!!! A confecção
deste tipo de material precisa ter a participação e revisão de um grupo de
surdos da região, fluente em língua de sinais.
É um recurso que deve ser consultado sempre que
necessário.Sugestões de uso:
O dicionário deve ser usado pelo professor tanto no preparo quanto
nodesenvolvimento das aulas sempre que houver dúvida, que
esquecer ou que não souber determinado sinal, para não incorrer no
erro de inventar um sinal para suprir a necessidade daquele instante.
As crianças também podem recorrer ao dicionário para pesquisar as
palavras que não conhecem.
Usá-lo como recurso para copiar sinais para a confecção de jogos,
fichase exercício de fixação.
Recursos didáticos
que está escrita esta palavrinha? Com que letra ela começa?
Modelo:
Sugestões de uso:
Acrescentar semanalmente no caderno as palavras novas trabalhadas
em aula. A sugestão é que se reserve as sextas-feiras para revisão de
vocabulário e acréscimo do mesmo no dicionário, sendo que a
criança o leva para casa para procurar e colar as gravuras
correspondentes no final de semana.Esta atividade deve ser realizada
pela criança com o apoio ou orientação do professor ou dos pais;
Seráutilizado sempre que a criança não saiba como escrever
determina-da palavra;
Serve de apoio em qualquer atividade tanto nas horas de leitura e
produção textual quanto nas horas de atividades lúdicas.
d) CAIXA DE GRAVURAS
Descrição do material:
Consiste numa caixa contendo inúmeras gravuras, ricas em
informações,visualmente atrativas, que serão utilizadas de diversas
formas com o objetivo de desenvolver e explorar o pensamento e a
criatividade da criança e serão de grande auxílio para estimular a sua
produção escrita.
Recursos didáticos
e) CAIXA DE VERBOS
Descrição do material:
Este é um recurso bastante útil no início do trabalho com
produçãotextual, auxiliando a criança a expressar com mais
clareza e definição o seu pensamento na forma escrita. Muitas vezes
na conversação (em língua de sinais) o verbo é omitido ou está
incorporado noutro sinal, então quando a criança passa para o papel
o seu pensamento o verbo não aparece.
Imagine esta conversa em sinais entre o professor e uma criança surda:
Sugestões de uso:
O professor monta palavras em alfabeto manual para a criança
monta-la abaixo em português;
Fazer pareamento de letras com os dois alfabetos;
Brincar de palavras cruzadas com o alfabeto em português;
Montar palavras e trocar letras para formar palavras diferentes;
Brincar com as letras num saco, onde uma criança tira uma letra para
que as demais apresentem sinais de objetos cujos nomes em
português comecem ou terminem com a letra escolhida;
Brincar de formação de frases onde todas as palavras comecem com a
letra sorteada. Exemplo: “C” – “Carlos comeu chocolate com coco.”
Montar bingo utilizando este recurso: figuras e letras, palavras e letras,...
Idéias para ensinar português para alunos surdos
Sugestões de uso:
Pode ser utilizada para formação de frases ou textos;
Pode ser utilizada nas atividades de mesas diversificadas;
Pode ser utilizada para estimular o pensamento e a criatividade:
inven-tar finais diferentes, imaginar como a história continuaria,
apresentar somente os primeiros quadros e discutir com a criança as
hipóteses de término da mesma,...
Montar livrinhos de história para a mini-biblioteca da sala.
h) CALENDÁRIOS
Descrição do material:
O calendário é um recurso utilizado nas escolas, principalmente
nasséries iniciais, com o objetivo de auxiliar a criança no
desenvolvimento de noção temporal.
Recursos didáticos
Mesmo podendo explorar uma visão do ano todo, este modelo de ca-
lendário é mais útil quando a dificuldade maior da criança está na noção
de tempo imediata – o hoje, o ontem e o amanhã. Por isso a cada troca
de peças sugere-se que se desenvolva uma boa conversação sobre os
fatos que aconteceram no dia anterior e o que sabe ou espera que acon-
Idéias para ensinar português para alunos surdos
RELATÓRIO DO MÊS:...........................
i) DIÁRIO COLETIVO
Descrição do material:
O diário pessoal é um bom recurso nas mãos da criança para
incentivá-la a expressar seus sentimentos e pensamentos. Também é
um bom estímulo para o desenvolvimento de sua produção escrita.
Cada crian-ça pode ter seu próprio caderno e deve ser orientada
quanto à forma de fazer os registros diários.
A sugestão colocada aqui é que o mesmo material e uso que se faz
dodiário individual se faça com um diário coletivo, onde todo o
grupo participa nas anotações feitas nele.
Idéias para ensinar português para alunos surdos
Sugestões de uso:
Há apenas um diário para o grupo todo;
A cada dia uma criança leva o diário para casa ao final da aula para
ser preenchido;
O professor orienta seus alunos no sentido de fazerem registros do
que aconteceu em aula, dos assuntos estudados, ou daquilo que mais
lhe chamou a atenção;
No dia seguinte o registro é apresentado à turma em língua de sinais,
e o diário é passado a outro colega;
As anotações diárias podem ser aproveitadas como texto para o traba-
lho de língua portuguesa.
j) CARTAZ DE ANIVERSÁRIO
Descrição do material:
Um cartaz que apresente todas as datas de aniversário das pessoas
que participam do grupo. Todos podem estar identificados no cartaz
com o seu sinal e data correspondente;
Sugestão de uso:
O cartaz pode ser aproveitado para trabalhar noção temporal através
de questionamentos sobre a proximidade ou não de um aniversário,
quan-tos dias ou meses faltam para o aniversário de alguém, ou para
com-parar datas de nascimento entre as crianças, trabalhando com
elas quem nasceu antes e depois, quem é mais novo e mais velho,...
Todo este trabalho de questionamento deve partir de conversação em
língua de sinais, mas pode ser aproveitado também para registro
escrito;
Outra sugestão é que no dia do aniversário se faça uma linha do
tempo do aniversariante, seja com fotos, desenho ou escrita,
levantando detalhes de nascimento, família, amigos, escolas e
acontecimentos importantes na sua vida.
Recursos didáticos
Utilizar
os dados do cartaz para trabalhar com problemas e sentenças
matemáticas. Exemplos:
1. Nós estamos no mês de março e Ângela faz aniversário em
novembro. Quantos meses faltam?
2. André tem 10 anos e João tem 12. Quem é o mais velho?
3. Nós estamos em 2006 e Lídia fez 10 anos. Em que ano ela nasceu?
4. Quem faz aniversário daqui a 4 meses?
l) MURAL LIBRAS/PORTUGUÊS
Descrição do material:
Consiste em separar um espaço na sala para montar um mural,
preferen-cialmente próximo ao quadro ou numa parede facilmente
visualizada por todos. O mural pode ser de cortiça, de feltro, de
ráfia, de isopor ou de compensado; não deve ser de papel ou
cartolina para que seja resis-tente a troca de fichas ao longo do ano.
sinar português para alunos surdos