Biomecanica
Biomecanica
Biomecanica
Biomecânica
aplicada ao esporte
e à atividade física
Prof. Ms. Roberto Bianco
Profª. Dra. Carina Helena Wasem Fraga
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 03
CONCEITOS GERAIS 04
TECIDO ÓSSEO 07
CARTILAGEM ARTICULAR 11
FIBROCARTILAGEM 16
LIGAMENTO E TENDÃO 18
TECIDO MUSCULAR 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS 32
REFERÊNCIAS 33
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
INTRODUÇÃO
A Medicina do Esporte é uma área de atuação na
qual as indesejáveis lesões associadas à prática de
modalidades esportivas são discutidas e investigadas Com base no exposto anteriormente, o objetivo do
com duas finalidades: prevenir o seu surgimento e módulo de Biomecânica é analisar as características
realizar o seu tratamento mais eficiente que permita o de resposta mecânica das diferentes estruturas e
retorno seguro à modalidade em questão (CANAVAN, tecidos do aparelho locomotor para entender de que
2001). forma as lesões em geral podem ser prevenidas.
Ao final deste módulo o leitor deverá ser capaz de
A biomecânica é uma disciplina que estuda, identificar e controlar as variáveis que aumentam
investiga e analisa o movimento humano usando a a probabilidade de uma lesão se instalar e ainda
física, particularmente a mecânica, como ferramenta conhecer as formas nas quais os tecidos podem ter
para esta análise. No movimento humano, o sua resistência aumentada para minimizar os efeitos
aparelho locomotor é constantemente submetido da prática de uma modalidade para o surgimento de
a forças produzidas pelos músculos do corpo e lesões.
recebidas pela interação do corpo com os objetos.
Neste sentido é importante entender o efeito destas
forças para que possamos garantir a integridade do
aparelho locomotor e o aumento da sua resistência
às forças impostas sobre ele. Por isso, o objetivo da
biomecânica é prevenir o surgimento de lesões e
melhorar o rendimento e a eficiência do movimento.
Prevenir o surgimento de lesões implica em conhecer
a característica dos movimentos, de que forma os
mesmos irão sobrecarregar o aparelho locomotor,
conhecer a resistência e a característica de resposta
mecânica das estruturas do corpo e conhecer os
efeitos das diferentes solicitações mecânicas sobre
as estruturas do corpo (AMADIO e DUARTE, 1996).
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
CONCEITOS GERAIS
As estruturas a serem investigadas em A compressão é uma solicitação mecânica que
Biomecânica Interna serão: tecido ósseo, cartilagem envolve duas forças aplicadas na mesma direção e
articular, fibrocartilagens, ligamentos, tendões e de sentidos opostos, no sentido do centro do objeto.
tecido muscular. Para adequadamente compreender A compressão tem como principal característica a
as respostas dos materiais biológicos, inicialmente é aproximação que gera o esmagamento do material
necessário saber os tipos de forças que podem ser que constitui a estrutura. Sobre o aparelho locomotor,
aplicados sobre estas estruturas. As estruturas do um exemplo de força compressiva é aquela que o
aparelho locomotor podem ter alguns tipos diferentes disco intervertebral sofre quando transportamos uma
de forças aplicadas sobre elas. Estas forças diferentes carga nos braços.
se chamam solicitações mecânicas. As solicitações
mecânicas podem ser de vários tipos: compressão, A tração ou tensão é uma forma semelhante de
tração, flexão, deslizamento e torção (Figura 1) solicitação mecânica à compressão. Ela também
(HALL, 2009). envolve duas forças aplicadas na mesma direção e
Figura 1: Tipos diferentes de forças às quais os materiais podem ser impostos. Adaptado de HALL (2009).
de sentidos opostos, só que neste caso, as forças tração com uma força de compressão, sendo que a
tendem a afastar o material do objeto. Um exemplo compressão ocorre no sentido de aplicação da força
de força de tração seria o que os nossos tecidos que produz a flexão. Um exemplo de força de flexão
sofrem quando nos penduramos numa barra. A sobre as estruturas do corpo pode ser obtido a partir
gravidade nos puxa para baixo, enquanto a barra nos de uma posição sentada, quadril em flexão de 90º
traciona para cima com mesma magnitude de força, com os joelhos estendidos, em que uma caneleira no
mesma direção e sentido oposto. tornozelo produz uma força de flexão sobre a tíbia e
o fêmur. Se o segmento membro inferior fosse menos
A flexão ou envergamento é uma solicitação rígido, como, por exemplo, um macarrão de piscina
mecânica na qual a estrutura sofre forças que notar-se-ia o envergamento sob a ação da caneleira.
tentam dobrar a estrutura. A flexão pode ocorrer por
ação de uma ou mais forças externas, geralmente O deslizamento ou cisalhamento é uma força
transversais à estrutura. Uma força de flexão tangencial que ocorre entre duas superfícies de forma
caracteriza-se por ser a associação de uma força de que uma das estruturas se desloca em contato com a
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outra estrutura, ou as duas estruturas se deslocam e resposta que pode ser extrapolada para situações de
nesta condição em sentidos opostos. O deslizamento realização de movimentos complexos e em associação
é uma solicitação mecânica que ocorre em situações com os demais tecidos corporais.
de movimento articular, no qual os ossos se deslocam
em contato um com o outro. Como exemplo, pode- Em todas as modalidades diversas estruturas
se citar o atrito que ocorre entre os dois ossos em do aparelho locomotor estão sujeitas a lesões,
função do deslizamento, mesmo que em situações que exigem a interrupção do treinamento para
articulares, esse atrito seja baixo. seu tratamento, o que piora do rendimento na
modalidade. A prevenção do surgimento de lesões
A torção é uma solicitação que ocorre de forma depende da estrutura em questão e da característica
tangencial em rotação na estrutura, na qual uma força de solicitação mecânica desta modalidade. Portanto,
ou duas forças externas são aplicadas em sentidos em cada modalidade observam-se lesões específicas
opostos. Como conseqüência desta rotação, ocorre sobre diferentes estruturas do aparelho locomotor.
uma aproximação, um achatamento do material. Um Contudo, de forma geral, é possível identificar
exemplo de solicitação mecânica em torção é o que elementos em comum associadas ao surgimento de
ocorre no disco intervertebral quando realizamos algumas lesões, como a magnitude da carga aplicada
uma rotação na coluna. A torção da coluna produz no movimento e a freqüência da carga aplicada ao
uma rotação no disco e a aproximação da estrutura, longo da prática da modalidade (Figura 2).
ou seja, uma compressão.
