Aula 5 Linguagem Semiotica
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semiótica
Aula 5
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CONVERSA INICIAL
Você não precisa conhecer a história que se conta aqui, mas você pode
entender isso a partir do que você já sabe. Isso pode ser mais difícil se você
nunca leu um livro ou uma história em quadrinhos, mas nunca é tarde para
começar!
CONTEXTUALIZANDO
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O objetivo desta aula é possibilitar o início do desenvolvimento de uma
capacidade analítica sobre as imagens e os signos, de modo a despertar um
olhar crítico sobre as imagens que veiculamos.
PESQUISE
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Do que é considerado bonito até o que representa um tabu, é através
de esquemas e modelos que adquirimos ideias e entendemos e organizamos
uma ordem moral e, ainda, conjugamos, destes todos, uma série de sistemas
de valores. Através desses sistemas de valores e ideias que vamos “medindo”
a nós mesmos, aos outros, e às coisas do mundo.
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Tratava-se, pois, de um texto, mas sob a forma de uma ideia ou
desenho. É bem diferente de como escrevemos hoje em nossa língua
neolatina, que se apoia em um alfabeto fonético, no qual cada letra
representa um som. Letras em conjunto formam os sons das sílabas e é com
a junção de sons e fonemas em sílabas que formamos palavras, ideias ou
conceitos. São essas palavras e conceitos que terão um significado para
quem lê, ouve ou diz.
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decodificado. Roman Jakobson explicou-nos que a língua é um código.
Portanto, comunicar-se envolve codificar e decodificar mensagens. Segundo
Ana Paula Machado Velho:
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uma imagem mental do que está sendo dito, outra tradução, estabelecida
durante a leitura ou escuta da palavra.
Ao mesmo tempo, você já aprendeu até aqui que a escrita foi uma
tecnologia que permitiu fixar os conhecimentos (sem depender apenas da
oralidade). Assim que surgiu, a escrita ocupou-se de paredões de pedra, de
pedaços de couro ou fibra vegetal, de tabuletas em argila. Mas o texto escrito
em pedra mandou um recado ou um anúncio que dura uma eternidade: a
mensagem viajou no tempo e, milênios depois, podemos ler a antiguidade.
Desde então, fixamos nossos saberes em meios (o código e a pedra) que
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permitiram que imagens, ideias e conceitos viajassem no tempo. Em formatos
menores, como os papiros ou livros, o texto podia ainda viajar distâncias!
Por outro lado, como falamos uma língua neolatina (derivada do Latim),
carregamos nesse “software” a seguinte lógica: tal coisa é tal coisa. Depois
adicionamos outro verbo a essa lógica, algo como é/está. Usamos o verbo
ser, no sentido de existir, que é singular. Assim nesta lógica: azul é azul e não
outra coisa. E é nessa lógica abstrata que configuramos o mundo e o
pensamento.
Sem a língua dizendo tal coisa é tal coisa, para nos referirmos a uma
pedra, precisaríamos mostrar a pedra. Sendo assim, a palavra “pedra”,
representa a pedra, ou, ainda, o signo “pedra”: portanto, um signo é uma
coisa que está no lugar de outra coisa, e é algo abstrato, racional, produto
de uma racionalidade.
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e não verbais que indicassem uma patologia, uma doença. Mas, no campo
científico da comunicação, a semiótica ocupa-se da cultura e da linguagem.
Mas afinal, como funciona um signo? Como podemos nos referir a uma
coisa sem a termos por perto? Muitos pensadores se debruçaram sobre essa
questão e a maioria concluiu que um signo tem uma característica triádica, ou
seja, é dividido em três partes. É o chamado triângulo semiótico. Mas isso
deixamos para o nosso próximo tema.
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http://ava.grupouninter.com.br/tead/hyperibook/IBPEX/798.html
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É um fenômeno que pode ser estudado pela sociologia, pela economia,
pela arquitetura, pela história e, pela comunicação. E a nossa área poderia
explicar este tipo de turismo sob o ponto de vista da significação: porque é
cultura, é consumo, mas também é identificação, memória, gosto, afetividade
etc. São, ainda, lugares de despedida, de respeito e de tradição.
O significante é o
aspecto sensível do
signo. Se estivermos O significado é a O referente é aquilo
falando, são os sons compreensão que ao qual estamos nos
que formam a palavra temos da mensagem. É referindo, trata-se de
pedra. Se estivermos a imagem que se forma um objeto. Se
escrevendo, é o em nossa mente dissermos a palavra
conjunto de sinais quando ouvimos uma pedra, o referente é a
gráficos que formam a frase. É um conceito. “coisa” pedra.
palavra pedra. É uma
imagem acústica.
