UNESCO Publicacao Repensar Politicas Culturais
UNESCO Publicacao Repensar Politicas Culturais
UNESCO Publicacao Repensar Politicas Culturais
Expresses Culturais
Resumo
RE | PENSAR
AS POLTICAS
CULTURAIS
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o
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10 a ade das e senvolvim
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divers is para o de
a
cultur
2015
Relatrio Global da
Conveno de 2005
Verso em portugus publicada em 2016, pela Organizao das Naes Unidas para a Educao a Cincia e a Cultura, 7, place de
Fontenoy, 75352 Paris 07 SP, Frana, pelo Instituto do Patrimnio Histrico Nacional (IPHAN), por meio do Centro Lcio Costa (CLC)
e pela Representao da UNESCO no Brasil.
UNESCO 2016
Esta publicao est disponvel em acesso livre ao abrigo da licena Atribuio-Partilha 3.0 IGO (CC-BY-SA 3.0 IGO)
(http://creativecommons. org/licenses/by-sa/3.0/igo/). Ao utilizar o contedo da presente publicao, os usurios aceitam os termos
de uso do Repositrio UNESCO de acesso livre (http://unesco.org/open-access/terms-use-ccbysa-en).
Ttulo original: Re|shaping cultural policies: a decade promoting the diversity of cultural expressions for development; summary. Publicado
em 2015 pela Organizao das Naes Unidas para a Educao a Cincia e a Cultura, 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 SP, Frana.
As indicaes de nomes e a apresentao do material ao longo deste livro no implicam a manifestao de qualquer opinio por parte
da UNESCO a respeito da condio jurdica de qualquer pas, territrio, cidade, regio ou de suas autoridades, tampouco da delimitao
de suas fronteiras ou limites.
As ideias e opinies expressas nesta publicao so as de seus autores; no so necessariamente as da UNESCO, ICCROM, ICOMOS e
IUCN e no comprometem essas Organizaes.
Crditos da verso original:
Fotos:
Capa Anh Sang-soo, The 559th Hangeul Day Poster, 2005, Coreia do Sul
p. 5 Chiharu Shiota, The Key in the Hand, Pavilho japons da 56a Exposio Internacional de Arte la Biennale di Venezia, 2015,
foto de Sunhi Mang, Ittia/Japo
p. 8 Tadashi Kawamata, Garden Tower in Toronto, 2013, foto de Jackman Chiu, cortesia do artista e de Kamel Mennour, Paris, Frana
p. 9 Martine Doyon, Le Quartier des Spectacles Montral, 2012, Canad
p. 10 Ed Jansen, Mariska de Groot, Dieter Vandoren Shadow Puppet, 2013, Pases Baixos
p. 11 V. Paul Virtucio, Dance Revolutions, Universidade de Minnesota, 2009, Estados Unidos
p. 12 Chiharu Shiota, Accumulation Searching for the Destination, 2012, foto de Sunhi Mang, Japo
p. 13 Garry Knight, Udderbelly Box Office, 2014, Reino Unido
p. 14 Catherine Marinet, 2010, Frana
p. 15 Sanna Kannisto, Private collection, 2003, Finlndia
p. 16 Leandra Jasa, Fundacin Teatro Argentino de la Plata, Argentina
p. 17 Kumi Yamashita, City View, 2003, Japo
p. 18 Ed Jansen, Arne Quinze Violette Uur, 23 -3 -12 [close-up], 2012, Pases Baixos
Ins Esnal /Studio Esnal, Prism, Espanha/Estados Unidos
p. 19 Jaime Rojo, El Anatsui Shows Both Gravity and Grace in New York Ink Splash, 2013, Estados Unidos/Gana
The Arab Fund for the Arts and Culture, Above Zero by Ossama Halal, 2014, Tunsia
p. 20 Plural | Katharina M. Reinhold, Severin Wucher
Design grfico & design de capa: Corinne Hayworth
Prefcio
Pela primeira vez em mbito mundial, a recm-adotada Agenda 2030 das Naes Unidas para o
Desenvolvimento Sustentvel reconhece o papel crucial da cultura, da criatividade e da diversidade cultural
para resolver desafios do desenvolvimento sustentvel. Esse reconhecimento condizente com a Conveno
da UNESCO para a Proteo e Promoo da Diversidade das Expresses Culturais, cujo dcimo aniversrio
comemoramos em 2015.
Ao longo da ltima dcada, essa Conveno histrica j ratificada por 140 Estados-partes transformou a
abordagem geral no que se trata de cultura e bens e servios culturais. Ela reconhece o direito soberano dos
governos de introduzir polticas para proteger e promover a diversidade de expresses culturais. Ela enfatiza a
natureza dupla das atividades, dos bens e dos servios culturais, que apresentam tanto uma dimenso econmica
quanto uma dimenso cultural gerando empregos e renda, fomentando a inovao e o crescimento econmico
sustentvel e, ao mesmo tempo, transmitindo identidades e valores, promovendo a incluso social e o senso de
pertencimento. Hoje, podemos ver as vrias vantagens dessa combinao, como uma fora de sustentabilidade
social e econmica, e como um motor para a promoo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.
A nova Agenda 2030 elevou as expectativas, e essa a importncia deste primeiro Relatrio de Monitoramento
da UNESCO, que visa a coletar, analisar e disseminar informaes sobre as muitas e diferentes formas pelas
quais pases de todo o mundo vm integrando a cultura em suas polticas e em programas de desenvolvimento
sustentvel. Este Relatrio vem oferecer um auxlio oportuno implementao da nova Agenda, para assegurar
a efetividade e maximizar o impacto, ajudando os pases a avaliar objetivos, resolver questes polticas e
desenvolver novas medidas capazes de satisfazer as demandas e as necessidades das pessoas.
Ele apresenta anlises aprofundadas de tendncias, avanos e desafios atuais enfrentados por todos os
atores polticos relevantes com exemplos de polticas e medidas inovadoras que tratam de questes
contemporneas, incluindo: mobilidade transnacional, liberdade artstica, acesso a mercados internacionais e
ambiente digital. Apresenta tambm pela primeira vez uma estrutura integrada de monitoramento para a
rea da cultura, com propostas de indicadores de mudana e progresso.
