A História de NA No Brasil - Dezembro de 2017-1
A História de NA No Brasil - Dezembro de 2017-1
A História de NA No Brasil - Dezembro de 2017-1
REVISTA N°2
Revista n°2 DEZEMBRO DE 2017
EDITORIAL
Quando pensamos neste exemplar nossa ideia foi aproximar
ainda mais os membros de NA da sua história limpa e em
recuperação, compreender os caminhos que levaram a cria-
ção de uma comunidade tão rica e diversa em levar a mensa-
gem. Queremos que vocês se aproximem ainda mais da histó-
ria da irmandade que salvou nossa vidas, que nos mostrou
O infoFZB é uma revista desenvolvida por um grupo de
através de nossos companheiros a verdadeira importância do
trabalho do Fórum Zonal Brasileiro dirigida a todos os
serviço e como ele salva vidas. Poderemos compreender a
membros de Narcóticos Anônimos. Sua missão é levar nossa história através da memória de servidores fiéis e abne-
a mensagem de recuperação, através dos serviços de gados que vieram antes de nós. Se ainda estão vivos para nos
Narcóticos Anônimos, oferecendo informações atuali- contar como a mensagem chegou até nós, devemos aprovei-
zadas sobre eventos como convenções e conferências tar. Reunimos alguns documentos importantes e significativos
de serviços. Em acordo com nossos princípios nossa de nossa história para revivermos momentos de construção.
Com isso produzimos força para nossa recuperação, basea-
equipe esta aberta a todas as experiências, através de
dos numa história que tem dado certo a tantos anos.
artigos, relatos e fotos dos membros de Narcóticos
Anônimos do Brasil e do mundo. Para nossa irmanda- Queremos ir muito mais além, queremos que toda cidade
possa ao menos ter um grupo de NA e que nossos grupos
de nada é mais importante que nosso propósito pri-
sejam repletos de membros e que nossos quadros de serviço
mordial—”Cada grupo tem apenas um único propósi-
estejam completos para recebermos o recém chegado. Aquele
to primordial – levar a mensagem ao adicto que ainda que chegou e ainda vai chegar é a razão de NA . Nenhum adic-
sofre .” to precisa morrer sem conhecer a mensagem!
N E S T A E D I Ç Ã O :
Editorial 2
PDF,ETC.
11
SRTL
Relações Públicas 12
Eventos 13
FZBelas 14
Sistema de Serviço 15
A História de NA no Brasil
P a s s e a n d o p o r N A
Como tudo começou? Onde tivemos nossa pri- mordial: “Levar a mensagem ao adicto que ain-
meira reunião? Como seriam as reuniões de da sofre”. Então vamos lá, feche os olhos, aliás,
Narcóticos Anônimos há 30, 40 anos atrás! abra os seus olhos e venha conosco descobrir
Qual linguagem era usual, como seriam nossas mais uma vez NA no Brasil, venha se emocionar
literaturas, o formato da reunião e as dificulda- conosco através das escritas de companheiros
des encontradas nestes tempos? Essas podem tão especiais para o crescimento de NA no Bra-
ser as perguntas que muitos dos nossos recém- sil, que , sem dúvida, foi fundamental para tor-
chegados podem se fazer. Alguns de nós podem nar o Brasil a Terceira
parar neste exato momento lendo este informa- maior comunidade de
tivo e se perguntar, “porque será que eu nunca Narcóticos Anônimos no
pensei nisso”? Isto não importa, cada um de Mundo, a única que tra-
nós adictos somos movidos de formas distintas duz a literatura para seu
e curiosas dentro do programa de NA. Cada um próprio idioma. Sabemos
de nós somos remetidos a outras curiosidades da extensão Geográfica
do tipo, como surgiram nossos símbolos, nossas do nosso País e, certa-
marcas, qual será o significado das cores das mente em um único nú-
fichas que recebemos quando comemoramos mero, não sejamos capaz
nossos dias, meses e anos limpos. Talvez nada de tocar em tudo,. Mas,
disso faça sentido para uns e para outros será nós sempre teremos um
como penetrar nos poros da história de NA no espaço nessa revista pa-
Brasil e reviver cada momento , redescobrir ca- ra contarmos as histórias
da fase de NA em cumprir o seu propósito pri- de NA no Brasil.
