O documentário Menino 23 mostra as ações eugenistas no Brasil no início do século XX, quando centenas de meninos negros eram levados para fazendas sob a justificativa de ensinar um ofício, mas na verdade eram submetidos a experiências nazistas. Após serem abandonados, muitos meninos acabaram vivendo nas ruas ou em situações análogas à escravidão. O documentário traz reflexões importantes sobre como a história contada apenas pelo viés do opressor pode levar a sociedades sem consciência crítica sobre desigualda
O documentário Menino 23 mostra as ações eugenistas no Brasil no início do século XX, quando centenas de meninos negros eram levados para fazendas sob a justificativa de ensinar um ofício, mas na verdade eram submetidos a experiências nazistas. Após serem abandonados, muitos meninos acabaram vivendo nas ruas ou em situações análogas à escravidão. O documentário traz reflexões importantes sobre como a história contada apenas pelo viés do opressor pode levar a sociedades sem consciência crítica sobre desigualda
O documentário Menino 23 mostra as ações eugenistas no Brasil no início do século XX, quando centenas de meninos negros eram levados para fazendas sob a justificativa de ensinar um ofício, mas na verdade eram submetidos a experiências nazistas. Após serem abandonados, muitos meninos acabaram vivendo nas ruas ou em situações análogas à escravidão. O documentário traz reflexões importantes sobre como a história contada apenas pelo viés do opressor pode levar a sociedades sem consciência crítica sobre desigualda
O documentário Menino 23 mostra as ações eugenistas no Brasil no início do século XX, quando centenas de meninos negros eram levados para fazendas sob a justificativa de ensinar um ofício, mas na verdade eram submetidos a experiências nazistas. Após serem abandonados, muitos meninos acabaram vivendo nas ruas ou em situações análogas à escravidão. O documentário traz reflexões importantes sobre como a história contada apenas pelo viés do opressor pode levar a sociedades sem consciência crítica sobre desigualda
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
CAMPUS PROF. ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE PEDAGOGIA DISCIPLINA: HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA. PROF(a): EMERSON BENEDITO FERREIRA. Aluno (a): Bianca Cordeiro Lessa – 1078320
TEXTO REFLEXIVO SOBRE O DOCUMENTÁRIO MENINO 23.
Ao assistir o documentário Menino 23, diversos sentimentos
passaram pela mente, repensar nossa história, analisar a construção do país, buscar os reflexos na atualidade construídos nessa história permeada de exclusão desde os primórdios, e especialmente no quanto a educação que vivenciamos agora pode ter de resquícios dessa construção histórica que foi tão cheia de privilégios para alguns, e tão excludente para muitos outros. Como profissional da educação em formação, penso que assistir o documentário foi de imensa importância na minha construção como educadora e sobretudo como forma de melhorar como pessoa, pois conhecimento nunca é demais, especialmente quando ele traz à tona aspectos da história do Brasil que foram deliberadamente obstruídos dos livros escolares, quando deveriam ser de fácil conhecimento público afim de uma formação de cidadãos conscientes de que nossa sociedade muito reflete desigualdades ainda advindas de seu processo de formação. Quando nos deparamos com uma sociedade que conhece apenas um viés da história de seu país, em especial a visão do colonizador e das classes dominantes, o efeito pode ser catastrófico e, no mínimo, produz adultos sem consciência de classe e que não são capazes de refletir criticamente sobre as diversas desigualdades sociais presentes, pois desconhecem o quanto o processo de cidadania no Brasil foi discriminatório e sem possibilidades de integração de diversas camadas sociais, e em especial retratadas no documentário, a população negra, que por mais que liberta, ainda era posta em posição de servidão e de sub-humanidade, não sendo lhes dada oportunidades mínimas de integrar-se dignamente na sociedade. Com o advento de políticas totalitárias e eugenistas pelo mundo, o Brasil que tratava a população negra como um produto a ser explorado, foi campo aberto para uma sorte de atrocidades cometidas. No documentário Menino 23 pudemos conhecer uma parte do que as crianças negras sofreram nesse período, onde no Brasil o movimento Integralista, que bebia abundantemente na fonte do nazismo, via em crianças negras uma tela em branco que poderia ser usada como bem entendessem, uma mão de obra gratuita e da qual ninguém reclamaria por elas. O documentário Menino 23, mostra com riqueza de informações as ações eugenistas no Brasil no início do século XX, mais precisamente década de 20 até o período da ditatura, focando nas ações nazistas no Brasil em que o país tinha o segundo maior contingente do partido nazista fora da Alemanha. Centrada na história da fazenda Albertina, onde