Monitoramento de Água
Monitoramento de Água
Monitoramento de Água
(2020)
L. S. CINTRA1, C. R. DE OLIVEIRA2, B.B.P COSTA3, D.A. COSTA4, V.P.S. OLIVEIRA5, T.M.R. ARAÚJO6
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense
luanascintra32@gmail.com1
RESUMO
A demanda atual por mecanismos de gestão de recursos localizado no Baixo Paraíba do Sul, na localidade de
hídricos que considerem a quantidade e qualidade das Martins Lage, município de Campos dos Goytacazes-RJ,
águas tem sido prioridade, já que se trata de um recurso de forma a verificar se a qualidade da água do referido
de extrema importância à manutenção da vida e à ponto está de acordo com o enquadramento concedido
continuidade das atividades econômicas. A Bacia ao trecho do rio em questão. Para isso, foram realizadas
Hidrográfica do rio Paraíba do Sul é responsável pelo coletas ao longo de todo o ano, entre o período de 2015
abastecimento de milhões de pessoas e indústrias ao a 2018. As análises foram realizadas no Laboratório de
longo dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Análise e Monitoramento das Águas, do Polo de Inovação
Janeiro. Devido a sua importância, é necessário o Campos dos Goytacazes. Com os resultados obtidos, foi
monitoramento contínuo visando verificar se suas águas possível observar variações significativas ao longo dos
estão adequadas para seus múltiplos usos e para manter anos em cinco dos nove parâmetros avaliados, porém,
a sua qualidade ecossistêmica. Nesse contexto, o objetivo em sua maioria, eles se encontram dentro da
principal do presente trabalho foi analisar alguns classificação do trecho (água doce/classe III) segundo
parâmetros de qualidade de água em um ponto do rio legislação vigente.
1 INTRODUÇÃO
A crescente demanda por água em quantidade e qualidade adequadas tem sido um dos
grandes problemas da sociedade atual. O Brasil é considerado um país privilegiado quanto à questão
hídrica, porém fatores como a diminuição de matas ciliares, despejo de efluentes domésticos,
industriais e agrícolas têm ocasionado a depreciação da qualidade desse recurso em nosso país.
Diante da importância econômica e biológica da água, é necessário que se busque mecanismos de
gestão eficazes de modo a garantir seu uso eficiente e sustentável (Cavalcanti, 2016).
A Lei 9.433 de 1997, conhecida como Lei das Águas, trouxe as diretrizes para a gestão dos
recursos hídricos instituindo a Política Nacional dos Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos. Entre as diretrizes estabelecidas estão a gestão sistemática
dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos quantidade e qualidade e, também, a
integração da gestão das águas com a gestão ambiental. Os planos de recursos hídricos e seus
enquadramentos em classes segundo os usos preponderantes são instrumentos dessa norma. Esse
enquadramento tem o objetivo de assegurar às águas qualidade compatível com seus usos mais
exigentes, de modo a garantir a utilização das mesmas para as atividades diversas associadas à
manutenção da sua qualidade (Brasil,1997; Gonçalves, 2016).
A qualidade da água é definida por sua composição e pelo conhecimento do efeito que seus
constituintes podem causar no meio ambiente e, consequentemente, na saúde dos seres humanos.
Os diferentes usos da água exigem diferentes padrões de qualidade. Nesse sentido, a Resolução
nº 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) traz as diretrizes para a realização
do enquadramento dos corpos hídricos, onde a água doce é dividida em Classe Especial, Classe I,
Classe II, Classe III e Classe IV. Com efeito que, quanto maior o número da classe, menos restritivo
é o uso a que ela pode se destinar.
A Conjuntura de Recursos Hídricos é um documento, produzido anualmente pela Agência
Nacional das Águas (ANA), que se configura como uma referência para acompanhamento
sistemático e periódico das estatísticas e indicadores relacionados aos recursos hídricos no Brasil.
Ele apresenta detalhadamente os principais usos, consuntivos ou não consuntivos, dos recursos no
país, assim como aspectos relacionados à gestão (ANA, 2018a). A ANA também é responsável pela
coordenação da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), possuindo um sistema que abriga
atualmente 4.641 pontos de monitoramento no país, divididos em estações que monitoram
parâmetros relacionados aos rios, como níveis, vazões, qualidade da água e transporte de
sedimentos, e outras estações que monitoram principalmente as chuvas (ANA, 2018b).
