Curso de Literatura para ENEM 2022 - Aula 01
Curso de Literatura para ENEM 2022 - Aula 01
Curso de Literatura para ENEM 2022 - Aula 01
ENEM
Exasiu EXTENSIVO
Exasiu
Aula 01 – Quinhentismo, Trovadorismo,
Humanismo e Classicismo
Literatura de formação e de catequese. Brasil: Carta de Caminha e Padre Anchieta. Portugal: Trovadorismo.
Humanismo: Gil Vicente. Temáticas Literárias: amor cortês; ética do comportamento. Literatura Clássica.
Classicismo: Camões (poesia épica e poesia lírica). Intertextualidade: diálogo entre Camões e a poesia moderna.
Artes: Período Medieval, estilos Gótico, Bizantino e Românico; Renascimento.
Sumário
INTRODUÇÃO 4
1.0 CONTEXTUALIZAÇÃO 6
2.0 QUINHENTISMO 10
2.1. AUTORES E OBRAS DO QUINHENTISMO 15
3.0 TROVADORISMO 23
3.1 AUTORES E OBRAS DO TROVADORISMO 27
4.0 HUMANISMO 32
4.1 AUTORES E OBRAS DO HUMANISMO 34
5.0 CLASSICISMO 38
5.1 AUTORES E OBRAS DO CLASSICISMO 39
INTRODUÇÃO
Hoje nós vamos dar continuidade ao nosso Curso de Literatura para ENEM 2022. Lembrem-se
sempre do nosso lema:
Além desses assuntos que são pré-requisitos, considero igualmente importante formarmos uma
bagagem cultural. Por isso, iremos tratar também de algumas noções gerais acerca de Artes Plásticas da
Era Medieval: estilos Gótico, Bizantino e Românico, bem como o Renascimento.
A metodologia dessa aula irá se pautar nos seguintes aspectos: contextualização do período
histórico, tanto brasileiro quanto português, características gerais dos movimentos e um breve resumo
de autores e obras com quadros sinópticos.
O quadro sinóptico (sinopse: resumo) é um material de apoio que irá poder ajudá-los pouco antes
da prova, por se tratar de conteúdos concentrados.
• Literatura brasileira: Quinhentismo.
• Literatura portuguesa: Trovadorismo; Classicismo e Humanismo.
LITERATURA REGIONAL
LITERATURA NACIONAL
Produção literária em escala
local ou particular. Pode LITERATURA UNIVERSAL
transmitir qualidades Literatura produzida em um
culturais próprias. Foi contexto de Estado-Nação ou
importante para o país. Por exemplo: literatura Weltliteratur (em alemão)
Modernismo, por exemplo, brasileira, francesa, inglesa, significa Literatura Mundial.
com Graciliano Ramos e russa etc. É importante Foi um conceito desenvolvido
Guimarães Rosa, que observar que, a depender do pelo romântico Goethe (1749-
retrataram o Nordeste e movimento literário, houve 1832). É a noção de que a
Minas Gerais. algumas diferenças de país grande literatura ultrapassa
para país. fronteiras regionais e até
mesmo temporais.
Esse quadro nos ajuda a entender que uma literatura particular pode se alçar a universal, e é nesse
sentido que é importante ter uma perspectiva do todo. É como diz o russo Liév Tolstói: para se falar do
mundo, é preciso primeiro saber falar da própria aldeia.
Esse modo de encarar a Literatura também pode ser explicado pelo crítico literário Antonio
Candido em sua obra A educação pela noite & outros ensaios:
• A literatura nacional e a universal se encontram numa relação orgânica.
Particular ⇌ Universal
É nesse sentido ainda que podemos empregar o termo “literatura” com letra minúscula para
designar um sentido lato (geral, amplo) ou “Literatura”, para nos remeter à disciplina e à área de
conhecimento especificamente.
Então, vamos lá, não percamos tempo!
1.0 CONTEXTUALIZAÇÃO
• Literatura de cunho
Literatura de formação, Pero Vaz de Caminha, Padre José
informativo, com foco em
informação ou de Anchieta, Padre Manuel da
documentar.
Quinhentismo. Nóbrega.
• Textos de cunho religioso.
visava ao processo educativo e cultural dos testemunho que valia como documentos,
povos nativos. É sinônimo de literatura de cujo objetivo central era narrar e descrever
catequese as terras, os povos e os costumes
• Repetição
• Forma simples
• Amor cortês
• Traços medievais
Humanismo Gil Vicente: Farsa de Inês Pereira,
• Teatro
Auto da barca do inferno, entre
• Crítica de costumes
outros.
• Antropocentrismo
Classicismo Camões (Poesia lírica: sonetos;
• Racionalismo
poesia épica: Os Lusíadas)
• Configuração de formas poéticas
ERA CLÁSSICA
mais complexas
Barroco Portugal: Padre Antonio Vieira • Embate entre antropocentrismo
Brasil: Gregório de Matos versus Teocentrismo
• Dualidade: sagrado versus profano
• Ornamentação estilística
• Abuso de paradoxos e de inversões
sintáticas
Outros gêneros do período são o épico, a saga e a epopeia, que eram parecidos da antiguidade.
Conforme Spina (2007, p. 70), as sagas são narrativas em verso ou em prosa, de interesse capital para a
história primitiva dos povos nórdicos. Porém, este gênero se pauta na já existente epopeia, desde a
Antiguidade Clássica. Segundo N. K. Sandars, os épicos podem ser caracterizados como “um tipo especial
de narrativas de viagens e aventuras, sempre presentes no mundo atemporal e sem fronteiras da lenda e
do romance folclórico” (ANÔNIMO, 2012, 67).
Geralmente, trata-se de um contexto antes de haver nações, quando os povos costumavam ser
nômades (isto é, não tinham moradia fixa, deslocavam-se e estavam constantemente em luta com outros
povos pela conquista de territórios e firmada de poder). Uma das características do épico é não haver
uma versão consolidada, pois funcionava como se fosse telefone sem fio, passando de povos a povos,
culturas e culturas, gerações e gerações. Assim, a narrativa oral era muito valorizada, consistindo no
principal meio/veículo de comunicação na época, até o advento do livro e da imprensa com Gutenberg,
no século XV.
A História Geral da Europa no período estava dividida da seguinte maneira:
Chegam os
Chegam os escravos holandeses
Chegam os portugueses
Em 1538, começam a Início dos ataques
D. João II falece em 1495. O contexto
chegar ao Brasil os holandeses ao litoral
de expulsão dos judeus se acentua,
primeiros escravos vindos brasileiro. Maurício de
e eles eram quem bancavam
da África. Em 1548, a Nassau conquista
grande parte das expedições
Coroa Portuguesa cria e Pernambuco (1637). O
portuguesas. Ainda assim, Pedro
institui o Governo-Geral açúcar era a maior
Álvares Cabral chega em terras
no Brasil. produção.
brasileiras em 22 de abril de 1500.
Infográfico: Showeet.
2.0 QUINHENTISMO
Aqui, vocês serão convidados a adentrar o universo de sonho das grandes navegações!
Julho de 1969. O estadunidense Armstrong chocava toda a humanidade quando pisava pela
primeira vez na lua. Não foi tão diferente com as descobertas dos espanhóis e dos portugueses quando
descobriram novos mundos antes desconhecidos.
O contato com os nativos nus, de língua e costumes estranhos, as belezas naturais, os animais, as
plantas e os frutos exóticos, os mistérios, as riquezas – tudo isso contribuiu para uma vasta criatividade
dos escritores que para cá vinham, consistindo na primeira produção literária nacional.
A expansão ultramarina foi uma das ‘soluções’ encontradas pela sociedade da Europa Ocidental
para fazer frente aos graves problemas gerados pela crise do sistema feudal. A necessidade de
encontrar novas fontes de riquezas, controlar novas regiões produtoras, a centralização política,
foram fatores decisivos para o desencadeamento do processo expansionista. (MARQUES, 2005).
Os portugueses levaram grande vantagem sobre este processo, pois lideravam a Escola de Sagres,
um grupo de pessoas ligadas à arte náutica, desenvolvendo tecnologia – tais como as caravelas e o
astrolábio (instrumento astronômico que funcionava como bússola) – e a tradição marítima acumulada
fez com que Pedro Álvares Cabral chegasse ao Brasil em 1500. Seguem abaixo exemplos de instrumentos
de navegação: a bússola e o astrolábio.
Rio de
Salvador Brasília
Janeiro
A LITERATURA DE INFORMAÇÃO
Nem crônicas, nem memórias, pois não resultavam de nenhuma intenção literária: os escritos
dos cronistas e viajantes eram uma tentativa de descrever e catalogar a terra e o povo recém-
descobertos. Entretanto, permeava-os a fantasia de seus autores, exploradores europeus que
filtravam fatos e dados, acrescentando-lhes elementos mágicos e características muitas vezes
fantásticas. (VOGT, 1982).
Vamos estudar a partir de dois depoimentos diferentes abaixo como que a perspectiva sobre o
mesmo assunto pode mudar a depender de quem profere o discurso.
Nesse trecho, o eu lírico de Rudyard Kipling, Prêmio Nobel de Literatura de 1907, julga que o Homem
Branco tem como missão levar a esperança a outros chãos, de preferência, os pagãos. Chegando aonde
há fome e doença, infere-se que ele seria um herói salvador. Porém, a missão também é um peso, ou seja,
um fardo, algo a que o Homem Branco estaria destinado.
Este poema é de 1899. Nessa ocasião, a Europa, depois da colonização, passava por outra etapa
capitalista: o Imperialismo, sendo que uma onda de competição por novos mercados competidores
recomeçava.
• Observação 1: o uso da letra maiúscula no termo “Homem Branco” ajuda a reforçar a importância
de seu status.
• Observação 2: percebam também o uso do imperativo afirmativo na segunda pessoa do plural:
“[vós] tomais”. Isso indica um apelo à coletividade, à formação de um povo, grupo ou classe
específica e a sua orientação para compor a parte participativa da História.
Já nesse depoimento, o filósofo indígena contemporâneo Ailton Krenak, da etnia crenaque, faz
outra observação acerca do trabalho, como se este servisse como uma espécie de um vazio que o homem
branco precisaria preencher. A falta de entendimento do homem branco da alteridade, isto é, do outro,
repercute numa incompreensão de si próprio: escravizando os outros, não sobra outro público-alvo de
escravização a não ser si próprios.
Ailton Krenak chega a comparar essa visão consumista a uma doença. Uma certa preguiça, uma
não disposição para ir buscar alimentos saudáveis, produz indivíduos doentes. Por outro lado, uma
preguiça meramente contemplativa, por meio da qual a natureza pudesse ser apreciada, também não é
aceita. Segundo o pensador, o homem branco pensa que tem domínio sobre a terra e essa perspectiva
enviesada é prejudicial.
A LITERATURA DE FORMAÇÃO
Os jesuítas vindos ao Brasil com a missão de catequizar os índios deixaram inúmeras cartas,
tratados descritivos, crônicas históricas e poemas. Os principais deles foram José de Anchieta e o padre
Manuel de Nóbrega, que chegaram juntos ao Brasil em 1553 e fundaram no ano seguinte, no planalto de
Piratininga, um colégio que se tornou o núcleo da futura cidade de São Paulo.
Filme: Desmundo.
Sinopse: o filme é ambientado em 1570 e
conta a história de mulheres órfãs de Portugal
que eram enviadas ao Brasil para se casar com
os colonizadores. Essa prática visava construir
núcleos familiares cristãos e de ascendência
europeia, coibindo os relacionamentos entre
homens brancos e mulheres indígenas.
CATEGORIA DEFINIÇÃO
Carta em 14 páginas em forma de inventário/diário de navegação, com mescla
de tipologias textuais: descrição, narração e dissertação. Em se tratando de uma
obra da literatura de informação quinhentista, seu objetivo principal é descrever
ESTRUTURA
as terras brasileiras (fauna e flora), bem como os povos nativos. O ponto de vista
está na primeira pessoa, alterando a primeira pessoa do singular (o próprio
autor, Pero Vaz de Caminha), e do plural (os portugueses no geral).
Pero Vaz de Caminha (remetente), el-rei D. Manuel I (destinatário), Nicolau
PERSONAGENS Coelho, Capitão-mor, piloto Afonso Lopes, degredado (exilado) Afonso Ribeiro,
Bartolomeu Dias, padre frei Henrique, indígenas (não nomeados).
Saída em 9 de março de 1500 e chegada no dia 21 de abril de 1500. Como
no ano de 1500 o mês de março tem 31 dias, quer dizer que demoraram 43
TEMPO
dias para chegar. O relato termina numa sexta-feira, não se especifica qual,
com a celebração da Santa Missa e o fechamento.
Percurso até chegarem (passando por regiões geográficas como as Ilhas
ESPAÇO Canárias e as Ilhas de Cabo Verde), culminando no achamento da Terra de Vera
Cruz (nome inicial do Brasil).