Agradeo especialmente ao governo da Sucia e Agncia Sueca de Cooperao Internacional para o
Desenvolvimento, por seu generoso apoio. Quase 20 anos depois da Conferncia Intergovernamental de
Estocolmo sobre Polticas Culturais para o Desenvolvimento, esta mais uma contribuio histrica da
Sucia para ampliar o escopo da anlise mundial de polticas culturais. O primeiro Relatrio bienal defende
de forma convincente que a diversidade de expresses culturais esteja no centro de todos os esforos de
desenvolvimento sustentvel. Com maior apoio dos Estados-partes, doadores e parceiros de desenvolvimento,
minha inteno manter a regularidade destas publicaes.
Novos discursos e abordagens so necessrios para orientar as polticas culturais. Eles devem vir acompanhados do
compromisso com a mudana institucional e estrutural em todas as reas da governana e da gesto da cultura.
Devem ter como base o planejamento, a coleta e a anlise de dados, o monitoramento e a avaliao confiveis,
alm de um processo de formulao de polticas que tenha como base evidncias, participativo e transparente em
mbito nacional. Para isso, ser necessria uma capacitao mais integrada, inclusive por meio da cooperao
Sul-Sul e triangular. Este Relatrio uma contribuio para esse esforo mundial, e eu estou convencida de que ele
vai inspirar mais atores a partir para a ao. Agora a hora.
Irina Bokova
Diretora-geral da UNESCO
Prefcio
Sumrio executivo
Este Relatrio apresenta o trabalho de 14 especialistas independentes, alm da secretria da Conveno
e do editor principal, que analisaram a implementao da Conveno sobre a Proteo e Promoo da
Diversidade das Expresses Culturais. Seu propsito consiste fazer avanar o processo de monitoramento
da implementao da Conveno, que foi estabelecido por meio de um mecanismo de relatrios peridicos
quadrienais (RPQ) aprovado pela Conferncia das Partes da Conveno em 2011. Os contribuintes
consultaram os 71 relatrios apresentados pelos Estados-partes, mas tambm utilizaram dados de outras
fontes no oficiais e aproveitaram sua prpria experincia especializada.
A Introduo, escrita pela secretria da Conveno, explica os objetivos do Relatrio, apresentando os
princpios e os valores norteadores subjacentes Conveno, bem como as principais linhas de uma
metodologia para monitorar seu impacto no longo prazo. A Introduo seguida por uma contribuio
de especialistas que contextualiza o exerccio atual em cinco dcadas de pesquisa e avaliao de
polticas culturais, a partir dos esforos da UNESCO no final dos anos 1960, e considera que o Relatrio
provavelmente ser um marco no avano da pesquisa em polticas culturais em todo o mundo. O segundo
captulo prope um marco conceitual para um sistema de indicadores, visando a monitorar a implementao
da Conveno. Prope os quatro objetivos de implementao a seguir, cada um derivado de um dos
princpios norteadores da Conveno:
Sumrio executivo
2015
Relatrio Global da
Conveno de 2005
A revoluo tecnolgica teve profundos impactos sobre as mdias e em todos os aspectos da corrente de
valores culturais; por isso, o Captulo 3 explora as implicaes da rpida evoluo do ambiente digital. Pases
em desenvolvimento ainda necessitam avanar muito para atingir os nveis de acesso digital dos pases
desenvolvidos. Entretanto, ao longo da ltima dcada, ocorreram progressos notveis, especialmente em
termos de conectividade mvel. Um nmero cada vez maior de criadores est usando tecnologias para produzir
contedo online. O comrcio eletrnico est crescendo com grande rapidez isso pode ser uma vantagem
para as indstrias culturais locais, mas tambm um risco para pequenos e mdios atores, tendo em vista o
avano das grandes plataformas. A exploso das redes sociais desde 2004 constitui uma oportunidade para a
participao da sociedade civil, especialmente no que diz respeito ao compartilhamento de contedo cultural.
A Conveno um tratado pioneiro pela importncia que atribui contribuio de atores da sociedade
civil para sua implementao. Com isso, o Captulo 4 analisa essa dimenso. A principal descoberta que
uma clara maioria dos Estados-partes inclui organizaes da sociedade civil no processo de formulao
de polticas. Entretanto, h insuficincias na capacidade que tanto os governos quanto as organizaes
da sociedade civil tm de cooperar efetivamente. Embora muitas organizaes da sociedade civil tenham
de fato participado da elaborao dos relatrios peridicos quadrienais, necessrio envolver mais vozes
da sociedade civil. O papel de fiscalizador cultural da sociedade civil ainda no foi suficientemente
desenvolvido, mas as Coalizes Nacionais para a Diversidade Cultural, que j operam em 43 pases, podem
se tornar uma fora motriz para preencher essa lacuna.
A Segunda Seo do Relatrio diz respeito ao objetivo do fluxo equilibrado de bens e servios culturais e do aumento
da mobilidade de artistas e profissionais da cultura em todo o mundo. A mobilidade de artistas e outros profissionais
da cultura (Captulo 5) crucial para se manter um mundo heterogneo quanto a ideias, valores e vises de mundo.
O acesso aos mercados internacionais para artistas e profissionais da cultura tambm crucial para a promoo de
indstrias culturais e criativas sustentveis, e por sua contribuio potencial para o desenvolvimento humano, social
e econmico. Existe, entretanto, uma grande lacuna entre os princpios e ideais da Conveno e a realidade, no que
se trata da mobilidade de artistas e profissionais da cultura oriundos do Hemisfrio Sul. Os obstculos incluem o
aumento das restries econmicas, polticas e de segurana, especialmente no Hemisfrio Norte. Nesse sentido, a
Conveno deve ser utilizada de forma mais efetiva para superar tais restries.