O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) realiza o monitoramento qualitativo e quantitativo,
a nível estadual, com vistas a obtenção de informações necessárias para o manejo adequado dos
ecossistemas aquáticos do Estado do Rio de Janeiro. O Instituto vem realizando o monitoramento
de rios, reservatórios, lagoas costeiras, baías e praias do Estado desde a década de 70 do século XX,
possuindo atualmente 374 corpos hídricos monitorados por 610 estações de monitoramento (INEA,
2018). Ou seja, a realização de ações de monitoramento de corpos hídricos, visando verificar se suas
águas estão adequadas para seus múltiplos usos e para manter a sua qualidade ecossistêmica, é de
extrema importância.
A Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul (Figura 1) está localizada no sudeste brasileiro e
percorre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Possui extrema importância tanto
economicamente quanto na manutenção do abastecimento hídrico de milhões de pessoas. O
desenvolvimento diversificado e a acentuada expansão demográfica em torno da bacia têm sido
agravantes que afetam a qualidade de seus recursos hídricos (Demanboro, 2015). Para sua gestão
foi instituído o Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP). O último
enquadramento foi instituído pela Portaria GM/086 do Ministério do Interior (04/06/1981), onde o
rio Paraíba do Sul foi enquadrado como água doce/Classe III da cidade de Campos dos Goytacazes
até a sua foz (Facioli; Bezerra, 2015).
O CEIVAP é responsável pela produção de cadernos de ações com diretrizes para gestão dos
recursos hídricos que contempla área de abrangência - GT-FOZ, analisada neste estudo. Segundo o
comitê, a tendência de concentração populacional pode ser um fator de aumento de poluição na
bacia. No tocante ao uso e ocupação do solo, observa-se uma situação precária em termos de
distribuição percentual das florestas nos seus municípios com predominância de campos e
pastagens. São usados sete recortes temáticos para as ações de melhoria quali-quantitativa na área
de atuação do GT-FOZ que são redução de cargas poluidoras, aproveitamento e racionalização de
uso dos recursos hídricos, drenagem urbana e controle de cheias, planejamento de recursos
hídricos, projetos para ampliação da base de dados e informações, plano de proteção de mananciais
e sustentabilidade no uso do solo e ferramentas de construção da gestão participativa.
O Plano de Aplicação Plurianual, aprovado pelo CEIVAP na Deliberação nº 237/2016,
destinou R$ 40 milhões para investimentos em ações voltadas ao saneamento no período de 2017
a 2020. Ainda que o CEIVAP mantenha ações voltadas a melhoria da qualidade da água, é destinada
aos entes federativos União, Estados e Municípios, segundo a Constituição Federal de 1988, a
atribuição de desenvolverem programas de saneamento básico (FUNDAÇÃO COPPETEC, 2007).
De acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos o enquadramento é um instrumento
que deve ser proposto pela Agência de Bacia e aprovado pelo seu respectivo Comitê de Bacia
Hidrográfica. A discussão a respeito do processo de atualização do enquadramento é parte
integrante do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul, onde se discute
os prós e contras da atualização, com ênfase nos prováveis impactos financeiros de investimentos
em recuperação e preservação dos recursos hídricos da bacia (Facioli; Bezerra, 2015).
Nesse contexto, o principal objetivo do presente trabalho foi analisar alguns parâmetros de
qualidade da água em um ponto do rio Paraíba do Sul, no trecho Baixo Paraíba, na localidade de
Martins Lage, município de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, entre 2015 e 2018,
e comparar os resultados encontrados com a Resolução CONAMA nº 357 de 2005 e com o
enquadramento dado ao mesmo através da portaria nº 86 de 04 de junho de 1981.
2 METODOLOGIA
Figura 2: Local onde as coletas foram realizadas (Google Earth Pro; 2019).
No dia de cada amostragem foi feita uma média da vazão do rio utilizando dados desse
parâmetro obtidos no sítio eletrônico da Agência Nacional das Águas (ANA) por meio do portal
HidroWeb. Os dados utilizados para o procedimento foram os da Estação nº 5897400, localizada no
município de Campos dos Goytacazes-RJ. Ao final de cada ano, uma média anual, considerando
apenas os dias de coleta, foi obtida.
