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capitulo 1 Introducao a ergonomia Da jungao das palavras gregas “ergon’ (trabalho) e “nomos" (lis, preceitos), surgiu a ergonomia, a ciéncia do trabalho, uma disciplin orientada para uma abordagem sistémica de todos os aspectos da catividade humana. Sua meta é, essencialmente, analisar a adequa¢ao do trabalho ao ser humano, ‘que envolve principalmente observar o ambiente em que esse trabalho é executado. A acep¢do a palavra trabalho é ampla e compreende as acées efetuadas com 0 uso de equipamentos, bem como as diversas conjunturas que transcorrem na relacdo entre o ser humano e a produgdo. Neste capitulo, veremos quais sdo 0s fundamentos da disciplina que promove e sustenta as possibilidades cde melhor adequagdo de um ambiente/produto ao seu usudrio. Definirergonomiae seus principais objetivo. Discutir fatos importantes da histéra da discipina. Diferenciar microesgonomia de macroergonomia. Explicar qual é 0 papel do ergonomistaeaplcar os concetosdiscutidos. Explicar porque aergonomia é essencialmente transdisciplinare adotar uma abordagem transdiciplinarna praticaergontmica. Reconhecer as classiicagbes da dsciplina,explicando as paricularidades de cada uma, Identificar 0s ramos de atvagbo de ergonomia.ro Ceo eee cn eet ocean Pee vet ty ees er neers Sere + >>_ PARA SABER MAIS >> Afinal, o que é ergonomia? >> Definigdes e objetivos De acordo com as condigées em que as tarefas sio desempenhadas e com o tempo durante 0 {qual o homem permanece na mesma posicdo, realizando determinadasatividades, podem surgir problemas como desconforto e fadiga. Esforcos repetitivos e postura inadequada causam lesdes , para evité-las, é necessério analisar a adequaco do trabalho ao ser humano. Essa anélise 6 0 cere da criago da ergonomia, disciplina que essencialmente integrava as ciéncias biolégicas (an- ‘tropologia, psicologia, fisiologia, medicina, etc.) e a engenharia. Atualmente, a ergonomia é mais abrangente, contando com intimeras reas do conhecimento e sendo aplicada nao somente no ambiente de trabalho, mas em qualquer produto que o homem possa utilizar, 0s principais objetivos da ergonomia sio a satisfagao e 0 conforto dos individuos e a garantia de ‘quea pratica laboral e 0 uso do equipamento/produto nao causem problemas a satide do ususrio. Para isso, no se restringe a analisar a interagdo entre o operador e 0 produto/equipamento, a atividade e o ambiente laborais, mas também engloba o contexto organizacional, psicossocial e paltico de um sistema. ‘A ergonomia se preocupa em garantir que 0 projeto (do produto, equipamento, sistemas, etc) ‘complemente as forcas e habilidades do homem, minimizando os efeitos de suas limitacdes, em vvez de forgé-lo a se adaptar. Portanto, surge como contraponto ao método Taylorista, que propoe a definigéo do método de trabalho mais eficiente, a0 qual o homem deve se adaptar. Taylorismo ¢ uma concepcio de producdo baseada em um método cientifico de organizacao do trabalho desenvol- vvido pelo engenheiro americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915). Para saber mais, acesse o ambiente virtual de ‘aprendizagem Tekne: www.bookman.com.br/tekne. Ergonomia: fundamentos e aplicagées Segundo lida (2005), para que a ergonomia atinja seu objetivo, o ergonomista deve entender projetar considerando: » ohomem e as diversidades inerentes a ele, abarcando atributos como idade, tamanho, forga, habilidade cognitiva, experiéncia cultura e objetivos; > a méquina, ou seja, todas as ferramentas, o mobilisrio, os equipamentos eas instalagbes; » oambiente, que contempla temperatura, ruidos, vibragées, luzes, cores, etc; » alinformagéo, que se refere a0 sistema de transmisséo das informacées; » a organizago, que constitul todos os elementos do sistema produtivo como horétios, turnos eequipes; » as consequéncias do trabalho, que abarca todas as quest6es relacionadas com erros e ac dentes, akém de fadiga eestresse.‘Quadro 1.1.» Definigées das principals associagées de ergonomia Fonte Definigéo Ergonomics Research Society (Sociedade “Ergonomia 0 estudo do relacionamento entre o ho- de Pesquisa.em Ergonomia) -hojeinst- mem eseu ambiente de trabalho, equipamentoe am- tute of Ergonomics and Human Factors _biente,prncipalmente aapicagdo dos conhecimentos (BROWNE etal, 1950)
> CURIOSIDADE Conforme a disciplina evoluiu, algumas variagbes na terminologia surgiram em diferentes paises. Embora 0 {termo ergonomia seja muito utiizado na Austrdlia, no Brasil, na Europa e na Nova Zelandia, no Japdo usa-se 0 ‘termo ergologia. Nos Estados Unidos, fol adotado o termo fatores humianos (human factors). Embora os termos | fatores humanas sejam considerados sinénimos pelos profissionais, o uso popular parece ter ado- tado sigificados diferentes. Fatores humanos tem sido empregado para denotar as éreas cognitivas da discipli- na (percepgo, meméria, etc), enquanto ergonomia parece se referit 20s aspectosfisicos (lelaute do ambiente de trabalho, iluminagéo, temperatura, ruidos, etc.)er) Peseta eee Cee eee ay eee Ergonomia: fundamentos e aplicagées >> A ergonomia na histéria Embora a origem oficial da ergonomia date de 1949, quando o engenheiro