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The process of tertiarization of the economy and its impact over labor law:
the experience of Portugal
Resumo:
O presente artigo aborda as transformações impostas à economia de uma nação pelo
processo de terciarização de sua economia. Aponta-se as origens fordistas desse
processo e seus impactos sobre o Direito do Trabalho, uma vez que a sociedade
se depara com novas modalidades de prestação de serviço e a necessidade de
regulamenta-las de acordo com os princípios de Direito do Trabalho. Foi escolhido o
exemplo de Portugal, por se tratar de um país em que é proibida constitucionalmente
a dispensa imotivada. Além disso os legisladores portugueses já elaboraram institutos
jurídico-laborais adequados para atender à demanda empresarial para externalizar a
prestação de determinados serviços. Pretende-se, portanto, apresentar elementos que
enriqueçam o debate no Brasil sobre o assunto.
Palavras-chave: Direito do Trabalho. Economia. Terciarização. Externalização.
Abstract:
This article discusses the changes imposed on the economy of a nation by the process
of tertiarization of its economy. It points out the Fordist origins of this process and
its impact on the Labor Law, as society faces new forms of service provision and the
need to regulate them in accordance with the principles of Labor Law. Was chosen
the example of Portugal, because it is a country in which waiver without cause
is prohibited. Moreover the Portuguese legislators have drafted appropriate labor
law institutes to meet demand for business outsourcing in the provision of certain
services. Therefore, this article intends to present elements to enrich the debate in
Brazil on the subject.
Keywords: Labor Law. Economics. Tertiarization. Outsourcing.
1. Introdução
*
Advogado, Mestrando em Direito do Trabalho no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo.
**
Advogado, Especialista em Direito do Trabalho pela USP e Mestrando em Direito do Trabalho no Programa
de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
***
Advogada, Professora da PUC de Campinas, Especialista em Direito do Trabalho e Mestre em Direito
Processual Civil pela PUC de Campinas, Mestranda em Direito do Trabalho no Programa de Pós-Graduação
da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo v. 104 p. 641 - 661 jan./dez. 2009
642 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
Portugal. O Direito do Trabalho deste país tem como principal característica a proibição
constitucional da dispensa sem justa causa, o que torna seu estudo bastante profícuo para
entender os reflexos que uma proteção desta ordem provoca na legislação trabalhista como
um todo e no mercado de trabalho.
A evolução da sociedade moderna tem imposto severas mudanças nos
padrões de comportamento humano, em seus mais variados âmbitos. O processo de
globalização, aliado aos avanços científicos e tecnológicos obtidos pela humanidade,
em especial nos campos que integraram a ciência e a tecnologia da informação aos seus
processos funcionais, tais como comunicação, administração, produção etc, são elementos
empíricos que reclamam da sociedade a sua imediata adaptação às novas realidades, e,
nesse contexto, a relação de trabalho, que exsurge como elemento basilar do sistema de
produção capitalista, não fica infensa a tais mudanças.
A pressão por mudanças na ordem trabalhista, geralmente emanadas do
sistema econômico, nada obstante o discurso defensor do pleno emprego e, portanto,
do trabalhador, revela, de outro lado, a manifesta intenção de flexibilização dos direitos
trabalhistas e vai de encontro ao sistema da segurança no emprego.
Isso se dá mediante crítica ao sistema positivista criado a partir do contrato
de emprego típico idealizado para o setor secundário, que, para os que defendem mudanças,
revela-se um óbice ao progresso econômico e que, no mais das vezes, é acusado de ser o
motivo da crise do próprio Direito do Trabalho. De fato, a introdução de novas tecnologias
na estrutura produtiva e as transformações dela decorrentes, principalmente no que toca
à necessidade de maior mobilidade em relação ao regime laboral, criaram novas formas
legais de prestação de serviços, mais identificadas com o trabalho autônomo, em que a
atividade é exercida sem dependência jurídica, formas essas que, ainda que em grau mínimo,
contemplam um sistema de proteção laboral. Não se pode negar, desse modo, a dificuldade de
delimitação do contrato de trabalho típico em relação ao contrato de prestação de serviços.
Assim, o presente trabalho pretende investigar como a terciarização, numa
realidade pós-industrial, é tratada pelo ordenamento trabalhista português tendo em vista
as suas peculiaridades e a demanda empresarial por flexibilização da legislação laboral.
RAMALHO, Maria do Rosário Palma. Insegurança ou diminuição do emprego? A rigidez do sistema jurídico
português em matéria de cessação do contrato de trabalho e de trabalho atípico. In: MOREIRA, Antonio
(Coord.). X Jornadas Luso-Hispano-Brasileiras de Direito do Trabalho. Coimbra: Almedina, 1999. p. 91.
