APOSTILA Sintaxe, Semântica e Pragmática Da LIBRAS

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Sintaxe, Semântica e Pragmática da Libras

Unidade 1: Introdução aos estudos sintáticos

Como vimos na Unidade 3 do nosso livro Libras 4, a Sintaxe

é a parte responsável por identificar e classificar a maneira como as línguas


estão organizadas e o conjunto de regras que determinam essa organização,
como, por exemplo, a ordem e a relação das palavras na(s) sentença(s)
comunicativa(s). (PAULA, 2022)

Vamos considerar duas menções da citação acima: a) ordem e relação entre


as palavras e b) sentenças comunicativas.

A ordem e relação entre as palavras está para a ideia de uma construção que
parte da menor unidade linguística para a(s) maiore(s). Isso significa que a Sintaxe é
a instância responsável por determinar e ensinar a disposição das palavras na
construção de orações, das orações quando das construções de períodos, dos
períodos nas construções de parágrafos e dos parágrafos nas construções de
discursos. (ALMEIDA; ALMEIDA, 2013, p.626)

Note, portanto, que tal atribuição envolve mais do que simplesmente


reconhecer as palavras de um idioma e associá-las ao seu conceito. Assim o fosse,
bastaria que estudássemos os dicionários das mais variadas línguas para sabermos
nos comunicar em todas elas. Por isso, atrelada à Morfologia, campo de estudo da
estrutura, formação e classificação das palavras – aquelas unidades dispostas em
verbetes nos dicionários - e à Semântica, que tratará dos conceitos e dos significados
em relação ao significante - aqueles dispostos como acepções nos dicionários –
estará a Sintaxe: ela usará do produto da Morfologia e os assentará levando em conta
suas informações semânticas para construir as sentenças comunicativas.
Ao estabelecer a ordem e a relação entre as palavras de acordo com as
normativas ou princípios da língua em questão, o falante dessa língua é capaz de
alcançar, então, a maior instância comunicativa, isto é, as sentenças completas, como
o texto e o discurso. Quem determina quais princípios devem ser seguidos nessa
constituição é a Sintaxe. Conforme postulado por Chomsky (2010), as línguas em si
funcionam como sistemas combinatórios discretos, ou seja, a ação de comunicar-se
apenas acontecerá quando a reunião de elementos permite sua efetivação, pois está
estabelecido segundo os princípios sistêmicos e normativos da língua em questão.

E como essa padronização acontecerá? Lemos em Cotovicz; Streiechen e


Antoszcyszen:

Nos termos da Gramática Gerativa, a capacidade de organizar os itens


lexicais em uma sentença está relacionada com a competência linguística
que todo falante tem sobre sua língua. Sem passar por nenhuma formação
formal sobre esse assunto, o falante é competente linguisticamente para
formar sentenças inteligíveis e ao mesmo tempo saber o que é possível ou
não, em termos gramaticais, em sua língua (NEGRÃO et al, 2003)
(COTOVICZ; STREIECHEN; ANTOSZCYSZEN, 2018, p.19)

Como nos postulam Negrão, Scher e Viotti (2002, p. 96):

[..] a Teoria Gerativa, proposta por [...] Noam Chomsky, assumiu, como seu
objeto de estudo, a descrição e a explicação de algumas características
particulares do conhecimento linguístico adquirido e amplamente
desenvolvido nos primeiros anos de vida de um ser humano[...].

De modo que essa Teoria se ocupa de decodificar o conhecimento linguístico


a partir da interação entre habilidades inatas e da exposição do indivíduo a uma
determinada comunidade linguística. Por isso, indica que o conhecimento sintático do
falante nativo acontecerá de modo natural em consequência da exposição a falantes
competentes que lhe serve de modelo de linguagem. A partir da análise automática e
espontânea desse modelo, o falante aprendiz consegue atingir maturidade para
formular suas próprias estruturas – sentenças e períodos – sem precisar passar por
um processo pedagógico instrutivo e formal nesse sentido. A escolarização, por
exemplo, servirá de aperfeiçoamento da capacidade que já carrega consigo ao chegar
à sala de aula.

Assim, a flexibilidade linguística não é absoluta, e, portanto, um discurso não


será apenas um conjunto de palavras reunidas. Para que denominemos discurso ou
sentença comunicativa, tal conjunto de palavras deve ser organizado conforme as
regras finitas da língua que se fala. As regras sintáticas são finitas, mas, como como
nos lembram Cotovicz, Streiechen e Antoszcyszen (2018), as possibilidades de usar
delas para estabelecer textos são infinitas.

Como o conceito de Sintaxe pode ser chamado universal, ou seja, válido para
toda e qualquer língua natural e legítima, sua função, conforme já definida, é a mesma
para línguas orais e/ou línguas de sinais. A organização sintática na Libras, assim
como no Português, seguirá uma padronização que respeita as regras léxico-
gramaticais da língua; do contrário, a compreensão por parte do interlocutor pode ficar
comprometida.

Obviamente, isso não significa dizer que a estrutura das línguas orais e de
sinais compartilhadas no mesmo espaço físico, como, por exemplo, a Língua
Brasileira de Sinais e o Português ou a Língua de Sinais Americana e o Inglês ou a
Língua de Sinais Francesa e o Francês, etc. terão estruturas sintáticas semelhantes
apenas pela designação funcional da Sintaxe ser por elas compartilhadas. Por
estarmos tratando de línguas de distintas modalidades (espaço visuais versus orais
auditivas), e, então, de processamentos mentais também variados, dado que o input
linguístico é singular, sua determinação e princípios normativos nesse âmbito são
independentes e particulares. Até mesmo ao estabelecermos comparação entre
línguas de sinais distintas, perceberemos tais propriedades de independência
sintática, assim como acontece com as línguas orais.

Então, é determinado conteúdo da Sintaxe temáticas como: os termos


essenciais da oração e seus tipos; os termos integrantes da oração e seus tipos; os
termos acessórios da oração e seus tipos; a disposição dos termos essenciais,
integrantes e acessórios da oração; a distinção entre frase, oração e período; os
diferentes tipos de frases, orações e períodos; a análise sintática; a concordância
verbal e nominal; a regência verbal e nominal; a transitividade verbal; etc.

Os estudos de descrição dos aspectos linguísticos das línguas de sinais,


incluindo os sintáticos, iniciam-se com as análises da ASL (Língua Americana de
Sinais) promovidas pelo linguista Willian Stokoe, na década de 1960. Suas pesquisas
foram fundamentais em conferir status de legitimidade das línguas de sinais como
língua natural das pessoas surdas, especialmente por comprovar como todos os
aspectos linguísticos próprios às línguas orais também cabem às línguas de sinais.
No caso específico de delinear a Sintaxe das línguas de sinais, podemos ver a
importância de concluir sua existência e essência para desmistificar equívocos:

[...] a arbitrariedade das relações entre o signo e seu referente, e a iconicidade


de certos sinais era visto como prova de sua inferioridade. À época concebia-
se a língua de sinais como uma forma inferior de comunicação composta de
um vocabulário limitado de sinais equivalentes à mera gesticulação mímica e
pantomímica, sem estrutura hierárquica, gramática ou abstração, limitada a
uma representação holística de certos aspectos concretos da realidade.
(CAPOVILLA, 2004, p. 224)

Concepções que inferiorizavam a comunicação dos surdos eram baseadas na


ideia rasa de que as relações icônicas dos signos linguísticos permitiam apenas uma
gesticulação mímica. Por isso, ao indicar uma estrutura sintática plena entre as
instâncias textuais e discursivas em línguas de sinais, torna-se factual sua
legitimidade tendo por base as ciências da Linguística.

