Aula 19 e 20 Lessa, Monica Brasil
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GT 10
CULTURA, ECONOMIA E POLÍTICA
RESUMO
INTRODUÇÃO
Segundo dados da UNESCO, o comércio de bens culturais passou de US$
39,3 bilhões em 1994 para US$ 59,2 bilhões em 2002. Sendo que em 2002 a
União Européia (UE) continuava como principal exportador controlando 51,8% do
mercado, em decréscimo, no entanto, em relação a 1994, quando detinha 54,3%;
seguida da Ásia com 20,6%; dos Estados Unidos (EUA), que caiu de 25%, em
1994, para 16,9% em 2002; da América do Sul e das Caraíbas, que subiram de
0,8% em 1994 para 3% em 2002; da África e Oceania, com apenas 1%. As
mesmas análises destacam ainda que do ponto de vista das importações os
países com altos índices de desenvolvimento são responsáveis por 90% do
mercado consumidor: os EUA arvorando US$ 15,3 bilhões, seguidos do Reino
Unido com US$ 7,8 bilhões e da Alemanha com US$ 4,1 bilhões1.
1
Echanges internationaux d’une sélection des biens et services culturels, 1994-2003. L’Institut de Statisque de l’UNESCO.
Paris: UNESCO, 2005, p. 9.
2
RICUPERO, Rubens apud REIS, Ana Carla Fonseca. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole,
2007, pp, XIX e XX.
3
Mônica Velloso, por exemplo, considera que é a partir de 1930 que, pela primeira, "A questão da cultura passa a ser
concebida em termos de organização política, ou seja, o Estado cria aparatos culturais próprios, destinados a produzir e a
difundir sua concepção de mundo para o conjunto da sociedade." Cultura e poder político: uma configuração do campo
intelectual. In VELOSO, OLIVEIRA, Lippi Lucia, GOMES, Ângela Maria de Castro (Org.). Estado Novo: Ideologia e Poder. Rio
de Janeiro:Zahar Editores, 1982, p. 72.
4
LESSA, Mônica Leite. A política cultural brasileira e a Sociedade das Nações. In: Anais da XXII Reunião da SBPH. Curitiba:
2002, v. 1, pp. 89-97.
4
5
"Enquanto sistema de referência coletiva, a cultura própria à cada Estado/sociedade constitui um dos fundamentos da
política externa dos Estados, que ela contribui a influenciar. Da mesma maneira, ela orienta as relações transnacionais. Ela
modela, em grande parte, a paisagem onde as políticas são elaboradas e executadas. Ela influencia a visão, a percepção e o
comportamento dos atores, sejam eles governamentais ou não. Ela condiciona o modo deles analisarem uma situação e
determina, em parte, a maneira como reagem. Vista sob este ângulo, a cultura é uma força profunda no sentido interpretado
por Pierre Renouvin. A cultura constitui também um dos elementos da conjuntura, segundo a definição de Fernand Braudel.
Todo sistema cultural é complexo e possui vários componentes. Todos os aspectos de um determinado sistema não
influenciam, sem dúvida, de forma idêntica, as relações exteriores de um Estado. Alguns aspectos pesam mais que outros.
Assim, muito provavelmente, acontece com o sistema de valores e o conjunto das normas que formam as mentalidades
coletivas e governam os comportamentos.” FREYMOND, Jean F. Rencontres de cultures et relations internationales. In :
Relations Internationales n° 24, hiver 1980, p. 405. Tradução nossa.
6
THROSBY, David apud REIS, Ana Carla Fonseca. Op. cit., p. 6.
7
Échanges internationaux d’une sélection des biens e services culturels, 1994-2003. Institut de statisque de l’UNESCO, 2005,
p. 12.
8
HELD, David & McGREW, Anthony. Prós e contras da globalização. [Trad.]. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
5
9
CANCLINI, Néstor García. Consumidores e cidadãos. Conflitos multiculturais da globalização. [Trad.]. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ, 4ª ed., 1999, pp. 11, 12 e 41.