A c a d a p á g i n a m a i s s e r á
c o n h e c i d o
P á g i n a 4 A h i s t ó ri a d e n a n o b r a s i l
A H I S T Ó R I A D E N A N O B R A S I L
Eu sou o Carlinhos, adicto em recuperação, limpo desde 25 de maio de 1990. É com muita gratidão que escrevo estas palavras,
gratidão a esta Irmandade que me salvou e salva a vida. Eu cheguei às salas em abril de 1990. Estava numa instituição que levava
os seus residentes às reuniões. Ingressei no grupo Ipanema de Toxicômanos Anônimos. Na semana seguinte, nos levaram ao mes-
mo grupo, só que tinha mudado o nome! Ago- ra se chamava grupo Ipanema de Narcóti-
cos Anônimos. Percebi logo no ar que havia muita discussão sobre a mudança e algum
conflito. Não vou mentir, isso me atraiu. Uma das coisas que me atraiu em NA logo de
início foi a Segunda Tradição. Envolvido no serviço e tendo sido testemunha de um
momento importante em nossa história, sem- pre me interessei por saber cada vez mais
sobre ela, e continuo aprendendo. O que vou partilhar aqui trago de memória, então,
perdoem-me se houver alguma imprecisão. O primeiro registro que se tem de Narcóticos
Anônimos no Brasil é de 1972. Trata-se de um artigo do jornal diário Folha de São
Paulo falando da existência de um grupo de TA. O mais interessante desse artigo é que
boa parte do texto consiste da cópia exata de trechos do nosso folheto, o IP No. 1,
“Quem, o quê, como e porquê”. Não sabemos que grupo era esse, nem temos contato
com nenhum de nossos membros que tenha estado nessa época nas salas. Os mem-
bros mais antigos, que já estavam limpos em
1972, ainda faziam a sua recuperação em AA
nessa época e não têm conhecimento desse grupo. Depois disso, em setembro de 1978, Cartão de uma reunião de TA e Carteirinha
foi iniciado o grupo Alvorada de TA, na zona Sul de São Paulo. Esse grupo foi seguido por
outros, como o grupo Gata, no Rio de Janeiro, e o grupo Luz em Campinas. Embora os grupos utilizassem esse nome, logo nos pri-
meiros anos foram feitas traduções da literatura de NA, que era usada nesses grupos, com algumas adaptações. Além disso, as
fichas de tempo limpo, confeccionadas aqui, tinham as mesmas cores que as fichas que conhecemos
“Uma das coisas e utilizamos hoje. O grupo Alvorada existe e funciona até hoje, e temos membros que estão limpos
desde 1978 e que o frequentaram desde o início. Era “NA tal como conhecemos hoje.” Em 1985, foi
que me atraiu em iniciado um grupo de Narcóticos Anônimos no Rio de Janeiro. Esse grupo fechou e em 1987 abriu-se
outro. Em 1990, quando cheguei à Irmandade, havia “duas” irmandades; havia grupos de NA e grupos
NA logo de de TA. Diante dessa situação, em 1989, o diretor executivo do WSO, George e mais alguns membros
servidores da irmandade, como Becky, que era custódia na época, vieram ao Rio de Janeiro para con-
início foi a versar com as lideranças dos grupos de TA. Esses grupos tinham uma estrutura de serviço, mas era
diferente daquela de NA. Os servidores mundiais de NA colocaram para os membros de TA que eles
eram bem vindos a fazerem parte da irmandade mundial e de sua estrutura de serviço, e que teriam
Segunda que decidir qual seria a tradução mais adequada para o nome da irmandade. Também disseram que
se fosse o caso de os grupos decidirem que queriam continuar como outra irmandade separada, que
Tradição.” poderiam, mas que nesse caso teriam que criar a sua própria literatura. Houve um plebiscito dos
grupos de TA e estes decidiram unir-se á Irmandade Mundial de Narcóticos Anônimos. isso ocorreu em
abril de 1990, e foi essa a mudança que testemunhei no meu grupo de ingresso. A isso se seguiram novas discussões e divergên-
cias. Precisávamos decidir qual seria o nome da doença. Os grupos de NA que já existiam antes da união usavam o nome “adicto/
adicção”. Os grupos de TA usavam o nome “toxicômano/toxicomania”. Após muitas discussões apaixonadas, outro voto foi colhido
de todos os grupos e decidiu-se pela tradução que diferenciava como a polícia nos chamava na época (toxicômanos) e como os
médicos nos chamavam (dependentes). A terminologia nova (adicto/adicção) diferenciava a doença de um vício apenas – não só
como sendo doença e não um problema moral – mas também algo que ia além da dependência de drogas, uma doença mais pro-
funda e complexa que era muito mais do que o uso compulsivo. Foi essa compreensão que nos fez decidir assim. Eu tinha seis
