Marcadores Moleculares Na Identificação de Híbridos E Introgressão Genética em POPULAÇÕES DE Pseudoplatystoma Corruscans E
Marcadores Moleculares Na Identificação de Híbridos E Introgressão Genética em POPULAÇÕES DE Pseudoplatystoma Corruscans E
Marcadores Moleculares Na Identificação de Híbridos E Introgressão Genética em POPULAÇÕES DE Pseudoplatystoma Corruscans E
BOTUCATU-SP
2014
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"Júlio de Mesquita Filho"
BOTUCATU-SP
2014
“ ... e se o olhar tenta seguir o voo de uma vistosa borboleta, ele é interrompido por alguma
árvore ou fruta estranha. E ao olhar um inseto, ele é deixado de fora para que uma maior
atenção seja dada à estranha flor sobre a qual ele rasteja…. A mente é um caos de encanto.”
Charles Darwin
A minha família, em especial a minha mãe Luzia
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Fábio Porto-Foresti. Por me receber em seu laboratório desde o início da
minha graduação, por todos os ensinamentos, orientação e oportunidades que me ofereceu até
hoje, fundamentais para o meu crescimento profissional e humano. Agradeço também pela
amizade e bons momentos no laboratório.
Ao Prof. Dr. Luiz H. Garcia Pereira, Prof. Dr. Celso Benites e Dr. Sebástian Sanchez,
por disponibilizarem amostras de material biológico para este trabalho.
Ao professor Paulino Martínez Portela, por ter me receber tão bem em seu laboratório
em Lugo e pelos importantes ensinamentos em genética. Também agradeço pelos ótimos
momentos de confraternização do laboratório e almoços que nos ofereceu em sua casa, além
de todo o incentivo e amizade.
Ao André, Daiana, Dani, Simony, Thiago e todos os meus amigos pessoais. Amigos
de Bauru, da VBS, da época da graduação em Biologia, enfim os que fizeram ou ainda fazem
parte da minha vida. Vocês são meus irmãos do coração, essenciais em minha vida.
Ao André, que compartilha comigo o amor pela Biologia, obrigada por me ajudar com
as dúvidas na pesquisa e com a tese. Principalmente agradeço pela amizade, por todos os
momentos que passamos juntos e por ser um amigo sempre alegre e leal.
A toda minha família, por seu amor, compreensão e incentivos. Por terem me ensinado
que o mais importante na vida é a integridade e o respeito ao próximo. Por todo o esforço para
a minha formação. Às minhas tias Ana e Mali, por seu carinho e por serem grandes amigas.
Aos meus avós Maria Thereza, Margarida e Cândido, por terem me criado com tanto amor e
dedicação. Ao Geraldo, Nancy, Henrique e toda a família Stabile.
À minha mãe, por seu amor incondicional, por sempre ser amiga e companheira. Por
tudo o que passamos juntas, superando as dificuldades e acreditando no amor. Não tenho
palavras para descrever o quanto te amo... você é o meu exemplo de vida, caráter e bondade.
Obrigada por tudo!
RESUMO
i
distribuídos pelas bacias do Tocantins/Araguaia, Paraguai, Paraná e Uruguai (América do
Sul), inclusive em populações simpátricas, o que indica que a hibridação natural entre estes
peixes seja rara. Porém foi registrada a presença de F1 e retrocruzamentos com P. reticulatum
(50% de híbridos) no rio Aquidauana (bacia do Paraguai), híbridos F1 no rio Paraná (3.92%),
híbridos F1 e retrocruzamentos com P. reticulatum (44.19 %) no rio Mogi-Guaçu (bacia do
Alto Paraná). Neste rio também foi identificada a possível introdução da espécie P.
reticulatum, que não ocorria neste ambiente. Como estas populações estão localizadas em
regiões onde existe um alto número de pisciculturas, possivelmente estejam ocorrendo
escapes e introduções acidentais de híbridos na natureza. As análises interespecíficas de oito
microssatélites revelaram alta diferenciação genética entre as espécies parentais, o que foi
confirmado por dois grupos claramente distintos após a análise bayesiana (K=2). Estes
marcadores identificaram precisamente a hibridação e disponibilizaram importantes indícios
de híbridos e intogressão genética nas populações, como desequilíbrios de ligamento e
excesso de heterozigotos. Além disso, os testes utilizando diferentes marcadores nucleares
demonstraram que a combinação dos marcadores diagnósticos (quatro loci microssatélites e
três genes) através de análises bayesianas pode ser a metodologia mais precisa para distinguir
as espécies e híbridos em nível individual. Estes resultados disponibilizam dados importantes
no que se refere ao desenvolvimento e aplicação de um grupo de marcadores genéticos no
estudo da diversidade genética e hibridação em populações selvagens, os quais podem ser
utilizados em estudos evolutivos, ecológicos e genéticos de P. corruscans e P. reticulatum, e
também como parâmetros no estabelecimento de áreas a serem conservadas e em políticas de
manejo.
ii
ABSTRACT
Levels of genetic diversity and structure, as well as the investigation of interspecific and
introgressive hybridization events in wild populations, are amongst the major analyzes to be
considered in conservation projects. Hybridization between native fish species, especially
when caused by human actions, has led to increasing rates of non natural crosses between
different taxa, which may cause ecological and genetic impacts. The Neotropical catfish
species, Pseudoplatystoma reticulatum and Pseudoplatystoma corruscans, have been affected
by the induced production of hybrids in aquaculture and by the contact of these hybrids with
their populations. In this study, different genetic markers were developed (genes and
microsatellites), in order to identify the occurrence of hybridization and introgression in South
American rivers and to access the intra and inter populational genetic diversity of these
species. EF1 and 18S nuclear gene markers were completely diagnostics in the identification
of the species and their hybrids. Through a Roche 454 pyrosequencing, were developed and
characterized 16 microsatellite loci for P. reticulatum, which presented 100% of
transferability in P. corruscans and high polymorphism for the majority of the loci.
Population analysis using these microsatellites revealed high variability for the both species in
all rivers from Paraguay and Paraná hydrographic basins. The interpopulational genetic
differentiation of these species within the Paraguay basin was low or absent, revealing a high
gene flow and the possible existence of a panmitic population, resulting from the migration
and reproduction of individuals from closely rivers. However, significant genetic differences
were observed between geographically distant rivers and distinct hydrographic basins. In P.
reticulatum, genetic differentiation was found between the Cuiabá and Miranda Rivers
(Paraguai basin), and between Paraguay and Lower Paraná basins, but without evidences of
genetic struturing (K=1). In P. corruscans, a significant genetic differentiation was found
between the rivers of the Paraguay+Lower Paraná (genetically similar) and Upper Paraná
basins. Two structured groups (K = 2) were observed, which may be due to the geographical
distance and the isolation between these sites by the Itaipu dam. These several scenarios of
population differentiation between the species may be related to distinct migratory behaviors.
The initial assessment of hybridization in natural populations of these species, using three
nuclear genes and one mitochondrial marker demonstrated the occurrence of the parental
species in 12 rivers distributed in the Tocantins/Araguaia, Paraguay, Parana and Uruguay
basins (South America), even in sympatric populations, indicating that the natural
iii
hybridization between these fishes is rare. However, were registered the presence of F1
hybrids and backcrosses with P. reticulatum (50% of hybrids) in the Aquidauna River
(Paraguai basin), F1 hybrids in the Paraná River (3.92%), F1 and backcrosses with P.
reticulatum in the Mogi-Guaçu River (44.19%) (Upper Parana basin). In this river was also
identified the possible introduction of P. reticulatum, which did not occur naturally in this
environment. As these populations are located in regions where there is a high number of fish
farms, are likely occurring escapes and accidental introductions of hybrids in nature. The
interspecific analyzes of eight microsatellites revealed high genetic differences between the
parental species, which was confirmed by two clearly distinct groups after the bayesian
analysis (K = 2). These markers have precisely identified the hybridization and provided
important evidences of hybrids and genetic introgression in the populations, as linkage
disequilibrium or heterozygote excess. In addition, tests using different nuclear markers
demonstrated that the combination of the diagnostic markers (four microsatellites and three
genes) through bayesian analysis may be the most accurate methodology in distinguishing
species and hybrids in an individual level. These results provide significant data regarding to
the development and application of a group of genetic markers in the study of genetic
diversity and hybridization in wild populations, which can be used in evolutionary, genetic
and ecological studies of P. corruscans and P. reticulatum, and also as parameters in the
establishment of areas to be conserved and management policies.
iv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 Diversidade e estrutura genética na conservação biológica ................................................. 1
1.2 Aspectos evolutivos e ambientais da hibridação interespecífica ........................................ 2
1.3 Considerações sobre as espécies Neotropicais P. corruscans e P. reticulatum ............... 5
1.3.1 Conservação das espécies P.corruscans e P. reticulatum ......................................... 7
1.4 Marcadores genético moleculares e suas aplicações na conservação.............................. 8
1.4.1 Hibridação e introgressão genética ........................................................................... 9
1.5 Justificativa ......................................................................................................................... 12
1.6 Objetivos............................................................................................................................. 12
2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 14
2.1 Amostragem de material biológico................................................................................ 14
2.2 Extração de DNA........................................................................................................... 18
2.3 Desenvolvimento e aplicação dos marcadores moleculares ........................................... 19
2.3.1 Genes nucleares e mitocondrial ............................................................................... 20
2.3.2 Microssatélites ........................................................................................................ 24
2.3.3 Avaliação de híbridos e introgressão utilizando genes nucleares e mitocondrial ... 26
2.3.4 Aplicação dos microssatélites no estudo das populações naturais ......................... 27
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 31
Capítulo 1 ............................................................................................................................. 32
Capítulo 2 ............................................................................................................................. 50
Capítulo 3 ............................................................................................................................. 70
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 88
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 89
6. APÊNDICES .....................................................................................................................102
v
Introdução
1 INTRODUÇÃO
1
Introdução
Ao mesmo tempo, as manipulações humanas têm reduzido a variabilidade genética, sendo que
a perda de alelos e combinações alélicas pode ocorrer extremamente rápido, dentro de apenas
uma geração (Laikre et al., 1999). Recursos genéticos podem ser perdidos como resultado
direto da extinção das espécies, o que é irreversível, ou por redução da variabilidade genética
dentro de uma espécie (Oliveira et al., 2009).
Conservar espécies, portanto, não é o suficiente; o seu potencial evolutivo,
representado pela variabilidade genética intra e interpopulacional também precisa ser
conservado (Frankham e Briscoe, 2002; Frankham et al., 2008). Uma etapa importante em
análises populacionais é a verificação de estruturação genética e a ocorrência ou não de fluxo
gênico. Esta informação possibilita esclarecer que forma a variabilidade genética está
distribuída ao longo da distribuição geográfica da espécie, verificar o que é necessário
conservar e como deve ser feito o manejo e monitoramento da diversidade biológica das
populações que estejam ameaçadas (Laikre et al., 1999). Como exemplo, as diretrizes para
conservação genética de trutas indicam que o acesso à estruturação genética populacional, a
fim de ter conhecimento sobre a quantidade e distribuição dos recursos genéticos, é essencial
para qualquer tipo de manejo (Laikre et al., 1999).
Outro tema importante na conservação de populações naturais é a hibridação
interespecífica que, quando intensivamente provocada por ações humanas, pode estar
relacionada com a perda de diversidade genética. Quando os genomas de espécies distintas se
misturam através da hibridação, pode ocorrer a perda de alelos (extinção genética), ou o
rearranjo de combinações gênicas previamente existentes e que provavelmente podem nunca
mais ser recriadas, resultando no desaparecimento de adaptações a determinados ambientes
(Laikre et al., 1999). A hibridação e introgressão de genes entre espécies estão entre as
principais ameaças para a conservação de muitas espécies de plantas e animais, e suas taxas
de ocorrência têm aumentado dramaticamente em todo o mundo, ocasionadas por introduções
intencionais e acidentais de organismos e modificações de habitats (Allendorf et al., 2001;
2010).
O cruzamento espontâneo entre diferentes espécies sempre foi considerado pela maioria
dos zoólogos como um evento esporádico em animais que se mantém em frequências baixas
(Mayr, 1963). Isso se deve a muitos exemplos onde os híbridos F1 (interespecíficos ou geração
2
Introdução
filial 1) são estéreis e apresentam menor viabilidade em um ambiente onde as espécies puras
estão melhor adaptadas (Mayr, 1963). Além disso, na maioria dos casos existem barreiras pré e
pós zigóticas bem definidas que mantém um isolamento reprodutivo espacial, temporal e
comportamental entre espécies diferentes (Mayr, 1963).
Geralmente híbridos interespecíficos são intermediários entre suas espécies parentais nos
caracteres em que elas diferem tais como forma do corpo, coloração externa, estrutura e número
de partes corporais (vértebras, rastros branquiais, raios da nadadeira, dentes) (Hubbs, 1955).
Porém, os níveis de viabilidade e desempenho dos híbridos podem variar e serem menores,
equivalentes ou até maiores (vigor híbrido resultante da alta heterose destes animais) em relação
a suas espécies parentais (Arnold e Hodges, 1995).Se os híbridos interespecíficos são estéreis,
uma hibridação ocasional pode ter baixo impacto para as espécies puras e os híbridos F1, caso
sejam menos adaptados, provavelmente serão removidos através de processos de seleção
natural (Arnold e Hodges, 1995; Toledo-Filho et al., 1998). Mesmo em casos onde os híbridos
F1 sejam férteis, as linhagens híbridas avançadas (indivíduos resultantes de cruzamentos de
linhagens híbridas entre si ou retrocruzamentos de híbridos com espécies parentais puras)
usualmente são menos adaptadas do que as espécies parentais, partindo do pressuposto de que
seus diversos tipos de genótipos recombinantes perdem a heterose e nunca foram testados pela
seleção natural (Barton, 2001).
Atualmente também tem sido reconhecido que a hibridação, mesmo em pequena
escala, pode contribuir em processos adaptativos e de especiação (Arnold et al., 1999; Barton,
2001; Mallet, 2007; Willis et al., 2012; Abbott et al., 2013). Estima-se, em geral, que
aproximadamente 6 a 10% das espécies animais realizem cruzamentos interespecíficos
(Mallet, 2005). Em alguns casos, a hibridação introgressiva, ou seja, a transferência do DNA
de uma espécie para o conjunto genômico de outra espécie, por retrocruzamento repetido dos
indivíduos híbridos com uma ou ambas as espécies parentais, pode ser uma importante fonte
de variabilidade genética nas populações (Arnold e Martin, 2009). A introgressão de poucos
loci pode promover a divergência adaptativa e assim facilitar a especiação (Abbott et al.,
2013). Sugere-se, por exemplo, que a hibridação pode ser um mecanismo de especiação em
ciclídeos, contribuindo para a alta diversidade de espécies (Smith et al., 2003).
A hibridação natural pode não constituir ameaças ecológicas às espécies envolvidas,
justamente por estar intimamente relacionada aos processos evolutivos das espécies durante a
sua história biológica e geralmente ser caracterizada pela ocorrência de eventos esporádicos
de cruzamentos interespecíficos entre espécies simpátricas, resultando na formação de zonas
3
Introdução
híbridas que podem manter-se estáveis por milhares de anos em uma determinada região
geográfica (Arnold et al., 1999; Barton, 2001; Mallet, 2005; Willis et al., 2012). A hibridação
introgressiva pode ser observada em habitats naturais não perturbados (Willis et al., 2012),
sugerindo que algum grau de fluxo gênico é um processo normal, faz parte da construção dos
processos evolutivos, sendo que alguns genes e genótipos usualmente são modificados através
do tempo (Rhymer e Simberloff, 1996).
No grupo dos peixes, principalmente nas espécies continentais, a formação de híbridos
é mais comum quando comparada com outros animais, devido à fertilização externa,
competição por territórios de desova e convivência em ambientes limitados que facilitam o
cruzamento interespécies (Hubbs, 1955). Características genéticas próprias dos híbridos de
peixes também podem favorecer o aparecimento de linhagens híbridas avançadas, pois os
híbridos F1 férteis, apesar de possuírem gametas com complementos cromossômicos
desequilibrados, podem manter parcialmente suas capacidades genéticas e funcionais, gerando
descendentes viáveis (Toledo-Filho et al., 1994).
No entanto, para muitas espécies não existem dados sobre quando a hibridação ocorre,
tanto em termos de número de espécies que intercruzam como a proporção de indivíduos com
ascendência híbrida (Willis et al., 2012). A contribuição destes eventos para a adaptação ou
especiação vai depender basicamente de como e onde as populações intercruzantes ocorrem,
dos níveis de fertilidade dos híbridos F1 e da possibilidade de vantagem adaptativa e
estabelecimento das linhagens híbridas (Barton, 2001). Verificar se existem híbridos em
populações naturais, sua frequência e a ocorrência de introgressão genética são dados
importantes em projetos que envolvam a preservação ou conservação de populações nativas
(Allendorf et al., 2001; 2010). Além disso, é importante assumir qual o cenário que originou a
hibridação, ou seja, se é consequência direta de modificações ambientais propiciadas por
ações humanas ou está relacionada estritamente a fatores ambientais naturais (Allendorf et al.,
2001).
Nas últimas décadas tem sido verificado um aumento brusco na ocorrência de híbridos
e introgressão genética no ambiente selvagem, onde o principal fator de mudança ambiental é
o homem, responsável direta ou indiretamente por cerca de metade dos eventos de hibridação
(Rhymer e Simberloff, 1996; Scribner et al., 2001; Allendorf et al., 2010; Lamer et al., 2010).
Entre os processos de ação antropogênica relacionados à hibridação em peixes está a
destruição de locais de desova, alterações ambientais que podem modificar o comportamento
reprodutivo, introdução de espécies exóticas e o escape ou introduções de híbridos artificiais
4
Introdução
produzidos na aquicultura (Bartley et al., 2001; Scribner et al., 2001; Porto-Foresti et al., 2010;
Prado et al., 2012a).
A hibridação interespecífica resultante de ações antrópicas, como podem ocorrer em um
curto espaço de tempo, podem levar a modificações ecológicas e genéticas irreversíveis
(Allendorf et al., 2010). Em ambientes onde apenas os híbridos F1 são encontrados, ou seja,
são estéreis, as consequências da hibridação podem envolver competição e a perda de
esforços reprodutivos das espécies parentais, sem modificação genética (Toledo-Filho et al.,
1994; 1998). Por outro lado, quando os híbridos são férteis e ocorre introgressão, pode ocorrer
a formação de uma população composta inteiramente por híbridos ("mistura" genética ou
"hybrid swarms"), a diluição dos genomas parentais e decorrente extinção genética das
espécies parentais, onde a população será formada essencialmente por indivíduos
recombinantes (Huxel, 1999; Epifanio e Philipp, 2001; Muhlfeld et al., 2009; Allendorf et al.,
2001; Allendorf et al., 2010). Mesmo que seja formada uma população de híbridos, a questão
é se estes indivíduos irão se adaptar e permanecer no ambiente ou todo o pool gênico das
populações e espécies hibridizadas será perdido (Allendorf et al., 2001; 2010).
5
Introdução
6
Introdução
alimentar no rio principal, enquanto os juvenis permanecem por algum tempo nos lagos
(Resende, 2003; Godinho et al., 2007).
Estudos com P. corruscans no rio São Francisco demonstraram que o estilo de
migração foi dualístico, com indivíduos residentes (não migratórios) e peixes migratórios
(Godinho et al., 2007). De acordo com os autores, esta espécie pode realizar desovas
múltiplas, onde as fêmeas visitam os locais de reprodução várias vezes durante as enchentes.
Também foi evidenciado que possivelmente esta espécie apresente o comportamento de
“homing”, ou seja, retorne sempre ao seu local de nascimento para se reproduzir (Pereira et
al., 2009). Contudo, ainda há pouco conhecimento sobre o comportamento migratório destas
espécies, como as distâncias que percorrem e os movimentos da história de vida e de desova
de adultos, especialmente para P. reticulatum.
Além de sua importância biológica nos ambientes onde ocorrem, estes bagres estão
entre as principais espécies nativas mais produzidas no Brasil (Crepaldi et al., 2006; Campos,
2010; Ministério da Pesca e Aquicultura, 2010). Sua carne é apreciada pelo consumidor pela
ausência de espinhos intramusculares e são consideradas espécies nobres na pesca, além de
seu papel recreativo em estabelecimentos de lazer como “pesque-pagues” e “pesque-solte”
(Crepaldi et al., 2006; Campos, 2010; Porto-Foresti et al., 2010).
7
Introdução
comercializados, superando a produção das espécies puras (Campos, 2010; Crepaldi et al.,
2006; Porto-Foresti et al., 2010).