35,0 oC, respectivamente. Os dados de coliformes termotolerantes foram obtidos a partir dos
resultados de Escherichia coli e cálculo de conversão proposto pela CETESB (2018). De acordo com
o relatório de Qualidade das Águas Interiores no Estado de São Paulo, Apêndice D, multiplicando-
se o valor de E. coli por 1,25 chega-se à estimativa, em número mais provável por 100 mL, de
coliformes termotolerantes para a mesma amostra.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Visando verificar a presença de diferenças significativas entre as médias encontradas para
cada parâmetro nos anos avaliados no presente estudo foi realizada a análise de variância (ANOVA),
seguido, caso necessário, do teste de média de Scheffe. Na Tabela 1 podem ser observadas as
médias de cada parâmetro nos diferentes anos avaliados, a estimativa do desvio padrão (s) para
cada caso e o p-valor do teste de ANOVA de um fator ao nível de significância de 0,05 (probabilidade
de erro de 5 %). Observa-se ainda letras sobrescritas ao lado das médias, no caso em que o p-valor
do teste de ANOVA é menor que 0,05, o que mostra diferença significativa entre as mesmas. Essas
letras indicam os resultados encontrados no teste de Scheffe. Dessa forma, médias com as mesmas
letras são estatisticamente iguais, ao nível de significância de 0,05, enquanto que, médias com letras
distintas são estatisticamente diferentes. Por último, ainda na Tabela 1, encontram-se os valores
médios de vazão do rio nos anos de 2015 a 2018.
Tabela 1: Médias e estimativas do desvio padrão (s) dos parâmetros analisados entre os anos de 2015 a 2018 e o
p-valor para o teste de ANOVA realizado.
Salinidade (‰) 0,0317a 0,0050 0,0259b 0,0030 0,0262a,b 0,0010 0,0301a,b 0,0050 0,0102
OD (mg L-1) 7,40a 0,62 4,66b 1,22 5,90a,b 0,75 4,82b 2,67 0,00602
Coli. totais
>2419,6 - >2419,6 - >2419,6 - >2419,6 - -
(NMP/100 mL)
Escherichia coli
546,40 693,40 476,68 585,78 57,00 31,76 596,66 737,45 0,369
(NMP/100 mL)
Coli. term.
683,04 866,75 595,85 732,22 71,25 39,70 745,83 921,81 0,369
(NMP/100 mL)
Vazão do riok
341 210 464 435 235 433 379 428 -
(m3 s-1)
Onde: Temp.=Temperatura; STD=Sólidos totais dissolvidos; OD=Oxigênio dissolvido; Coli. totais=Coliformes totais; Coli.
term.=Coliformes termotolerantes; xn=12; yn=6; kMédia anual da média do dia de amostragem; wNível de significância
de 0,05;a,bIndicam os resultados do teste de média de Scheffe, letras iguais significam médias iguais ao nível de
significância de 0,05 e letras distintas mostram médias diferentes.
Verifica-se ainda com auxílio da Tabela 2 que os valores para Escherichia coli e coliformes
termotolerantes são bem menores no quadriênio 2015-18 o que, considerando esses parâmetros,
indica uma melhoria na qualidade da água do rio Paraíba do Sul na região estudada. Possivelmente
essa diminuição vem ocorrendo devido ao aumento na coleta e tratamento de esgoto doméstico na
bacia hidrográfica do rio. O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) mostra que
entre os anos de 1991 a 2000, o município de Campos dos Goytacazes não possuía tratamento de
efluentes domésticos, mesmo com a presença de uma rede coletora de esgoto que contemplava
30,35% dos domicílios. No ano de 2004, na cidade, o tratamento teve uma abrangência de
296 m3/ano, já em 2018 tratava 11.899,34 m3/ano, com uma rede coletora de 57,1% das
residências.
A concentração de oxigênio dissolvido foi menor no mesmo quadriênio (2015-18) o que
indica uma piora na qualidade da água frente a esse parâmetro. Essa diminuição pode ter sido
observada, por exemplo, devido a um aumento na concentração de matéria orgânica, também da
temperatura média e o decréscimo na vazão/volume do rio o que o torna menos lótico e diminui o
seu poder de depuração. O aumento da condutividade e da salinidade no quadriênio 2015-18
também é um fator negativo com relação à qualidade da água, pois indica o aumento de espécies
dissolvidas e mostra um acréscimo na salinização do corpo hídrico.