meses quando fui para a primeira convenção e conferência da região Brasil de NA. A região existia, mas ainda não existiam áreas e
essa convenção e conferência teria as primeiras eleições para a mesa que serviria à região. Lembro-me de chegar à Vila Brandina,
em Campinas, São Paulo, num ônibus cheio de companheiros cariocas, e comentarmos, “Nossa, quanta gente!”. Havia cerca de 70
pessoas de diversos lugares do Brasil. Formaram-se as primeiras áreas: a área Leste, que compreendia Rio, Minas e Espírito Santo;
e a área Sul, que compreendia São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Tive o privilégio de servir à área Leste e de
servir no comitê de literatura, quando revisamos pela primeira vez nossos folhetos e o texto básico. Tive o privilégio de fazer o pri-
meiro painel de H&I no Rio de Janeiro – havia grupos nas instituições, mas um painel tal como conhecemos hoje ainda era coisa
nova. Algumas curiosidades trago dessa época. Quando abrimos novas reuniões, queríamos fazer “certo”, queríamos que as reuni-
ões fossem do jeito que deviam ser reuniões de NA, sem a característica parecida com os grupos de AA, como eram os grupos mais
antigos. Isso hoje sei ser besteira, existem reuniões de NA de todo tipo e formato que se possa imaginar, cada grupo é livre em sua
autonomia para fazer o formato que achar mais adequado para levar a mensagem, mas essa ideia gerou algumas consequências
interessantes. Por exemplo, uma das orientações que recebemos sobre o que era um grupo de NA, era que havia a leitura de litera-
P á g i n a 5
Não sabíamos desse detalhe e achamos uma boa ideia que os folhetos fossem lidos um a cada
reunião, de modo a que os membros se familiarizassem com a literatura nova que saía . Hoje é assim no Brasil, lemos os folhetos,
na ordem ou fora dela, mas lemos todos os folhetos (quase todos, tem uns que não dá). Só aqui é assim, no resto do mundo, lêem
o IP No. 1 em todas as reuniões. Outra característica só nossa e que também teve origem
numa “má” compreensão das orientações dadas, mas que talvez não seja nenhum mal,
são as reuniões de subcomitês. Quando começamos a organizar o serviço em áreas, não
sabíamos exatamente como funcionavam os subcomitês. Recebemos os manuais que
haviam na época e o manual falava de reuniões administrativas do subcomitê, de oficinas
e de dias de aprendizado, mas não mencionava nada sobre a frequência dessas reuniões.
Achamos que seria uma boa ideia que as reuniões dos subcomitês fossem semanais, já
que quem se interessasse poderia ter uma frequência regular e participar mais no serviço.
Hoje isso é lugar comum e funciona em todo o país assim: só aqui no Brasil. Em todo o
resto da irmandade os subcomitês se reúnem uma vez por mês para a reunião administra-
tiva e marcam dias de aprendizado ou oficinas, mas estas não têm frequência semanal.
Quadro de avisos em um grupo. Certamente, nosso serviço só ganhou com isso, mas às vezes me pergunto se não podería-
mos ser mais flexíveis e nos adaptar a outras maneiras de fazer as coisas quando isso
fosse benéfico para o serviço. Com três anos limpo fui morar em São Paulo. Lá, fiquei como coordenador de IP da área. Havia um
número de telefone, na verdade era um ramal alugado – na época as linhas telefônicas eram caríssimas, chegavam a ser tão caras
quanto um carro ou um apartamento.
Algumas pessoas que tinham linhas telefônicas, alugavam um “ramal”, ou seja, permitiam que você divulgasse o número como
sendo seu e, quando elas atendiam, anotavam o recado para aquele número de ramal. Divulgamos
esse número em cartazes nos ônibus de São Paulo e todos os dias eu telefonava de um orelhão,
que ainda funcionava com o sistema de fichas, para fazer os retornos das ligações que tinham rece-
bido para NA. Em geral eram pedidos de IP. No Rio de Janeiro, ao mesmo tempo, já havia uma linha
telefônica quando nosso escritório de distribuição de material, a Associação para Comitês de Servi-
“cada grupo é livre
ço (ACS) foi criada. É praticamente o mesmo número que usamos até hoje na região Rio de Janeiro
(houve mudanças no prefixo, os números eram de 7 dígitos antes). Antes de terminar, quero ainda
em sua autonomia
partilhar uma coisa que me traz muita gratidão lembrar. Às vezes, as pessoas perguntam por que os
grupos do mundo inteiro decidiram que seria o mundial o único a publicar a literatura, se isso não