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Por exemplo, a palavra “bala” pode ser de revólver ou de comer. Manga
pode ser fruta ou pode ser manga de camisa.
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interpretar, avaliar, apreciar ou rejeitar as significações (CODATO;
LOPES, p. 209).
Denotação
Tem vínculo direto de significação, ou seja, é o sentido literal de uma
palavra. Há uma relação significativa com o objeto. Se eu falo peixe, você
pensa em peixe e não uma cruz. Tem relação direta com o referente,
designando e assinalando o referente e não outra coisa.
Conotação
Sugere implicação, associações de atributos implícitos em seu significado,
associações linguísticas de diversos tipos (linguísticas, fonéticas,
semânticas). Em outras palavras, conotação é uma significação associada (e
implícita) ao referente, um conjunto de alterações ou ampliações que uma
palavra agrega em seu sentido literal.
Paradigma
É um modelo, padrão, esquema ou conjunto de formas vocabulares que
servem de modelo padrão. Pense nos verbos criar, agir e tecer no modo
verbal do futuro do pretérito, assim, você irá perceber o modelo/paradigma
deste modo verbal.
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Semiótica Peirceana: ícone, índice e símbolo
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Então a semiótica tem como fundamento o estudo dos signos como
fenômeno da mente. Mas, a que os signos se referem?
Temos visto que um signo pode se referir a qualquer coisa que nos
produza um pensamento: uma imagem, um gesto, um som, um lugar, uma
atitude – que representa outra coisa, chamada de objeto do signo: “que
produz um efeito interpretativo em mente real ou potencial, efeito este que é
chamado de interpretante do signo” (SANTAELLA, 2008, p. 8).
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Lembre-se que a percepção é algo individual, subjetiva e que depende
de cada sujeito: algo como perceber a cor vermelha. A experiência envolve o
indivíduo e suas inúmeras interações no tecido social, que lhe permitem
adquirir saberes, conhecimentos experiências: como reconhecer a cor
vermelha como a cor do sangue. A convenção é algo que não pertence a um
indivíduo, mas a um coletivo. Trata-se, pois, de um saber em comum.
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Lembrando que, para Peirce, o signo sempre irá estabelecer uma
relação triádica, estaremos examinando as três possibilidades do signo em
relação ao objeto: qualidade, existência e lei.
Ícone:
Para ser um signo do tipo icônico, ou ícone, o signo precisa apresentar
semelhança com o objeto representado, ou ser igual ao objeto, como uma
cópia e, às vezes, é o próprio objeto.
Exemplo: quando você vê a cor verde, e pensa apenas verde. Um ícone
não gera um pensamento de causa-consequência (verde = floresta), por
exemplo. Um ícone é igual ao objeto, apenas isso. Verde é a cor verde.
Vermelho é vermelho, e nada mais.
Índice:
Para ser um signo do tipo indicial, índice ou index, o signo precisa
apresentar ou apontar para o objeto, não é o objeto ao qual faz referência,
mas está, sim, ligado ao objeto: a sombra de uma pessoa aponta para a
pessoa, não é a pessoa, mas está ligada a ela. O índice é um traço do objeto,
mas não o objeto.
O índice vai apresentar uma relação de causa-efeito. A lua cheia é
cheia porque há o sol iluminando-a, então a fase cheia da lua é um índice do
sol. Uma foto de uma pessoa aponta para a pessoa. Um termômetro indica a
temperatura. Uma bandeira tremulando aponta que há vento e sua direção.
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Onde há fumaça, há fogo: situações em que o signo, o índice, está ligado ao
objeto e faz referência ao objeto.
Símbolo:
Trata-se de um signo que tem força de lei, de regra ou de normas, pois
foi convencionado. Associa-se ao objeto de modo a lhe extrapolar o
significado (por exemplo: o semáforo vermelho sendo usado para representar
e explicar atitudes para evitar em um surto de gripe).
Tudo pode ser simbólico quando se tratam de palavras, pois a língua é
uma convenção que utilizamos para nos comunicarmos. Todas as línguas
possuem regras, leis, modos de dizer. Trata-se de uma abstração que só faz
sentido se ocorrer. Por que não se ultrapassa o semáforo vermelho no
trânsito? Bem, você já sabe. Então, como algo simbólico, a norma tem uma
natureza operativa: são abstrações que operam ações, ideias e conceitos.