Embora os adultos híbridos F1 possam ser parcialmente identificados através do seu
padrão de manchas na pele (intermediário entre as espécies, com pontos e listras), os alevinos
e juvenis são muito parecidos com as espécies puras (Porto-Foresti et al., 2010). Além disso,
foi comprovada a fertilidade de um dos híbridos recíprocos em cultivo (híbrido " cachapinta",
resultante do cruzamento entre fêmea de P. reticulatum e macho de P. corruscans), que pode
gerar híbridos F2 ou retrocruzar com os parentais (Prado et al., 2012b). As linhagens híbridas
avançadas entre estas espécies apresentam caractísticas morfológicas muito variáveis, o que
dificulta sua identificação morfológica (José A. Senhorini, comunicação pessoal).
Os problemas resultantes desta falta de identificação correta das linhagens em cultivo
são mistura, venda equivocada de produtos e prejuízos para a piscicultura e para o meio
ambiente. Apenas P. corruscans é citada nas estatísticas oficiais de pesca (IBAMA, 2007;
Ministério da Pesca e Aquicultura, 2010), porém, a maioria dos juvenis de Pseudoplatystoma
produzidos no país são híbridos, comercializados e rotulados apenas como “pintado”
(Campos, 2010). Em relação à natureza, foi relatada a ocorrência destes híbridos em
populações selvagens, o que provavelmente resulta de escapes ou introduções dos estoques de
cultivo (Veríssimo et al., 2005; Bignotto et al., 2009; Prado et al., 2012a), e coloca em risco a
integridade genética de populações localmente adaptadas das espécies parentais.
8
Introdução
9
Introdução
10
Introdução
regiões do DNA seguem modelos evolutivos simples (marcadores neutros), e por serem
facilmente genotipadas através de PCR, têm sido amplamente desenvolvidas para diferentes
espécies e utilizadas para acessar a diversidade genética e detectar estruturação populacional
(Oliveira et al., 2009; Ciofi et al., 2011; Vera et al., 2011; Vargas-Ramirez et al., 2012;
Storfer et al., 2013).
Apesar de altamente polimórficos estes marcadores podem fornecer marcadores
adicionais para identificar espécies e hibridação através de diferentes abordagens, onde os
alelos parentais são transmitidos aos híbridos interespecíficos com características de uma
herança mendeliana clássica (You et al., 2009; Kang et al., 2011). São especialmente úteis em
análises onde não existem marcadores de regiões mais conservadas disponíveis para as
espécies e em casos onde os objetivos buscam integrar análises genético populacionais e a
identificação de hibridação na natureza.
Com o crescente desenvolvimento de métodos analíticos e programas estatísticos, um
avanço no campo da genética populacional tem sido o desenvolvimento de novas análises que
não eram viáveis utilizando apenas marcadores conservados (Hansen et al., 2001). Entre estas
análises estão os métodos de atribuição ou agrupamento dos indivíduos, que podem
identificar híbridos e introgressão em populações selvagens de forma eficiente utilizando
informações de frequências alélicas, verificar divergências genéticas interespecíficas,
identificar desequilíbrios populacionais relacionados a eventos de hibridação ou introgressão,
atribuir indivíduos a suas populações de origem, entre outras análises (Hansen et al., 2001;
Ostberg e Rodriguez 2004; Manel et al., 2005; Roques et al., 1999; Dubut et al., 2010;
Fitzpatrick, 2012; Zhang et al., 2013).
Os microssatélites possuem potencial para definir genótipos únicos o que, junto com a
sua relativa facilidade de aplicação e de confiabilidade nas determinações alélicas, os torna
marcadores particularmente úteis em estudos que necessitem de identificação individual
(Roques et al., 1999). A identificação de espécies pode ser realizada através da comparação
das frequências alélicas de duas espécies distintas e verificação dos alelos compartilhados
(Roques et al., 1999). Neste caso, a acumulação de mutações pode ter contribuído mais
substancialmente para a diferenciação das espécies do que ao observado entre populações do
mesmo taxa. De posse das frequências alélicas individuais, algumas análises também
permitem, por exemplo, a classificação dos espécimes em distintas classes híbridas (F1, F2 ou
retrocruzamentos), o que é especialmente importante para documentar a introgressão com
precisão (Anderson e Thompson 2002).
11
Introdução
1.5 Justificativa
1.6 Objetivos
12
Introdução
13
Material e métodos
2 MATERIAL E MÉTODOS
14
Material e métodos
c
b
15
Material e métodos
Tabela 1. Total de amostras obtidas organizadas por ponto de coleta, os rios onde foram coletadas,
bacias hidrográficas, período aproximado de coleta e sua prévia identificação morfológica.
População* N
BH Rio/Município ou local** Período Total
Pc Pr H
Ta 1 Ar Araguaia 2002-2009 - 24 - 24
2 Pa1 Paraguai/Cárceres 1998-2005 32 - - 32
3 Pa2 Paraguai/Corumbá 1998-2005 29 27 - 56
4 Pa3 Paraguai/Miranda 2002-2005 18 12 - 30
5 Cb1 Cuiabá/Nobres 2002-2005 - 11 - 11
6 Cb2 Cuiabá/Poconé, MT 1998-2005 36 30 - 66
7 Sl São Lourenço/Cuiabá 1998-2005 27 11 - 38
Pa
8 Cb3 Cuiabá3/ParnaPanta 2002-2010 18 42 - 60
9 Ta1 Taquari/Coxim 1998-2005 30 16 - 46
10 Ta2 Taquari/Corumbá 1998-2005 28 - - 28
11 Ng Negro 1998-2005 34 23 - 57
12 Aq Aquidauana 1998-2005 - 30 - 30
13 Mir Miranda 1998-2005 12 41 - 53
APr 14 Pr1 Paraná/Represa de Jupiá 2009 51 - - 51
15 Ve Verde 2008-2011 43 - - 43
16 Mogi Mogi-Guaçu 2008-2011 14 14 15 43
Pr 17 Ivi Ivinhema 2004 19 - - 19
18 Pp Paranapanema 2003 53 04 - 57
19 Ig Iguaçu 1998-2005 63 14 - 77
BPr 20 Pr2 Paraná 2011 49 20 - 69
Ur 21 Ur Uruguai 2003 06 - - 06
Total 562 319 15 896
BH: Bacias hidrográficas (Ta: Tocantins/Araguaia, Pa: Paraguai, Pr: Paraná, Ur: Uruguai, APr: Alto Paraná,
BPr: baixo Paraná), ParnaPanta: Parque Nacional do Pantanal, N: número amostral, Pc: P. corruscans, Pr: P.
reticulatum, H: possíveis híbridos, *1 a 21: pontos de coleta indicados na Figura 3, **Os rios amostrados em
mais de um ponto tiveram o município indicado e foram distinguidos através de número em sua sigla
correspondente.
16
Material e métodos
Figura 3. Pontos de amostragem dos peixes em rios da América do Sul. Os locais estão identificados
por círculos coloridos que representam onde foram amostradas as espécies P. reticulatum (azul), P.
corruscans (vermelho) e híbridos (verde). Os locais de coleta (1 a 21) e a quantidade de indivíduos
coletados estão indicados na Tabela 1. Barra = 300Km.
coletados entre 2008 e 2011 e cedidos por José A. Senhorini da coleção de peixes do
CEPTA/ICMBio, Pirassununga (Estado de São Paulo, Brasil). As amostras da de Pr2 (rio
Paraná) foram cedidas por Sebastián Sánchez, do Instituto de Ictiología del Nordeste,
Facultad de Ciencias Veterinarias, Universidad Nacional del Nordeste, Argentina, coletadas
em 2011 por pescadores no Porto de Antequera (Corrientes, Argentina).
Protocolo A
1 numerar duas séries de tubos de microcentrífuga (1,5 ml);
2 retirar uma pequena quantidade de sangue, adicionar nos tubos de microcentrífuga e colocar
na estufa por aproximadamente 10 minutos;
3 adicionar 300 μl de Cell lysis solution;
4 adicionar 5 μl de Proteinase K e vortexar;
5 levar ao banho-maria a 55º C por aproximadamente 1hora; Esperar voltar a temperatura
ambiente e continuar os procedimentos;
6 centrifugar por 30 segundos a 13.000 rpm e descartar o sobrenadante;
7 vortexar o pellet e adicionar 300 μl de Nuclei lysis solution e vortexar por 20 segundos;
8 centrifugar por 4 minutos a 13.000 rpm;
9 transferir o sobrenadante para a segunda série de tubo de microcentrífuga contendo 300 μl
de isopropanol e misturar por inversão;
10 centrifugar por 4 minutos a 13.000 rpm e descartar o sobrenadante;
11 adicionar 300 μl de Etanol 70% a temperatura ambiente;
12 centrifugar por 4 minutos a 13.000 rpm;
18
Material e métodos
Protocolo B
1 numerar duas séries de tubos de microcentrífuga (1,5 ml);
2 retirar uma pequena quantidade de tecido, adicionar nos tubos de microcentrífuga e colocar
na estufa por aproximadamente 10 minutos;
3 adicionar 600 μl de Cell lysis solution;
4 adicionar 5 μl de proteinase K e vortexar;
5 levar ao banho-maria a 60º C por aproximadamente 2 horas; Esperar voltar a temperatura
ambiente e continuar os procedimentos;
6 adicionar 3 μl de RNAse e colocar no banho-maria a 37° C por 30 minutos. Esperar voltar a
temperatura ambiente e continuar os procedimentos;
7 adicionar 200 μl de Protein precipitation solution e misturar rapidamente no vórtex;
8 Levar ao gelo por 5 minutos;
9 centrifugar por 4 minutos a 13.000 rpm;
10 remover o sobrenadante com cuidado e transferi-lo para outro tubo com 600 μl de
isopropanol a temperatura ambiente;
11 inverter os tubos gentilmente até que os filamentos de DNA tornem-se visíveis;
12 centrifugar por 4 minutos a 13.000 rpm e remover o sobrenadante invertendo o tubo
cuidadosamente;
13 adicionar 600 μl de etanol 70% (com a ponteira voltada para parede do tubo para não soltar
o pellet do fundo do tubo);
14 centrifugar por 4 minutos a 13000 rpm;
15 deixar secar em temperatura ambiente ou na estufa a 37° C, por 1 hora;
16 adicionar 75 μl de DNA rehydration solution por 1 hora a 65º C ou 24 horas a 4ºC.
19
Material e métodos
das espécies P. reticulatum, P. corruscans e seus híbridos. Estes marcadores foram utilizados
em conjunto com os marcadores RAG2 (Recombination activating gene 2) e mitocondrial 16S
(Prado et al., 2011a) previamente desenvolvidos para estas espécies.
Em uma próxima etapa, através de um pirosequenciamento Roche-454, foram
desenvolvidos e caracterizados novos marcadores microssatélites para a espécie P.
reticulatum. Foram feitos testes de transferabilidade para testar a amplificação em P.
corruscans. Os loci mais adequados foram selecionados de acordo com os objetivos de cada
etapa do trabalho para serem aplicados na investigação da diversidade, estruturação genética e
hibridação em populações destas espécies.
20
Material e métodos
Tabela 2. Sequências dos primers utilizados na amplificação dos fragmentos dos genes nucleares e
gene mitocondrial.
Foi utilizado o protocolo de purificação de DNA tendo por base o kit comercial
Protocolo do PEG (PolyEthylene Glycol) desenvolvido por Travis Glenn, disponível no
endereço <http://www.uga.edu/srel/DNA_Lab/PEG_Precip’00.rtf>:
1 adicionar 25 µl de polietileno glicol (PEG) 20%-NaCl 2,5 M ao produto de PCR
amplificado (25 µl). Misturar com a pipeta várias vezes;
2 colocar a 37ºC em estufa ou termociclador por 15 minutos;
3 centrifugar a 14.000 rpm por 15 minutos a temperatura ambiente;
4 descartar o sobrenadante;
5 adicionar 63 µl de álcool etílico 80% e esperar 2 minutos;
6 centrifugar a 14.000 rpm por 1 minuto a temperatura ambiente;
7 descartar o sobrenadante;
8 adicionar 63 µl de álcool etílico 80% e esperar 2 minutos;
9 centrifugar a 14.000 rpm por 1 minuto a temperatura ambiente;
10 descartar o sobrenadante;
11 secar em estufa a 37ºC por cerca de 10 minutos;
12 eluir em TE (100 mM Tris-CL e 10 mM EDTA - pH 8.0) adicionando 12,5µl e aguardar
pelo menos 30 minutos antes de utilizar o produto limpo.
21
Material e métodos
2.3.1.5 PCR-RFLP
As regiões sequenciadas dos genes Globina, EF1 e 18S foram submetidas ao programa
NEBcutter V2.0 (Vincze et al., 2003) para gerar mapas de restrição, tornando possível
encontrar enzimas específicas para as espécies parentais analisadas. Os produtos do PCR
foram submetidos à restrição enzimática em um volume final de 8 μl contendo 5 μl dos
produtos de PCR, tampão da enzima 1X e 5 unidades de enzima de restrição (10 U/μl) (New
22
Material e métodos
England Biolabs Inc.). O material das reações foi incubado por 2 horas de acordo com a
temperatura ideal de cada enzima.
2.3.1.6 PCR-Multiplex
As sequências parciais dos genes Globina e EF1 foram alinhadas através do programa
ClustalW (Thompson et al., 1994) implementado no programa BIOEDIT (Hall, 1999) para
verificar pontos de mutação, a partir dos quais foram desenhados os primers espécie-
específicos. As condições ideais dos primers foram analisadas através do programa NetPrimer
disponível no site do PREMIER Biosoft International
<http://www.premierbiosoft.com/netprimer>.
Para as amplificações multiplex foram utilizados, na mesma reação, tanto os primers
foward e reverse (Tabela 2) como os primers espécie-específicos desenvolvidos para as
espécies parentais, de acordo com o gene a ser analisado. As reações inicialmente foram
realizadas em uma concentração de aproximadamente 150 μM de cada dNTP, MgCl2 1.5
mM, tampão da Taq 1X, 0.5 unidades de Taq polymerase (Invitrogen), 0.1 a 0,4 μM de cada
primer e 10-50 ng de DNA genômico (total de 25 μl). As amplificações foram realizadas no
termociclador Mastercycler personal (Eppendorf) basicamente sob as condições de
desnaturação a 95°C por 40s, hibridização de 50 a 58°C por 40s e extensão a 72°C por 10 a
20s, com 35 repetições.
Para os genes onde foram desenvolvidas ambas as técnicas, a PCR-multiplex foi
utilizada em primeiro lugar, seguida pela PCR-RFLP em análises subsequentes para
confirmação dos resultados. Três amostras de DNA de cada espécie parental, previamente
identificadas como puras, foram utilizadas como controle de especificidade de todas as
reações. Os fragmentos de DNA das análises PCR-multiplex e PCR-RFLP foram visualizados
em gel de agarose 1,5% corado com brometo de etídio (1 ng/ml) ou SYBR Safe™ (Applied
Biosystems), utilizando o DNA ladder de 1 Kb (Invitrogen).
23
Material e métodos
além dos iniciadores para cada gene (Tabela 2), foram utilizados os primers espécie-
específicos RAG2Pc R (5’-AACTCCAGGTCAATGAGATAAATG-3’) e RAG2Pr R (5’-
CAGTTCCAGGTCTCTGTGGTT-3’) para o gene RAG2 e 16SPc F (5-
TGACCATAAAGATCCGGCTAT-3’) e 16SPr R (5’-TCTTGGTTTTGGGGTTGTTA-3’)
para o gene 16S (Prado et al., 2011a). As condições dos programas e concentração das
amplificações por PCR seguiram o indicado por Prado et al. (2011a) enquanto a análise em
gel de agarose seguiu as mesmas etapas descritas anteriormente.
2.3.2 Microssatélites
24
Material e métodos
25
Material e métodos
26
Material e métodos
Para cada espécie foram estabelecidos os valores alélicos totais e médios por locus e
por população. O número de indivíduos analisados, número de alelos e valores de
heterozigosidade observada (Ho) e esperada (He) foram obtidos através do programa Cervus
27
Material e métodos
3.0 (Marshall et al., 1998). Riqueza alélica foi obtida através do programa Fstat 2.9.3.2
(Goudet, 2002). Os valores de Fis (coeficiente de endogamia) e os cálculos de desvios do
equilíbrio de Hardy-Weinberg (HW) e desequilíbrio de ligação foram analisados através de
testes exatos de Fisher, implementados no programa GenePop 3.4 (Raymond e Rousset,
1995). Para verificar a ocorrência de alelos nulos utilizou-se o programa Micro-checker 2.2.3
(Van Oosterhout et al., 2004). Os valores de significância (P<0.05) foram ajustados de acordo
com a correção de Bonferroni) (Rice, 1989).
Para investigar a ocorrência de estruturação genética entre as populações de P.
reticulatum e P. corruscans foram obtidos os índices de Fst (Weir e Cockerham, 1984)
assumindo o modelo de alelos infinitos (IAM) para todos os loci e para todas as populações
no programa Arlequin 3.11 (Excoffier et al., 2005). Neste mesmo programa foram realizados
testes de variância molecular (AMOVA) (Excoffier et al., 1992) para verificar a distribuição
da variação entre populações, grupos de populações e dentro de populações. As significâncias
foram testadas por 1000 permutações.
Nos testes de AMOVA, as amostras de P. reticulatum foram analisadas de duas
formas: primeiro com todos os indivíduos como um único grupo; e posteriormente separadas
em dois grupos (um grupo com os indivíduos da bacia do Paraguai e outro grupo com as
amostras do Baixo Paraná). Para P. corruscans estas análises foram conduzidas de duas
maneiras: um único grupo composto por todas as populações; e dois grupos (um grupo com as
populações da bacia do Paraguai+Baixo Paraná e outro com amostras do Alto Paraná).
Análises bayesianas foram conduzidas através do programa Structure 2.3.4 (Pritchard
et al., 2000) para verificar o número real de populações (K) entre as amostras de cada espécie.
Foi permitido o modelo de ancestralidade não misturada (no admixture model) a fim de
permitir uma resolução máxima, uma vez que este parâmetro assume que cada indivíduo vem
exclusivamente de uma das populações (K) e é mais indicado para verificar uma estruturação
populacional sutil (Pritchard et al., 2000). Foram utilizados alelos correlacionados, 20 réplicas
para cada valor de K, 500.000 gerações da cadeia de Markov Monte Carlo(MCMC), com
períodos de “burn-in” de 200.000, e assumindo K=2 a 12 em P. corruscans e K=2 a 11 em P.
reticulatum. Posteriormente, para visualizar a extensão dos genótipos compartilhados entre as
populações (q), foram feitas novas análises com 20 réplicas para K=2, admixture mode,
500.000 cadeias MCMC, e período de “burn in”de 100.000.
28
Material e métodos
Foram obtidos dados de diversidade genética nas populações com híbridos (A, Ar,
variação de tamanho dos alelos, Ho e He) e verificados possíveis desvios do EHW, alelos
nulos e desequilíbrio de ligamento entre os loci utilizando os parâmetros e programas
descritos anteriormente. Os valores de significância (P<0.05) para estes testes foram ajustados
de acordo com a correção de Bonferroni (Rice, 1989).
Posteriormente foram realizados testes para verificar as probabilidades de
identificação de híbridos F1 e híbridos avançados em populações naturais de P. reticulatum e
P. corruscans com ocorrência de híbridos (rio Aquidauana e Mogi-Guaçu) utilizando análises
bayesianas. Foram feitos testes utilizando somente os marcadores variáveis microssatélites (8
loci - Prt3, 5, 12, 25, 27, 30, 36 e 39); utilizando os microssatélites junto com marcadores dos
genes RAG2, EF1 e gene ribossômico 18S ou utilizando apenas os microssatélites que se
29
Material e métodos
mostraram totalmente diagnósticos entre as espécies junto com os marcadores dos genes
RAG2, EF1 e 18S.
O programa Structure 2.3.4 foi utilizado para acessar os valores de q de cada indivíduo
atribuído a cada espécie parental, P. reticulatum ou P. corruscans. Foi estimado K=2,
ancestralidade misturada, 20 réplicas para cada valor de K, 500.000 cadeias MCMC, 100.000
gerações “burn-in” e utilizando a opção “popflag” para as espécies parentais (1: P.
reticulatum, 2: P.corruscans e 0: populações com hibridação). O programa NewHybrids 1.1
(Anderson e Thompson, 2002) foi utilizado para estimar a probabilidade total (Q) de cada
indivíduo pertencer a uma das seis classes: parental 1 P. reticulatum (Pr), parental 2 P.
corruscans (Pc), primeira geração de híbridos interespecíficos (F1), segunda geração de
híbridos (F2), retrocruzamentos de F1 com o parental 1 (RPR) ou retrocruzamentos de F1 com
o parental 2 (RPC). Os testes foram baseados em 100.000 varreduras MCMC após um período
de burn-in de 100.000, com as opções de z e s para indicar as espécies puras (z0s: P.
reticulatum e z1s: P. corruscans). Esta classificação foi realizada utilizando os marcadores
que permitiram uma melhor identificação dos indivíduos testados através do programa
Structure. Foi utilizado um índice de confiança de 90% para discriminar os indivíduos como
espécies parentais, sendo que os exemplares com valores menores de atribuição a determinada
espécie (0.1≤q≥0.9) foram identificados como indivíduos com algum nível de mistura entre as
espécies.