para fazer o
poderia ser mais flexível. Alguns inclusive perguntam da necessidade de vendermos a literatura e
ainda usar esse dinheiro para o serviço, quando o ideal seria que todo o serviço fosse custeado
formato que achar
somente com o dinheiro da sacola. Bem, na verdade, a Irmandade decidiu e reforçou essa decisão
várias vezes, que enquanto não temos como custear o serviço somente com as contribuições dire-
mais adequado
tas, que utilizamos de eventos e da venda da literatura para isso. Os serviços mundiais utilizam a
maior parte dos seus recursos no desenvolvimento da irmandade, para levar a mensagem em paí- para levar a
ses e locais onde NA ainda não existe ou está começando. Foi assim conosco também. No início,
não tínhamos dinheiro para comprar a literatura. Eles mandavam folhetos, livros e fichas sem custo mensagem”
para nós. Depois começamos a conseguir pagar pelo frete. Depois pagamos 10%, 20% e assim fo-
mos cada vez mais nos tornando responsáveis por nosso custo com o material. Até chegarmos a
pagar tudo, mas pagávamos quando podíamos. Por fim, conseguimos chegar ao ponto de pagar à
vista e ainda mandar repasse quando dá. A cada folheto que é vendido, cada ficha, uma parte des-
ses recursos ajuda a desenvolver a Irmandade em locais onde ainda somos pequenos ou estamos
começando, mundo afora. Hoje, aqui, somos grandes e continuamos crescendo. O número de reu-
niões de NA no Brasil corresponde a 10% das reuniões de NA de todo o mundo. Nossa venda de
literatura corresponde a 8% da venda de literatura de NA de todo o mundo. Isso graças ao apoio que
recebemos e ao serviço dentro dos princípios e com a nossa visão em mente. Hoje, podemos contri-
buir para que comunidades de NA, em países onde ainda há alguns poucos membros, cresçam e se
tornem, um dia, grande o suficiente para que nenhum adicto buscando recuperação precise morrer
sem ouvir a nossa mensagem. Daqui a alguns dias vou comemorar 10.000 dias limpo! Desculpem, serão 240.000 horas, é só
matemática. Devia ter uma ficha para isso. Sem brincadeira, um dia uma companheira brasileira achou que o tempo entre a ficha
de um ano limpa e a de dois anos era muito espaçado e fez uma moção para criar a ficha de 18 meses, de cor púrpura. Foi a pri-
meira moção do Brasil na Conferência de Serviços Mundiais. Os grupos do mundo inteiro mandaram o seu voto e essa moção e foi
aprovada por unanimidade. Só que o fabricante não tinha essa cor púrpura e acabou ficando cinza mesmo. Eu nunca recebi a ficha
de 18 meses, não existia, isso foi em 1994 ou 95. Mas, acho que vou comemorar mais ainda os 9.999 dias do que os 10.000, não
sei. É muita gratidão, muito milagre, e mais será revelado.
Através do subcomitê de IP nós fizemos um trabalho de publica- haviam se tornado um problema maior, para homens e mulheres,
ção das nossas reuniões na mídia escrita, jornais, revistas, assim independente de como a gente se denominava.
construíamos Narcóticos Anônimos, e claro com a ajuda de um
Eu estou limpa através da prática do programa de 12 passos,
representante do WSO.
presto serviço para esse espírito de irmandade que é o mesmo
Essa decisão a decisão de deixar de pertencer a irmandade de espírito de irmandade que me recebeu na irmandade denomina-
Toxicômanos Anônimos e passar a pertencer a irmandade de da TA, e que continuou me recebendo e me apoiando e continua
Narcóticos Anônimos foi uma decisão tomada por cada grupo me recebendo e me apoiando hoje na irmandade denominada
individualmente, com certeza na capital de São Paulo eu posso Narcóticos Anônimos. Nós respeitamos as 12 tradições e faze-
dizer isso, eu participei, e um dia nós abrimos uma reunião a mos parte dessa estrutura de serviço de Narcóticos Anônimos
última reunião com o nome de TA para que na reunião seguinte a que é mundial, da mesma maneira nós também respeitávamos
placa com o símbolo de NA de Narcóticos Anônimos fosse coloca- as tradições de Toxicômanos Anônimos, e a decisão de deixar-
da, “o espírito de ambas as irmandades eram o mesmo”, o nome mos de ser Toxicômanos Anônimos foi feita em consciência cole-
da irmandade mudou, o movimento do TA fechou o seu ciclo eu tiva dos servidores e dos membros frequentadores da irmandade
não vou dizer que morreu, mas fechou o seu ciclo pra dar então Muito obrigada por essa oportunidade. Um beijo!