10
LESSA, Mônica Leite e SUPPO, Hugo. O estudo da dimensão cultural nas Relações Internacionais: contribuições teóricas e
metodológicas In LESSA, Mônica Leite e GONÇALVES, Williams da Silva História das Relações Internacionais: teoria e
processos. Rio de Janeiro: EdUerj, 2007, pp. 223-250.
11
MERLE, Marcel. La politique étrangère. Paris: PUF, 1984.
12
MERLE, Marcel. Forces et enjeux dans les relations internationales. Paris: Economica, 1985.
6
Cultura e Globalização
Desde a rodada do Uruguai (1986-1994) instalou-se o debate acerca da
incorporação dos bens culturais aos acordos que constituiriam a OMC. Naquela
ocasião, a França liderou a oposição a essa proposta argumentando que a cultura
não era um produto, mas um bem, o principal elemento constitutivo da identidade e
dos valores da nação e, como tal, não deveria ser equiparada aos demais produtos
comercializáveis. As nações, defendia a França, deveriam manter a autonomia de exception
culturrelle
suas políticas públicas a fim de garantirem o acesso à maior diversidade cultural ou
diversidade
possível, seja de origem nacional ou estrangeira. Tal posição se chocava cultural
15
http://www.wto.org/french/thewto_f/whatis_f/tif_f/agrm7_f.htm
16
Entrevista de Paulo Paranaguá, coordenador no Brasil do Programa A2K (Access to Knowledge), em português Acesso ao
Conhecimento, publicada no site do MinC, http://www.cultura.gov.br, em 20/9/2006. No site httpp://www.culturalivre.org.br,
Paranaguá escreve ainda: “O termo "acesso a conhecimento" […] vem sendo amplamente utilizado por aqueles que
defendem um maior equilíbrio entre a proteção dos direitos de propriedade intelectual e o acesso à informação,
conhecimento, tecnologia, educação, medicamentos etc ... Assim, como podemos ver, apesar de as discussões relativas a
um Tratado sobre Acesso a Conhecimento receberem grande apoio de países do Grupo Africano, do Grupo Asiático, do
Grupo de países da América Latina e do Caribe (GRULAC) e do Grupo de Amigos do Desenvolvimento, o Grupo B, formado
por países ricos (principalmente União Européia, Estados Unidos, Canadá e Japão), tem exercido fortíssima pressão contra
tais discussões, tanto é que sequer o termo "acesso a conhecimento" eles querem que seja mencionado na minuta das
recomendações do PCDA para a Assembléia Geral.”
8
17
No Brasil, a propriedade intelectual está disciplinada pelas leis 9279/96 (Marcas e Patentes), 9456/97 (Cultivares), 9609/98
(Software) e 9610/98 (Direitos Autorais), além de tratados internacionais, como as Convenções de Berna, (Direitos Autorais),
e de Paris, (Propriedade Industrial), e outros acordos como o TRIPs (Trade Related Intelectual Property Rights).
9
Fonte: Echanges internationaux d’une sélection des biens et services culturels, 1994-2003. L’Institut de
Statisque de l’UNESCO. Paris: UNESCO, 2005, p. 21.
18
GODIN, Benoît. What’s so difficult about international statiscs. UNESCO and measerument of scientific and technological
activities. Project on the History and Sociology of S & T statistics. Working Paper Nº 13, 2001. http://www.csiic.ca/.
10
Mais uma vez, na década de 1960, mais precisamente em 1969, outro passo
importante foi dado pela UNESCO. Sob influência do ambiente político-cultural
francês19, que desde 1962, com André Malraux no Ministério da Cultura, havia
inaugurado uma nova era na política cultural da França, na qual a cultura passou a
ser um affaire d’Etat, a UNESCO propôs que os governos reconhecessem
explicitamente as ações culturais como intrínsecas às suas políticas públicas20.
Observa-se que desde essa época as atividade culturais21 passaram a receber
maior atenção e apoio por meio de políticas culturais mais elaboradas e
sistemáticas, até certo ponto amparadas em formulações e ações concertadas no
âmbito da própria agência da ONU.
