Impressao His Arte Aula5
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Aula 5
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Pró-reitoria de EaD e CCDD
Conversa Inicial
Assim como acontece em outros campos, na arte, também as ideias
vêm e vão. Tendências e modas também se fazem presentes na arte, assim
como as calças ficam mais soltas ou mais apertadas a cada década, e modas
antigas retornam de outra maneira. Nesse caso, o que voltam são as ideias da
Grécia e da Roma antigas, para terminar de romper os laços com ideias
religiosas. Disso se trata o período neoclássico, que abordaremos aqui,
juntamente com a maneira pela qual o neoclássico chegou ao Brasil, trazido
por artistas franceses. Com ele surgiram outros movimentos, que, junto da
popularização da fotografia, levaram a arte a novos caminhos. São as
vanguardas do começo do século XX, que começaram a questionar se a arte
precisava realmente representar tudo de uma maneira tão certinha. Apesar de
muitos desses artistas parecerem que pintavam dessa maneira por preguiça,
eles certamente colaboraram para que a arte se libertasse de algumas
amarras.
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Em 1796, o ator alemão Alois Senefelder procurava um jeito de gastar
menos na impressão de suas peças teatrais, o que o levou a inventar a
litografia. A técnica consiste em usar um lápis oleoso na superfície de uma
pedra; depois, é aplicada uma tinta especial, que se fixa na graxa do lápis; o
excesso de tinta é retirado, e, então, o papel é aplicado sobre a pedra,
imprimindo o que havia sido desenhado com o lápis.
O processo foi uma grande inovação, já que permitia que fosse usado
em menor escala, para as artes, e também para a reprodução de mais cópias,
como os livros. O uso de várias pedras permitia a combinação de diferentes
cores. O livro com aquarelas de Debret, Viagem pitoresca e histórica ao Brasil,
do qual falaremos adiante, foi impresso com essa técnica.
O barateamento da reprodução em cores, junto com o fim de legislações
que censuravam avisos em espaços públicos, colaborou para o surgimento da
arte dos cartazes ou pôsteres. Vários artistas passaram a fazer cartazes,
muitos dos quais são conhecidos até hoje, como Toulouse-Lautrec – pintor que
ficou mais conhecido pelos seus cartazes – e Jules Chéret – que alguns
consideram o pai dos cartazes como propaganda, tanto pela sua obra como
pelas mudanças que ele fez que facilitaram o processo da litografia e
permitiram a impressão em grandes tiragens.
Figura 1: Théophile Steinlen, cartaz para o cabaré “Le Chat Noir”.
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O processo de litografia foi aperfeiçoado para o uso de chapas de
alumínio em vez de pedra, que podiam ser enroladas em um cilindro. Surgia,
assim, a impressão offset, método popular até hoje, usado em jornais, revistas,
folhetos, entre outros.
Tema 2: O Neoclássico
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apoiou a Revolução Francesa. Um de seus quadros mais famosos é A morte
de Marat, de 1793, em referência a Jean-Paul Marat, envolvido com a
Revolução Francesa, assassinado em sua banheira.
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franceses para que organizassem o ensino de artes e ofícios. Esses artistas
chegaram ao Brasil em março de 1816, por iniciativa – segundo alguns autores
– do Marquês de Marialva.
Outra teoria seria que esses artistas vieram ao Brasil exilados depois da queda
de Napoleão.
Em agosto de 1816, é criada por decreto a Escola Real de Ciências,
Artes e Ofícios, depois de vários problemas, entre os quais a substituição do
líder Joaquim Lebreton, francês, pelo português Henrique José da Silva, que
causou alguns problemas entre os artistas franceses e os portugueses. Com
outro nome, a Academia Imperial das Belas Artes só foi inaugurada em
novembro de 1826; três anos depois, foi realizada sua primeira exposição.
Até então, a arte brasileira se inspirava nos mestres que estavam aqui
presentes, na arte na qual predominava o estilo barroco português. A influência
era principalmente essa, e era predominante apesar das releituras e
apropriações que os artistas brasileiros faziam ao dar continuidade a esses
trabalhos. O barroco e o rococó estavam esgotados, e sem grandes artistas
que representassem o movimento (Instituto, 2016).
