MISSA DE NATAL Livro
MISSA DE NATAL Livro
MISSA DE NATAL Livro
Sollemnitas
“Hic, quia natus est vobis hodie Salvator, qui est Christus Dominus”
INVITATÓRIO
(O Invitatório é, na Liturgia das Horas, uma introdução à oração de todo o dia, rezando-se ao iniciar a
primeira hora litúrgica do dia, que tanto pode ser a de Laudes como o Ofício de Leitura. Tem como
finalidade fazer um convite à oração e pedir a Deus que disponha os fiéis para melhor O-louvem)
V. Abri os meus lábios, ó Senhor.
R. E minha boca anunciará vosso louvor.
Salmo 99(100)
O Salmo 99 (100) que sucede uma série de salmos reais (SI 92-98) é um Salmo de ação de graças
que traz uma ordem vibrante para louvar em público… Iubilate Domino, omnis terra. E se
dirigem a toda a Terra com o convite para agradecer publicamente ao Senhor.
O Senhor ordena aos que foram salvos que cantem o hino de vitória (Sto. Atanásio).
R.
R.
R.
HINO
(1. Ó Cristo que redime a todos, Tu único Filho, somente Tu do Pai, ao início de tudo,
a nós vem dado de modo inefável.)
SALMODIA
Salmo 2
(O Salmo 2, um salmo real, apresenta o glorioso reino do Messias, do Senhor que está por
vir. Este salmo indica profeticamente o reinado de Jesus. O Salmo 2 se desenvolve em quatro
partes, cada uma delas referente a uma voz ou orador diferente: (1) descrição dos planos dos
perversos (v. 1-3); (2) risada do Divino Pai Eterno diante da ilusão do ímpio (v. 4-6); (3)
declaração, pelo Filho, do decreto do Pai (v. 7-9); (4) orientação do Espírito a todos os reis
para que obedeçam ao Filho (v. 10-12).)
Salmo 18(19)A
(Será cantada somente a primeira parte o salmo 18, onde o autor sagrado celebra a
revelação do Poder e Majestade de Deus na Criação, o testemunho universal e incessante
dos céus ao Criador. O povo do Primeiro Testamento identifica o legislador de Israel com o
Criador do Universo, sendo este um princípio fundante da religião hebraica. Hoje, o
salmista nos recorda que aquela revelação universal da majestade de Deus na criação,
manifestada para toda a humanidade, revelação essa desenvolvida na história do povo de
Deus, por meio dos profetas, através de tantos homens e mulheres, com o nascimento de
Jesus, a revelação de Deus chega à sua plenitude.)
–2 Os céus proclamam a glória do Senhor, *
e o firmamento, a obra de suas mãos;
–3 o dia ao dia transmite esta mensagem, *
a noite à noite publica esta notícia.
Salmo 44(45)
(O Salmo 44 é um salmo real e uma canção de casamento real, celebra o
casamento. A estrutura: ( 1) introdução do tema do bem (v. 1); (2) votos de feliz
casamento para o grande rei (v. 2-9); (3) votos de feliz matrimônio para a bela
noiva (v. 10-15); (4) bênçãos, como conclusão, sobre o rei (v. 16,17).)
A raiz de Jessé
Eis o que diz o Senhor Deus:
1 Nascerá uma haste do tronco de Jessé
e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor;
2 sobre ele repousará o espírito do Senhor:
espírito de sabedoria e discernimento,
espírito de conselho e fortaleza,
espírito de ciência e temor de Deus;
3 no temor do Senhor encontra ele seu prazer.
Ele não julgará pelas aparências que vê
nem decidirá somente por ouvir dizer;
4 mas trará justiça para os humildes
e uma ordem justa para os homens pacíficos;
fustigará a terra com a força de sua palavra
e destruirá o mal com o sopro dos lábios.
5 Cingirá a cintura com a correia da justiça
e as costas com a faixa da fidelidade.
6 O lobo e o cordeiro viverão juntos
e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito;
o bezerro e o leão pastarão lado a lado,
e até mesmo uma criança poderá tangê-los.
7A vaca e o urso pastarão lado a lado,
enquanto suas crias descansam juntas,
o leão comerá palha como o boi;
8 a criança de peito vai brincar
em cima do buraco da cobra venenosa;
e o menino desmamado
não temerá por a mão na toca da serpente.
9 Não haverá danos nem mortes
por todo o meu santo monte:
a terra estará tão repleta do saber do Senhor
quanto as águas que cobrem o mar.
10 Naquele dia, a raiz de Jessé
se erguerá como um sinal entre os povos;
hão de buscá-la as nações,
e gloriosa será a sua morada.
Responsório
Responsório
CANTO KALENDA
(Um elemento importante para a ambientação pedagógica do Natal, de beleza litúrgica
admirável, a Kalenda contém o anúncio do Natal do Senhor sob o aspecto cronológico,
no qual são elencados os principais eventos da história da Salvação e momentos da
história da humanidade na qual Deus se revela.