Com os resultados obtidos no presente estudo, foi possível também realizar os cálculos de
mediana, quartis e amplitude interquartílica para cada parâmetro avaliado durante os anos de 2015
a 2018 (Figura 3 a Figura 7). Nessas figuras é possível observar as variações dos resultados e também
a presença de pontos com resultados mais discrepantes em relação à mediana, chamados de
outliers. Os dados apresentados nas mesmas, serão comparados com trabalhos científicos similares
e à Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA nº 357/2005 para verificar se a
água do ponto de coleta encontrava-se dentro do enquadramento que lhe foi conferido, água
doce/classe III, segundo a portaria nº 86 de 04 de junho de 1981.
Os valores de salinidade são importantes para a definição do recurso hídrico como de água
doce, salobra ou salgada. Quando a salinidade é igual ou inferior a 0,5‰, considera-se o mesmo de
água doce, como de águas salobras, quando a salinidade for superior a 0,5‰ e inferior a 30‰ e,
como águas salgadas, os que possuem salinidade superior a 30‰. Os dados encontrados para esse
parâmetro (Figura 3) mostraram valores sempre abaixo de 0,5‰, ou seja, o corpo hídrico avaliado
é considerado de água doce no ponto analisado. O ano de 2015 apresentou os maiores valores de
salinidade, média de 0,0317‰, assim como a maior variação dos dados, de 0,0240 a 0,041‰, com
amplitude interquartil, diferença entre o primeiro e terceiro quartil, de 0,009‰. Esses últimos
valores evidenciam maior dispersão dos dados de salinidade para esse ano.
Figura 3: Boxplots para os parâmetros (a) salinidade (‰) e (b) condutividade (µs cm -1) em cada ano estudado.
biológicas aquáticas, como também prejudicar os usos domésticos, recreacional e industrial dos
recursos hídricos (CETESB, 2016).
De acordo com a CONAMA nº 357/05, o limite máximo estabelecido para sólidos totais
dissolvidos para corpos hídricos de água doce e classe III é de 500 mg L-1. Os valores encontrados
nas análises (Figura 4) se apresentam dentro dos limites preconizados, sendo possível observar uma
distribuição assimétrica entre os anos. Observa-se ainda, que o ano de 2018 apresentou a maior
média para STD entre os anos avaliados (44,79 mg L-1), porém a maior variação de distribuição dos
resultados, de 32,38 a 50,01 mg L-1 (máximo e mínimo), e maior amplitude interquartil, de
10,23 mg L-1, foram encontrados no ano de 2015 (Figura 4 e Tabela 1). Mostrando maior dispersão
dos resultados para STD nesse ano.
Figura 4: Boxplots para os parâmetros (a) sólidos totais dissolvidos (mg L-1) e (b) turbidez (UNT) em cada ano
estudado.
Com relação à turbidez, o limite estabelecido pela CONAMA nº 357/05 para esse parâmetro,
em corpos hídricos de água doce e enquadrados como classe III, é de até 100 UNT. Desta forma,
pode-se observar que a maioria dos valores encontrados nas análises se apresenta dentro do limite
preconizado para a classificação especificada (Figura 4). Os resultados apresentam-se de maneira
assimétrica, em que é notável a disparidade entre as medianas de cada ano. O ano de 2017
apresentou a menor média entre os avaliados, igual a 11,0 UNT, como pode ser observado na Tabela
1. Foi possível verificar no ano de 2015 dois outliers (33 e 74 UNT). Em 2016 ocorreu a maior
dispersão dos dados obtidos, visto a diferença entre os valores máximo e mínimo encontrados (118
a 5,8 UNT), com uma amplitude interquartil de 45,7 UNT, assim como a maior média de vazão entre
os anos estudados (464 m3 s-1).
As análises referentes ao pH também se mostraram assimetricamente distribuídas
(Figura 5). O ano de 2017 apresentou a menor variação de distribuição dos dados, de 0,5 entre os
valores máximo e mínimo, possuindo uma amplitude interquartil de 0,18. O ano de 2018 apresentou
a maior variação de distribuição dos dados, com valores máximo e mínimo de 8,4 e 7,2,
respectivamente, amplitude de 0,4 e um ponto discrepante dos demais no valor de 8,8. A CONAMA
nº 357/05 preconiza o valor de pH de 6,0 a 9,0 para enquadramento em todas as classes de água
doce. Constata-se, desta forma, que os resultados encontrados estavam adequados ao preconizado.
