Trabalho Sobre Correntes Antrologicas
Trabalho Sobre Correntes Antrologicas
Trabalho Sobre Correntes Antrologicas
Correntes Antropológicas
Resumo
Introdução
1
Estudante da Universidade Alberto Chipande, curso de mestrado em Saúde Pública. Licenciada em Nutrição pela
Universidade Adventista de Moçambique, Funcionária no Hospital Central da Beira. Correio electrónico:
rabecajaimesabao9@gmail.com
2
1.Corrente Evolucionista
Essa busca pelos seres humanos mais prístinos levou ao estudo da origem das instituições –
principalmente a religião, a família, a propriedade e o direito – entre os esses povos “fósseis”
como os arunta da Austrália, por sua suposta simplicidade. Como pode se inferir dessa visão bem
enviesada, a complexidade tecnológica reflectiria uma maior complexidade social. Assim, as
sociedades ocidentais seriam as mais “avançadas” (Leach, 1977).
2
A visão etnocêntrica da corrente evolucionista, para explicar o conceito de homem, sofreu críticas de muitos
teóricos ulteriores há seu tempo. Mas afinal o que é etnocentrismo? Perpassando todos estes campos de
investigações, a herança boasiana estabelece uma crítica impertinente ao conceito de etnocentrismo. A palavra
[etnocentrismo] foi criada pelo sociólogo americano Willian G. Summer e apareceu pela primeira vez em 1906.
4
Edward Tylor, em 1871 tinha como preocupação central de Tylor era reconhecer a
cultura como um fenômeno da natureza humana, independente da biologia ou da teologia.
Introduziu a noção de unidade psíquica da espécie humana, definindo como tarefa para
antropologia o estabelecimento de uma escala de civilizações. O problema destes argumentos era
“a idéia de a cultura desenvolver-se de maneira uniforme, de tal forma que era de se esperar que
cada sociedade percorresse etapas que já tinham sido percorridas pelas sociedades mais
avançadas” (Laraia, 2002, p. 34).
Para se opor a comportamentos que surgem de “mal entendidos sociológicos” (na medida
em que compreendemos os outros através de nossas próprias lentes, como dizia Margaret Mead),
a antropologia cunhou o conceito de relativismo cultural. Ou nas palavras de Everardo Rocha
(1988), “estamos diante de sócio-lógicas diferentes”.
Diante dessas considerações, temos que destacar que a tendência teórica da qual estamos
tratando, a evolucionista, pressupõe que as mudanças por que a humanidade passa, seguem leis
definidas e que são aplicáveis para todas as sociedades humanas. Os teóricos evolucionistas se
baseavam no método dedutivo, ou seja, do geral para o particular. Através do método dedutivo,
há, a priori, a\premissas que são entendidas como verdades gerais e, assim, buscam-se novos
conhecimentos (Laraia, 2002, p. 34).
Como diz (Castro, 2004, p. 15), [...] impulsionada pela analogia com a teoria da evolução
biológica (Darwin publicara a A origem das espécies em 1859), essa linha buscava descobrir leis
uniformes da evolução, partindo do pressuposto fundamental de uma igualdade geral da natureza
humana. Em função disso, todos os diferentes povos deveriam progredir segundo os mesmo
estágios sucessivos, únicos e obrigatórios – daí o uso que os evolucionistas fazem de “cultura
humana” e “cultura sociedade humana”, sempre no singular. Esse substrato comum de toda a
humanidade explicaria a ocorrência de elementos semelhantes em diferentes épocas e lugares do
mundo.
A comparação entre tais elementos permitiria esclarecer, não só esse caminho único da
evolução da humanidade, como também o estágio no tempo em que cada povo se encontra.
Obviamente, esses autores colocavam no ápice do processo de evolução a própria sociedade em
que viviam [...]
De tal forma, ficam claras as críticas que a corrente teórica sofreu, fundamentada pelo exemplo
já mencionado, o teutoamericano Franz Boas Esse antropólogo criticava o determinismo
geográfico do método comparativo/evolucionista, por conseguinte negava a existência de uma
linha de evolução geral no desenvolvimento cultural da humanidade. Segundo (Boas, 2004, P.31-
32):
6
[...] não se pode dizer que a ocorrência do mesmo fenómeno sempre se deve às mesmas
causas, nem que ela prove que a mente humana obedece às mesmas leis em todos os
lugares. Temos que exigir que as causas a partir das quais o fenómeno se desenvolveu
sejam investigadas, e que as comparações se restrinjam àqueles fenómenos que se
provem se efeitos das mesmas causas.
