12 Tópicos Especiais em Neuropsicopedagogia 1
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Sumário
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NOSSA HISTÓRIA
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NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
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As experiências pelas quais passamos em nossas vidas são informações
que chegam ao sistema nervoso central na forma de estímulos sensoriais. O
encéfalo processa essas informações procurando compará-las com outras que
foram previamente guardadas, reconhecendo-as ou não. Esse mecanismo não
envolve apenas os aspectos físicos dessa informação (cor, forma, tamanho),
mas também as relacionando com os aspectos diretamente ligados aos
sentimentos e emoções. Após seu processamento, um conjunto de sensações é
memorizado com a informação recebida que pode ser agradável ou não.
Lembra-se da criança e da gaveta de facas exemplificada na unidade inicial
desse material? Se cortarmos a mão na gaveta de facas, aprenderemos o que
ela gera, normalmente dor, ou para que serve aquele objeto.
Vamos então supor que a mente pudesse ser, como se diz, um papel em
branco sem quaisquer letras, sem quaisquer ideias. Como então ela poderia ser
mobiliada? De onde vêm todos os materiais da razão e do pensamento? Para
isso, eu respondo em uma palavra: Experiência. Experiência que fundamenta
todo nosso conhecimento e, a partir dela, em última análise, ele se origina.
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comandos, risque com uma caneta ou amasse esse papel. Teria como deixá-lo
como antes? Impossível. Pois bem, nosso cérebro, quando nascemos, é uma
folha em branco. Devemos por meio de vários estímulos, marcar de forma
positiva a cabeça desses indivíduos e posso afirmar a todos aqui que sempre
deixamos nossa marca, para alguns, ela é muito forte e, para outros, ela
influencia alguma coisa, mesmo que seja como um risco fininho na cabecinha
desses que estão aprendendo. Se ainda não ficou claro, reflita: se falar um
palavrão. Certamente a criança rapidamente irá gravar, não é? As coisas boas
também podem ser gravadas, é você quem deve ser um dos mediadores disso.
Nosso cérebro ignora 99% das informações que chegam até ele. Nossas
percepções diferem-se qualitativamente das propriedades físicas dos estímulos,
visto que o sistema nervoso extrai somente determinadas partes da informação
de cada estímulo, enquanto ignora outras, e assim interpreta está informação no
contexto das estruturas encefálicas e das experiências prévias. Dessa forma,
recebemos ondas eletromagnéticas de diferentes frequências, mas as
percebemos como as cores vermelho, azul e verde. Recebemos ondas de
pressão dos objetos vibrando em diferentes frequências, mas ouvimos sons,
palavras e músicas. Cores, sons, sabores e odores são criações mentais
construídas pelo encéfalo a partir da experiência sensória. Elas não existem,
como tal, fora do encéfalo.
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Agora que voltou sua atenção para isso, certamente. Você percebe a pressão
que seu glúteo exerce sobre a cadeira? Agora, certamente, pois voltou sua
atenção para isso. É claro que quando viajamos durante horas na posição
sentada, iremos perceber essa pressão, mas que quero mostrar a você é que
nosso cérebro escolhe e ordena aquilo que é mais importante em dado momento
de nosso cotidiano, assim ele descarta muitos estímulos sensoriais que chegam
a ele, com o intuito de priorizar tudo que julga ser mais importante naquele
momento, agora, por exemplo, a leitura desse texto.
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conhecimento ótima sobre o cérebro. Então partiremos de questões gerais que
servirão de base para um aprofundamento maior.
Todos somos únicos, correto? Pelo menos aos olhos de nossos pais
somos perfeitos, brincadeira pessoal. Falamos há pouco que, devido a nossa
experiência de vida, e àquilo que percebemos do meio que nos rodeia, redes
neuronais serão moldadas e firmadas e isso dependerá da história de cada um.
