Gestão Democrática Na e Da Educação - Concepções e Vivências
Gestão Democrática Na e Da Educação - Concepções e Vivências
Gestão Democrática Na e Da Educação - Concepções e Vivências
DEMOCRÁTICA:
concepções e vivências
Inclui referências.
Inclui quadros
CDU 371.214(816.5)
ISBN 85-7025-862-3
GESTÃO DEMOCRÁTICA NA E DA EDUCAÇÃO:
CONCEPÇÕES E VIVÊNCIAS
Isabel Letícia Pedroso de Medeiros
Maria Beatriz Luce
1
A vertente liberal, surgida no séc. XVIII com o advento da Modernidade, foi sustentada pelo pensamento de,
entre outros, Alexis Torcqueville e, mais recentemente, Francis Fukuyama. Karl Marx e Engels (e antes deles,
em certa medida, Rousseau) foram expoentes da vertente socialista.
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execução das deliberações; nos momentos de avaliação. Esses processos devem garantir
e mobilizar a presença dos diferentes atores envolvidos nesse campo, no que se refere
aos sistemas, de um modo geral, e nas unidades de ensino – as escolas e universidades.
Já a democratização da educação está mais associada à democratização do acesso
e a estratégias globais que garantam a continuidade dos estudos, tendo como horizonte
a universalização do ensino para toda a população, bem como o debate sobre a
qualidade social2 dessa educação universalizada. Estas são questões de base, que muitas
vezes originaram a luta pela gestão democrática, ainda que colocadas como “pano de
fundo”, enquanto elementos decorrentes ou associados à descentralização do poder
deliberativo na gestão educacional.
Participação e descentralização estão presentes hoje em praticamente todos os
discursos da reforma educacional no que se refere a gestão, constituindo um “novo
senso comum”. Demonstram o reconhecimento da implicação da educação na
democratização e na regulação da sociedade mais ampla, “fé” no desenvolvimento das
nações via educação e a necessidade de uma nova abordagem no planejamento das
condições de ensino e do currículo escolar. Assim, quer se trate da diversidade do
cenário social e de sua presença na escola, ou mesmo da necessidade do Estado
sobrecarregado (Barroso, 2000) de “aliviar-se” de suas responsabilidades, transferindo
poderes e funções para o nível local, descentralização e desburocratização dos processos
administrativos são propostas em voga.
Em uma leitura superficial, as diversas proposições de gestão democrática, ou
mesmo de descentralização da gestão, podem parecer idênticas ou muito similares.
Mas devemos ter o cuidado de examinar a fundo cada proposta de gestão democrática
da ou na educação, pois sob as aparências há diferenças e antagonismos matizados
por interesses e concepções políticas ou até locais e particulares.
Para esse “consenso geral” contribuíram tanto os processos de globalização,
que impõem novos padrões econômicos e sociais para todas as nações, como a
organização dos movimentos populares pela democracia, pela igualdade e pela
inclusão, respeito, reconhecimento e acolhimento da diversidade social. Em função
do novo padrão de acumulação do capitalismo, que desencadeou uma profunda
reestruturação produtiva em nível mundial, determinando novas formas de relação
entre Estado e sociedade, o campo da educação também foi recoberto com a idéia
de qualidade com menor custo e maior flexibilidade (Kuenzer, 2000).
2
Conceito que se contrapõe à qualidade total, medida por padrões de adequação ao mercado, buscando
padrões que se coadunem com os interesses da maioria da população (Machado, 1999).
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REFERÊNCIAS
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