É interessante registrar que desde os anos 1930 surgem os primeiros
estudos sobre os “descaminhos” da cultura no capitalismo industrial, mas essas
críticas aos diversos rumos e aspectos que assume a cultura nesse cenário não
detiveram o desenvolvimento de nenhuma de suas expressões e somente após a
Segunda Guerra, em 1947, foi publicado um texto seminal, e polêmico, A indústria
cultural – o esclarecimento como mistificação das massas22, e que a despeito das
críticas reinou soberano no cenário dos estudos de mass media até a década de
1980. Os dois conceitos centrais do texto de Adorno e Horkheimer, indústria cultural
e cultura de massa, serviram tanto para nomear esse setor da economia e,
genéricamente, seus “produtos”, quanto para oferecer o conceito operatório-chave
para a análise dessa realidade, ou dessa relação, arte-capitalismo, considerada
espúria pelos filósofos da Escola de Frankfurt23.
19
A sede da UNESCO, e de sua predecessora ao tempo da Liga das Nações, localiza-se em Paris.
20
REIS, Ana Carla Fonseca. Op. cit., pp. 139-140.
21
Teixeira Coelho define por política cultural “[...] uma ciência da organização das estruturas culturais, a política cultural é
entendida habitualmente como programa de intervenções realizadas pelo Estado, instituições civis, entidades privadas ou
grupos comunitários com o objetivo de satisfazer as necessidades culturais da população e promover o desenvolvimento de
suas representações simbólicas. Sob este entendimento imediato, a política cultural apresenta-se assim como o conjunto de
iniciativas, tomadas por esses agentes, visando promover a produção, a distribuição e o uso da cultura, a preservação e
divulgação do patrimônio histórico e o ordenamento do aparelho burocrático por elas responsável. Essas intervenções
assumem a forma de: 1. Normas jurídicas, no caso do Estado, ou procedimentos tipificados, em relação aos demais agentes,
que regem as relações entre os diversos sujeitos e objetos culturais; e
2. intervenções diretas de ação cultural no processo cultural propriamente dito (construção de centros de cultura, apoio a
manifestações culturais específicas, etc.) [...]. TEIXEIRA COELHO, José. Dicionário crítico de política cultural. São Paulo:
Iluminuras/FAPESP, 1997, p. 293.
22
ADORNO, Thodor W. E HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Fragmentos Filosóficos. [Trad.]. 1ª edição em
1947. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
23
Sem querer nos atardarmos sobre a polêmica em torno da visão de Adorno e Horkheimer sobre arte, alta cultura e cultura
popular, buscamos reter o que a proposta tem de original mas, também, polêmico: a afirmação da unidade do sistema. No
11
Fonte: Echanges internationaux d’une sélection des biens et services culturels, 1994-2003. L’Institut de
Statisque de l’UNESCO. Paris: UNESCO, 2005, p. 22.
entanto, a visão de Adorno e Horhkeimer é confrontada à de Benjamim que, ao contrário dos primeiros, pensa o “popular na
cultura não como a negação da cultura mas como experiência e produção”. Cf. A obra de arte na época de sua
reproductibilidade técnica, de Walter Bejamim IN LIMA, Luiz Costa (Org.). Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e
Terra, 5ª edição, 2000, pp. 221-2256.
24
MCMURRY, Ruth Emily & LEE, Muna. The cultural approach- An other way in international relations. North Carolina: The
University Press of North Carolina, 1947.
12
em 2006 havia 12 milhões de “produtos” com licenças desse tipo e em 2008 esse
número subiu para 140 milhões27.