O Captulo 6 analisa os fluxos de bens e servios culturais, e defende que ainda no foi atingido um equilbrio
equitativo. Porm, entre 2004 e 2013, a parcela dos pases em desenvolvimento no total das exportaes de bens
culturais apresentou um aumento contnuo, especialmente nas artes visuais, em cujo campo a porcentagem de
importaes de pases em desenvolvimento para pases desenvolvidos quase dobrou entre 2004 e 2013. Embora
menos bens musicais e audiovisuais tenham sido importados, a porcentagem de livros e publicaes importadas
de pases em desenvolvimento aumentou durante o mesmo perodo. Os fluxos de servios culturais, como mdias
audiovisuais, ainda so em grande parte dominados pelos pases desenvolvidos. Os Estados Unidos esto em primeiro
lugar e responderam por 52,4% das exportaes mundiais de servios culturais em 2012, ligeiramente menos do que
em 2004, quando respondiam por 58%. O restante dos pases nessa categoria constitudo por pases desenvolvidos
da Europa e da Amrica do Norte. Entre 2004 e 2013, a parcela de exportaes de audiovisual, servios relacionados
e direitos de reproduo dos EUA para pases em desenvolvimento aumentou de 11,34% para 20,28%. Ao longo do
mesmo perodo, ocorreu um ligeiro aumento na exportao intragrupo de bens culturais entre os pases-membros da
Comunidade Andina (Andean) (de 12,3% para 18%) e um aumento significativo no comrcio entre pases que so
membros da rea Pan-rabe de Livre Comrcio (Pan-Arab Free Trade Area Pafta), de 15% para 58%. Contudo, houve
pouco intercmbio de bens e servios culturais entre os membros da Comunidade Econmica dos Estados da frica
Ocidental (Ecowas) ou do Acordo de Livre Comrcio do Sul da sia (Safta).
A proteo e a promoo da diversidade das expresses culturais tambm devem se fiar na influncia da
Conveno sobre outros tratados e acordos legais internacionais, especialmente na rea do comrcio. O
captulo subsequente (Captulo 7), que trata dessa dimenso, mostra que sete acordos comerciais concludos
pela Unio Europeia desde 2005 incorporam uma ou mais referncias explcitas Conveno. Ocorreu
tambm um aumento no uso da medida de iseno cultural, para excluir certos bens e/ou servios
culturais de acordos comerciais. Alm disso, os protocolos de cooperao cultural anexos a acordos comerciais
reconhecem a especificidade de bens e servios culturais bem como concedem tratamento preferencial
a artistas e profissionais da cultura, especialmente os oriundos do Hemisfrio Sul. Para alm do mbito
comercial, desde 2005 a Conveno foi mencionada em mais de 250 textos em dezenas de organizaes
internacionais, regionais e bilaterais.
Sumrio executivo
O Captulo 8 analisa o impacto positivo da Conveno sobre polticas, planos e programas, em benefcio
do desenvolvimento culturalmente sustentvel: embora tenham ocorrido claros progressos, ainda h muitos
desafios no que diz respeito integrao da dimenso cultural nos marcos do desenvolvimento sustentvel.
O captulo defende que as indstrias culturais e criativas devem ser um importante alvo de polticas que visam
a um desenvolvimento economicamente e culturalmente sustentvel. H um escopo considervel para pases
doadores que pretendam promover esse objetivo por meio de suas estratgias e programas de assistncia oficial
para o desenvolvimento (AOD). Deve-se realizar todos os esforos para persuadir os planejadores a reconhecer
o contexto cultural em que os planos de desenvolvimento sero efetivados, bem como o papel dinmico que
as indstrias culturais e criativas podem ter para atingir os objetivos econmicos e sociais nacionais. Um
princpio essencial do desenvolvimento culturalmente sustentvel a equidade no tratamento de grupos sociais
vulnerveis; a ateno a esse princpio exige no apenas estratgias visando especificamente a superar as
desvantagens no acesso participao cultural, mas tambm vigilncia para assegurar que as polticas culturais
em outras reas no tenham efeitos colaterais adversos no intencionais.
A Seo Final do Relatrio dedicada a um princpio integral da Conveno que, at o momento, no foi
evidenciado em sua implementao: a promoo dos direitos humanos e a proteo das liberdades fundamentais
de expresso, informao e comunicao. A igualdade de gnero uma importante dimenso aqui, pois a
Conveno pede, de forma inequvoca, por polticas e medidas que promovam a igualdade entre os gneros, e
que reconheam e apoiem as mulheres como artistas e produtoras de bens e servios culturais. Como argumenta
o Captulo 9 sobre a igualdade de gnero, embora as mulheres estejam fortemente representadas no setor criativo
na maior parte do mundo, elas ainda so pouco representadas em diversas profisses culturais e nas posies
decisrias. Essa situao reduz a diversidade cultural e priva todos do livre acesso ao potencial criativo da metade
feminina da comunidade artstica. Muitos pases j tomaram medidas visando a ampliar as oportunidades para as
mulheres, e at mesmo igualar as contribuies de mulheres para a economia criativa. Entretanto, a necessidade
de assegurar maior igualdade entre os gneros no setor cultural ainda no foi enfrentada de forma adequada.
Um grande obstculo a escassez de dados desagregados por sexo. Igualmente importante uma abordagem
holstica que reconhea a relao simbitica entre igualdade de gnero, direitos culturais e diversidade cultural.
Finalmente, o Captulo 10 dedicado liberdade artstica, que essencial no apenas para o ser e para a prtica
criativa dos prprios artistas, mas tambm para os direitos de todos os produtores culturais. uma dimenso das
liberdades fundamentais crucial para o bem-estar dos cidados e das sociedades de forma geral. O captulo analisa
os fatores e as foras, governamentais e no governamentais, que levam a restries da liberdade de expresso
artstica e/ou do acesso a ela. Rev algumas das medidas citadas por Estados-partes nessa rea, bem como
outras iniciativas, pblicas e privadas, que vm ao auxlio de artistas em perigo. Nota tambm que as liberdades
indispensveis expresso artstica e criatividade foram tema do primeiro UN Special Report on Freedom of
Expression (Relatrio especial da ONU sobre liberdade de expresso), publicado pelo Conselho de Direitos
Humanos (CDH) da ONU, em maro de 2013.