Pero Vaz de Caminha é um fidalgo enviado junto com a tripulação de
desbravadores com o objetivo de fazer um levantamento das descobertas. Ao
chegar ao Brasil, chama a sua atenção aspectos como: choque cultural com os
costumes dos povos indígenas, descrição das terras brasileiras (animais e
CONFLITO
plantas), descrição dos hábitos dos indígenas (alimentação, dança, onde dormiam
– nas ocas, meios de subsistência, armas, crenças) e os gestos dos indígenas
indicando que nessas terras haveria ouro e prata (tratando-se de uma
conjectura).
Como era de praxe no catolicismo, ao descobrir novas terras os portugueses
tinham como finalidade chantar uma Cruz e rezar uma missa. Pero Vaz de
Caminha pretende enviar vários objetos para o el-rei D. Manuel I, como forma
de comprovação do que narrou e descreveu na carta. Inclusive, faz
DESFECHO planejamentos futuros, confabulando com o el-rei a vinda de mais pessoas para
a nova terra como parte do projeto. Iriam ficar no Brasil alguns degredados.
Termina mencionando que não haveria mais necessidade de enviar
desbravadores para Calicute (missão às Índias), como quem está tão orgulhoso
de sua missão que acha que ela seria suficiente para convencer el-rei.
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa,
que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam,
topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os
mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira
seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui
alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao
monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.
Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios
pequenos, por chegarem primeiro.
Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do
Capitão-mor, onde falaram entre si. E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para
ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois,
quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam
arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem
os arcos. E eles os pousaram. Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar
quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na
cabeça e um sombreiro preto.
Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas
vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas,
miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e
com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.
*Vocabulário
Chã: terreno plano, planície
Batéis e esquifes: barcos pequenos
Barretes: cobertura de tecido flexível que se ajusta facilmente à cabeça e termina em ponta que pende para trás
ou para o lado.
1) Para começar o estudo da literatura brasileira, toma-se geralmente por base o início da colonização
portuguesa, pois o desenvolvimento dessa literatura se dá no contexto da transposição da cultura
ocidental para a América. À luz destes conhecimentos, selecione a alternativa correta.
a) A literatura colonial produzida no Brasil, na época de 1500-1700, tinha como principal gênero a
poesia.
b) Autores como José de Anchieta e Padre Antônio Vieira foram de importância crucial para o
desenvolvimento da literatura nacional, sobretudo porque desenvolveram uma literatura de cunho
jesuítico.
c) A carta de Pero Vaz de Caminha, destacada como marco da literatura colonial, demonstra uma
linguagem considerada difícil para os dias atuais, pois se tratava de português arcaico.
d) Pode-se concluir do texto que Nicolau Coelho foi grande amigo de Pero Vaz de Caminha e chegou
com ele junto ao Brasil.
e) É possível depreender do texto que, uma vez que os nativos possuíam barrete e carapuças, eles
representavam séria ameaça aos viajantes.
Comentários
Questão de contexto histórico-social/interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. O Trovadorismo em Portugal teve como principal gênero a poesia. A
produção literária do Quinhentismo no Brasil se limitou a 1500, pois em 1600 já havia outros
movimentos literários, como Barroco e Arcadismo. Além do mais, a principal obra desse período é
escrita em forma de prosa, tratando-se da carta de Pero Vaz de Caminha.
Alternativa B: incorreta. Padre Antônio Vieira já era autor do Barroco.
Alternativa C: fases da História da Língua Portuguesa.
1) Arcaico: 1500 => cartas. Portugal ~ Espanha: língua de contato – galego/português;
2) Clássico: 1600 => Camões;
3) Moderno: até hoje.
Alternativa D: incorreta. Não é possível concluir isso a partir do trecho. Porém, pode-se inferir o
seguinte: o capitão-mor manda Nicolau Coelho como o primeiro a testar terras desconhecidas. Ou seja,
ele serviu como cobaia. Na verdade, historicamente Nicolau Coelho era um comandante da armada
de Pedro Álvares Cabral.
Alternativa E: incorreta. A História irá comprovar que a chegada dos portugueses significou
massacre para os povos indígenas, mas, em um primeiro momento, não é possível depreender isso do
texto. Tanto é que houve um sinal de contato e de reconhecimento entre eles, momento simbolizado
pela troca de chapéus.
Gabarito: C.
2) O Dia Nacional do Índio é decretado no dia 19 de abril. Hoje há instituições federais que garante
respaldo aos direitos humanos indígenas, tais quais a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Com base
na cultura indígena, eleja a alternativa correta.
a) Pero Vaz de Caminha foi importante para ressalvar os direitos indígenas. Na sua carta, considerada
a primeira obra da literatura nacional, o autor exibe um profundo conhecimento indígena, e uma
postura amigável aos nativos.
b) As terras indígenas serão administrativamente demarcadas por iniciativa e sob a orientação do
órgão federal de assistência ao índio.
c) O escambo era uma prática colonial comum, e consistia em uma troca de objetos por parte do
colonizador e do colonizado, sendo que cada uma das partes entregava um bem ou prestava um
serviço à outra, a fim de formar um sistema de crédito. Isto pode ser facilmente evidenciado nos dois
últimos parágrafos do trecho selecionado.
d) Fica claro do trecho acima que os índios e os portugueses, de tradição europeia, apresentavam
culturas semelhantes, por isso se entendiam com tanta facilidade.
e) Para chegar ao Brasil, os portugueses percorreram o Oceano Pacífico.
Comentários
Questão de atualidades/conhecimentos interdisciplinares. Há datas e documentos importantes
sobre o assunto:
*19 de abril: Dia Nacional do Índio
*09 de agosto: Dia Internacional dos Povos Indígenas (ONU)
*Decreto de Lei nº 1.775/96: dispõe sobre o procedimento administrativo da demarcação das terras
indígenas.
*Lei nº 11.645/2008: inclui a história e cultura indígenas na Lei de Diretrizes Básicas (LDB).
Alternativa A: incorreta. A postura não era amigável, era de desconfiança frente ao desconhecido.
Alternativa B: correta – gabarito. É o artigo 1º da Lei nº 1.775/96.
Alternativa C: incorreta. A prática histórica do escambo foi descrita na alternativa. Quando é assim,
apenas confiem. Saber o termo nesse caso não era decisivo para gabaritar a questão. O fato é que o
gesto que foi estipulado nestes dois parágrafos – a troca de chapéus, no caso um sombreiro da parte
do português e um ramal (cocar) da parte do índio, representou o primeiro contato travados entre
ambos, e não troca comercial de objetos.
Alternativa D: incorreta. Eram culturas bastante diferentes e desconfiavam uns dos outros.
Alternativa E: questão interdisciplinar de Geografia. Foi o Oceano Atlântico.
Gabarito: C.
A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento histórico, mas que conserva alguns aspectos
literários também, conseguindo mesclar, ao mesmo tempo, dados subjetivos e objetivos. Seguem abaixo
elencados alguns tópicos que ajudam na tentativa do enquadramento da carta no âmbito literário.
Pontuação: sentimento
Repetição: ênfase
Assista também ao webinário sobre a carta: aula especial de Literatura e História Link de acesso:
https://www.youtube.com/watch?v=FYj9QkRB09Y&t=4s
EXEMPLO PRÁTICO
"PADRES" "PEROS"
• Observação 1: percebam que, para além da colonização portuguesa, houve interesse de outras
nacionalidades acerca da terra do Brasil. De fato, tudo era muito chamativo, sendo que atraiu a
atenção de alemães e franceses, por exemplo.
• Observação 2: a noção que as pessoas daquela época tinham sobre o conceito de “História” é
diferente do que temos hoje. Isto é, para eles, descrevia-se a História Presente, os fatos que
realmente estavam acontecendo, ao passo que hoje temos noção de distanciamento histórico.
Orgulho
Eurocentrismo
português
Achamento
Viés desbravador Mercantilismo e
e de descoberta colonização
Norte da Bacia
Macro-jês
Amazônica
Invasão
Região
Cariris
Amazônica
3.0 TROVADORISMO
Na Idade Média, tanto a educação formal quanto a produção artístico-cultural encontravam-se
dominadas pela Igreja. O nascimento das cantigas trovadorescas e das novelas da cavalaria na Baixa Idade
Média, pautadas na vida cotidiana ou para a fantasia de aventura, simbolizou o surgimento de uma cultura
leiga.
A cantiga mais antiga que se tem notícia é a “Cantiga da Ribeirinha” ou “da Guarvaia” de Paio
Soares de Taveirós (1189-1198). Elas são unidas em coletâneas: os cancioneiros, sendo os mais
conhecidos: Cancioneiro da Ajuda (século XIII); Cancioneiro da Vaticana (século XV).
O português teve um estágio antigo chamado galego-português. As primeiras manifestações
literárias nessa língua datam do século XII. As principais eram as cantigas, canções compostas e cantadas
por poetas denominados de trovadores.
Segundo Cereja e Magalhães (2004, p. 86), esses cantores apresentavam uma hierarquia entre si:
• Trovador: membro da nobreza ou do clero, era autor da letra e da música das composições que
executava para o seleto público das cortes;
• Segrel: nobre de escala mais baixa, escudeiro sem recursos para ascender à cavaleiro, sobrevivia
percorrendo as cortes ou acompanhando o exército real nas lutas contra os árabes. Executava
composições próprias.
• Jogral: cantor de origem popular, raramente compunha, limitando-se a executar composições
dos trovadores. Normalmente, era acompanhado por uma soldadeira, mulher que dançava e cantava
durante as apresentações e, por isso, tinha má reputação.
Entre as cantigas, há a seguinte distinção: cantigas de amor e cantigas de amigo. Ainda de acordo
com os autores, a cantiga de amigo é classificada da seguinte maneira:
CANTIGA DE AMIGO
• Pastorela: de ambiente rural, tratam do envolvimento amoroso entre uma pastora e um
cavaleiro;
• Bailias ou bailadas: fazem referência à dança de moças que esperam os namorados;
• Romarias: referem-se às romarias feitas a lugares sagrados;
• Albas ou alvas: fazem menção ao amanhecer, que muitas vezes surpreende os amantes;
• Marinhas ou barcarolas: apresentam ambiente marinho.
PARALELISMO
As cantigas de amigo geralmente apresentam paralelismos, uma técnica frequentemente usada
em literatura, que consiste em repetições de palavras ou versos ou construções sintáticas. Essas
repetições podem ser de partes de versos ou até de versos inteiros.
Além do refrão, as cantigas de amigo costumam apresentar dois tipos de paralelismo: o de par de
estrofes e o leixa-pren. O de par de estrofes consiste na repetição de duas estrofes com uma ligeira
diferença entre o verso de uma e o seu correspondente na outra estrofe. O leixa-pren é uma espécie
de encadeamento entre estrofes pares e ímpares: o segundo verso da primeira estrofe se repete no
primeiro da terceira estrofe, o segundo verso da segunda estrofe se repete no primeiro da quarta
estrofe e assim por diante.
Veja os dois tipos de paralelismo nos versos seguintes. As setas em azul correspondem ao
paralelismo de par de estrofes e as setas em vermelho, ao leixa pren:
As cantigas de amigo têm raízes na Península Ibérica, em festas rurais e populares, com música e
dança, com vestígios da cultura árabe. São suas características:
• Ambientação rural;
• Linguagem simples;
• Repetições;
• Estrutura paralelística;
• Forte musicalidade.
Na cantiga de amigo, o eu lírico é geralmente feminino, e o tema mais frequente é um lamento
amoroso da moça cujo namorado partiu para as guerras árabes.
Já as cantigas de amor têm origem na poesia provençal (de Provença, região do sul da França), nos
ambientes finos e aristocráticos e logo estão presas a certas convenções de linguagem e de sentimentos.
São suas características:
• Linguagem mais refinada quanto a vocabulário e construções;
• Ambiente: a corte.
O eu lírico normalmente é um homem (um cavaleiro), que declara o seu amor a uma mulher
inalcançável, em conformidade com as regras do amor cortês. O eu lírico masculino confessa a coita: o
sofrimento amoroso por uma dama que lhe é inacessível devido à diferença social entre eles.
Observação: assim como a noção de “História” não era a mesma naquela tempo, também não o
era a noção de “romance”. Entende-se o romance medieval também como “romanceiro”, no sentido de
composição poética.
Designa a atividade poética luso-espanhola, de caráter épico e lírico, anônima, transmitida por
via oral, durante a Idade Média, configurada nos romances, ou a sua compilação em romances,
ou a sua compilação em volume, integral ou antológico (MOISÉS, 2013, p. 417).
AMOR CORTÊS
O relacionamento entre amantes pode recorrer à expressão do amor cortês, isto é, um tipo de
amor convencional, cheio de regras sociais como:
*Submissão absoluta à dama;
*Vassalagem humilde e paciente;
*Promessa de honrar e servir a dama com fidelidade;
*Prudência para não abalar a reputação da dama, sendo o cavaleiro, por essa razão, proibido de
falar diretamente dos sentimentos que tem por ela;
*A amada é vista como a mais bela de todas as mulheres;
*Pela amada o trovador despreza todos os títulos, as riquezas e a posse de todos os impérios.
Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, Linguagem agressiva, direta, por vezes obscena.
trocadilhos e ambiguidades.
Ironia. Zombaria.
Elas se diferem das cantigas de amor e de amigo por serem menos rígidas e seguirem menos os
modelos convencionais; portanto, elas têm mais liberdade formal, são mais experimentalistas e exploram
mais recursos expressivos, por exemplo, figuras de linguagem.
Costumam ter como seus alvos clérigos devassos, prostitutas, os próprios trovadores etc.
Estêvão Coelho
Seu nascimento data de 1305. É designado nos Livros de
Linhagens por Estêvão Coelho de Riba Homem e escreveu em
galego-português. Casou-se com Maria Mendes Petite, ligada aos
mosteiros de Canedo e de Grijó, com quem teve 7 filhos.
Podemos destacar como produção sua um gênero que a
canção de tear (chanson de toile) sua cantiga “Sedia la fremosa seu
sirgo torcendo”.
Para essa cantiga, vocês poderiam aplicar as regras de
paralelismo.
AS NOVELAS DE CAVALARIA
A prosa, em Portugal, começou entre o século XIV e o início do século XV, em forma de hagiografias,
nobiliários, cronicões e novelas de cavalaria.
*Hagiografias: relatos de episódios da vida de santos, cuja finalidade era catequética e didática.
*Nobiliários ou livros de linhagem: compilações de genealogias de famílias nobres, feitas com o
objetivo de conhecerem os graus de parentesco.
*Cronicões: documentos que faziam mera ordenação de fatos históricos.
*Novelas de cavalaria: são um gênero narrativo tipicamente medieval. Em geral de autor
desconhecido, são resultado da transformação das canções de gesta, poemas que narravam heroicas
aventuras de cavaleiros andantes.
Seus temas são, portanto, as aventuras fantásticas de cavaleiros lendários e destemidos que
liquidavam monstros e homens malvados em batalhas sangrentas, travadas em nome tanto de Deus
quanto do amor por uma donzela. Produto de uma fértil inventividade, a novela de cavalaria descreve
com abundância de detalhes a vida e os costumes da cavalaria medieval.
De acordo com seus temas, as novelas de valeria compõem três ciclos:
*Ciclo bretão ou arturiano: tem como personagens centrais o rei Artur e os cavaleiros da Távola
Redonda;
*Ciclo carolíngio: gira em torno da figura de Carlos Magno e os doze pares da França (a qual tem
uma adaptação para o cordel brasileiro do Nordeste);
*Ciclo clássico: abrange figuras e acontecimentos da Antiguidade clássica, como a Guerra de Tróia.
O romance de cavalaria encontra a sua autocrítica em Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de
Cervantes no século XVI. Trata-se já da decadência dos valores medievais da cavalaria, que abriam
espaço para o aburguesamento da sociedade.
Fonte: Shutterstock.
E quem disse que a gente não pode se divertir? Elenquei abaixo uma sugestão de filmes e séries
pertinentes à temática que estamos estudando hoje. Boa diversão!
SUGESTÃO SINOPSE/COMENTÁRIO
Filme: Cruzada (2005)
Sinopse: Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que
guarda luto pela morte de sua esposa e filho. Ele recebe a visita
de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu pai, que é também um
conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a manter
a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também à esta
meta, mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título
de nobreza em Jerusalém. Determinado a manter seu juramento,
Balian decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado
como cavaleiro. Paralelamente ele se apaixona pela princesa
Sibylla (Eva Green), a irmã do rei. O filme é importante para
estudar as Guerras Santas entre os católicos e mulçumanos.
Ufa! E agora que já descansamos, vamos voltar ao nosso conteúdo. Ainda temos mais movimentos
literários para estudar.
4.0 HUMANISMO
O ícone do Humanismo português foi Gil Vicente, cujas origens são incertas. Provavelmente, era
alfaiate, mas Gil era um nome vulgar e São Vicente era patrono de Lisboa, sendo que podia haver um
carpinteiro homônimo à época.
Nessa época, é muito comum o teatro em verso à moda de William Shakespeare na Inglaterra
(1564-1616). Afinal, ele também foi um escritor do movimento literário do humanista; porém, era
britânico. Era comum na época a noção de world as stage (mundo como palco), ou seja, a ideia de que
estaríamos encenando sempre o tempo todo, até mesmo em nossas vidas reais e especialmente em
sociedade.
Por outro lado, também há os autos. “Auto” é um gênero literário. “Vinculado aos mistérios e
moralidades, e talvez deles proveniente, o autor designa toda peça breve, de tema religioso ou profano,
encenada durante a Idade Média: equivaleria a um ato que integrasse espetáculo maior e completo, daí
o apelativo que recebeu: auto” (MOISÉS, 2013, p. 46, grifo meu).
Aproximavam-se da tragicomédia, pois tinham moralizavam sem perder o teor satírico. Por
participar do debate de ideias que agitavam o período histórico, é conhecido como teatro de ideias.
Vejam abaixo alguns exemplos dos mais conhecidos, dos humanistas até modernistas:
O HUMANISMO
O termo é usado para indicar duas coisas diferentes: I) o movimento literário e filosófico que
nasceu na Itália na segunda metade do séc. XIV, difundindo-se para os demais países da Europa
e constituindo a origem da cultura moderna; II) qualquer movimento filosófico que tome como
fundamento a natureza humana ou os limites e interesses do homem.
Em relação à primeira, as bases fundamentais do humanismo podem ser assim expostas:
1) Reconhecimento da totalidade do homem como ser formado de alma e corpo e destinado a viver
no mundo e a dominá-lo.
2) Reconhecimento da historicidade do homem, dos vínculos do homem com o seu passado, que,
por um lado, servem para uni-lo a esse passado e, por outro, para distingui-lo dele.
3) Reconhecimento do valor humano das letras clássicas. É por esse aspecto que o H. temesse
nome. Já na época de Cícero e Varrão, a palavra humanítas significava a educação do homem como
tal, que os gregos chamavam de paídéia; eram chamadas de "boas artes" as disciplinas que formam o
homem, por serem próprias do homem e o diferenciarem dos outros animais.
4) Reconhecimento da naturalidade do homem, do fato de o homem ser um ser natural, para o qual
o conhecimento da natureza não é uma distração imperdoável ou um pecado, mas um elemento
indispensável de vida e de sucesso.
O pensador – Rodin
Fonte: Pixabay.
Em relação à outra, o segundo significado dessa palavra nem sempre tem estreitas conexões com
o primeiro. Pode-se dizer que, com esse sentido, o humanismo é toda filosofia que tome o homem
como “medida das coisas”, segundo antigas palavras de Protágoras.
Em sentido mais geral, pode-se entender por humanismo qualquer tendência filosófica que leve
em consideração as possibilidades e, portanto, as limitações do homem, e que, com base nisso,
redimensione os problemas filosóficos.
CATEGORIA DEFINIÇÃO
Tempo: o tempo de duração deveria caber dentro do período de um sol
ou pouco excedê-lo, segundo Aristóteles. Esse tempo era medido pela
clepsidra, isto é, ampulheta.
Cenário: o enredo deve se passar dentro dos limites de uma cidade. O
cenário é basicamente descrito pela linguagem.
Eis agora alguns quadros sinópticos de obras que podem ser importantes e cair na sua prova.
CATEGORIA DEFINIÇÃO
ESTRUTURA Teatro em versos. Não tem divisão em atos nem em cenas. É classificado como um auto
de moralidade.
PERSONAGENS Diabo, anjo, fidalgo, onzeneiro (espécie de agiota), parvo, sapateiro, frade, Brízida Vaz
(alcoviteira), judeu, corregedor, procurador, cavaleiros.
TEMPO Pode-se dizer que atemporal. Na barca do inferno, entram humanos de todas as épocas,
desde os cruzados (séc. XIV) até os contemporâneos de Gil Vicente.
ESPAÇO Metafísico: o inferno. Mítico: às margens do rio da morte, o rio Letes.
CONFLITO O fidalgo é o primeiro que se aproxima dos barcos sem reconhecer o diabo. Ao se
apresentar, o fidalgo se recusa a entrar. Cada um que entra carrega um símbolo daquilo
que representa: o fidalgo, a cadeira; o agiota, a bolsa; o frade, armas; o sapateiro,
ferramentas; Brísida, apetrechos; Judeu, bode; corregedor e procurador, livros e
processos. Por ora, apresenta-se uma falsa esperança de poderem entrar na Barca do
Céu, mas eles são reconduzidos.
CLÍMAX O livro é uma grande crítica do apego à vida material e daquilo que não conseguimos nos
desfazer nem mesmo depois da morte.
DESFECHO O auto se encerra com 4 cavaleiros que morreram nas cruzadas, mas que bem poderiam
representar os quatro cavaleiros do Apocalipse Bíblico.
ALEGORIA. Na pintura, na escultura, enfim nas Artes Plásticas é a alegoria bastante empregada
como o valor de símbolo. Uma figura de mulher, com uma balança numa das mãos e uma espada
na outra, é uma alegoria de Têmis, ou seja, a Justiça. Em literatura a alegoria informa
determinadas espécies genéricas como a fábula, o apólogo e a parábola, nas quais as coisas
abstratas ou inanimadas personificam-se.
CATEGORIA DEFINIÇÃO
ESTRUTURA Teatro em versos. Não é dividida nem em ato nem em cenas. É classificada como uma
farsa de folgar.
PERSONAGENS Inês Pereira, Pero Marques (rico proprietário que a pedira em casamento), nobre
decadente, mãe, Lianor, Latão, Vidal, escudeiro, moço, judeus, Fernando, ermitão.
TEMPO É dedicada a rei D. João, o terceiro do nome em Portugal, que reinou no período de
1502-1557. Atenção: muitos dos escritores da época queriam cair “em boas graças”
dos reis. Por isso, era bastante comum honrá-los, elogiá-los ou dedicar obras a eles,
pois assim a chance de terem seu status aumentado era maior.
ESPAÇO Na casa da mãe; no rio; na fazenda. Cenário semidefinido.
CONFLITO Inês sonha em se casar com um homem educado, que soubesse cantar e agradar as
mulheres, ainda que não tivesse dinheiro. Tanto é que se casa com um nobre
decadente, em detrimento de Pero Marques, um rico proprietário de terra.
CLÍMAX O marido de Inês a prende em casa e viaja para combater os mouros com a finalidade
de enriquecer.
DESFECHO O marido de Inês acaba morrendo na guerra, e ela termina por aceitar o pedido de
Pero Marques, com quem casa e de quem acaba tirando proveito financeiramente.
FARSA. Sutil, se não difícil de precisar, a distinção entre a farsa e a comédia. De modo
genérico, pode-se afirmar que a diferença é de grau: a farsa consistira no exagero do
cômico, graças ao emprego de processos grosseiros, como o absurdo, as
incongruências, os equívocos, os enganos, a caricatura, o humor primário, as situações
ridículas. A farsa dependeria mais da ação que do diálogo, mais dos aspectos externos
(cenário, roupagem, gestos, etc. que do conflito dramático. (MOISÉS, 2013, p. 189).
RESUMINDO
CATEGORIA DEFINIÇÃO
ESTRUTURA É considerada uma farsa alegórica. É dividida em duas partes – primeira: atribuições da
família judaica e segunda: casamento de Portugal, cavaleiro negro, com a princesa
Lusitânia.
PERSONAGENS Portugal, Lusitânia – filha de Lisibeia (Lisboa) e do Sol (daí o seu nome lembrar luz), dois
diabos: Belzebu e Dinato, Todo Mundo e Ninguém.
TEMPO Uma das últimas peças de Gil Vicente. Representado pela primeira vez em 1532,
perante a corte de D. João III quando nasceu seu filho, D. Manuel.
ESPAÇO Alegórico: Lisibeia (Lisboa).
CONFLITO Lusitânia se apaixona pelo negro cavaleiro Portugal. Recorrem às deusas gregas para
pedir e garantir proteção para o seu casamento, enquanto os diabos traçam
comentários satíricos e espirituosos.
CLÍMAX A união entre Lisibeia e Sol dá origem ao nascimento mítico de Portugal. No processo,
uma ninfa morre de ciúmes.
DESFECHO Lusitânia e Portugal se casam, ao passo que Belzebu e Dinato são responsáveis por
contar a Lúcifer o que aconteceu.
5.0 CLASSICISMO
O contexto do Classicismo em Portugal foi marcado pelas Grandes Navegações e o sentimento de
dominação do mundo. Por isso, as características principais do período são o racionalismo, o
individualismo e a ambição ilimitada. É o que Gombrich chama de “conquista da realidade”.
O período entre XV e XVI compreendeu grandes avanços artísticos e científicos e por isso foi
chamado de Renascimento. O movimento também é conhecido como Classicismo renascentista.