30
Resultados e discussão
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Capítulo 1.
Avaliação genética da hibridação entre os bagres Pseudoplatystoma reticulatum e P.
corruscans revela introgressão genética na natureza
Capítulo 2.
Diversidade e estruturação genética em populações dos peixes migradores Neotropicais
Pseudoplatystoma reticulatum e Pseudoplatystoma corruscans em rios das bacias do Paraguai
e Paraná
Capítulo 3.
Microssatélites e genes na detecção de hibridação entre duas espécies do gênero
Pseudoplatystoma através de análises bayesianas
31
Resultados e discussão - Capítulo 1
CAPÍTULO 1
RESUMO
32
Resultados e discussão - Capítulo 1
INTRODUÇÃO
33
Resultados e discussão - Capítulo 1
34
Resultados e discussão - Capítulo 1
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 1. Pontos de amostragem dos peixes em rios da América do Sul. Os locais estão identificados
por círculos coloridos que representam onde foram amostradas as espécies P. reticulatum (azul), P.
corruscans (vermelho) e híbridos (verde). Os locais de coleta (1 a 21) e a quantidade de indivíduos
coletados estão indicados na Tabela 3. Barra = 300 Km.
35
Resultados e discussão - Capítulo 1
36
Resultados e discussão - Capítulo 1
Tabela 1. Sequências dos primers dos genes nucleares e mitocondrial utilizados nas técnicas de PCR-
RFLP e PCR-multiplex.
37
Resultados e discussão - Capítulo 1
Fragmento diagnóstico
Técnica Gene (pb) Referências
Pr Pc
RAG2 550 300, 250 Prado et al., 2011
Globina 569 186, 381 Hashimoto et al., 2013a
DNAn 240, 270,
PCR-RFLP EF1 240, 560 Hashimoto et al., 2013a
290
18S 350 163, 187 Hashimoto et al., 2013a
DNAmt 16S 300, 350 650 Prado et al, 2011a
RAG2 550, 290 550, 330 Prado et al., 2011a
PCR- DNAn Globina 569, 137 569, 304 Hashimoto et al., 2013a
multiplex EF1 800, 630 800, 520 Hashimoto et al., 2013a
DNAmt 16S 650, 400 650, 200 Prado et al., 2011a
DNAn: DNA nuclear, DNAmt: DNA mitocondrial, Pr: P. reticulatum , Pc: P. corruscans, pb: pares de bases
RESULTADOS
Nas populações dos rios Araguaia (bacia Tocantins-Araguaia), Paraguai, Cuiabá, São
Lourenço, Taquari, Negro, Miranda (bacia do Paraguai), Verde, Ivinhema, Paranapanema,
Iguaçu, Paraná (população Pr2) (bacia do Paraná) e Uruguai (bacia do Uruguai) foram
identificados indivíduos das espécies parentais P. reticulatum e/ou P. corruscans, sem
evidências de híbridos ou introgressão genética (Tabela 3). As espécies destas populações
possuíram os marcadores diagnósticos espécie-específicos (Tabela 2) e sua identificação
38
Resultados e discussão - Capítulo 1
39
Resultados e discussão - Capítulo 1
N
BH Pop. Rio Época de coleta %H
Pc Pr H
Ta Ar (1) Araguaia 2002-2009 - 24 (24) - 0.00
Pa1 (2) Paraguai 1998-2005 30 (30) -- -- 0.00
Pa2 (3) Paraguai 1998-2005 29 (29) 25 (25) -- 0.00
Pa3 (4) Paraguai 2002-2005 18 (18) 11 (11) -- 0.00
Cb1 (5) Cuiabá 2002-2005 -- 08 (08) -- 0.00
Cb2 (6) Cuiabá 1998-2005 36 (36) 28 (28) -- 0.00
Sl (7) São Lourenço 1998-2005 27 (27) 11 (11) -- 0.00
Pa
Cb3 (8) Cuiabá 2002-2010 16 (16) 42 (42) -- 0.00
Ta1 (9) Taquari 1998-2005 29 (29) 16 (16) -- 0.00
Ta2 (10) Taquari 1998-2005 28 (28) -- -- 0.00
Ng (11) Negro 1998-2005 34 (34) 23 (23) -- 0.00
Aq (12) Aquidauana 1998-2005 - 15 (30) 15 (0) 50.00
Mir (13) Miranda 1998-2005 12 (12) 40 (40) -- 0.00
Pr1 (14) Paraná/Jupiá 2009 49 (51) -- 02 (00) 3.92
Ve (15) Verde 2008-2011 43 (43) - - 0.00
Mogi (16) Mogi-Guaçu 2008-2011 12 (14) 12 (14) 19 (15) 44.19
Pr Ivi (17) Ivinhema 2004 19 (19) - - 0.00
Pp (18) Paranapanema 2003 30 (30) 4 (4) - 0.00
Ig (19) Iguaçu 1998-2005 5 (5) 14 (14) - 0.00
Pr2 (20) Paraná 2011 35 (35) 14 (14) - 0.00
Ur Ur (21) Uruguai 2003 6 (6) - - 0.00
Total 458 (462) 286 (304) 36 (15) -
BH: Bacias hidrográficas (Ta: Tocantins/Araguaia, Pa: Paraguai, Pr: Paraná, Ur: Uruguai), Pop: população (os
números em parênteses indicam as respectivas localidades na Figura 1), N: número amostral, Pc: P. corruscans,
Pr: P. reticulatum, H: híbridos. Entre parênteses está indicada a prévia identificação morfológica dos
exemplares.
40
Resultados e discussão - Capítulo 1
marcador mitocondrial de P. reticulatum o que indica que é um híbrido avançado (Tabela 4).
Outro indivíduo (19-Mogi) possuiu metade de chance de ser um híbrido F2 e metade de ser
um RPR, também classificado genericamente como híbrido avançado (Tabela 4).
Desta forma, foi possível verificar um total de 13 híbridos avançados na população de
Aq, dos quais sete possivelmente resultam de retrocruzamentos entre F1 e P. reticulatum
(RPR). Também foram observados dois híbridos F1 nesta localidade. Na população de Pr1
foram observados dois híbridos F1 (Tabela 4). O marcador mitocondrial demonstrou que
todos estes peixes possuíram herança materna de P. reticulatum (Tabela 4). No rio Mogi-
Guaçu foram encontrados sete híbridos F1 e 12 híbridos avançados, dos quais oito foram do
tipo RPR. Entre os F1, cinco possuíram o marcador mitocondrial de P. reticulatum e dois de P.
corruscans(Tabela 4). Os híbridos RPR possuíram o DNA mitocondrial de P. reticulatum e as
outras linhagens avançadas demonstraram este marcador de ambas as espécies (Tabela 4).
41
Resultados e discussão - Capítulo 1
Tabela 4. Identificação dos indivíduos híbridos de acordo com seu genótipo nuclear e mitocondrial e
suaprobabilidade de classificação.
RAG2 EF1 18S DNAmt
Pop. Fen. NewHybrids (Q) Classe
Pc Pr Pc Pr Pc Pr Pc Pr
1 (Pr) - x - x x x 0.506 (RPR) - x HA(RPR)
2(Pr) - x - x x x 0.506(RPR) - x HA(RPR)
3 (Pr) x x - x x x 0.932 (RPR) - x HA(RPR)
4 (Pr) x x - x - x 0.643 (Pr) - x HA
5 (Pr) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1 (PrPc)
6 (Pr) x x - x - x 0.643 (Pr) - x HA
7 (Pr) - x x x - x 0.670 (RPR) - x HA(RPR)
Aq 8 (Pr) x x - x - x 0.643 (Pr) - x HA
9 (Pr) - x - x x x 0.670 (RPR) - x HA(RPR)
10 (Pr) x x - x - x 0.643 (Pr) - x HA
11 (Pr) x x - x - x 0.643 (Pr) - x HA
12 (Pr) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1 (PrPc)
13 (Pr) x x - x x x 0.932 (RPR) - x HA(RPR)
14 (Pr) x x - x - x 0.643 (Pr) - x HA
15 (Pr) x x - x x x 0.932 (RPR) - x HA(RPR)
1(Pc) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1 (PrPc)
Pr1
2(Pc) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1 (PrPc)
1 (Pc) x - x - x - 0.999 (Pc) - x HA
2 (Pc) x - x x x - 0.871 (Pc) x - HA
3 (Pr) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1 (PrPc)
4 (Pr) x x x x x x 0.696 (F1) x - F1 (PcPr)
5 (Pr) x x x x x x 0.696 (F1) x - F1 (PcPr)
6 (H) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1 (PrPc)
7 (H) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1 (PrPc)
8 (H) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1 (PrPc)
9 (H) x x x x x x 0.696 (F1) - x F1
Mogi 10 (H) x x x x - x 0.941 (RPR) - x HA(RPR)
11 (H) x x x x - x 0.941 (RPR) - x HA(RPR)
12 (H) x x - x x x 0.932 (RPR) - x HA(RPR)
13 (H) x x - x x x 0.932 (RPR) - x HA(RPR)
14 (H) - x - x x x 0.506 (RPR) - x HA(RPR)
15 (H) - x - x x x 0.506 (RPR) - x HA(RPR)
16 (H) x x - x - x 0.643 (Pr) - x HA
17 (H) - x x x - x 0.670 (RPR) - x HA(RPR)
18 (H) - x x x - x 0.670 (RPR) - x HA(RPR)
19 (H) - x x x x - 0.500 (RPR), 0.500 (F2) x - HA
Pop: população, Fen.: fenótipo, DNAmt: DNA mitocondrial, Pc – P. corruscans, Pr – P. reticulatum, H: híbrido,
PrPc: cruzamento entre fêmea de P. reticulatum e macho de P. corruscans, PcPr: cruzamento entre fêmea de P.
corruscans e macho de P. reticulatum, HA: híbrido avançado, RPR: retrocruzamento de F1 com P. reticulatum.
42
Resultados e discussão - Capítulo 1
DISCUSSÃO
43
Resultados e discussão - Capítulo 1
44
Resultados e discussão - Capítulo 1
2008; Metcalf et al., 2008; Broughton et al., 2011). Neste trabalho o DNA mitocondrial
permitiu discriminar os híbridos recíprocos F1 através da observação do seu parental materno
(P. reticulatum ou P. corruscans) e também indicou que os retrocruzamentos na natureza
envolvem a espécie P. reticulatum. Também foi interessante verificar que esta região
genômica possibilitou identificar um híbrido avançado, que apresentou todos os marcadores
nucleares de P. corruscans e o marcador mitocondrial de P. reticulatum. Este genótipo
provavelmente resulta de retrocruzamentos entre o híbrido PrPc com P. corruscans, seguido
de retrocruzamentos sucessivos com a espécie parental P. corruscans. Fato similar foi
observado por Bettles et al. (2005) estudando hibridação em trutas, onde observou indivíduos
homozigotos para uma espécie em sete marcadores nucleares mas apresentando o DNA
mitocondrial da espécie oposta. Este indivíduo foi classificado pelos autores como um híbrido
"antigo", resultante de alta introgressão entre as espécies.
45
Resultados e discussão - Capítulo 1
46
Resultados e discussão - Capítulo 1
47
Resultados e discussão - Capítulo 1
48
Resultados e discussão - Capítulo 1
49
Resultados e discussão - Capítulo 2
CAPÍTULO 2
RESUMO
O conhecimento de como a variação genética é dividida dentro e entre as populações pode ter
implicações importantes na biologia evolutiva e conservação das espécies. Estimativas
confiáveis de diferenciação população são cruciais para entender a conectividade entre as
populações e representam ferramentas importantes para o desenvolvimento de estratégias de
conservação. Neste trabalho foi analisada a diversidade genética intra e interpopulacional dos
bagres Pseudoplatystoma reticulatume Pseudoplatystoma corruscans provenientes de rios
distribuídos pelas bacias do Paraguai, Alto e Baixo Paraná (Bacia Platina, América do Sul)
utilizando microssatélites. Os resultados evidenciaram uma alta diversidade em todas as
localidades estudadas para ambas as espécies. Foi verificada ausência de diferenciação e alta
similaridade genética entre rios da bacia do Paraguai nas amostras de P. reticulatum e P.
corruscans, indicando a possível existência de uma população panmítica e homogeinização
genética resultante da migração e reprodução entre rios próximos. Em P. reticulatum, uma
diferenciação baixa a moderada, porém significativa, foi verificada entre rios mais distantes
geograficamente como Cuiabá e Miranda, e entre a bacia do Paraguai e Baixo Paraná. Em P.
corruscans as análises de estruturação genética revelaram dois grupos distintos, compostos
pelos rios Cuiabá (Bacia do Paraguai) e Verde+Paranapanema (Bacia do Alto Paraná). Não
foi observada diferenciação entre os rios da bacia do Paraguai e Baixo Paraná. Porém, uma
diferenciação moderada foi encontrada entre os rios do Paraguai+Baixo Paraná e os rios do
Alto Paraná, o que pode ser devido à distância geográfica e o isolamento entre estes locais
pela usina de Itaipú. Os diferentes cenários de diferenciação populacional entre estas espécies
podem estar relacionados à distintos comportamentos migratórios. Este trabalho disponibiliza
informações sobre a diversidade e estruturação genética destes peixes, que contribuem para o
conhecimento genético de suas populações naturais e podem ser úteis em futuras ações de
conservação e manejo. Além disso, estes dados genéticos podem complementar análises
ecológicas sobre a migração destas espécies.
50
Resultados e discussão - Capítulo 2
INTRODUÇÃO
51
Resultados e discussão - Capítulo 2
52
Resultados e discussão - Capítulo 2
MATERIAL E MÉTODOS
53
Resultados e discussão - Capítulo 2
Figura 1. Locais de coleta identificados por círculos coloridos que representam onde foram
amostradas as espécies P. reticulatum (azul) e P. corruscans (vermelho). Os rios correspondentes às
siglas e a quantidade de indivíduos estão indicados na Tabela 1.Barra = 300 Km.
54
Resultados e discussão - Capítulo 2
55
Resultados e discussão - Capítulo 2
RESULTADOS
Pseudoplatystoma reticulatum
56
Resultados e discussão - Capítulo 2
de desequilíbrio de ligamento (DL) entre Prt34 e Prt27, Prt36 e Prt5; Prt39 com Prt25 e Prt5;
Prt 36 e Prt27 (P<0.005). Já na população Ng, DL ocorreu entre os microssatélites Prt39 e
Prt34 (P<0.005).
57
Resultados e discussão - Capítulo 2
Tabela 2. Continuação.
Lócus Cb Pa Ta Ng Mir Pr
Prt27
N 27 22 12 20 28 10
Na 7 4 6 6 7 4
Ar 4.996 3.547 5.391 4.012 5.090 3.895
Ho 0.630 0.409 0.250 0.300 0.464 0.500
He 0.522 0.425 0.674 0.360 0.606 0.626
EHW 1.000 0.575 0.000* 0.090 0.019 0.166
Fis -0.211 0.038 0.639 0.171 0.238 0.210
Prt30
N 27 22 12 20 26 10
Na 8 8 6 10 9 5
Ar 5.292 6.289 5.248 7.324 5.802 4.895
Ho 0.667 0.727 0.667 0.750 0.769 0.700
He 0.682 0.792 0.703 0.829 0.757 0.737
EHW 0.422 0.118 0.895 0.251 0.855 0.153
Fis 0.023 0.083 0.054 0.098 -0.016 0.053
Prt34
N 27 21 12 20 28 9
Na 11 10 11 9 11 8
Ar 7.877 7.905 9.663 7.564 8.342 8.000
Ho 0.778 0.714 0.917 0.850 0.821 1.000
He 0.833 0.856 0.920 0.874 0.874 0.902
EHW 0.110 0.272 0.566 0.178 0.647 0.852
Fis 0.067 0.169 0.004 0.029 0.061 -0.116
Prt36
Na 27 21 12 20 21 9
Ar 7 9 8 8 6 5
Ar 5.866 7.384 7.415 7.320 5.230 5.000
Ho 0.778 0.857 1.000 0.950 0.619 0.778
He 0.805 0.863 0.866 0.876 0.772 0.732
EHW 0.685 0.647 0.757 0.183 0.132 0.352
Fis 0.034 0.007 -0.163 -0.087 0.202 -0.067
Prt39
N 27 19 12 19 25 10
Na 9 8 6 7 12 5
Ar 7.203 5.873 5.490 5.511 8.365 4.895
Ho 0.704 0.579 0.583 0.474 0.560 0.600
He 0.829 0.767 0.801 0.745 0.881 0.737
0.012 0.228 0.382 0.088 0.000 * 0.383
0.153 0.250 0.280 0.371 0.369 0.194
Total
A 79 86 70 78 89 58
Média
N 27 22 12 20 28 10
A 7.9 8.6 7.0 7.8 8.9 5.8
Ar 5.826 6.434 6.256 6.106 6.429 5.766
Ho 0.693 0.712 0.658 0.657 0.681 0.747
He 0.726 0.754 0.757 0.733 0.772 0.766
EHW 0.412 0.423 0.617 0.189 0.518 0.500
Fis 0.047 0.053 0.154 0.109 0.119 0.035
N: número de indivíduos, Na: número de alelos por locus, A: número total de alelos, Ar: riqueza alélica, Ho:
heterozigosidade observada, He: heterozigosidade esperada. EHW: testes de equilíbrio de Hardy-Weinberg. Fis:
coeficiente de endocruzamento. * P<0.005 após a correção de Bonferroni. Em negrito os valores de Fis para os
loci com possíveis alelos nulos.
58
Resultados e discussão - Capítulo 2
Tabela 4. Análise de variância molecular (AMOVA), aplicando o índice Fstpara todas as populações e
grupos de populações de P. reticulatum.
Componentes de
Grupos Tipo de variação Porcentagem de variação (%)
variação
Entre populações 0.05584 2.07*
1
Dentro das populações 2.63643 97.93*
Entre os grupos 0.21311 5.69*
2 Entre as populações dentro dos grupos 0.03163 0.85
Entre indivíduos dentro das populações 3.50050 93.46*
1: análise de todas as populações como um único grupo, 2: análise através da divisão em dois grupos, um
composto pelas populações da bacia do Paraguai e outro compreendendo a população do Baixo Paraná.
*variação significativa (P<0.05).
Os resultados do teste inicial no programa Structure indicaram K=1, sem divisão das
populações em grupos distintos. As análises utilizando K=2 para verificar a extensão do fluxo
59
Resultados e discussão - Capítulo 2
gênico entre as populações demonstraram que os genótipos estavam divididos entre todas as
localidades com valores de q entre 0.438 a 0.572 atribuídos a cada um dos grupos (Figura 2).
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Cb Pa Ta Ng Mir Pr
Figura 2. Estrutura “bar plot” das populações de P. reticulatum, estimada pelo programa Structure
utilizando K=2. Cada cor indica um grupo com base em semelhanças genotípicas. As legendas das
populações (Cb-Pr) estão indicadas na tabela 1.
Pseudoplatystoma corruscans
Foi observado um total de 150 alelos (média de 18.75 alelos por locus), Ar média de
9.590 e He média de 0.670 entre todos os loci e populações. Todos os microssatélites foram
polimórficos ao menos em uma localidade (Tabela 5). O locus Prt25 foi o menos diverso,
apresentando-se monomórfico na maioria das populações (Cb, Pa, Ta, Ve e Pp). Entre as
populações onde foi polimórfico, apresentou até 2 alelos e He média de 0.015. Prt3 também
foi monomórfico em algumas populações (Ve e Pp) e apresentou uma variação de 2 a 3 alelos
e He média de 0.111. O maior número de alelos foi encontrado no locus Prt36 (A=44)
enquanto Prt 27 demonstrou maiores valores de He (He média=0.952) (Tabela 5).