Atualmente, as licenças CC possuem representantes em mais de 60 países,
responsáveis por adaptar as formas da legislação formulada por Lessig para o
Direito local. No Brasil, Ronaldo Lemos, do Centro de Tecnologia e Sociedade da
Escola de Direito da FGV, é o responsável pela tradução das CC28, uma idéia,
segundo ele, que “busca flexibilizar os direitos autorais para produtos culturais” e
que nasceu da experiência dos "softwares livres", em que os criadores dos
programas "diziam para a sociedade que não se importavam que eles fossem
copiados e distribuídos". As CC, podem ser definidas como uma espécie de
“comunidade aberta que tomou a iniciativa de criar um arcabouço jurídico
alternativo pelo qual os produtores culturais, por iniciativa própria, disponibilizam
suas criações e realizam suas trocas e reapropriações”29. Porém, as licenças CC
não são consensuais nem entre os artistas, sofrem inúmeras pressões por parte
das grandes empresas multinacionais, da OMC e dos países de economia central.
Nesse sentido, o MinC deu um passo importante ao recepcionar o iSummit
06 Rio, em 2006. Na ocasião, o Ministro Gilberto Gil declarou em seu discurso de
abertura:
Ingenuidade minha? Sei muito bem do outro lado da moeda, das terríveis
relações de poder que fazem desaparecer originalidades culturais todos
os dias e impõem padrões de consumo em escala planetária visando
apenas o lucro fácil. Mas quero encarar de frente o desafio que a
indústria cultural global nos propõe, tanto que até hoje também trabalhei
dentro dessa indústria, tentando usar seu poder para meus objetivos
artísticos. Não sei se consegui criar o meu espaço dentro de suas leis.
Mesmo assim continuo cultivando esse estranho e provocador gosto de
juntar conceitos que pareciam estar destinados ficarem eternamente
separados. Como parabólica e camará. Gosto de ver o mundo ecoando
como uma cabaça de berimbau. Gosto de juntar diferenças.30
27
Entre os precursores desse movimento, destacam-se Jimmy Wales, criador da Wikipedia, Joi Ito, Jonathan Zittrain e, entre
outros, Lawrence Lessig, professor de Direito da Universidade de Stanford, e responsável pela formulação juridica das CC,
autor, entre outras obras, de Cultura Livre [Trad.]. São Paulo: Ed. Francis/Trama Universitário, 2005.
28
No Brasil, o site do CC encontra-se abrigado no
http://www.creativecommons.org.br/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1.
29
http://jornalismo-onlinenp.blogspot.com/2006/11/o-que-creative-commons.html
30
http://www.cultura.gov.br/site/2006/06/22/isummit-06-gilberto-gil-reune-microsoft-e-creative-commons/
14
Com certeza, em sua justificativa pela defesa das licenças CC, o Ministro se
pautava no fato de que o Brasil sempre foi um grande importador de bens culturais:
em 1994 essas importações foram calculadas em US$ 165,9 milhões, enquanto as
exportações não passaram de US$ 56,9 milhões. Em 2003, a balança comercial
permanecia negativa mas com uma redução, devido sobretudo à perda de 1/3 do
valor das importações, que totalizaram US$ 105,7 milhões, enquanto o valor das
exportações permanecia nos mesmos patamares de 1994. Duas explicações são
avançadas para essa mudança: a diminuição do preço dos jogos eletrônicos (video
– games, sobretudo) em 50% do valor, entre 1994-2002; e a criação da zona livre
de Manaus, nos anos 1990, que aumentou a capacidade produtiva do país e
reduziu as importações. Contudo, cabe registrar, em toda a América do Sul,
segundo os dados da UNESCO, o México é o único país da região a figurar entre
os primeiros 20 importadores/exportadores de bens culturais em 2003. Ou seja, o
mercado da cultura, na América do Sul, continua pouco expressivo no cenário
internacional. Por que ?
Fonte: Echanges internationaux d’une sélection des biens et services culturels, 1994-2003. L’Institut de
Statisque de l’UNESCO. Paris: UNESCO, 2005, p. 23.
15
Fonte: Echanges internationaux d’une sélection des biens et services culturels, 1994-2003.
L’Institut de Statisque de l’UNESCO. Paris: UNESCO, 2005, p. 34.
31
CANCLINI, Nestor Garcia. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2003, p. 22.
16
Fonte: Echanges internationaux d’une sélection des biens et services culturels, 1994-2003.