inglés Kenneth Frank Hywel Murrell oficializou a primeira sociedade de ergonomia do mundo, a Ergonomic Research Society, os preceitos que atualmente regem a ergonomia comecaram nos primérdios da historia da humanidade. ‘Supbe-se que na pré-historia, portanto, o homem tenha adaptado a pedra as suas necessidades, respeitando a anatomia da méo para tornar seu manuseio mais seguro e eficaz. Essa suposicSo se baseia no formato dos utensiios daquela época, como as ferramentas utilizadas para cacae defesa pessoal (Figura 1.1). De acordo com os elementos que deveriam ser trabalhados e com as caracte- risticasdos trabalhadores, era estabelecido um padréo (formato e dimens6es) paraas ferramentas, que também eram feitas utilizando madeira e ferro. Figura 1.1 Martelo pré-histbrico, feito de pedra e madeira. Fonte: Comstoch/Stockbyte/Tinkstock. A época renascentista (entre o século XIV e inicio do século XVII) marcou o inicio dos estudos ra rea, com destaque para Leonardo da Vinci (1452-1519), autor da figura do homem vitruviano (Figura 1.2), Bernardino Ramazzini (1633-1714), que fez a primeira sistematizagao de doencas do trabalho, em sua obra De morbis Artificum Diatriba, marco histérico no estudo de doengas ocupa- cionais, Wojciech Jastrzebowski (1799-1882), naturaista polones e autor do trabalho A Ciéncia do trabalho, onde apareceu pela primeira vez na histéria o termo ergonomia {A principal relevancia do trabalho de Leonardo para a ergonomia foi a combinagéo, em um mes- ‘mo desenho, do homem inserido em um circulo e em um quadrado, considerando o movimento natural de seus membros fixas a0 tranca, isto é,a relagdo entre o movimento do corpo humano e ‘© espaco circundante. Hoje, o conhecimento das formas e medidas do corpo humano aplicado em projetos é denominado antropometria (veja mais a respeito na se¢o“Antropometria"). Com a Revolugéo Industrial (inciada na Inglaterra em meados do século XVIll), que gerou uma série de avangos tecnolégicos, o trabalho ganhou novas abordagens, causando impacto no proces- 80 de produgSo. Consequentemente, a concepcio de ergonomia foi tomando novas proporcées, abrangendo o regime de trabalho, sua jornada de praticamente 16 horas diérias eas condigdes em. ue era desenvolvido (ou seja, aspectos de higiene, preacupagdes com o ruido e seguranca). 24 no inal do século XVIll,com 0 Taylorismo, os pesquisadores norte-americanos iniciaram estudos relacionados ao homem no trabalho, No mesmo periodo, na Europa, eram realizadas pesquisas so- bre @fisiologia do trabalho. Com a Primeira Guerra Mundial (entre 1914e 1917), foram aplicados, na Inglaterra, estudos de fsiologistas e psicélogos no aprimoramento da industria bélica ‘Aergonomia emergiu como uma disciplina cientifica nos anos 1940, camo consequéncia da cres- cente complexidade dos equipamentos técnicos, Comegou-se a perceber que as vantagens decor- rentes do uso dos novos equipamentos no estavam se concretizando, visto que as pessoas néo conseguiam entend&-los e utilizé-los.a BF IF i Sip nt gen| BF ecg * 3 ae ice oe ies sf abdgshnnnche the pelphet sn foe Figura 1.2. Ohomem vitruviano de Da Vine. Fonte: Janka Dharmasena/Stoc/ Thinkstock. Inicialmente, esses problemas eram mais evidentes no setor militar, em que se exigia muito dos operadores, tanto fisica quanto cognitivamente. Conforme os avangos tecnolégicos da Segunda Guerra Mundial eram aplicados 20 cotidiano civil, percebeu:se a dificuldade que as pessoas ti- ‘nham de lidar com os equipamentos, resultando numa performance pobre e aumentandoa chan- ce de erro humano. isso levou académicos e psicSlogos militares a realizarem pesquisas na érea e, posteriormente, investigacées sobre a interagdo entre pessoas, equipamentos e ambiente, Embora © foco inicial tenha sido ambientes de trabalho, a importancia da ergonomia foi gradualmente se tomnando reconhecida em outras dreas, como no projeto de produtos para consumidores (carros e computadores, pex). Em 1949, em um encontro de psicblogos e fisiologistas renomados, 0 termo ergonomia foi cunha- do, Mais tarde naquele ano, o mesmo grupo de cientistas formou a Ergonomics Research Society (ERS), que se tornou a primeira sociedade mundial de ergonomia. De acordo com Hendrick (1993), a evolugéo da ergonomia a partir da Segunda Guerra Mundial pode ser organizada em quatro fases, segundo a tecnologia enfocada. Veja mais detalhes no Quadro 1.2. rg Cee ae ara saber mais sobre Cee cf er eater capitulo 1» Introdugdo & ergonomi>> CURIOSIDADE 2 L ih gE5H5 3 ual peu : yn geste | THN’ i j a Ul i ie ibis il int f s Saxe 3 aed ae i i 2age8 Hl Ha ; HIE a Hn | ime | HDR at peste i au tt aT ba ‘ae a fis Hi sopSeonde o sowawepuny :enuovod3‘Quadro 1.2 > Fases da ergonomia segundo Hendrick (1993) ‘fase: Ergonomiade —_Teve inicio durante a 2* Guerra Mundial econcentrava-se noestudo das Hardware ou Tradicional _caracterstca fica do ser humano (capacidades e limites), primeira- ‘mente na rea militar é,em seguida,na rea civil, com 2nfase nas ques- ties fisioldgicase biomecdnicas do ambiente de trabalho e nainteragdo dos sistemas homem-méquina. ‘2sfaserErgonomiado —_—_—Trata das questbes ambientais naturais e artificial (ruido, vibragées, Meio Ambiente temperatura iluminaglo, aerodispersoides) queinterferem no trabalho. Fortaleceu-se em fungio do interesse em compreender melhor arelaglo ‘do ser humano com o meio ambiente, atualmente muito em voga em fungéo do conceito de sustentabilidade. 