A população de Ve apresentou os valores mais baixos de diversidade (A=76, Ar
média=8.044, He média=0.624), enquanto na população de Ta foi verificado o maior valor de
He médio (0.691) e na localidade de Ng a maior quantidade de alelos (A=105, Ar
média=10.715). A maioria dos microssatélites e populações encontrou-se em equilíbrio de
Hardy-Weinberg (Tabela 5). Desvios significativos (P<0.006 após a correção de Bonferroni)
do EHW foram detectados para Prt5 na população de Taq. O valor positivo de Fis foi
significativo para este locus e o programa Micro-checker indicou a provável existência de
alelos nulos devido a um déficit de heterozigotos (Tabela 5). Também foi observada a
probabilidade de alelos nulos para Prt3 e Prt25 na população de Pr. Foi verificado
desequilíbrio de ligamento entre Prt27 e Prt36 na população Ng (P<0.006). Na população de
60
Resultados e discussão - Capítulo 2
Ve os DL foram entre os microssatélites Prt 5 com 39, 30, 27 e 12; Prt30 com 12, 27 e 39; Prt
27 com 12 e 39 (P<0.006).
61
Resultados e discussão - Capítulo 2
Tabela 5. Continuação.
Lócus Cb Pa Ta Ng Ve Pp Pr
Prt30
N 33 22 22 32 30 28 30
Na 12 8 10 13 8 8 11
Ar 10.162 7.632 9.753 11.201 6.798 6.805 9.464
Ho 0.727 0.773 0.955 0.844 0.867 0.679 0.900
He 0.833 0.821 0.867 0.843 0.780 0.797 0.854
EHW 0.344 0.304 0.280 0.119 0.769 0.166 0.954
Fis 0.128 0.060 -0.104 -0.001 -0.113 0.151 -0.055
Prt36
N 32 22 18 29 26 27 24
Na 15 20 18 19 16 20 21
Ar 11.887 17.662 18.000 14.019 13.430 16.484 17.253
Ho 0.875 0.909 0.944 0.759 0.769 0.963 0.792
He 0.828 0.862 0.914 0.831 0.819 0.927 0.885
EHW 0.442 0.415 0.867 0.517 0.174 0.416 0.105
Fis -0.058 -0.057 -0.034 0.089 0.062 -0.040 0.107
Prt39
N 33 22 22 32 30 28 30
Na 14 11 9 16 11 8 16
Ar 10.701 10.082 8.391 12.954 8.922 6.998 12.267
Ho 0.758 0.864 0.682 0.875 0.767 0.750 0.733
He 0.778 0.838 0.740 0.856 0.779 0.749 0.814
EHW 0.068 0.435 0.250 0.300 0.025 0.817 0.266
Fis 0.026 -0.031 0.080 -0.023 0.016 -0.001 0.101
Total
A 87 85 86 105 76 80 104
Média
N 33 24 22 32 30 30 31
Na 10.88 10.63 10.75 13.13 9.50 10.00 13.00
Ar 9.083 9.870 10.188 10.673 8.044 8.554 10.715
Ho 0.632 0.676 0.674 0.666 0.637 0.638 0.644
He 0.650 0.673 0.691 0.679 0.624 0.640 0.680
EHW 0.372 0.460 0.458 0.338 0.180 0.605 0.318
Fis 0.018 0.051 0.061 0.076 -0.023 0.005 0.230
N: número de indivíduos, Na: número de alelos por locus, A: número total de alelos, Ar: riqueza alélica, Ho:
heterozigosidade observada, He: heterozigosidade esperada. EHW: testes de equilíbrio de Hardy-Weinberg. Fis:
coeficiente de endocruzamento. * P<0.005 após a correção de Bonferroni. Em negrito os valores de Fis para os
loci com possíveis alelos nulos.
62
Resultados e discussão - Capítulo 2
Tabela 7. Análise de variância molecular (AMOVA). aplicando o índice Fst para todas as populações
e grupos de populações de P. corruscans.
Componentes
Grupos Tipo de variação Porcentagem de variação (%)
de variação
Entre populações 0.04590 2.85*
1
Dentro das populações 1.56358 97.15*
Entre os grupos 0.08899 3.53*
2 Entre as populações dentro dos grupos 0.01797 0.71
Entre indivíduos dentro das populações 2.41325 95.75*
1: todas as populações como um único grupo, 2: dois grupos, um composto pelas populações da bacia do
Paraguai e Baixo Paraná e outro compreendendo as populações da bacia do Alto Paraná, *variação significativa
(P<0.05).
grupos. No rio Paraná foi verificado aproximadamente metade de atribuição de seu genótipo a
cada grupo inferido (0.562 ao grupo 1 e 0.438 ao grupo 2).
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Cb Pa Ta Ng Pr Pp Ve
Figura 3. Estrutura “bar plot” das populações de P. corruscans, estimada pelo programa Structure
utilizando K=2. Cada cor indica um grupo com base em semelhanças genotípicas. As legendas das
populações (Cb-Ve) estão indicadas na tabela 1.
DISCUSSÃO
Análises intrapopulacionais
64
Resultados e discussão - Capítulo 2
65
Resultados e discussão - Capítulo 2
Análises interpopulacionais
O comportamento de homing tem sido sugerido para diversas espécies de peixes com
hábitos migratórios (Batista e Gomes, 2006; Piorski et al., 2008; Oliveira et al., 2009; Pereira
et al., 2009). Durante a reprodução as espécies estariam corretamente atribuídas à suas
populações, uma vez que retornariam sempre ao mesmo local, levando a uma diferenciação
genética entre as populações; já os indivíduos que estão em sua época de alimentação
encontram-se "misturados" com outras populações, ocasionando menor diferenciação genética
(Pereira et al., 2009). Desta forma, é indicado que, para verificar a estruturação populacional
em espécies migratórias, deve-se coletar os indivíduos em sua época de reprodução.
Estudos utilizando um grupo de microssatélites distintos (Revaldaves et al., 2005) tem
revelado uma diferenciação baixa a moderada, porém significativas entre populações das
espécies P. reticulatum e P. corruscans (Abreu et al., 2009; Pereira et al., 2009). Segundo
estes trabalhos, mesmo localidades próximas geograficamente, como rios da bacia do
Paraguai (Cb, Ta e Ng) em P. corruscans (Fst entre 0.03435 a 0.16349) e rios Paraguai e
Jauru em P. reticulatum (Fst=0.22) apresentaram estruturação genética, o que pode estar
relacionado com o comportamento de homing nestas espécies.
Estes dados interpopulacionais não condizem com verificado neste trabalho, onde foi
observada alta similaridade genética entre a maioria das populações de P. reticulatum e todas
as populações de P. corruscans dentro da bacia do Paraguai, com diferenciação não
significativa, mesmo entre populações coletadas em sua época de reprodução. É possível que
esta ausência de diferenciação genética esteja relacionada com uma população panmítica na
bacia do Paraguai, e um fluxo gênico maior do que o esperado para estas espécies. Os
movimentos migratórios comuns a estas espécies podem estar ocasionando a ausência de
diferenciação significativa entre as populações mais próximas da bacia do Paraguai, o que
66
Resultados e discussão - Capítulo 2
também explicaria a alta diversidade encontrada nestas populações. Este padrão pode ter
surgido pelas migrações anuais, atuando na homogeinização entre as populações mais
próximas. Estudos com a espécie migratória Prochilodus lineatus, demonstraram ausência de
estruturação genética entre populações do rio São Francisco, mesmo coletadas em sua época
de reprodução, onde existe a possibilidade da reprodução anual ser um agente de
homogeinização dos diferentes pools genéticos (Carvalho-Costa et al., 2008).
Porém, também existe a possibilidade das análises genéticas deste trabalho não terem
conseguido acessar uma sutil estruturação nas populações destas espécies dentro das bacias
hidrográficas de sua ocorrência. Isto pode ser devido à erros de amostragem, com a possível
coleta de indivíduos provenientes de diversas populações; ou ao relativo baixo número de
indivíduos amostrados em algumas localidades, que não foram suficientes para visualizar as
diferenças alélicas interpopulacionais.
De acordo com Wright (1978), valores entre 0.00 e 0.05 indicam baixo nível de
diferenciação genética, valores entre 0.05 e 0.25 indicam diferenciação genética moderada, e
valores acima de 0.25 indicam alta diferenciação. No entanto, é importante ressaltar que,
mesmo as baixas estimativas de Fst (<0.05) podem refletir uma importante diferenciação
genética entre as populações (Balloux e Lugon- Moulin, 2002). A manutenção da diversidade
genética depende da preservação do fluxo gênico entre as populações de um sistema (Laikre
et al, 2005). Portanto, a estruturação populacional poderia manter a existência de populações
genéticas distintas e evitar a panmixia. Por outro lado, o fluxo de genes assegura a introdução
de variações genéticas nas populações, evitando endogamia e a perda de variação genética nas
espécies como um todo (Laikre et al., 1999; Templeton, 2011). Assim, embora a magnitude
dos valores de Fst na diferenciação populacional ainda seja alvo de debates, em termos de
conservação, é recomendável considerar a existência de subdividsões entre as populações do
que uma única população, o que poderia resultar na depleção da variação genética (Laikre et
al., 2005).
Apesar da alta similaridade entre rios próximos, os dados deste estudo demonstraram
diferenciação genética entre localidades mais distantes. Dentro da bacia do Paraguai a
população de P. reticulatum do rio Cuiabá foi significativamente diferenciada do rio Miranda.
Além disso, todos os rios da bacia do Paraguai, com exceção do rio Taquari, apresentaram
diferenciação genética do rio Paraná (Baixo Paraná). Não existem estudos específicos sobre a
migração de P. reticulatum, como por exemplo, o alcance que realiza, porém,
67
Resultados e discussão - Capítulo 2
68
Resultados e discussão - Capítulo 2
o baixo Paraná e o rio Paranapanema (Alto Paraná) e sugeriu que alguns indivíduos possam
passar pela barragem através das escadas de peixes implantadas na usina.
Carvalho et al. (2012) utilizaram DNA mitocondrial e microssatélites para verificar a
diferenciação entre populações de P. corruscans da bacia do São Francisco e bacia do
Paraguai/Paraná. Os microssatélites utilizados por estes autores foram os mesmos utilizados
por Abreu et al. (2009) e Pereira et al. (2009) e disponibilizaramum valor de Fst de 0.18,
altamente significativos entre as bacias. Estes dados, em conjunto com os resultados deste
estudo, indicam que existe diferenciação genética para P. corruscans entre as bacias
geográficas de sua ocorrência (Paraguai, Paraná e São Francisco).
Os resultados deste trabaho fornecem informações sobre a diversidade genética e
padrões de diferenciação populacional para estas espécies e representam a primeira análise
genética das populações de P. reticulatum abrangendo os rios aqui analisados.
Adicionalmente, a diferenciação genética distinta verificada entre as espécies pode ser útil
para futuros estudos ecológicos e de migração nestas espécies. Os valores de diversidade
podem ser futuramente utilizados no manejo destas espécies em cultivo e para verificar
possíveis alterações populacionais.
69
Resultados e discussão - Capítulo 3
CAPÍTULO 3
RESUMO
70
Resultados e discussão - Capítulo 3
INTRODUÇÃO
71
Resultados e discussão - Capítulo 3
72
Resultados e discussão - Capítulo 3
MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisadas populações das espécies parentais (P. reticulatum: N=119 amostras
dos rios Paraguai, Cuiabá, Taquari, Negro, Miranda e Paraná; P. corruscans: N=202
amostrasdos rios Paraguai, Cuiabá, Taquari, Negro, Verde, Paranapanema e Paraná) e duas
populações com ocorrência de hibridação (rio Aquidauana: N=30 e rio Mogi-Guaçu: N=43).
Estas amostras foram as mesmas analisadas por Prado et al. (Capítulo 1), que realizaram sua
identificação genética utilizando os genes nucleares RAG2 (Recombination activating gene
2), EF1 (elongation factor 1) e ribossômico 18S (Prado et al., 2011; Hashimoto et al., 2013a)
e cederam a genotipagem destes genes para este trabalho.
Também foram analisados oito microssatélites (Prt3, Prt 5, Prt12, Prt25, Prt27, Prt30,
Prt36 e Prt39) (Prado et al. in press). Os dados alélicos destes loci para as populações
parentais foram cedidos por Prado et al. (Capítulo 2), enquanto as populações de Aquidauana
e Mogi-Guaçu foram genotipadas neste trabalho.
Foi realizada extração e purificação do DNA genômico total das populações com
hibridação, de acordo com o protocolo descrito no kit comercial Wizard genomic DNA
purification kit (Promega). A amplificação dos microssatélites foi realizada através de PCR
(Polymerase chain reaction) utilizando as concentrações e programas descritos por Prado et
al. (Capítulo 2). Os produtos de PCR foram confirmados em gel de agarose a 1% agarose
utilizando o DNA ladder de 100 pares de bases (pb) DNA ladder (Invitrogen) corado com
SYBR Safe ™ (Applied Biosystems) e posteriormente aplicados em analisador genético
automático ABI PRISM_3730 (Applied Biosystems). O tamanho dos alelos foram
estabelecidos e marcados utilizando o programa Gene Mapper 3.7 (Applied Biosystems).
Análises interespecíficas
73
Resultados e discussão - Capítulo 3
espécies foi medida através do índice Fst (Weir e Cockerham, 1984) utilizando o programa
Arlequin 3.11 (Excoffier et al., 2005). Através deste mesmo programa também foram feitas
análises de variância molecular (AMOVA) para acessar a variação entre as espécies e entre as
populações dentro de cada espécie, sendo que as significâncias foram testadas por 1000
permutações. Também foram obtidos valores de Rst (Rousset, 1996; Goodman, 1997) que
consiste em uma variação dos índices de diferenciação genética com base no tamanho alélico,
implementado no programa GenePop 3.4 (Raymond e Rousset, 1995). As frequências alélicas
para todos os loci por espécie foram obtidas através do programa Fstat 2.9.3.2 (Goudet, 2002)
e os alelos exclusivos para cada espécie foram identificados manualmente.
A fim de verificar o número real de K entre todas as amostras (N=394) e visualizar o
número de grupos diferenciados entre as espécies parentais e as populações com híbridos, o
valor de K foi inicialmente estimado através do programa Structure 2.3.4 (Pritchard et al.,
2000), assumindo ancestralidade misturada, alelos correlacionados, testados valores de K=2 a
10, 20 réplicas para cada valor de K, 500.000 cadeias MCMC e 100.000 gerações “burn-in”.
Foram obtidos dados de diversidade genética nas populações com híbridos (A,
variação de tamanho dos alelos, Ho e He) utilizando os parâmetros e programas descritos
anteriormente. Os valores de Fis (coeficiente de endogamia) e os cálculos de desvios do
equilíbrio de Hardy-Weinberg (HW) e desequilíbrio de ligação foram analisados através de
testes exatos de Fisher, implementados no programa GenePop 3.4 (Raymond e Rousset,
1995). Os valores de significância (P<0.05) foram ajustados de acordo com a correção de
Bonferroni) (Rice, 1989).
Posteriormente, foram realizados testes para verificar as probabilidades de
identificação de híbridos F1 e híbridos avançados utilizando análises bayesianas. Foram feitos
testes utilizando somente os marcadores variáveis microssatélites (Prt3, 5, 12, 25, 27, 30, 36 e
39); utilizando todos os marcadores (oito microssatélites e genes RAG2, EF1 e 18S); ou
selecionando apenas os marcadores totalmente diagnósticos entre as espécies.
Através do programa Structure foram obtidos os valores de q de cada indivíduo
atribuído a cada espécie parental, P. reticulatum (q1) ou P. corruscans (q2). Foi estimado
K=2, ancestralidade misturada, 20 réplicas para cada valor de K, 500.000 cadeias MCMC,
100.000 gerações “burn-in” e utilizada a opção “popflag” para as espécies parentais (1: P.
74
Resultados e discussão - Capítulo 3
RESULTADOS
Análises interespecíficas
75
Resultados e discussão - Capítulo 3
0.7028 a 0.9968, altamente significativos para o restante dos loci (Rst médio= 0.9008,
P=0.000) (Tabela 1).
Tabela 1. Diversidade genética por espécie, por locus e diferenciação genética entre as espécies
através dos índices de Fst e Rst.
A (Ae) Tamanho dos alelos (pb) He
Lócus Fst Rst
Pr Pc Pr Pc Pr Pc
Prt3 7 (7) 3 (3) 184-197 159-161 0.621 0.111 0.72772* 0.9968*
Prt5 16 (7) 24 (13) 219-280 221-297 0.869 0.905 0.16014* 0.0006
Prt12 7 (7) 13 (13) 272-292 296-320 0.678 0.865 0.29307* 0.9574*
Prt25 17 (15) 2 (0) 167-207 169-171 0.782 0.015 0.70195* 0.8333*
Prt27 9 (6) 31 (28) 211-233 225-293 0.530 0.952 0.22317* 0.8379*
Prt30 14 (14) 13 (13) 99-133 69-95 0.760 0.831 0.28144* 0.9116*
Prt36 10 (10) 44 (44) 232-272 326-433 0.833 0.872 0.24203* 0.9345*
Prt39 14 (5) 20 (10) 268-306 255-288 0.828 0.807 0.28284* 0.7028*
Pr: P. reticulatum, Pc: P. corruscans, A: número total de alelos, Ae: alelos exclusivos, pb: pares de bases, He:
heterozigosidade esperada. Variação significativa, *P=0.0000. Em destaque os loci diagnósticos.
A análise bayesiana inicial gerada pelo programa Structure indicou K=2 grupos
correspondentes às duas espécies: P. reticulatum e P. corruscans (Figura 1). Todas as
populações de P. reticulatum foram atribuídas a um único grupo claramente distinto das
populações de P. corruscans (Figura 1). Entre todos os indivíduos de P. reticulatum, um
espécime apresentou q1=0.860 de seu genótipo atribuído a esta espécie, enquanto o restante
76
Resultados e discussão - Capítulo 3
teve valores de q1=0.946 a 0.998 de seus genótipos atribuídos a esta classe parental (média de
q1=0.995). Para o grupo de P. corruscans os valores de atribuição dos genótipos a esta
espécie foram de q2=0.924 a 0.998 (média de q2=0.995). As populações com hibridação
apresentaram genótipos atribuídos a ambas espécies, demonstrando sinais de introgressão,
porém, sem constituir um grupo diferenciado (a atribuição de cada indivíduo das populações
de Aquidauana e Mogi-Guaçu utilizando os oito loci encontra-se nas tabelas 5 e 6,
respectivamente) (Figura 1).
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Pr Pc Mogi Aq
Figura 1. Estrutura “bar plot” das populações, estimada pelo programa Structure utilizando oito
microssatélites. Cada cor indica um grupo com base em semelhanças genotípicas. K=2. Pr: populações
de P. reticulatum, Pc: populações de P. corruscans, Mogi: população do rio Mogi-Guaçu, Aq: população do rio
Aquidauana.
77
Resultados e discussão - Capítulo 3
Tabela 3. Dados alélicos por locus para a populações dos rios Aquidauana e Mogi-Guaçu.
Lócus N A Tamanho dos alelos (pb) Ho He EHW Fis
Aquidauana
Prt3 30 4 159-195 0.800 0.693 0.668 -0.157
Prt5 28 7 248-278 0.821 0.786 0.007 -0.045
Prt12 30 6 272 – 308 0.800 0.673 0.376 -0.192
Prt25 30 5 169-183 0.900 0.708 0.218 -0.277
Prt27 29 7 211-271 0.690 0.707 0.033 0.025
Prt30 28 9 69-129 1.000 0.864 0.000* -0.160
Prt36 25 12 232-381 0.960 0.870 0.002* -0.106
Prt39 28 8 255-294 0.929 0.850 0.001* -0.094
Média 28.5 7.25 - 0.862 0.769 0.163 -0.126
Mogi-Guaçu
Prt3 41 7 159-197 0.683 0.704 0.353 0.030
Prt5 42 21 205-292 0.952 0.947 0.094 -0.006
Prt12 40 18 270-318 0.875 0.924 0.000* 0.054
Prt25 41 11 161-197 0.610 0.755 0.000* 0.194
Prt27 41 19 221-291 0.878 0.893 0.005* 0.016
Prt30 41 16 69-142 0.805 0.896 0.011 0.103
Prt36 39 20 232-432 0.795 0.911 0.002* 0.129
Prt39 42 11 261-297 0.619 0.876 0.000* 0.296
Média 40.9 15.37 - 0.777 0.863 0.058 0.102
Pr: P. reticulatum, Pc: P. corruscans, N: número de indivíduos genotipados, A: número total de alelos, Ar:
riqueza alélica, pb: pares de bases, Ho: heterozigosidade observada, He: heterozigosidade esperada. EHW: testes
de equilíbrio de Hardy-Weinberg. Fis: coeficiente de endocruzamento. * P<0.006 após a correção de Bonferroni.