No que diz respeito aos estudos específicos da Língua Brasileira de Sinais, os


autores Cotovicz; Streiechen e Antoszcyszen nos lembram:

Um dos nomes importantes na história dos estudos da Libras é Lucinda


Ferreira Brito, que tem desde o início dos anos 1980 se dedicado aos estudos
dessa língua. Publicou, em 1995, a obra Por uma gramática de línguas de
sinais. Namura (1982), orientada por Ferreira-Brito, desenvolve uma
dissertação de mestrado com a temática A Ordem Sintática e a Repetição na
Língua de Sinais em São Paulo, trabalho que se configura como um marco
no estudo da estrutura sintática da Libras. As discussões seguem com Brito
(1984; 1995; 2005), Quadros (1994; 1999; 2000), Quadros e Karnopp (2004),
Felipe (1989; 2001; 2007), Strobel (1998) e Leite (2008) [...]. Merece destaque
o trabalho de Moraes (2013), que dá um pouco mais de folego às discussões,
com a dissertação de mestrado A gramática da língua brasileira de sinais:
aspectos sintáticos. Miranda (2008) é outro autor que coloca mais
especificidade no estudo do mecanismo sintático da Libras [...]. (COTOVICZ;
STREIECHEN; ANTOSZCYSZEN, 2018, p.20,21)

Considerar essas leituras é de extrema importância para conhecermos


aspectos específicos da Sintaxe da Libras. Além disso, deixa-nos claro, como
dissemos, que, apesar de elementos sintáticos aproximados daqueles percebidos na
Língua Portuguesa, os que são destoantes e/ou as ressalvas às comparações
paralelas, nos permitirão estar certos da independência da Libras nesse sentido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALMEIDA, M.P; ALMEIDA, M.E. Tópicos Linguísticos: Sintaxe na Libras. Revista


Philologus, ano 19, nº 55, Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2013.

CAPOVILLA, F.C. CAPOVILLA, A.G. S. Educação da criança surda: evolução das


abordagens. In: CAPOVILLA, F.C.(org.). Neuropsicologia e aprendizagem: uma
abordagem multidisciplinar, 2. ed. São Paulo: Memnon, 2004.

CHOMSKY, N. Linguagem e Mente. 3ª ed., São Paulo: Unesp, 2010.

COTOVICZ, M; STREIECHEN, E.M; ANTOSZCYSZEN, S. Libras: algumas reflexões


sobre a sintaxe. Odisseia, Natal: UFRN, v.3, n.1, 2018.

NEGRÃO, E.V.; SCHER, A.P; VIOTTI, E.C. A competência linguística. In: Introdução
à Linguística [S.l: s.n.], 2002.
Unidade 2: A estrutura da sentença em Libras

Tratando-se da formação de sentenças em Libras, cabe lembrar que, por ser


uma língua espaço-visual, sua configuração esquemática se valerá dessa
tridimensionalidade para enunciar-se com precisão. Assim, no que diz respeito à
organização oracional, não podemos associar, por simples fator de coincidência ou
de contato, a construção mais comum à Língua Portuguesa como sendo,
necessariamente, a mais recorrente na Língua Brasileira de Sinais. Como dito, por
referir-se a línguas diferentes, suas referências léxico-gramaticais são também
diferentes; o que inclui os aspectos sintáticos.

A estrutura da sentença em Libras já foi foco de estudo de vários


pesquisadores. Cotovicz e colaboradores (2018) trouxeram um apanhado de algumas
das ponderações já realizadas:

De acordo com Quadros e Karnopp (2004), os primeiros estudos sobre a


organização dos componentes da sentença foram baseados na ASL
(American Sing Language). Fisher (1973 apud QUADROS; KARNOPP,
2004), ao analisar a ASL, aponta que ordem básica da sentença dessa língua
é SVO.

Filipe (1989) e Brito (1995) pontuam que há a possibilidade de várias


ordenações sintáticas na Libras, mas que SVO seria a ordem básica dessa
língua.

Quadros (1999) afirma que a ordem básica da Libras é SVO, ao passo que
as demais combinações, como OSV e SOV, seriam ordenações derivadas da
ordem básica. Nesse trabalho, a autora ressalta que arranjos sintáticos em
VSO, OVS e VOS não seriam possíveis nessa língua. Entretanto, numa
atualização da pesquisa de Quadros (1999), realizada por Quadros e
Karnopp (2004), as autoras colocam a ordem VOS como possível na Libras,
porém em contextos específicos. (COTOVICZ; STREIECHEN;
ANTOSZCYSZEN, 2018, p.26)

Como podemos notar, cada língua terá sua particularidade em determinar a


estrutura básica de formação de sentenças, mas, elas obedecerão a uma das
seguintes possibilidades: Sujeito-Verbo-Objeto (SVO); Sujeito-Objeto-Verbo (SOV);
Objeto-Sujeito-Verbo (OSV); Verbo-Objeto-Sujeito (VOS); Verbo-Sujeito-Objeto
(VSO) e Objeto-Verbo-Sujeito (OVS).

Para a Libras, os estudos indicados mostram uma utilização recorrente da


forma SVO, porém, outras possibilidades de formação são possíveis, à medida que
sua enunciação recupera demandas específicas de construção, como as verbais, por
exemplo. Para Quadros e Karnopp (2004), a ordem VSO e OVS não são possíveis na
Libras, enquanto que as outras variações são identificáveis. Vamos considerar,
brevemente, essas indicações descritivas da flexibilidade na ordem das sentenças em
Libras, segundo as autoras Ronice Quadros e Lodenir Karnopp na obra Língua de
sinais brasileira: estudos linguísticos, de 2004.

 As estruturas ordenadas em SVO são, todas, gramaticais.

Figura 1. Sentença em Libras SVO

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 140.

No caso da sequência SVO, podemos ter orações em que o sujeito ou o objeto


está omitido quando do uso de verbos direcionais e indicações espaciais prévias. É o
caso, por exemplo, do verbo dar. Se o contexto comunicacional indica um sujeito que
realiza a ação de dar algo a alguém; em algum momento do discurso, é possível que
a sinalização direcionada do verbo dar marque implicitamente tanto o sujeito (já que
o verbo partirá da localização espacial a ele determinada), como o objeto que está
sendo dado (pois, a configuração de mão ao “segurá-lo” no ato de dar o recupera) e,
ainda, o receptor da ação (tendo em vista que o verbo será finalizado na localização
espacial a ele referente).