De forma simplificada, pode-se observar que a
Em situação de realização do movimento humano, probabilidade em desenvolver uma lesão depende
observa-se nas diferentes estruturas do aparelho em primeira instância da magnitude da carga e da
locomotor a aplicação das solicitações mecânicas freqüência da carga aplicada. Portanto, se a magnitude
distintas, mas em algumas situações observa-se a da carga ou a intensidade for alta, a quantidade
combinação de mais de uma força sobre algumas de vezes que esta carga poderá ser aplicada com
estruturas. Cada movimento específico terá
características diferentes de solicitações mecânicas
e para saber o efeito que estas solicitações terão
sobre as estruturas do corpo, é importante conhecer
a resposta que cada uma apresenta mecanicamente
(NORDIN e FRANKEL, 2003). Para conhecer estas
respostas mecânicas, é necessário analisar cada
estrutura separadamente e para isso é comum
a utilização de teste mecânicos que envolvem
máquinas capazes de produzir estas forças distintas
em magnitude progressivamente maior até o ponto
de falência deste tecido. Por exemplo, um pedaço
de osso pode ser submetido a um teste destes
em compressão para analisar o efeito que esta
compressão produzirá sobre o osso. É certo que
existe diferença na resposta de um osso em interação
com as outras estruturas corporais ou separados e
Figura 2: Análise da probabilidade de uma estrutura corporal
analisados isoladamente. Contudo, a intenção neste sofrer uma lesão, em função de duas variáveis: (1) magnitude
tipo de analise é compreender a característica da de carga ou intensidade e (2) freqüência de carga ou volume.
Adaptado de HALL (2009).
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segurança será menor do que com uma carga mais Um exemplo de carga alta é a observada na
baixa. Por outro lado, se esta carga alta for aplicada magnitude do impacto durante o salto. No salto vertical,
excessiva quantidade de vezes, a probabilidade em o impacto pode ser medido por meio da plataforma
desenvolver uma lesão será maior (HALL, 2009). Isso de força que por sua vez mede a componente vertical
não é garantia de que a lesão ocorrerá, pois a mesma da Força de Reação do Solo. O impacto medido pode
ainda depende de uma série de fatores, como: a ser relativizado em função do peso corporal (PC),
característica e tipo de carga, a estrutura do aparelho correspondendo a uma magnitude de força que pode
locomotor em questão, a resistência do tecido em chegar até aproximadamente 7 PC (ACQUESTA et al.,
função do nível de condicionamento do indivíduo e 2007). Um impacto desta magnitude é o que pode ser
outros fatores mais. observado no salto vertical na execução da bandeja
no basquete. Este impacto não é excessivamente alto
As lesões podem ser de dois tipos: lesões agudas e a ponto de ultrapassar a capacidade de tolerância
lesões crônicas. As lesões agudas, também conhecidas dos nossos tecidos, mas certamente é mais alto que
como lesões traumáticas, são aquelas nas quais a o impacto observado na corrida, 2 a 3 PC (BIANCO,
magnitude da força aplicada é tão alta, que com 2005). Por isso, a quantidade de saltos ao qual um
apenas uma aplicação desta força pode ocorrer a sujeito é imposto deve ser controlada. Seguramente,
lesão. A magnitude da força ultrapassa a capacidade do a quantidade de impactos de uma atividade como
tecido de tolerar esta força causando a lesão. Exemplos o basquete deverá ser menor do que a quantidade
dessas lesões são as observadas em acidentes de uma de impactos aplicados durante uma prova de corrida
forma geral. Em quedas de alturas excessivamente de rua. Isso não significa que cargas de menor
altas, a magnitude da força será alta o suficiente para magnitude como as da corrida não possam promover
promover uma fratura, por exemplo. Já nas lesões lesões. As cargas, relativamente, baixas de impacto
crônicas, também conhecidas como lesões por esforços na corrida tornam mais fácil que o nosso corpo
repetitivos, a magnitude da carga não é alta o suficiente assimile a sobrecarga de um treinamento de corrida
para promover uma lesão com apenas uma aplicação, de rua. Porém se uma quilometragem muito alta for
mas lesão ocorre por causa da quantidade de vezes empregada durante o treinamento, em relação ao
que esta carga é aplicada. A cada aplicação da carga, nível de condicionamento do sujeito, a probabilidade
certa quantidade de microtrauma é produzido, que de adquirir uma lesão irá aumentar bastante.
individualmente não representa risco, mas em conjunto
os efeitos das forças podem se somar e causar a lesão. É claro que uma pessoa bem condicionada tolera
A somatória das forças aplicadas sobre o aparelho uma sobrecarga muito maior que uma pessoa
locomotor é denominado de sobrecarga. A sobrecarga descondicionada, devido às alterações adquiridas
de uma atividade física por si só não é maléfica ao nos tecidos, que tornaram este tecido mais resistente
corpo humano, pois em condições adequadas, os a magnitudes carga e a volumes de carga maiores.
microtraumas produzidos sob o efeito da sobrecarga Por isso, genericamente, pode se considerar que
dos treinamentos será regenerada e ainda servirá de cargas altas ou baixas quando aplicadas excessiva
estímulo para que a resistência deste tecido aumente quantidade de vezes sem oferecer tempo suficiente
gradativamente. Contudo, quando a sobrecarga é alta, de recuperação, pode aumentar significativamente a
o tempo de recuperação necessita ser maior e caso probabilidade de se adquirir uma lesão.
