YanezGonalves 2010
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RESUMO: O trabalho trata dos parâmetros geotécnicos das argilas marinhas de Santos encontradas
na região portuária, e das possíveis diferenças com os parâmetros determinados e publicados na
literatura técnica para região da orla, com prédios inclinados. Foram analisadas sondagens e ensaios
in situ de diversas localidades da região portuária, ao longo da margem direita. Os ensaios foram
realizados e cedidos pelas empresas projetistas da iniciativa privada atuantes na região e, portanto
contemplam as profundidades de interesse destes projetistas, à época dos ensaios. Principalmente
foi analisado o perfil geotécnico na região portuária em comparação com o da orla e a resistência
não-drenada das argilas.
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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
paulista.
Zero CODESP
A Transgressão Cananéia (Pleistoceno) e a
Maré mínima em 12/03/1940 Transgressão Santos (Holocento) foram as duas
Figura 2. Relação entre vários níveis de referência (data ingressões do mar em direção ao continente que
verticais) e o zero hidrográfico da CODESP
(ALFREDINI, 2005)
deram origem aos dois principais tipos
diferentes de sedimentos: as Argilas
Os ensaios foram então agrupados por Transicionais (AT) e os Sedimentos Flúvio-
região, tipos de ensaio e por lado (lado terra ou Lagunares (SFL).
lado mar), para análise. Nota-se cuidado Entre 100.000 e 120.000 anos, em ambiente
especial para uniformizar os referenciais de cota misto continental-marinho, foram depositadas
dos ensaios. É costume de projetos portuários a as Argilas Transicionais. Este material se
utilização do referencial de cota zero apresenta argiloso ou arenoso na sua base, e
estabelecido pela Marinha Brasileira, diferente arenoso no seu topo. A última glaciação, 15.000
do estabelecido pelo IBGE (Instituto Brasileiro anos atrás, abaixou o nível do mar 130m em
de Geografia e Estatística), normalmente relação ao nível atual, provocando intenso
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esparsas de areia e fragmentos de conchas. Esta arenoso compacto, cinza e branco. Sua
camada pode ter menos de 5m, como no lado resistência é crescente, ultrapassando os 40
mar do TECONDI até 30m de espessura sob o golpes aos 50m de profundidade. As demais
TEAÇU. regiões não foram exploradas até esta
A região portuária apresenta uma camada de profundidade.
areia fina argilosa, fofa a medianamente
compacta, cinza escura, em diversas 3.2 Parâmetros geotécnicos
profundidades. Nota-se a forte presença nas
regiões do Armazém 35 - LIBRA e do As argilas marinhas descritas nas sondagens
TECONDI. Sua resistência SPT varia, em geral, disponibilizadas apresentaram SPT sempre
de 5 a 15 golpes. menor que 5, muitas vezes variando somente
As camadas de argila SFL e de areia fina entre 0 e 2, independente da profundidade; suas
citadas acima se intercalam na região do características geotécnicas estão apresentadas
TECONDI e do Armazém 35 - LIBRA. Na na Tabela 1. determinado pelo ensaio, nem os
região do TEAÇU não foi constatada esta índices de compressão ( ) e recompressão
característica, pois as sondagens não ( ).
ultrapassam os 40m de profundidade.
Após os 40m de profundidade, no
TECONDI, há a presença de solo residual, silte
Tabela 1. Quadro-resumo dos parâmetros geotécnicos das argilas marinhas do Porto de Santos e comparação com
valores da literatura técnica
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Lado Terra
c = 38,5 + 4,4.z (kPa)
10
Geral
c = 42,2 + 4,9.z (kPa)
Profundidade (m)
15
20
25
Lado Mar
30 c = 43,7 + 5,0.z (kPa)
35
5
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todos os pontos, as argilas marinhas do lado fator de Bjerrum são comparados aos estimados
terra possuem maior resistência ao cisalhamento pelos cálculos de RSA determinada pelas ações
nas camadas iniciais, mas o acréscimo de combinadas do abaixamento do nível do mar e
resistência com a profundidade é maior do lado do adensamento secundário são apresentados na
mar. As duas retas médias se interceptam por Tabela 6.
volta dos 25m de profundidade.