Em entrevista, o museólogo Pedro Martins Caldas Xexéo contextualiza a
quebra que a Missão Francesa representou para a arte brasileira:
Um argumento clássico contrário à influência dos artistas franceses e seus imediatos
seguidores brasileiros é que o desenvolvimento natural da arte brasileira dentro dos
princípios formais do Barroco foi interrompido abruptamente por uma proposta formal
alienígena que impedia a continuidade da trajetória natural de nossa arte. (Instituto,
2016)
Ainda segundo Xexéo, o estilo neoclássico chegaria ao Brasil de
qualquer maneira, já que estava sendo difundido na Europa Ocidental, e
também era visto como “sofisticado” pelas elites.
A Missão Francesa teve por consequência uma renovação nas artes –
ainda que criticada por alguns estudiosos –, e também a profissionalização
artística, não somente para a pintura e escultura, mas também na arquitetura e
urbanismo, que na época estavam mais relacionadas ao campo artístico.
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Outro ponto importante, assim como aconteceu na missão holandesa
dois séculos antes, foi que o trabalho desses artistas serviu para documentar
as paisagens urbanas e naturais, e os próprios brasileiros, seus hábitos, seu
cotidiano e as vestimentas daquela época.
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que retrataram paisagens brasileiras, e sim uma luz calma, paisagens
tranquilas, não tão narrativas, e sim contemplativas, minuciosas e ordenadas.
Segundo o artista e historiador Carlos Zilio, a obra de Taunay revela uma
dificuldade do artista em conciliar seus conhecimentos vindos da Europa com a
natureza, desconhecida para ele, do Brasil, usando esquemas de
representação europeus (Enciclopédia, 2016b).
Auguste Henry Victor Grandjean de Montigny (1776–1850): arquiteto
e urbanista, foi um profissional influente durante o império de Napoleão.
Professor de arquitetura na Academia Imperial, ficou no Brasil até sua morte. É
dele o projeto do prédio da Academia Imperial de Belas Artes – do qual só
resta o portal, que pode ser visitado no Jardim Botânico da cidade do Rio de
Janeiro. Outras obras que ainda podem ser visitadas, também no Rio de
Janeiro, são o edifício da Praça do Comércio (atual Casa França-Brasil) e o
Solar Grandjean de Montigny, no bairro da Gávea (Instituto, 2016).
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Os cursos foram tirados do plano por Henrique da Silva, que se opunha aos
franceses, fato ao qual Debret se referiu como um retrocesso (Cardoso, 2008).
Depois de algumas décadas de instabilidade, problemas administrativos,
pouca produção dos alunos, retorno de alguns dos mestres da Missão
Francesa a Paris, a Academia Imperial afirmava seu papel de apontar os rumos
da arte brasileira. A estabilidade política e econômica do segundo reinado
(1840–1889) também colaborou para isso. Em 1854, o artista Manoel de Araújo
Porto Alegre, discípulo de Debret, assumiu a direção da Academia Imperial,
dando importância aos cursos técnicos, criando novas matérias, a pinacoteca,
entre outras medidas; tudo isso cuidando para que fosse apropriado para a
realidade brasileira, e não uma mera transposição do conhecimento europeu.
Afonso Taunay – historiador, bisneto do pintor Nicolas-Antoine, de quem já
falamos – resume o que o academismo representou no Brasil:
Ao empirismo, ou automatismo dos processos correntes de aprendizagem
artística e profissional, substituiu uma metodologia. Terminava a época
antididática e iniciava-se a de caráter didático. […] Na pintura — o antigo, a
mitologia e a história substituíram a obra quase que exclusivamente sacra dos
'santeiros' pictoriais da colônia e do último Vice-Reinado (Taunay apud Vale,
2006).
Principais artistas
Pedro Américo (1843-1905): aos dez anos, já era desenhista de uma
expedição de estudos de plantas nordestinas. Recebeu apoio do governo para
estudar na Academia Imperial, e depois estudou na Europa – não somente
pintura, mas também Ciências Sociais e Ciências Naturais. Ele abordava vários
temas, mas se caracterizava pelas pinturas representando batalhas, como a
Batalha de Avaí, executada entre 1874 e 1877, em Florença, na Itália. A obra
lhe rendeu o reconhecimento do governo italiano, que solicitou a Américo um
retrato para ser colocado entre os retratos de pintores da Galleria degli Uffizi.