Esta palavra é latina, formada de calare, e deriva do termo grego kaleo, que significa chamar,
anunciar. Calenda (sing.) ou calendæ (pl.) é, no calendário romano, o primeiro dia do mês.
Inclusive dá origem à palavra calendário.)
Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem à
sua imagem;
- séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez
resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz;
- vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai;
- treze séculos depois da saída de Israel do Egito sob a guia de Moisés;
- cerca de mil anos depois da unção de Davi como rei de Israel;
- na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel;
- na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas;
- no ano 752 da fundação de Roma;
- no ano 538 do edito de Ciro autorizando a volta do exílio e a reconstrução de
Jerusalém;
- no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto,
enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo.
JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo
santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e
se fez homem; transcorridos nove meses nasceu da Virgem Maria em Belém de
Judá.
Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana.
Venham, adoremos o Salvador.
Ele é Emanuel, Deus Conosco.
HINO DE GLÓRIA
Senhor nosso Deus, que fizestes resplandecer esta santíssima noite com o
nascimento de Cristo, verdadeira luz do mundo, concedei-nos que, tendo
conhecido na terra o mistério desta luz, possamos gozar no Céu o esplendor da
sua glória. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
I Leitura
Is 9,1-6
Foi-nos dado um filho.
Caríssimo:
11 A graça de Deus se manifestou
trazendo salvação para todos os homens.
12 Ela nos ensina a abandonar a impiedade
e as paixões mundanas e a viver neste mundo
com equilíbrio, justiça e piedade
13 aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória
do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.
14 Ele se entregou por nós, para nos resgatar de toda
maldade e purificar para si um povo que lhe pertença
e que se dedique a praticar o bem.
Palavra do Senhor.
Evangelho
Lc 2,1-14
Hoje, nasceu para vós um Salvador.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
“O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que
habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is, 9,1).
Caríssimos...
A profecia de Isaías e o Evangelho do Natal que apenas escutamos
iluminam também este ano a noite dos pastores e a noite do mundo inteiro.
Todos nós nos sentimos obscurecidos, cansados, exaustos, oprimidos por
muito tempo sob o pesado jugo desta pandemia que está bloqueando
nossas vidas, paralisando as relações, colocando a política, a economia, a
cultura e a sociedade a uma dura prova. As antigas fraquezas estruturais
foram ampliadas e nenhuma solução clara e compartilhada parece surgir
no horizonte.
Também aqueles que nos governam estão tateando no escuro. As
comunidades cristãs, por sua vez, lutam para manter os ritmos
estabelecidos ao longo do tempo e não conseguem imaginar o novo que
virá.
Muitos nos últimos meses, como e melhores do que eu, tentaram fazer um
diagnóstico, imaginar cenários futuros, pintar mais ou menos com cores a
atual situação sombria.
Porém, na minha primeira Missa de Natal como Patriarca, não quero
concordar com a voz de quem bem sabe descrever a noite. Devo, quero,
dar voz à profecia, fazer eco do Evangelho a mim mesmo, comunicar-vos
a graça desta hora.
Sim, irmãos e irmãs, porque o que estamos vivendo aqui, agora, é uma
hora de graça!
Não é uma piedosa ilusão, nem fuga romântica em uma religião
tranquilizadora ou consolação barata.
“Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado”: esta é a certeza dos
cristãos. A noite, qualquer noite, não é a última palavra da nossa história e
da humanidade. Se Aquele que é Luz da Luz nasceu à noite, então a noite
também pertence ao dia, aliás, a noite torna-se Natal, ou seja, torna-se o
lugar de um novo e possível nascimento. Nós, cristãos, sabemos que no
fundo das nossas crises, dentro de nossas trevas, no meio das nossas
fraquezas, nasceu uma criança que é um Deus poderoso e com ela
começou uma nova história de confiança e esperança, de renascimento e
ressurreição. A vida divina que Cristo nos traz como dom pode e quer
transformar a morte em vida, a dor em esperança, o medo em confiança.
Crer nele não é negar sem razão a realidade, mas ter um olhar novo e
profundo que nos faz ver nas dores da criação as dores de um novo
nascimento. Crer é continuar caminhando não com a obstinação dos que
não desistem, mas com a confiança dos que tendem e aguardam uma meta.