3*fase:Ergonomia de —_Trata do processamento de informacSes, que ecodiu com oadvento Software ou Cognitive da informstica a partir da década de 1980. Essa modalidade ¢foceda ra interface da interacSo entre ohomem ea méquina, ue deixa de ser ‘como na fase tradicional (antropométrica, biomecdnicaefisioligca):0 ‘operador ndo manuseia mais produto, mas comanda uma maquina _que opera sobre 0 produto, A tecnologia da informagso pass a ser uma ‘extensio do cérebro eas interfaces para operagdo dever levar em ‘conta fatores cognitivos para facta o comand, “4¥fase: Macroergono- _Visko mais ampla da ergonomia, que no mais se restringe 20 operador mia ‘esua interacSo com a mSquina,atividade e ambiente, mas também en- ‘loba 0 contexto organizacional,psicossacale politico de um sistema, Diferencia-se das anteriores por priorzar 0 processo participativo envol- vvendo administracao de recursos, trabalho em equipe, jornada e projet {de trabalho, cooperacio e rompimento de paradigms, o que garante in- tervengoes ergondmicas com melhores resultados, reduzindo o indice de «er05-€ gerando maior acetagio e colaboracSo por parte dos envolvidos. 'No Brasil, as pesquisas na érea so relativamente recentes. Embora haja registros de pesquisas rea- lizadas no século XIX, fol apenas a partir da década de 1970 que pesquisadores de vérias universi- dades brasileiras comecaram a introduzi a ergonomia no escopo de varias reas do conhecimento, sendo que o primeiro trabalho académico data de 1973 - Ergonomia: notas de classe, escrito por Itio lida e Henry A.J. Wierzbicki, Em 1983, surge @ Associagdo Brasileira de Ergonomia (ABERGO), uma entidade sem fins lucrati- 0s cujo objetivo é o estudo, a pratica ea divulgacéo das interacbes das pessoas com a tecnologia, a organizacio e o ambiente, considerando as suas necessidades, habilidades e limitagbes. Hoje, ‘nosso pais conta com indmeros profissionais diretamente relacionados & satide dos trabalhadores, ’ organizagéo do trabalho e aos projetos de equipamentos e produtos. >> Microergonomia versus macroergonomia ‘Como mostrado no Quadro 1.2, durante os anos 1980, 0 foco do projeto industrial era a otimizagso das interagées entre o homem e seus ambientes imediatos de atividade. Por seu escopo restrito, a ‘aco ergonémica era chamada de microergonomia. Br eT Cee eet ty ee ets eto)Sd eeencneer Pee ad en etd Det eee etd eer) Seo) ee, Peso Pris poetry Coad eet Td eld ae, Cet eer Peeters Det Ergonomia: fundamentes e aplicagées £m uma conjuntura micro, a ergonomia se preocupa com os meios peculiares a cada circunsténcia de trabalho, ou seja, 0 posto de trabalho em si, uma situaco espectfica, coma os niveis de ruido de determinado equipamento, de luminacio de um laboratério ou de ventilagdo de um setor. Segundo Diniz e Guimaraes (2001) as avaliagbes ergonémicas que acontecem em uma abordagem microergondmica, com énfase na adaptaciofisica do posto de trabalho, focam os problemas rela- cionados a0 ambiente e a manipulagio direcionados 's posturas adotadas pelo trabalhador,o que ‘com certeza deve fazer parte da a¢30 ergondmica, No entanto, ao ressatar unicamente aspectos isolados, como a adaptacio de teciados e monitores, por exemplo, e desconsiderar os fatos rela-
> O papel do ergonomista ea transdisciplinaridade da area (Os ergonomistas contribuem para o planejamento, 0 projeto e a avaliacao de tarefas, os postos de trabalho, 0s produtos, os ambientes e sistemas para torné-los compativels com asnecessidades, as habilidades e as limitagbes das pessoas. Suas atividades podem variar segundo a drea de atuacéo, como sade e seguranca, transporte, ambiente de trabalho, projeto de produtos, et. No entanto, as atividades séo sempre focadas em
» Investigar as habilidades fisicas e psicolégicase as limitagSes do corpo humano. >» Analisar como as pessoas utilizar os equipamentos e as méquinas. » Avaliar 05 riscos do ambiente de trabalho. » Avaliar os ambientes de trabalho e seus efeitos nos usuarios, > Utiliza 0 resultado dessa avaliacao para sugerir melhorias. > Projetar solugdes préticas para implementar essas melhorias.» Produzit um manual do usuario para garantit que novos sistemas e produtos sejam utilizados da forma correta. >» Produzir relatérios de achados e recomendagdes e compilar dados estatisticos. » Aplicar conhecimento especifico da fisiologia humana para otimizar o projeto de produtos, ‘como carros, mobilifrio organi le espacos de lazer e descanso. » Entrevistar individuos e observé-los em um tipo especifico de ambiente (de trabalho, de lazer ‘edescanso, etc) como parte do processo de pesquisa. » Conversar com todos os funciondrios da organizagdo para realizar a pesquisa. » Visitar uma ampla vatiedade de ambientes, como escritdrios fébricas, hospitals e plataforma de petréleo, a fim de estimar padrées de satide e seguranca ou para investigar acidentes no ambiente de trabalho, » Avisar,informar etreinar colegas e clientes. » Pesquisar