Um Estudo de Caso
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Doutora em Economia Aplicada pela Esalq/USP. E-mail: dbbartho@esalq.usp.br
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Professor Titular do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/
USP. E-mail: jvcaixet@esalq.usp.br
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JEL Classification: Q5
1. Introdução
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2. Material e métodos
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Esquematicamente, tem-se:
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Figura 3 – Trajeto percorrido na rota (a) Campo Grande – Santos e (b) Ron-
donópolis – Campo Grande.
Figura (a)
Figura (b)
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No de No de viagem No total de
Rota Classificação
veículos por veículo viagens
a) Campo Grande –
Melhor 3 4 12
Santos. (1.100 km)
b) Rondonópolis – Campo
Pior 3 4 12
Grande. (480 km)
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Com relação aos dois primeiros parâmetros, foi realizada uma análi-
se estatística dos dados coletados a partir dos experimentos conduzidos.
O teste de hipótese considerou a diferença entre duas médias, admitindo
que as variâncias são desconhecidas, mas supostamente diferentes (Ho-
ffmann, 1991), o que altera o número de graus de liberdade, tornando a
análise mais apurada. No caso, buscou-se testar (rejeitar) a hipótese nula
de que o consumo médio de combustível e o tempo médio de viagem
são iguais para rotas com diferentes estados de conservação, com base
em amostras aleatórias e independentes. A hipótese alternativa testada
foi de que os valores médios observados nas rotas em piores estados de
conservação são maiores dos obtidos em rotas melhores.
(1)
no qual:
ConsMedj = consumo médio de combustível (em l/100 km) decor-
rente da utilização de rotas com determinado estado de conservação ( j
= condição da rodovia: “Melhor”, “Pior”);
Consumo Total = quantidade total de combustível consumido nas
viagens (i = número da viagem: 1, 2, ..., n; j = condição da rodovia:
“Melhor”, “Pior”);
Distância = quilometragem total percorrida durante as viagens (i= nú-
mero da viagem: 1, 2, ..., n; j = condição da rodovia: “Melhor”, “Pior”);
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(2)
no qual:
TempoMedj = tempo médio necessário decorrente da utilização de
rotas com determinado estado de conservação, em h/100 km (j = con-
dição da rodovia: “Melhor”, “Pior”);
Tempo Total = tempo total gasto nas viagens (i = número da via-
gem: 1, 2, ..., n; j = condição da rodovia: “Melhor”, “Pior”);
Distância = quilometragem total percorrida durante as viagens (i
= número da viagem: 1, 2, ..., n; j = condição da rodovia: “Melhor”,
“Pior”);
De acordo com Reis (2006), estradas em mau estado reduzem a
velocidade dos veículos, conseqüentemente, o motorista consegue re-
alizar um número inferior de viagens em relação ao potencial, aumen-
tando o custo fixo por viagem (depreciação, remuneração do capital,
seguros e licenciamento, entre outros).
Portanto, quando se considera o tempo na análise, há também um
impacto indireto nos custos fixos de uma viagem, que são expressos em
R$/h. Quanto mais tempo o caminhão estiver em movimento, mais os cus-
tos fixos se diluem nas viagens. Assim, o interessante é aumentar número
de viagens ou a distância percorrida num mesmo espaço de tempo.
Neste sentido, a partir do tempo médio (TempoMedj) obtido nas ro-
tas com diferentes estados de conservação, o “custo indireto de tempo”
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d) Emissões de CO2
As variáveis ambientais referem-se às emissões de CO2 decorrentes
do percurso de rodovias em diferentes estados de conservação.
Constatou-se um número significativo de artigos internacionais que
buscavam quantificar as emissões de poluentes globais e, principalmente,
locais. Nenhum dos artigos considerou, especificamente, as condições
das rodovias como determinantes das emissões pelo transporte. Em
geral, as metodologias adotadas foram basicamente a aplicação de
softwares específicos para os cálculos das emissões, de acordo com os
objetivos a que se propunham alcançar. Uma desvantagem decorrente
da utilização destes programas está relacionada aos valores default
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j CEMed × F
E
Ej =
(3)
100
no qual:
Ej = emissão média de CO2 pelos caminhões trafegando em estra-
das com diferentes condições de conservação (j = condição da rodovia:
“Melhor”, “Pior”), em kg CO2/t.100 km;
CEMedj = consumo específico médio dos caminhões para cada grupo
de pavimento (j = condição da rodovia: “Melhor”, “Pior”), em l/t.100km;
FE = fator de emissão de CO2 pelo diesel, cujo valor adotado é 2,75
kg/l.