As Concluses do Relatrio recapitulam suas principais
descobertas e descrevem formas de se avanar. Claramente,
a Conveno de 2005 enriqueceu a gama de criao
de polticas em benefcio da diversidade das expresses
culturais, mesmo no caso de Estados-partes que j tinham
marcos bem definidos de polticas culturais antes da
sua entrada em vigor. Entretanto, os imperativos da
implementao da Conveno sem dvida levaram ao
desenvolvimento de novos marcos e/ou mecanismos. Esses
avanos e inovaes so promissores, mas insuficientes.
Tal progresso est ao alcance de todos os interessados,
desde que sejam aplicadas as lies aprendidas com o
exerccio atual, em particular as propostas apresentadas de
coleta de dados e criao de indicadores, que possibilitaro,
em um futuro prximo, realizar monitoramentos, avaliaes
e anlises cada vez mais significativos.
Sumrio executivo
Sumrio executivo
Princpios
norteadores
Objetivos
Resultados
esperados
reas para
monitoramento
Polticas
culturais
Principais indicadores
Relatrio Global da
Conveno de 2005
2015
Mdias
pblicas
Ambiente
digital
Parcerias com a
sociedade civil
Polticas culturais
nacionais apoiam a
criao, a produo, a
distribuio e o acesso
a diversos bens e
servios culturais.
A base legislativa
apoia a liberdade e a
diversidade de mdias.
A base legislativa
apoia o acesso
universal internet.
A base legislativa e
financeira apoia a
sociedade civil.
Mltiplas agncias
governamentais
participam da criao
de polticas.
Os objetivos das
mdias pblicas so
legalmente definidos e
garantidos.
Polticas e medidas
incentivam a
criatividade digital
e promovem a
participao da
sociedade civil no
ambiente digital.
A sociedade civil
participa da criao e
da implementao de
polticas.
Os Estados-partes
apoiam ativamente os
processos conscientes
de formulao de
polticas.
As polticas e as
medidas relacionadas
s mdias pblicas
servem s necessidades
de todos os grupos da
sociedade.
As polticas e as
medidas apoiam
mercados digitais
dinmicos e
diversificados para a
indstria cultural.
reconhecida a
complementaridade dos aspectos
econmicos e culturais para o
desenvolvimento sustentvel.
Integrar a cultura
aos marcos de
desenvolvimento
sustentvel.
Promover os
direitos humanos
e as liberdades
fundamentais.
Polticas de desenvolvimento
sustentvel e programas de
assistncia internacional integram
a cultura como dimenso
estratgica.
Polticas
Programas
e planos
internacionais
nacionais de
de
desenvolvimento desenvolvimento
sustentvel
sustentvel
Mobilidade
de artistas e
profissionais da
cultura
Fluxo de bens
e servios
culturais
A base legislativa
assegura a
liberdade de
movimentao.
A base legislativa
apoia os fluxos de
bens e servios
culturais.
Os Estados-partes
promovem os
objetivos e os
princpios da
Conveno em
outros fruns.
A cultura
integrada aos
planos e s polticas
nacionais de
desenvolvimento
sustentvel.
As polticas e as
medidas apoiam a
mobilidade a partir
do Hemisfrio Sul.
As polticas
e as medidas
apoiam os fluxos
internacionais de
bens culturais.
A Conveno
explicitamente
citada em
tratados e acordos
internacionais e
regionais.
As iniciativas no
governamentais
facilitam a
mobilidade a partir
do Hemisfrio Sul.
As polticas e as
medidas apoiam o
fluxo internacional
de servios
culturais.
As polticas e as
medidas implementam tratados e
acordos internacionais e regionais que
fazem referncia
Conveno.
Tratados e
acordos
Igualdade de
gnero
Liberdade
artstica
O marco legislativo
assegura a
igualdade de
gnero na rea
cultural.
A base legislativa
apoia a liberdade
de expresso.
Os programas e as
polticas apoiam a
equidade regional
na distribuio de
recursos culturais.
Os programas de
assistncia tcnica
fortalecem as capacidades humanas
e institucionais nas
indstrias culturais e
criativas, nos pases
em desenvolvimento.
As polticas e as
medidas apoiam
mulheres como
criadoras e
produtoras de bens
e servios culturais.
As polticas e as
medidas promovem
e protegem a
liberdade artstica.
As polticas e as
medidas apoiam
a equidade no
acesso a recursos
culturais por grupos
vulnerveis na
comunidade.
A assistncia
financeira apoia
a criatividade
em pases em
desenvolvimento.
As polticas e as
medidas promovem
a oportunidade
de que mulheres
tenham acesso a
atividades, bens e
servios culturais.
As polticas e as
medidas promovem
os direitos sociais
e econmicos dos
artistas.
Sumrio executivo
2015
Relatrio Global da
Conveno de 2005
Captulo 1
Mensagens centrais
As polticas e as medidas culturais visam, cada vez mais, a fortalecer a cadeia
de valores de criao, produo, distribuio/disseminao e acesso.
U
m dos principais avanos obtidos pela Conveno consistiu em ampliar
a compreenso sobre as polticas culturais, passando a incluir medidas e
mecanismos diferentes dos que normalmente faziam parte da misso dos
Ministrios da Cultura.
O
processo de relatrios sobre polticas e medidas culturais tem aprimorado os
sistemas de comunicao e informao existentes entre os Estados-partes da
Conveno.
M
odelos participativos entre a sociedade civil e funcionrios do setor pblico
so necessrios para produzir evidncias slidas para o monitoramento e a
avaliao de impactos.
E mbora a maioria dos Estados-partes que apresentaram relatrios tenham
indicado reformas em suas polticas culturais e/ou tenham criado novas medidas
e mecanismos como resultado da adoo da Conveno, necessrio progredir
ainda mais para atingir os ambiciosos objetivos da Conveno.
Porcentagem de Estados-partes
que enviaram relatrios peridicos
quadrienais, por regio (2012-2014)
Fonte: RPQs.