se encontraram tijolos com insígnias nazistas, onde centenas de meninos negros eram levados com a justificativa de dar-lhes instrução e ensinar um oficio, sendo selecionados sempre os meninos mais ágeis e fortes para ir para este local. Os Integralistas ganhavam força no Brasil, se dizendo um partido independente que não era nazista nem fascista, porém algo integralmente brasileiro, porém a ideologia era a mesma do nazismo. As crianças já chegavam pensando em fugir, mas a fala de um dos entrevistados no documentário esclarece que já haviam cachorros para “caça” desses meninos caso fugissem. Em 1942 quando Getúlio finalmente escolhe um lado para a guerra, se aliando aos EUA, os símbolos nazistas foram criminalizados, e Sérgio Rocha Miranda fugiu para os Estados Unidos. Com essa escolha para se aliar aos EUA na guerra, ter os meninos doutrinados no integralismo começou a ser desinteressante, e um fiscal foi nas fazendas recolher os meninos, e o documentário relata que um dos meninos, chamado de número dois, fora escolhido para ir morar na casa grande, porém apenas para ser serviçal, um escravo da casa, depois de adulto a família comenta que ele nunca quis falar sobre o período em que morou na casa grande, mas era muito ligado ao local, e se sentia como da família, que como estudado na disciplina de sociologia, ele sofria uma violência simbólica, onde era um escravo, serviçal, porém como foi o escolhido para a casa grande tendeu a pensar que havia algo de especial nisso, quando era apenas vítima de uma violência diferente dos demais meninos. E quanto disso ainda não foi visto ao longo da história quando moças negras e/ou de classe baixa eram trazidas para casas de família para trabalhar por moradia ou pagamento ínfimo, sem direitos trabalhistas. Segundo o documentário, as demais crianças ficaram entregues à própria sorte, e esse espaço de tempo que eles esperavam para saber para onde iriam, pairava um desespero entre eles. O sr. Agemiro relata que antes do fiscal busca-los na fazenda, ele fugiu, correndo mata adentro, atravessando rio à nado, e indo parar em São Paulo e trabalhando como engraxate vivendo nas ruas, até quando a força expedicionária brasileira foi destinada para à guerra, e ele logo se prontificou ao alistamento, pois talvez para ele a alternativa de ir para a guerra, com grande risco de morrer lá, fosse melhor do que a vida nas ruas. Essas crianças foram abandonadas à própria sorte nas cidades, simplesmente descartadas como lixo nas ruas, isso quando não eram mantidas como servas em casas de família, trabalhando análogas à escravidão. No documentário o pesquisador comenta que uma das coisas mais doloridas era saber que isso era plenamente naturalizado na época, e não podemos deixar isso ser esquecido, pois a estes meninos foi negado a inserção e até mesmo a convivência em sociedade, eles eram isolados de tudo, e quando foram simplesmente abandonados muitos caíram no alcoolismo, depressão e extremo abandono, pois a maioria sentia que não havia futuro para eles. O documentário traz uma importantíssima reflexão para a sociedade, sobre o quanto ainda não sabemos sobre nossa história pelo viés do povo oprimido, das pessoas que sofreram imensamente no curso da história do Brasil, e o quanto disso ainda não se reflete na nossa sociedade atualmente, seja a influência direta das classes dominantes, seja o grande desconhecimento da história dos oprimidos no país. Quais oportunidades esta geração e as seguintes tiveram de conseguir alguma condição digna de vida? Quando eram vistos pela sociedade ainda como pessoas que deviam servir, quando a escravidão ainda era algo presente dentro da cabeça da população brasileira, não somente da elite, mas de quem apenas por ter pele clara se via como superior. E durante as décadas em diante a população negra se viu em situação de abandono e preconceito constantes, não evoluindo igualitariamente em condições de oportunidades na sociedade brasileira. O quanto isso ainda se reflete na população atual, em que políticas públicas como cotas raciais são vistas como um erro e uma “vantagem” para a população negra? Dado o grande cerceamento da história pelo viés do oprimido, não se tem noção do quanto à esta parcela da população, historicamente, no Brasil não foram dadas sequer oportunidades mínimas de inserção digna na sociedade após a escravidão. Quando uma sociedade se forma consumindo em livros escolares e obras literárias majoritariamente o viés do opressor, das classes dominantes, não se cria consciência política, pensamento crítico sobre os problemas sociais presentes no país, e mais que isso, abre portas para que atrocidades cometidas retornem a acontecer. Como educadora me sinto na obrigação de conhecer cada vez mais as raízes da educação em todos os seus aspectos, e como ser humano buscar sempre compreender o mundo que me cerca e olhar com respeito a trajetória de vida de cada pessoa que chegar até mim.