Seu estilo é bem representativo do academicismo, misturando elementos
neoclássicos, românticos, e realistas, não muito preocupado com a
representação pictórica fiel dos fatos. Nas suas próprias palavras:
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Um quadro histórico deve, como síntese, ser baseado na verdade e reproduzir
as faces essenciais do fato, e, como análise, em um grande número de
raciocínios derivados, a um tempo da ponderação das circunstâncias
verossímeis e prováveis, e do conhecimento das leis e das convenções da arte
(Melo apud Trevisan, 2009).
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Figura 4: A primeira missa no Brasil.
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Nessa fase, abandonou certas técnicas de pintura mais tradicionais para
valorizar a luz, sem priorizar o retrato dos materiais, como fazia antes de voltar
da Europa (Galvão, 1950). No aniversário do seu nascimento, 8 de maio, é
comemorado o Dia do Artista Plástico.
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Tema 5: Chegada da Fotografia e os Movimentos Abstratos
A natureza que fala a câmara é distinta da que fala o olho; distinta, sobretudo porque,
graças a ela, um espaço constituído inconscientemente substitui o espaço constituído
pela consciência humana. (Benjamin, 1994, p. 26)
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Gombrich (2000, p. 563) situa como os primeiros “rebeldes solitários” os
expressionistas como Van Gogh, Cézanne e Gauguin. Nas palavras do próprio
Van Gogh (Gombrich, 2000, p. 564):
Exagerei a cor clara do cabelo, usando laranja, cromo e amarelo-limão, e por trás da
cabeça não pintei a parede trivial do quarto, mas o Infinito. Fiz um fundo simples com o
azul mais rico e intenso que a paleta era capaz de produzir. A luminosa cabeça loura
destaca-se misteriosamente deste fundo azul-forte como uma estrela no firmamento.
Lamentavelmente, meu caríssimo amigo, o público apenas verá nesse exagero uma
caricatura – mas o que nos importa isso?
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Figura 6: Retrato da mãe do artista, 1896 – Picasso tinha 15 anos de idade.
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Sobre Picasso, Braque, Cézanne e outros, Gombrich diz que:
Pode-se perfeitamente simpatizar com o gosto de artistas do século XX por tudo o que é
direto e genuíno e, no entanto, sentir que seus esforços para se tornarem
deliberadamente ingênuos e primitivos estão fadados a cair em contradição. Ninguém se
torna primitivo à sua escolha. Seu desejo frenético de se tornar como crianças direcionou
alguns dos artistas meramente a exercícios de calculada tolice. (Gombrich, 2000, p. 589)
Síntese
Aqui começamos estudando o neoclássico, que, por um lado, resgatava
valores da antiguidade; por outro, fazia esse resgate com a intenção de marcar
uma diferença, romper com os valores anteriores do rococó, por exemplo. É
interessante observar as semelhanças com as vanguardas do século XX.
Semelhanças não entre as pinturas e a arte em si, que eram bem diferentes,
mas sim na intenção de romper com o anterior e contar sua própria história,
sem se ater às convenções. No caso das vanguardas do século XX, é
interessante ver os dois papéis da fotografia: por um lado, ela teria libertado os
pintores da tarefa de representar fatos fielmente, ou nem tão fielmente, no caso
dos pintores academicistas – ou você acredita que uma foto da Batalha de Avaí
seria tão espetacular quanto o quadro? Por outro, a fotografia se tornou mais
uma linguagem a ser usada pela arte. Portanto, é complicado se ater às
divisões de movimentos e períodos históricos que aqui traçamos. Essas
divisões facilitam nosso trabalho como historiadores, mas também temos que
entender que há mais nuances entre os fatos, os artistas e as suas obras.
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Referências
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GALVÃO, A. Almeida Júnior: sua técnica, sua obra. 1950. Disponível em:
<http://www.dezenovevinte.net/txt_artistas/ag_sobre_aj.htm>. Acesso: 11 jul.
2016.
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