Os testes realizados para testar a eficácia dos marcadores na identificação das espécies
e os híbridos demontraram que, utilizando o programa Structure, a atribuição das espécies
parentais foi muito alta utilizando os oito microssatélites (q=0.995) e permitiu identificar a
ocorrência de hibridação nas populações (Figura 1, Tabela 4). A utilização de todos os
marcadores (oito microssatélites e três genes) aumentou a atribuiçao das classes parentais
(q=0.997) e a detecção da hibridação, o que pôde ser visualizado pela maior atribuição da
população de Aquidauana ao genótipo de P. corruscans. Por outro lado, a utilização apenas
dos marcadores totalmente diagnósticos entre as espécies (microssatélites Prt3, 12, 30 e 36; e
três genes), além de indicar os mesmos valores de atribuição observados utilizando todos os
marcadores (q=0.997), intensificou a detecção da introgressão de genes em Aquidauana
(Tabela 4).
78
Resultados e discussão - Capítulo 3
Tabela 4. Atribuição média dos indivíduos de cada população aos genótipos das espécies parentais.
79
Resultados e discussão - Capítulo 3
Tabela 5. Identificação dos indivíduos do rio Aquidauana através de análises bayesianas no programa
Structure e sua posterior classificação pelo NewHybrids.
q - Structure
8 micros. 4 micros. Q– NewHybrids
Indiv. 3 genes* 8 micros.
3 genes 3 genes (classe)**
q1 Pr q2 Pc q1 Pr q2 Pc q1 Pr q2 Pc
1 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.995 0.005 0.942 (Pr)
2 Pr 0.720 0.280 0.793 0.207 0.807 0.193 0.977 (RPR)
3 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.985 (Pr)
4 Ha (RPR) 0.717 0.283 0.725 0.275 0.758 0.242 0.977 (RPR)
5 Ha (RPR) 0.624 0.376 0.694 0.306 0.728 0.272 0.966 (RPR)
6 Ha (RPR) 0.940 0.060 0.778 0.222 0.705 0.295 0.969 (RPR)
7 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.989 (Pr)
8 Ha 0.986 0.014 0.939 0.061 0.881 0.119 0.993 (RPR)
9 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.978 (Pr)
10 Pr 0.964 0.036 0.926 0.074 0.997 0.003 0.985 (Pr)
11 Pr 0.996 0.004 0.994 0.006 0.997 0.003 0.965 (Pr)
12 F1 0.570 0.430 0.543 0.457 0.569 0.431 0.769 (F1)
13 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.989 (Pr)
14 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.989 (Pr)
15 Ha 0.981 0.019 0.924 0.076 0.979 0.021 0.666 (RPR)
16 Pr 0.986 0.014 0.988 0.012 0.997 0.003 0.965 (Pr)
17 Ha (RPR) 0.819 0.181 0.806 0.194 0.849 0.151 0.988 (RPR)
18 Ha 0.693 0.307 0.726 0.274 0.645 0.355 0.712 (F2)
19 Pr 0.874 0.126 0.916 0.084 0.853 0.147 0.548 (RPR)
20 Ha 0.941 0.059 0.839 0.161 0.877 0.123 0.988 (RPR)
21 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.989 (Pr)
22 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.989 (Pr)
23 Ha (RPR) 0.916 0.084 0.861 0.139 0.791 0.209 0.988 (RPR)
24 Ha 0.852 0.148 0.821 0.179 0.860 0.140 0.991 (RPR)
25 F1 0.960 0.040 0.758 0.242 0.649 0.351 0.956 (RPR)
26 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.992 (Pr)
27 Ha (RPR) 0.847 0.153 0.735 0.265 0.771 0.229 0.983 (RPR)
28 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.978 (Pr)
29 Ha 0.990 0.010 0.900 0.100 0.897 0.103 0.987 (RPR)
30 Ha (RPR) 0.989 0.011 0.836 0.164 0.805 0.195 0.988 (RPR)
Total*** 15 Pr, 15 H 18Pr, 12H 17Pr, 13H 14 Pr, 16H 13 Pr, 17H
*Dados de Prado et al. (Capítulo 1) utilizando 3 genes RAG2, EF1 e 18S,micros.: microssatélites, **Análises
utilizando 4 micros. e 3 genes, Pr: P. reticulatum, Pc: P. corruscans, HA: híbrido avançado, F1: primeira geração
híbrida, F2: segunda geração híbrida, RPR, retrocruzamentos com P. reticulatum, RPC: retrocruzamentos com P.
corruscans. ***IC= 90% para o programa Structure. Em negrito e sublinhado os indivíduos identificados como
híbridos.
80
Resultados e discussão - Capítulo 3
Tabela 6. Identificação dos indivíduos do rio Mogi-Guaçu através de análises bayesianas no programa
Structure e sua posterior classificação pelo NewHybrids.
q - Structure
8 micros. 4 micros. Q - NewHybrids
Indiv. 3 genes* 8 micros.
3 genes* 3 genes (classe)**
q1 Pr q2 Pc q1 Pr q2 Pc q1 Pr q2 Pc
1 Ha 0.244 0.756 0.170 0.830 0.139 0.861 0.953 (RPC)
2 Pc 0.003 0.997 0.002 0.998 0.003 0.997 0.997 (Pc)
3 Pc 0.002 0.998 0.002 0.998 0.003 0.997 0.996 (Pc)
4 Ha 0.146 0.854 0.187 0.813 0.136 0.864 0.951 (RPC)
5 Pc 0.002 0.998 0.002 0.998 0.003 0.997 0.996 (Pc)
6 Pc 0.003 0.997 0.002 0.998 0.003 0.997 0.996 (Pc)
7 F1 0.553 0.447 0.540 0.460 0.572 0.428 0.912 (RPR)
8 F1 0.482 0.518 0.487 0.513 0.503 0.497 0.946 (F1)
9 F1 0.473 0.527 0.478 0.522 0.503 0.497 0.946 (F1)
10 F1 0.553 0.447 0.537 0.463 0.498 0.502 0.900 (F1)
11 Pc 0.243 0.757 0.171 0.829 0.138 0.862 0.953 (RPC)
12 Ha (RPR) 0.496 0.504 0.551 0.449 0.571 0.429 0.886 (RPR)
13 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.992 (Pr)
14 Pr 0.998 0.002 0.998 0.002 0.997 0.003 0.992 (Pr)
15 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.996 0.004 0.991 (Pr)
16 Pr 0.996 0.004 0.996 0.004 0.995 0.005 0.983 (Pr)
17 Ha 0.979 0.021 0.934 0.066 0.981 0.019 0.586 (RPR)
18 Ha (RPR) 0.470 0.530 0.577 0.423 0.574 0.426 0.928 (F2)
19 F1 0.585 0.415 0.558 0.442 0.571 0.429 0.911 (RPR)
20 Pr 0.997 0.003 0.997 0.003 0.995 0.005 0.942 (Pr)
21 Pc 0.002 0.998 0.002 0.998 0.003 0.997 0.996 (Pc)
22 Pc 0.003 0.997 0.002 0.998 0.003 0.997 0.996 (Pc)
23 F1 0.512 0.488 0.504 0.496 0.503 0.497 0.899 (F1)
24 Ha 0.281 0.719 0.353 0.647 0.434 0.566 0.992 (F2)
25 Ha (RPR) 0.998 0.002 0.989 0.011 0.972 0.028 0.693 (RPR)
26 Pc 0.028 0.972 0.024 0.976 0.063 0.937 0.831 (RPC)
27 Pc 0.003 0.997 0.002 0.998 0.003 0.997 0.997 (Pc)
28 Pc 0.003 0.997 0.002 0.998 0.003 0.997 0.993 (Pc)
29 Pc 0.002 0.998 0.002 0.998 0.003 0.997 0.993 (Pc)
30 Pc 0.003 0.997 0.002 0.998 0.003 0.997 0.996 (Pc)
31 Pr 0.996 0.004 0.997 0.003 0.996 0.004 0.970 (Pr)
32 Ha (RPR) 0.687 0.313 0.724 0.276 0.719 0.281 0.977 (RPR)
33 Ha (RPR) 0.690 0.310 0.722 0.278 0.721 0.279 0.977 (RPR)
34 Pr 0.989 0.011 0.992 0.008 0.997 0.003 0.992 (Pr)
35 Ha (RPR) 0.505 0.495 0.555 0.445 0.626 0.374 0.930 (RPR)
36 Pr 0.992 0.008 0.996 0.004 0.995 0.005 0.942 (Pr)
37 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.992 (Pr)
38 F1 0.553 0.447 0.530 0.470 0.505 0.495 0.945 (F1)
39 Ha (RPR) 0.445 0.555 0.509 0.491 0.572 0.428 0.886 (RPR)
40 Pr 0.997 0.003 0.998 0.002 0.997 0.003 0.992 (Pr)
41 Pr 0.998 0.002 0.998 0.002 0.997 0.003 0.992 (Pr)
42 Ha (RPR) 0.444 0.556 0.509 0.491 0.572 0.428 0.886 (RPR)
43 Pr 0.984 0.016 0.991 0.009 0.996 0.004 0.991 (Pr)
12 Pr, 12Pc, 19
Total*** 14Pr, 11Pc, 18H 14 Pr, 11Pc, 18H 14 Pr, 11Pc, 18H 12 Pr, 10 Pc, 21H
H
*Dados de Prado et al. (Capítulo 1) utilizando 3 genes RAG2, EF1 e 18S, micros.: microssatélites. **Análises
utilizando 4 micros. e 3 genes, Pr: P. reticulatum, Pc: P. corruscans, HA: híbrido avançado, F1: primeira geração
híbrida, F2: segunda geração híbrida, RPR, retrocruzamentos com P. reticulatum, RPC: retrocruzamentos com P.
corruscans. ***IC= 90% para o programa Structure. Em negrito e sublinhado os indivíduos identificados como
híbridos.
81
Resultados e discussão - Capítulo 3
DISCUSSÃO
Análises interespecíficas
82
Resultados e discussão - Capítulo 3
estas espécies, o Fst foi entre 0.5 e 0.16 utilizando cinco microssatélites (Demandt e Bergek,
2009). Uma análise da hibridação entre espécies de lobo e cão doméstico utilizando 15
microssatélites demonstrou valores médios de Fst=0.05 e Rst=0.36, enquanto as análises de
atribuição pelo programa Structure demonstraram q médio de 0.8 (Khosravi et al., 2013). Um
estudo com P. corruscans, utilizando microssatélites distintos dos utilizados neste trabalho
(Revaldaves et al., 2005), demonstraram uma identificação eficiente entre esta espécie e P.
reticulatum, com 98 e 89 % de atribuição correta dos taxa, respectivamente Carvalho et al.
(2013).
Estes resultados, quando comparados com o observado neste estudo demontram que os
microssatélites aqui utilizados apresentaram uma alta diferenciação entre as espécies, o que
foi confirmado através do programa Structure, que identificou 2 grupos distintos
correspondentes à cada uma das espécies com 100% de atribuição correta de P. corruscans e
apenas um entre os 202 indivíduos de P. reticulatum com atribuição menor que 95 % ao seu
taxa (99.5 % de identificação correta).
83
Resultados e discussão - Capítulo 3
84
Resultados e discussão - Capítulo 3
serem intermediários em certo grau entre os dois clusters em termos do valor de q, isto é,
provavelmente apresentarão q=0.5. Este programa permitiu identificar a maioria das amostras
analisadas neste estudo. Em comparação com trabalho anterior utilizando três genes nucleares
(Prado et al., Capítulo 1), os microssatélites identificaram todos os indivíduos no rio Mogi
Guaçu e 12 entre 15 híbridos no rio Aquidauana, indicando uma alta eficácia.
Estudos simulados demonstram uma diferença significativa na detecção de híbridos de
acordo com a presença ou não de introgressão genética avançada e de acordo com a
frequência de híbridos na população. Em casos onde existem poucos híbridos F1 na amostra
(1 %, por exemplo) e alta introgressão, pode ser muito difícil identificar os indivíduos, mesmo
dispondo de diversos marcadores nucleares (Sanz et al., 2009; Vähä e Primmer, 2006). Como
em ambas as populações analisadas neste trabalho ocorre introgressão, e especialmente em
Aquidauana os níveis de introgressão são altos, teoricamente, todos os indivíduos podem
corresponder a retrocruzamentos avançados com uma grande variação de genótipos, o que
dificultou a identificação de alguns indivíduos.
Apesar disto, os resultados demonstram que os microssatélites aqui utilizados são
extremamente úteis e informativos no estudo da hibridação neste grupo dos peixes. Além de
diferenciar as espécies e híbridos, estes marcadores neutros disponibilizaram informações
populacionais importantes, como valores de He, desvios do EHW e desequilíbrio de
ligamento, que representam indicadores de desequilíbrios populacionais causados pela
hibridação (Haas et al., 2009). Uma outra utilidade dos microssatélites é, além da detecção da
hibridação, integrar análises de diversidade e estruturação genética, possibilitando uma
análise mais completa e dinâmica das populações naturais (Dubut et al., 2010; Prado et al., in
press). Além disso, microssatélites com diferenças bem estabelecidas entre as espécies, como
os loci analisados neste estudo, podem ser úteis para identificar a origem de peixes selvagens
e cultivados, monitorar escapes e realizar estudos de parentesco (Zhang et al., 2013), o que
não seria possível através de marcadores sem variação intraindividual.
85
Resultados e discussão - Capítulo 3
híbridos, a identificação equivocada dos exemplares pode causar problemas. Neste trabalho, o
uso de todos os microssatélites em conjunto com os genes diagnósticos (11 marcadores) foi
eficaz, porém, não identificou alguns híbridos quando comparado com a utilização dos
marcadores diagnósticos e teve resultados quase idênticos à utilização apenas dos
microssatélites. Assim, a aplicação de todos estes marcadores seria um gasto de tempo e
reagentes desnecessários. Já a utilização dos microssatélites diagnósticos (Prt3, 12, 30 e 36) e
dos genes RAG2, EF1 e 18S parece ser a melhor opção para a identificação individual, que
permitiu identificar uma maior quantidade de híbridos nas amostras. O programa NewHybrids
foi muito importante, pois além de classificar os híbridos em sua maioria com alta
probabilidade, identificou alguns híbridos não identificados pelo Structure. Quando
comparado com Prado et al. (Capítulo 1), este programa permitiu classificar uma maior
quantidade de híbridos avançados no rio Aquidauana, demonstrando que a introgressão
genética é maior do que o esperado. Além disso, no rio Mogi-Guaçu foram identificados
retrocruzamentos com a espécie P. corruscans, o que não havia sido relatado anteriormente.
Vähä e Primmer (2006) assessaram a performance de métodos bayesianos para
detectar híbridos F1 e retrocruzamentos utilizando diferentes níveis de divergência genética
entre as espécies parentais (Fst= 0.03, 0.06, 0.12 ou 0.21) e aplicando vários números de loci
microssatélites (6, 12, 24 ou 48). Os autores verificaram que o número de marcadores para
detectar os indivíduos híbridos aumentou conforme os níveis de divergência entre as espécies
diminuiu. Com relativa baixa diferenciação entre as espécies parentais (Fst= 0.03 a 0.06) os
híbridos F1 puderam ser distinguidos com eficiência, porém um maior número de marcadores
foi necessário. Roques et al (1999) demonstraram que utilizando de oito a dez loci, a
atribuição variou de 87 a 100%, enquanto utilizando os quatro microssatélites com maiores
diferenças entre as espécies, a atribuição geral foi de 95%.
Neste estudo, a utilização dos microssatélites diagnósticos e dos genes nucleares, por
sua alta divergência entre P. corruscans e P. reticulatum, demonstrou ser altamente eficaz
para identificar os exemplares. Em análises com truta por exemplo, foram utilizados
microssatélites para análises populacionais, porém, como existe hibridação entre espécimes de
cultivo e selvagens, e o interesse é utilizar apenas indivíduos selvagens, os autores
complementam as análises com o marcador nuclear diagnóstico"LDH-C*90"(Vilas et al.,
2010).
No presente trabalho, todos os marcadores utilizados e testados permitiram a
identificação dos híbridos entre P. corruscans e P. reticulatum. As análises bayesianas
86
Resultados e discussão - Capítulo 3
também foram eficientes para atribuir os indivíduos ao seu grupo correspondente, parental ou
híbrido. Assim, a escolha de cada tipo ou combinação de marcadores nucleares vai depender
do objetivo de cada estudo, da quantidade de introgressão nas populações a serem estudadas e
disponibilidade de tempo, custo e reagentes. Em casos de análises genético populacionais os
microssatélites aqui aplicados podem disponibilizar informações valiosas sobre a hibridação e
introgressão genética. Quando os objetivos forem a identificação de peixes provenientes de
cultivo, amostras comercializadas ou projetos de conservação que requeiram uma alta
acuracidade de identificação individual, pode ser mais adequado a utilização dos
microssatélites e genes diagnósticos.
87
Considerações finais
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho disponibiliza uma gama de marcadores genéticos para serem aplicados
em estudos genético populacionais e de hibridação em populações de P. reticulatum e P.
corruscans. Os marcadores dos genes nucleares EF1 e 18S consitiram em marcadores úteis
para a identificação destas espécies e seus híbridos, sem variação intraespecífica. Já os 16
microssatélites desenvolvidos e caracterizados para a espécie P. reticulatum, com
amplificação cruzada 100% eficaz em P. corruscans, e amplificados através de dois PCR-
multiplex, permitiram obter a genotipagem destes loci nestas espécies de maneira rápida e
eficaz.
Os estudos populacionais demonstraram importantes dados de diversidade e
diferenciação genética nas populações de P. reticulatum e P. corruscans, além de diferentes
cenários de diferenciação populacional entre as espécies, os quais podem estar relacionados à
distintos comportamentos migratórios.
A avaliação genética da hibridação nas populações destas espécies demonstrou que
possivelmente a hibridação natural entre estas espécies é rara. A presença de híbridos F1 e
híbridos avançados foi observada em três rios, demonstrando que ocorre contaminação
genética do ambiente selvagem, possivelmente devido à escapes e introduções de
pisciculturas. Esta etapa do trabalho representou a primeira documentação de introgressão
genética entre estas espécies em suas populações naturais.
Posteriormente, os microssatélites demonstraram alta divergência genética entre P.
reticulatum e P. corruscans, tanto no tamanho como variação alélica, e foram eficientes para
a identificação de híbridos e introgressão genética. Além disso, podem fornecer importantes
dados genético-populacionais que indiquem a ocorrência de hibridação nas populações
naturais, constituindo marcadores genéticos flexíveis para serem utilizados em estudos que
integrem a obtenção de dados de diversidade, estruturação e hibridação. Os testes realizados
também indicaram que a utilização dos microssatélites totalmente diagnósticos em conjunto
com marcadores de genes nucleares pode ser a metodologia mais precisa na identificação
individual.
Os dados deste estudo, relacionados com a hibridação, diversidade e estruturação
genética destas espécies representam informações importantes para um futuro monitoramento
genético das populações naturais, para a aplicação de metodologias genéticas na aquicultura e
no estabelecimento de políticas de conservação das espécies parentais.
88
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abbott R, Albach D, Ansell S, Arntzen JW, Baird SJE, Bierne N, Boughman J (2013)
Hybridization and speciation. J. Evol. Biol., 26(2):229–46.
Aboim MA, Mavárez J, Bernatchez L, Coelho MM (2010) Introgressive hybridization
between two Iberian endemic cyprinid fish: a comparison between two independent
hybrid zones. J. Evol. Biol., 23(4):817–828.
Abreu MM, Pereira LHG, Vila VB, Foresti F, Oliveira C (2009). Genetic variability of two
populations of Pseudoplatystoma reticulatum from the Upper Paraguay River Basin.
Genet. Mol. Biol., 32(4):868–73.
Allendorf FW, Hohenlohe PA, Luikart G (2010) Genomics and the future of conservation
genetics. Nature, 11(10):697–709.
Allendorf FW, Leary RF (1988) Conservation and distribution of genetic variation in a
polytypic species, the cutthroat trout. Conserv. Biol., 2:170–184.
Allendorf FW, Leary RF, Hitt NP, Knudsen KL, Lundquist LL, Spruell P (2004) Intercrosses
and the U.S. Endangered Species Act: Should Hybridized Populations be Included as
Westslope Cutthroat Trout? Conserv. Biol., 18(5):1203–1213.
Allendorf FW, Leary RF, Spruell P, Wenburg JK (2001) The problem with hybrids: setting
conservation guidelines. Trends Ecol. Evolut., 16(11):613-622.
Anderson E, Thompson EA (2002) A model-based method for identifying species hybrids
using multilocus genetic data. Genetics, 160:1217–1229.
