Queixa-Crime - Caso 3 Leonor
Queixa-Crime - Caso 3 Leonor
Queixa-Crime - Caso 3 Leonor
QUEIXA-CRIME
contra Pedro, brasileiro, estado civil xxxx, profissão xxxx, inscrito no CPF nº
XXX.XXX.XXX-XX, portador da carteira de identidade RG nº XX.XXX.XXX-X,
residente e domiciliado na Rua Xxxx, nº X, pela prática dos crimes de difamação e
injúria em concurso formal de acordo com o previsto nos artigos 70; 139; 140 e 141,
III todos do Código Penal.
I – DOS FATOS
Em certo dia, Leonor, ora denominada querelante, decidiu juntamente com seu marido
Patrick e outras duas amigas de faculdade, Nilma e Vania, se encontrarem em um bar
localizado na Vila Madalena para comemoração de uma década de formados.
Ocorre que, durante as comemorações no bar, Pedro, ora denominado querelado, que
também estava no local dirigiu-se à mesa dos mencionados anteriormente e passou a
realizar as seguintes afirmações: “Leonor, sua vadia! Você não vale nada. Já na época da
Faculdade, você se encontrava comigo todas as noites para transarmos, mesmo você
sendo noiva do Patrick”.
Com a referida conduta, o querelado mediante uma única ação causou lesão tanto à honra
objetiva quando a honra subjetiva da querelante, incorrendo nas figuras típicas previstas
nos artigos 139 e 140 do Código Penal.
II- DO DIREITO
Verifica-se que as colocações fáticas feitas pelo querelante tendem a atribuir ao querelado
a ocorrência dos crimes de difamação (art. 139) e de injúria (art. 140). As penas máximas
abstratas cominadas a esses delitos correspondem, respectivamente, a 01(um) ano e (06)
meses. Dessa forma, mesmo que aplicando-se as penas cumulativamente, além da
majoração de 1/3 prevista no inciso III do artigo 140, não fará com que a pena aplicada
ultrapasse o limite de 2 (dois) anos para o processamento do caso perante o rito do Juizado
Especial Criminal desta comarca. Vejamos:
De acordo com o artigo 139 do Código Penal, difamar alguém consiste em imputar-lhe
fato ofensivo à sua reputação e sujeita o agente a uma pena de detenção de três meses a
um ano, além da multa, vejamos:
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena
- detenção, de três meses a um ano, e multa.
Com efeito, constitui o crime de difamação a imputação de um fato que seja ofensivo à
honra objetiva da vítima, ou seja, além do dolo genérico, os crimes contra a honra exigem
o “elemento subjetivo especial do tipo consubstanciado no propósito de ofender a
honra da vítima”. (STJ, AgRg no HC 691.897 – DF, Min Rel. Olindo de Menezes
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região), 6ª Turma, DJ 17.05.2022; DJe
26.05.2022).
Neste tipo penal, diferentemente do que ocorre nos outros delitos contra à honra, aqui
não ocorre a imputação de um fato desonroso à vítima, mas sim, a sua dignidade é
ofendida no momento em que se atacam as qualidades morais da pessoa1. De acordo
com Cleber Masson “basta a atribuição de qualidade negativa, prescindindo-se da
imputação de fato determinado”2.
Por fim, cabe conceituar a definição de concurso formal de crimes que é muito bem
explicitada pelo nosso diploma punitivo (art. 70) em que o agente estará sujeito a um
aumento de pena de 1/6 a 1/2 quando mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não (concurso formal próprio ou perfeito). Porém, aplicar-seão
as penas de maneira cumulativa se a ação ou omissão for dolosa e os crimes concorrentes
resultarem de desígnios autônomos, que basicamente consiste na vontade do agente em
realizar mais de um crime (concurso formal impróprio ou imperfeito).
1
MASSON, Cleber. Direito Penal – Parte Especial, vol. 2. 11ª ed – Rio de Janeiro : Forense, São Paulo,
2018, p. 216. 2 Idem.
a sua caracterização, ou seja, o chamado dolo específico, não se podendo, por isso, negar
que tenham ocorrido desígnios autônomos”2. Com isso, tratando-se de concurso formal
imperfeito, dever-se-á aplicar-se cumulativamente as penas dos delitos, nos termos da
segunda parte do caput do art. 70 do CP.
2
TJ-MG, Apelação Criminal nº 0125561-25.2002.8.13.0261, Des. Rel. Walter Pinto da Rocha, 4ª Câmara
Criminal, DJ 20.09.2006; DJe 03.10.2006.
Nestes termos,
Pede deferimento
NOME
OAB/XX XXXXXX
ROL DE TESTEMUNHAS:
1. Nilma, residida e domiciliada na Rua xxx, nº X, portadadora da Cédula de
Identidade RG nº XX.XXX.XXX-X, inscrita no CPF nº XXX.XXX.XXX-XX,
endereço eletrônico nilma@hotmail.com;
2. Vânia residida e domiciliada na Rua xxx, nº X, portadadora da Cédula de
Identidade RG nº XX.XXX.XXX-X, inscrita no CPF nº XXX.XXX.XXX-XX,
endereço eletrônico vania@hotmail.com ;