 As estruturas em SOV são comuns para orações simples e também para


aquelas que são formadas a partir de verbos manuais.

Figura 2. Sentença em Libras SOV

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 141.

As orações em SOV terão algumas restrições de formação. Por exemplo, elas


não ocorrem quando o objeto é uma oração subordinada.

 Sentenças em OSV são habituais no processo de topicalização, ou seja,


conforme Quadros e Karnopp (2004, p.148) definem: “o tópico é o tema do
discurso que apresenta uma ênfase especial posicionado no início da frase e
seguido de comentários a respeito desse tema”.
Figura 3. Sentença em Libras OSV

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 147.

 As sentenças em VOS podem acontecer em contextos de foco contrastivo.

Figura 4. Sentença em Libras VOS

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 155.

O foco, como o nome nos sugere, notabiliza um componente da estrutura. Ele


difere-se do tópico em sua constituição de mecanismos gramaticais. No caso de uma
sentença em VOS, atrelada à posição final do sujeito, outras marcas com função
gramatical permitirão identificar o foco em contraste.
Considerando todas as possibilidades aqui exemplificadas de organização
frasal, podemos concluir que, mesmo quando pesquisadores indicam ser SVO a
ordem básica de disposição das palavras na oração em Libras, outras possibilidades
também são orgânicas e gramaticais. Em alguns casos, a variação da ordem básica
acontecerá justamente por propiciar melhor compreensão da emissão devido a
particularidades dos termos da oração ali indicados, como, é o caso dos diferentes
tipos de verbos e das expressões não manuais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COTOVICZ, M; STREIECHEN, E.M; ANTOSZCYSZEN, S. Libras: algumas reflexões


sobre a sintaxe. Odisseia, Natal: UFRN, v.3, n.1, 2018.

QUADROS, R.M; KARNOPP, L. Língua de Sinais Brasileira – Estudos Linguísticos.


Porto Alegre: Artmed, 2004.
Unidade 3: Os marcadores não manuais com função sintática

Silva (2015, p.40) descreve os marcadores não manuais como sendo


“expressões faciais e corporais, movimentos do corpo, do rosto, da cabeça e dos olhos
realizados no momento da articulação do sinal”. Essas expressões estão classificadas
em, basicamente, dois tipos; a saber, as expressões afetivas, que revelam emoções
e sentimentos e as expressões gramaticais, que se relacionam com a estrutura
discursiva e são específicas nos níveis da Morfologia e da Sintaxe. (ALMEIDA;
ALMEIDA, 2013)

Em línguas de sinais, o recurso das expressões não manuais, na maioria das


vezes em que é empregado, terá função diferente daquela quando do seu uso na
comunicação em línguas orais auditivas. No primeiro caso, as ENM possuem caráter
gramatical em distintos aspectos, como fonológicos, morfológicos, sintáticos,
semânticos, etc. Aqui, trataremos de sua manifestação relacionada à Sintaxe na LS.
Para tanto, indicaremos como as marcas não manuais determinam os tipos de frases
(tema da próxima unidade), as construções em tópico e as construções em foco.

Dentre as expressões faciais utilizadas gramaticalmente estão os


movimentos de cabeça (tanto afirmativo quanto negativo), a direção do olhar,
a elevação das sobrancelhas, a elevação ou o abaixamento da cabeça, o
franzir da testa, além de movimentos com os lábios para indicar negação,
para diferenciar os tipos de interrogativas. Cada uma dessas expressões está
associada a uma determinada estrutura sintática e apresenta um escopo bem
definido. Em uma mesma sentença é possível ter mais de uma marcação
não-manual e a sua ausência pode deixar uma sentença agramatical.
(QUADROS, PIZZIO, REZENDE, 2008, p.7)

As principais marcas não manuais (MNM) com função sintático-gramatical são


apresentadas pelas autoras citadas. Sua utilização pode acontecer de maneira
individual, ou seja, quando uma única expressão possibilita a compreensão da palavra
ou da sentença na sua atribuição sintática ou pode acontecer de modo coletivo: mais
de uma marcação aparece no decorrer da sinalização discursiva e, em conjunto,
identificam o caráter sintático. Mencionamos algumas delas:

 Direcionamento do olhar: a indicação não manual do direcionamento do olhar


pode, por exemplo, exercer a função de estabelecimento pronominal na
ordenação da sentença e de flexão verbal.

Figura 1. Direcionamento do olhar

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 128.

 Foco: As organizações de sentença com foco são essencialmente duas. A


mais comum efetua a duplicação de um dos elementos da estrutura. A escolha
do elemento duplicado será feita pelo critério de destaque – à lexia ou
expressão a qual deseja-se enfatizar, atribui-se o foco.
Há também o foco com característica contrastiva. Para esse, não há,
necessariamente a duplicação do elemento em foco; mas há a explícita
intenção de destacá-lo quando é posto no final da sentença. Sua indicação é
denominada contrastiva, pois irá se referir a uma comparação entre dois ou
mais constituintes discursivos.
A indicação de foco acontece por meio da escolha da ordem das palavras na
sentença associada ao realce do elemento em foco por marcas não manuais.
O elemento terá, por exemplo, movimentos de cabeça e expressões faciais
indicativas do recurso.
O foco é uma alternativa sintática capaz de modificar a ordem básica e até
multiplicar elementos linguísticos a fim de proporcionar efeito contrastivo, de
modulação e/ou de realce.

Figura 2. Foco

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 128.

 Tópico: ao escolhermos um elemento da sentença para darmos ênfase


especial, é comum atribuir a ele a menção em tópico, elevando-o à posição
inicial da frase. Como nos lembra Quadros e Karnopp (2004, p. 146), a
topicalização “está associad[a] à marcação não-manual com a elevação das
sobrancelhas. A marca de tópico associada ao sinal topicalizado é seguida por
outras marcas não-manuais, de acordo com o tipo de construção”. Esse
recurso pode incorrer em diferentes construções frasais e está, normalmente,
relacionado com posições argumentais.
A marcação não manual do tópico é limitada ao constituinte destacado. Ainda
que na mesma sentença tenhamos a presença de ENM próprias a outras
especificações, como a indicação de negativa ou interrogativa, por exemplo, a
impressão que identifica o tópico será exclusiva para o elemento topicalizado.

Figura 3. Tópico

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 128.