Arnold ML, Bulger MR, Burke JM, Hempel AL, Williams JH (1999) Natural Hybridization:
How Low Can You Go and Still Be Important? Ecology, 80(2):371–381.
Arnold ML, Hodges SA (1995) Are natural hybrids fit or unfit relative to their parents? Tree,
2:67–71.
Arnold ML, Martin NH (2009) Adaptation by introgression. J. Biol., 8:82.
Avise JC (1986) Mitochondrial DNA and the evolutionary genetics of higher animals. Phil.
Trans. R. Soc. London, 42:312-325.
Balloux F, Lugon-Moulin N (2002) The estimation of population differentiation with
microsatellite markers. Mol. Ecol., 11(2):155–65.
Bartley DM, Rana K, Immink AJ (2001) The use of inter-specific hybrids in aquaculture and
fisheries. Rev. Fish Biol. Fish., 10:325–337.
Barton NH (2001) The role of hybridization in evolution. Mol. Ecol., 10:551–568.
89
Batista JS, Alves-Gomes JA (2006) Phylogeography of Brachyplatystoma rousseauxii
(Siluriformes – Pimelodidae) in the Amazon Basin offers preliminary evidence for the
first case of ‘‘homing’’ for an Amazonian migratory catfish. Genet. Mol. Res., 5:723–
740.
Bettles CM, Docker MF, Dufour B, Heath DD (2005) Hybridization dynamics between
sympatric species of trout: loss of reproductive isolation. J. Evol. Biol., 18(5):1220–
1233.
Bignotto TS, Prioli AJ, Prioli SMAP, Maniglia TC, Boni TA, Lucio LC, Gomes RA et al.
(2009) Genetic divergence between Pseudoplatystoma corruscans and
Pseudoplatystoma reticulatum (Siluriformes: Pimelodidae) in the parana river basin.
Braz. J. Biol., 69:681–689.
Blohm D, Bonhomme F, Carvalho G, Crosetti D, Cross T, Dahle G, Danancher D et al.
(2007) Assessment of tools for identifying the genetic origin of fish and monitoring
their occurrence in the wild. Genimpact–Evaluation of genetic impact of aquaculture
activities on native populations. A European network (EU contract no. RICA-CT-2005-
022802). Final scientific report, July, 128–134.
Boecklen WJ, Howard D.J. (1997) Genetic analysis of hybrid zones: numbers of markers and
power of resolu- tion. Ecology, 78:2611–2616.
Bohling JH, Adams J R, Waits LP (2013) Evaluating the ability of Bayesian clustering
methods to detect hybridization and introgression using an empirical red wolf data set.
Mol. Ecol., 22(1):74–86.
Broughton R E, Vedala KC, Crowl TM, Ritterhouse LL (2011) Current and historical
hybridization with differential introgression among three species of cyprinid fishes
(genus Cyprinella). Genetica, 139(5):699–707.
Buitrago-Suárez UA, Burr BM (2007) Taxonomy of the catfish genus Pseudoplatystoma
Blecker (Siluriformes: Pimelodidae) with recognition of eight species. Zootaxa,
1512(1): 1-38.
Campos JL (2010) O cultivo do pintado (Pseudoplatystoma corruscans, Spix; Agassiz, 1829),
outras espécies do gênero Pseudoplatystoma e seus híbridos, In: Baldisserotto B, Gomes
LC (Eds.) Espécies nativas para a piscicultura no Brasil. Santa Maria: Universidade
Federal de Santa Maria, pp. 335-361.
90
Campton DE (1987) Natural hybridization and introgression in fishes: methods of detection
and genetic interpretations. In: Population Genetics and Fishery Management (Ryman,
N. and Utter, F., eds), University of Washington Press, pp. 161–192.
Carolsfeld J, Harvey B, Ross C, Baer A (2003) Migratory Fishes of South America: Biology,
Fisheries and Conservation Status. World Fisheries Trust/World Bank/ IDRC, Victoria.
Carvalho DC, Oliveira DAA, Beheregaray LB, Torres RA (2012) Hidden genetic diversity
and distinct evolutionarily significant P. corruscans. Conserv. Genet., 13:1671–1675.
Carvalho DC, Seerig AS, Brasil BSAF, Crepaldi DV, Oliveria DAA (2013). Molecular
identification of the hybrid between the catfish species Pseudoplatystoma corruscans
and Pseudoplatystoma reticulatum using a set of eight microsatellite markers. J. Fish.
Biol., 83(3):671–6.
Carvalho-Costa LF, Piorski NM, Willis SC, Galetti PM, Ortí G (2011) Molecular systematics
of the neotropical shovelnose catfish genus Pseudoplatystoma Bleeker 1862 based on
nuclear and mtDNA markers. Mol. Phylogenet. Evol., 59(1):177–94.
Castellani D, Barrella W (2005) Caracterização da piscicultura na região do vale do Ribeira –
SP. Cienc. Agrotec., 29(1):168-176
Cebrián RF (2011) Estrutura poblacional y demografía genética en poblaciones de trucha
común (Salmo trutta) del Pirineo Catalán. Tese - doutorado. Universitat de Girona,
Espanha.
Ciofi C, Tzika AC, Natali C, Watts PC, Sulandari S, Zein MSA, Milinkovitch MC (2011)
Development of a multiplex PCR assay for fine-scale population genetic analysis of the
Komodo monitor Varanus komodoensis based on 18 polymorphic microsatellite loci.
Mol. Ecol. Res., 11(3):550–556.
Crepaldi DV, Faria PMC, Teixeira EDA, Ribeiro LP et al. (2007). O surubim na aquacultura
do Brasil. Rev. Bras. Reprod. Anim., 30(3/4):150–158.
Cunha DB, Sodré D, Santos ACA, Schneider H, Sampaio I, Sequeira F, Vallinoto M (2012) A
rapid method for species identification and interspecies introgression based on a PCR–
RFLP: application to the closely related Neotropical toads Rhinella marina and R.
schneideri (Anura: Bufonidae). Conserv. Genet. Res., 5(1):227–229.
Dakin EE, Avise JC (2004) Microsatellite null alleles in parentage analysis. Heredity,
93:504–509.
Demandt MH, Bergek S (2009) Identification of cyprinid hybrids by using geometric
morphometrics and microsatellites. J. Appl. Ichthyol., 25(6):695–701.
91
DeWoody JA, Avise JC (2000) Microsatellite variation in marine, freshwater anadromous
fishes compared with other animals. J. Fish Biol., 56:461-473.
Dubut V, Sinama M, Martin JF, Meglécz E, Fernandez J, Chappaz R, Gilles A (2010) Cross-
species amplification of 41 microsatellites in European cyprinids: A tool for
evolutionary, population genetics and hybridization studies. BMC Res. Notes, 3:135-
143.
Epifanio J,Philipp D (2001) Simulating the exticntion of parental lineages from introgressive
hybrdization: the effects of fitness, initial proportions of parental taxa, and mate choice.
Rev. Fish. Biol. Fish., 10:339-354.
Excoffier L, Laval G, Schneider S (2005) ARLEQUIN ver. 3. 0: An integrated software
package for population genetics data analysis. Evol. Bioinformatics, 1:47–50.
Excoffier L, Smouse PE, Quattro JM (1992) Analysis of moleculrar variance inferred from
metric distances among DNA hapltypes: application to human mitochondrialDNA
restriction data. Genetics, 131:479–491.
Fernandes R, Gomes LC, Agostinho AA (2003) Pesque-pague: negócio ou fonte de dispersão
de espécies exóticas? Acta Sci.: Biol. Sci., 25(1):115-120.
Ferraris CJ (2007) Checklist of catfishes, recent and fossil (Osteichthyes: Siluriformes) and
catalogue of siluriform primary types. Zootaxa, 141 8:1-628.
Ferreira M, Grattapaglia D (1998) Introdução ao uso de marcadores moleculares em análise
genética. EMBRAPA – CENARGEM, 3ª edição, Brasília (DF), 220p.
Fitzpatrick BM (2012) Estimating ancestry and heterozygosity of hybrids using molecular
markers. BMC Evol. Biol., 12(1):131-137.
Frankel OH, Soule ME (1981) Conservation and evolution. Cambridge University Press,
Cambridge.
Frankham R, Ballou JD, Briscoe DA (2002) Introduction to Conservation Genetics.
Cambridge University Press, UK, 607 pp.
Frankham R, Ballou JD, Briscoe DA (2008) Fundamentos de Genética da Conservação.
Sociedade Brasileira de Genética, Ribeirão Preto, SP, 262 pp.
García de León FJ; Chikhi L, Bonhomme F (1997) Microsatellite polymorphism and
population subdivison in natural populations of Europe sea bass Dicentrarchus labrax
(Linnaeus, 1758). Mol. Ecol., 6:51-62
92
Glover KA, Quintela M, Wennevik V, Besnier F, Sorvik AGE, Skaala O (2012) Three
decades of farmed escapees in the wild: a spatio-temporal analysis of Atlantic salmon
population genetic structure throughout Norway. PloS one, 7(8).
Godinho AL, Kynard B, Godinho HP (2007) Migration and spawning of female surubim
(Pseudoplatystoma corruscans, Pimelodidae) in the São Francisco river, Brazil.
Environ. Biol. Fish., 80:421–433.
Godinho HP, Gomes LC, Fernandez DR, Suzuki HI (2002) Efficiency of fish ladders for
neotropical ichthyofauna. River Res. Appl., 18(3): 299-306.
Godinho HP (2007) Estratégias reprodutivas de peixes aplicadas à aqüicultura: bases para o
desenvolvimento de tecnologias de produção. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo
Horizonte, 31(3):351-360.
Goodman M, Pedwaydon J, Czeluzniak J, Suzuki T, Gotoh T, Moens L, Shishikura F et al.
(1988) An evolutionary tree for invertebrate globin sequences. J. Mol. Evol., 27:236–
249.
Goodman SJ (1997) RST CALC: a collection of computer programs for calculating unbiased
estimates of genetic differentiation and determining their significance for microsatellite
data. Mol. Ecol., 6:881-885.
Goudet J (2002) FSTAT, a program to estimate and test gene diversities and fixation indices
version 2.9.3. Available from http://www.unil.ch/izea/softwares/Fstat.html. Updated
from Goudet (1995).
Gunnel K, Tada MK, Hawthorne FA, Keeley ER, Ptacek MB (2008). Geographic patterns of
introgressive hybridization between native Yellowstone cutthroat trout (Oncorhynchus
clarkia bouvieri) and introduced rainbow trout (O. mykiss) in the South Fork of the
Snake River watershed, Idaho. Conserv. Genet., 9:49–64.
Haas F, Pointer MA, Saino N, Brodin A, Mundy NI, Hansson B (2009) An analysis of
population genetic differentiation and genotype-phenotype association across the hybrid
zone of carrion and hooded crows using microsatellites and MC1R. Mol. Ecol.,
18(2):294–305.
Hall TA (1999) BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and analysis
program forWindows 95/ 98/NT. Nucleic Acids Symp. Ser., 41:95-98.
Hansen MM, Kenchington E, Nielsen EE (2001) Assigning individual fish to populations
using microsatellite DNA markers. Fish Fish., 2:93–112.
93
Hashimoto DT, Ferguson-Smith MA, Rens W, Prado FD, Foresti F, Porto-Foresti F (2013b)
Cytogenetic Mapping of H1 Histone and Ribosomal RNA Genes in Hybrids between
Catfish Species Pseudoplatystoma corruscans and Pseudoplatystoma reticulatum.
Cytogenet. Gen. Res., 139:102–106.
Hashimoto DT, Laudicina A, Bortolozzi J, Foresti F, Porto-Foresti F (2009) Chromosomal
features of nucleolar dominance in hybrids between the neotropical fish Leporinus
macrocephalus and Leporinus elongatus (Characiformes, Anostomidae). Genetica,
137:135– 140.
Hashimoto DT, Mendonça FF, Senhorini JA, Bortolozzi J, Oliveira C, Foresti F, Porto-Foresti
F (2010). Identification of hybrids between Neotropical fish Leporinus macrocephalus
and Leporinus elongatus by PCR-RFLP and multiplex-PCR: Tools for genetic
monitoring in aquaculture. Aquaculture, 298(3-4): 346–349.
Hashimoto DT, Mendonça FF, Senhorini JA, Oliveira C, Foresti F, Porto-Foresti F (2011a)
Molecular diagnostic methods for identifying Serrasalmid fish (Pacu, Pirapitinga, and
Tambaqui) and their hybrids in the Brazilian aquaculture industry. Aquaculture, 321(1-
2): 49–53.
Hashimoto DT, Prado FD, Senhorini JA, Foresti F, Porto-Foresti F (2011b) Marcadores de
DNA no monitoramento genético de híbridos interespecíficos de peixes. Panorama da
Aquicultura, setembro/outubro:48-53.
Hashimoto DT, Prado FD, Senhorini JA, Foresti F, Porto-Foresti F (2013a) Detection of post-
F1 fish hybrids in broodstock using molecular markers: approaches for genetic
management in aquaculture. Aquacult. Res., 44(6):876-884.
Hitt NP, Frissell CA, Muhlfeld CC, Allendorf FW (2003) Spread of hybridization between
native westslope cutthroat trout, Oncorhynchus clarkii lewisi, and nonnative rainbow
trout, Oncorhynchus mykiss. Can. J. Fish. Aquat. Sci., 60:1440–1451.
Hubbs CL (1955) Hybridization between Fish Species in Nature, 4(1): 1–20.
Huxel GR (1999) Rapid displacement of native species by invasive species: effects of
hybridization. Biol. Cons., 89(2):143–152.
IBAMA (2007) Estatística da pesca Brasil – grandes regiões e unidades da federação. 113 pg.
Jolly MT, Maitland PS, Genner MJ (2011) Genetic monitoring of two decades of
hybridization between allis shad (Alosa alosa) and twaite shad (Alosa fallax). Conserv.
Genet., 12(4):1087–1100.
94
Kang JH, Kim YK, Park JY, An CM, Nam MM, Byun SG, Lee BI (2011) Microsatellite
analysis as a tool for discriminating an interfamily hybrid between olive flounder and
starry flounder. Genet. Mol. Biol., 10(4):2786–2794.
Khosravi R, Rezaei HR, Kaboli M (2013) Detecting hybridization between Iranian wild wolf
(Canis lupus pallipes) and free-ranging domestic dog (Canis familiaris) by analysis of
microsatellite markers. Zool. Sci., 30(1):27–34.
Laikre L, Antunes A, Alexandrino P (1999) Conservation genetic management of brown trout
(Salmo trutta) in Europe. In: Laikre L et al (eds) ‘‘Troutconcert’’: EU Fair CT97–3882.
Stockholm University, Sweden.
Laikre L, Palm S, Ryman N (2005) Genetic population Structure of fishes: implications for
coastal zone management. Ambio, 34:11-119.
Lamer JT, Dolan CR, Petersen JL, Chick JH, Epifanio JM (2010) Introgressive Hybridization
between Bighead Carp and Silver Carp in the Mississippi and Illinois Rivers. N. Am. J.
Fish. Manage., 30(6):1452–1461.
Leary RF, Gould WR, Sage GK (1996) Success of basibranchial teeth in indicating pure
populations of rainbow trout and failure to indicate pure populations of westslope
cutthroat trout. N. Am. J. Fish. Manage., 16:210–213.
Lundberg JG, Littmann MW (2003) Family Pimelodidae. In: Reis, R. E.; Kullander SO,
Ferraris-JR CJ (Org) Check List of the freshwater fishes of South and Central America,
Porto Alegre, pp 432–446
Machado-Schiaffino G, Juanes F, Garcia-Vazquez E (2010) Introgressive hybridization in
North American hakes after secondary contact. Mol. Phylogenet. Evol., 55(2):552–558.
Mallet J (2005) Hybridization as an invasion of the genome. Trends Ecol. Evolut., 20(5):229–
237.
Mallet J (2007) Hybrid speciation. Nature, 446(7133):279–283.
Manel S, Gaggiotti O, Waples RS (2005) Assignment methods: matching biological questions
with appropriate techniques. Trends Ecol. Evolut., 20:135–142.
Margulies M, Egholm M, Altman WE, Attiya S, Baden JS, Bemben LA, Berka J et al (2005)
Genome sequencing in microfabricated high-density picolitre reactors. Nature
437(7057):376–380.
Marshall TC, Slate J, Kruuk LEB, Pemberton JM (1998) Statistical confidence for likelihood-
based paternity inference in natural populations. Mol. Ecol., 7:639–655.
95
Mateus LAF, Penha JMF (2007). Dinâmica populacional de quatro espécies de grandes
bagres na bacia do rio Cuiabá, Pantanal norte, Brasil (Siluriformes, Pimelodidae). Rev.
Bras. Zool., 24(1):87–98.
Mayr E (1963) The breakdown of isolating mechanisms (hybridisation), In: Mayr E (Ed.).
Animal species and evolution. Belknap Press, Cambridge, MA, pp. 110-135.
Mello PH, Venturieri RLL, Honji RM, Moreira RG (2009). Threatened fishes of the world:
Pseudoplatystomacorruscans (Agassiz, 1829) (Siluriformes: Pimelodidae). Env. Biol.
Fish., 85(4):359–360.
Meschiatti AJ, Arcifa MS (2009) A review on the fishfauna of Mogi-Guaçu River basin: a
century of studies. Acta Limn. Bras. 21 (1):135–159.
Metcalf JL, Siegle MR, Martin AP (2008) Hybridization dynamics between Colorado’s native
cutthroat trout and introduced rainbow trout. J. Hered., 99(2):149–156.
Ministério da Pesca e Aquicultura (2010) Boletim estatístico da pesca e aquicultura, MPA,
Brasil.
Moritz C (1994) Defining evolutionary significant units for conservation. Trends Ecol.
Evolut., 9:373-375.
Moritz C, Dowling TE, Brown WM (1987) Evolution of animal mitochondrial DNA:
relevance for population biology and systematic. Ann. Rev. Ecol. Syst., 18:269-292.
Moyer GR, Burr BM, Krajewski C (2004) Phylogenetic relationships of thorny catfishes
(Siluriformes, Doradidae) inferred from molecular and morphological data. Zool. J.
Linn. Soc., 140:551–575.
Muhlfeld CC, Clint C, McMahon TE, Belcer D, Kershner JL (2009) Spatial and temporal
spawning dynamics of native westslope cutthroat trout,Oncorhynchus clarkii lewisi,
introduced rainbow trout, Oncorhynchus mykiss, and their hybrids. Can. J. Fish. Aq.
Sci. 66 (7):1153-1168.
Muhlfeld CC, Kalinowski ST, McMahon TE, Taper ML, Painter S, Leary RF, Allendorf FW
(2010) Hybridization rapidly reduces fitness of a native trout in the wild. Biol. Letters,
5(3):328–331.
Oliveira C, Foresti F, Hilsdorf AWS (2009) Genetics of neotropical fish: from chromosomes
to populations. Fish. Physiol. Biochem.35(1):81–100.
Orsi LM, Agostinho AA (1999) Introdução de espécies de peixes por escapes acidentais de
tanques de cultivo em rios da Bacia do Rio Paraná, Brasil. Rev. Bras. Zool., 16 (2):557-
560.
96
Ostberg CO, Rodriguez RJ (2004) Bi-parentally inherited species-specific markers identify
hybridization between rainbow trout and cutthroat trout subspecies. Mol. Ecol. Notes,
4(1):26–29.
Ostberg CO, Rodriguez RJ (2004) Bi-parentally inherited species-specific markers identify
hybridization between rainbow trout and cutthroat trout subspecies. Mol. Ecol. Notes,
4(1):26–29.
Palumbi SR (1996) Nucleic acids II: the polymerase chain reaction. In: Hillis D, Moritz C e
Mable B (Eds.), Molecular Systematics, Sinauer Associates Inc., Sunderland, pp.205–
247.
Pereira LH, Foresti F, Oliveira C (2009) Genetic Structure of the migratory catfish
Pseudoplatystoma corruscans (Siluriformes: Pimelodidae) suggests homing behavior.
Ecol. Fresh. Fish., 18:215-225.
Piorski NM, Sanches A, Carvalho-Costa LF, Hatanaka T, Carrillo-Avila M, Freitas PD,
Galetti PM (2008). Contribution of conservation genetics in assessing neotropical
freshwater fish biodiversity. Braz. J. Biol.,68(4 Suppl):1039–50.
Porto-Foresti F, Hashimoto DT, Prado FD, Senhorini JA, Foresti F (2013) Genetic markers
for the identification of hybrids among catfish species of the family Pimelodidae. J.
Appl. Ichthyol., doi:10.1111/jai.12092.