FERRÃO, João. Entender o actual processo de terciarização: das teses às dúvidas. Análise Social, v. 24, p. 101-102,
1988 (2°-3°), p. 703-717. Disponível em: <http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223031386S1wGH8bg2Bw91DJ6.
pdf>. Acesso em: 25 mar. 2009.
Constituição da República Portuguesa. Capítulo III. Art. 53º (segurança no emprego): é garantida aos
trabalhadores a segurança no emprego, sendo proibidos os despedimentos sem justa causa ou por motivos
políticos ou ideológicos.
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo v. 104 p. 641 - 661 jan./dez. 2009
O processo de terciarização da economia e seu impacto sobre o Direito do Trabalho: a experiência de Portugal 643
ROMITA, Arion Sayão. A terciarização e o direito do trabalho. Revista LTr, v. 56. n. 03. mar. 1992. p. 273-279.
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo v. 104 p. 641 - 661 jan./dez. 2009
644 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
RAMALHO, Maria do Rosario Palma. Ainda a crise do direito laboral: a erosão da relação de trabalho
“típica” e o futuro do Direito do Trabalho. In: MOREIRA, Antonio (Coord.). III Congresso Nacional de
Direito do Trabalho – Memórias. LISBOA: Almedina, 2000. p. 257.
ROMITA, Arion Sayão. op. cit.
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo v. 104 p. 641 - 661 jan./dez. 2009
O processo de terciarização da economia e seu impacto sobre o Direito do Trabalho: a experiência de Portugal 645
sobre o papel econômico dos Serviços já haviam sido propostas nas primeiras grandes
obras de economia política.
Esse economista francês explica que em A Riqueza das Nações, Adam
Smith estabeleceu a distinção entre o trabalho produtivo, que agrega valor à matéria-
prima, e as atividades de serviço, que são improdutivas, pois o trabalho empregado não dá
origem a um produto material. Entretanto, Gaudrey afirma que a idéia expressa por Smith
dizia respeito aos serviços domésticos, estatais, militares e artísticos, não se comparando
às sofisticadas atividades de serviço que foram desenvolvidas a partir dos anos 1980. A
despeito disso esse mesmo estudioso relata, em seguida, afirmação de Dominique Strauss-
Khan pela qual o crescimento do setor terciário se daria à reboque da atividade industrial,
pois estaria no setor secundário a força de demanda por serviços e somente haveria
verdadeiros empregos na indústria.
O sociólogo português, João Ferrão, apresenta uma posição mais acurada
a respeito. Segundo esse estudioso, o processo de terciarização por que a economia vem
passando pode ser observado sob duas óticas distintas. De um lado está a posição que
vê a Terciarização simplesmente como a expansão do setor econômico em que estão as
atividades produtoras de bens imateriais e intangíveis. Por outro lado, pode-se entender que
esse processo diz respeito a um movimento maior de reestruturação dos sistemas produtivos
“verificando-se um processo de transformação intersectorial baseado na crescente integração
das actividades secundárias (e, em menor escala, agrícolas) e terciárias”.
GAUDREY, Jean. Un demi-siècle de montée des services: la révolution permanente. Le Mouvement Social
2005/2 – n. 211. p. 21-36. Disponível em: <http://www.cairn.info/article.php?ID_REVUE=LMS&ID_
NUMPUBLIE=LMS_211&ID_ARTICLE=LMS_211_0021>. Acesso em: 01 abr. 2009.
Ministro da Economia da França à época desse comentário e atual Diretor-Gerente do Fundo Monetário
Internacional – FMI.
FERRÃO, João. Entender o actual processo de «terciarização»: das teses às dúvidas. Análise Social, v.
XXIV (101-102), 1988 (2.°-3.°), p. 703-717. Disponível em: <http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/
1223031386S1wGH8bg2Bw91DJ6.pdf>, acessado em 25 de março de 2009.
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo v. 104 p. 641 - 661 jan./dez. 2009
646 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
10
FERREIRA, Aida. A terciarização no feminino. SERVIÇO SOCIAL NO FEMININO – Jornadas Internacionais.
Centro Português de Investigação em História e Trabalho Social - CPIHTS, 51 – 58, junho 1995. Disponível
em: <http://www.cpihts.com/PDF/Aida%20 Ferreira.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2009. p. 7. A externalização,
segundo Gershuny, traduz-se na satisfação de necessidades da indústria através de serviços intermediários
realizados por empresas especializadas. Assim, o setor de serviços é visto como oposição ao da produção de
bens, traduzindo-se, portanto, na sua imaterialidade.
11
Id. Ibid.
12
Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora – Acordo Ortográfico. Porto: Porto Editora, 2009.