“A graça de Deus apareceu, a qual traz salvação a todos os homens”
(Tito 2:11). Sobre a cena deste mundo não age somente o mal, o
sofrimento e a morte. Se o mal abunda, a graça superabunda. Esta atua nas
mentes e nos corações, ensina novos caminhos de justiça e paz, de
esperança e vida. O que aconteceu aqui há 2.000 anos não é um conto de
fadas nem um mito, mas o início de uma nova história da qual, se
quisermos, podemos ser os protagonistas. Uma presença misteriosa, mas
real, preenche de si o mundo. A vida que começou aqui em Belém
derrotou a morte e nos autoriza a esperar naquela vitória que ainda hoje
está acontecendo. Esperar na graça de Cristo não é iludir-se, mas encontrar
motivos para se comprometer na construção de uma nova ordem. A
pandemia, com seu fardo de sofrimento e morte, nos pede que imaginemos
um mundo diferente, feito de novas relações solidárias e fraternas, onde a
posse é substituída pelo dom e a riqueza de uns poucos se torne bem de
todos.
“Hoje nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor” ( Lc 2, 11).
Existe a salvação e ela tem um rosto e um nome: o de Jesus Cristo. Ele é o
Filho de Deus, a Sabedoria e glória do Pai que, por sua misericórdia, quis
compartilhar nossas alegrias e as nossas dores, até a morte e para além
dela. Ele percorreu as nossas mesmas estradas, chorou as nossas lágrimas,
compartilhou os nossos sofrimentos lavando nossos pés até o fim. Com a
Encarnação, ele se uniu de algum modo a cada homem, tomando o que é
nosso e dando-nos o que é seu (cf. GS 22). Nesta cidade de Belém ele
nasceu para se fazer comida e bebida, ensinando-nos que não há salvação
fora do amor dado e recebido. Salvar o homem é servi-lo: e nós nos
salvaremos desta e de todas as outras crises e desastres somente se
fizermos do bem comum o nosso interesse supremo. “O Natal da Cabeça é
o Natal do Corpo”, escreve São Leão Magno (Discurso VI para o Natal).
Percebemos, nesta tragédia, que estamos todos conectados e que somos
responsáveis uns pelos outros: A Igreja, Corpo de Cristo, sempre soube
disso: o Salvador que nasceu hoje também nos faz renascer com a
consciência de que somos todos filhos e, portanto, todos irmãos, como nos
lembra o Santo Padre e que por isso o amor é o único caminho verdadeiro
de salvação.
Irmãos e irmãs,
esta noite não queremos e não podemos esquecer a tristeza e a
preocupação que toma conta do coração do mundo como um vício. Mesmo
aqui na Terra Santa, não somos exceção. Vivemos em uma terra que tem
como vocação a pluralidade e a abertura ao mundo, mas testemunhamos
continuamente atitudes opostas. Em vez de sermos inclusivos, somos cada
vez mais exclusivos: em vez de nos reconhecermos, nos negamos uns aos
outros. Penso em particular aos nossos fiéis que vivem na Palestina: como
para Maria e José, também para eles parece não haver lugar no mundo,
continuamente convidados, antes de poderem viver com dignidade em sua
casa, a esperar um futuro desconhecido e continuamente adiado.
Mas não queremos e nem podemos esquecer que com o nascimento de
Cristo o próprio Deus entrou no mundo, orientando o caminho para um
futuro de alegria e paz. Em meio aos nossos medos, queremos agarrar a
mão que Cristo nos oferece para um renovado caminho de confiança,
esperança e amor.
Portanto, esta noite queremos contemplá-lo com os pastores, cantá-lo com
os anjos, recebê-lo com Maria e José, oferecer-lhe com os Magos o
incenso da nossa fé difícil, a mirra da nossa esperança sofrida e o ouro do
nosso amor confiante, e colocar-nos de volta na caminho.
A Ele, Deus poderoso, pedimos de desterrar a doença, o mal e a morte e
restitui-nos os dias felizes e serenos.
A Ele, Admirável Conselheiro, queremos pedir que ilumine os politicos,
médicos e investigadores, e todos os que procuram com sinceridade de
coração soluções justas e verdadeiras para o bem de todos.
A Ele, Pai para sempre, entregamos os enfermos, os pobres, os sofredores
e os defuntos, para que todos sejam visitados pela sua misericórdia que
cura, conforta, consola e vivifica.
A Ele, Príncipe da Paz, confiamos esta nossa Terra e a nossa Igreja, cujas
feridas tornam-se ainda mais difíceis de curar neste momento difícil e
doloroso.
A Ele, Graça de Deus encarnada, pedimos converter-nos dos nossos
egoísmos e dos nossos fechamentos em bons e santos pensamentos e
obras, para que a nossa colaboração fiel e concreta corresponda ao seu
dom inefável.
A Ele, nosso Salvador e Senhor, prometemos de dar o que somos e temos
para que “se conhecido na terra o seu caminho e entre todos os povos a
sua salvação” (cf. Sl 67, 3). Amém.
CREDO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO
ORAÇÃO UNIVERSAL
Episcopus: Nesta Noite, irmãos caríssimos, na qual apareceu para nós a bondade e o amor
do Salvador e Deus nosso, não por obra de nossa justiça, mas confiando em sua
misericórdia, apresentemos nossas súplicas.