sobre indistrias especificas e seus sistemas de producéo, Para realizar todas essas atividades, os ergonomistas devem ter um conhecimento avancado em diversos campos do conhecimento, como antropometria e biomecénica, anatomia e fisiologia hu- manas, psicologia, engenharia e qualquer outro campo que seja necessério & sua prética. Portanto, ‘aergonomia se trata de uma disciplina transdisciplinar. Mas por que no dizer que a ergonomia deve ser multidsciplinar ou interdisciplinar? Para resolver ‘essa questo, vamos as definigdes dos termos. ‘Multidisciplinaridade, Almeida Filho (2005) define multidisciplinaridade como um conjunto de disciplinas que trata, simultaneamente, de uma dada questo, sem que os profisionais implicados ‘estabelegam efetivas trocas entre si. Portanto, cada especialista emprega sua metodologia, com base em suas hipdteses e teorias, e 0 objeto em questéo é visto sob miltiplos pontos de vista, ‘numa justaposicéo de conhecimentos. Interdisciplinaridade. 0 prefixo inter, por si s6, marca a presenca de uma ago reciproca de ‘um elemento sobre o outro e vice-versa, Em uma equipe interdisciplinar,hé possibilidade de troca de instrumentos, técnicas, metodologia e esquemas conceituals entre as disciplinas. Dessa forma, trata-se de um dislogo que leva a0 enriquecimento e transformagéo das disciplinas envolvidas, Segundo Almeida Filho (2005), interdisciplinaridade implica na interacSo de diferentes disciplinas Gentificas sob a coordenago de uma delas. Transdisciplinaridade. A abordagem transdisciplinar busca resolver um problema do mundo real com base na experiéncia académica e no académica, articulando os conhecimentos a fim de propor solugées para o problema. Ou seja, transcende o ambito de cada disciplina e surge or meio de uma articulagdo que possibilita o surgimento de uma nova viséo da natureza e da realidade. AM ay Poet See rete recent ey eee et ie Peer) ee a re 6 | >> PARA REFLETIR ‘Aergonomia é uma tinica disciplina ou essencialmente transdisciplinar? A transdisciplinaridade pode oferecer uma nova oportunidade de entendermos por que a pratica profissional em ergonomia em um nivel macroétéo | bem-sucedida e por que os ergonomistas tem tanta dificuldade em definir adisciplina.Prd ferent eens pre td eer ty toad Cee anes oer re as Deena Ww Como podemos ver, tratam-se de métodos diferentes. Na multdisciplinaridade, vérias disciplinas ‘cooperam com um projeto, mas cada qual trabalhando um aspecto do objeto com o seu método. Na interdisciplinaridade, hd situacdes em que uma disciplina nova adota métodos de uma mais antiga. Na transdisciplinaridade, a tentativa é instaurar uma metodologia unificada. No tocante a ergonomia, os profissionais da rea devem deixar de contribuir da maneira multi ciplinar cléssica, cada um com sua contribui¢do segmentada, passando a interagir proativamente diante do problema a tratar. Segundo a Associacao Brasileira de Ergonomia (2004, p.11): {-Josproblemas da realidadelaboral no s8o exclusivos de quaisquer das disciplnas de suportee muito ‘menos admitem reducbes a estes olhares segmentados.O préprio objeto da ergonomia, a atvidade de trabalho, no é apenas fisiolégico, biomecBnico cogntivo ou organizacional, mas sintetiza todos esses, _aspectos face 20 problema que ¢ realizé-ia com eficiéncia, conforto e seguranca. O que significa dizer _que as solugies propostas devem ser examinadas por todos esses Bngulos, essa forma, 0s profissionais da érea devem priorizaro entendimento de todo o campo de ago da disciplina, tanto em seus aspectos fsicos e cognitivos quanto sociais, organizacionais, ambientais, etc. Vela no quadro a seguir algumas disciplinas que constituem a ciéncia ergonémica e suas con- tribuigoes. - >>_ EXEMPLO Para compreender melhor o conceito de transdisciplinaridade, utilizemos como exemplo um procedimento cirdrgico: do cirurgido a0 anestesista, do assistente ao instrumentador, em um dado momento, ninguém é mais importante do ‘que 0 outro, pois afalha de um pode significa 0 fracasso de toda a equipe. Entdo, nao hé um cirurgido auxiliado por ‘uma equipe, mas antes um ato cinirgico realizado por uma equipe (OLIVEIRA; VIDAL; BENCHEKROUN, 2000). Ergonomia: fundamentas e aplicagtes Quadro 1.3 » Algumas disciplinas que constituem a céncia ergondmica.e suas contribuigBes Discplina Contribuigéo para a ergonomia ‘Antropometriae biomecénica _Informagbes sobre as dimensbes€ 0s movimentos do corpo humana. ‘Anatomia efisologiaaplicads __Dados sobre aestruturae ofuncionamento do corpo humano, Paicologia ‘Dados sobre os pardmetros do comportamenta humano. Higiene industrial fica, estats- _Conhecimentoe estudo completo do sistema homem-méquina- ticaete -ambiente de trabalho, visando a uma melhor adequacdo do trabalho ao homem. Medicina do trabalho Prima pela qualidade de vida do trabalhador.De forma ampla, sua aplicacio esté drecionada 2 busca de solucées apropriadas ‘20s usuérios, sejam eles operadores de equipamentos ou profs sionals que permanecem por longos periodos digrios na mesma osigéo ou exercendo as mesmas atvidades labora.RR >> DICA Segundo Rasmussen (2000), a abordagem ergonémica transdisciplinar se justfica pelo avanco da tecnologia, uma vez