Disponível em www.meusdicionarios.com.br: acesso em 27/03/2009. “Terciário. Adjectivo. 1. Que ocupa o
terceiro lugar. 2. De terceira grandeza. 3. ECONOMIA. Relativo ao conjunto de actividades econômicas que
integra serviços (comércio, transportes, finanças, educação, saúde, etc.) nome masculino. GEOLOGIA. [com
maiúscula] primeiro período do Cenozóico. (Do lat. tertiarìu-, «terceiro»)”.
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O processo de terciarização da economia e seu impacto sobre o Direito do Trabalho: a experiência de Portugal 647
13
FERREIRA, Aida. op. cit., p. 7.
14
FERRÃO, João. op. cit.
15
BITTENCOURT, Pedro. Dos efeitos perversos da segurança do emprego. In: MOREIRA, Antonio (Coord.).
X Jornadas Luso-Hispano-Brasileiras de Direito do Trabalho. Coimbra: Almedina, 1999. p. 106. “O período
do ‘Direito do Trabalho na crise’ tornou claro que a segurança no emprego está indissociavelmente ligada
à evolução económico-social. Afirmava-se que o Direito não garante nada que a própria economia não
garanta”.
16
MOREIRA, António José. Modelo das relações laborais em Portugal. Revista de Direito do Trabalho. n. 122,
ano 32, abr/jun., 2006. p. 199.
17
BITTENCOURT, Pedro. op. cit., p. 107.
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo v. 104 p. 641 - 661 jan./dez. 2009
648 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
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O processo de terciarização da economia e seu impacto sobre o Direito do Trabalho: a experiência de Portugal 649
19
BARRETO, António (Org.). A situação social em Portugal, 1960-1992. v. 2. Lisboa: ICS, 2000. apud CRUZ,
Sofia Alexandra. Uma cartografia do trabalho precário, as mulheres (des) alinhadas na precariedade. Porto:
Sociologia. n. 12. 2002. p. 164. Disponível em: <http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1493.pdf>. Acesso
em: 03 abr. 2009.
20
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA – PORTUGAL. INDICADORES SOCIAIS – EDIÇÃO DE
2005. dez, 2006. p. 5. disponível em <http://www.ine.pt> acessado em 02 de abril de 2009.
21
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA – PORTUGAL. Seminário “Processos de Reengenharia nas
Estatísticas das Empresas”. out, 2007. p. 3. disponível em: <http://www.ine.pt>. Acesso em: 02 abr. 2009.
22
VAB: “valor acrescentado bruto - valor bruto da produção deduzido do custo das matérias-primas e de
outros consumos no processo produtivo”, segundo Instituto Nacional de Estatística – Portugal, disponível
em: <http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/Detalhe.aspx?cnc_cod=4684&cnc_ini=22-03-2004%200:00:00>.
Acesso em: 02 abr. 2009.
23
RAMALHO, Maria do Rosario Palma. Insegurança ou diminuição do emprego? A rigidez do sistema jurídico
português em matéria de cessação do contrato de trabalho e de trabalho atípico. Revista Ltr. v. 64, n. 8, ago.
2000. p. 1.019.
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo v. 104 p. 641 - 661 jan./dez. 2009
650 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
5. Externalização
24
FERREIRA, Aida. A terciarização no feminino. SERVIÇO SOCIAL NO FEMININO – Jornadas
Internacionais. Centro Português de Investigação em História e Trabalho Social - CPIHTS, 51 – 58, junho
1995. Disponível em: <http://www.cpihts.com/PDF/Aida%20 Ferreira.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2009.
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O processo de terciarização da economia e seu impacto sobre o Direito do Trabalho: a experiência de Portugal 651
atividade empresarial ao seu núcleo essencial (se o núcleo essencial não for mantido, a
empresa perde o seu fim).25/26
Nesse sentido, o Direito do Trabalho português previu, nas reformas de
2003 e 2009, ditos contratos atípicos (cedência, trabalho temporário e pluralidade de
empregadores), nas quais tais contratos parecem apresentar-se como uma tentativa de
mitigação do nível de proteção dos trabalhadores, conferindo maior mobilidade ao seu
rígido regime laboral.
25
FERREIRA, Aida. A terciarização no feminino. SERVIÇO SOCIAL NO FEMININO – Jornadas
Internacionais. Centro Português de Investigação em História e Trabalho Social - CPIHTS, 51 – 58, junho
1995. Disponível em: <http://www.cpihts.com/PDF/Aida%20 Ferreira.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2009.
26
Id. Ibid. “Nas sociedades onde a industrialização foi tardia, como por ex.: Brasil, Portugal, o sector terciário
aparece como resposta às insuficiências da estrutura industrial e de seus limites à incorporação de mão de
obra. Este factor conjugado com o processo de urbanização originou o desenvolvimento da terciarização e a
conseqüente heterogeneidade do mercado de trabalho. Esta atomização tem a ver com a Empresa Moderna,
como também com todos os serviços cuja responsabilidade cabe ao Estado”.