Tópico, foco e atribuições gramaticais por marcas não manuais, como vimos
com o direcionamento do olhar, são teorias sintáticas identificadas e descritas a partir
de fenômenos linguísticos comuns às línguas naturais. No que diz respeito às línguas
de sinais, as atribuições recaem sobre os aspectos de organização textual, pois estão
para além de apenas possibilitar o reconhecimento lexical e/ou do significado em
contexto. Essa é uma afirmativa que se justifica, por exemplo, quando consideramos
como a topicalização pode determinar a gramaticalidade ou agramaticalidade de uma
sentença. Lemos:

As ordens OSV e SOV parecem ser geradas pelo movimento de um ponto de


vista sintático. A gramaticalidade da sentença JOÃO MARIA GOSTAR ou
MARIA GOSTAR JOÃO parece resultar do fato que GOSTAR é um verbo
transitivo e, por razões semânticas, a única interpretação disponível é JOÃO
e MARIA como sujeitos da sentença; essas sentenças são excluídas por
causa da falta do objeto, JOÃO E MARIA GOSTAM (de quê?). Esse não é o
caso com argumentos não-reversíveis em que a interpretação semântica da
relação gramatical é plausível. (QUADROS, PIZZIO, REZENDE, 2008, p.24)

Notamos que a possibilidade de estabelecer tópico em uma oração com


elementos não reversíveis será determinada pela análise semântica do enunciado,
bem como pelas características sintáticas dos elementos que a compõe. Assim, a
utilização dos componentes da língua por parte dos seus usuários é limitada pelo que
lhes institui a Sintaxe.

Com as marcações não manuais de função sintática não será diferente.


Reconhecer e realizar a aplicação delas no processo comunicacional revelará o grau
de competência discursiva do enunciador e, necessariamente, afetará a forma como
o interlocutor receberá a mensagem: quando produzida levando em consideração os
princípios sintáticos de formação, fácil será sua recepção e compreensão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALMEIDA, M.P; ALMEIDA, M.E. Tópicos Linguísticos: Sintaxe na Libras. Revista


Philologus, ano 19, nº 55, Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2013.

QUADROS, R.M; KARNOPP, L. Língua de Sinais Brasileira – Estudos Linguísticos.


Porto Alegre: Artmed, 2004.

QUADROS, R.M; PIZZIO, A.L; REZENDE, P.L.F. Língua Brasileira de Sinais II.
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2008. Disponível em:
<https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/linguaBrasil
eiraDeSinaisII/assets/482/Lingua_de_Sinais_II_para_publicacao.pdf>. Acesso em:
12 maio 2022.

SILVA, R.D. Língua Brasileira de Sinais - Libras. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2015.
Unidade 4: Os diferentes tipos de frases

A elaboração frasal é um dos conteúdos próprios à Sintaxe. Identificar e


produzir os diferentes tipos de frases é do domínio da competência sintática e, em
Libras, também estará diretamente relacionado ao uso das marcas não manuais com
função gramatical. Os principais tipos de construções são as sentenças negativas,
interrogativas, afirmativas, condicionais, relativas e as construções com tópico e com
foco – como essas últimas já foram tema da unidade anterior, analisaremos as demais.

As expressões não manuais possíveis de serem retratadas em menções de


tipologia frasal foram listadas por Nascimento (2009). A autora nos indica expressões
não manuais especialmente determinadas pelas sobrancelhas, olhos, boca, dentes,
língua, lábios e bochechas. Acrescentamos o tronco e cabeça a essa lista proposta:

Figura 1. Expressões não manuais em Libras


Fonte: NASCIMENTO, 2009, p. 207, 209.

A partir dessas expressões, podemos considerar aquelas relativas a cada tipo


de sentença.

 Afirmativas

As construções afirmativas terão expressões faciais e corporais mais próximas da


neutralidade. Sua indicação de imparcialidade realiza movimentos de cabeça
indicativos de afirmação, como para cima e para baixo.

Figura 2. Sentença afirmativa em Libras

Fonte: PAULA, 2020, p.93


 Negativa

As sentenças negativas podem ser identificadas por questões discursivas ou


sintáticas. A negação discursiva é feita especialmente pela associação do
proferimento ao movimento de cabeça de um lado para outro, indicando refusão.
Já a negação sintática está relacionada às marcações não manuais próprias dessa
organização. As ENM de negação mais comuns são abaixamento dos cantos da
boca ou arredondamento dos lábios, abaixamento ou aproximação das
sobrancelhas, recuo sutil da cabeça e negativa com o dedo indicador.

Figura 3. Sentença negativa em Libras

Fonte: PAULA, 2020, p.94

 Exclamativa

As frases exclamativas são reconhecidas pelas expressões que indicam


admiração, surpresa, espanto, etc. As marcas não manuais a elas associadas podem
ser sobrancelhas levantadas, olhos bem abertos, ombros erguidos, lábios contraídos
e/ou a boca arqueada para baixo.

Figura 4. Sentença exclamativa em Libras


Fonte: PAULA, 2020, p.97

 Interrogativas

Ao organizar sintaticamente as orações interrogativas, levaremos em


consideração o tipo de questionamento que está sendo feito, como, por exemplo,
se é uma pergunta do tipo sim/não, uma pergunta construída com palavra
interrogativa, pergunta com intenção de desconfiança e/ou interrogativa indireta.
Embora a motivação da pergunta apareça nas ENM próprias a cada tipo, na
maioria delas temos expressões não manuais como testa franzida, movimento de
cabeça e queixo, arredondamento dos lábios, olhos semicerrados, etc.

Figura 5. Sentença interrogativa em Libras

Fonte: PAULA, 2020, p.97


Além dessas sentenças mais comuns, outras são produzidas a partir da
utilização de marcas não manuais como elemento sintático. Quadros, Pizzio e
Rezende (2008) elaboram um quadro que sintetiza as organizações discursivas.

Figura 6. Tipos de frases

Fonte: QUADROS; PIZZIO, REZENDE, 2008, p.6

Reconhecer as diferentes formas de expressões faciais e corporais e suas


aplicabilidades em cada tipologia frasal facilitará termos uma produção coerente, bem
como permitirá uma compreensão imediata do discurso de outrem.
Referências Bibliográficas:

PAULA, B.N.S.de. Panorama Libras. Belo Horizonte: Feneis, 2020.

NASCIMENTO, S. P. F. do. Representações lexicais da língua de sinais brasileira.


Uma proposta lexicográfica. Orientadora: Enilde Faulstich. 2009. 290 f. Tese
(Doutorado em Linguística) – Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília,
2009.

QUADROS, R.M; PIZZIO, A.L; REZENDE, P.L.F. Língua Brasileira de Sinais II.
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2008. Disponível em:
<https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/linguaBrasil
eiraDeSinaisII/assets/482/Lingua_de_Sinais_II_para_publicacao.pdf>. Acesso em:
12 maio 2022.
Unidade 5: Transitividade verbal e concordância em línguas de sinais

Ao tratarmos do assunto da concordância verbal na Língua Brasileira de Sinais,


faz-se importante indicar que a argumentação sobre o conteúdo não é estabelecida
como uma definição categorial. Ainda assim, diferentes pesquisadores relatam uma
tipologia verbal específica e uma possível marca de concordância na Libras. Lemos
em Silva:

Explicam Quadros e Quer (2010, p.33), que a concordância em línguas


naturais é entendida como um fenômeno gramatical, no qual os traços
formais de um elemento são determinados por traços de outro elemento em
uma relação de covariância, ou seja, “a presença de um elemento na
sentença requer uma forma particular de outro elemento que é
gramaticalmente ligado a ele” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 199).
(SILVA, 2015, p.71)