Alguns crescem em metrópoles gigantescas, outros brincaram muito quando
crianças, subindo em árvores, jogando pedras etc., parece pouco, mas
acreditem, nos dias de hoje a falta de segurança e as condições sociais fazem
que a nova geração tenha um repertório motor limitado, o que torna a subir em
árvore ou jogar uma pedra atividades complexas. Pois bem, se nascemos e
crescemos em lugares diferentes, nosso cérebro é moldado de uma forma
diferente. Isso ocorre até mesmo para irmãos gêmeos que foram criados na
mesma casa e educados pelos mesmos pais e professores, eles podem ser
diferentes, pois as motivações e influências ambientais os marcaram
diferentemente, ou seja, o cérebro é sempre igual para meninos e meninas do
ponto de vista de uma estrutura anatômica, físico-química, mas somos
diferentes, pois temos redes neuronais que nos tornam únicos.
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5. Inteligência Corporal Cinestésica: capacidade de resolver
problemas ou elaborar produtos utilizando o corpo (Dançarinos, Atletas, artistas,
etc.); Localização: hemisfério esquerdo do cérebro.
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terá grande possibilidade de conduzir o aluno a uma situação de não
aprendizagem. Posto isso, os conhecimentos relacionados a esse magnífico
órgão, devem ser esclarecedores para os profissionais que trabalham com a
educação, uma vez que devem ser o alicerce na elaboração de métodos durante
todo processo de ensino-aprendizagem.
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educar a atenção tão importante no processo de aprendizagem. Outro exemplo
poderia ser o de desenhar, processo que antecede a alfabetização, ou em outras
palavras, já faz parte da alfabetização. Então não precisamos “forçar” a criança,
não há necessidade de saber escrever aos 3 anos, isso acontecerá
naturalmente. Lembre-se que o cérebro tem tempo para amadurecer. Escola boa
não é aquela que alfabetiza mais rápido, mas sim aquela que desenvolve a
criança no tempo correto e leva em consideração as fases de amadurecimento
neural e motor. Quem dera os pais pudessem ler isso, não é?!
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O professor depende dessa capacidade em promover experiências ou de
formar novas memórias (pelos órgãos dos sentidos) para garantir que o conteúdo
escolhido se efetive em conhecimento.
A Leitura
Como você sabe que cadeira é cadeira, ou mesa é uma mesa? Porque
aprendi. Correto, mas poderia a palavra cadeira ser imaginada como uma mesa
ou um ventilador? Nesse momento, não, pois alguém nos ensinou o significado
de cada um dos objetos. Por exemplo, ao ler a palavra fogueira, uma imagem
relacionada à fogueira apareceu na sua cabeça. Alguém, algum dia, te ensinou
isso. Pois bem. Já perceberam uma criança em processo de aprendizagem por
volta dos 2 anos? Passa na televisão uma imagem de um cavalo e a criança
aprende a chama -ló de “cabalo”, depois passa um cachorro, e a criança o chama
de “cabalo”, depois um gato, o qual é também chamado de “cabalo”, ou seja, ela
associa um animal que fica sob quatro patas a “cabalo”. Lentamente começamos
a intervir e ensinar nome de todos os animais e também lentamente a criança
aprende e assimila essa informação na memória.
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Emoção
Mas pergunto a você: será que o currículo escolar está restrito apenas à
escrita, leitura e aritmética? Onde devemos treinar ou ensinar apenas parte do
potencial individual do ponto de vista cerebral? Ou o sistema educacional tem
problemas em formar alguns talentos?
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Como visto anteriormente, nosso cérebro trabalha integralmente, e
poderíamos, quem sabe, trabalhar com a ideia de propor a reprodução de
desenhos partindo de uma cópia em que o desenho base estaria de cabeça para
baixo. Segundo a professora de arte da Califórnia Betty Edwards, citada por
Relvas (2010, p. 114), esse método permitiria uma maior utilização do hemisfério
direito do cérebro, havendo uma participação bem menor do hemisfério
esquerdo, aquele dito que trabalha sempre quando os aspectos cognitivos estão
mais evidentes. O problema é que reproduzir um desenho não deixa de ser um
ato cognitivo, e o lado esquerdo do cérebro, por ser analítico e verbal,
classificaria a figura e a cena antes de iniciar a cópia (detalhamento). A diferença
é que, segundo a Edwards, esse método de virar desenho de ponta cabeça
deixaria a transcrição muito difícil, permitindo assim uma maior atuação do
hemisfério direito, principalmente nas noções de posição, dimensionalidade e
orientação.