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652 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
27
Lei n. 7/2009. Aprova a revisão do Código do Trabalho.
28
MARTINEZ, Pedro Romano. op. cit., p. 133.
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O processo de terciarização da economia e seu impacto sobre o Direito do Trabalho: a experiência de Portugal 653
29
MARTINEZ, Pedro Romano. op. cit., p. 133-134.
30
CARVALHO, Catarina de Oliveira. A reforma do código do trabalho. Algumas questões sobre a empresa e o
direito do trabalho no novo código do trabalho. Coimbra: Coimbra Editora, 2004. p. 439. “Trata-se, assim, de
mais um instrumento jurídico a que as partes podem recorrer para conseguirem a circulação interempresarial
de trabalhadores”.
31
MONTEIRO, Luís Miguel. Código do trabalho anotado. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2004. p. 182.
32
“A gênese da solução em análise localiza-se, como referido, na estrutura plural da actividade econômica
moderna”. MONTEIRO, Luís Miguel. Código do trabalho anotado. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2004. p.
183.
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654 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
Trata-se de uma figura jurídica com dois elementos essenciais, quais sejam
a excepcionalidade da cedência e a cisão do poder de direção, com o que se diferencia da
figura do trabalho temporário na qual a empresa de trabalho temporário tem por finalidade
ceder atividade dos trabalhadores. Nesta, permanece o vínculo empregatício com o cedente
que mantém o exercício do poder disciplinar, transferindo-se ao cessionário o exercício do
poder de controle e de fiscalização da atividade exercida pelo empregado.35
33
“A obrigação de indicar o objecto do contrato de trabalho, o local de execução da prestação e a duração desta
explicam-se por razões de tutela do conteúdo funcional da prestação (art. 151, n.1), da inamovibilidade do
trabalhador (art. 154) e da duração máxima da jornada de trabalho (idem, art. 163)”. Ibid., p. 183.
34
“Art. 21º (Norma revogatória). 1 – Com a entrada em vigor do Código do Trabalho são revogados os diplomas
respeitantes às matérias nele reguladas, designadamente os seguintes:... n) Arts. 26º a 30º do Decreto-Lei n.
358/89, de 17 de outubro (lei do trabalho temporário e da cedência ocasional);...”. Lei n. 99/2003, de 27 de
agosto (Código do Trabalho).
35
“A cedência implica uma cisão dos poderes próprios do empregador: o empregador cedente, em princípio,
mantém o poder disciplinar sobre o trabalhador cedido e o estatuto de empregador, ao passo que o poder
de direcção, na parte atinente à conformação da prestação da actividade e demais condições de trabalho,
inscreve-se na esfera jurídica do cessionário”. DRAY, Guilherme. Código do trabalho anotado. 2. ed.
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656 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
38
“Não cabendo neste nosso âmbito o estudo específico das origens e desenvolvimento do trabalho temporário,
importará em todo o caso assinalar a sua contemporaneidade face a momentos de descentração do próprio
processo produtivo, bem como a específicas exigências de natureza econômica, das políticas de emprego e da
organização do mercado de trabalho. ASSIS, Rui. O poder de direção do empregador. Configuração geral e
problemas actuais. Coimbra: Coimbra Editora, 2005. p. 192.
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O processo de terciarização da economia e seu impacto sobre o Direito do Trabalho: a experiência de Portugal 657
39
“...; no contrato de trabalho há subordinação jurídica, o que não ocorre na empreitada”. MARTINEZ, Pedro
Romano. op. cit., p. 324.
40
MARTINEZ, Pedro Romano. op. cit., p. 324.
41
“Porque nem sempre se torna evidente caracterizar as situações como sendo de prestação de trabalho, o
Código do Trabalho, no seu art. 12º, estabelece uma série de presunções da real existência de um contrato de
trabalho”. CURADO, Armando Antunes. Manual prático de direito do trabalho. 3. ed. Lisboa: Quid Juris
Sociedade Editora, p. 85.
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658 Tales Picchi Alves, Geraldo Henrique de Souza Armond e Cristina Reginato Hoffmann Nascimento
trabalho por uma pessoa a outra, sem subordinação jurídica, sempre que o prestador de
trabalho deva considerar-se na dependência econômica do beneficiário da actividade”.42
7. Considerações finais
42
“Art. 10º. Situações equiparadas. As normas legais respeitantes a direitos de personalidade, igualdade e não
discriminação e segurança e saúde no trabalho são aplicáveis a situações em que ocorra prestação de trabalho
por uma pessoa a outra, sempre que o prestador de trabalho deva considerar-se na dependência econômica do
beneficiário da actividade”.
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O processo de terciarização da economia e seu impacto sobre o Direito do Trabalho: a experiência de Portugal 659
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