ele não seja, a recuperação incompleta poderá ser
somada à nova sobrecarga do treinamento seguinte. Certamente outros fatores também interferem no
Se esse processo ocorrer por muitas vezes, fará com surgimento de lesões, mas estes fatores dependem
que a resistência do tecido diminua deixando-o mais da estrutura em questão, da característica da
suscetível a uma lesão. força aplicada e de outros fatores que se somam
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São muitos os fatores que interferem na resposta mecânicas muito comuns na natureza, em função da
mecânica do tecido ósseo, conforme descrito força exercida pela gravidade.
anteriormente. Dentre estes fatores se encontram:
o tipo de solicitação mecânica (compressão, tração Contudo, o intrigante é a baixa resistência que
ou flexão), a quantidade de massa óssea como pode ser observada em forças tangenciais, como,
conseqüência da aplicação regular de carga ou por exemplo, em forças de cisalhamento ou flexão.
da sua ausência e outros fatores como a fase Estas solicitações mecânicas são bastante comuns na
maturacional do osso (criança, adulto e idoso), o natureza trazendo certo risco à integridade do tecido
tipo de osso (cortical ou trabecular), entre outros. ósseo. Por exemplo, na locomoção, marcha e corrida,
Para poder prevenir o surgimento de lesões crônicas é possível observar forças de compressão, de tração
no tecido ósseo, que neste tecido são conhecidas e forças tangenciais (NORDIN e FRANKEL, 2003). Um
como fraturas por estresse, é necessário entender os mecanismo importante para prevenir que estas forças
efeitos que alguns destes fatores exercem sobre o indesejáveis possam trazer dano ao tecido ósseo é a
osso (AMADIO e BARBANTI, 2000). ação muscular. Este mecanismo de proteção pode ser
exemplificado por meio da modalidade esqui na neve
(Figura 5).
A resistência do osso sofre grande interferência Figura 5: Ilustração da ação muscular capaz de promover proteção
ao tecido ósseo. (A) Força de flexão gerada por suposta queda
do tipo de solicitação mecânica imposta sobre ele. que esquiador está vivenciando. (B) Ação muscular neutralizando
A Figura 4 ilustra a magnitude máxima de estresse a força de flexão e transformando-a em uma força puramente
compressiva por meio da sua contração. Adaptado de NORDIN e
que um osso tolera até a fratura sob a ação de uma FRANKEL (2003).
compressão, uma tensão ou tração e uma força
de cisalhamento (força tangencial). Observa-se
que a magnitude de força tolerada em compressão
apresenta-se muito superior às magnitudes de
forças nas outras solicitações. Isso significa que o
tecido ósseo de seres humanos é mais resistente a
forças compressivas, que por sinal são solicitações
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CARTILAGEM ARTICULAR
A cartilagem articular hialina é um tecido que
reveste as extremidades dos ossos que compõem
uma articulação sinovial (Figura 8). É por meio do
deslizamento das cartilagens articulares dos ossos,
que os movimentos articulares ocorrem. A cartilagem
articular é uma estrutura pela qual não passam
vasos sanguíneos ou vasos linfáticos e também
não apresenta inervação. Por conta disso, pode-
se considerar que a cartilagem está relativamente
isolada das demais estruturas do corpo e esse fato
traz conseqüências à manutenção da integridade
Figura 7: Curva de estresse deformação de vértebras de macacos
submetidos à imobilização em comparação com vértebras deste tecido. As funções da cartilagem articular são
normais. Adaptado de NORDIN e FRANKEL (2003). de diminuir o estresse mecânico e o atrito entre
os ossos em interação. A cartilagem articular é um
A redução da massa óssea pode também predispor tecido altamente deformável e com grande teor de
à fratura por estresse em praticantes de diversas água (60 a 85%). Isso significa que sob compressão,
modalidades físicas, seja em nível competitivo ou ocorre a saída de certa quantidade de água, trazendo
amador. Os praticantes de corrida de fundo são os que como conseqüência uma deformação na estrutura
maior incidência de fratura por estresse apresentam que aumentará a área de contato entre os ossos.
nos ossos do pé (HURWITZ, 2001). Uma vez que a Por sua vez, a área de contato aumentada distribui
característica da corrida de fundo é intensidade baixa melhor a força aplicada sobre ela, reduzindo assim a
de força compressiva na forma de impacto (BIANCO, pressão ou o estresse mecânico entre as estruturas.
2005) e alto volume (sessões de treinamento e Ao mesmo tempo, a superfície extremamente lisa da
freqüência semanal de treino), isso significa que cartilagem articular e banhada por líquido sinovial,
a fratura está muito mais associada ao volume do promove um atrito mínimo, que é importante para
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Figura 11: Representação do mecanismo de resposta relacionado ao efeito de relaxamento ao estresse que a cartilagem apresenta
quando uma carga compressiva é aplicada sobre a mesma. Adaptado de NORDIN e FRANKEL (2003).
No exemplo (Figura 11), na condição inicial (t estrutura e o estresse interno diminuiu e também
= 0) observa-se um pedaço de cartilagem com alto encontrou um equilíbrio, porém num patamar mais
teor de água uniformemente disposto na estrutura alto do que na condição inicial, como mostra a figura
e representado pelas linhas horizontais. Com a 12 (NORDIN e FRANKEL, 2003).
aplicação da carga compressiva (A e B), ocorrerá
a saída de fluido da estrutura e a região superficial
da cartilagem será compactada e se encontrará sob
grande estresse (Figura 12, momentos A e B). O
fluido será preferencialmente perdido pela superfície,
pois é ela que se encontra com a face voltada para
o espaço intra-articular. A região profunda está em
contato com o osso, portanto não há a possibilidade
da perda de fluído para este lado. Na condição B,
a máxima deformação objetivada no exemplo foi
alcançada e a cartilagem não irá se compactar mais
(Figura 11). É neste momento que a cartilagem
Figura 12: Representação da variação do estresse em função
articular alcança seu máximo estresse interno na do tempo como resultado do efeito de relaxamento ao estresse
região da superfície (Figura 12). É a partir deste em situação de aplicação de uma carga compressiva sobre a
cartilagem articular. Adaptado de NORDIN e FRANKEL (2003).