Porto-Foresti F, Hashimoto DT, Senhorini JA, Foresti F (2010) Hibridação em piscicultura:
monitoramento e perspectivas. In: Baldisserotto B and Gomes LC (orgs), UFMS (ed),
Espécies nativas para piscicultura no Brasil. pp.589-606.
Porto-Foresti F, Hashimoto DT, Prado FD, Senhorini JA, Foresti F (2011) A hibridação
interespecífica em peixes. Panorama da Aquicultura, julho/agosto: 28-33.
Prado FD, Hashimoto DT, Mendonça FF, Senhorini JA, Foresti F, Porto-Foresti F (2011)
Molecular identification of hybrids between Neotropical catfish species
Pseudoplatystoma corruscans and Pseudoplatystoma reticulatum. Aquacult. Res.
42,1890-1894.
Prado FD, Hashimoto DT, Senhorini JA, Foresti F, Porto-Foresti F (2012a) Detection of
hybrids and genetic introgression in wild stocks of two catfish species (Siluriformes:
Pimelodidae): The impact of hatcheries in Brazil. J. Fish. Res., 125-126:300–305.
Prado FD, Nunes TL, Senhorini JA, Bortolozzi J, Foresti F, Porto-Foresti F (2012b)
Cytogenetic characterization of F1, F2 and backcross hybrids of Neotropical catfish
97
species Pseudoplatystoma corruscans and P. reticulatum (Pimelodidae, Siluriformes).
Genet. Mol. Biol., 35 (1):57-64.
Prado FD, Hashimoto DT, Senhorini JA, Foresti F, Porto-Foresti F(2011b) Híbridos
interespecíficos de peixes em ambientes naturais. Panorama da Aquicultura,
novembro/dezembro:30-41.
Pritchard JK, Stephens M, Donnelly P (2000) Inference of population Structure using
multilocus genotype data. Genetics, 155 (2):945–59.
Raymond M, Rousset F (1995) GENEPOP (ver. 3.3): a population genetics software for exact
test and ecumenicism. J Hered, 86:248–249.
Resende EK (2003) Migratory fishes of the Paraguay - Paraná Ba- sin excluding the Upper
Paraná Basin. In: Carolsfeld J, Harvey B, Ross C and Baer A (eds) Migratory Fishes of
South America. Biology, Fisheries and Conservation Status. World Fisheries Trust,
Victoria, pp 99-156.
Resende EK, Catella AC, Nascimento FL, Palmeiras SS, Pereira RAC, Lima MS, Almeida
VLL (1996) Biologia do curimbatá (Prochilodus lineatus), pintado (Pseudoplatystoma
coruscans) e cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) na bacia hidrográfica do rio
Miranda, Pantanal do Mato Grosso do Sul. Corumbá, MS: EMBRAPA – CPAP,
Boletim de Pesquisa 02, Mato Grosso do Sul.
Resende EK, Catella AC, Nascimento FL, Palmeiras SS, Pereira RAC, Lima MS, Almeida
VLL (1996) Biologia do curimbatá (Prochilodus lineatus), pintado (Pseudoplatystoma
coruscans) e cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) na bacia hidrográfica do rio
Miranda, Pantanal do Mato Grosso do Sul. Corumbá, MS: EMBRAPA – CPAP,
Boletim de Pesquisa 02, Mato Grosso do Sul.
Revaldaves E, Pereira LHG, Foresti F, Oliveira C (2005). Isolation and characterization of
microsatellite loci in Pseudoplatystoma corruscans (Siluriformes: Pimelodidae) and
cross-species amplification. Mol. Ecol. Notes, 5(3): 463–465.
Rhymer JM, Simberloff D (1996) Extinction by hybridisation and introgression. Annual Rev.
Ecol. Evol. Syst., 27:83-109.
Rice WR (1989) Analyzing tables of statistical tests. Evolution 43:223-225.
Roques S, Duchesne P, Bernatchez L (1999) Potential of microsatellites for individual
assignment: the North Atlantic redfish (genus Sebastes) species complex as a case
study. Mol. Ecol., 8(10):1703–1717.
98
Rousset F (1996) Equilibrium values of measures of population subdivision for stepwise
mutation processes. Genetics, 142:1357-1362.
Rozen S, Skaletsky HJ (2000) primer 3. Disponível em: http:// www-
genome.wi.mit.edu/genome_software/other/primer3.html. In: Bioinformatics
Methodsand Protocols: Methods in Molecular Biology (eds Krawetz S, Misener S),
Humana Press, Totowa, NJ. USA., pp. 365–386.
Rubidge E, Corbett P, Taylor EB (2001) A molecular analysis of hybridisation between native
westslope cutthroat trout and introduced rainbow trout in southeastern British
Columbia, Canada.J. Fish Biol., 59 (Suppl. A):42-54.
Rubidge EM, Taylor EB (2004) Hybrid zone structure and the potential role of selection in
hybridizing populations of native westslope cutthroat trout (Oncorhynchus clarki lewisi)
and introduced rainbow trout (O. mykiss). Mol. Ecol., 13:3735–3749.
Sanz N, Araguas RM, Fernández R, Vera M, García-Marín JL (2009) Efficiency of markers
and methods for detecting hybrids and introgression in stocked populations. Cons.
Genet., 10(1):225–236.
Schwartz MK, Luikart G, Waples RS (2007) Genetic monitoring as a promising tool for
conservation and management. Trends Ecol. Evolut., 22(1):25–33.
Scribner KT, Page KS, Bartron ML (2001) Hybridisation in freshwater fishes: a review of
case studies and cytonuclear methods of biological inference. Rev. Fish Biol. Fish., 10:
293-323.
Smith PF, Konings A, Kornfield I (2003) Hybrid origin of a cichlid population in Lake
Malawi: implications for genetic variation and species diversity. Molecular Ecology,
12(9):2497–2504.
Storfer A, Mech SG, Reudink MW, Lew K (2013) Inbreeding and strong population
subdivision in an endangered salamander. Cons. Genet., doi:10.1007/s10592-013-0526-
3.
Suplicy FM (2007) Freshwater fish seed resources in Brazil, in: Bondad-Reantaso M.G. (Ed.)
Assessment of freshwater fish seed resources for sustainable aquaculture. FAO
Fisheries Technical Paper, 501. FAO, Rome, pp.129-143.
Teletchea F (2009) Molecular identi¢cation methods of fish species: reassessment and
possible applications. Rev. Fish Biol. Fish., 19:265-293.
Templeton AR (2011) Genética de populações e teoria microevolutiva. Sociedade Brasileira
de Genética, Ribeirão Preto, SP, 705 p.
99
Thompson JD, Higgins DG, Gibron TJ (1994) Clustal W: improving the sensitivity of
progressive multiple sequence alignment through sequence weighting. Position specific
gap penalities and weight matrix choice. Nucleic Acids Res., 22:4673–4680.
Toledo-Filho SA, Almeida-Toledo LF, Foresti F, Bernardino G, Calcagnotto D (1994)
Monitoramento e conservação genética em projeto de hibridação entre pacu e tambaqui.
Cadernos de Ictiogenética 2, CCS/USP, São Paulo.
Toledo-Filho SA, Almeida-Toledo LF, Foresti F, Calcagnotto D, Santos SBAF, Bernardino G
(1998) Programas Genéticos de Seleção, Hibridação e Endocruzamento Aplicados à
Piscicultura. Cadernos de Ictiogenética 4. CCS/USP, São Paulo, 56 pp.
Tomoko O (1983) On the Evolution of Multigene Families. Theor. Popul. Biol., 23(2):216-
240.
Torrico JP, Hubert N, Desmarais E, Duponchelle F, Nuñez Rodriguez J, Montoya-Burgos,
Davila CG et al. (2009) Molecular phylogeny of the genus Pseudoplatystoma (Bleeker,
1862): biogeographic and evolutionary implications. Mol. Phylogenet. Evol.,
51(3):588–94.
Vähä JP, Primmer C (2006) Efficiency of model-based Bayesian methods for detecting hybrid
individuals under different hybridization scenarios and with different numbers of loci.
Mol. Ecol., 15:63–72.
Van Oosterhout C, Hutchinson WF, Wills DPM, Shipley P (2004) Micro-checker: software
for identifying and correcting genotyping errors in microsatellite data. Mol. Ecol. Notes,
4:535– 538.
Vargas-Ramírez M, Stuckas H, Castaño-Mora OV, Fritz U (2011) Extremely low genetic
diversity and weak population differentiation in the endangered Colombian river turtle
Podocnemis lewyana (Testudines: Podocnemididae). Cons. Genet., 13(1):65–77.
Vera M, Sourinejad I, Bouza C, Vilas R, Pino-Querido A, Kalbassi MR, Martínez P (2011)
Phylogeography, genetic Structure, and conservation of the endangered Caspian brown
trout, Salmo trutta caspius (Kessler, 1877), from Iran. Hydrobiologia, 664(1):51–67.
Vilas R, Bouza C, Castro J, López A, Martínez P (2010) Management units of brown trout
from Galicia (NW: Spain) based on spatial genetic structure analysis. Conserv. Genet.,
11(3):897–906.
Vincze T, Posfai J, Roberts RJ (2003) NEBcutter: a program to cleave DNA with restriction
enzymes. Nucleic Acids Res. 31:3688–3691.
100
Waples RS (1991) Pacific salmon, Oncorhynchus spp., the definition of “species” under the
Endangered Species. Act. Mar. Fisheries Rev., 53:11–22.
Willis S C, Macrander J, Farias I P, Ortí G (2012). Simultaneous delimitation of species and
quantification of interspecific hybridization in Amazonian peacock cichlids (genus
Cichla) using multi-locus data. BMC Evol. Biol., 12:96.
Wright S (1978) Evolution and the genetics of populations: variability within and among
natural populations. University of Chicago Press: Chicago. USA
You C, Yu X, Tong J (2009) Detection of hybridization between two loach species
(Paramisgurnus dabryanus and Misgurnus anguillicaudatus) in wild populations. Env.
Biol. Fish., 86(1):65–71.
Zhang Z, Glove KA, Wennevik V, Svasand T, Sorvik AGE, Fiske P, Karlsson S (2013)
Genetic analysis of Atlantic salmon captured in a netting station reveals multiple
escapement events from commercial fish farms. Fish. Manag. Ecol., 20(1):42–5.
101
Aquaculture Research, 2013, 44, 876–884 doi:10.1111/j.1365-2109.2012.03092.x
Correspondence: F Porto-Foresti, Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista
(UNESP), CEP 17033-360, Bauru, SP, Brazil. E-mail: fpforesti@fc.unesp.br
in Brazil; this will allow for proper monitoring and specimens of P. reticulatum were genetically analy-
management in aquaculture. Several studies iden- sed. For the interspecific hybrid lines, we analysed
tify fish hybrids based on morphological or meristic 30 specimens of ‘Pintachara’ (crosses using
characteristics without any inference from genetic P. corruscans as females and P. reticulatum as
markers (Scribner, Page & Bartron 2001). The iden- males) and 30 specimens of ‘Cachapinta’ (crosses
tification of hybrids obtained through the external using P. reticulatum as females and P. corruscans
morphology is considered unreliable when it is used as males). All samples were obtained from the
as the only source for analysis (Chevassus 1983; stocks maintained at the CEPTA/ICMBio (Centro
Mallet 2005), particularly for estimating introgres- Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes
sion events that should be assessed via examination Continentais, Pirassununga, São Paulo State,
of multiple loci (Boecklen & Howard 1997). Brazil), where the hybrids were produced. The fish
Interest in the genetic identification of interspe- specimens used in this study were identified and
cific hybrids combined with recent advances in stored in the collection of the Laboratory of Fish
molecular technology has provided a considerable Genetics, UNESP, Bauru (São Paulo State), Brazil.
variety of genetic markers, which allow for the To perform the analysis of molecular identifica-
correct identification of hybrids (Scribner et al. tion in a broodstock belonging to an important
2001). The techniques of polymerase chain reac- Brazilian fish farm, we collected biological samples
tion – restriction fragment length polymorphism (fin fragments) from 16 individuals. According
(PCR-RFLP) and multiplex-PCR are efficient meth- to the personal classification of the fish farmer,
odologies that can be quickly and inexpensively the samples were identified morphologically as
executed and would allow for diagnoses based cachara (P. reticulatum), pintado (P. corruscans)
upon single nucleotide variations (Hashimoto, and hybrids, which were derived from crosses
Mendonça, Senhorini, Bortolozzi, Oliveira, Foresti between these two species. These analyses were
& Porto-Foresti 2010). Recently, using these meth- performed due to problems with high mortality
odologies, molecular markers based on the mito- and low viability in the offspring, as well as diffi-
chondrial gene 16S and the nuclear gene RAG2 culty in spawning the broodstock, according to
(recombination activating gene 2) were developed for reports of the producer. These problems were ini-
the identification of hybrids between P. corruscans tially attributed to the genetic integrity of the
and P. reticulatum (Prado, Hashimoto, Mendonça, broodstock, and we raised the issue that the
Senhorini, Foresti & Porto-Foresti 2011). breeding stock may be composed of hybrid lines.
According to Prado et al. (2011), it is not possi- The animals were marked with tags (magnetic
ble to diagnose post-F1 lineages involving these markers) and maintained by fish farming. When
hybrids, because only one nuclear marker (RAG2 necessary, these animals were identified with
gene) was established. For the identification of reader equipment, which provided a means by
post-F1 hybrids with statistical confidence, at least which the aquaculturist could identify the ideal
four nuclear markers are required (Boecklen & crosses.
Howard 1997; Docker, Dale & Heath 2003). Thus,
we describe PCR-RFLP and multiplex-PCR proto-
Characterisation of the molecular markers
cols here to differentiate between the neotropical
species P. corruscans and P. reticulatum and to add Sequences of nuclear genes encoding elongation fac-
new nuclear markers for the identification of tor 1-alpha (EF1a), b-globin (GLOB) and ribosomal
hybrids, especially post-F1 lineages. We have uti- RNA 18S (rRNA 18S) (GenBank accession num-
lized these methods to demonstrate the efficiency bers JF834080 to JF834109) were obtained using
of genetic markers for the evaluation of genetic the primer pairs described in the Table 1. The
integrity in a broodstock from a Brazilian fish farm application of the rRNA 18S gene can have some
and to report the uncontrolled management of fish limitations for species identification, because this
hybrids in the aquaculture industry. gene family shows a complex organization with
the presence of paralogous copies in the genome of
some species (Carranza, Baguñà & Riutort 1999;
Materials and methods
Barthélémy, Grino, Pontarotti, Casanova & Faure
To characterize molecular markers for the parental 2007). However, we did not detect rDNA 18S
lineages, 20 specimens of P. corruscans and 20 variants or alleles within the same species,
Table 1 Sequences of the primers and sizes of the PCR products or restriction fragments
allowing the precise identification of the Pseudopla- identification of enzymes capable of producing
tystoma species. species-specific cuts, and thus generating diagnos-
Amplifications were performed using PCR in a tic cleavage patterns. In multiplex-PCR, species-
total volume of 25 lL with 200 lM of each dNTP specific primers need to be designed nested within
(dATP, dTTP, dGTP and dCTP), 1.5 mM MgCl2, the universal primers to produce fragments of dif-
19 Taq DNA buffer (20 mM Tris-HCl, pH 8.4 and ferent sizes for each species in the multiplex
50 mM KCl), 0.5 units of Taq Polymerase (Invitro- reactions.
gen, Life Technologies, São Paulo, Brazil), 0.1 lM Restriction maps were analysed using NEBcutter
of each universal primer and 10–50 ng of geno- software, version 2.0 (Vincze, Posfai & Roberts
mic DNA. The reactions were performed for 35 2003). PCR products were digested via restriction
cycles under the following conditions: for EF1a, enzymes in a final volume of 8 lL containing 4 lL
30 s at 95°C, 30 s at 58°C and 45 s at 72°C; for of the PCR product, 19 enzyme buffer and 5 U of
GLOB, 30 s at 95°C, 30 s at 60°C and 30 s at restriction enzyme (10 U lL 1) (New England
72°C; and for rRNA 18S, 30 s at 95°C, 30 s at Biolabs, Uniscience, São Paulo, Brazil). Reactions
50°C and 10 s at 72°C. DNA sequences were were incubated at the ideal temperature of each
analysed on an ABI PrismTM 3730 DNA Analyser enzyme for 1 h.
using the BigDye® Terminator v3.1 Cycle Primer conditions were analysed using
Sequencing Kit (Applied Biosystems, Life Technolo- NetPrimer software, which is available at the PRE-
gies, São Paulo, Brazil). The gene sequences from MIER Biosoft International site <http://www.premier
five individuals of each parental species were biosoft.com/netprimer>. Primers were selected on
sequenced twice on both strands and aligned polymorphic sites between the parental species
using ClustalW (Thompson, Higgins & Gibson and in the presence of mutations located at the
1994). The Kimura 2-parameter distance was esti- 3′ end of the annealing site, as it is based on the
mated using MEGA software, version 4.0 (Tamura, principle that the Taq polymerase has 5′ to 3′ exo-
Dudley, Nei & Kumar 2007). nuclease activity, and therefore, the mismatch
To identify interspecific hybrids routinely in the between the 3′ end of the primer and the DNA
Brazilian aquaculture, we established two types of template results in the difficulty of amplification
molecular markers, PCR-RFLP and PCR-Multiplex, (Rychlik 1995). DNA fragment sizes were deter-
which are considered reliable and straightforward mined by electrophoresis on 1.5% agarose gels
techniques to detect hybridization events (Hashimoto, stained with ethidium bromide (1 ng mL 1) and
Mendonça, Senhorini, Oliveira, Foresti & Porto- visualized under UV illumination. Images were
Foresti 2011). In the method of PCR-RFLP, the captured using a digital camera (Olympus CAME-
strategy is developing restriction maps for the DIA C-5060, 5.1 Megapixel, São Paulo, Brazil).
Figure 1 PCR-RFLP patterns of the GLOB gene digested with HpyAV (a), EF1a cleaved with BpmI (b) and 18S
digested with SmaI (c). Lanes: 1–3 Pseudoplatystoma corruscans, 4–6 ‘Pintachara’ hybrid, 7–9 ‘Cachapinta’ hybrid,
10–12 P. reticulatum; M – molecular weight marker (1 kB).
In the analysis of PCR-RFLP and multiplex-PCR, markers (RAG2, GLOB, EF1a and 18S); two sam-
the patterns obtained by these methods were fixed ples were characterized as ‘Cachapinta’, because
over all reference samples studied. However, the they inherited mtDNA (mitochondrial DNA) from
use of only 20 individuals per species does not P. reticulatum, and two specimens were character-
ensure the absence of polymorphisms in the nucle- ized as ‘Pintachara’ based on the identification of
otide positions studied or in others, which should mtDNA from P. corruscans (Table 2). Finally, only
be further evaluated. three specimens were identified as pure species,
because they were scored as the same species at
all five markers; these included two samples of
Molecular identification of the breeding stock
pure P. reticulatum and one individual of pure
In the samples of the broodstock, nine individuals P. corruscans (Table 2).
with different genotypes at any of the five markers
were identified, which clearly characterizes the
Discussion
presence of post-F1 hybrids (Table 2). Indeed, we
identified four hybrid F1 individuals because het- To apply genetic management of fish hybrids in
erozygous genotypes were observed for all nuclear Brazilian aquaculture is extremely important to
Figure 2 Electrophoresis analysis of multiplex-PCR products of the genes GLOB (a) and EF1a (b). Lanes: 1–3
Pseudoplatystoma corruscans, 4–6 ‘Pintachara’ hybrid, 7–9 ‘Cachapinta’ hybrid, 10–12 P. reticulatum; M – molecular
weight marker (1 kB).
Table 2 Individuals of the breeding stock identified morphologically (Phenotypes), and the molecular identification
(Genotypes) by mitochondrial and nuclear markers
establish methodologies for identification of hybrids is important for the sustainable development of
and their respective parental species (Hashimoto aquaculture and for assessing aquaculture produc-
et al. 2010). Accurate identification of fish hybrids tion, as well as to allow a better understanding of
biodiversity issues (Bartley et al. 2001; Hashimoto characterization, even of adult individuals, cannot
et al. 2011). As demonstrated in this study, the be considered reliable. Consequently, hybrid lin-
methods of multiplex-PCR and PCR-RFLP proved eages, especially post-F1 lineages, can be misidenti-
to be efficient tools for fast and low-cost applica- fied as pure species and erroneously used as
tions, and should be implemented routinely in fish broodstock. Similarly, such situation was detected
monitoring for the adequate management of fish in the trade of Serrasalmid juveniles because of the
hybrids in natural and cultivated stocks. The dif- particular problem of morphological identification
ference between multiplex-PCR and PCR-RFLP is of hybrid juveniles (Hashimoto et al. 2011).
that the former technique does not require the In Brazil, most aquaculture establishments are
additional time and cost of enzymatic digestion of not licensed, and there are few legal regulations
the amplified DNA; however, the primer design on aquaculture production (Suplicy 2007). In
has several limitations that should be taken into some states, such as Mato Grosso and Amapá, fish
consideration (Hashimoto et al. 2010; Prado et al. farming legislation reveals concerns about the pro-
2011). duction of hybrid juveniles, which should occur in
Currently, there is no institution that uses laboratories properly licensed for this purpose,
genetic resources to provide support to Brazilian together with reports of sanitary inspections by
fish farms for the proper management of strains competent agencies, as well as several criteria for
that have undergone genetic manipulation. the production of hybrid that must be followed.