inicio a um outro ciclo, que passou a ser denominado Narcóticos
Anônimos, no entanto o espírito de irmandade e o propósito pri- Maria – São Paulo/SP
mordial sempre foi o mesmo tanto na irmandade de TA como é
na irmandade de NA. Nosso propósito primordial sempre foi o
mesmo, de levar uma mensagem de força, fé, esperança e de
recuperação para pessoas com problemas, para quem as drogas
Obrigado pela oportunidade de dividirmos experiências. outros grupos com outros nomes funcionando pelo Brasil no Rio
Grande do Sul era o DQA (DEPENDENTES Químicos Anônimos)
Pelo que me recordo em 1989 membros do Quadro Mundial esti-
NATA (núcleo de apoio a toxicômanos e alcoólatra) e muitos fun-
veram no Rio para esclarecer ao CONSTA e também se reuniram
cionando aos moldes de alcoólicos anônimos. A maioria destes
com alguns membros e Grupos que já se manifestavam como
grupos esteve em 1986 em São João Del Rey para começarem a
Narcóticos Anônimos. Ficou decidido que faríamos eletiva em
trocar telefones e se organizaram para 1987 em Campinas foi
1990 de a Irmandade como um todo nessa mudança. Pelo que
quando companheiros do Rio chegaram com folhetos em inglês
me lembro nós tivemos 2 reuniões eletivas. Na primeira votação
mostrando a literatura de NA, mas nós ignoramos e demos conti-
tivemos um placar das áreas existentes bem apertadas mais
nuidade a nossa estrutura de TA.
como muitos ainda resistiam com a ideia de outra irmandade que
não fosse TA entraram com um pedido de votos de grupos isola- Bom desta primeira reunião de Campinas 1987 até 1990 foram
do que o voto por carta não tinha chegado. várias reuniões do consta até que fomos convencidos por mem-
bros do Quadro Mundial que nossa marca não era autorizada e
Foi marcada uma segunda reunião, hoje não me lembro, mais foi
nossa literatura também era Pirata, pois quem tinha autorização
em algum prédio do exército e aí foi eleita a migração para Narcó-
para a marca era Narcóticos Anônimos. Muita Dor e Sofrimento e
ticos Anônimos. A partir desta votação nós começamos a receber
até alguns se afastaram recaíram. Depois que montamos a pri-
material do Quadro Mundial como fichas e algum material na
meira mesa de NA fui eleito como Delegado e no Espírito Santo
língua Portuguesa. Mesmo assim alguns grupos e membros resis-
entreguei o encargo por não falar em inglês regra básica que foi
tiram se apresentando como TA.
colocada na época
Aos poucos fomos se adotando aos moldes da nova literatura
O companheiro Armando esteve nesta reunião de 1986 e o Gru-
que recebíamos. Eu mesmo estive no Rio no Grupo Gata um dos
po Luz recebeu o primeiro encontro de grupos na Brandina que
que resistiram à mudança e recolhi 500 livros de Toxicômanos
era do PADRE Haroldo que cedeu o espaço. Depois não perde-
Anônimos e coloquei fogo naquele Barracão de Madeira que es-
mos mais nenhuma reunião de serviço do consta e na transição
tava naquele vídeo.
para NA e servimos a mesa como Coordenador e todos esses
Aliás, tudo começou em 1987 em Campinas Grupo Luz e em São anos caminhamos juntos no serviço.
Paulo o Alvorada, o Grupo Gata do Rio de Janeiro, início das es-
truturas e organização dos grupos no Brasil. Lógico que existiam Magrão – Campinas/SP
P á g i n a 8
F O T O S E F A T O S D E N A N O B R A S I L
DE
UÇÕES PRIM
P EL AS TRAD EIRO G
T O RUPO
ECIMEN WSO DE NA
AGRAD AT UR A PELO NO BR
LITER ASIL
F O T O S E F A T O S N O B R A S I L
E I V O C Ê , S A B E O Q U E É F I P T ?
O que é o Fideicomisso da Propriedade Intelectual da Ir-
mandade (Fellowship IntellectualPropertyTrust– FIPT)?
O FIPT é o documento legal que delineia (em detalhes) o
relacionamento entre Narcotics Anonymous World Services,
Inc. e a Irmandade como um todo. Basicamente, o NAWS
detém, em nome da Irmandade, os direitos de cópia
(copyrights) da propriedade da Irmandade (literatura de
recuperação, o símbolo do serviço, o símbolo de NA e o logo-
tipo original do grupo). O NAWS presta contas à Irmandade
através de delegados eleitos e, em última instância, os gru-
pos de Narcóticos Anônimos.
Por que o NAWS protege os logotipos e logomarcas?
Isto é feito para que toda propriedade de NA seja mantida
como propriedade da Irmandade. Uma das responsabilida-
des do NAWS, conforme definido no FIPT e direcionado pela Conferência de Serviço Mundial, é proteger a propriedade da
Irmandade em nome desta.
E quanto ao uso do símbolo de NA/símbolo de serviço/logotipo do grupo?
Somente corpos de serviço registrados, grupos registrados e representantes licenciados pelo
NAWS possuem direitos legais de utilizar os logotipos e marcas de NA, pois prestam contas aos
proprietários desses símbolos – a Irmandade de NA. Isto inclui a Internet, impressos, materiais
“Se você é
promocionais, banners, etc. Ver Intellectual Property Bulletin #1. membro de
Mas como membro, não sou dono dos símbolos? Posso usá-los onde quiser, ou em meu site
pessoal da internet?