instante que ocorrerá o efeito de relaxamento ao
estresse, que envolve a redistribuição do líquido
restante dentro da cartilagem, no intuito de reduzir a Este efeito é causado toda vez que uma carga
compactação da matriz sólida na superfície e diminuir compressiva é imposta à cartilagem, mas se este
o estresse interno na cartilagem (Figuras 11 e 12, estresse causado na superfície for excessivo,
dos momentos de B até E). Na situação E observa-se ele poderá causar uma ruptura na matriz sólida.
que um novo equilíbrio foi alcançado no qual a fluido Portanto, é importante que este efeito seja causado
restante voltou a ser uniformemente distribuído na com cargas controladas para que o equilíbrio na
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redistribuição de fluido seja alcançado antes que as é mais dura que a outra, sendo que, durante o
cargas mais altas sejam aplicadas durante situações deslizamento, a superfície mais macia será arranhada
como, por exemplo, um treinamento físico. Uma pela mais dura. O material mais duro pode ser um
forma bastante eficiente de promover o efeito de fragmento que se encontra entre as superfícies que
relaxamento ao estresse de forma controlada é serão deslizadas, que podem promover dilacerações
por meio do aquecimento específico que antecede na superfície da cartilagem. Esse material pode ser,
o treinamento em si. No aquecimento específico, ainda, a própria superfície de contato da estrutura
a especificidade da modalidade é mantida, o que (NORDIN e FRANKEL, 2003). O baixo atrito obtido
garante que a cartilagem das articulações envolvidas pela superfície lisa da cartilagem em associação com
será submetida às forças compressivas, porém com a lubrificação do líquido sinovial torna o risco deste
intensidade menor que no treinamento. Desta forma, tipo de lesão baixíssimo. Porém, quando a cartilagem
o risco de lesão da cartilagem articular será menor. já estiver lesionada, a superfície da mesma se torna
mais irregular e isso aumenta a pré-disposição a esse
O efeito de relaxamento ao estresse ocorre tipo de lesão e a piora do desgaste progressivamente
relativamente rápido. O tempo para que o equilíbrio (WHITING e ZERNICKE, 2001).
na redistribuição do fluido seja alcançado leva até
cinco segundos. Porém, para que este equilíbrio seja As lesões por fadiga são lesões crônicas, nas quais
mantido por um certo período, as cargas compressivas ocorre o acúmulo de danos microscópicos causadas
precisam ser aplicadas por, aproximadamente, 30 por cargas mecânicas aplicadas repetidas vezes a
ciclos (FUNG, 1993). ponto de lesionar a superfície da cartilagem. Estas
lesões por fadiga podem ocorrer por cargas altas e
O cuidado citado anteriormente visa prevenir que cíclicas aplicadas por um curto ou longo período de
a cartilagem articular sofra danos ou lesões às quais tempo (NORDIN e FRANKEL, 2003). Neste tipo de
a mesma tem pequena possibilidade de reparar. A lesão, se deve ter cuidado com cargas muito altas
capacidade de se adaptar aumentando a síntese de aplicadas em curto intervalo de tempo e de forma
matriz sólida por meio das células condrócitos parece repetitiva, pois nesta condição pode não haver tempo
ser alta; contudo, aparentemente a capacidade suficiente para que o mecanismo de relaxamento ao
da cartilagem de se regenerar quando ocorre o estresse seja desencadeado podendo promover dano
rompimento desta matriz parece ser bastante limitada à estrutura da cartilagem.
(NIGG e HERZOG, 2006). Por isso, é importante
prevenir que este tipo de lesão ocorra na cartilagem Se por um lado a magnitude da carga aplicada sobre
articular. As lesões da cartilagem articular podem a cartilagem precisa ser controlada, também precisa
ocorrer por interação das superfícies de apoio e por de controle a distribuição desta carga na superfície
fadiga (NORDIN e FRANKEL, 2003). de contato, ou seja, também merece atenção a área
de contato na qual a força será aplicada. A relação
As lesões provenientes por interação das da carga imposta com a sua área de contato remete
superfícies de apoio estão relacionadas ao atrito uma variável física conhecida como pressão. A
que pode ocorrer entre as cartilagens, em situação pressão é uma força distribuída em uma determinada
de lubrificação inadequada, e que podem causar um área. Para a análise da resposta de materiais, como,
desgaste por adesão ou por abrasão. O desgaste por por exemplo, os materiais biológicos, geralmente a
adesão está associado a uma fixação forte entre as palavra pressão é substituída por estresse mecânico.
duas superfícies que ao serem deslizadas despedaçam
a superfície das mesmas. O desgaste por abrasão Conforme exposto anteriormente, foi discutida a
ocorre em uma situação na qual uma das superfícies característica da magnitude da carga; por isso, o foco
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será dado daqui por diante para a análise dos fatores FIBROCARTILAGEM
que interferem na área de contato. São muitos os
fatores que interferem nas alterações da área de As fibrocartilagens são tecidos presentes em
contato da cartilagem articular, como, por exemplo, algumas articulações do corpo. Estas fibrocartilagens
observa-se no joelho a extração do menisco, as podem formar um anel, como é o caso do disco
rupturas ligamentares e a lateralização da patela. intervertebral ou se apresentarem no formato de
uma meia lua, como é o caso dos meniscos do joelho
A extração de menisco, também conhecida como (HALL, 2009). As fibrocartilagens são compostas por
meniscotomia, predispõe lesões ligamentares, pois camadas concêntricas de fibras de colágeno dispostas
sem os meniscos a distribuição das cargas será em diferentes direções.