A condição de correlação entre alguns elementos linguísticos da sentença e/ou


do texto é um princípio universal das línguas naturais. Denomina-se concordância
quando essa correlação restringe a forma de um ou outro elemento a fim de,
sintaticamente, a mensagem ser considerada própria àquele idioma e, portanto,
reconhecida por seus pares. Assim, surge a pergunta levantada e analisada por Silva:

[...] como identificar uma possível concordância na libras? Para as autoras


Quadros e Quer (2010), os estudos das línguas de sinais mostram que
nessas línguas há um conjunto de verbos que possuem propriedades
morfofonológicas que correspondem à concordância com seus argumentos.
Comumente os autores fazem uma divisão dos verbos nas línguas de sinais
em determinados tipos, tais como: verbos com concordância, verbos sem
concordância ou simples e verbos espaciais. (SILVA, 2015, p.72)

Logo, a compreensão de concordância em Libras levará em conta a


classificação verbal. Dentre os tipos mais comuns dos verbos, temos:
 Verbos simples: também classificados como verbos sem concordância são
aqueles cuja forma não identifica vínculo determinante para sua formação por
causa de outro elemento da sentença, ou seja, não há marca de concordância
verbal para com outras lexias da composição.

Figura 1. Sentença em Libras com verbo simples

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 140.

Os verbos simples, conforme postulado por Miranda (2014, p.30), se


subdividem em:

a) verbos que incorporam o objeto: a performance da ação verbal leva em


consideração o objeto a ela relacionado. Assim, um único movimento possibilitará
reconhecer o verbo e o objeto simultaneamente. Miranda (2014, p. 30) nos lembra, no
entanto, que “os verbos possuem um sinal específico, porém mudam um dos
parâmetros de constituição do sinal em virtude da especificidade do objeto
incorporado”. Veja um exemplo:

Figura 2. Sentença em Libras com verbo simples que incorpora o objeto


Fonte: MIRANDA, 2014, P.30

b) verbos que são apoiados no corpo: a sinalização desses verbos é realizada bem
próxima do corpo ou junto a ele. Por esse motivo, a marcação de termos essenciais
da oração, como o sujeito e o objeto que faz parte do predicado, não pode ser
incorporada ao verbo. Então, sua menção é linear: unidade por unidade.

Figura 3. Sentença em Libras com verbo simples apoiado no corpo

Fonte: MIRANDA, 2014, P.30

c) verbos com flexão: apresentam marcas específicas do contexto e se flexionam a


partir da ação verbal naquela conjuntura.
Figura 4. Sentença em Libras com verbo simples flexionado

Fonte: MIRANDA, 2014, P.31

 Verbos com concordância: são verbos “que se flexionam em pessoa, número


e aspecto. Exemplos dessa categoria na língua de sinais brasileira são DAR,
ENVIAR, RESPONDER, PERGUNTAR, DIZER, PROVOCAR.” (QUADROS,
KARNOPP, 2004, p.202). A maneira mais comum dessa flexão acontecer é por
indicar o ponto de partida e de chegada do verbo, informando, então, o sujeito
e o objeto da sentença, respectivamente. Veja:

Figura 5. Sentença em Libras com verbo com concordância

Fonte: MIRANDA, 2014, P.32


 Verbos espaciais: trarão junto consigo informações relacionadas à
dimensionalidade do espaço. Haverá referência locativa para a ação. Veja um
exemplo:

Figura 6. Sentença em Libras com verbo espacial

Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 118.

A consideração de concordância dos verbos nos leva a analisar a transitividade


verbal na Língua Brasileira de Sinais.

A classificação do verbo como transitivo ou intransitivo levará em conta os


aspectos gramaticais referentes a tal categorização. Um deles tem a ver com a
necessidade de complemento à oração principal ou não; análise que dependerá de
competência nos conhecimentos sintáticos, bem como nos semânticos. Ainda,
perspectivas gramaticais são importantes: embora identificar o uso de preposições em
Libras nos auxilia na conceitualização de um verbo transitivo direto e/ou indireto, não
podemos nos prender a conseguir identificar um sinal explicitamente referente a uma
preposição na oração em Libras para classificar o verbo que a antecedeu, dado que,
em alguns casos, uma língua espaço visual, como a Libras, pode agregar, em um
único sinal, funções específicas a mais do que uma lexia. Esse é o caso de
preposições incorporadas em classificadores, por exemplo.
Referências Bibliográficas:

MIRANDA, J.P.V. Voz passiva em Libras? Ou outras estratégias de topicalização?


Orientador: Dioney Moreira Gomes. 2014. 91 f. Dissertação (Mestrado em Linguística)
– Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas – Universidade de
Brasília, Brasília, 2014.

QUADROS, R.M.; KARNOPP, L. Língua de Sinais Brasileira – Estudos Linguísticos.


Porto Alegre: Artmed, 2004.
SILVA, I.B.O. A categoria dos verbos na Língua Brasileira de Sinais. Orientadora:
Adriana Stella Cardoso Lessa de Oliveira. 2015. 175 f. Dissertação (Mestrado em
Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2015.
Unidade 6: Teorias Semânticas

A Semântica é comumente definida como o campo da Linguística que trata da


investigação do significado. No entanto, isso é mais profundo do que parece. Apenas
indicar o significado como campo de estudo da Semântica é superficial, tendo em vista
a amplitude do que é possível considerar por significado e até a amplitude da
subjetividade de tal elemento, pois o significado está intimamente relacionado ao
conhecimento de mundo dos partícipes de uma comunicação.

Rodrigues e Valente (2012), citando Muller e Viotti, indicam esse cenário:

A definição de Semântica como área da Linguística que estuda o significado


das línguas naturais é bastante consensual. Essa definição é, no entanto,
pouco esclarecedora, porque, para entendê-la, precisamos definir, antes, o
que é significado. E essa é uma tarefa árdua! Especialmente porque os
semanticistas têm diferentes visões a respeito do que seja o significado e a
significante. É por isso que podemos dizer que há semântica de todo tipo. Há
semântica textual, semântica cognitiva, semântica lexical. Há semântica
argumentativa, semântica discursiva...Todas elas estudam o significado.
Cada uma do seu jeito. (Muller; Viotti, 2007) (RODRIGUES, VALENTE, 2012,
p.162)

Por tantas possíveis vertentes e pela falta de uma noção específica para o que
seja significado, há diferentes maneiras de abordarmos o conteúdo da Semântica e,
portanto, de descrevê-lo. O nosso material Libras 5 tratou de identificar os conceitos
de Semântica e de Pragmática, além de evidenciar alguns usos desse campo, como
a dêixis, o ponto de vista e a escala de referência. Por isso, não trataremos desses
aspectos aqui novamente. Antes, vamos abordar a concepção semântico-pragmática
para as expressões literais e/ou figuradas e a essência do referente e da significação.

Frege (1978) nos indica que os elementos só terão referente se tiverem sentido,
o que significa dizer que o sentido determina a referência. No entanto, não podemos
confundir a referência apenas com algo que efetivamente existe no mundo ou que
seja concreto, palpável.
Figura 1. Expressão versus Sentido versus Referência/Referente mundo real

Fonte: Autor.