NA, você
Não. Se você é membro de NA, você não tem propriedade dos símbolos, nem da literatura de NA. não tem
A Irmandade de Narcóticos Anônimos é a proprietária dos símbolos e você é um membro desta
Irmandade. Essencialmente, você é proprietário de uma “parte” de NA – você não é dono de NA.
propriedade
Essa parte lhe dá a possibilidade de participar, junto com a Irmandade como um todo, em tomar dos
decisões sobre o uso da propriedade de NA. Membros individuais não prestam contas à Irmanda-
de, mas podem criar um (1) ou dois (2) itens usando um símbolo de NA para uso pessoal. símbolos,
Os membros, grupos, áreas ou regiões podem postar literatura de NA, ou trechos de textos da nem da
literatura, na Internet, ou enviar literatura através de e-mails/aplicativos de mensagens? Somen-
te o NAWS publica literatura de recuperação de NA e, por esta razão, nenhuma outra pessoa ou literatura
grupo tem permissão de produzir ou postar literatura de NA em lugar algum. Quando a literatura
de NA é postada por alguém que não o NAWS, isso coloca os direitos autorais da literatura de NA de NA.”
em risco. Isso inclui páginas da Web e aplicativos que enviam literatura de NA (ou partes dela)
através de e-mail regularmente. O NAWS têm postado folhetos informativos (IPs) em seu site ofici-
al, www.na.org, para que os corpos de serviço registrados possam fornecer links de seus sites e
não precisem postar a literatura em si nos seus sites
Se um grupo ou corpo de serviço de NA registrado queira criar mercadoria para seu evento, não
precisa obter licença do NAWS?
Todos os grupos e corpos de serviço de NA registrados têm o direito de usar os logotipos de NA
sem necessidade de permissão do NAWS, dentro das fronteiras estabelecidas no NA Intellectual
Property Bulletin #1. Isso é assim porque eles prestam contas diretamente ao proprietário da mar-
ca – a Irmandade de Narcóticos Anônimos. Os grupos têm um relacionamento um pouco diferente
com a Irmandade, descrito em detalhes no NA Intellectual Property Bulletin #1.
Os boletins e as explicações na íntegra, podem ser baixadas no seguinte link:
http://www.na.org/?ID=legal-bulletinsfipt
Continua...
R e v i st a n ° 2 P á g i n a 1 1
S U B C O M I T Ê D E R E V I S Ã O E T R A D U Ç Ã O D E
L I T E R A T U R A
R E L A Ç Õ E S P Ú B L I C A S
INTERESSES ESPECIAIS:
SITES
www.na.org.br
Www.na.org
Região (CSR):
Área (CSA):
VOCÊ SABIA QUE....
Grupo: O Relações Públicas do FZB mantém nosso site
“www.na.org.br sempre atualizado junto as diversas regiões
Endereço:
do Brasil. Além disso, contamos com uma ferramenta onde
Cidade/Estado/CEP
qualquer membro pode saber estatisticamente os números
Encargo: atuais de Reuniões, grupos, áreas no Brasil. Para isso basta
Alterações: acessar nosso site e navegar por ele.
EMAIL DO INFO:
infofzb@na.org.br
O
s grupos de trabalho do Fórum Zonal Brasileiro são construídos com o propósito de dar anda-
mento e continuidade a serviços que requerem maiores prazos e interação entre seus participan-
tes. Qualquer membro de NA que tenha interesse pode juntar-se a nós. Sabemos das dificulda-
des em agregar servidores, mas também acreditamos na experiência e crescimento coletivo que eles nos
trazem. Seja mais um a compor conosco esta equipe espetacular de GT’s!
GT DE LONGO ALCANTE - GT DE RELAÇÕES PÚBLICAS
F ó r u m n a c i o n a l d e s e r v i ç o s
Um fórum totalmente voltado para trocas de experiências, um encontro entre todos os serviços, pessoas do Brasil
inteiro dialogando sobre o desenvolvimento da irmandade em suas localidades, o que funciona, o que não funci-
onou, como fazer diferente! Não perca essa oportunidade em estar conosco em mais uma conferência de serviços, mais corra as
vagas são limitadas....VENHA LOGO!!
C o n v e n ç õ e s r e g i o n a i s
F z - b e l A s — m u l h e r es n o s e r v i ç o
Eu sou uma adicta em recuperação, me chamo Penha, limpa há 26 anos 11 meses e 19 dias. Conheci NA em 1990. Naquela
época na minha cidade havia apenas um grupo, GRUPO VITÓRIA DE NARCÓTICOS ANÔNIMOS e usávamos “toda” literatura de
Toxicômanos Anônimos, (que era apenas um livreto).