prejudicada. Já na ruptura ligamentar, a estabilização
passiva da articulação será comprometida permitindo Os meniscos do joelho são fibrocartilagens no
movimentos excessivos entre os ossos que podem formato de meia lua e encontram-se presos ao platô
sobrecarregar a cartilagem de forma anormal. tibial. No joelho dois meniscos podem ser observados:
Por último, outro fator que pode alterar a área de o menisco lateral e o menisco medial. O formato
contato das cargas aplicadas sobre a cartilagem é dos dois meniscos é ligeiramente diferente para
o deslocamento anormal da patela, que geralmente acompanhar e possibilitar melhor encaixe com os
envolve a lateralização da patela. Em condições côndilos do fêmur, que também apresentam formatos
normais, durante a flexo-extensão dos joelhos, ligeiramente diferentes (DUFOUR, 2003). São muitas
os estabilizadores ativos e passivos da patela as funções atribuídas aos meniscos mas, dentre elas,
promoveriam uma excursão na qual as forças destaca-se a melhora do encaixe entre a tíbia e o
estariam distribuídas adequadamente na articulação fêmur, visando aumentar a estabilidade da articulação
patelofemoral. Contudo, em algumas condições, do joelho e distribuir melhor as forças, diminuindo a
a patela pode se deslocar de forma anormal, pressão e o estresse articular (HALL, 2009; WHITING
geralmente mais lateralizada do que deveria, e ZERNICKE, 2001; NORDIN e FRANKEL, 2003). Este
promovendo a perda de contato na região medial da é o motivo pelo qual a meniscotomia, extrações de
patela e concentrando as forças de compressão da meniscos, predispõem as lesões de cartilagem articular,
patela entre o fêmur e a região lateral da patela. As bem como de ligamentos cruzados e colaterais do
causas para o deslocamento anormal da patela ainda joelho (SMITH, WEISS e DON LEHMKUHL, 1997). Com
são muito discutidas, mas seguramente dependem a extração do menisco, a área de contato entre os
de vários fatores para ocorrerem. côndilos do fêmur e o platô tibial diminui e as forças
compressivas passam a ser pior distribuídas (Figura
Diante disto, nota-se que os mecanismos de lesão 13). Por sua vez, isso concentra forças de compressão
da cartilagem ainda não são plenamente conhecidos. na cartilagem articular predispondo-a a lesões
Além disso, devido às diversas formas de lesão nas (NORDIN e FRANKEL, 2003).
quais elas se apresentam na cartilagem, é bem
possível que ocorra a combinação destes mecanismos Por melhorar o encaixe entre a tíbia e o fêmur
para o surgimento das lesões nesta estrutura. e considerando que nos movimentos de flexão e
extensão do joelho, os meniscos se deslocam para
acompanhar os movimentos dos côndilos, a extração
dos meniscos também afeta a estabilidade da
articulação e aumenta o estresse sobre as estruturas
ligamentares, aumentando o risco de lesão sobre elas
(NORDIN e FRANKEL, 2003).
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
Figura 13: Ilustração representando a função dos meniscos de distribuição das cargas na articulação do joelho. Com a remoção dos
meniscos as cargas compressivas estariam concentradas em uma área de contato menor, aumentando o estresse sobre a cartilagem
articular e piorando a estabilidade articular. Adaptado de NORDIN e FRANKEL (2003).
Os discos intervertebrais além da fibrocartilagem disco será comprimida, enquanto a região posterior
anelar, conhecida como anel fibroso, apresentam um do disco será tracionada (Figura 15). A compressão
gel aquoso no seu interior, conhecido como núcleo anterior irá projetar o núcleo pulposo contra a parede
pulposo. O núcleo pulposo é constituído basicamente posterior do disco intervertebral. Este estresse será de
de água e proteoglicanos. Os discos intervertebrais maior magnitude do que numa situação semelhante,
têm a função de distribuir as cargas mecânicas e com mesmo suporte de peso, porém mantendo as
restringir movimentos excessivos entre as vértebras curvaturas fisiológicas da coluna. Isso não significa
(NORDIN e FRANKEL, 2003). O núcleo pulposo, por
ser um gel, apresenta características hidrostáticas,
que são importantes para a distribuição das cargas
no anel fibroso. Quando sob uma compressão, o
núcleo pulposo, como qualquer líquido, expande
de forma igual em todas as direções aplicando
uma carga uniforme em toda a extensão do disco
intervertebral (Figura 14). Esta distribuição de carga
é importante, pois o anel fibroso é composto por
camadas concêntricas de fibras de colágeno em
disposição em forma de xadrez. Esta disposição e
característica atribuem grande resistência relativa a
forças de torção e compressão. Porém, é importante
que nenhuma região do disco seja excessivamente
sobrecarregada e isso é controlado pela distribuição
das forças obtida pelo núcleo pulposo.
Contudo, quando uma força de flexão é aplicada Figura 14: Ilustração do efeito da solicitação mecânica em
sobre a coluna, isso gera uma flexão sobre o disco compressão sobre o disco intervertebral promovendo a expansão
uniforme do núcleo pulposo em todas as direções e garantindo a
intervertebral, significando que a região anterior do adequada distribuição das cargas sobre o anel fibroso.
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que quando ocorre flexão da coluna, o disco corre risco oblíquo interno e transverso do abdome fortalecidos.
de lesão. Para que o risco de lesão seja considerável, Os músculos paravertebrais mantêm a coluna em
a flexão da coluna deve estar associada a outros extensão e o músculo oblíquo interno e transverso do
fatores que aumentam a compressão discal. Alguns abdome aumentam a pressão intra-abdominal para
fatores que aumentam a compressão discal são a aumentar a rigidez desta região e tornar mais difícil a
rotação da coluna, a posição sentada, inclinação do flexão da coluna lombar. Estes músculos fortalecidos
corpo à frente e/ou elevação, suporte e transporte protegem a coluna contra lesões.
de carga. Também interfere na compressão discal a
forma como esta carga é transportada ou suportada, LIGAMENTO E TENDÃO
pois quanto mais distante estiver a carga do eixo de
rotação, maior será a compressão discal. Estes fatores Uma vez que as características dos ligamentos
por si só já aumentam a compressão discal, mas se e dos tendões são muito semelhantes, os mesmos
estes fatores estiverem combinados, a compressão serão tratados em conjunto, porém com o
será ainda maior (NACHEMSON, 1975). Porém, isso apontamento das diferenças que estas estruturas
não significa que o disco corre risco de lesão, pois se apresentam. A primeira diferença entre essas
a coluna estiver com as suas curvaturas fisiológicas estruturas está na função das mesmas. O tendão é
mantidas, a resistência do disco é maior do que o uma estrutura que conecta o músculo ao osso. Por
estresse ao qual ele será submetido. conta disso, sua função é a de transmitir as forças
de tensão produzidas pelo músculo ao osso, para
Portanto, manter a coluna na postura correta, que movimento possa ser realizado. Já os ligamentos
ou seja, preservando as curvaturas fisiológicas, é são estruturas que geralmente estão conectadas a
essencial para a integridade da coluna e do disco ossos com a função de estabilizar as articulações ao
intervertebral. Para manter a coluna na postura restringir movimentos indesejáveis entre os ossos
correta, é importante ter os músculos paravertebrais, (FUNG, 1993).