Through genetic identification analyses performed However, these preventive regulations are not
on a Brazilian fish farm, our results show preli- adopted. The genetic tools validated in this study
minary data regarding the uncontrolled manage- could enforce national laws and regulations and
ment of interspecific hybrid of P. corruscans and support the aim of the correct handling while
P. reticulatum. The analysed broodstock was com- avoiding the introduction of hybrids into the envi-
posed mainly of hybrid individuals, which demon- ronment, which causes irreversible problems.
strated that the fertility of these animals may From an environmental and conservation per-
seriously affect cultivated stocks, as reported for spective, the problem is still considered to be
species of tilapia and carp (Mia, Taggart, Gilmour, a major one. This is because hybrids between
Gheyas, Das, Kohinoor, Rahman, Sattar, Hussain, P. corruscans and P. reticulatum have been fre-
Mazid, Penman & McAndrew 2005; Mair 2007). quently reported and detected in natural environ-
The concern is even greater because more than ments. The case that deserves special attention is
50% of this breeding stock is composed of individ- that of the Mogi Guaçu River in southeast Brazil,
uals belonging to post-F1 hybrid lineages, which reported by Prado (2010). Historically, only
causes substantial economic losses for this fish P. corruscans was represented in the fish fauna of
farm. In general, crosses involving post-F1 hybrids this river. However, in recent years, individuals
generate offspring with low viability and a high with the morphology of P. reticulatum were col-
mortality rate (Almeida-Toledo, Bernardino, Oliveira, lected that, in fact, were identified as hybrids
Foresti & Toledo-Filho 1996), which has already between these species by means of molecular anal-
been diagnosed by the fish farmer. Thus, orienta- yses. These escapes probably originated from fish
tion measures are necessary to organize a new farms; natural hybridization could not occur due
broodstock with pure species, as well as to avoid to the absence of P. reticulatum in the Mogi Guaçu
backcrosses or intercrosses and discard the hybrid River. In recent samplings, it is even more rare to
individuals whose patterns of molecular identifica- capture pure specimens of P. corruscans (J. A. Sen-
tion identify them as such, especially the post-F1 horini, pers. comm.), which provides evidence that
individuals. these animals are backcrossing with the hybrids;
It was interesting to compare the results through genetic introgression, this can lead to the
obtained by visual identification with the informa- extinction of this population of P. corruscans.
tion generated through molecular identification. As producers do not invest in pure broodstock
According to the aquaculturist, the analysed brood- samples obtained in the natural environment due
stock was composed of seven pure P. corruscans to the high price of investment, the trend has been
individuals; however, through molecular identifica- towards the continuous use of broodstock com-
tion, only one specimen was identified as pure posed of hybrid individuals. This is because breed-
P. corruscans, illustrating that simple morphological ing stocks are formed from specimens from other
fish farms, which generally provide hybrid samples Crepaldi D.V., Faria P.M.C., Teixeira E.A., Ribeiro L.P.,
(Hashimoto et al. 2011). Thus, due to the lack of Costa A.A.P., Melo D.C., Cintra A.P.R., Prado S.A.,
investment in a systematic genetic improvement Costa F.A.A., Drumond M.L., Lopes V.E. & Moraes V.E.
programme, absence of subsidies by the Brazilian (2006) O surubim na aquacultura do Brasil. Revista
Brasileira de Reprodução Animal 30, 150–158.
government for obtaining pure broodstock and the
Docker M.F., Dale A. & Heath D.D. (2003) Erosion of
fact that hybrids are being released into rivers and
interspecific reproductive barriers resulting from hatch-
contaminating natural stocks, mitigating actions ery supplementation of rainbow trout sympatric with
should be put in place urgently or the problems cutthroat trout. Molecular Ecology 12, 3515–3521.
with fish hybrids will not be solved. The imple- Hashimoto D.T., Mendonça F.F., Senhorini J.A., Bor-
mentation of genetic monitoring would be a useful tolozzi J., Oliveira C., Foresti F. & Porto-Foresti F.
preventive measure to avoid the widespread loss of (2010) Identification of hybrids between Neotropical
pure species in aquaculture, similar to what has fish Leporinus macrocephalus and Leporinus elongatus by
been reported for species of tilapia after their gen- PCR-RFLP and multiplex-PCR: tools for genetic moni-
eral introduction and subsequent hybridization toring in aquaculture. Aquaculture 298, 346–349.
(Pullin 1988). Hashimoto D.T., Mendonça F.F., Senhorini J.A., Oliveira
C., Foresti F. & Porto-Foresti F. (2011) Molecular diag-
nostic methods for identifying Serrasalmid fish (Pacu,
Acknowledgments Pirapitinga, and Tambaqui) and their hybrids in the
Brazilian aquaculture industry. Aquaculture 321, 49–
This work was supported by grants from the Fun- 53.
dação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Lundberg J.G. & Littmann M.W. (2003) Family Pimelodi-
Paulo (FAPESP) and the Conselho Nacional de dae (Long-whiskered catfishes). In: Check list of the
Desenvolvimento Cientı́fico e Tecnológico (CNPq). freshwater fishes of South and Central America (ed. by
R.E. Reis, S.O. Kullander & C.J. Ferraris Jr), pp. 432–
446. EDIPUCRS, Porto Alegre, Brazil.
References Mair G.C. (2007) Genetics and breeding in seed supply
Almeida-Toledo L.F., Bernardino G., Oliveira C., Foresti F. for inland aquaculture. In: Assessment of Freshwater
& Toledo-Filho S.A. (1996) Gynogenetic fish produced Fish Seed Resources for Sustainable Aquaculture (ed. by
by a backcross involving a male hybrid (female Colos- M.G. Bondad-Reantaso), pp. 519–548. FAO Fisheries
soma macropomum 9 male Piaractus mesopotamicus) Technical Paper, No. 501. FAO, Rome, Italy.
and a female Piaractus mesopotamicus. Boletim Técnico Mallet J. (2005) Hybridization as an invasion of the gen-
do CEPTA 9, 31–37. ome. Trends in Ecology & Evolution 20, 229–237.
Barthélémy R.M., Grino M., Pontarotti P., Casanova J.P. Mia M.Y., Taggart J.B., Gilmour A.E., Gheyas A.A., Das
& Faure E. (2007) The differential expression of ribo- T.K., Kohinoor A.H.M., Rahman M.A., Sattar M.A.,
somal 18S RNA paralog genes from the chaetognath Hussain M.G., Mazid M.A., Penman D.J. & McAndrew
Spadella cephaloptera. Cellular & Molecular Biology Let- B.J. (2005) Detection of hybridization between Chinese
ters 12, 573–583. carp species (Hypophthalmichthys molitrix and Aristich-
Bartley D.M., Rana K. & Immink A.J. (2001) The use of thys nobilis) in hatchery broodstock in Bangladesh,
inter-specific hybrids in aquaculture and fisheries. using DNA microsatellite loci. Aquaculture 247, 267–
Reviews in Fish Biology and Fisheries 10, 325–337. 273.
Boecklen W.J. & Howard D.J. (1997) Genetic analysis of Moyer G.R., Burr B.M. & Krajewski C. (2004) Phyloge-
hybrid zones: numbers of markers and power of resolu- netic relationships of thorny catfishes (Siluriformes: Do-
tion. Ecology 78, 2611–2616. radidae) inferred from molecular and morphological
Campos J.L. (2010) O cultivo do pintado (Pseudoplatys- data. Zoological Journal of the Linnean Society 140, 551
toma corruscans, Spix; Agassiz, 1829), outras espécies –575.
do gênero Pseudoplatystoma e seus hı́bridos. In: Espécies Prado F.D. (2010) Caracterização citogenética e molecular
nativas para a piscicultura no Brasil (ed. by B. Baldisser- das espécies pintado (Pseudoplatystoma corruscans), cachara
otto & L.C. Gomes), pp. 335–361. Universidade Federal (Pseudoplatystoma reticulatum) e seus hı́bridos utilizados
de Santa Maria, Santa Maria, Brazil. na piscicultura brasileira. MSc dissertation, Universidade
Carranza S., Baguñà J. & Riutort M. (1999) Origin and Estadual Paulista, Brazil.
evolution of paralogous rRNA gene clusters within the Prado F.D., Hashimoto D.T., Mendonça F.F., Senhorini
flatworm family Dugesiidae (Platyhelminthes, Tricladida). J.A., Foresti F. & Porto-Foresti F. (2011) Molecular
Journal of Molecular Evolution 49, 250–259. identification of hybrids between Neotropical catfish
Chevassus B. (1983) Hybridization in fish. Aquaculture species Pseudoplatystoma corruscans and Pseudoplatys-
33, 254–262. toma reticulatum. Aquaculture Research 42, 1890–1894.
Pullin R.S.V. (1988) Tilapia Genetic Resources for Aquacul- Thompson J.D., Higgins D.G. & Gibson T.J. (1994) CLUS-
ture. International Center for Living Aquatic Resources TAL W: improving the sensitivity of progressive multiple
Management. Manila, Philippines, 108pp. sequence alignment through sequence weighting, posi-
Rychlik W. (1995) Priming efficiency in PCR. BioTech- tions-specific gap penalties and weight matrix choice.
niques 18, 84–90. Nucleic Acids Research 22, 4673–4680.
Scribner K.T., Page K.S. & Bartron M.L. (2001) Hybrid- Toledo-Filho S.A., Almeida-Toledo L.F., Foresti F., Bernar-
ization in freshwater fishes: a review of case studies dino G. & Calcagnotto D. (1994) Monitoramento e con-
and cytonuclear methods of biological inference. servação genética em projeto de hibridação entre pacu e
Reviews in Fish Biology and Fisheries 10, 293– tambaqui. Cadernos de Ictiogenética 2, CCS/USP, São
323. Paulo, Brazil.
Suplicy F.M. (2007) Freshwater fish seed resources in Vincze T., Posfai J. & Roberts R.J. (2003) NEBcutter: a
Brazil. In: Assessment of Freshwater Fish Seed Resources program to cleave DNA with restriction enzymes.
for Sustainable Aquaculture (ed. by M.G. Bondad-Reant- Nucleic Acids Research 31, 3688–3691.
aso), pp. 129–143. FAO Fisheries Technical Paper, No. White T.J., Bruns T., Lee S. & Taylor J.W. (1990) Ampli-
501. FAO, Rome, Italy. fication and direct sequencing of fungal ribosomal
Tamura K., Dudley J., Nei M. & Kumar S. (2007) RNA genes for phylogenetics. In: PCR Protocols: A
MEGA4: molecular evolutionary genetics analysis Guide to Methods and Applications (ed. by M.A. Innis,
(MEGA) software version 4.0. Molecular Biology and D.H. Gelfand, J.J. Sninsky & T.J. White), pp. 315–322.
Evolution 24, 1596–1599. Academic Press, New York, USA.
Prado FD1, Pardo BG2, Guerra-Varela J2, Senhorini JA3, Martínez P2, Foresti F4, Porto-Foresti
F1
1
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências,
Departamento de Ciências Biológicas, Bauru, SP, Brazil.
2
Universidad de Santiago de Compostela, Facultad de Veterinaria, Departamento de Genética,
Lugo, Spain.
3
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais, Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade, Pirassununga, SP, Brazil.
4
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Botucatu,
SP, Brazil.
Abstract
Acknowledgements
This work was supported by grants from the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP) and the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
References
Allendorf FW, Leary RF, Spruell P, Wenburg JK (2001) The problem with hybrids: setting
conservation guidelines. Trends Ecol Evol 16(11):613-622.
Buitrago-Suárez UA, Burr BM (2007) Taxonomy of the catfish genus Pseudoplatystoma
Blecker (Siluriformes: Pimelodidae) with recognition of eight species. Zootaxa
1512(1):1-38.
Campos JL (2010) O cultivo do pintado (Pseudoplatystoma corruscans, Spix; Agassiz, 1829),
outras espécies do gênero Pseudoplatystoma e seus híbridos. In: Baldisserotto B, Gomes
LC (eds) Espécies nativas para a piscicultura no Brasil, Universidade Federal de Santa
Maria, Santa Maria, pp. 335-361.
Carolsfeld J, Harvey B, Ross C, Baer A (2003) Migratory Fishes of South America: Biology,
Fisheries and Conservation Status. World Fisheries Trust/World Bank/ IDRC, Victoria.
Hashimoto DT, Prado FD, Senhorini JA, Foresti F, Porto-Foresti F (2013) Detection of post-
F1 fish hybrids in broodstock using molecular markers: approaches for genetic
management in aquaculture. Aqua Res 44(6):876-884.
IBAMA (2007) Estatística da pesca Brasil – grandes regiões e unidades da federação.
IBAMA, Brasília.
Lundberg JG, Littmann MW (2003) Family Pimelodidae. In: Reis RE, Kullander SO,
Ferraris-JR CJ (orgs) Check List of the freshwater fishes of South and Central America,
Edipucrs, Porto Alegre, pp. 432-446.
Marshall TC, Slate J, Kruuk LEB, Pemberton JM (1998) Statistical confidence for likelihood-
based paternity inference in natural populations. Mol Ecol 7:639–655.
Mello PH, Venturieri RLL, Honji RM, Moreira RG (2009) Threatened fishes of the world:
Pseudoplatystoma corruscans (Agassiz, 1829) (Siluriformes: Pimelodidae). Env Biol
Fishes 85(4):359–360.
Porto-Foresti F, Hashimoto DT, Senhorini JA, Foresti F (2010) Hibridação em piscicultura:
monitoramento e perspectivas. In: Baldisserotto B, Gomes LC (eds) Espécies nativas
para a piscicultura no Brasil, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, pp.
589-606.
Prado FD, Hashimoto DT, Senhorini JA, Foresti F, Porto-Foresti F (2012b) Detection of
hybrids and genetic introgression in wild stocks of two catfish species (Siluriformes:
Pimelodidae): The impact of hatcheries in Brazil. Fish Res 125-126:300–305.
Prado FD, Nunes TL, Senhorini JA, Bortolozzi J, Foresti F, Porto-Foresti F (2012a)
Cytogenetic characterization of F1, F2 and backcross hybrids of Neotropical catfish
species Pseudoplatystoma corruscans and P. reticulatum (Pimelodidae, Siluriformes).
Gen Mol Biol 35(1):57-64.
Raymond M, Rousset F (1995) GENEPOP (ver. 3.3): a population genetics software for exact
test and ecumenicism. J Hered 86:248–249.
Rozen S, Skaletsky HJ (2000) Primer 3. http:// www-
genome.wi.mit.edu/genome_software/other/primer3.html. In: S Krawetz and S Misener
(eds) Bioinformatics Methods and Protocols: Methods in Molecular Biology, Humana
Press, Totowa, NJ. USA, pp. 365–386.
Van Oosterhout C, Hutchinson WF, Wills DPM, Shipley P (2004) Micro-Checker: software
for identifying and correcting genotyping errors in microsatellite data. Mol Ecol Notes
4:535– 538.
Table 1 – Description of primer sequences and characterization of 16 polymorphic microsatellites loci in P. reticulatum.
Repeat Size range
Loci Primer sequence (5’-3’) A Ho He Gen Bank no. M-PCR
motif (bp)
F: AGTGGCGTTAGGTCTGTGTGNED
Prt3 (TG)13 5 185-197 0.409 0.660 KF701044
R: CTCTGCCATCAATACGCTCA
VIC
F: AGGCGACAGCACTAACCAGT
Prt4 (TA)10 7 177-191 0.727 0.799 KF701045
R: GATGGAATGTGGCTGGATCT A
PET
F: CAAGGCGCTGTGTATCTTCTT
Prt25 (CA)15 10 171-207 0.818 0.798 KF701050
R: GATCATGCTTGGCTCAGACTT
6-FAM
F: CACCTGAGACACCACACGTT
Prt30 (TC)8 8 105-133 0.455 0.605 KF701052
R: CGGAGGTAGGAGAGAAAGAGAG
F: GTGCTTCCTGCTGTGAGGTAPET
Prt5 (TG)15 10 246-270 0.909 0.885 KF701046
R: TGGCAACTGAGGCTTACTGA
NED
F: CAGATTGCTGATGTGCTGTG
Prt6 (CA)15 3 210-218 0.455 0.553 KF701047
R: CTGCGTGATAACTTGCCAGA B
VIC
F: TGTCTCGCATCAAACTACGC
Prt27 (AC)16 7 211-233 0.591 0.498 KF701051
R: GTCGAAACCGGGACCTTC
6-FAM
F: GGTAGACCGCAAGACAGAACA
Prt34 (TAGA)14 11 172-232 0.818 0.862 KF701053
R: GGAACTCCTGACCTCCTATGAA
6-FAM
F: TAGCAGCAGGCGATGAGAT
Prt11 (GT)12 7 254-272 0.682 0.717 KF701048
R: CCTAATGTCCAGGGATTTGC
F: ACCGAGCACAGCACAGAACNED
Prt36 (AGAT)14 6 232-252 0.682 0.799 KF701055
R: AAGGCAATGGTTGGAAGAA C
PET
F: GGATTAGGATCGAGGTGATCTG
Prt37 (TATC)17 10 218-256 0.318 0.829* KF701056
R: AATTCCTCCTTCGAGACTTGG
VIC
F: AGACCGTTCACACGTCCTCT
Prt40 (ACAT)7 4 252-260 0.500 0.500 KF701059
R: TGCAGTTGGTGGAGTTGATG
PET
F: AGAGCCATGCTGTTGTTGTG
Prt12 (CA)13 5 272-282 0.636 0.675 KF701049
R: GTTTGTGGGACTCGGTGACT
NED
F: TTCCACACAACCACCAGAAA
Prt35 (TTC)9 12 333-384 0.864 0.875 KF701054
R: GAAACCACAGAATGCCCTCA D
VIC
F: CACACACCGCAACTTCTCAC
Prt38 (ATA)11 8 316-343 0.636 0.783 KF701057
R: TTGCTCTCACCACACTGCTT
6-FAM
F: GCCGCCATATTGGATCAAG
Prt39 (ATA)11 11 275-306 0.727 0.818 KF701058
R: GCGACTCATTATACCACCTCGT
F: forward, R: reverse, forward primers labeled with fluorescence (PET, VIC, 6-FAM, NED), bp: base pairs, A: allele number, Ho: observed heterozygosity, He: expected
heterozygosity, *loci presenting significant deviation from Hardy–Weinberg equilibrium (P<0.0032) after Bonferroni correction, M-PCR: multiplex-PCR.
Table 2 – Cross-species analysis in P. corruscans and interespecific comparisons.
P. reticulatum P. corruscans
Loci
A Allelic range size (bp) Ho He A Allelic range size (bp) Ho He
Prt3 7 183-197 0.571 0.802 1 159 - -
Prt4 7 177-191 0.643 0.779 5 176-180 0.333 0.714
Prt5 16 220-282 0.857 0.892 11 225-279 1.000 0.909
Prt6 7 208-222 0.500 0.710 4 210-228 0.417 0.562
Prt11 10 252-272 0.786 0.805 7 260-290 0.750 0.797
Prt12 6 272-284 0.619 0.701 7 296-310 0.667 0.822
Prt25 14 171-207 0.810 0.822 1 169 - -
Prt27 8 211-239 0.524 0.572 12 251-285 0.917 0.928
Prt30 12 97-133 0.585 0.681 7 69-91 0.917 0.786
Prt34 11 172-232 0.857 0.871 12 188-248 0.917 0.928
Prt35 14 333-384 0.872 0.884 2 354-357 0.083 0.083
Prt36 8 232-268 0.805 0.840 12 329-405 0.750 0.902
Prt37 14 218-280 0.447 0.868 11 196-252 0.667 0.920
Prt38 11 286-343 0.757 0.823 2 307-310 0.083 0.083
Prt39 14 228-306 0.667 0.751 8 260-287 0.917 0.855
Prt40 4 250-260 0.537 0.536 4 248-256 0.500 0.656
A: allele number, bp: base pairs, Ho: observed heterozygosity, He: expected heterozygosity, in bold, the loci with diagnostic allele sizes between species.