Neste grupo, havia apenas 3 reuniões semanais, onde intercalava minha recuperação em outra irmandade de 12 passos. Precisa-
va me manter limpa, pois minha vida não estava mais fazendo sentido. Lembro-me que foi empatia imediata, recebi amor, com-
preensão e incentivo daqueles poucos membros para viver. Éramos três mulheres, sendo que uma delas servia o grupo como
secretária, isso me encheu os olhos para também fazer alguma coisa pela irmandade que estava salvando a minha vida, pois já
me sentia uma inútil. Fui ficando limpa um dia de cada vez, 30 dias, 60 dias, 90 dias. Foi quando o segundo milagre aconteceu na
minha vida, fui indicada e eleita a secretária suplente do meu grupo, O GRUPO VITÓRIA DE NA.
O serviço é realmente algo espiritual. Com o sentimento de utilidade, comecei a colocar essa responsabilidade na minha vida pes-
soal. Era casada e mãe de 4 filhos, cuja a responsabilidade na íntegra era precária. Meus filhos e marido agora tinham uma mãe
e esposa responsável e amorosa como resultado do serviço e da confiança que a mim depositaram.
Em Janeiro de 1991, servi com mais 4 companheiros na abertura de mais um grupo, sendo este o GRUPO JUCUTUQUARA DE NA,
que servi como secretária. Foram anos difíceis, pois nem literatura tínhamos ainda.
O que mais me incentivava era a vinda de alguns companheiros do Rio de Janeiro que nos visitavam. Pude compreender que NA
era maior do que tínhamos. Nessa altura já somavam 3 grupos no meu estado. E minha busca pela recuperação e serviço não
parava por aí. Comecei a servir como secretária, depois fui indicada e eleita como RSG SUPLENTE do grupo. Nessa altura, come-
çamos ir para o Rio de Janeiro nas reuniões de estudo para a possível fusão de TA e NA. Lembro-me das reuniões “calorosas”,
para não dizer que eram verdadeiras guerras. Havia uma resistência muito grande sobre a terminologia, que achavam “bonitinho”
o termo ADICTO/ADCÇÃO pois se consideravam TOXICÔMANOS E ALCÓOLATRAS. Foi quando deixamos esse Deus amoroso a influ-
enciar as nossas decisões e passamos a usar toda literatura e terminologia de NARCÓTICOS ANÔNIMOS.
Ainda em 1991, nos filiamos ao CSA-LESTE no Rio de Janeiro, onde todos os meses íamos para as reuniões desse CSA para tro-
carmos experiências com outros grupos. Percebi cada vez mais a espiritualidade do programa, mesmo com a escassez de literatu-
ra, começamos a entender e aplicar o significado do auto-sustento e da unidade como um todo.
Em 1992, como RSG-SUPLENTE, participei da Convenção e Conferência em Mariápolis-SP e de uma reunião com duração de 23
horas para formação da nossa ACS (ASSOCIAÇÃO PARA COMITÊS DE SERVIÇO).
Aqui no Espírito Santo, NA cresceu mais um pouco, com abertura de novos grupos, contando então com 5 grupos, sendo: Grupo
Vitória, Grupo Jucutuquara, Grupo Constância, Grupo Prainha de Vila Velha e Grupo Guarapari.
Com esse crescimento, fomos incentivados a formar nosso próprio CSA. Com ajuda e apadrinhamento do CSA LEOPOLDILHA e
CSA LESTE, fizemos nosso primeiro IP para a comunidade, sendo essa a comunidade do Grupo Prainha em Vila Velha. Neste mes-
mo dia formamos o nosso CSA ESPÍRITO SANTO – ES em 21 de ABRIL DE 1993. Após a formação deste CSA, servi a esse Comitê
sucessivamente nos encargos que segue: Linha de Ajuda, como Longo Alcance, IP, HI, RSA SUPLENTE, RSA e MCR SUPLENTE.
E meu envolvimento com a Irmandade/Serviços não parou por ai, porque conhecer e compartilhar das dificuldades da nossa
Irmandade pelo Brasil era necessário e inevitável para o crescimento da Irmandade.
Servir a região Brasil do OIAPOQUE AO CHU fez-me mais humana. Lembro-me das dificuldades do Norte, Nordeste, e Cento-Oeste.