São formas literárias clássicas a écloga (poema pastoril), a elegia (de fundo melancólico), a ode, a
epístola, o epitalâmio (poema de congratulação a noivos recém-casados) e a epopeia, cujo parâmetro é
Os Lusíadas, cujo herói é o povo nacional português.
Luís de Camões
Nascido supostamente em Lisboa em 1524 ou
1525, Luís Vaz de Camões foi quem melhor traduziu os
anseios do homem renascentista. Homem não só de
palavras, mas também de ações, ele lutou pelo seu país no
norte da África (Marrocos), onde perdeu um olho.
Em 1550 chega a se alistar para a Índia, mas não
chega a embarcar. É preso no mesmo ano, quando parte
para um exílio de 17 anos. Viveu então na África e na Ásia,
incluindo a China e a Índia, palco de sua epopeia. Na costa
de Macau, naufragou, tendo conseguido salvar apenas
ironicamente a si mesmo e ao manuscrito de Os Lusíadas.
Voltou a Portugal em 1569-70. Tratou de editar
imediatamente o épico, mas uma coletânea de poemas
fora-lhe roubada: Parnaso Lusitano. Por conta da
publicação, recebera uma espécie de honorário, a tença
trienal. Porém, morreu em 1579-80, miserável.
Sua obra é resultado de estudos na área de cultura clássica (curso de Artes em Coimbra) e de suas
vastas e ricas experiências de viagem. Traduziu os sentimentos de desafio e conquistas que os
portugueses sentiam quando eram eles os donos do mundo.
É constante em suas obras a presença de Deus e dos milagres do cristianismo. Porém, ao mesmo
tempo, suas referências foram modelos greco-latinos, como a Ilíada e a Odisseia de Homero e a Eneida
de Virgílio. Por isso, é possível que ele reuniu elementos pagãos e cristãos, o que lhe rendeu problemas
com a Inquisição e com a crítica da época.
Em relação à lírica, sobretudo amorosa, atribui-se aos temas os desentendimentos que ele teve na
sua conturbada vida amorosa, seja com Catarina de Ataíde seja com a infanta D. Maria.
Os Lusíadas (1572)
CATEGORIA DEFINIÇÃO
PERSONAGENS Vasco da Gama, o herói, junto com a sua tropa de lusos (daí o nome da obra), que
representa o herói coletivo português. Panteão de deuses, sobretudo, Vênus. Esse
espírito nacionalista será resgatado em movimentos posteriores, como o Romantismo e
o Modernismo.
TEMPO As grandes navegações portuguesas até as Índias compreenderam de 1497 a 1499.
ESPAÇO Travessia do Oceano Atlântico até chegar ao Oceano Índico, mais precisamente em
Calicute.
CONFLITO Na trajetória dos lusos, enquanto alguns deuses como Vênus (do amor) e Marte (da
guerra) tentam protegê-los, outros como Netuno (do mar) e Baco (do vinho) tentam
impedi-los de alcançar o seu destino. No canto II, depois de muitas dificuldades e com a
ajuda de Vênus, chegam à África, cujo rei Melinde pede a Vasco da Gama que conte a
história de Portugal. Vasco da Gama então conta sobre a Revolução de Avis e a morte
de Inês de Castro. No canto IV: críticas do velho da praia do Restelo. Canto V: gigante
Adamastor, personificação dos perigos enfrentados pelos viajantes ao passar pelo
Cabo das Tormentas.
CLÍMAX Dos cantos VI a IX: chegam a Calicute.
DESFECHO Tomados pelo cansaço, ao menos os portugueses descansam vitoriosos, recebendo
uma recompensa da deusa Vênus pela conquista deles: a Ilha dos amores. Lá, amam as
ninfas lideradas por outra deusa, Tétis.
PARA FRENTE...
A LÍRICA CAMONIANA
A lírica amorosa
Também prevalece duas tendências:
• Amor sensual típico do paganismo greco-latino;
• O amor neoplatônico (resgate do platonismo por Santo Agostinho e depois S. Tomás de Aquino):
idealizado e inacessível.
O amor neoplatônico é um amor-ideia: quanto mais desvinculado do prazer carnal, do amor físico
e sensorial, mais puro ele será. Suas inspirações são a Beatriz de Dante e a Laura de Petrarca, sobretudo
esta última, mais amada ainda depois de morta.
Se nela está minha alma transformada, Esse poema é interessante, pois ele prenuncia
que mais deseja o corpo de alcançar? elementos do Barroco: a contradição, uma
Em si somente pode descansar, vez que nas primeiras estrofes o eu lírico
pois consigo tal alma está liada. preza pelo amor ideal, embora nos últimos ele
almeje uma mulher real, consubstanciada na
Mas esta linda e pura semideia, forma. Nas Artes Plásticas, esse movimento é
que, como o acidente em seu sujeito, chamado de Maneirismo.
assim co’a alma minha se conforma,
Não precisamos também saber, por exemplo, que “algũa” é uma forma arcaica – isto é, antiga –
da palavra “alguma”. O precisamos entender são as escolhas das palavras.
Assim, o eu lírico no primeiro verso menciona uma partida, e depois sabemos que é para o Céu.
Concluímos que isso significa a morte, mas apenas da alma do eu lírico, e não de seu corpo físico.
A lírica filosófica
Já esse tipo de poesia retratava uma reflexão sobre a vida, o homem e o mundo. É típica a
consciência da força implacável do tempo, de cujo maior representante é o soneto “Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades”.
Características do eu lírico: é desconcertado com a realidade, desprovido de harmonia, confuso.
Trata-se do homem perplexo e desenganado com o mundo.
AS GUERRAS SANTAS
O espírito guerreiro e aventureiro da cavalaria medieval foi fortemente marcado pelas Cruzadas,
as “guerras santas” que a Europa empreendeu contra o Islão na tentativa de recuperar Jerusalém,
então dominada pelos muçulmanos.
Embora os motivos oficiais dessas guerras fossem religiosos, na verdade havia outros interesses em
jogo: a atração pelo desconhecido e a realização de saques e pilhagens que garantiriam o
reconhecimento do rei e da comunidade, além de uma vida tranquila materialmente.
6.1. ROMÂNICO
PERÍODO: SÉCULOS XI-XII
6.2. GÓTICO
PERÍODO: SÉCULOS XIII-XV
O gótico foi um período cujas estátuas eram símbolo do sagrado, “lembretes solenes de uma
verdade moral” (GOMBRICH, 2015, p. 190).
6.3. BIZANTINO
PERÍODO: SÉCULOS V-XV
Além da arquitetura e dos afrescos, também predominaram nesse período os mosaicos (superfície
composta de ladrilhos ou pequenas peças coloridas e variadas). É uma arte culta, mas dirigida às massas.
Suas qualidades de ordem prática são a solidez e a resistência à intempérie.
6.4. RENASCIMENTO
PERSONAGENS
GUAIXARÁ – rei dos diabos
AIMBIRÊ
SARAVAIA – criados de Guaixará
TATAURANA
URUBU
JAGUARUÇU – companheiros dos diabos
VALERIANO
DÉCIO – Imperadores romanos
SÃO SEBASTIÃO – padroeiro do Rio de Janeiro
SÃO LOURENÇO – padroeiro da aldeia de São Lourenço
VELHA
ANJO
TEMOR DE DEUS
AMOR DE DEUS
CATIVOS E ACOMPANHANTES
TEMA
Após a cena do martírio de São Lourenço, Guaixará chama Aimbirê e Saravaia para ajudarem a
perverter a aldeia. São Lourenço a defende, São Sebastião prende os demônios. Um anjo manda-os
(...)
SARAVAIA
Fui pelo sertão a dentro,
lacei as almas, rapaz.
ANJO
De que famílias descendem?
SARAVAIA
Desse assunto pouco sei.
Filhos de índios talvez.
Na corda os enfileirei
presos todos de uma vez.
Passei noites sem dormir,
nos seus lares espreitei,
fiz suas casas explodir,
suas mulheres lacei,
pra que não possam fugir.
(Amarra-o o anjo e diz:)
ANJO
Quantas maldades fizeste!
Por isso o fogo te espera.
Viverás do que tramaste
nesta abrasada tapera
em que pro fim te pilhaste.
Um dos principais gêneros literários do período estudado na aula de hoje é o teatro. A Carta de
Pero Vaz de Caminha é muito conhecida e cobrada; porém, devemos ter um conhecimento mais
abrangente de outras obras também.
No trecho acima, observa-se uma espécie de ficha catalográfica de apresentação das personagens.
Podemos observar que elas alternam nomes indígenas (pagãos) e cristãos. No caso dos textos literários
brasileiros do período, é muito importante observar o sincretismo religioso. Isso indica a riqueza de
culturas coexistindo no mesmo espaço e tempo, como costuma ocorrer até hoje. O que a banca pode
explorar desse período é justamente o choque cultural, que sucedeu de várias maneiras, sobretudo,
mediante a religião.
Alguns nomes são alegóricos, como temor e amor de Deus, por exemplo.
No trecho em particular, há ambiguidade: a personagem Saraiva, que é um criado do rei dos
diabos, narra maldades que fez as quais se parecem com os processos de colonização. No fim, há o caráter
moralizante do Anjo: “Viverás do que tramaste /nesta abrasada tapera”. É como se houvesse uma lição
de moral, o que indica o objetivo pedagógico da literatura de catequese.
Outro movimento literário que costuma ser frequentemente cobrado em provas é o Classicismo
de Luís de Camões. Isso por conta da importância e representatividade desse autor. Sua linguagem é
rebuscada e além disso trata-se de português europeu. Porém, ainda assim, pode servir como estudo
gramatical. Por isso, hoje separei para trabalharmos um soneto de Camões.
Camões escreveu centenas de sonetos. Para além da poesia épica (Os Lusíadas), escreveu poesia
lírica, cujos grandes temas foram amorosos e filosóficos. Porém, muitos desses sonetos têm autoria difícil
de ser rastreada, tendo ela sido atribuída a ele mais por causa do estilo do que precisão de fontes. Nesse
sentido, muitos sonetos não têm títulos. Quando for assim, o primeiro verso do soneto serve de título
(tema) a ele. Como no caso do teatro de Padre José de Anchieta da seção anterior, que tinha um “tema”
a partir do qual a peça iria se desenvolver. Muitos textos da Idade Média apresentam esse esquema
estrutural: uma apresentação do tema para que depois ele seja desenvolvido. Até para facilitar a
compreensão dos textos, nem sempre muito inteligíveis (até hoje).
O mesmo ocorre com “verdes castanheiros”, sendo que verde também se remete a frescor. Então,
este tema está sendo repetido e, consequentemente, ressaltado. E essa inversão se repete ainda mais:
“manso caminhar” (o verbo foi nominalizado, isto é, transformado em função de substantivo), “estranha
terra”, “branda guerra” e “rara natureza”. Outro procedimento importante na construção do poema é
justamente a nominalização, o que ocorre também com “o esconder” e “o escolher”, aqui utilizados com
o artigo definido antes.
Desde o título, temos também uma construção de posse: a fermosura (formosura) é justamente
dessa terra, que é fresca. Logo, parecemos estar diante de um tema árcade: o pastoralismo e a valorização
da natureza. Porém, vamos ver que isso não se verifica no poema como um todo.
Isso porque o eu lírico nos dois tercetos finais desabafa: pouco importa toda essa linda natureza:
“Me está, se não te vejo, magoando.” Logo, é importante notar um eu lírico em primeira pessoa do
singular descrevendo seu estado de espírito, que alterna entre a contemplação de uma bela natureza e a
tristeza internalizada pela solidão/ausência da mulher amada. O tom do poema, portanto, é lírico,
subjetivo, sentimental.
No último terceto, a repetição da estrutura “sem ti” no início do verso, além de conferir
importância à segunda pessoa gramatical, também indica presença da figura de linguagem da anáfora.
Também há uso repetitivo de verbos pronominais: me está, me enoja, me aborrece. Essa ação reflexiva
confere destaque ao sentimento individual do eu lírico. Por fim, na chave de ouro (último verso do
soneto): uma ideia contraditória. É como se o eu lírico estivesse passando por uma montanha-russa
sentimental, experimentando ora tristeza, ora alegria, residindo a condição na amada. Logo, trata-se da
poesia lírica de Camões, mais especificamente de sua lírica amorosa.
TEXTO I
A ESTILIZAÇÃO DO AMOR
Desde que os trovadores provençais do século XII deram voz à melodia do desejo não
correspondido, as violas entoaram cada vez mais alto as cantigas de amor, até que apenas Dante
conseguisse tocar o instrumento da forma mais perfeita.