Como podemos perceber pelos exemplos, as duas lexias possuem sentido


facilmente decodificável, por isso ambas têm referência. No entanto, unicórnio não
possui um referente no mundo real. Mesmo assim, isso não nos impede de reconhecer
a palavra em um contexto e de utilizá-la em nossa comunicação.

A relação entre discurso, sentido e referência demanda, também, elementos


extralinguísticos. Lemos:

Como afirma Rajagopalan, é preciso não esquecer que [o] elemento


mediador, o sentido, traz com ele o falante e, portanto, a possibilidade de uma
referência funcionar ou não de modo adequado: casos em que o falante diz,
por exemplo, “O papagaio fugiu da gaiola”, apontando para uma arara, ou o
já filosófico enunciado “O atual Rei da França é calvo” que, embora tenha
sentido, exige, para que se calcule sua referência ou seu valor de verdade,
que se leve em conta o momento de sua enunciação. (SILVA, 2006, p.257)

Perceba que o conhecimento de mundo e a competência lexical do falante


podem interferir positiva ou negativamente na sua enunciação: ao mencionar
papagaio por arara, a compreensão exata de sua sentença dependerá da habilidade
do interlocutor de perceber a falha lexical, auxiliado, por exemplo, por elementos
extralinguísticos, como o apontamento para o animal mencionado e seu
reconhecimento. Porém, tal circunstância é apenas provável e pode ser inexata.

Ainda, no que diz respeito ao conhecimento de mundo, algumas sentenças


podem ter a explicação do seu sentido levando-se em conta os constituintes
existenciais e/ou a própria expressão associada à intenção comunicativa. Por
exemplo, para alcançar o sentido da oração “O rei da França é calvo”, podemos
depreender que existe um rei na França – limitando nosso argumento à existência
verificável de um rei na França. Mas, apenas isso não basta. Daí, ampliamos o alcance
do sentido a questões enunciativas: a existência de uma pressuposta existência de
um rei na França com a característica mencionada, tudo isso atrelado ao momento
específico da enunciação.

De tal modo, conclui-se:

A significação passa, então, a ser o centro da atenção e a linguagem tem


sua transparência questionada, uma vez que entra em jogo o “fator humano”.
De veículo encarregado de transporte dos significados ou instrumento de
comunicação e expressão de pensamentos, a linguagem passa a ser
considerada um fenômeno ainda mais complexo, uma vez que, como disse o
filósofo alemão Martin Heidegger, “a linguagem nos fala”, e, muitas vezes, diz
mais (ou menos) do que querem nossas intenções conscientes. Entre
questões de forma e questões de uso, as relações possíveis vão, segundo
Rajagopalan, da incorporação da descrição sintática à descrição semântica,
até uma elaboração relativamente independente desta última, passando por
uma posição de meio termo que atribui à sintaxe a função de caracterizar
construções dotadas do “mesmo” significado. Na verdade, a alternativa
fundamental com que os pesquisadores se defrontam na sua tentativa de
definir significado é saber se tal definição pode ser exclusivamente linguística
– e definir o significado por meio de uma metalinguagem que abstraia os usos
– ou deve, de algum modo, referir-se à experiência dita extralinguística – e
incluir em sua metalinguagem elementos que permitam associar a atividade
linguística a algum tipo de experiência concreta. (SILVA, 2006, p.258)

Por considerações como essas, estamos certos da complexidade dos aspectos


linguísticos e humanos que envolvem a comunicação humana. De fato, todas as
construções consideradas gramaticais acontecem em busca de promover uma
significação, isto é, de fazer-se entender e de entender o outro, permitindo a vida em
sociedade.

Outro aspecto fundamental relacionado à significação está para as escolhas de


expressões literais e/ou figuradas. Veja:

Sadock (1993, p.44) sustenta a ideia de que a linguagem figurada é uma das
fontes mais produtivas da mudança linguística. E acrescenta: se
reanalisarmos e decompusermos as chamadas figuras de retórica em traços
literais, tal processo resultará na fonte mais produtiva e mais importante da
mudança semântica. Seguindo essa estratégia, poderíamos perguntar: e se
simplesmente não pensarmos na literalidade, haveria mesmo assim uma
mudança semântica? Buscar a natureza literal e figurada da linguagem é
tentar compreender os princípios e os aspectos que delineiam a produção, a
compreensão e a interpretação das diferentes linguagens; é tentar alcançar
seus papéis e suas funções; é buscar os níveis ou os planos de significação
de uma língua; é admitir a existência de dois diferentes e contrastantes tipos
linguísticos. (OLIVEIRA, 2006, p.24)

A escolha pelo que é dito em sentido real e pelo que é dito em sentido figurado,
isto é, em consideração particular de uso, já demanda do emissor e do receptor da
mensagem habilidades semânticas e pragmáticas, além das sintáticas e lexicais.
Como identificado por Oliveira (2006), o significado pode alcançar instância Semântica
(Linguística) ou instância Pragmática (não linguística). A autora explica:

Em geral, nas teorias semânticas, de modo semelhante ao contraste do tipo


norma/desvio, a linguagem (ou significado) literal é responsável pelo
direcionamento e pelo comando da produção da linguagem normal ou
comum, e a linguagem figurada, por consequência, constitui um problema
semântico que resulta da ampliação ou do “desvio” do significado literal; já
nas teorias não-semânticas, o contraste literal/figurado é preenchido pela
instância enunciativa, ocorrendo entre o que as palavras significam
literalmente e o que os falantes pretendem comunicar ou expressar por meio
do uso de tais palavras - esta última instância significativa que seria
responsável pela produção do significado figurado. (OLIVEIRA, 2006, p.28)
Será a análise dessas categorias que possibilitará descrever e classificar a
atuação do discurso, seja enquanto afastamento do uso recorrente da lexia/expressão
ou seja enquanto pretensão intencional por parte do falante.

Figura 2. Expressão versus Sentido versus Sentidos Real/Figurado

Fonte: Autor

Os usos dos constituintes comunicacionais e a determinação de sua


significação vai depender de fatores específicos de elementos linguísticos e/ou não
linguísticos. Podemos afirmar que a sentença “Comprei dois pães” usa o sentido literal
para a palavra pão, pois, estamos considerando sua colocação na utilização mais
comum. Já em “‘O pão nosso de cada dia, nos dai hoje’”, quando considerada a
sentença como parte da oração registrada na Bíblia Sagrada, tem-se atribuição
figurada, pois, nesse caso, não se está falando, necessariamente, da iguaria feita de
farinha; mas, sim, faz-se um pedido para ter alimentos em geral, na garantia do
sustento físico. No entanto, se considerarmos essa mesma sentença em um contexto
específico, alheio ao da oração citada, ou se a intenção comunicativa do emissor
dessa mensagem for uma referência explícita ao pão em si, ela poderá ser classificada
como uma lexia de uso em sentido real. Por isso, a fim de garantir a compreensão
global do discurso, devem ser feitas mais do que apenas análises superficiais.
Referências Bibliográficas:

FREGE, G. Über Sinn und Bedeutung. Trad. Bras., São Paulo: Editora Cultrix, 1978.