que a sociedade vem se tornando cada vez mais dinémica e integrada com 0 uso extensivo da tecnolo- {gia da informagdo. Um efeito evidente dessa transformacio fol a diversificagdo do trabalho, Quando as rotinas ‘elementares séo automatizadas, o dominio do trabalho individual se amplia e as tarefas se deslocam para um nivel cognitiva superior. Aresolucéo de problemas, a improvisacao ecriatividade passam a ser ingredientes fun- -damentais do trabalho. Assim, hoje o ergonomista deve projetar sistemas que permitam aos usudrios formular ‘com liberdade sua abordagem para uma situacéo particular e selecionar o processo mental de acordo com as suas preferéncias individuals. O objetivo do projeto, portanto, ndo deve ser estabelecer procedimentos norma~ tivos para o trabalho, mas criar um conjunto de recursos com o qual o operador possa trabalhar em liberdade, sem perder 0 apoio do sistema, Em geral, a intervengéo do ergonomista ocorre mediante a elaboracao de um diagnéstico er- ‘gondmico do sistema de trabalho, que levanta problemas retrospectivos e prospectivas (veja 0 quadro a seguir ‘Quadro 1.8 » Alguns dos problemas retrospectivose prospectives levantados pelo ergonomista ‘segundo Vidal (20--?) Problemasretrospectives —_Patologias relacionadas ao trabalho Inadequacio dos ambientes ou postos de trabalho Ce ‘Técnicas de produsto, formagio ou inspecto defictrias ADR Dificuldade no uso ou manuselo de produtos, equipamento ou software an pee ay eee Peer ey Funcionament inadequado de produtos,equipamento ou software Problemas prospectives _Concepo de novos produtos, sistemas de produgso ou de novas ea = Cu Inovagéonos equipamentos:mobilia,maquiné,equipamentos € eee acessvios eon peer ey Senn ree ad eter See) a et eat Implantagso de novas tecnologias e/ou novos sistemas organizacionals ‘Apés a constataco da realidade, o ergonomista sugere altemativas, como reparos, elaboracéo de produtos que atendam as necessidades do piblico-alvo ou da populacSo analisada, adequacSo de instalagdes, implantagéo de novos sistemas de producéo, emprego de equipamentos e/ou meca- nismos que atuem a contento. Assim, surgem novas concepges e metodologias mais funcionais de trabalho, projetos de produtos, software e demais instrumentos de trabalho.Figura 14 _Ergonomistas se asseguram de que tarefas, profissbes, produtos, ambientes e sistemas sejam compativeis com as necessidades, habilidades e limitacoes das pessoas. Fonte:do autor. Uma pesquisa na literatura da érea revelaré que muitos autores consideram a ergonomia uma ciéncia, jé que gerado- rade conhecimento, enquanto outros a consideram uma tecnologia, por seu caréter prético, transformador. De qual- ‘quer forma, é necessério compreender que 0 profissional de ergonomia é, 20 mesmo tempo, um clentista no estudo da realidade laboral e um especialista em sua transformagao positiva. €, ainda, um conselheiro imprescindivel para ‘o projeto de produtos ede sistemas que serdo usados e manuseados pelo homem. Por essa perspectiva, ergonomia, antes de mais nada, é uma atitude profssional transdisciplinar que se agrega & pratica de uma profissdo definida, Ergoromia: fundamentos e aplicacbes >> Classificagoes ‘Como podemos ver, o escopo da disciplina é amplo e, segundo Vidal (20-7), hé diferentes maneiras. de se lidar com os problemas ergonémicos. Essas maneiras so classificadas: >» segundo a abordagem: ergonomia de produto ergonomia de producso; > segundo a perspectiva: ergonomia de concepso e ergonomia de intervencao; > segundo a finalidade: ergonomia de correco, ergonomia de enquadramento, ergonomia de temanejamento, ergonomia de modernizaco.>» Ergonomias de produto e de producao De forma simplificadora, a ergonomia de produto se refere 8s recomendacées ergonémicas para o projeto de um produto, enquanto a de producdo se refere as recomendagbes ergonémicas para o projeto de sistemas de trabalho. ‘Segundo Vidal (20-2), a aco ergonémica deve incorporar ambos os conceitas, pois o uso de um. produto/equipamento ocorre num espaca/ambiente/contexto, >> EXEMP ‘Como ilustragéo, utlizemos 0 cenério comum de um escritério qualquer (Figura 1.5). Figura 1.5 Cenériotipico de um escrtério. Fonte: GAPSY(Stock/Thnkstack. O conceito de mobilério ergonémico é disseminado, mas 0 projeto do mobiliério correto deve ser feito em tunissono com a andlise do ambiente de trabalho. No cenérioilustrado acima, por exemplo, dependendo da luz ‘do ambiente, talvez a luminéria no fosse necesséria, ou deveria estar posicionada em outro lugar. 