Recurso de Medida Cautelar - 2021 - Juizado Especial Federal

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EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DOUTORES JUÍZES FEDERAIS DA TURMA RECURSAL DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Processo nº: 1017683-79.2021.4.01.3800

DALTER PACHECO GODINHO, já devidamente qualificado nos autos da


ação movida em face do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
também qualificado, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
através de sua procuradora, inconformado com a decisão proferida de
ID. 504872971, interpor

RECURSO

com fulcro nos artigos 4º e 5º, da Lei 10.259/2001 c/c art. 2º, inciso I,
§1º da Resolução nº 347/2015, do CJF e Súmula 6, da Turma Recursal do
TRF1. Nessa conformidade, REQUER o recebimento recurso por esta
Egrégia Turma Recursal, para que, ao fim, seja dado provimento ao
presente recurso. Deixa de juntar preparo por ser beneficiário de
gratuidade da justiça.

Nesses Termos;

Pede Deferimento.

Belo Horizonte, 28 de abril de 2021.

Ana Lúcia Oliveira Carlos de Sousa

OAB/MG 97.397
RECURSO

RECORRENTE : DALTER PACHECO GODINHO

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS)

JUÍZO DE ORIGEM: 32ª VARA FEDERAL do Juizado Especial Cível da SJMG

Colenda Turma

Eméritos Julgadores

DO CABIMENTO
O Recorrente interpõe o presente recurso em face da decisão interlocutória de primeira instância
que indeferiu o pedido de concessão de tutela provisória ao Autor, ora Recorrente, para o
restabelecimento imediato de seu benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.

Os artigos 4º e 5º, da Lei 10.259/2001 c/c art. 2º, inciso I, §1º da Resolução nº 347/2015, do CJF
e a Súmula 6, da Turma Recursal do TRF1, estabelecem que cabe Recurso de Medida Cautelar
contra decisões interlocutórias que versam sobre tutelas provisórias no âmbito dos Juizados
Especiais Federais.

Portanto, é cabível o presente recurso, que deve ser recebido e processado na forma legal.

DA TEMPESTIVIDADE
Conforme se infere da certidão anexa, o Agravante tomou ciência da decisão combatida no dia
15/04/2021. Neste sentido, o prazo para a interposição do Recurso de Medida Cautelar é de 10
dias, contados, no caso dos autos, a partir do dia útil seguinte à consulta ao teor da intimação
eletrônica, conforme artigo 231, V do CPC.

Desta forma, considerando que a interposição do presente ocorreu dentro do prazo de 10 dias
definido pela lei processual, o presente recurso é tempestivo.

BREVE SÍNTESE DA DEMANDA


O Autor, ora Recorrente, ajuizou o presente processo judicial visando o
restabelecimento do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, cessado na esfera
administrativa por ausência de prova de vida em 31 de maio de 2019. Nesse sentido, postulou a
concessão de tutela provisória de urgência, que restou indeferida, conforme decisão proferida
no evento de ID. 504872971.

Com a devida vênia, o Recorrente entende que houve erro quanto à leitura do N.
Julgador acerca das provas apresentadas, as quais comprovam cabalmente o direito do
Segurado e o respectivo preenchimento dos requisitos que autorizam a concessão da tutela
provisória.

RAZÕES RECURSAIS
O Recorrente ajuizou o presente processo judicial visando o restabelecimento de seu
benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, suspenso na data de 31 de maio de
2019, em razão da ausência de prova de vida. Em razão disso, postulou a concessão de tutela
provisória de urgência, que restou indeferida, conforme decisão proferida no evento de ID.
504872971, sob o fundamento de que o Autor não teria demonstrado a conclusão do
requerimento administrativo de reativação do benefício pelo comparecimento em Agência
Bancária e pelo argumento de que o ajuizamento da presente ação, após dois anos do
cancelamento do benefício, descaracterizaria o periculum in mora.

Dessa forma, o Recorrente interpõe o presente Recurso de Medida Cautelar, postulando


a reforma da decisão combatida.