O espírito medieval sofreu uma das mudanças mais importantes ao desenvolver pela primeira
vez um ideal amoroso com uma tônica negativa. É certo que a Antiguidade também cantara o anseio
e o sofrimento do amor; mas será que ali, na verdade, o anseio não era apenas encarado como o
adiamento e o estímulo da indubitável realização? E, nas histórias de amor com final triste da
Antiguidade, a frustração do desejo não era o momento-chave, mas sim a cruel separação pela morte
dos amantes já unidos, como ocorreu com Céfalo e Prócris e com Píramo e Trisbe. O sentimento de
tristeza não se situava na insatisfação erótica, mas no infortúnio do destino. Foi só no amor cortês
dos trovadores que a insatisfação em si tornou-se motivo principal. Criara-se uma forma de
pensamento erótico capaz de abranger uma profusão de aspirações éticas, sem por isso renunciar por
completo à sua conexão com o amor natural das mulheres. Do próprio amor sensual brotara a servidão
cortês à mulher, sem nunca exigir realização amorosa. O amor passou a ser o campo em que se deixava
florescer todo o aperfeiçoamento estético e moral. O amante nobre, segundo a teoria do amor cortês,
torna-se virtuoso e puro pelo seu amor. O elemento espiritual ganha cada vez mais espaço na poesia
lírica, até que, por fim, o efeito do amor torna-se um estado de iluminação sagrada e devoção: Vida
nova, de Dante Alighieri.
A partir de então foi preciso uma nova reviravolta. No dolce stil nuovo de Dante e seus
contemporâneos fora atingido um ponto extremo. Petrarca já hesita entre o ideal do amor cortês
espiritualizado e a nova inspiração na Antiguidade. E de Petrarca até Lorenzo de Médici, na Itália, a
lírica amorosa envereda pelo caminho que leva de volta à sensualidade natural que também permeava
os tão admirados modelos dos antigos. O sistema artificialmente desenvolvido do amor cortês foi
abandonado.
(...)
[Na França] O círculo de poetas do sensível imagina o amor melancólico sob a figura da ascese
religiosa, da liturgia e do martírio. Eles chamam a si mesmos de les amoreaux de l'observance [os
amorosos da observância], ecoando a recente e bem-sucedida reforma na vida monástica dos
franciscanos. É como um equivalente irônico da rígida sobriedade do dolce stil nuovo. A tendência
profana é expiada em parte pela intimidade do sentimento amoroso.
“Tratei do funeral da minha dama
No mosteiro do amor,
E o serviço para a sua alma
Tristes pensamentos cantou.
Muitas velas de suspiros lamentosos
Estavam ali iluminando,
Também o seu túmulo mandei erigir
Da lamentação... ” (L'amant rendu cordelier de l'observance d'amour – O amante tornou mais
cordial a observância do amor).
(HUIZINGA, Johan. O Outono da Idade Média. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p. 177-183, grifos meus).
TEXTO II
AS UNIVERSIDADES
A crescente afluências às escolas parisienses criou a atmosfera e a necessidade de que se originou
a Universidade de Paris. Com as universidades começa uma nova época de educação medieval. Elas
não são, como se propala ainda hoje, uma continuação ou renovação das antigas escolas superiores.
As chamadas antigas universidades são criações do fim da época imperial. Ensinavam, em primeira
linha, gramática e retórica. A filosofia e outras ciências relegavam-se a plano secundário. Nossas
universidades são uma criação original da Idade Média. No mundo antigo nunca houve, em parte
alguma, essas corporações com seus privilégios, seu plano fixo de estudos, seus títulos graduados
(bacharel, licenciado, mestre, doutor). A palavra universidade não significa, como se crê, o “conjunto
das ciências” (universitas litterarum), mas a corporação dos docentes e discentes. Explica-o, já no
século XIII, a perífrase societas magistrorum et discipulorum. Como instituição científica, a
universidade chama-se studium generale. A mais antiga é a de Bolonha, que Frederico I proveu de
estatutos em 1158. Em Bolonha dominava, porém, a jurisprudência; só em 1352 se fundou a faculdade
de teologia. A Universidade de Paris desenvolveu-se lentamente. Já no século XII, reinava em Paris
animada vida científica, estimulada por mestres como os saint-victorinos e Abelardo. Lá encontramos
diversas escolas, desde o fim do século XII, frequentadas por alemães e sobretudo por ingleses. De
fato, já existia a universidade parisiense.
(CURTIUS, Ernest Robert. Literatura europeia e idade média latina. 2. ed.
Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979, p. 53-54).
TEXTO III
Para complementar seu estudo cada vez mais, vocês vão encontrar questões
ao longo da teoria e no final dela, com e sem gabaritos. Além disso, também
temos simulados inéditos e gratuitos todo fim de semana. Isso quer dizer que
vamos focar bastante na prática!
Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
02. (ENEM/2013)
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me
que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e
flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. [...] Andavam todos
tão bem dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
TEXTO II
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari
retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses
em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação
da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a
pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —, cumprem a mesma
função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um
mesmo momento histórico, retratando a colonização.
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03. (ENEM/2013)
TEXTO I
LXXVIII (Camões, 1525?-1580)
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
TEXTO II
SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em:
www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012
A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do
mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos
usados no poema.
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher,
evidenciadas pelos adjetivos do poema.
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela
postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.
d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística,
evidenciado pelos adjetivos usados no poema.
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados
pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.
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04. (ENEM/2012)
O trovador
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras ...
As primaveras de sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal ...
Intermitentemente ...
Outras vezes é um doente, um frio
05. (ENEM/2010)
O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina são personagens típicos de grupos teatrais da
Commedia dell’art, que, há anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias de carnaval. Esses
grupos teatrais seguiam, de cidade em cidade, com faces e disfarces, fazendo suas críticas, declarando
seu amor por todas as belas jovens e, ao final da apresentação, despediam-se do público com músicas
e poesias.
06. (ENEM/2009)
Texto 1
José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio ao Brasil aos 19 anos para catequizar
a população das primeiras cidades brasileiras e, como instrumento de trabalho, escreveu manuais,
poemas e peças teatrais.
Texto 2
Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo ano árvore nem erva seca. Os
arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espécies. Muitos dão bons
frutos e o que lhes dá graça é que há neles muitos passarinhos de grande formosura e variedades e em
seu canto não dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e canários de Portugal e fazem uma
harmonia quando um homem vai por este caminho, que é para louvar o Senhor, e os bosques são tão
frescos que os lindos e artificiais de Portugal ficam muito abaixo.
ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões do Padre
Joseph de Anchieta. Rio de Janeiro: S.J., 1933, 430-31 p.
A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação da religiosidade. No texto 2, o
autor exalta, ainda, a beleza natural do Brasil por meio
a) do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e bosques brasileiros, comparando-
os aos de Portugal.
b) da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo para defender a beleza dos pássaros e
bosques de Portugal.
c) da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos bosques brasileiros, a diversidade e a
beleza dos pássaros do Brasil.
d) do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em evidência a frescura dos bosques
brasileiros e a beleza dos rouxinóis.
e) do uso tanto de características da narração quanto do discurso argumentativo para convencer o leitor
da superioridade de Portugal em relação ao Brasil.
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07. (ENEM/2001) Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre
em:
a) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais
b) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca
c) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso
d) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro
e) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade
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Texto II
Transforma-se o amador na cousa amada
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
c) o “outro” que se confunde com o eu lírico, verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa
resistência do ser amado.
d) a dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a
realização concreta.
e) o “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio o amor.
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09. (ENEM/1998)
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer;
O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição de
palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente.
a) “Amor é fogo que arde sem se ver.”
b) “É um contentamento descontente.”
c) “É servir a quem se vence, o vencedor.”
d) “Mas como causar pode seu favor.”
e) “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”
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10. (ENEM/1998)
O poema pode ser considerado como um texto:
a) argumentativo.
b) narrativo.
c) épico.
d) de propaganda.
e) teatral.
12. (UNICAMP/2021/1ª fase/1ª aplicação) Certas imagens literárias podem tornar-se nucleares para
uma cultura. Assim, por exemplo, a figura do marinheiro em Portugal. Ela adquire significados
13. (UNICAMP/2021/1ª fase/1ª aplicação) “Se Cabral tivesse uma vaga noção d’ACAPA de hoje, véspera
do 22 de abril de 2020, provavelmente teria desviado o curso de suas caravelas rumo a outras terras.”
ACAPA é um perfil de Facebook, que publica capas possíveis de revista. O efeito humorístico na leitura
dessa edição de ACAPA decorre mais precisamente do uso
a) da expressão “terra à vista”, que remete à época em que a terra ainda era plana.
b) da expressão “abundam birutas”, em referência aos povos originários do Brasil.
c) do pronome relativo “cujo” para indicar o destino traçado para a terra plana há 520 anos.
d) da imagem de uma biruta mostrando a direção do vento, aliada à referência a “birutas” atuais.
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14. (UNICAMP/2021/1ª fase/2ª aplicação) Leia o poema e responda à questão que se segue.
Um dos aspectos mais importantes da lírica de Camões é a retomada renascentista de ideias do filósofo
grego Platão. Considerando o soneto citado, pode-se dizer que o chamado “neoplatonismo” camoniano
a) é afirmado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a união entre amador e pessoa amada resulta
em uma alma única e perfeita.
b) é confirmado nos dois últimos tercetos, uma vez que a beleza e a pureza reúnem-se finalmente na
matéria simples que deseja.
c) é negado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a consequência da união entre amador e coisa
amada é a ausência de desejo.
d) é contrariado nos dois últimos tercetos, uma vez que a pureza e a beleza mantêm-se em harmonia na
sua condição de ideia.
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16. (FUVEST/2001/1ª fase) Em "Os Lusíadas", as falas de Inês de Castro e do Velho do Restelo têm em
comum
a) a ausência de elementos de mitologia da Antiguidade clássica.
b) a presença de recursos expressivos de natureza oratória.
c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território essas personagens se recusavam a abandonar.
d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e conquistador.
e) o emprego de uma linguagem simples e direta, que se contrapõe à solenidade do poema épico.
17. (FUVEST/2000/1ª fase) Considere as seguintes afirmações sobre a fala do Velho do Restelo, em "Os
Lusíadas":
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.
18. (FUVEST/1998/1ª fase) Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil
Vicente:
I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, personagem que reúne em si os vícios das diferentes
categorias sociais anteriormente representadas.
II. A descontinuidade das cenas é coerente com o caráter didático do auto, pois facilita o distanciamento
do espectador.
III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto não é gratuita nem artificial, mas resulta da
acentuação de traços típicos.
19. (FUVEST/1998/1ª fase) Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
a) É intricada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com o inesperado de cada
situação.
b) O moralismo vicentino localiza os vícios não nas instituições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas.
c) É complexa a crítica aos costumes da época, já que o autor é o primeiro a relativizar a distinção entre o
Bem e o Mal.
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares, as mais ridicularizadas e as mais
severamente punidas.
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de valor
positivo.
Dinato: Quê?
9 detença: demora.
10 avença: acordo.
11 ser pingado: ser pingado com gotas de gordura fervendo (segundo o imaginário popular, processo de tortura
que ocorreria no inferno).
23. (UNESP/2017/1º semestre/1ª fase) Com a fala “E eles fazem outro tanto!”, o frade sugere que seus
companheiros de convento
a) consideravam-se santos.
b) estavam preocupados com a própria salvação.
c) estranhavam seu modo de agir.
d) comportavam-se de modo questionável.
e) repreendiam-no com frequência.
24. (UNESP/2017/1º semestre/1ª fase) Assinale a alternativa cuja máxima está em conformidade com
o excerto e com a proposta do teatro de Gil Vicente.
a) “O riso é abundante na boca dos tolos.”
b) “A religião é o ópio do povo.”
c) “Pelo riso, corrigem-se os costumes.”
d) “De boas intenções, o inferno está cheio.”
25. (UNESP/2017/2º semestre/1ª fase) Leia o soneto “Alma minha gentil, que te partiste”, do poeta
português Luís de Camões (1525?-1580), para responder às próximas questões.
No soneto, o eu lírico
a) suplica a Deus que suas memórias afetivas lhe sejam subtraídas.
b) expressa o desejo de que sua amada seja em breve restituída à vida.
c) expressa o desejo de que sua própria vida também seja abreviada.
d) suplica a Deus que sua amada também se liberte dos sofrimentos terrenos.
e) lamenta que sua própria conduta tenha antecipado a morte da amada.
26. (UNESP/2017/2º semestre/1ª fase) Embora predomine no soneto uma visão espiritualizada da
mulher (em conformidade com o chamado platonismo), verifica-se certa sugestão erótica no seguinte
verso:
a) “não te esqueças daquele amor ardente” (2ª estrofe).
b) “da mágoa, sem remédio, de perder-te,” (3ª estrofe).
c) “memória desta vida se consente,” (2ª estrofe).
d) “que tão cedo de cá me leve a ver-te,” (4ª estrofe).