6 o teclado ‘toma a digitagéo mais confortével, visto que o uso do teclado acoplado ao laptop provavelmente seria muito desconfortével, prejudicando a postura do usuério.red eee) Se erent ene Ergonomia: fundamentos e aplicagbes + >> PARA SABER MAIS >> Ergonomias de concep¢ao e de intervencado Essas classificagbes se relacionam ao momento em que ¢ feita a aco ergonémica: antes e durante © projeto de produtos (concep¢4o), ou para corrigir problema decorrente de produtos/ambientes existentes. ‘Segundo Vidal (20--?),a intervengdo de producéo é uma resposta a uma solicitagéo de um clientee no necessariamente implica mudancas fisicas: muitas vezes, ¢ preciso promover mudangas na ati- tude do usudrio. Nesse caso, o ergonomista deveré utilizar sua experiéncia para analisar 0 contexto de producao e propor solucées possiveis de implementar. J4 a ergonomia de concepgao possibilita projetar o ambiente de trabalho/produto com vistas a pre- vencao de problemas. Sua desvantagem é que, por mais bem-feitas que possam ser as simulagdes, dificilmente podem-se prever perfeitamente todas as influéncias e varidveis, que incluem, por exem- plo, os aspectos psicolégicos dos usuarios. Dessa forma, o ideal é que se projete o ambiente/produto (concepgao) e se facam as adaptacées necessarias conforme demanda do usuério (intervencao). Voc’ jé ouviu falar da ergonomia de conscientizacso? Ela esta diretamente relacionada & ergonomia de interven- ‘s40. Como vimos, esta nem sempre esté relacionada a mudangas fisicas: a acdo ergondmica pode detectar que o problema é a atitude do usuario. Nesse caso, deve-se buscar a conscientizacao do usuario, 0 que é conhecido como ‘ergonomia de conscientizagio e consiste em incentivar os individuos a utilizar o ambiente de trabalho da maneira mais saudavel possivel do ponto de vista ergondmico. Essa pratica ¢ importante nao apenas para a empresa, cujos funcionérios se sentirdo mais bem dispostos para.a execugSo de suas tarefas, como também para os préprios funcio- nidrios, que sentiréo menos cansaco durante e depois da realizado de suas tarefas. >> Ergonomias de correcao, de enquadramento, de remanejamento e de modernizagao ‘Segundo Vidal (20-2), agindo no produto ou na produso, na concep¢éo ou na intervenco, aergo- nomia pode ter basicamente quatro finalidades: Corres: promogéo de mudanga no ambiente/produto conforme demanda do usuério, feita a partir de uma andlise do problema, que geralmente decorre de algum erro de projeto ou execucdo. Pode ser feita no nivel fisico, como no mobilidrio, por exemplo, em rotinas e procedimentos, ou na organizagao e estrutura da empresa. Enquadramento: adocao de padrées para que o ambiente/produto esteja em conformidade ‘com alguma|ei ou com o regimento interno da empresa, ou mesmo seguindo algum programa de reestruturacao da organizacao. Remanejamento: ¢ similar a0 enquadramento, mas se trata do aproveitamento de mudangas para corrigir defeitos antigos. Modernizagéo: quando o remanejamento ocorre num contexto de mudanga na base técnica do proceso de producao. Tratam-se de mudancas muitas vezes disruptivas, como, por exemplo, a tro- ca de um software que permite gerenciar todo um processo de produco por outro. A ergonomia de modemizacéo, portanto, preocupa-se com a adaptacao do usuario a nova tecnologia.= is >> PARA REFLETIR \Vocé jé ouviu falar de tecnoestresse? O tecnoestresse é 0 estresse provocado por qualquer tipo de estimulo tecnolégico, ou seja, quando um individuo reage de forma estressada a tecnologias: vvezes exigem que ele se adapte de forma imediat iptivas, que muitas Otero também ¢ utilizado para indicaro uso excessivo(e, ortanto, prejudicial) de tecnologias. Os aparelhos tecnoestressores mais comuns no cotidiano das pessoas so
> Dominios de especializagao da ergonomia De acordo com a Intemational Ergonomics Association (2013), atualmente a ergonomia conta com trés grandes ramos de atuac3o: a ergonomia fisica, a ergonomia cognitiva e a ergonomia orga- nizacional, com aplicagdes que visam proporcionar ao homem melhores condigSes de trabalho, assegurando sua satide, saisfacéo, seguranca e efciéncia no desempenho das atividades. >> Ergonomia fisica ‘A.ergonomia fsica se ocupa da andlise das caracteristicas da anatomia, antropometrifisiologia e biomecdnica humanas em sua relacio com a atividadefisica. Os tépicos relevantes incluem oestu- do da postura no ambiente de trabalho, do manuseio de ferramentas, de movimentos repetitivos, de distirbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, do projeto de postos de trabalho e seguranca e saiide de usurios. De acordo com Vidal (20-2), 0 sistema esquelético confere a0 corpo suas dimensdes antropo- métricas (estatura, comprimento dos membros, capacidade de movimento, alcances minimos maximos). Obviamente, é de suma importincia que o posto de trabalho esteja de acordo com as ddimensées antropomeétricas, daa essencialidade da antropometria para a ergonomia (saiba mais, sobre antropometria no préximo capitulo). Segundo o autor, a inadequagao antropométrica causa © desequilibrio postural e, consequentemente, les6es por esforcos repetitivos (LER) e distirbios ‘osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Para realizar suas atividades de trabalho, o individuo realiza trabalho muscular - estético, como ‘segurar um peso com o braco esticado; dindmico, como gitar uma roda. Um processo biolégico fundamental para realizacio de trabalho muscular éa ingestdo de nutrientesna forma de comida ‘e bebida para converter a energia quimica em energia mecinica e calor. Dessa forma, além de es- tarem adequadas ds capacidades elimitacées esqueléticas e musculares do homer, as atividades de trabalho devem respeitar 0 metabolismo humano, pois requerem liberac3o de calor e energia mecainica,e isso consiste a importéncia da fistologla humana para a ergonomia, eae) Peete