Inicialmente, ressalta-se que é inequívoco o fato de que o Recorrente é APOSENTADO


pelo INSS, sendo que a aposentadoria por tempo de contribuição lhe foi concedida na data de
24/11/2010, conforme se infere do Carta de Concessão com número de benefício
155.512.478-7 (cf. doc. de ID. 503755887 )

Também restou comprovado, de forma inequívoca, que o Recorrente tentou


restabelecer o benefício na esfera administrativa através do agendamento de prova de vida, o
que restou cabalmente comprovado pelos documentos de ID. 503780389, 503749432,
503780380 e 503749425, tendo sido inclusive agendado atendimento presencial em agência do
INSS para a data de 17/09/2020.
É fato público e notório que as agências do INSS suspenderam os atendimentos de
prova de vida presencial em razão da pandemia do COVID-19.

O Recorrente, compareceu, sim a agência bancária do Itaú, no qual é correntista, para


fazer a prova de vida, mas não conseguiu reativar seu benefício, tendo sido, naquela ocasião,
orientado a procurar uma agência do INSS, sem receber, no entanto, nenhum documento com
registro da negativa de reativação.

No entanto, após notícia do indeferimento da tutela pretendida neste processo, o


Recorrente retornou ao Banco Itaú e requereu uma declaração sobre a sua tentativa de
reativação da aposentadoria pela feitura da prova de vida na instituição bancária.

Com efeito, a gerente do Banco Itaú, Nathalia Gabriela Natividade, enviou ao


Recorrente da data de 20 de abril de 2021, um email contendo a declaração de
comparecimento do Autor ao Banco Itaú para tentativa de reativação do benefício, o que
infelizmente não foi possível efetuar, tratando-se de documento novo que se anexa a este
recurso, com fulcro nos arts. 396 e 435, do CPC.

Assim, há mais de um ano o Recorrente tenta resolver administrativamente a questão,


tendo feito inúmeras ligações ao número 135 de atendimento no INSS com a esperança de
reativar de seu benefício de aposentadoria, no entanto, diante da ausência de solução
apresentada pelo INSS, não teve outra alternativa, a não ser recorrer ao Judiciário.

Se o Recorrente, demorou um ano para ajuizar a presente ação é porque tentou


resolver primeiramente a questão na esfera administrativa, o que seria mais econômico e
rápido, caso lograsse êxito na reativação do benefício de aposentadoria.

Num outro giro, é certo que a responsabilidade pelo procedimento de prova de vida
para a reativação do benefício previdenciário é do INSS, sendo que a ausência de atendimento
ou outra solução que regularize a situação do aposentado é ocorrência que foge à normalidade
e caracteriza comportamento contrário ao direito.

O INSS comete enorme irregularidade e lesão ao DIREITO do Recorrente ao deixar de


tomar as providências necessárias à REATIVAÇÃO de seu benefício de prestação continuada,
não lhe dando qualquer alternativa para a realização da PROVA DE VIDA, sendo que o
beneficiário necessita do pagamento de seus proventos para o próprio sustento de suas
necessidades básicas e de sua família, tendo contribuído por este DIREITO PREVIDENCIÁRIO
durante toda a sua vida laboral. Como já mencionado, o Autor aposentou-se por tempo de
contribuição, sendo que o benefício suprimido lhe foi concedido na data de 24/11/2010,
conforme faz PROVA a anexa Carta de Concessão/Memória de Cálculo de NB - 155.512.478-7,
documento de ID. 503755887.

Em que pese o INSS exigir através da RESOLUÇÃO n. 699/2019 a prova de vida anual, a
Autarquia delegou às instituições financeiras pagadoras do benefício o encaminhamento ao
INSS dos registros relativos à prova de vida dos seus beneficiários, aposentados e pensionistas,
uma vez bloqueada os pagamentos – como ocorre no caso – não as autorizou a fazer a prova de
vida para a reativação do benefício/sustento, que é necessário a suprir todas as necessidades
básicas de sobrevivência pelo seu caráter jurídico alimentar.