27. (UNESP/2017/2º semestre/1ª fase) De modo indireto, o soneto camoniano acaba também por
explorar o tema da
a) falsidade humana.
b) indiferença divina.
c) desumanidade do mundo.
d) efemeridade da vida.
e) falibilidade da memória.
a) Através do tema tratado nas estrofes citadas, podemos dizer que as mesmas pertencem a dois grandes
poemas épicos da Literatura Portuguesa: OS LUSÍADAS e MENSAGEM.
b) Nessas estrofes, os dois poemas relacionam-se ao mencionarem aspectos negativos das expedições
portuguesas.
c) No poema de Camões todas as estrofes apresentam oito versos em decassílabos heroicos; no poema
de Pessoa não há a mesma regularidade.
d) Uma das estrofes d'OS LUSÍADAS revela a fala do Velho do Restelo criticando os sentimentos de glória
e cobiça na empresa portuguesa.
e) Os dois poemas não podem ser relacionados porque, além de um ser épico e o outro lírico, um pertence
ao Renascimento e o outro ao Modernismo.
(www.mcu.es)
Jesus Pantocrátor1
Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja
De Monreale, feita em mosaico, a divina
Figura de Jesus Pantocrátor: domina
Aquela face austera, aquele olhar troveja.
Neste soneto de Luís Delfino ocorre uma espécie de diálogo entre o texto poético e uma impressionante
figura de Jesus Cristo Pantocrátor, com 7 m de altura e largura de 13,30 m, criada por mestres
especializados na técnica bizantina do mosaico, na abside da catedral de Monreale, construída entre
1172 e 1189. A figura de Cristo Pantocrátor, feita em mosaicos policromos e dourados, pode ser vista
ainda hoje na mesma cidade e igreja mencionadas na primeira estrofe. Colocando-se diante dessa
representação de Cristo, o eu lírico do soneto
a) sustenta que a figura humana ali representada provém de uma religião anticristã, com ligações estreitas
com as divindades infernais que martirizavam cristãos.
b) questiona a qualidade plástica e os fundamentos formais de origem bizantina da imagem como
destituídos de maior valor estético.
c) utiliza o caráter assustador do mosaico para negar a divindade de Jesus Cristo, servindo-se do poema
como um meio de argumentação.
d) entende que a combinação da atitude e dos traços da figura do mosaico mais parecem as de um ídolo
pagão oriental do que de um deus cristão venerado pela humanidade.
e) sugere que a figura do mosaico não condiz com a imagem que a tradição cristã legou de um doce e
divino homem com feições marcadas pelo martírio e sofrimento na cruz.
(www.literaria.net/RP/L2/RPL2.htm)1
O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações características da Civilização Bizantina, que
abrangeu amplas regiões do continente europeu e asiático. A arte bizantina resultou
a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente.
b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo.
c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do cristianismo.
d) da fusão das concepções cristãs com a cultura decorativa oriental.
e) do desenvolvimento comercial das cidades italianas.
33. (UNESP/2008/1º semestre/1ª fase) Observe a foto da Catedral de Notre Dame de Paris, construída
entre 1163 e 1250.
Sobre o contexto histórico que levou ao surgimento das catedrais, pode-se afirmar:
a) o papel dos monarcas foi decisivo, financiando a sua construção para glorificar o poder real.
b) sua construção está associada ao reflorescimento e à prosperidade do mundo urbano.
c) financiadas com os recursos do clero romano, ampliaram a influência do Papa no Oriente.
d) surgiram como resposta do papado ao Cisma do Oriente, glorificando a Igreja Romana.
e) eram templos destinados à alta nobreza, que assim evitava o contato com o povo da cidade.
34. (UNIFESP/2004) Para responder às próximas duas questões, leia os versos seguintes, da famosa
Farsa de Inês Pereira, escrita por Gil Vicente.
38. (PUC-SP/2008/Janeiro) Gil Vicente, criador do teatro português, realizou uma obra eminentemente
popular. Seu Auto da Barca do Inferno, encenado em 1517, apresenta, entre outras características, a de
pertencer ao teatro religioso alegórico. Tal classificação justifica-se por
9.1. GABARITO
Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
02. (ENEM/2013)
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me
que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e
flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. [...] Andavam todos
tão bem dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
TEXTO II
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari
retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses
em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação
da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a
pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —, cumprem a mesma
função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um
mesmo momento histórico, retratando a colonização.
Comentários
Questão de conhecimentos do movimento literário; linguagens e códigos e literatura comparada.
Alternativa A: incorreta. Não se trata apenas de um texto com teor estético (artístico), mas sim
procurava informar ao rei de Portugal, D. Manuel, sobre aspectos descritivos da natureza – fauna e flora
– brasileira.
Alternativa B: incorreta. No Modernismo brasileiro, sobretudo na primeira geração, há uma
ressignificação realmente dos valores indianistas no Brasil. Por isso é que esse quadro de Portinari encara
o assunto com um olhar crítico, pois os Índios estão preocupados frente à futura ameaça para eles que
estava desembarcando ali. Isto quer dizer que não é mais idealizado, como era no Romantismo. O fato é
que a preocupação do modernismo não era acadêmica, mas sim popular.
Alternativa C: correta – gabarito. A carta de Pero Vaz de Caminha revela a perspectiva otimista do
colonizador, o que pode ser concluído a partir do trecho “Andaram na praia tão bem dispostos, tão bem
feitos e galantes”, enquanto a obra de Portinari revela a surpresa e a preocupação dos nativos ao apontar
para o horizonte. A carta é o testemunho histórico-político do encontro do colonizador com as novas
terras e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
Atenção: no dia da prova, a sua prova poderá vir colorida, o que irá te dar mais indicativos
interpretativo da obra. Por exemplo, a criança chorando em azul (tom triste, melancólico) levanta dúvidas
quanto ao futuro do Brasil.
Alternativa D: incorreta. A função é bem diferente nos dois textos: na carta, era descrever a terra
brasileira e ressaltar, enfatizar a importância do povo português; já a pintura era problematizar e
questionar essa mesma vinda dos portugueses, já que para os índios ela representava um perigo, não
motivo de orgulho, mas sim de medo.
Alternativa E: incorreta. Os momentos históricos são bem distintos: a carta de Pero Vaz de
Caminha era do Quinhentismo e o quadro de Portinari era do Modernismo.
Gabarito: C.
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03. (ENEM/2013)
TEXTO I
LXXVIII (Camões, 1525?-1580)
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
TEXTO II
SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em:
www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012
A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do
mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos
usados no poema.
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher,
evidenciadas pelos adjetivos do poema.
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela
postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.
d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística,
evidenciado pelos adjetivos usados no poema.
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados
pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.
Comentários
Questão de conhecimentos do movimento literário; linguagens e códigos e literatura comparada.
Alternativa A: incorreta. É justamente o contrário: o unicórnio representa algo mitológico,
inexistente, idealizado, o que também acontece no uso dos adjetivos.
Alternativa B: incorreta. As atitudes da mulher não são variadas; elas são comedidas, sua
personalidade é descrita como “moderada e graciosa”.
Alternativa C: correta – gabarito. Os adjetivos “leda”, “deleitosa”, “doce”, “graciosa”, e “rara”
refletem a visão idealizada da mulher, mas sem o exagero de emotividade característico do Romantismo.
Ao contrário deste, a estética clássica defende a contenção emocional e privilegia o equilíbrio e a
sobriedade, características sugeridas nos termos “moderada” e “suave”, referindo-se à imagem feminina
e na expressão “alegre e comedido” com que se define o eu lírico.
04. (ENEM/2012)
O trovador
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras ...
As primaveras de sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal ...
Intermitentemente ...
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo ...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom ...
Sou um tupi tangendo um alaúde!
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.)
Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
05. (ENEM/2010)
O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina são personagens típicos de grupos teatrais da
Commedia dell’art, que, há anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias de carnaval. Esses
grupos teatrais seguiam, de cidade em cidade, com faces e disfarces, fazendo suas críticas, declarando
seu amor por todas as belas jovens e, ao final da apresentação, despediam-se do público com músicas
e poesias.
06. (ENEM/2009)
Texto 1
José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio ao Brasil aos 19 anos para catequizar
a população das primeiras cidades brasileiras e, como instrumento de trabalho, escreveu manuais,
poemas e peças teatrais.
Texto 2
Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo ano árvore nem erva seca. Os
arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espécies. Muitos dão bons
frutos e o que lhes dá graça é que há neles muitos passarinhos de grande formosura e variedades e em
seu canto não dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e canários de Portugal e fazem uma
harmonia quando um homem vai por este caminho, que é para louvar o Senhor, e os bosques são tão
frescos que os lindos e artificiais de Portugal ficam muito abaixo.
ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões do Padre
Joseph de Anchieta. Rio de Janeiro: S.J., 1933, 430-31 p.
A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação da religiosidade. No texto 2, o
autor exalta, ainda, a beleza natural do Brasil por meio
a) do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e bosques brasileiros, comparando-
os aos de Portugal.
b) da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo para defender a beleza dos pássaros e
bosques de Portugal.
c) da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos bosques brasileiros, a diversidade e a
beleza dos pássaros do Brasil.
d) do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em evidência a frescura dos bosques
brasileiros e a beleza dos rouxinóis.
e) do uso tanto de características da narração quanto do discurso argumentativo para convencer o leitor
da superioridade de Portugal em relação ao Brasil.
Comentários
Questão de interpretação do texto literário; conhecimento do movimento literário; crítica literária
e literatura comparada.
Alternativa A: incorreta. O texto é essencialmente objetivo, escrito em 3ª pessoa.
Alternativa B: incorreta. Pelo contrário, a natureza brasileira se revela superiora à portuguesa.
Alternativa C: correta – gabarito. No caso, a religiosidade se associa na natureza, no sentido de
Criação divina, como se “Deus fosse brasileiro” e tivesse privilegiado o Brasil nessa questão.
Alternativa D: incorreta. No caso, é um texto em prosa. Não se trata de auto ou teatro pedagógico.
Alternativa E: incorreta. Até podem existir elementos narrativos e argumentativos no texto;
todavia, trata-se do contrário: da superioridade brasileira em relação à portuguesa.
Gabarito: C.
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07. (ENEM/2001) Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre
em:
a) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais
b) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca
c) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso
d) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro
e) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade
Comentários
Questão de interpretação do texto literário; conhecimento do movimento literário e literatura
comparada.
Alternativa A: correta – gabarito. A expressão “até demais” e o uso da forma verbal “tem”, como
sinônima haver, são de uso corrente na linguagem coloquial e contrastem com o advérbio “mui”, usado
na sua forma reduzida para expressar o arcaísmo e a aproximação com o galego-português. Na época do
Quinhentismo (Brasil Colônia), o estágio da língua portuguesa era o português arcaico. “Mui” é a forma
abreviada de “muito”, encontrada frequentemente em textos antigos como a Carta de Pero Vaz de
Caminha, com a qual o poeta modernista Murilo Mendes estabelece intertextualidade.
Alternativa B: incorreta. Não é porque a segunda pessoa do plural está sendo empregada que esse
recurso pode ser caracterizado como arcaísmo. Tampouco existe coloquialidade.
Alternativa C: incorreta. “A gente vai passear” até expressa coloquialidade, mas “ficarei muito
saudoso” não é uma arcaísmo. Até porque o advérbio “muito” não foi abreviado.
Alternativa D: incorreta. “Mui” consiste em um arcaísmo, mas “Bengala de castão de oiro” é
apenas uma descrição, sem ser necessariamente coloquial.
Alternativa E: incorreta. Em nenhum dos casos observa-se arcaísmo.
Gabarito: A.
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Texto II
Transforma-se o amador na cousa amada
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
Alternativa B: incorreta. Pelo contrário: o eu lírico de Hilda Hilst se questiona como poderia ser
odiar a si mesmo.
Alternativa C: incorreta. Não há dados suficientes para afirmar quanto à reação do ser amado.
Alternativa D: incorreta. Não dissociação, mas sim amálgama.
Alternativa E: incorreta. Não há tal divisão por sentimentos nos textos.
Gabarito: A.
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09. (ENEM/1998)
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer;
O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição de
palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente.
a) “Amor é fogo que arde sem se ver.”
b) “É um contentamento descontente.”
c) “É servir a quem se vence, o vencedor.”
d) “Mas como causar pode seu favor.”
e) “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”
Comentários
Questão de interpretação do texto literário; conhecimento do movimento literário e figuras de
linguagem.
Alternativa A: incorreta. Cuidado: paradoxo e não antítese. A antítese pressupõe fusão (síntese);
logo, ideia de complementaridade, ainda que represente opostos. Já o paradoxo representa ideias
opostas, mas sem conciliação.
10. (ENEM/1998)
O poema pode ser considerado como um texto:
a) argumentativo.
b) narrativo.
c) épico.
d) de propaganda.
e) teatral.
Comentários
Alternativa A: correta – gabarito. Atenção: deve-se levar em consideração o que é predominante
entre as alternativas. Na verdade, trata-se de um poema lírico (soneto) de Camões, voltado para a
temática amorosa. Porém, por sua vez, também é argumentativo.