een eid) i) enero ety poreot eee y] ceceety eed eer erent bem-estar fsa, alle poet) att eet tear Ergonomia: fundamentos ¢ aplicagses Figura 1.6 Os sistemas esquelético e muscular conferem ao corpo suas dimensbes antropométricas. Fonte: LindaMavie8/Stack Thinkstock. Vidal (20-7) ainda afirma que esse organismo musculoesquelético e dotado de um sistema de transformacéo de energia interage com o ambiente onde se encontra, reagindo a temperaturas, iluminagéo ou ruidos no ideais. Nisso consiste a importancia da ergonomia ambiental, também chamada de ergonomia do ambiente construido, que trata das questdes ambientais naturals e art- ficials (ruido, vibragoes, temperatura, iluminacgo, etc) que interferem no trabalho. Com 0 intuito de viabilizar uma postura corporal que acarrete o menor desgaste musculoesque- lético possivel, estuda-se constantemente a possiblidade de obter melhorias nas posturas mais frequentes nos ambientes de trabalho, Nesse contexto, uma das prioridades da ergonomia é a pro- mogio do conforto no trabalho. © Quadro 1.4 mostra apenas algumas das diversas formas de manifestagao de desconforto que
Algumas das formas de manifestacao que promovem o desconforto no trabalho Tipo de desconforto Formas de manifestacio limatico CCondigbes do tempo, da temperatura eda circulagdo doar Visual ‘CondigBes da viséo, como initagoe falta de descanso Sonoro Nivels de rudo, de masica ede voz Comporal Situacdo dos masculos e articulagies ‘Audltivo Ruido do ambiente e velocidade do vento Otfativo Odorese sua intensidede Respiratério Nivels de poluigéo e umidade do ar‘s80e sSo dispenséveis para mensurar a qualidade de vida do ser humano em seus momentos de lazer, essencialmente, em ambientes de trabalho. No capitulo a seguir, estudaremos a ergonomia fisica em mais detalhes, abordando ainda proble- mas decorrentes da no aplicacao dos principios antropométrcs, fisiol6gicos e biomecdnicos no Projeto e correcio de ambientes e produtos/equipamentos. >> Ergonomia cognitiva ‘Aergonomia cognitiva, ou engenharia psicolégica, ocupa-se da andlise dos processos mentais, como percepcéo, memsria, raciocinio e resposta motora conforme afetam as interacbes entre seres humanos ‘outros elementos de um sistema. Os tépicos relevantes incluem o estudo da carga de trabalho men- tal, tomada de decisdo, desempenho especializado, intera¢do humano-computador, estresse ocupa- ional e treinamento conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres humanos e sistemas. AGéncia da cognigao € essencialmente multidisciplinar. Relaciona-se as pesquisas dos processos cognitivos e abrange a psicologia cognitiva, a neurociéncia, a linguistica, a lagica e as ciéncias da ‘computaco, sendo um ramo impregnado de varias abordagens e métodos (MOURA; CORREA, 1997). No campo ocupacional, abrange as aces mentais de atenco, cognigo ou conhecimenta, Percepcao, armazenamento e recuperacdo de meméria e ao controle da motricidade. ‘Segundo Marmaras e Kontogiannis (2001), o objetivo da ergonomia cognitiva é tomar as soludes ‘tecnoldgicas compativeis as caracteristicas e necessidades dos usuarios. Assim: >» Considera as naturezas cognitivas e fisiolégicas nas quais houve registros de erros e falhas hu- manas e suas condigées. >» Estima as capacidades e limitagbes humanas, buscando emitir um diagnéstico da origem do problema. Dessa forma, é presumivel restaurar os artificios de obtengo, processamentoe re- ‘cuperaco de informacdes. Figura 1.7 _Aergonomia cognitiva se ocupa da andlise dos processos mentals direta ou indiretamente implicados na atividade laboral Fonte Viadysiav Makarow/Hemera/Thinkstock. feet rato ete De 2 5 8 $ zg ¥ 3 2Ergonomia: fundamentos e aplicagées >» Tratada forma como esses fatores atuam na interago entre o individuo com suas capacidades elimitagdes e 0 ambiente, as imputagdes € 0s equipamentos. » Analisa a carga mental de trabalho, a tomada de decisdo, a atuacdo especiaizada, os niveis de estresse e fadiga.. » Observa a relagio desses fatores com os projetos, abrangendo o ser humano e os sistemas ‘empregados na corporagéo. Abrantes (2011) cita como marco da ergonomia cognitiva o término da Segunda Guerra Mundial, ‘em 1945, Naquela ocasigo, houve um significativo avanco tecnolégico, exigindo, nos sistemas de produgio, um maior intercmbio cognitivo entre homem e méquina. Um exemplo disso foi o em- prego de mostradores e painéis, levando & percepgéo de qualidades como a velocidade na toma- dda de deciséo. Segundo o autor, no final da década de 1980, com o avango da informatizacéo da produgio, a procura organizacional por profissionais com maior nivel de escolaridade e formacso interdisciplinar aumentou. Passou-se, entao, a buscar trabalhadores com caracteristicas de pr6- -atividade, espitito de lideranga, empreendedorismo, aptos & tomada de decisées sem aguardar as (iS ‘ordens de um superior. >> PARA REFLETIR ‘Antigamente,o trabalho era visto como uma atividade essencialmente fisica, com pouca ou nenhuma participacéo intelectual daqueles que atuavam no cho de fébrica. Daf decorte o termo “mo de obra’: considerava-se que os ‘rabalhadores utilizavam suas mos, no sua cognicéo. Como avango da tecnologia, o trabalho que exigia do traba- thador apenas forga fisca foi diminuindo, abrindo espaco para o trabalho intelectual. Durante a década de 1980, 0 psicélogo americano Howard Gardner apresentou ao mundo sua teoria das inteligén- ‘clas maltiplas, que contribuiu efetivamente para a adogo dos projetos ergonémicos. Segundo o autor, todo ser humano é dotado de miltiplas inteligéncias, sendo algumas mais fortes do que outras, ou seja, cada pessoa tem mais ou menos facilidade de executar determinadas tarefas. Quando um trabalhador é obrigado a executar uma tarefa que exige uma habilidade da qual no dispée, ele se estressa, ou seja, 0 trabalho nao esté sendo adaptado 2a ele, trazendo-the uma série de consequéncas,tipicas das condigdes de estresse. 