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ritmos de desenvolvimento na infância e na adolescência. A autora citada no
parágrafo anterior também ressalta que professoras normalmente preferem
alunos indisciplinados, desconsiderando o sexo, e se incomodam mais com
alunos totalmente dependentes. Argumentam que mais vale um indisciplinado
com boas notas e ótimo rendimento em sala, do que um que vai mal nas notas
e com baixo poder de concentração.
Atenção
Para que possamos aprender algo, devemos estar com nossa atenção
voltada para aquele momento, objetivo ou situação. A aprendizagem depende
da intensidade da atenção, sendo assim, é fundamental que esta seja educada.
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externos e internos que facilitam ou dificultam a atenção. Cada um aprende de
um jeito, estudamos de maneiras diferentes, correto? Na verdade, temos
capacidades diferentes de manter nosso foco, nossa atenção. Alguns são
facilmente distraídos por sons externos que dificultam a leitura, por exemplo,
outros, ao estudar para uma prova, necessitam de uma televisão ou rádio
ligados. Tudo isso é treinado.
Caro(a) colega, apenas cuide para não rotular um indivíduo que não
segue um padrão aceitável dizendo que aquele aluno tem Síndrome de Déficit
de Atenção, Hiperatividade etc.
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contrário, a probabilidade de nossas intervenções não surtirem efeitos, ou pelo
menos não de forma tão satisfatória, é grande.
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lentamente a criança irá nomear e apontar os objetos. O período entre os 2 e 4
anos, ocorre muito lentamente, nele se dá o desenvolvimento da fala (muito rica
por sinal), no qual a criança aprende a significação de inúmeros objetos. Após
os 4 anos, há um outro surto importante, como a fluência da linguagem, tanto
para entendimento quanto para a fala.
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uma mão menor, pé menor, cabeça, tronco de todas as outras estruturas
corporais menores, assim o cérebro ainda imagina um indivíduo, por exemplo,
com 1,50m de altura quando na verdade já se tem 1,62m. Certamente a
percepção ainda defasada e que logo será percebida pelo cérebro acaba
ocasionando quedas constantes, derrubam e quebram copos, pratos etc. Talvez
pela necessidade de o cérebro perceber como está no espaço, esse novo corpo
que cresceu, e aprender sua nova posição, que adolescentes ficam tanto tempo
na frente do espelho. Nesse primeiro momento da adolescência, por volta de 13
e 15 anos, existe uma diferenciação bastante grande em relação àqueles alunos
com idades escolares menores, em que os adolescentes já não aceitam mais
sequer com as “crianças mais novas” uma vez que já são bem “crescidinhas”,
possuem pensamentos abstratos e refletem sobre seus processos cognitivos.
Algumas mudanças profundas no córtex pré-frontal ocorrerão e já terão nessa
idade a capacidade de controlar conscientemente seus pensamentos. Existe
também nessa fase da evolução humana, do ponto de vista cerebral, uma rápida
formação de novas sinapses em outras partes do cérebro, áreas que ainda
necessitam de um melhor amadurecimento, esse excesso de sinapses é similar
àquela que tínhamos no início da vida, em que éramos responsáveis por
fortalecê-las aprimorando o processo de ensino-aprendizagem. Aqui cabe
lembrá-lo(a) da importância de se fortalecer as sinapses da melhor maneira
possível, assim como em um bebê, em que devemos estimular positivamente
com o máximo de intensidade esse cérebro que está se reformulando.
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que tinham até esse momento. Ainda é nossa responsabilidade auxiliá-los para
que façam as melhores escolhas, pois estão em um momento que não só
querem, mas, precisam experimentar novas situações e aí que mora o perigo,
sem nossa interferência positiva. Veja bem, não é proibindo e trancando dentro
de casa ou amarrando em uma cadeira, mas sim, dialogando e permitindo que
dúvidas boas fiquem na sua cabeça, que consigam diferenciar o certo do errado,
pois como já não querem mais estar com você 24 horas por dia, virá a
necessidade de se incluir em um grupo social, terão a necessidade de ser
testados e é aí que mora o perigo, o mundo das drogas, da sexualidade, das
vivências perigosas. Por isso, defendo que não é amarrá-los, mas sim dialogar
e fazer com que aprendam a diferenciar o que irá gerar interesses, que mudará
as marcas cerebrais, mas sem riscos à saúde ou à integridade física dos
adolescentes e de todos ao seu entorno. Fiquem tranquilos, eles ainda te amam
e respeitam, apenas precisam de espaço para começar a viver e aprender com
suas próprias pernas, mas como sabemos que eles ainda não estão prontos para
isso (algumas mães e pais jamais estarão) devemos sim interferir da melhor
maneira nessa evolução desses indivíduos.