A concessão da Aposentadoria por Tempo de Contribuição encontra-se estabelecida no


art. 9º, § 1º, da Emenda Constitucional nº 20/98 e nos arts. 52 a 56 da Lei 8.213/91 e é um
direito reconhecido e já adquirido pelo Recorrente, protegido pelo artigo 5º, inciso XXXVI, da
Constituição Federal, que só pode cessar com o seu falecimento.

Nesse passo, ressalte-se que o restabelecimento do benefício de aposentadoria do


Recorrente em sede liminar, não apresenta qualquer perigo de irreversibilidade, posto que é
um direito adquirido pelo qual contribuiu durante toda a sua vida produtiva.

O bloqueio dos proventos de aposentadoria por falta de prova de vida, é um ato da


Autarquia cuja legitimidade se questiona, devido ser a sua ausência um indicio de falecimento
muito tênue e que não pode ser presumido, que uma vez que os CARTÓRIOS DE REGISTRO
CIVIL que emitem a CERTIDÃO DE ÓBITO já são obrigados a comunicar aos órgãos públicos -
idem ao INSS –sobre o falecimento do cidadão.

De todo modo, ainda que se entenda que a prova de vida é um procedimento


necessário, não há qualquer justificativa na demasiada demora da Instituição Previdenciária
em conceder ao Recorrente a oportunidade para fazer a prova de vida, o que já se verifica no
próprio requerimento administrativo que foi solicitado pelo aposentado em maio de 2020 é
que o agendamento foi marcado para setembro de 2020 e mesmo assim, foi cancelado sem
que lhe fosse apresentada outra solução exequível, surgindo daí a ilegalidade na continuidade
do ato de bloqueio, mantido mesmo após diversos requerimentos de REATIVAÇÃO solicitados
pelo Recorrente. Neste sentido, a seguinte ementa:

PROCESSUAL CIVIL, CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. REMESSA OFICIAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. SUSPENSÃO DE
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PROVA DE VIDA. VIOLAÇÃO A DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
...

É incontestável que o impetrante tentou cumprir as determinações da autarquia, mas, por


motivos alheios à sua vontade, não conseguiu realizar a prova de vida, não podendo ser
penalizado pelo fato de o serviço exigido estar indisponível, mormente quando ele comprova
estar vivo.

9 A negativa do INSS em reativar o benefício do impetrante implicou violação ao direito líquido


e certo da parte impetrante, estando correta a sentença na parte que condenou a autoridade
coatora a restabelecer o benefício suspenso.

10.Remessa oficial não provida. (TRF5, Processo 08019072320204058302, REMESSA


NECESSÁRIA CÍVEL, DESEMBARGADOR FEDERAL LEONARDO AUGUSTO NUNES COUTINHO
(CONVOCADO), 1ª TURMA, JULGAMENTO: 18/03/2021).

Considerando que há nestes autos um conjunto de PROVAS, que demonstram o DIREITO


do Recorrente a receber seus proventos de aposentadoria, prestação continuada concedida no
NB-155.512.478-7, requerido em 24/11/2010 e, ainda, considerando que há nos autos
documentos que fazem a PROVA DE VIDA do Autor, como comprova a declaração médica de ID.
503763861, o restabelecimento de seu benefício de aposentadoria por tempo de contribuição
e o pagamento dos valores suprimidos desde maio de 2019 é medida que se impõe, pois os
alimentos são irrenunciáveis e só cessam com o falecimento do beneficiário.

Como mero corolário da narração exposta, percebem-se os seguintes fatos irrefutáveis:

a) O Recorrente é aposentado por tempo de contribuição, desde 24/11/2010, com número de


benefício 155.512.478-7 e está vivo conforme declaração médica anexa:

b) Está sendo negado ao Recorrente, a oportunidade de fazer prova de sua vida, a fim de
restabelecer à percepção ao benefício previdenciário suspenso desde abril de 2019, ainda que
atenda ao requisito legal para ter seu benefício restabelecido;

c) A demora da Autarquia em conceder o direito do Recorrente os meios para fazer sua prova
de vida, o coloca em situação de INDIGNIDADE, haja vista que já poderia ter sido restabelecida
e estar usufruindo de sua aposentadoria, e necessitando do benefício para sua própria
sobrevivência, principalmente em razão desde momento de privações impostas pela pandemia
do COVID-19, sem perspectivas de se ver restabelecido o seu direito pelo INSS, autorizando-se
assim, a concessão da tutela antecipada.