Somente do lado mar foram encontrados Tabela 6. Comparação entre resistência não-drenada
pontos com resistência não-drenada superior à obtida pela equação Jamiolkowski e Ladd e os valores
corrigidos dos ensaios de palheta natural
100kPa, e somente no TECONDI. De forma – (kPa)
Prof.
geral, todos os locais de ensaio apresentaram Região Lado
(m) Calculado VT
resistência de até 100kPa, acima dos 60kPa Terra 22,0 29,8 – 53,3 62,6
determinados por Massad (1994) para os TEAÇU
Mar 22,0 12,0 – 21,4 56,6
intervalos de resistência das argilas SFL. Terra 19,0 24,5 – 34,8 67,4
Saboó
As correlações estabelecidas por Teixeira Mar 19,0 12,7 – 16,6 62,2
(1988), para argilas de SFL com RSA maior ou
igual a 2, em regiões próximas a estudada, Os resultados obtidos indicam que a
resultam em valores de coesão pouco inferiores resistência não-drenada de projeto pela equação
aos obtidos pelas correlações propostas nesta de Jamiolkowski e Ladd é muito inferior aos
pesquisa. valores determinados nos ensaios de palheta. Há
duas hipóteses a serem consideradas: a argila
3.4 Análise da resistência não-drenada a poderia ter RSA maior ou igual a 2, e portanto a
partir de correlações tensão de pré-adensamento não poderia ser
calculada utilizando a Equação 2 proposta por
Infelizmente não houve ensaios de adensamento Pérez, que se aplica para argilas sobre-
satisfatórios para realizar uma análise da adensadas somente pela variação do nível do
relação entre a resistência não drenada com a mar; ou que a Equação 3, com estas constantes,
tensão de pré-adensamento, comumente não se aplicam para este solo.
realizada na Mecânica dos Solos. No entanto,
conhecendo o histórico geológico das argilas de 3.5 Perfil geotécnico determinado
SFL e a Equação 1, 2 e 3, determina-se o
intervalo de valores para a tensão de pré- Através da análise das diversas sondagens da
adensamento na camada de argila da região região determinou-se um perfil geotécnico para
portuária. a região portuária, assim como o estabelecido
O parâmetro foi calculado de acordo para a região da orla da praia traçado por
com o índice de vazios dos trechos estudados, Teixeira (1994) e adaptado por Massad (2003) e
com 0,03 e . A por Dias M. (2008).
determinação de está apresentada na O perfil geotécnico do estuário do lado mar e
Tabela 5Erro! Fonte de referência não lado terra estão apresentados na Figura 4 e
encontrada.. Figura 5 respectivamente. Não foi encontrada,
em nenhuma das sondagens analisadas, a
Tabela 5. Determinação de presença de argilas com SPT > 5, não tendo se
Região identificado a presença da camada de argilas
TEAÇU 2,000 1,05 0,03 0,03 transicionais (AT), o que não exclui a
Saboó 1,345 0,82 0,03 0,04 possibilidade da presença destas, uma vez que
as sondagens foram pouco profundas na maior
Os valores da coesão de projeto das argilas parte das regiões analisadas.
marinhas, determinadas pelos ensaios de
palheta natural e devidamente corrigidos pelo
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Libra 35
TECON
TEAÇU
Balsa
Ilha Porchat
São Canal 1 2 3 4 5 6 7
Vicente
0
AREIA FINA
10
GNAISSE ARGILA MARINHA MOLE (SFL) (?)
20 AREIA FINA
GNAISSE AREIA FINA
(?) AREIA FINA ARGILA MARINHA MOLE (SFL)
30 (?)
AREIA FINA
ARGILA MARINHA (AT) (?)
40 SOLO RESIDUAL
80
Figura 4. Perfil geotécnico da orla santista e do estuário – lado Mar – Adaptado de Teixeira (1994) por Massad (2003)
por Dias M. (2008), complementado
Libra 35
TECON
TEAÇU
Balsa
Ilha Porchat
São Canal 1 2 3 4 5 6 7
Vicente
0 ATERRO DE SILTE ARENOSO COM PEDREGULHOS
AREIA FINA
AREIA FINA
(?)
10 (?)
GNAISSE ARGILA MARINHA MOLE (SFL)
20 ARGILA MARINHA MOLE (SFL) AREIA FINA
GNAISSE
(?) AREIA FINA
30 (?) (?)
ARGILA MARINHA (AT) AREIA FINA
40 SOLO RESIDUAL
(?)
AREIA FINA E MÉDIA (AT)
RIJA?
50
SOL (?)
GNAISSE OR
ESI
D UA
60 L
SEDIMENTOS CONTINENTAIS ?
SOLO RESIDUAL ?
70 (?)
80
Figura 5. Perfil geotécnico da orla santista e do estuário – lado Terra – Adaptado de Teixeira (1994) por Massad (2003)
por Dias M. (2008), complementado
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