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pela condição de conseguir pensar ou se colocar no lugar do próximo e antecipar
o que os demais sentirão em virtude dos seus atos. Voltamos ao carro, dirigiu
em alta velocidade, colidiu com o veículo e matou algumas pessoas. A noção de
consequência não deve ser apenas “nossa que besteira que fiz, matei algumas
pessoas”, mas sim, pensar “matei pessoas inocentes e estou fazendo os
familiares sobreviventes sofrerem muito, que besteira que fiz”, isso leva tempo
para ser alcançado. Isso vem com a maturidade: “se eu tivesse escutado mais
meus pais e professores, certamente teria tido uma vida mais fácil”, não é assim?
Maturidade pessoal, só o tempo traz, mas devemos sim interferir e influenciar
positivamente esses indivíduos.
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jogadores, “Neymar ainda não tem noção do quanto representa para esse grupo.
Isso só a idade fará perceber”, em outras palavras, logo o cérebro, com o passar
da idade, perceberá o tamanho da pressão e responsabilidade que esse
momento gerou para esses jogadores, principalmente para um dos líderes da
seleção brasileira de futebol.
A criança é como uma planta, ela revela-se por si só, mas os fatores
ambientais podem modificar sua progressão do desenvolvimento. A existência
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de estímulos como de adultos, brinquedos, luz etc. faz com que tudo seja mais
intenso. Para trabalhar com criança devemos saber que as conexões existem,
mas elas precisam ser estabilizadas e as sinapses reforçadas para um
desenvolvimento pleno de todas as funções.
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silencioso, corra porque ele está aprontando. De 2 para 3 anos as mudanças são
visíveis com aumento da coordenação motora, e aos 3 anos já corre e pula
demonstrando bastante equilíbrio. Nessa fase, ocorre o amadurecimento das
funções cognitivas e a criança torna-se capaz de prestar atenção e repetir
sequências de números e histórias, tendo ela o hábito de ler e contar histórias,
mesmo que elas já as conheçam. Mude algum personagem ou permita que elas
façam isso, e que acima de tudo, elas percebam as mudanças, você também
pode iniciar a história e para que ela termine, entre outras possibilidades.
Difícil delimitar quando isso se inicia, já que até a terceira década de vida
os processos de mielinização estão acontecendo, mas provavelmente o
envelhecimento começa antes disso. Na verdade, envelhecimento é um
processo extenso do desenvolvimento. Existem programas para conter ou
retardar o envelhecimento, além da estimulação cognitiva, poderia apontar a
reposição hormonal.
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do córtex cerebral têm sulcos mais profundos apontando a atrofia do córtex,
associada à perda neuronal (BEE, 2011).
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Entendemos assim, que o “cantinho do castigo” para crianças de 3 anos
é perda de tempo, uma vez que eles não têm capacidade cognitiva para
compreender as consequências de seus atos e ações, que a criança deve mexer,
manipular, sentir as mais variadas possibilidades para adquirir conhecimentos
diversos. Percebemos nessa discussão que adolescentes devem ser
direcionados por meio de dúvidas plantadas na cabeça deles, já que para essas
pessoas o importante é descobrir pelas próprias pernas. Nosso direcionamento
é fundamental, mas não podemos obrigar o cérebro a ter atenção ou interesse
em aprender tal informação que desejamos passar.
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Referências
BEE, H.; BOYD, D. A Criança em Desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2011. FONSECA, V. Cognição, Neuropsicologia e Aprendizagem:
abordagem neuropsicológica e psicopedagógica. 6. ed. Editora Vozes Ltda.,
2007.
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