Estados rabes
sia e
Pacfico
Europa e
Amrica
do Norte
8%
8%
54%
frica
13%
17%
Amrica
Latina e Caribe
Grfico 1.1
Sergio Fajardo
Governador de Antioquia, Colmbia
Captulo 2
Mensagens centrais
As mdias pblicas podem ser cruciais para fomentar e impulsionar a
diversidade das expresses culturais como produtores, contratantes,
distribuidores, disseminadores e mediadores de uma impressionante variedade
de contedos culturais de alta qualidade, quaisquer sejam os meios e as
tecnologias usados.
N
o pode haver diversidade de mdia sem liberdade de mdia. Assim, so
cruciais as leis sobre liberdade de informao e a sua implementao efetiva.
Com a ascenso das redes digitais e das plataformas online, promover
a liberdade online tambm se torna vital, em um ecossistema de mdias
substancialmente transformado.
O
salto quntico no acesso a meios de comunicao e a maiores escolhas
no significa que os contedos de mdia disponvel nesses meios sejam
necessariamente mais livres. Um grande nmero de plataformas, por si s,
no garantia de diversidade de contedos e expresso.
Transm
is
Pro
Produo
Participao
Ver
o de con
du
TV
Distribuio
l
ua
Criao
Digital
iz
s pblicas
ba
es em lng
s
s locais
ua
ara rdio e
sp
dos loca
i
te
o e mdia
a
ociais
ss
e audiovis
sd
ra criadore
pa
tecnologia est abrindo canais para novas vozes e para novos talentos,
A
incluindo os de jornalistas cidados e produtores de vdeo amadores, que
esto redesenhando as fronteiras do jornalismo: por isso, todos eles devem
ser incentivados.
A
s mulheres esto entre essas muitas vozes, mas a igualdade de gnero no foi
ampliada, seja nos contedos das mdias, seja no processo decisrio, no qual as
mulheres continuam excludas em maior ou menor grau. Deve-se tomar medidas
para remediar essa situao.
Edison Lanza
Relator especial sobre Liberdade de Expresso da Comisso Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
2015
Relatrio Global da
Conveno de 2005
Captulo 3
Octavio Kulesz
Mensagens centrais
Os pases em desenvolvimento ainda tm muito a avanar para atingir os nveis
de acesso digital desfrutados pelos pases desenvolvidos. Entretanto, na ltima
dcada, muitas regies do Hemisfrio Sul demonstraram progressos notveis,
especialmente no campo da conectividade mvel.
U
m nmero cada vez maior de criadores vem utilizando intensamente as novas
tecnologias para produzir contedo online, em plataformas como o YouTube
e a Wikipdia, entre muitas outras.
O
comrcio eletrnico vem crescendo de forma acelerada, o que pode ser uma
vantagem para as indstrias culturais locais, mas tambm um risco para os
pequenos e mdios atores, tendo em vista o avano das grandes plataformas.
A exploso das redes sociais, desde 2004, constitui uma oportunidade para
a participao da sociedade civil, especialmente no que diz respeito ao
compartilhamento de contedos culturais.
Digital
46%
46%
8%
Direitos de execuo e sincronizao
Fsica
Jason Njoku
Presidente da iRoko Partners
10
Captulo 4
Mensagens centrais
A sociedade civil vem se engajando ativamente na implementao da
Conveno, especialmente por meio de atividades de conscientizao sobre
seus objetivos e seus princpios.
A
colaborao sustentada entre o Estado e a sociedade civil, necessria para
a criao e a implementao de polticas, enfrenta grandes desafios, tais
como: insuficincia na capacidade de governos nacionais e locais, bem como
das organizaes da sociedade civil, de cooperar de forma efetiva; ausncia de
financiamento e recursos humanos qualificados; e baixa conscientizao sobre
a Conveno na sociedade civil de forma geral.
Muitas organizaes da sociedade civil participaram da elaborao dos
relatrios peridicos quadrienais (RPQs); entretanto, de forma geral, a
diversidade das vozes da sociedade civil ainda insuficiente e precisa aumentar.
O papel da sociedade civil como fiscalizador cultural ainda no foi bem
desenvolvido; no entanto, as Coalizes Nacionais para a Diversidade Cultural,
que j operam em 43 pases, podem se tornar uma fora motriz para preencher
tais lacunas nos mbitos nacional e internacional.
Menos propcio
Mais propcio
Rasman Ouedraogo
Presidente da Coalizo Nacional para a
Diversidade Cultural, Burkina Faso
11
2015
Relatrio Global da
Conveno de 2005
Captulo 5
Preencher as lacunas:
promover a mobilidade
Mike van Graan e Sophia Sanan
Mensagens centrais
A
mobilidade de artistas e outros profissionais da cultura crucial para se
manter um mundo heterogneo quanto a ideias, valores e pontos de vista.
O
acesso de artistas e profissionais da cultura aos mercados internacionais
tambm crucial para a promoo de indstrias culturais e criativas
sustentveis, e por sua contribuio para o desenvolvimento humano, social
e econmico, principalmente no Hemisfrio Sul.
E xiste uma grande lacuna entre os princpios e os ideais da Conveno de 2005 e
as realidades mundiais no que diz respeito mobilidade de artistas e profissionais
da cultura oriundos do Hemisfrio Sul. De fato, at o momento, a implementao
da Conveno no parece ter contribudo para aumentar tal mobilidade.
Os obstculos mobilidade de artistas e profissionais da cultura incluem o
aumento das restries de segurana, econmicas e polticas, especialmente no
Hemisfrio Norte; assim, a Conveno deve ser utilizada de forma mais efetiva
para combater tais restries, em um esprito de solidariedade internacional.
200
sia &
Pacfico
Estados
rabes
sia &
Pacfico
600
800
1000
143
765
Europa
Amrica
do Norte
400
112
Hemisfrio Norte
Hemisfrio Sul
23
72
Nas ltimas quatro dcadas, a Regio rabe vem sofrendo com a m governana.