OLIVEIRA, A.E.B. A metáfora e a sua representação em sistemas de processamento


automático de línguas naturais. Mestrado (Linguística e Língua Portuguesa).
Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2006.

RODRIGUES, C.S.; VALENTE, F. Aspectos linguísticos da Libras. Curitiba: IESDE


Brasil S.A, 2012.

SILVA, M. da P.M. A Semântica como negociação dos significados em


Libras. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 45, n. 2, 2006.
Unidade 7: Abordagens da linguagem em uso

A linguagem, quando em uso, tem como um dos principais objetivos


estabelecer uma comunicação que permite interação e cumprimento de propósitos.
Essa comunicação só acontecerá se todos os envolvidos no ato discursivo
conseguirem produzir e decodificar os textos compartilhados com eficiência, isto é,
quando a mensagem do emissor compactuar em absoluto com seu objetivo de
interlocução e quando o seu interlocutor conseguir assim identificá-la.

E como essa troca linguística acontece? Ferreira e Benfatti trazem uma análise
inicial:

As teorias da comunicação, desde a aristotélica até a semiótica peirceana,


defendiam que a comunicação ocorria por meio de um processo de
codificação e decodificação de mensagens, ou seja, a cópia idêntica do
código transmitido. Neste modelo teórico, o falante emite uma mensagem
através de um sinal e o ouvinte decodifica a mensagem. Os diversos
problemas que podem acontecer ao longo desse processo de codificação-
decodificação de mensagens são considerados ruídos comunicativos. A partir
desse modelo, várias vertentes linguísticas surgiram e as concepções de
língua e linguagem, em consequência, foram sendo revisadas sob várias
perspectivas teóricas. (FERREIRA, BENFATTI, 2020, p.105)

Em um primeiro momento, a ideia de uma comunicação bem-sucedida


baseava-se simplesmente na competência de codificar e decodificar mensagens.
Essa concepção garantia uma análise apenas linguística do diálogo e basicamente
indicava que textos produzidos e repetidos dentro da norma padrão da língua são
adequados e produtivos, enquanto que o contrário disso poderia gerar “ruídos
comunicativos”, dificultando a decodificação da significação.

Porém, como uma análise puramente linguística poderá dar conta de


enunciações que incluem metáfora, ironia, expressões idiomáticas, etc.? Oliveira
levanta essa questão com exemplo:
Como explicar que a frase “Na hora H, ele sempre chuta o pau da barraca”
exprime o que diz? Por que as expressões idiomáticas, isto é, expressões
convencionais em que o significado pretendido é frequentemente difícil ou
impossível de ser recuperado a partir das palavras que as compõem,
“invadem” e penetram com tanta frequência o universo linguístico cotidiano?
(OLIVEIRA, 2006, p.23)

Assim, faz-se necessário ampliar as questões unicamente explícitas no texto


como fonte de fundamento da significação, de modo a alcançar outras instâncias
enunciativas. A abordagem da linguagem em uso pode ser identificada e descrita
pelos estudos da Pragmática, e, também, mesmo que em menor especificidade, da
Semântica.

Por exemplo, para a Libras, essas perspectivas endossam a relevância de,


além de considerar os aspectos morfológicos na produção das palavras, atender aos
requisitos sintáticos da ordenação das sentenças e constituir textos a partir das
normas léxico-gramaticais da língua, dando atenção a outras referências:

Quadros também afirma que os inputs recebidos por uma língua de sinais
são visuais, por isso esse aspecto deve ser altamente explorado para que a
aquisição ocorra. Por conseguinte, para que a aquisição ocorra de forma
satisfatória, é necessário que sejam apreendidos não somente os parâmetros
primários (configuração de mãos, ponto de articulação e movimento) e
secundários da língua (disposição das mãos e região de contato), mas
também os componentes não-manuais que compõe a Libras, como
expressões faciais e movimento corpóreo. Estes componentes abarcam a
marcação de construção sintática e diferenciação entre itens lexicais. São
estes elementos que demonstrarão também quais os significados que o
falante quer que o seu interlocutor perceba, ou seja, os movimentos e
expressões ostensivas. (FERREIRA, BENFATTI, 2020, p.110)

Nesse sentido, entendemos que uma língua espaço-visual terá elementos não
manuais como componentes linguísticos do discurso e sua significação pode,
inclusive, depender apenas desses constituintes.
Figura 1. Elementos não manuais como propriedade de significação

Fonte: Google imagens, adaptado pelo autor, baseado em FERREIRA-BRITO, 1995.

O exemplo acima, mencionado por Ferreira-Brito, deixa-nos claro como apenas


as informações linguísticas manuais não são suficientes em uma comunicação em
Libras. Temos, para os três sinais com significados diferentes, a mesma utilização dos
parâmetros fonológicos, com exceção das expressões não manuais.

A configuração de mão é G, com a ponta do indicador em contato com a parte


lateral da cabeça. Em PENSAR há apenas um toque; em DUVIDAR, o toque
é acompanhado do olhar e da expressão facial indicando dúvida e de balanço
de cabeça para os lados; ENTENDER é realizado com um toque do indicador
e um rápido afastamento, enquanto os olhos se abrem (FERREIRA-BRITO,
1995, p. 41).

Outro aspecto essencial que influencia diretamente os processos de


codificação e decodificação textuais nos é lembrado por Ferreira e Benfatti:

Os componentes culturais da cultura surda também devem ser adquiridos e


não somente a estrutura da língua. Por componentes culturais trazemos o
uso da língua, suas particularidades e usos socioculturais, bem como os
valores, as crenças compartilhadas, o convívio com a comunidade surda e os
demais componentes que fazem parte da vida dos surdos. (FERREIRA,
BENFATTI, 2020, p.110)
Uma das formas de comunicação mais produtivas e que mais comumente
reflete aspectos culturais da prática social é a metáfora. Um dos motivos que justifica
isso é seu uso habitual até mesmo com os falantes menos experientes, como, por
exemplo, as crianças. Desde bem cedo, esse recurso natural está em uso por todos
os pares da comunidade linguística e isso faz com que os novos falantes, as crianças,
também adquiram habilidade em reconhecer as metáforas, à medida que aprendem
as regras de formação da língua. (Sardinha, 2007) Por isso, concordamos com Monte
quando afirma: “ao realizar estudos sobre as metáforas, pode-se entender melhor
como o ser humano conceitualiza o mundo e o que nele existe e ainda, permite
compreender o comportamento e ideologias de grupos sociais. ” (MONTE, 2016, p.5)

No caso da Língua Brasileira de Sinais, as metáforas irão indicar aspectos


próprios da comunidade surda, dado que essa é a língua da pessoa surda. Poderemos
perceber sua independência das características sociais da comunidade ouvinte
falante de Língua Portuguesa, ao mesmo temo que encontramos, também, algum uso
de figuras de linguagem compartilhadas entre ambas as línguas: Libras e Português.