L’Institut de Statisque de l’UNESCO. Paris: UNESCO, 2005, p. 34.
32
Pronunciamento do secretário Orlando Senna na XII Reunião da Conferência de Autoridades Cinematográficas de
Iberoamérica (CACI), em Óbidos (Portugal), em 22/6/2003: http://www.cultura.gov.br/politicas/identidades.
18
37
http://www.bndes.gov.br/cultura.
38
Dados disponíveis no aplicativo Mais Cultura/MinC. httpp//:www.cultura.gov.br.
39
BERTINI, Alfredo. Economia da cultura. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 11.
21
40
REIS, Ana Carla Fonseca. Op. cit., pp. 179-180.
41
REIS, Ana Cristina Fonseca. Op. cit., p. 193.
22
42
A lei de Direitos Autorais 9610, de 10/2/1998, no capítulo referente aos Direitos Conexos, estipula em 70 anos após a morte
do autor o prazo legal para que sua obra seja considerada de domínio público. Enquanto o prazo exigido pela TRIPs é de 50
anos. No Brasil, ainda que um livro esteja esgotado por 30 anos é proibida a sua reprografia. Em outros países, como a
Alemanha, por exemplo, basta que um livro esteja esgotado por 2 anos para que sua reprografia seja legalmente possível.
23
43
CANCLINI, Nestor Garcia. Op. cit., pp. 235-237.
44
CRESPO, Flávia Ribeiro. O Itamaraty e a cultura brasileira: 1945-1964. Dissertação de mestrado, UERJ, 2006. Orientador:
Mônica Leite Lessa.
24
caso do Brasil, esse poder é parte realidade, e outra parte dele é ainda
potência, é devir.45
CONCLUSÃO
45
Discurso do ministro da Cultura, Gilberto Gil, em 02/10/2007: httpp//:www.cultura.gov.br
46
CRUZ, Eliane Patricia. http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/06/24/materia.2007-06-24.6708591146/view.
25
A perspectiva acima evocada, não é exclusiva dos EUA mas seu resultado
não responde, contudo, com o mesmo grau de eficiência nos diferentes países 49.
Ao contrário, ela tende a refletir, também nesse setor da economia, o fenômeno da
“concentração na sua produção e consumo”, reproduzindo as “divisões e
47
YÚDICE, George. A conveniência da cultura. Usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Humanitas, 2004, pp. 25-26.
48
Ibid., pp. 29-30.
49
O administrador cultural Alfredo Bertini, é contundente ao escrever: “Afinal, do ponto de vista econômico, o que está sendo
gerado na realização de cada jogo das diversas competições esportivas ? E o que dizer a respeito da produção de livros,
filmes, Cds, peças teatrais, exposições de arte e outras manifestações artístico-culturais ? Será que uma atividade que
movimenta cerca de US$ 4 trilhões, dos quais aproximadamente 20% são decorrentes de mais de 700 milhões de
viagens/ano, não tem expressão econômica suficiente para merecer a devida atenção da sociedade ? De fato, se essa
sociedade for analisada com as lentes das políticas públicas, por exemplo, basta observar o enorme desprezo político em
relação à cultura, ao turismo e ao esporte, muito bem visualizado pelos seus quinhões orçamentários, em qualquer que seja a
esfera governamental. Eis aí um aspecto de demérito econômico ao qual são submetidos esses setores.” BERTINI, Alfredo.
Op. cit., pp. 9-10.
26
Fonte: Echanges internationaux d’une sélection des biens et services culturels, 1994-2003. L’Institut de
Statisque de l’UNESCO. Paris: UNESCO, 2005, p. 20.
Fonte: Echanges internationaux d’une sélection des biens et services culturels, 1994-2003. L’Institut de
Statisque de l’UNESCO. Paris: UNESCO, 2005, p. 20.
Para terminar, cabe reler o alerta proferido por Canclini, ao final de Cidadãos
e Consumidores, publicado em 1995:
27
50
CANCLINI, Nestor Garcia. Op. cit., pp. 236-237.