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artelhos. A fase 2 é a fase de resposta linear ou Mesmo assim, a ruptura total é uma lesão
região secundária. Nesta fase as fibras respondem possível, mas não pela magnitude da carga
à tração por meio de alongamento. A relação entre aplicada e sim por uma associação de fatores que
estas duas variáveis é mais ou menos linear, ou seja, determinam o mecanismo de lesão destes tecidos.
quanto maior for a força empregada, maior será o Nessas duas estruturas o rompimento se dá por
alongamento da estrutura, mas também quanto mais mecanismos distintos que precisam ser entendidos
alongada estiver a estrutura, maior será a sua rigidez. separadamente. Por serem predominantemente
A fase 3 representa o instante a partir do qual as compostas por fibras de colágeno, as duas estruturas
fibras de colágeno vão aleatoriamente se rompendo apresentam um comportamento viscoelástico, que é,
na extensão da estrutura e a resistência da mesma obviamente, a associação do comportamento elástico
vai gradativamente sendo comprometida em função com o comportamento viscoso.
dessas rupturas. Esta fase se chama fase de falha ou
microfalha. Por último, a fase 4 representa a fase da O comportamento elástico é um comportamento
ruptura total, na qual a carga máxima foi atingida e a bastante conhecido, no qual a estrutura apresenta
estrutura não é mais capaz de responder ao estímulo uma deformação com certo acúmulo de energia que
(NORDIN e FRANKEL, 2003). será restituído ao término da aplicação de carga e
a deformação será revertida. Já o comportamento
viscoelástico, é um comportamento tempo-
dependente, ou seja, o tempo ao qual o tecido é
imposto à carga aplicada afeta a resposta do tecido.
Portanto, as repostas viscoelásticas de um tecido são
influenciadas pela magnitude da carga e pelo tempo
de exposição a esta carga. Por isso, cada vez que
uma carga é aplicada sobre um tecido viscoelástico,
como o tendão e o ligamento, observa-se certo
comportamento não reversível, não elástico, que
por sua vez, afeta a resposta do tecido nas cargas
subseqüentes.
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
Figura 17: Respostas mecânicas de relaxamento ao estresse e de acomodação a uma deformação mantida constante e a uma carga
mantida constante, respectivamente, ao longo do tempo. Adaptado de NORDIN e FRANKEL (2003).
esportivos, mas do volume de aplicação destas cargas seja, sucessivas trações promovendo deformações
podendo promover rupturas parciais (deformações iguais são alcançadas com cargas cada vez menores.
plásticas em fase de microfalha) ou rupturas totais. A única diferença é que este efeito torna-se de maior
Este comportamento pode acontecer numa sessão de magnitude quando a carga for mantida constante, do
treinamento, ou no efeito somado de várias sessões. que quando ela for aplicada de forma cíclica. No teste
Contudo, como o tecido se regenera com o passar do de acomodação (Figura 17B), uma carga constante
tempo, as lesões provenientes de sessões somadas em tração é aplicada para analisar a deformação que
dependem, também, do intervalo de tempo de resultará na estrutura. Sob uma carga constante,
recuperação entre as sessões de treinamento, sendo ocorrerá uma deformação inicial rápida seguida de
que períodos curtos de recuperação levariam às uma deformação lenta até que um equilíbrio seja
lesões citadas e períodos suficientes de recuperação alcançado. O equilíbrio obtido é denominado de
não resultariam em lesão. acomodação. Ciclicamente, este efeito também
pode ser produzido, porém com um resultado menor
Os comportamentos mecânicos de um ligamento (ENOKA, 2000; NORDIN e FRANKEL, 2003).
e de um tendão podem ser observados nos testes de
estresse-deformação e de acomodação (Figura 17). Diversas aplicações podem ser pensadas para
No teste de estresse-deformação (Figura 17A), uma estes comportamentos dos tecidos viscoelásticos. Por
carga é aplicada para promover uma deformação que exemplo, na execução de um movimento cíclico, seja
será mantida constante. Ao longo do tempo, nota- uma corrida ou um treinamento de força, deformações
se que a carga necessária para se manter a mesma sucessivas serão impostas em comprimento
deformação diminui, ou seja, o mesmo comprimento relativamente constante. Com o avançar dos ciclos, a
passa a ser mantido com uma carga menor, sendo força necessária para alcançar este comprimento no
que mais facilmente o mesmo comprimento pode tecido torna-se menor, tornando a energia necessária
ser atingido na estrutura. No movimento humano, para alcançar esta amplitude no movimento menor.