Alternativa B: incorreta. Um texto narrativo geralmente é escrito em parágrafos, um tema é
desenvolvido e há enredo, personagens, tempo, ação, clímax e desfecho.
Alternativa C: incorreta. Cuidado: Camões até escreveu o poema épico Os Lusíadas (1572), mas os
seus sonetos se classificam como outro tipo de poesia. O épico geralmente é um poema longo narrando
aventuras heroicas e grandiosas.
Alternativa D: incorreta. Não há o objetivo de convencer um público-alvo; pelo contrário, a
temática é amorosa.
Alternativa E: incorreta. Um texto teatral é configurado por meio de falas de personagens e
ocasionalmente intromissões do dramaturgo, com orientações, sugestões etc., como é o caso das
rubricas.
Gabarito: A.
12. (UNICAMP/2021/1ª fase/1ª aplicação) Certas imagens literárias podem tornar-se nucleares para
uma cultura. Assim, por exemplo, a figura do marinheiro em Portugal. Ela adquire significados
diferentes em períodos históricos distintos, mas conserva um elemento permanente. A semelhança
entre a imagem do marinheiro em Camões e em Fernando Pessoa reside
a) no realismo moral do povo português, resultado da era das grandes navegações e da expansão do
catolicismo.
b) na representação de uma identidade coletiva e individual sob o signo da mudança, do risco e da
travessia.
c) na alegoria da degradação moral dos amantes e dos aventureiros, movidos pelo desejo sexual e pela
cobiça material.
d) na simbolização dos ideais econômicos de Portugal, com reflexos na vida espiritual.
Comentários
Questão teórica de conhecimento de autores do cânone.
Alternativa A: incorreta. Cuidado: “realismo” nessa alternativa é empregado no sentido de
representação verossímil da realidade. Camões é um escritor do Classicismo português. Sua poesia épica
é Os Lusíadas (1572), que narra a empreitada de Vasco da Gama e sua tripulação até as Índias. Então, de
fato, o contexto é o das grandes navegações. Porém, a figura do marinheiro representa o pioneirismo de
Portugal nas artes náuticas e não a expansão do catolicismo.
Alternativa B: correta – gabarito. A figura do marinheiro, função de uma pessoa que trabalha no
mar, é frequente na literatura portuguesa como um todo, desde o Classicismo com Camões em até o
modernismo de Fernando Pessoa no século XX. Em Portugal, existe o Rio Tejo, muito valorizado pelos
artistas portugueses nesse sentido metafórico. Portanto, o marinheiro simboliza a coragem de enfrentar
o desconhecido, algo que propiciou o papel importante que Portugal ocupou nas Expansões Ultramarinas,
motivo de orgulho nacional até hoje. Trata-se da formação do povo português.
Alternativa C: incorreta. Nenhuma das obras, nem de Camões nem de Pessoa, foca na “degradação
moral dos amantes” tampouco no “desejo sexual”.
Alternativa D: incorreta. A figura do marinheiro na obra desses escritores portugueses tem valor
mais literário e metafórico do que econômico. É certo que na época das grandes navegações o
mercantilismo era uma meta, porém o marinheiro não é voltado para a vida espiritual, mas sim prática.
Gabarito: B.
13. (UNICAMP/2021/1ª fase/1ª aplicação) “Se Cabral tivesse uma vaga noção d’ACAPA de hoje, véspera
do 22 de abril de 2020, provavelmente teria desviado o curso de suas caravelas rumo a outras terras.”
ACAPA é um perfil de Facebook, que publica capas possíveis de revista. O efeito humorístico na leitura
dessa edição de ACAPA decorre mais precisamente do uso
a) da expressão “terra à vista”, que remete à época em que a terra ainda era plana.
b) da expressão “abundam birutas”, em referência aos povos originários do Brasil.
c) do pronome relativo “cujo” para indicar o destino traçado para a terra plana há 520 anos.
d) da imagem de uma biruta mostrando a direção do vento, aliada à referência a “birutas” atuais.
Comentários
Questão de interpretação de texto/linguagens e códigos.
Alternativa A: incorreta. É uma expressão para indicar que uma terra foi visualmente captada, em
situação de navegação. Serve como orientação prático e não resulta no efeito de texto do humor.
Alternativa B: incorreta. Cuidado: os birutas não se referem aos indígenas, mas sim a certos
indivíduos que hoje residem no Brasil e acreditam que a terra é plana. Trata-se de uma questão de
entender o referente.
Alternativa C: incorreta. O pronome relativo "cujo" indica posse. É um conectivo que, por si só, não
surte o efeito d humor.
Alternativa D: correta – gabarito. A expressão "biruta" é uma gíria que indica louco, maluco,
alienado. A teoria de que a terra é redonda já foi levantada desde a Antiguidade Clássica com Pitágoras,
e passando também por Galileu Galilei. O português Fernão de Magalhães teria conseguido comprovação.
E, chegando no século XXI, embasados não na ciência, mas sim no negacionismo, uma parcela de
indivíduos regride na crença de que a terra seria plana e não redonda. Outra acepção da palavra "biruta"
é: aparelho formado por um cone de tecido com duas aberturas, a maior delas acoplada a um anel de
metal e presa a um mastro, ficando a menor solta, para mostrar, ao inflar, a direção do vento (dicionário
Aulete), como indica a imagem no logotipo falso em cima da possível capa. Observa-se que utilizaram
como motivação para capa a pintura de Victor Meirelles.
Gabarito: D.
14. (UNICAMP/2021/1ª fase - 2ª aplicação) Leia o poema e responda à questão que se segue.
Um dos aspectos mais importantes da lírica de Camões é a retomada renascentista de ideias do filósofo
grego Platão. Considerando o soneto citado, pode-se dizer que o chamado “neoplatonismo” camoniano
a) é afirmado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a união entre amador e pessoa amada resulta
em uma alma única e perfeita.
b) é confirmado nos dois últimos tercetos, uma vez que a beleza e a pureza reúnem-se finalmente na
matéria simples que deseja.
c) é negado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a consequência da união entre amador e coisa
amada é a ausência de desejo.
d) é contrariado nos dois últimos tercetos, uma vez que a pureza e a beleza mantêm-se em harmonia na
sua condição de ideia.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário.
Alternativa A: correta – gabarito. O neoplatonismo pode ser identificado pelos versos iniciais, em
que o amador e a coisa amada fundem-se através de um ideal metafísico.
Alternativa B: incorreta. A beleza e a pureza não se reúnem na matéria simples, mas sim no
pensamento enquanto ideia.
Alternativa C: incorreta. Não a negação do amor e tampouco do platonismo: a consequência da
fusão do amador e da coisa amada é que o desejo se estabiliza.
Alternativa D: incorreta. A harmonia entre a pureza e a beleza não é indicativo de contrariedade,
e sim de estabilização entre as diferentes partes no pensamento do amador.
Gabarito: A.
16. (FUVEST/2001/1ª fase) Em "Os Lusíadas", as falas de Inês de Castro e do Velho do Restelo têm em
comum
a) a ausência de elementos de mitologia da Antiguidade clássica.
b) a presença de recursos expressivos de natureza oratória.
c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território essas personagens se recusavam a abandonar.
d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e conquistador.
e) o emprego de uma linguagem simples e direta, que se contrapõe à solenidade do poema épico.
Comentários
Questão de conhecimento sobre obra do cânone.
Alternativa A: incorreta. Em Os Lusíadas, há forte presença do panteão greco-latino. Os principais
deuses envolvidos são Vênus (deusa do amor) e Marte (deus da guerra).
Alternativa B: correta – gabarito. Mais claramente ainda no episódio do Velho do Restelo, no qual
há inclusive presença de discurso direto livre, ou seja, o próprio personagem falando e expressando a sua
opinião.
Alternativa C: incorreta. O velho do Restelo é encontrado numa praia na África. Inês de Castro sim
é representativa da cultura portuguesa.
Alternativa D: incorreta. Pelo contrário, esse heroísmo é constantemente ressaltado, sobretudo,
num gênero como o épico.
Alternativa E: incorreta. O emprego da linguagem é rebuscado.
Gabarito: B.
17. (FUVEST/2000/1ª fase) Considere as seguintes afirmações sobre a fala do Velho do Restelo, em "Os
Lusíadas":
Afirmação I: correta. O velho sente receio pela nova empreitada que os marinheiros portugueses
desejam por em prática por causa dos fins trágicos que outras aventuras semelhantes tiveram.
Afirmação II: incorreta. As críticas não são relativizadas; o velho demonstra domínio sobre os
acontecimentos anteriores para defender a sua posição de que a empreitada era mais um exercício de
cobiça do que um feitio de sucesso.
Afirmação III: correta. Camões opta não apenas por vangloriar os feitos, mas também por
apresentar opiniões contrárias à época, que defendiam a circum-navegação como uma empreitada
perigosa e ambiciosa, repleta de riscos.
Gabarito: E.
18. (FUVEST/1998/1ª fase) Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil
Vicente:
I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, personagem que reúne em si os vícios das diferentes
categorias sociais anteriormente representadas.
II. A descontinuidade das cenas é coerente com o caráter didático do auto, pois facilita o distanciamento
do espectador.
III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto não é gratuita nem artificial, mas resulta da
acentuação de traços típicos.
19. (FUVEST/1998/1ª fase) Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
a) É intricada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com o inesperado de cada
situação.
b) O moralismo vicentino localiza os vícios não nas instituições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas.
c) É complexa a crítica aos costumes da época, já que o autor é o primeiro a relativizar a distinção entre o
Bem e o Mal.
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares, as mais ridicularizadas e as mais
severamente punidas.
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de valor
positivo.
Comentários
Questão de conhecimento sobre obra do cânone.
Alternativa A: incorreta. As situações são previsíveis, tanto é que isso é ironizado pelo diabo.
Alternativa B: correta – gabarito. A crítica de Gil Vicente nunca foi abertamente à igreja, mas sim
aos comportamentos humanos.
Alternativa C: incorreta. Ele não foi o primeiro. Por exemplo, Santo Agostinho é um precursor nessa
filosofia. Além disso, a crítica não é complexa, pode ser considerada previsível.
Alternativa D: incorreta. O primeiro a entrar na barca é o fidalgo, de classe nobre, e os mais
atacados são os clérigos da igreja, altos na hierarquia.
Alternativa E: incorreta. Ela é discriminada e direcionada. Os valores positivos são mencionados,
até para ter efeito moralizante.
Gabarito: B.
Dinato: Quê?
e) religiosos.
Comentários
Alternativa A: incorreta. Embora seja uma obra humanista, não apresenta vocabulário arcaico.
Alternativa B: correta – gabarito. O teatro vicentino era altamente simbólico; tanto é que usa
nomes vagos e representativos.
Alternativa C: incorreta. Não é porque uma das personagens é “Berzebu” que a obra vai ser amoral.
Alternativa D: incorreta. Não é uma obra política.
Alternativa E: incorreta. O teatro vicentino não é religioso, pois critica a própria Igreja, se diz que
“Todo Mundo é mentiroso”.
Gabarito: B.
23. (UNESP/2017/1º semestre/1ª fase) Com a fala “E eles fazem outro tanto!”, o frade sugere que seus
companheiros de convento
a) consideravam-se santos.
b) estavam preocupados com a própria salvação.
c) estranhavam seu modo de agir.
24. (UNESP/2017/1º semestre/1ª fase) Assinale a alternativa cuja máxima está em conformidade com
o excerto e com a proposta do teatro de Gil Vicente.
a) “O riso é abundante na boca dos tolos.”
b) “A religião é o ópio do povo.”
c) “Pelo riso, corrigem-se os costumes.”
d) “De boas intenções, o inferno está cheio.”
e) “O homem é o único animal que ri dos outros.”
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário.
Alternativa A: incorreta. O teatro de Gil Vicente é formado por tipos, personagens que encarnam
certo valor medieval: a Luxúria, a Avareza etc., e não por tolos. Pelo contrário, geralmente são
personagens espertas que tentam se afirmar no seu meio, como Inês Pereira, por exemplo.
Alternativa B: incorreta. A crítica de Gil Vicente não era contra a Igreja propriamente dita, mas sim
aos costumes que nela eram práticos e que não condiziam com a religião.
Alternativa C: correta – gabarito. Gil Vicente usava a sátira para fazer uma crítica à sociedade e aos
costumes de seu tempo. Assim, sugeria ao público uma reflexão sobre os seus próprios atos e,
consequentemente, uma revisão de valores.
Alternativa D: incorreta. Apesar de a barca ser realmente a do inferno, lá não havia boas intenções.
Parece haver justiça nesse sentido, pois todos que foram para lá realmente cometeram certo erro, deslize,
pecado, ou tinham alguma falha de caráter.
Alternativa E: incorreta. O riso e o cômico no teatro de Gil Vicente são decorrentes de os fatos
representarem a sociedade medieval da época e seus costumes éticos. Porém, esse é um efeito
provocado, sugerido, o teatro em si não tem essa intenção de ser cômico, ou apenas cômico, pois também
é moralizante.