A situao se agravou recentemente com a onda de conflitos polticos que tomou a regio,
bem como com a crise humanitria que produziu milhes de refugiados. No Fundo rabe
para as Artes e a Cultura (Arab Fund for Arts & Culture AFAC), acreditamos que uma
cena cultural engajada, ativa e aberta pode combater tais acontecimentos e ocasionar
mudanas profundas e duradouras na sociedade civil, agindo com efeito multiplicador
para outras foras de mudana e renascimento. Entretanto, colaboraes transculturais
para promover a diversidade, a abertura e a tolerncia so obstrudas por barreiras
livre expresso e movimentao que j se mantm h muito tempo. Artistas rabes
enfrentam incontveis impedimentos e restries a viagens, de natureza financeira e
poltica. Alm disso, a ausncia de legislao e de financiamento para a distribuio da
produo cultural limita drasticamente o seu acesso ao pblico, reduzindo assim o seu
impacto. Documentrios cinematogrficos que tratam de assuntos cruciais e que so
aclamados em festivais internacionais so proibidos de ser exibidos em cinemas pblicos.
Publicaes crticas de qualidade lutam para sobreviver e so incapazes de alcanar uma
forma sustentada de funcionamento. de extrema importncia aumentar o intercmbio
cultural e desenvolver canais de distribuio para a produo cultural rabe, na regio
e alm. Para isso, sero necessrios o apoio e a conscientizao dos governos locais, e a
implementao da Conveno de 2005 ser um grande benefcio.
Oussama Rifahi
Diretor-executivo do Fundo rabe para as Arte e a Cultura (AFAC)
12
Objetivo 2 Atingir um fluxo equilibrado de bens e servios culturais, e aumentar a mobilidade de artistas e profissionais da cultura
Captulo 6
Pases em dePases
senvolvimento
desenvolvidos (sem China e
ndia)
2004
85,7%
14,3%
2005
84,9%
15,1%
2006
84,8%
15,2%
2007
83,2%
16,8%
2008
81,5%
18,5%
2009
81,5%
18,5%
2010
78,9%
21,1%
2011
79,4%
20,6%
2012
79,7%
20,3%
2013
80,5%
19,5%
Brahim el Mazned
Diretor do Festival Visa for Music
Objetivo 2 Atingir um fluxo equilibrado de bens e servios culturais, e aumentar a mobilidade de artistas e profissionais da cultura
13
bil
a
Relatrio Global da
Conveno de 2005
ral
te
Captulo 7
General Conference of the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, meeting in Paris
October 2005 at its 33rd session Affirming that cultural diversity is a defining characteristic of
humanity Conscious that cultural diversity forms a common heritage of humanity and should be cherished
and preserved for the benefit of all Being aware that cultural diversity creates a rich and varied world,
which increases therange of choices and nurtures human capacities and values, and therefore is amainspring for
sustainable development for communities, peoples and nations Recalling that cultural diversity, flourishing within
a framework of democracy, tolerance, social justice and mutual respect between peoples
and cultures, is indispensable for peace and security at the local, national and international levels Celebrating
the importance of cultural diversity for the full realization of human rights and fundamental freedoms
The
from 3 to 21
proclaimed in the Universal Declaration of Human Rights and other universally recognized instruments Emphasizing the need to
r e gio
well as in international development cooperation, taking into account also the United Nations Millennium Declaration (2000) with
Taking into account that culture takes diverse forms across time and space
its special emphasis on
and cultural expressions
and that this diversity isembodied in the
as a source of
of the peoples and societies making up humanity Recognizing the importance of
, and itspositive
intangible and material wealth, and in particular the
Recognizing
contribution to sustainable development, as well as the need for its adequate
, including their contents, especially
the need to take measures to
in situations where cultural expressions may be threatened by the possibility of extinction or serious impairment Emphasizing the
in general, and inparticular its potential for the enhancement of
Being aware that cultural diversity is strengthened by the
the status and
, and that it is nurtured by
Reaffirming
, aswell as diversity of the media, enable cultural
that
, including traditional
expressions to flourish within societies Recognizing that the
cultural expressions, is an important factor that allows individuals and peoples to express and to
Recalling that
is a fundamental element of cultural diversity,
plays in the
and reaffirming the fundamental role that
Taking into account the importance of the
, including for persons belonging to
minorities and indigenous peoples, as manifested in their
their traditional cultural expressions and to have access thereto, so as to benefit them for their own development Emphasizing the
, which nurture and renew cultural expressions and enhance
the role played by those involved in the development of culture for the progress of society at large Recognizing the importance
in sustaining those involved in cultural creativity Being convinced that cultural
of
, because they convey identities,
activities, goods and services have
values and meanings, and must therefore not be treated as solely having commercial value Noting that while the
, which have been facilitated by the rapid development of information and communication technologies,
, they also represent
for
afford unprecedented conditions for enhanced
cultural diversity, namely in view of risks of imbalances between rich and poor countries Being aware of UNESCOs specific mandate
and to recommend such international agreements as may be
to
by word and image Referring to the provisions of the international
necessary to
instruments adopted by UNESCO relating to cultural diversity and the exercise of cultural rights, and in particular the
on 20 October 2005.
poverty eradication
uniqueness and plurality of the identities
traditional knowledge
knowledge systems of indigenous peoples
protection and promotion
protect the diversity of cultural expressions
in
bli
Dom ican Repu
omin
D
da em outros fruns
A
promoo dos objetivos e dos princpios da Conveno
Grena
Guyana
internacionais no est limitada rea comercial. Desde
2005, ela foi
Haiti
Jamaica
citada em mais de 250 textos de dezenas de organizaes
Saint Lucia internacionais,
St. Kitts and Nevis
regionais e bilaterais.
St. Vincent
Republic of Mo
Trade agreements
explicitly reference
Desde 2005, ocorreu um aumento no uso da medida de iseno cultural, para
excluir certos bens e/ou servios culturais dos acordos comerciais.
the Convention
G eo
e ri c a
Incorporao de
uma referncia
Conveno
ldov
a
Universal
M States
IFORU
CAR
processes
a challenge
rea
Ko
Vronique Guvremont
Canada
Rep pela Unio Europeia (UE) desde 2005
S ete acordos comerciais concludos
ub
e
ic
in
incorporam
uma ou mais referncias lexplcitas
Conveno.
