2021 - Mulheres e Dupla Jornada
2021 - Mulheres e Dupla Jornada
2021 - Mulheres e Dupla Jornada
RESUMO
O presente se propõe a realizar uma reflexão sobre mulheres que exercem mais uma
função social, seja como mãe, esposa, trabalhadora, e/ou estudante, o papel da mulher
nos dias atuais dentro de casa, no trabalho ou na universidade. Mulheres vem ao longo
dos anos mudando seus papéis sociais que antes era de dona de casa, esposa e mãe, para
entrar na universidade, entrar no mercado de trabalho e ter uma carreira profissional.
Porém, como essas conquistas as mulheres seguem acumulando funções,
sobrecarregando-as e possivelmente trazendo prejuízos para suas vidas ou prejuízo na
carreira ou postos de trabalhado.
Palavras-chave: Mulheres; múltiplas funções; papéis sociais.
ABSTRACT
The present proposes to carry out a reflection on women who exercise more of a social
function, whether as a mother, wife, worker, and / or student, the role of women today
at home, at work or at university. Over the years, women have changed their social
roles, which used to be that of a housewife, wife and mother, to enter university, enter
the job market and have a professional career. However, as these achievements, women
continue to accumulate functions, overloading them and possibly causing damage to
their lives or damage to their careers or jobs.
Keywords: Women; multiple functions; social roles.
622
REH- REVISTA EDUCAÇÃO E HUMANIDADES e-ISSN 2675-410X
Assim a mulher saiu do papel privado de esposa e mãe para ter uma profissão e
adentrar a esfera pública no mercado de trabalho e representa hoje maioria dentro das
universidades que só possível graças a movimentos sociais como o Movimento
Feminista, a presença das mulheres na vida pública. Mesmo com mudanças nos papéis
sociais ainda é perceptível divisões de gênero nos cuidados com pessoas e afazeres
doméstico. Souza e Guedes (2016) consideram que os afazeres domésticos e tornaram-
se invisíveis e por muito tempo as relações de poder assimétricas entre os sexos foram
se perpetuando.
Hoje o perfil das mulheres é muito diferente daquele do começo do século, pois
além de trabalhar e estudar, elas acumulam tarefas tradicionais como ser mãe, esposa e
dona de casa, saíram da esfera doméstica e privada para ocupar a esfera pública. Dados
do IBGE (2019) apontam que 92,2% das mulheres realizam trabalhos domésticos
enquanto apenas 78,2% dos homens realizam trabalhos domésticos apresentando
623
REH- REVISTA EDUCAÇÃO E HUMANIDADES e-ISSN 2675-410X
diferença de 14 pontos percentuais. Mesmo em situações ocupacionais iguais, as
mulheres dedicavam mais horas a afazeres domésticos e cuidado de pessoas do que os
homens.
A partir deste cenário social, o objetivo deste artigo foi o de refletir sobre o
papel social das mulheres na sociedade atual exercendo diferentes funções no âmbito
privado e no público.
624
REH- REVISTA EDUCAÇÃO E HUMANIDADES e-ISSN 2675-410X
Hirata (2015) aponta mudanças nos modelos de conciliação entre vida familiar e
vida profissional, descrevendo quatro modelos de delegação desses trabalhos:
a) Modelo tradicional: a mulher não trabalha fora, assumindo cuidados da
casa e dos filhos, o homem é o provedor. Essa configuração está sendo hoje
ultrapassada pelos domicílios em que ambos os cônjuges trabalham para o sustento da
família. Entretanto, ainda é realidade, sobretudo quando o número de filhos torna difícil
a “conciliação” entre afazeres domésticos e de cuidados e trabalho profissional.
b) Modelo da conciliação: a mulher trabalha fora, mas concilia trabalho
profissional e trabalho doméstico; o homem não vê a necessidade de conciliar, pois não
existe para ele uma norma social, segundo a qual ele deva realizar o trabalho doméstico
e de cuidados concomitante ao trabalho profissional.
c) Modelo da parceria: mulheres e homens repartem tarefas domésticas e
cuidados da família. Ora, a parceria supõe igualdade de condições: será que existe, hoje,
igualdade na posição dos homens e das mulheres na família e na sociedade?
d) Modelo da delegação: a mulher delega a outras mulheres o cuidado com
a casa, família e crianças. Por exemplo: mulheres executivas e com postos de
responsabilidade só podem trabalhar se outras mulheres, desprovidas de recursos e
necessitando trabalhar para sustentar a família, assegurarem essas tarefas. O primeiro
grupo de mulheres não pode existir sem o outro.