Embora se tenha valores discrepantes nos anos 2015, 2016 e 2018 (6,5; 7,6 e 8,8), os mesmos não
Figura 6: Boxplots para os parâmetros (a) temperatura (°C) e (b) oxigênio dissolvido em cada ano estudado.
provavelmente, a água do ponto coletado poderia ter sido utilizada para o uso mais restritivo, uma
vez que, para todos os anos estudados, ao menos 75 % dos resultados encontrados estão abaixo de
1000 NMP/100 mL. Vale ressaltar ainda que, segundo a Resolução CONAMA nº 357/05, a água
doce/classe III pode ser destinada ao abastecimento para consumo humano somente após
tratamento convencional ou avançado, uma vez que, para esse uso, segundo a Portaria nº
2914/2011 do Ministério da Saúde, esses microrganismos devem estar ausentes. Desta forma, como
os coliformes termotolerantes sempre estiveram presentes nas amostras coletadas, a água do
ponto em questão não deve ser usada para consumo humano direto.
A CONAMA nº 357/05 estabelece que os valores de E. coli podem ser utilizados em
substituição ao parâmetro “coliformes termotolerantes” de acordo com os limites estabelecidos
pelo órgão ambiental competente. Os valores encontrados de E. coli (Figura 7), ao longo dos anos
estudados, mostraram uma distribuição assimétrica, apresentando alguns valores discrepantes em
todos os anos analisados. A maior variação de distribuição dos dados entre valor máximo e mínimo
foi encontrada no ano de 2018 (1.299,7 a 14,5 NMP/100mL). Os valores encontrados para
coliformes totais foram acima de 2.419,6 (NMP/100mL) em quase todas as amostras, sendo
encontrada apenas em uma coleta, no ano de 2016, o valor discrepante de 579,4 (NMP/100 mL).
Na legislação utilizada para comparação dos parâmetros de enquadramento, não há referência aos
valores limites de coliformes totais.
4 CONCLUSÕES
Considerando-se os parâmetros físico-químicos e microbiológicos que foram contemplados
no presente trabalho, na maior parte do período avaliado, a qualidade da água do ponto do rio
Paraíba do Sul estudado está de acordo com o enquadramento indicado na Portaria GM/086 do
Ministério do Interior (04/06/1981), ou seja, água doce/classe III. Porém, medidas como:
reflorestamento das matas ciliares e o aumento da coleta e do tratamento dos esgotos domésticos
e industriais ao longo de toda a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul devem ser sempre almejadas
visando a melhoria da qualidade da água desse importante corpo hídrico brasileiro.
A vazão do rio foi um fator que influenciou os valores obtidos para os parâmetros salinidade,
condutividade e turbidez.
Para a maioria dos parâmetros contemplados no trabalho foi observado diferença
significativa entre os valores médios obtidos nos anos avaliados.
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SOBRE OS AUTORES
L. S. CINTRA
Mestranda em Engenharia Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense
(IFF). E-mail: luanascintra32@gmail.com
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0003-4323-7879
C. R. DE OLIVEIRA
Mestranda em Engenharia Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense
(IFF). E-mail: carolnunes.1985@gmail.com
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0003-4029-2880
B.B.P COSTA
Engenharia Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF). E-mail:
brunabarbosapinheiro9@gmail.com
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-5408-0080
D.A. COSTA
Engenheiro de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente formado pela Universidade Federal Fluminense - UFF,
Mestre em Sensoriamento Remoto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Doutorando em
Planejamento Ambiental no Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ. E-mail:
david.costa@iff.edu.br
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0003-1814-5892
V.P.S. OLIVEIRA
Engenharia de Agrimensura pela Universidade Federal de Viçosa, mestrado em Produção Vegetal pela
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; doutorado em Engenharia Agrícola pela
Universidade Federal de Viçosa. E-mail: vicentepsoliveira@gmail.com
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-5981-0345
T.M.R. ARAÚJO
Licenciatura em Química pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Mestrado e
Doutorado em Ciências Naturais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. E-mail:
taraujo@iff.edu.br
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0003-2512-9743