Tendo em vista que
o
a
da
r
rbu
k a UE tem 28 Estados-membros e que os fsete acordos foram
Ba
d
concludos
com
n
a
s
ua
tig hama
An alm
a
26 outros Estados, juntos, eles implicam 55 Estados,
da
prpria
UE,
B
The bados
Bar e
50 dos quais so partes da Conveno.
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Beli
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nal
Mensagens centrais
of globalization
international
Promover a Conveno em
fruns internacionais
More than
250 documents
refer to the principles
of the Convention
2015
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Italy
Latvia
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Incluso de
uma iseno
cultural
GOAL 2 ACHIEVE A ALANCED FLOW OF CULTURAL GOODS AND SERVICES AND INCREASE THE MOBILITY OF ARTISTS AN
Ce
nt
r al
rgi
Adoo de
um protocolo
cultural
AL PROFESSIONALS
Saudemos a iniciativa da UNESCO de comemorar o dcimo aniversrio da importante Conveno para a Proteo e Promoo da Diversidade
das Expresses Culturais. Como comissrio europeu de Comrcio, eu incentivei a elaborao desse texto e tenho orgulho de dizer que,
subsequentemente, a UE teve um papel muito ativo em seu processo de redao. Esse foi um passo decisivo em uma longa histria. Ao se lembrar
de que a cultura no uma mercadoria como outra qualquer, a Comisso Europeia dos anos 1990 sob Jacques Delors foi contra a incluso das
indstrias culturais na Rodada do Uruguai, que liberalizou o comrcio internacional. No entanto, alm dessa atitude defensiva, era necessrio que
houvesse um instrumento internacional como ponto de referncia para complementar as regras comerciais, assim como para afirmar a liberdade
de cada Estado de fomentar a criatividade e as expresses culturais da forma como achar melhor. A UNESCO aceitou o desafio e realizou o seu
papel com excelncia. Qualquer pessoa que busque uma globalizao mais civilizada deve estar radiante com o resultado. No se trata de encerrar
culturas dentro de suas fronteiras nacionais ou locais; pelo contrrio, a Conveno ajuda a compartilh-las de forma equilibrada ela incentiva
o intercmbio cultural e a livre movimentao de artistas, e busca regular a concentrao das indstrias culturais e assegurar que elas respeitem o
pluralismo e a diversidade da criatividade. por esse motivo que crucial o monitoramento da implementao da Conveno.
Pascal Lamy
Ex-diretor-geral da Organizao Mundial do Comrcio (OMC)
14
Objetivo 2 Atingir um fluxo equilibrado de bens e servios culturais, e aumentar a mobilidade de artistas e profissionais da cultura
Captulo 8
Cultura no desenvolvimento
sustentvel
David Throsby
Mensagens centrais
A
implementao das clusulas de sustentabilidade da Conveno pode ser
interpretada como a formulao de estratgias para se atingir o desenvolvimento
culturalmente sustentvel, um conceito que rene as dimenses econmica e
cultural do desenvolvimento em um marco que enfatiza o crescimento, a equidade
e a integridade cultural no processo de desenvolvimento.
As indstrias culturais podem ser uma importante meta para polticas
que visam a um desenvolvimento que seja ao mesmo tempo econmica e
culturalmente sustentvel; iniciativas polticas para apoiar o crescimento
dessas indstrias podem ocasionar significativos benefcios econmicos,
sociais, culturais e ambientais de longo prazo.
E xiste um escopo considervel para que os pases doadores promovam a
integrao da cultura com o desenvolvimento sustentvel no Hemisfrio Sul, por
meio de suas estratgias e programas de assistncia oficial ao desenvolvimento
(AOD); uma forma particular de prestar tal assistncia consiste em oferecer
assistncia tcnica e conhecimentos para ajudar a superar as desvantagens dos
pases recipientes no acesso a novas tecnologias de informao e comunicao,
bem como para promover a conectividade essencial para a participao dos
pases em desenvolvimento nos mercados internacionais de seus bens e servios.
$1 600
A cultura pode ser vista como um bem pblico por excelncia. Por meio da cultura,
podemos promover e fortalecer princpios e valores como a liberdade de expresso,
a democracia, a tolerncia, a justia social e o respeito mtuo. A participao dos
cidados na vida cultural fortalece a coeso social e o empoderamento da comunidade.
O setor criativo um fator de crescimento inclusivo e sustentvel, nos mbitos mundial,
nacional e regional. Atividades culturais tambm podem representar um meio de vida
para grupos vulnerveis e marginalizados.
$1 400
$1 200
$1 000
$ 800
$ 600
$ 400
$ 200
$0
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Neven Mimica
Comissrio europeu de Cooperao Internacional e Desenvolvimento
15
2015
Relatrio Global da
Conveno de 2005
Captulo 9
Ammu Joseph
Mensagens centrais
Na maior parte do mundo, as mulheres esto fortemente representadas no setor
criativo. Entretanto, elas continuam pouco representadas em diversas profisses
da cultura, assim como em posies decisrias em muitas organizaes e
indstrias culturais.
O
s mltiplos obstculos em seu caminho para a participao e a progresso
em empreitadas culturais no apenas so injustos com as mulheres e violam
seus direitos culturais essencialmente, eles reduzem a diversidade cultural e
privam todos do acesso irrestrito ao potencial criativo da metade feminina da
comunidade artstica.
100%
80%
60%
35
38
Integrao da
cultura em
polticas de
desenvolvimento
sustentvel
53
Polticas de
cooperao
internacional e
tratamento
preferencial
40%
20%
Polticas e
medidas
culturais
0%
Como mulher africana, como criadora e como embaixadora do Fundo das Naes Unidas para a Infncia (UNICEF), todos os dias eu
meo a lacuna do gnero. Representamos mais da metade da populao, mas muitas vezes as nossas vozes so emudecidas e as nossas
contribuies desmerecidas. Pode-se fazer muito para melhorar a situao, e a cultura uma das formas pelas quais podemos ajudar
a transform-la de forma positiva. A Conveno da UNESCO para a Proteo e Promoo da Diversidade das Expresses Culturais pode
ajudar a atingir esse objetivo, ao reconhecer e apoiar as mulheres como criadoras e produtoras de expresses culturais. Trata-se de uma
ferramenta poderosa, que pode ser utilizada por governos para facilitar o acesso, a participao e a liberdade artstica das mulheres.