2. Corrente Difusionista
Dentro do difusionismo existia duas correntes principais: uma britânica e outra alemã. Na
escola Alemã, conduzida por Wilhelm Schmidt e Fritz Graebner, acreditava-se que os traços
culturais difundiam-se em círculos para outras regiões e pessoas através de áreas culturais
variadas. Esses círculos culturais eram chamados de 'Kulturkreise'. A escola alemã foi a principal
especialização, uma vez que o evolucionismo foi questionado por Herder, que foi inspirado pela
unidade psíquica proposta por A. Bastian, trazendo a questão da singularidade e da geografia da
herança cultural de cada povo (Santos, 2002).
a) O difusionismo inglês ou a escola inglesa: defende a difusão como sendo a única causa
da expansão e dinâmica cultural, nega a teoria do paralelismo cultual exposta pelo evolucionismo
e considera a existência apenas de um centro cultural (difusão heliocêntrica), desde o qual todos
os traços culturais foram difundidos. Este centro cultural era o Egipto Antigo. Os principais
proponentes dessa teoria foram Grafton Elliot Smith (1871-1937) e William James Perry (1887 -
1949), ambos estudaram o Egipto Antigo intensamente, resultando na sua crença que o Egipto
era o único centro cultural. As teorias destes pensadores passaram a ser designadas de pan-
egiptismo (Santos, 2002).
o progresso da difusão seria a via mais eficiente para o avanço da civilização e advogavam a
necessidade de fortalecer os contactos dos povos menos civilizados com os círculos culturais. O
que em certo modo procurava legitimar a exploração colonial da Europa pelo mundo. O
difusionismo é importante ainda hoje. O conceito de difusionismo explica como alguns traços
culturais adquiridos e difundidos.
3. Corrente Funcionalista
Apresentarei neste titulo dois autores considerados os “pais fundadores da etnografi a”:
Franz Boas (1858-1942) e Bronislaw Kasper Malinowski (1884-1942). Esses autores primaram
pela ruptura com o velho modelo de pesquisa, iniciando e consolidando uma prática marcada
pela coleta de informações pelo próprio pesquisador. Segundo esse novo modelo, o pesquisador
de antropologia, ao se dirigir ao campo para o trabalho de coleta das informações, “(...)..Aprende
então, como aluno atento, não apenas a viver entre eles, mas a viver como eles, a falar sua língua
e a pensar nessa língua, a sentir suas próprias emoções dentro dele mesmo.” (Laplantine, 2000, p.
76).
com a sua língua, com os seus costumes, não havia, portanto, vivência com os fenómenos
sociais. Não havia interacção – troca de informações – entre o pesquisador e o pesquisado
Laplantine, 2000, p. 77).
A nova antropologia, iniciada no final do século XIX e início do século XX, propunha
um outro modelo, no qual o pesquisador, obrigatoriamente, teria que sair do seu ambiente social
e instalar-se no ambiente do pesquisado, permanecendo longos períodos nesses espaços,
aprendendo o idioma, mas, sobretudo, observando quotidianamente os seus costumes,
interessado em penetrar nas mentes dos nativos de cada região. Com esse objectivo Franz Boas
afirma a necessidade de anotar tudo a respeito das coisas observadas, mesmo aquelas
consideradas rotineiras e até sem importância. Considerava Boas que a rotina dos nativos
escondia aspectos importantes das suas culturas e que, por isso, não podia ser desprezada
(Laplantine, 2000).
Outro aspecto importante nesse novo modelo diz respeito ao modo de perceber a cultura
do outro. Se antes a cultura do outro era vista como parte de uma totalidade, a cultura universal
do homem, nessa nova perspectiva, a cultura do outro, passa a ser vista como uma totalidade
autónoma. O que isso significou em termos de maior eficácia da ciência antropológica? Na
proposta evolucionista os costumes não eram relacionados com os seus respectivos contextos. Os
críticos dessa corrente entendiam a necessidade, para um melhor entendimento dos fenómenos
culturais, que esses fossem relacionados ao contexto particular nos quais estavam inseridos. Para
melhor compreensão apresentarei exemplos de como a proposta funcionava e ainda continua
funcionando no âmbito da antropologia (Laplantine, 2000).
Se Franz Boas foi o iniciador mais intenso dessa nova proposta e um ardoroso crítico do
evolucionismo, Malinowski foi quem a consolidou, colocando em prática a pesquisa participante
– pesquisa em que o pesquisador passa a habitar com o pesquisado -, considerando que “uma
sociedade deve ser estudada enquanto uma totalidade, tal como funciona no momento mesmo
onde a observamos.” (Laplantine, 2000: p. 80).
Os críticos ponderaram ainda que Malinowski havia construído leis gerais ou propostas
de leis gerais a partir da análise dos costumes de uma micro-sociedade localizada em minúsculo
arquipélago quase ou totalmente afastado dos contactos inter-culturais. Mesmo que
consideremos as críticas formuladas contra Malinowski, é evidente a sua contribuição aos
estudos antropológicos, tanto que ainda permanece: primeiro, a invenção literal da observação
participante. Pesquisar o outro deixou de ser tarefa dos viajantes circunstanciais e passou a ser,
em profundidade, tarefa do pesquisador.