por exemplo, este comportamento permite alcançar
amplitudes de movimento maiores com gastos Por serem extremamente semelhantes,
menores de energia. Este comportamento pode ser as respostas que os ligamentos e os tendões
alcançado por meio da aplicação cíclica de carga, ou apresentam às forças de tração são semelhantes,
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
porém os fatores ou mecanismos que promovem Já, os tendões, apresentam solicitações mecânicas
estas trações são diferentes nos dois tecidos. Os em tração dependentes de fatores diferentes dos
ligamentos apresentam uma característica de tensão observados nos ligamentos, como a magnitude de
que depende da amplitude de movimento e da tensão produzida pelos músculos e a amplitude de
restrição específica que o ligamento proporciona. alongamento do músculo ao qual o tendão está
Por exemplo, o ligamento cruzado anterior no joelho conectado (NORDIN e FRANKEL, 2003; ZATSIORSKY,
apresenta-se em tensões de maior magnitude em 2004). Isso significa que em situações de execução
amplitudes próximas da extensão total (NEUMANN, de movimento normal, os tendões podem ser
2006). Além disso, por restringir primariamente o excessivamente tensionados a ponto de promover
deslocamento anterior da tíbia e, secundariamente, a uma lesão. Porém, a maioria destas lesões ocorre
rotação medial da tíbia, o ligamento cruzado anterior como efeito de repetidas trações causadas numa
apresentará altas tensões quando estas restrições mesma sessão de treinamento e somadas às várias
forem necessárias (NIGG e HERZOG, 2006). No sessões, sem tempo suficiente para a recuperação do
movimento humano, a estabilização da articulação tecido, ou seja, lesões crônicas. Além disso, as lesões
se dá por meio da contração muscular inerente ao agudas podem ser observadas também em situações
movimento (estabilização ativa) e principalmente de tendões bastante enfraquecidos devido a longos
pela ação dos ligamentos (estabilização passiva). períodos de sedentarismo e submetidos a atividades
Por isso, o estresse mecânico sobre as estruturas extenuantes numa sessão prolongada (WHITING e
ligamentares não é alto o suficiente para promover ZERNICKE, 2001; NORDIN e FRANKEL, 2003).
lesões sobre as mesmas. Contudo, devido a fatores
como irregularidades do piso, forças externas Outro fator que predispõe as lesões tendíneas é
provocadas por oponentes na prática de modalidades a diminuição do aporte sangüíneo à estrutura. Essa
esportivas e rápidas mudanças necessárias na diminuição da vascularização pode ocorrer devido
execução do movimento, a atividade muscular pode a compressões, como por exemplo, nos casos de
não apresentar tempo suficiente para se ajustar à síndrome de pinçamento no ombro (WHITING e
demanda do movimento. Assim, a necessidade de ZERNICKE, 2001; NEUMANN, 2006) ou devido a
estabilização passiva será maior, podendo promover torções impostas sobre o tendão, como as sugeridas
uma magnitude de tração que cause uma deformação em casos de excesso de pronação do tornozelo
plástica no tecido ligamentar. durante a corrida (KADER et al., 2002).
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
alongado, a produção de tensão é baixa, pois a (Figura 19). Os componentes elásticos, por serem
possibilidade de realizar ligações de pontes cruzadas compostos de fibras de colágeno, apresentam um
depende de sobreposição dos filamentos de actina comportamento típico na produção de tensão. A
sobre os filamentos de miosina. Em comprimentos partir do comprimento de repouso, quando ocorre
progressivamente mais encurtados, a partir do o encurtamento, nenhuma tensão é acumulada nos
alongamento total, a capacidade de produzir tensão componentes elásticos, pois as duas extremidades do
aumenta devido à maior sobreposição dos filamentos músculo estão sendo aproximadas. Por outro lado,
e à maior possibilidade de realizar ligações de pontes quando o músculo é alongado a partir do comprimento
cruzadas. No comprimento de repouso, a tensão de repouso, as duas extremidades do músculo são
é máxima, pois a sobreposição é ideal permitindo afastadas e os componentes elásticos do músculo
que todas as pontes cruzadas possam fazer ligação. acumulam energia progressivamente maior, quanto
Em comprimentos menores que o comprimento de maior for o alongamento do músculo (Figura 19). A
repouso, a capacidade de produzir tensão é mais tensão total do músculo é a soma da tensão ativa e da
baixa devido à disposição estrutural dos filamentos tensão passiva. Por isso, do comprimento de repouso
que novamente impossibilita que todas as pontes para o encurtamento total, somente os componentes
cruzadas realizem conexão (NORDIN e FRANKEL, contráteis produzem tensão. Já quando o músculo
2003; ZATSIORSKY, 2004; NIGG e HERZOG, 2006). é alongado, a partir do comprimento de repouso, a
tensão total corresponderá ao somatório da tensão
ativa e passiva, produzida pelos componentes
contráteis e elásticos, respectivamente (HALL, 2009;
ZATSIORSKY, 2004).
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
O comportamento dos componentes contráteis alta. Da mesma forma, não é possível alcançar
e dos componentes elásticos ilustra que o sistema potências muito altas com cargas excessivamente
musculotendíneo produz uma tensão total maior altas, pois a velocidade do movimento será muito
quando se encontra alongado do que quando se baixa. A potência máxima é alcançada a cerca de
encontra encurtado. Esse comportamento dos 30% da velocidade máxima (ZATSIORSKY, 1999;
componentes elásticos torna-se uma ferramenta ZATSIORSKY, 2004; NIGG e HERZOG, 2006). De
importante para a produção de força em situações maneira geral, é difícil afirmar que uma modalidade
de exigência de força rápida. Em movimentos que se encontra exatamente nesta relação de força-
envolvem velocidade, como saltos verticais, arremessos velocidade na qual a potência produzida possa ser
e chutes, observa-se que os movimentos em questão máxima. Contudo, mesmo que a velocidade de
são precedidos de um movimento preparatório, no movimento esteja acima ou abaixo de 30%, na
qual ocorre o alongamento do grupamento muscular qual a potência seria máxima, a característica de
envolvido. Nestes alongamentos, os componentes produção de força pode ser treinada para otimizar
elásticos do músculo são estirados e os mesmos a produção de potência na velocidade exigida. Estes
acumularão energia elástica que, posteriormente, ajustes específicos podem ser alcançados por meio
poderá ser restituída durante o encurtamento e de treinamentos que especificamente objetivam a
somada à tensão produzida nos componentes velocidade e a força exigida na modalidade (KOMI e
contráteis. Esta forma de produção de força muscular HÄKKINEN, 1988; ZATSIORSKY, 2004).
é conhecida como ciclo alongamento-encurtamento
(KOMI e HÄKKINEN, 1988).