Esses modelos refletem o que as pesquisas vêm demonstrando sobre a mulher e
sua inserção social e trabalhista. Martins et. al. (2019) defende que a crescente
participação das mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas tem sido
associada às mudanças na família e na sociedade, como a maternidade tardia e menor
número de filhos. As mulheres a partir das mudanças sociais e das conquistas feministas
adentraram em contextos antes considerados primordialmente masculinos, o que
ocasionou na expectativa de maior envolvimento do homem no cuidado dos filhos, o
que não se realiza em muitas famílias, pois apesar de trabalhar fora de casa, a mulher
ainda é a maior responsável pelos filhos e pelos cuidados domésticos (IBGE, 2019).
Além da inserção no mercado de trabalho, a escolarização por parte de mulheres
está aumentando, nas universidades há mais mulheres matriculadas se comparadas aos
homens e muitos cursos que eram considerados masculinos. Hoje mulheres estão
625
REH- REVISTA EDUCAÇÃO E HUMANIDADES e-ISSN 2675-410X
escolhendo e frequentando cursos como as engenharias, as ciências tecnológicas e
matemáticas, mesmo com os papéis de gênero ainda demarcados socialmente, embora
ainda haja uma assimetria entre os gêneros nestas áreas (SAAVEDRA; CÉU
TAVEIRA; SILVA, 2010) as pesquisas demonstram maior escolarização e acesso à
universidade.
627
REH- REVISTA EDUCAÇÃO E HUMANIDADES e-ISSN 2675-410X
628
REH- REVISTA EDUCAÇÃO E HUMANIDADES e-ISSN 2675-410X
Silva e Lima (2012) ao falar sobre mulheres, trabalho e família apontou, no
exercício desses papéis, elevados níveis de cobrança pessoais, profissionais, sociais e
emocionais. Para a autora a mulher flexibilizou-se na ocupação de diversas esferas.
Contudo, velhas formas de funcionamento permanecem sob outras roupagens e as
desigualdades sociais entre homens e mulheres ainda permanecem. A mulher que lutou
tanto para conquistar espaços fora da cena doméstica hoje também sofre por - uma vez
conquistado o espaço público - agregar a esse uma série de tarefas e funções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mulheres vem ao longo dos anos mudando seus papéis sociais, saindo da esfera
do lar (dona de casa, esposa e mãe) para a esfera pública (entrar na universidade, entrar
no mercado de trabalho e ter uma carreira profissional). São as responsáveis por
cuidados com os filhos e afazeres domésticos, passando quase o dobro de horas
semanais com esses cuidados, acumulam funções, dentro e fora de casa o que pode
resultar em perda ou prejuízo em uma dessas funções ou até mesmo na saúde da mulher.
O que talvez possa explicar o porquê mulheres sofrem mais com o estresse de carreira.
Percebeu-se que nas leituras realizadas que quase metade dos domicílios no
Brasil são chefiados por mulheres em sua maioria casadas e/ou mães, evidenciado que
as mulheres são responsáveis por suas famílias, pelo cuidado com os filhos, cuidados
com a casa e também responsáveis financeiramente. Como conciliar os papéis de
trabalhadora, estudante, mãe, e cuidadora do lar sem que haja prejuízo em alguma
dessas áreas? Talvez a resposta seja simples, sempre há um prejuízo, seja pelo posto de
trabalho em situação informal, ou pelo salário menor em relação aos homens.
Também foi possível observar que as mulheres ao exercer várias funções
sofrem das desigualdades de gênero dentro da sociedade, discriminação dentro do
mercado de trabalho, postos de trabalho inferiores, menores salários e maiores
responsabilidades dentro e fora de casa contribuem para o papel da mulher seja mantido
como de segundo plano ou que para ter sucesso em carreira profissional as mulheres
precisam se dedicar muito mais tempo colocando em situação de possíveis perdas em
seus papéis sociais.
629
REH- REVISTA EDUCAÇÃO E HUMANIDADES e-ISSN 2675-410X
REFERÊNCIAS
LIMA, F.I.A.; VOIG, A.E.G.T; FEIJÓ, M.R.; CAMARGO, M.L.; CARDOSO, H.F.
Influência da construção de papéis sociais de gênero na escolha Profissional. : Rev.
Bras. Psicol. Educ., Araraquara, v.19, n.1, p. 33-50, jan./jun. 2017. ISSN: 1413-2060
DOI: 10.30715/rbpe.v19.n1.2017.10818
630
REH- REVISTA EDUCAÇÃO E HUMANIDADES e-ISSN 2675-410X
(Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Pós-Graduação em
Psicologia, 2015.
Autoras
631