Figura 2. Metáfora em Libras com sentido próprio (“bagagem da vida”)

Fonte: MURTA, 2015, p.73

Figura 3. Metáfora em Libras com sentido compartilhado com o Português (“morrer


feliz”)
Fonte: MURTA, 2015, p.78

A linguagem em uso nos permite identificar não apenas a formação cultural e


linguística do indivíduo, mas também sua competência em organizar o pensamento
por meio de marcas de significação. Por isso, como nos indica Monte (2016, p.9)
acerca da metáfora, mas informação passível de estender-se às formas de
comunicação em uso efetivo analisadas pela Pragmática, elas “torna[m]-se [...] veículo
de divulgação das realizações estéticas na livre expressão dos seres humanos que
são refletidas em outras gerações culturalmente”.

Referências Bibliográficas:

FERREIRA, M.X; BENFATTI, M.F.N. Aspectos pragmáticos da Libras como língua


adicional. Memorare, v.7, n.2, 2020.

FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo


Brasileiro, 1995.

MONTE, D.S. A metáfora na Língua Brasileira de Sinais: um estudo bibliográfico.


Cadernos Cajuína, v.1, n.1, 2016.
MURTA, M. A. Metáfora em LIBRAS: um estudo de seu uso por pessoas surdas.
Dissertação (Mestrado em Letras) Programa de Pós-Graduação em Letras, Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, 2015.

OLIVEIRA, A.E.B. A metáfora e a sua representação em sistemas de processamento


automático de línguas naturais. Mestrado (Linguística e Língua Portuguesa).
Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2006.

SARDINHA, T.B. Metáfora. São Paulo: Parábola, 2007.


Unidade 8: Relações entre significados

A utilização da língua e da linguagem em produção compartilhada desempenha


distintas funções que devem ser levadas em consideração na codificação da
mensagem a ser emitida. Essa conclusão foi apontada por Jakobson, no início do
século XX, ao postular que a linguagem deveria ser analisada a partir de suas funções
e não apenas dos elementos gramaticais de sua composição. Rodrigues e Valente
(2012, p.20) trazem uma breve indicação dessas funções:

 Função emotiva: foca no remetente e nas suas percepções individuais. Por isso
a mensagem é subjetiva, posto que é determinada por um ponto de vista único
e particular.
 Função conativa: foca no destinatário e na interação com ele. Por isso, a
mensagem é argumentativa, de convencimento, posto que visa um parecer por
parte daquele com quem se fala.
 Função referencial: foca no referente, isto é, no conteúdo da expressão
comunicativa. Seu objetivo é transmitir a mensagem de forma objetiva e
eficiente.
 Função poética: foca na forma do referente, isto é, no modo como a expressão
comunicativa será apresentada. Seu objetivo é transmitir a mensagem de forma
peculiar e inovadora.
 Função fática: foca no contato. Seu objetivo é garantir que o interlocutor se
mantenha atento e cooperando ativamente com a comunicação estabelecida.
 Função metalinguística: foca no código, isto é, no sistema linguístico
propriamente dito. Por isso, determina considerações linguísticas a partir da
própria língua, ou seja, usa a língua para falar da língua.
Todas essas funções não necessariamente aparecem de modo único ou
exclusivo em uma unidade textual. Embora sempre haja uma predominante a qual,
então, servirá como caracterizadora do discurso, elas podem coocorrer.

As intenções comunicativas são expostas por meio de textos que evidenciam


uma dessas funções da linguagem e, para isso, utilizam também das relações
entre expressão e significância das palavras e expressões discursivas. Sobre tal
relação entre os significados, é importante considerar aspectos semântico-
pragmáticos que podem modificar ou influenciar o sentido de lexias mencionadas
e, tão logo, do texto que compõem, dado que o “conceito é um princípio de
categorização”. (MCCLEARY; VIOTTI, 2009, p.8) Desse modo, as categorias
funcionais e discursivas são necessariamente identificadas a partir do conceito que
se tem. Portanto, sem a relação de significação, a compreensão global da
mensagem fica a cargo, apenas, da contribuição de implicação feita pelo
interlocutor a partir de suas próprias percepções. Essa atribuição é particular e
pode ser falível.

Algumas relações entre termos e sua significação podem ser relembradas:

 Antonímia e Sinonímia

Os sinônimos são vocábulos com significação próxima, eles podem, por


exemplo, ser colocados um no lugar do outro sem prejuízo ou mudança de sentido
geral da informação. Já os antônimos são lexias que possuem significação contrária.

Figura 1. Exemplo de sinônimos em Libras “alegre” e “feliz”


Fonte: Google Imagens

Figura 2. Exemplo de antônimos em Libras

Fonte: RODRIGUES, VALENTE, 2012, p.167

 Hiponímia e Hiperonímia

Os hipônimos são palavras que designam uma unidade específica de um


grupo de determinados. Já os hiperônimos designam o conjunto, o todo, o
determinante em seu sentido geral e mais amplo.

Figura 3. Exemplo de hiponímia em Libras “maçã”.


Fonte: <http://emacaolibras.blogspot.com/2014/05/ola-boa-tarde-hoje-resolvemos-postar-os.html>
Acesso em: 12 maio 2022

Figura 4. Exemplo de hiperonímia em Libras “frutas”.

Fonte: <http://emacaolibras.blogspot.com/2014/05/ola-boa-tarde-hoje-resolvemos-postar-os.html>
Acesso em: 12 maio 2022

 Ambiguidade

A ambiguidade é o “efeito de sentido causado por expressões linguísticas que


apresentam mais de um sentido. ” (RODRIGUES, VALENTE, 2012, p.168)
Figura 5. Exemplo de possível ambiguidade em Libras com uso de pronome.

Fonte: <http://libraspocosdecaldas.blogspot.com/2016/12/pronomes.html> Acesso em: 12 maio 2022.

 Homonímia

A homonímia refere-se a palavras com formas iguais, mas com significados


diferentes.

Figura 6. Exemplo de homônimos em Libras

Fonte: RODRIGUES, VALENTE, 2012, p.171

 Polissemia
A polissemia é a propriedade que uma palavra ou expressão pode ter de
apresentar vários sentidos além do sentido mais comum ou recorrente, aquele
que normalmente está descrito em primeira acepção nos dicionários da língua
em questão.

Figura 7. Exemplo de polissemia em Libras “fraco”

Fonte: Google Imagens.

Ao considerar essas e ainda outras relações de significação dos termos,


possibilitamos que nossos atos de fala estejam corretos em instância gramatical, mas
também em domínio semântico-pragmático. São esses últimos que estarão
aproximados das questões socioculturais da comunidade representada pela língua.

Referências Bibliográficas

MCCLEARY, L. VIOTTI, E. Semântica e Pragmática. Material didático do curso de


Letras-Libras à distância. Florianópolis: UFSC, 2009.

RODRIGUES, C.S; VALENTE, F. Aspectos linguísticos da Libras. Curitiba: IESDE


Brasil S.A, 2012.

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