(4)
no qual:
CE = Consumo específico de combustível (l/t.100 km);
CC = Consumo de combustível (l);
P = Peso Bruto Total Combinado (t); e
D = Distância percorrida (km).
O consumo específico médio corresponde à média simples dos con-
sumos específicos encontrados em cada viagem, separados por grupos
de condições de conservação da pista. Deste modo, a diferença das
emissões pelos caminhões será observada através do consumo de com-
bustível, multiplicado pelo fator de emissão.
De maneira simplificada, o valor encontrado para Ej corresponde a um
“índice de emissão” por veículos rodoviários pesados de acordo com a
condição da rodovia; assim sendo, reflete a quantidade de CO2 emitida (em
kg) para transportar 1 tonelada a cada 100 quilômetros, para os diferentes
estados de conservação considerados na pesquisa. Conhecendo a carga
total transportada e a distância percorrida, é possível estimar a emissão
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VBc = Bc x P (5)
no qual:
VBc = valor do benefício (economia) com consumo de combustível re-
sultante do percurso em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/100 km);
Bc = benefício resultante de uma redução/economia no consumo
médio de combustível (l/100 km); e
P = preço médio do diesel em maio de 2006, cujo valor médio na-
cional foi de R$ 1,9157.
7
Fonte: Agência Nacional do Petróleo (ANP). Disponível em: http://www.anp.gov.br/
doc/petroleo/ relatorios_precos/2006/Diesel_2006.pdf. Acesso em: 21 julho de 2006.
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VBtd = Bt x M (6)
no qual:
VBtd = valor do benefício direto (economia) com tempo de viagem
resultante do percurso em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/100
km); e
Bt = benefício resultante de uma redução/economia no tempo mé-
dio de viagem (h/100 km); e
M = valor da hora paga ao motorista.
VBti = Bt x CF (7)
no qual:
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no qual:
VBt = valor do benefício (economia) com tempo de viagem re-
sultante do percurso em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/100
km);
VBtd = valor do benefício direto (economia) com tempo de viagem
resultante do percurso em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/100
km); e
VBti = valor do benefício indireto (economia) com tempo de via-
gem resultante do percurso em rodovias com melhor infra-estrutura
(R$/100 km).
ou pela eq. (9).
VBt = Bt (M + CF) (9)
no qual:
VBt = valor do benefício (economia) com tempo de viagem re-
sultante do percurso em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/100
km);
Bt = benefício resultante de uma redução/economia no tempo mé-
dio de viagem (h/100 km);
M = valor da hora paga ao motorista; e
CF = custos fixos de transporte.
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no qual:
VBm = valor do benefício (economia) com manutenção do veículo
resultante do percurso em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/100
km);
Bm = benefício resultante de uma redução/economia no custo mé-
dio de manutenção do caminhão (%); e
CVMe = custos variáveis estimados pelo Esalq-LOG em julho de
2006 (R$/km) para bitrem (R$ 1,75/km).
O benefício (Bm) refere-se aos valores encontrados por Reis (2006),
em termos percentuais.
no qual:
VBc = valor do benefício (economia) com consumo de combustível
resultante de uma viagem em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/
viagem);
VBt = valor do benefício (economia) com tempo de viagem re-
sultante de uma viagem em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/
viagem);
VBm = valor do benefício (economia) com manutenção do veículo
resultante de uma viagem em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/
viagem);
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no qual:
VBe = valor do benefício (externalidade) com emissão de CO2 re-
sultante de uma viagem em rodovias com melhor infra-estrutura (R$/
t.100 km);
Be = benefício resultante de uma redução nas emissões médias de
CO2 (kg CO2/t.100 km);
RCE = preço da tonelada de CO2e (US$/t); e
TC = taxa de câmbio (R$ 2,30/US$ 1,00).
8
Há outros mercados e bolsas que negociam carbono, tais como o mercado europeu, a
European Union’s Emissions Trading Schene (EU ETS) e a Bolsa de Chicago, a Chica-
go Climate Exchange (CCX), no qual estão sendo praticados preços próximos de US$
18,00/tonelada e US$ 3,50/t, respectivamente (Müller, 2006).
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3. Resultados
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d) Benefício total
A Tabela 8 sumariza os benefícios econômicos resultantes da utili-
zação de rotas com diferentes estados de manutenção.
10
Setsergs (2006)
11
Dados calculados pelo Esalq-LOG utilizando metodologia de Figueiredo et al. (2003),
referentes a julho de 2006.
12
Estimativa realizada pela Esalq-LOG, referente a julho de 2006.
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4. Conclusões
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5. Referências bibliográficas
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