Mesmo assim, os companheiros estavam lá nas reuniões. Andavam de barco, ônibus... e após a consciência coletiva se conscien-
tizar da necessidade da comunidade de NA nessas regiões, passou a dar o apoio financeiro, e mais membros passaram a partici-
par das reuniões regionais. Como resultado disso percebemos um pequeno crescimento de NA nessas regiões. Com o apoio do
Serviço Regional de Longo Alcance, continuamos a perceber que NA precisava crescer e se fortalecer nessas duas regiões, pois a
escassez de membros ainda era grande. Adictos morriam porque a mensagem não chegava. Já as regiões Sudeste e Sul, o cresci-
mento era visível.
Como sabemos que quem rege nossa Irmandade é um Deus amoroso, hoje o país Brasil se dividiu, e NA cresceu, se fortaleceu e
alcançou mais adictos. Esse é nosso propósito: QUE NENHUM ADICTO, EM NENHUM LUGAR DO MUNDO, PRECISE MORRER NAS
GARRAS DA ADICÇÃO ATIVA.
Tenho um Deus amoroso e cuidadoso que me presenteia todos os dias com mais companheiras chegando, ficando e servindo a
Irmandade.
Ser, Pertencer e Fazer parte desta grandeza, não há nada que me define melhor como: GRATIDÃO EM ESPÍRITO DE IRMANDADE...
Organização
Grupo de Trabalho do Fórum Zonal Brasileiro —Todo nosso agradecimento aos
colaboradores desta revista e aqueles que nos enviaram suas experiências.
Sabemos dos esforços feitos para chegarmos até aqui, onde as várias e várias experiências da recuperação e
sabemos das vidas poupadas com estes esforços. So- serviço se encontravam, e traçavam-se os caminhos de
mos servidores, e como servidores sabemos quantas Narcóticos Anônimos no Brasil. Então como agradecer
vezes vocês se ausentaram das suas residências, deixa- ao que sabemos não ser mais que obrigação destes
ram suas famílias, seus amigos para servirem essa ir- companheiros?! Como olhar nos olhos deles e dizer
mandade, sabemos que muitas vezes em seu pouco como somos gratos?! Não tem como não olharmos para
tempo livre dedicaram seu tempo a levar essa mensa- nossas vidas nesse momento e não nos darmos conta
gem. Imaginamos uma época onde nem todos tinham dos Pais, Mães, filhxs, irmxos e membros produtivos da
acesso nem sequer ao telefone, as literaturas eram sociedade que nos tornamos. A nós só nos resta o nos-
pouquíssimas, dois ou três IP’s traduzidos, capítulos do so muito obrigado! Obrigada por terem aberto mão de
texto básico de Narcóticos Anônimos traduzidos aleato- tantas coisas e se dedicarem à NA, acreditando que
riamente por membros que acreditaram naquela men- outrxs poderiam chegar, e nós chegamos, sabemos que
sagem e sabiam que ela poderia salvar muitas e muitas muitos se perderam ajudando a construir nossas histó-
vidas, e sem as facilidades que temos hoje disponíveis rias e experiências. Sabemos que os caminhos de NA
a todos nós. Sabemos que cada um desses companhei- são escritos das mais diversas formas possíveis, tenta-
ros, em suas devidas áreas, ajudaram e muitos ainda mos com todas as dificuldades, que são outras nestes
ajudam a desenvolver a irmandade de Narcóticos Anôni- tempos, levar essa mensagem, por acreditar que exis-
mos no Brasil. Sabemos que ainda temos muito traba- tem muitos de nós ainda usando drogas e que não sa-
lho por fazer, nossos líderes ainda podem não ter che- bem que existe Narcóticos Anônimos. Deixamos aqui
gado entre nós. Temos certeza que muitos passam ho- toda nossa gratidão a cada um de vocês, por cada
ras em seus carros ou ônibus, acompanhados de um ou membro, por cada reunião a mais, por cada grupo a
mais companheiros para fortalecer um grupo no interi- mais, por cada CSA a mais, por cada Região a mais, por
or, ou um grupo distante dos demais. Sabemos que nos ajudarem a ser a terceira maior comunidade de
muitos de nós passam dias em barcos, apenas para Narcóticos Anônimos no Mundo, por ser o único País
levar a literatura para estes grupos remotos. Trocamos que traduz a literatura para seu próprio idioma! Só nos
informações com outras áreas para que possamos me- resta a gratidão e o nosso MUITO OBRIGADX a todos
lhorar a comunicação e serviço na nossa área. Planeja- vocês servidores e membros que construíram e cons-
mos, executamos e tentamos dar o nosso melhor, sim troem nossa história.
nós também sabemos dos desentendimentos e trope-
Em homenagem aos queridos companheiros.....
ços nestes caminhos. Nossos mais antigos companhei-
ros levavam meses para se reencontrarem em reuniões Armando Tofanelo (In memoriam)
de serviços, e esse momento era único, era o momento
onde o futuro da irmandade no Brasil se tornava viável, Zé Pedro (In memoriam)