d) A aposentadoria tem natureza jurídica de alimentar, daí a urgência da concessão da tutela


antecipada.
Por fim, ressalte-se que NÃO EXISTE qualquer perigo de irreversibilidade do
provimento antecipado, pois que, caso, ao final, o que se alega, ante os princípios da
eventualidade e da concentração, seja o pedido do Autor julgado improcedente, poderá haver a
reversão.

PROCESSO PREVIDENCIÁRIO. DIREITOS DA SEGURIDADE SOCIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.


SUSPENSÃO DE BENEFÍCIO. PROVA DE VIDA. PANDEMIA DO COVID-19. INTERRUPÇÃO DO
BLOQUEIO DOS CRÉDITOS. AGENDAMENTO PARA COMPROVAÇÃO DE VIDA.
PLAUSIBILIDADE DO DIREITO.
1. Segundo orientação institucional normatizada no INSS, enquanto perdurar o estado de
emergência devido à pandemia do coronavírus (COVID-19), ficam suspensos tanto a realização
de pesquisa externa para comprovação de vida como o bloqueio dos créditos dos benefícios por
falta de realização de prova de vida.

2. Se por um lado foi interrompido, pelo INSS, o bloqueio dos créditos dos benefícios por falta de
realização da comprovação de vida, devido à pandemia do coronavírus (Covid-19), por outro
lado restou evidenciado, in casu, mediante prova pré-constituída, que a impetrante agendou o
atendimento presencial, na agência do INSS, para realizar a prova de vida, conforme orientação
do próprio Instituto, restando evidenciada a plausibilidade do direito. Portanto, considerando
que os depósitos dos valores do benefício estavam suspensos desde 12/2019, aguardar o prazo
agendado (03/08/2020) traria graves prejuízos à impetrante, tendo em vista o caráter
alimentar dos proventos. (TRF4, Processo 5001754-61.2020.4.04.7203, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC, DJe 17/02/2021)

Configurado o direito líquido e certo do impetrante, estando clara a plausibilidade do


direito, pois o INSS não pode aplicar sanções sem o devido processo legal, com as garantias da
ampla defesa e do contraditório, além de não cumprir administrativamente e de forma razoável
o atendimento ao requerimento do Recorrente para, reativar o pagamento de seu benefício de
proventos de aposentadoria, verba de cárter alimentar, sob a alegação de restar fechado o
atendimento em todas as suas agências por causa da pandemia do COVID19.

Diante do exposto, a reforma da decisão proferida é medida que se impõe, a fim de que
seja deferido, em sede de tutela provisória de urgência, o restabelecimento do benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição.
DOCUMENTO NOVO
Anexa aos autos, documento superveniente, que é o email datado de 20 de abril de 2021, que
lhe foi enviado pela Gerente Geral Comercial do Banco Itaú, Agência 7824 – Lourdes, que faz
inequívoca prova de vida do Recorrente, demonstrando que não há qualquer perigo de
irreversibilidade da concessão da medida cautelar.

DOS PEDIDOS
EM FACE DO EXPOSTO, REQUER a Vossas Excelências:

a) O recebimento do presente recurso de medida cautelar;

b) A intimação do Recorrido para que, querendo, apresente contrarrazões ao recurso;

c) Ao fim, o conhecimento e o provimento do presente recurso, para o efeito de


reforma da decisão combatida, sendo restabelecido imediatamente o benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição ao Recorrente, revogando-se o indevido bloqueio
realizado pela Autarquia em 31/05/2019;

Nesses Termos;

Pede Deferimento.

Belo Horizonte, 28 de abril de 2021.

Ana Lúcia Oliveira Carlos de Sousa

OAB/MG97.397

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