Ouvir o que as mulheres tm a dizer, fornecer-lhes ferramentas para se emancipar, ajud-las a alcanar novas fronteiras, dar-lhes
confiana, incentiv-las a criar, trat-las com respeito: so atitudes simples que mudaro a forma como as mulheres se sentem todos os
dias. Esse empoderamento deve melhorar enormemente a sua viso de mundo, e espero inspirar jovens mulheres de todos os lugares
a fazer o que eu fiz, encontrar sua voz, ter orgulho de sua herana, contribuir para a renovao de suas culturas e compartilh-las com
o mundo. Isso beneficiaria a humanidade como um todo e faria do mundo um lugar muito melhor.
Anglique Kidjo
16
Captulo 10
Ole Reitov
Mensagens centrais
O reconhecimento e a proteo da liberdade artstica so essenciais, no apenas
para o ser e para a prtica criativa dos prprios artistas, mas tambm para os
direitos de todos os profissionais da cultura.
A
s liberdades fundamentais so um ingrediente essencial do bem-estar de
cidados e sociedades, para a dinmica do desenvolvimento social e para
a estabilidade dos setores das artes e das indstrias culturais e criativas.
A
s restries ao fluxo artstico e as perdas econmicas privam os artistas de seus
meios de expresso e sustento, e criam um ambiente inseguro para todas as
pessoas engajadas nas artes e para o seu pblico.
Em 2014, a organizao Freedom of Musical Expression (Liberdade de
Expresso Musical Freemuse) registrou 237 ataques contra a expresso
artstica. Entretanto, as ameaas liberdade artstica so subnotificadas,
em comparao com as ameaas a jornalistas e a outros profissionais da
mdia. Isso leva a uma compreenso limitada da verdadeira dimenso do
desafio livre expresso criativa, especialmente das ameaas fsicas a
artistas e a praticantes engajados socialmente.
35,7%
22,4%
Crtica poltica
Sexo, sexualidade
e nudez
16,6%
10,8%
Valores tradicionais
ou religiosos
4,9%
4,7%
1,8%
0,7%
Ofensa ou
insulto
Farida Shaheed
Ex-relatora especial da ONU na rea de Direitos Culturais
17
2015
Relatrio Global da
Conveno de 2005
Principais concluses
Novas polticas, medidas e mecanismos culturais foram implementados ao longo
Objetivo 1
Apoiar sistemas de
governana sustentveis
para a cultura.
dos ltimos dez anos, para apoiar a criao, a produo, a distribuio e o acesso
a bens e servios culturais diversos. A tecnologia vem abrindo canais para novas
vozes e novos talentos, alm de novas formas de participao cidad que esto
redesenhando as fronteiras entre esses elos na cadeia de valores e levantando
novas questes para a criao de novas polticas e medidas.
Objetivo 2
Atingir um fluxo
equilibrado de bens e
servios culturais, e
aumentar a mobilidade de
artistas e profissionais
da cultura.
Pases de todas as partes do mundo esto agindo para apoiar o desenvolvimento e o cresci-
mento de seus setores criativos. Novas polticas esto sendo criadas e apoiadas por planos de
ao, financiamento e novas estruturas. Entretanto, no mbito mundial, ainda h muito a se
fazer para atingir um equilbrio no fluxo de bens e servios culturais. Novos dados produzidos
pelo Instituto de Estatstica da UNESCO (UIS) mostram que, em 2013, a exportao de bens
culturais em todo o mundo atingiu aproximadamente US$ 212,8 bilhes, e que a porcentagem dos pases em desenvolvimento nesse valor representou 46,7%. Porm, se a China e a
ndia forem excludas dessa categoria, nota-se que a grande maioria dos pases em desenvolvimento tem um papel apenas marginal na exportao de bens culturais. Os dados mostram
tambm que os servios culturais atingiram aproximadamente US$ 128,5 bilhes no mesmo
perodo. Isso inclui filmes, msicas ou livros baixados da internet, performances musicais
ou de dana etc. A porcentagem dos pases em desenvolvimento continuou nfima: apenas
1,6%! Portanto, urgente que os pases introduzam medidas de tratamento preferencial, para
que os objetivos da Conveno sejam atingidos.
Embora alguns pases tenham adotado medidas para amenizar as restries sobre
A Conveno parece ter tido um impacto positivo com a implementao de novos marcos
e acordos nos ltimos dez anos, quais sejam, os protocolos de cooperao cultural anexos
a acordos comerciais que reconhecem a especificidade dos bens e servios culturais, bem
como facilitam o acesso desses bens e servios oriundos dos pases em desenvolvimento
aos mercados regionais e internacionais. Entretanto, ainda no est claro o impacto destes
sobre o equilbrio dos fluxos mundiais de bens e servios culturais.
18
Principais concluses
Objetivo 3
Integrar a cultura
aos marcos de
desenvolvimento
sustentvel.
Principais concluses
19
2015
Relatrio Global da
Conveno de 2005
Partes
1970s
1980s
A UNESCO publica
as primeiras
monografias sobre
polticas culturais
nacionais
1988
1997
Dcada Mundial
da UNESCO para o
Desenvolvimento Cultural
1995
Mesa-redonda de Mnaco
1982
MONDIACULT:
Primeira Conferncia Mundial
sobre as Polticas Culturais
20
1992
1987
Declarao Universal
Diversidade Cultural
Compndio de Polticas e
Conferncia Intergovernamental da
Diversidade das
Expresses Culturais
Re | pensar
as polticas
culturais
http://en.unesco.org/creativity/
Relatrio Global da
Conveno de 2005
2015