Gabarito: C.
25. (UNESP/2017/2º semestre/1ª fase) Leia o soneto “Alma minha gentil, que te partiste”, do poeta
português Luís de Camões (1525?-1580), para responder às próximas questões.
No soneto, o eu lírico
a) suplica a Deus que suas memórias afetivas lhe sejam subtraídas.
b) expressa o desejo de que sua amada seja em breve restituída à vida.
c) expressa o desejo de que sua própria vida também seja abreviada.
d) suplica a Deus que sua amada também se liberte dos sofrimentos terrenos.
e) lamenta que sua própria conduta tenha antecipado a morte da amada.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário.
Alternativa A: incorreta. É justamente o contrário: ele pede na segunda estrofe para a memória
consentir que ele não esqueça.
Alternativa “B: incorreta. Não se trata disso, o eu lírico não quer ressuscitar a mulher, ele apenas
está vivendo o luto dele.
Alternativa C: correta – gabarito. No soneto “Alma minha gentil, que te partiste”, Camões revela
influência da filosofia platônica, na voz do eu lírico que sublima a perda da amada ao visualizá-la em um
plano superior e eterno onde espera reencontrá-la depois da própria morte. No último terceto, pede a
Deus que lhe abrevie a vida, da mesma forma que o fez com ela: “roga a Deus, que teus anos encurtou,
/que tão cedo de cá me leve a ver-te”.
Alternativa D: incorreta. O que o eu lírico ressalta é a brevidade da vida que para ele é um
sofrimento, não os sofrimentos terrenos da amada.
Alternativa E: incorreta. Ele é indiferente à própria conduta; inclusive, quer encurtá-la para estar
perto dela de volta.
Gabarito: C.
26. (UNESP/2017/2º semestre/1ª fase) Embora predomine no soneto uma visão espiritualizada da
mulher (em conformidade com o chamado platonismo), verifica-se certa sugestão erótica no seguinte
verso:
a) “não te esqueças daquele amor ardente” (2ª estrofe).
b) “da mágoa, sem remédio, de perder-te,” (3ª estrofe).
c) “memória desta vida se consente,” (2ª estrofe).
d) “que tão cedo de cá me leve a ver-te,” (4ª estrofe).
e) “e viva eu cá na terra sempre triste.” (1ª estrofe).
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/associação de trecho.
Alternativa A: correta – gabarito. A expressão “amor ardente” realça a paixão intensa do sujeito
poético, um amor verdadeiro e honesto que está escrito nos seus olhos “puros” (imaculados, límpidos,
transparentes)
Alternativa B: incorreta. A palavra “mágoa” remete à melancolia sofrida pelo eu lírico, em luto, e
não ao erotismo.
Alternativa C: incorreta. Esse é um desejo do eu lírico: ele pede para que tenha memória, para que
a memória consinta que ele continue se lembrando da amada e a inexistência dela no mundo material
não faça com ele a esqueça.
Alternativa D: incorreta. Esse é um outro desejo do eu lírico: o de morrer prematuramente para
rever a amada. Atenção: esse sacrifício é uma característica que prefigura o Romantismo.
Alternativa E: incorreta. Novamente, esse verso alude à tristeza e à melancolia do eu lírico, não ao
amor erótico.
Gabarito: A.
27. (UNESP/2017/2º semestre/1ª fase) De modo indireto, o soneto camoniano acaba também por
explorar o tema da
a) falsidade humana.
b) indiferença divina.
c) desumanidade do mundo.
d) efemeridade da vida.
e) falibilidade da memória.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. O poema representa a visão idealizada e espiritualizada da mulher.
Alternativa B: incorreta. Pelo contrário, o eu lírico roga para que o poder divino o leve de volta
para mulher amada.
Alternativa C: incorreta. O mundo do eu lírico é limitado entre ele, a amada e Deus; há dois planos,
o da vida e o da morte.
Alternativa D: correta – gabarito. No soneto “Alma minha gentil, que te partiste”, o eu lírico
lamenta o fato de o destino ter levado a vida de sua amada demasiadamente depressa, o que é reforçado
no segundo verso com o advérbio de intensidade “tão” associado a “cedo”. Ao afirmar que ela morreu
ainda muito nova, o soneto camoniano acaba também por explorar, indiretamente, o tema da
efemeridade da vida.
Lembrando que a efemeridade da vida e a passagem rápida e inevitável do tema são
questionamentos do movimento, presente também no famoso soneto “Mudam-se os tempos, mudam-
se as vontades”.
Alternativa E: incorreta. O eu lírico pede para que a memória dele não falhe ao lembrar da amada,
ele expressa esse desejo, não que ela vá necessariamente falhar.
Gabarito: D.
a) Através do tema tratado nas estrofes citadas, podemos dizer que as mesmas pertencem a dois grandes
poemas épicos da Literatura Portuguesa: OS LUSÍADAS e MENSAGEM.
b) Nessas estrofes, os dois poemas relacionam-se ao mencionarem aspectos negativos das expedições
portuguesas.
c) No poema de Camões todas as estrofes apresentam oito versos em decassílabos heroicos; no poema
de Pessoa não há a mesma regularidade.
d) Uma das estrofes d'OS LUSÍADAS revela a fala do Velho do Restelo criticando os sentimentos de glória
e cobiça na empresa portuguesa.
e) Os dois poemas não podem ser relacionados porque, além de um ser épico e o outro lírico, um pertence
ao Renascimento e o outro ao Modernismo.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e literatura
comparada.
Cuidado: o comando da questão está lá em cima, antes dos dois trechos. Lembrem-se de que era
para marcar a alternativa INCORRETA.
Alternativa A: incorreta. Publicado em 1933-34, Mensagem é um livro paradigmático do
modernista Fernando Pessoa, obra na qual se retoma o tema das grandes navegações portuguesas, porém
sob perspectiva crítica. Por sua vez, o trecho do Camões se refere ao episódio do Velho do Restelo.
Na teoria, eu tive o prazer de trazer seções denominadas “para a frente...”, em que eu destacava
movimentos literários futuros que resgatavam de alguma maneira outros anteriores.
Alternativa B: incorreta. Nesse sentido, Camões é visionário. É o Modernismo que costuma
retomar temas históricos sob olhar crítico, tais como as grandes navegações, que agora não são motivos
de orgulho e conquista, mas sim de questionamento, pois também propiciaram dor e sofrimento,
sobretudo nas mulheres que ficam e esperam. Já o trecho de Camões também se trata de sentimentos
negativos: mortes, perigos, tormentas.
Alternativa C: incorreta. É uma característica do Modernismo os poemas terem versos livres (sem
métrica). Porém, atenção: o poema de Pessoa não tem versos brancos (sem rima), pois há esquema de
rima nas seguintes situações: “sal/Portugal”, “choraram/rezaram”, “casar/mar”. Por outro lado, o poema
de Camões segue formas mais fixas e clássicas.
Alternativa D: incorreta. Enquanto os portugueses sentiam medo ante as intempéries da natureza,
o velho do Restelo igualmente se aproveitava para apontar falhas, incongruências e aspectos negativos
na empresa portuguesa.
Alternativa E: correta – gabarito. Eles se direcionam diretamente, dialogam entre si e representam
um caso de intertextualidade.
Gabarito: E.
sensíveis às coisas – os gestos que serviam para estabelecer um dos vínculos mais fortes que a época
feudal conheceu.
(Marc Bloch. A sociedade feudal, 1987.)
Miniatura do Liber feudorum Ceritaniae, século XII
(www.mcu.es)
Gabarito: B.
Jesus Pantocrátor1
Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja
De Monreale, feita em mosaico, a divina
Figura de Jesus Pantocrátor: domina
Aquela face austera, aquele olhar troveja.
Neste soneto de Luís Delfino ocorre uma espécie de diálogo entre o texto poético e uma impressionante
figura de Jesus Cristo Pantocrátor, com 7 m de altura e largura de 13,30 m, criada por mestres
especializados na técnica bizantina do mosaico, na abside da catedral de Monreale, construída entre
1172 e 1189. A figura de Cristo Pantocrátor, feita em mosaicos policromos e dourados, pode ser vista
ainda hoje na mesma cidade e igreja mencionadas na primeira estrofe. Colocando-se diante dessa
representação de Cristo, o eu lírico do soneto
a) sustenta que a figura humana ali representada provém de uma religião anticristã, com ligações estreitas
com as divindades infernais que martirizavam cristãos.
b) questiona a qualidade plástica e os fundamentos formais de origem bizantina da imagem como
destituídos de maior valor estético.
c) utiliza o caráter assustador do mosaico para negar a divindade de Jesus Cristo, servindo-se do poema
como um meio de argumentação.
d) entende que a combinação da atitude e dos traços da figura do mosaico mais parecem as de um ídolo
pagão oriental do que de um deus cristão venerado pela humanidade.
e) sugere que a figura do mosaico não condiz com a imagem que a tradição cristã legou de um doce e
divino homem com feições marcadas pelo martírio e sofrimento na cruz.
Comentários
Questão interdisciplinar com a História; linguagens e códigos e literatura comparada.
Alternativa A: incorreta. “Pantocrátor” em grego significa senhor de tudo. Seria o que hoje
conhecemos como Todo-Poderoso. Sendo ele assim tão soberano, ele criou inclusive o inferno e o rege
também. Deus tem poder de tudo e é o senhor absoluto, exultando a fé cristã.
Alternativa B: incorreta. Essa obra das Artes Visuais se enquadra no período bizantino, cujas
principais características artísticas e formais são a justaposição, o paralelismo e a coordenação. Porém,
ao utilizar a expressão “ficção bizantina”, o eu lírico acusa certa falta de realismo nesse tipo de obra de
arte, que mais parecia servir à Igreja e atender aos propósitos religiosos do que representar a realidade
dos seres.
Alternativa C: incorreta. O mosaico não é assustador; pelo contrário, ele transmite ideias de
harmonia e paz espiritual. É como que um convite à meditação.
Alternativa D: incorreta. A representação no mosaico é bem típica dos santos medievais.
(www.literaria.net/RP/L2/RPL2.htm)1
O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações características da Civilização Bizantina, que
abrangeu amplas regiões do continente europeu e asiático. A arte bizantina resultou
a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente.
b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo.
c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do cristianismo.
33. (UNESP/2008/1º semestre/1ª fase) Observe a foto da Catedral de Notre Dame de Paris, construída
entre 1163 e 1250.
Sobre o contexto histórico que levou ao surgimento das catedrais, pode-se afirmar:
a) o papel dos monarcas foi decisivo, financiando a sua construção para glorificar o poder real.
b) sua construção está associada ao reflorescimento e à prosperidade do mundo urbano.
c) financiadas com os recursos do clero romano, ampliaram a influência do Papa no Oriente.
d) surgiram como resposta do papado ao Cisma do Oriente, glorificando a Igreja Romana.
e) eram templos destinados à alta nobreza, que assim evitava o contato com o povo da cidade.
Comentários históricos
Questão interdisciplinar com a História/linguagens e códigos.
Essa é uma questão que demanda conhecimentos prévios sobre o estilo gótico na Idade Média.
Nascido no norte da Franças, ele se destaca pela imponência de suas construções, o uso de arcos ogivais
e de vitrais que conferem grande beleza aos ambientes internos. Diferentemente do estilo românico,
predominante em mosteiros isolados no mundo rural, ele buscava tornar o conhecimento bíblico mais
emocionante e palpável aos fiéis, evidenciando o triunfo da Igreja nos centros urbanos do mundo
Ocidental.
Feitas essas considerações, a alternativa B é a correta. Vejamos as demais opções de resposta:
A alternativa A está incorreta, afinal o estilo gótico das catedrais não serve para glorificar o poder
real, mas sim o poder acumulado pela própria Igreja.
A alternativa C está incorreta, uma vez que a partir do chamado Cisma do Oriente, em 1054, o
Papa perde sua influência no mundo cristão oriental.
A alternativa D está incorreta. O estilo gótico não é voltado para responder o rompimento do
mundo cristão oriental, mas para externalizar o triunfo da Igreja, detentora do poder ideológico do mundo
feudal.
A alternativa E está incorreta, pois templos como a catedral de Notre-Dame eram frequentados
pela cristandade como um todo, e não somente a nobreza.
Gabarito: B.
34. (UNIFESP/2004) Para responder às próximas duas questões, leia os versos seguintes, da famosa
Farsa de Inês Pereira, escrita por Gil Vicente.
38. (PUC-SP/2008/Janeiro) Gil Vicente, criador do teatro português, realizou uma obra eminentemente
popular. Seu Auto da Barca do Inferno, encenado em 1517, apresenta, entre outras características, a de
pertencer ao teatro religioso alegórico. Tal classificação justifica-se por
Alternativa E: incorreta. Não confronta o diabo, mas sim quer convencê-lo de que não deveria
estar naquele lugar.
Gabarito: B.
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