0 estado emocional que resulta da discrepancia entre o nivel de demanda e a habilidade do trabalhador em lidar com a questdo define o estresse ‘ecupacional. £, portanto, um fendmeno subjetivo, que existe no reconhecimento das pessoas a respeito da sua ina- bilidade de lidar com as demandas das situac6es de trabalho. Discuta com seu colega a relagio entre os termos tecnoestresse e estresse ocupacional, citando tipos de estresse ‘ocupacional que no tenham ligagso com o uso da tecnologia, Segundo Kroemer e Grandjean (2005), as atividades mentais que s8o importantes na ergonomia induem: » Captagio da informacio » Meméria » Manutengio do estado de alerta As atividades mentais dependem do suprimento da informacio e do uso da meméria de curta e longa duraco para a tomada de decisbes. O projeto ergondmico adequado de sistemas de traba- tho evita sobrecargas mentais, inclusive a perda ou falsa interpretagdo de sinas, efailita as ages corretas e répidas.>> Ergonomia organizacional A otimizacao de sistemas sociais e técnicos, as politicas estratégicas empresariais e os processos industriais adotados nas organizacées so abordados pela ergonomia organizacional, que trata da comunicagao entre os profissionais da organiza¢io, dos projetos de trabalho e da programacdo do trabalho em grupo. Além disso, a ergonomia organizacional abarca o projeto participativo, 0 trabalho cooperativo, a cultura organizacional, a gestdo da qualidade e as organizacdes em rede. 2 o a as & cy fb tft Ge Gt Figura 1.8 Toda atividade de trabalho ocorre no ambito de uma organizacso, exigindo do trabalhador habilidades de comunicagSo interpessoal e com os mais variados processos e sistemas. Fonte Kanate/Stock/Tinkstock. ‘Um ponto-chave da ergonomia organizacional é diagnosticar como 0s rabalhadores avaliam 0 seu ambiente de trabalho. Captar,tratare analisar as representacdes que os individuos fazem de seu contexto de trabalho pode ser um diferencial, em certa medida um requisito central, para a adogo cde mudancas que visem promover o bem-estar no trabalho, aeficiéncia e a eficdcia dos processos produtivos. Ainda, é uma maneira eficaz de entender araiz de problemas ergonémicos, que muitas vezes estio relacionados a cultura organizacional. ferred Drie ce eer eta pees capitulo 1» Introdugi 8 ergenomia+ >> PARA SABER MAIS Segundo Siqueira (2008), 0 interesse pelo estudo da cultura organizacional ganhou forga nos anos de 1980, motivado ‘em grande parte pelo excelente desempenho das empresas japonesas da épocaee pela crenga de que oenvolvimento dos trabalhadores com os valores e a filosofia dessas organizagSes era o principal fator responsdvel por seu sucesso. ‘idea que passou a prevalecer,entio, foi a de que as empresas deviam langar mio de diferentes estratégias para in- ‘culcar nos individuos suas prioridades bésicas, na medida em que, quanto mais forte fosse sua cultura isto é, quanto mals eles compartilhassem essas prioridades, malores seriam as possibllidades de elas obterem um bom desempe- ‘iho econdmico-financeiro, De eon ew Ce ce Ergonomia: fundamentos e aplicagbes ery) ee ert Uma premissa da andlise ergonémica organizacional é a compreensio de que o comportamento © 0 desempenho dos funcionérios dependem de quanto a situaco favorece ou interfere nos ob- Jetivos de suas tarefas. Ou seja, embora cada um tenha sua propria personalidade (e suas singula- ridades devem ser reconhecidas e respeitadas pelo ergonomista), no agem da mesma maneira em todas as situagbes; na pratica, esse pensamento seria considerado anormal, porque indica uma Insensibilidade das pessoas as normas socials, sistemas de recompensa e outras condicbes exter- nas. O comportamento das pessoas varia de acordo com a situago, mesmo que o comportamento esteja em desacordo com a sua personalidade. Assim, & de suma importancia que, se vidvel, seja feito um acompanhamento do dia a dia dos funcionérios, ou seja, que sejam acompanhados em situacdes reais de interacdes interpessoals e humano-méquina, >> Atividades 1. Descreva, com suas palavras, o que é ergonomia e quais s8o seus objetivos. 2. Desde que foi cunhado, o conceito de ergonomia mudou? Por qué? 3. Oque é Taylorismoe qual é sua relacdo com a ergonomia? 4, De forma nao intencional, o homem pré-histérico aplicava alguns principios ergonémicos ‘20 construir objetos para cacare se alimentar. Pesquise na internet exemplos de ferramentas
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