A partir de Malinowski o homem nas suas interacções sociais e culturais passou a ser
observado no seu quotidiano, mesmo as coisas consideradas mais insignificantes foram tratadas
como relevantes, tendo em vista que, dentro do contexto e das suas interacções, poderiam
apresentar significações importantes. Observando esses fatos sociais considerados insignificantes
o observador poderia, como observador participante, identificar as trocas generalizadas desses
fatos com os demais fatos do grupo social. E, por último, Malinowski, no seu trabalho de
pesquisa e na sua obra, restaura o homem primitivo no interior do sistema social do qual faz
parte. Através da observação participante o homem observado é mais importante do que o
sistema do qual ele faz parte
12
4.Origem do Estruturalismo
Assim, ele delimita a sua preocupação com universais da cultura enquanto temáticas que
irá desenvolver nos seus estudos, como é o caso do parentesco, totemismo, mitologia, etc., como
veremos mais adiante. A menção à Linguística Estrutural se deve a influência da linguística que
se relaciona com símbolos e significados, dentro do campo da antropologia que tem
preocupações com comunicação também.
Lévi-Strauss (1975) chama atenção que esta noção “estrutura social” é associada “aos
aspectos formais dos fenómenos sociais” e por isso, “sai-se... do domínio da descrição para
considerar noções e categorias que não pertencem propriamente à etnologia” (p. 314). Ele
explica que é dessa forma, “com a condição de adoptar o mesmo tipo de formalização [que] o
interesse das pesquisas estruturais... nos dão a esperança de que ciências mais avançadas...
possam nos fornecer modelos de métodos e de soluções” (p. 314).
A análise das línguas indígenas foi o ponto forte no estruturalismo norte-americano; por
isso, suas teorias e métodos surgiram de um trabalho efetuado sobre um material retirado de uma
observação direta; os linguístas registravam a fala dos índios de uma determinada nação e depois
a analisavam. Os resultados dos estudos foram resumidos na grande obra de Franz Boas
Handbook of American Indian Languages (1911–1939). Pesquisadores, como Sapir e Whorf,
partiram da estrutura das línguas indígenas e estudaram a relação entre língua e pensamento,
entre formas lingüísticas, instituições sociais e representações religiosas. Outro objetivo atendido
pelo estruturalismo americano foi desenvolver métodos de aprender línguas estrangeiras em
forma coloquial (Lévi-Strauss 1975)
Para Lévi-Strauss, a antropologia se apoia na ideia de que toda cultura é dos humanos,
como por exemplo, a capacidade de comunicação e a transmissão dos conhecimentos. Para o
autor, o conhecimento dos traços culturais de sociedades só pode ser analisado de forma
14
conjunta, como as práticas alimentares, os mitos. Dessa forma, Lévi-Strauss releva sua percepção
de apreender o mundo e o homem. Os trabalhos de Strauss apontam para a importância do uso
dos símbolos como meios de comunicação. Como por exemplo, a linguagem. Nessa visão
estruturalista, Lévi-Strauss não mostrou ocupar-se com as particularidades dos grupos humanos.
Sua ocupação deu-se no campo da investigação como apreensão dos traços universais das
sociedades e não nas suas especificidades (Leach, 1977).
Consideração final
Em síntese, o difusionismo ajuda a explicar a aculturação, mas não é a capaz de explicar todos os
aspectos culturais como os primeiros difusionistas acreditavam. Existem exemplos de culturas
em contactos próximos, mas que não partilham muitos traços. Por isso, o difusionismo aparece
como uma corrente problemática por várias razões. Primeiro, é difícil demonstrar que uma
inovação teve um ponto de partida único. Segundo, muitas invenções e ideias culturais podem ter
sido descobertas ou ter evoluído isoladamente..
Corrente estruturalista em Linguística, como você pôde ver, define-se por sua
pluralidade. Os estruturalismos europeu e americano apresentam propostas de análise dos fatos
da língua nitidamente diferentes; mesmo dentro do estruturalismo americano, verificamos
correntes antagónicas, como o mecanicismo e mentalismo. Claro que os resultados e as
contribuições dessas escolas foram bem diferentes.
16
Bibliografia
Castro, Celso. (2004). Apresentação. In: BOAS, Franz. Antropologia cultural. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar.
Cuche, Denys. (1999)A noção de cultura nas ciências Sociais. Bauru: EDUSC.
Cunha, Manuela Carneiro da. (1986) Antropologia do Brasil. São Paulo: Brasiliense: EDUSP.
Laraia, Roque de Barros.(2001) Cultura: um conceito antropológico. 14ª ed., Jorge Zahar Editor,
Rio de Janeiro.