A paz representada pela pomba, o determinado som do apito num jogo,
os desenhos do calçadão de Copacabana, um envelope na caixa de e-mail, o
símbolo do navegador da Internet, uma menina desenhando no ar a marca de
um banco: todas as coisas que adquirem um caráter de convenção são
simbólicas.
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Semiótica da Cultura
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Segundo Lotman “a riqueza de conflitos internos assegura à Cultura como
raciocínio coletivo uma flexibilidade e um caráter dinâmico extraordinários”
(LOTMAN, 1996, p. 41).
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Semiosferas de Lotman no arranjo de seu universo da mente
Como os fenômenos
Esfera Fenômenos
são percebidos
Superestrutura
(muitas) semiosferas Cultura (metáforas, suplementar; segundo
secundárias mito, arte, religião) nível de sentido;
comunicação
Signos que representam
o mundo e têm um
(não-metafórico)
Semiofera primária snetido primário;
gestos, linguagens
existência da
comunicação
(não-semiótica) Vida, sintomas, mas não
Seres vivos
biosfera comunicação
Objetos “são como eles
(não-semiótica) esfera
Objetos são”, sem semiotização,
dos objetos
sem significado cultural
Fonte: NÖTH in Machado. Semiótica da cultura e semiosfera. 2007, p. 88
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semiótico cuja esfera primária é o código cinético (de movimentos, gestos).
Na dança existe, ainda,
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A reportagem da Rede Globo, portanto, ‘brinca’ ou ‘joga’ com esta
informação em seu título: se trata-se de um delírio ancestral, aqueles não são
indígenas, são, antes, um delírio! Não representam as mais de 240 nações
indígenas do país, mas, sim, a escola Acadêmicos do Salgueiro. Isso em cinco
minutos de vídeo! Imagine, agora, analisar os enredos, as alas, as cores, as
fantasias e figurinos, a música e a plateia de um desfile?
O fato de Andy rir dos cintos porque, para ela, são basicamente o
mesmo tom de azul, deve-se ao fato de ela não conhecer aquela cultura,
aquele sistema de signos, algo que depois é prontamente explicado por
Miranda (assim, Andy passa a ser inclusa naquele sistema) em uma
linguagem que traduz um fenômeno complexo (a indústria da moda e as cores
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escolhidas) de maneira que Andy entenda alguma coisa do que Miranda está
falando.
Você pode usar a semiótica para “ler” um edifício ou uma praça, para
interpretar o percurso de uma pessoa em um shopping, a experiência e o
ambiente de uma loja ou vitrine, a disposição de um produto em uma
prateleira, a embalagem e o anúncio, uma música etc.
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Em se tratando da filosofia da linguagem, a semiótica examinou o que
se chama de percurso gerativo de sentido, de Greimas e dos estudiosos de
suas teorias, dos quais deriva a semiótica discursiva. As abordagens são de
diversos autores, mas, se você quiser pesquisar sobre isso, eles são, na sua
maioria, da perspectiva estruturalista.
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e o contexto em que estão sendo utilizados. Você se lembra do esquema de
Jakobson?
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Para construirmos discursos e entendermos, utilizamos do percurso
gerativo de sentido. Para Fiorin, existem três níveis de percurso: profundo
(fundamental), narrativo e discursivo (1999, p. 17):
Veja o exemplo:
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Ainda, para funcionar nesta perspectiva, precisamos hierarquizar os
enunciados (estado e fazer) em uma sequência chamada de canônica.
Vários autores trataram do assunto e aqui elaboramos um resumo:
Manipulação
Um sujeito age sobre o outro no sentido de fazê-lo querer ou fazer algo:
tentação, intimidação, sedução, provocação.
Competência
Em toda a narrativa, o sujeito que realiza a narrativa possui um saber
ou pode fazer algo.
Performance
Toda a enunciação é performática, pois ao falarmos ou dizermos algo
estamos produzindo consequências.
Sanção
Constatação da performance.
TROCANDO IDEIAS
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https://www.youtube.com/watch?v=tX7cqBreLUY
NA PRÁTICA
E as cores?
SÍNTESE
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por exemplo. Estamos chegando na era em que estamos tentando entender
não só a nossa linguagem, mas também a de outras espécies: uma abelha
tem um aparato sensorial bem distinto do Homo sapiens sapiens. Esses
aparatos recebem/emitem signos à sua maneira. A mesma coisa os cães e os
golfinhos.
Caro estudante, chegar até aqui foi mais uma etapa dos seus estudos
de Comunicação, Linguagem e Semiótica. Depois de terminar este módulo, é
bastante provável que você estará enxergando o mundo de novas maneiras!
Referências
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ECO, U. História da Beleza. Rio de Janeiro: Record, 2011.
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