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
Figura 22: (A) Curva de comprimento-tensão de um músculo de fibras curtas e grande área de secção transversa fisiológica (PCSA),
ou seja, um músculo Peniforme, e um músculo de fibras longas e pequena PCSA, ou seja, um músculo Fusiforme. (B) Curva de força-
velocidade para os músculos Fusiformes e Peniformes. Adaptado de NORDIN e FRANKEL (2003).
Na Figura 22B, pode-se observar que a relação das duas extremidades do músculo será apenas de
de força e velocidade destes músculos também é 3 cm. Considerando as duas fibras como tendo o
influenciada. Os dois músculos são capazes de gerar mesmo tempo de encurtamento de 10 para 5 cm, a
força e velocidade na contração, mas cada um dos fibra do músculo Fusiforme tracionará o tendão em
músculos apresenta uma capacidade diferente, no velocidade maior.
que diz respeito a essa relação. No caso, os músculos
Peniformes, conforme discutido anteriormente, eles
apresentam capacidade maior de produzir tensão
que os músculos Fusiformes. No entanto, as fibras
mais curtas e a disposição obliqua destas fibras faz
com que o encurtamento do músculo ocorra com
pequeno deslocamento longitudinal e com velocidade
mais baixa do que no músculo Fusiforme (NORDIN
e FRANKEL, 2003). Como exemplo observe a Figura
23, na qual nota-se a ilustração do deslocamento
em encurtamento de duas fibras sendo que uma se
encontra dispostas longitudinalmente (Fusiforme) e
a outra obliquamente (Peniforme). Supondo que as
fibras tenham o mesmo comprimento (10 cm) e que
elas se encurtem para a metade de seu comprimento
(5 cm), o encurtamento da fibra Fusiforme está
toda direcionada no sentido do movimento. Já na
fibra Peniforme, a fibra de 10 cm terá uma extensão
longitudinal de 6 cm, considerando hipoteticamente
um ângulo de penação de 60 graus com o eixo
Figura 23: Ilustração do deslocamento em encurtamento de duas
vertical. Neste caso, o encurtamento da fibra será fibras sendo que uma se encontra dispostas longitudinalmente
também de 5 cm, porém o deslocamento longitudinal (Fusiforme) e a outra obliquamente (Peniforme).
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
do balanço está ocorrendo, eixo de rotação, não se resultante aplicada. Em outras palavras, para iniciar
encontra no corpo da criança que está balançando. ou alterar o movimento de um corpo, é necessário
que haja uma força aplicada sobre o mesmo. Por
A combinação dos movimentos de translação e de último, a terceira Lei de Newton determina que toda
rotação são os mais comuns no aparelho locomotor, vez uma força for aplicada sobre um corpo, nessa
pois ao mesmo tempo em que o corpo se desloca interação, o corpo que aplicou a força receberá em
como um todo durante a locomoção, as articulações si uma força de mesma magnitude e direção que a
do corpo estarão realizando rotações para permitir força que ele aplicou, porém com sentido oposto.
que este movimento ocorra. Ou seja, enquanto Portanto, um pé que aplica uma força sobre uma bola
que as mãos do corredor estariam se deslocando durante um chute (ação), receberá uma força que
em translação devido ao deslocamento anterior a bola aplicará sobre o pé da pessoa (reação), com
promovido pela locomoção, ao mesmo tempo elas mesma magnitude e direção, porém com sentido
estariam em rotação devido às flexões e extensões oposto (ÖZKAYA e NORDIN, 1991).
realizadas na articulação do cotovelo por causa dos
movimentos dos braços. A partir do exposto anteriormente, fica claro que
o movimento somente se inicia pela aplicação de
Uma vez compreendido quais são os movimentos uma força. Contudo, a força aplicada sobre um corpo
possíveis dos corpos na natureza, resta entender o que causa apenas movimentos de translação. O que
causa estes movimentos. Para o entendimento das causa um movimento de rotação não é uma força e
causas do movimento, torna-se necessário recorrer sim um torque. O torque é uma força que gera um
às Leis de Newton. As três Leis de Newton explicam o movimento de rotação. Enquanto a força resulta do
comportamento de um corpo em movimento, de que produto da massa pela aceleração (F = m x a), o
forma o estado de movimento de um corpo pode ser torque resulta do produto dessa mesma força com o
alterado e a conseqüência decorrente da interação braço de alavanca (T = F x d ). O braço de alavanca
┴
de dois corpos que eventualmente colidem durante a é uma distância medida em metros a partir da linha
realização do movimento (ÖZKAYA e NORDIN, 1991). de ação da força (direção da força) até o eixo de
rotação. Esta distância é perpendicular desde a linha
A primeira Lei de Newton determina que um de ação da força ao eixo de rotação, ou seja, é a
corpo tenderá a manter o seu estado de movimento menor distância que une a linha ao eixo. Uma vez
quando a soma das forças aplicadas sobre este que todos os movimentos articulares são movimentos
corpo for igual a zero, ou seja, se o corpo estiver de rotação, isso significa que os músculos do corpo
parado, ele tenderá a permanecer parado e se produzem força (tensão) que geram torques nas
o corpo estiver em movimento, ele tenderá a articulações. Na Figura 24 , nota-se um exemplo de um
permanecer se movimentando em velocidade músculo (bíceps braquial) que por meio da contração
constante. Essa tendência em manter o estado de muscular produziu uma força de tensão (Fm) que,
repouso ou movimento que o corpo apresenta é o por sua vez, produzirá um torque na articulação do
que se denomina de inércia. Portanto, para tirar um cotovelo. A força muscular será aplicada na inserção
corpo de seu estado de movimento ou repouso, é deste músculo gerando uma tração sobre o osso. Por
necessário que haja a aplicação de uma força. Isso conta disso, o braço de alavanca desta força, nesta
é o que a segunda Lei de Newton determina. Pela situação, é a distância indicada pelo símbolo d , que
┴
segunda lei, quando um corpo sofre a ação de uma corresponde à distância perpendicular da linha de
ou mais forças, cuja resultante é diferente de zero, ação da força muscular ao centro de rotação.
ele irá acelerar na direção da força e a magnitude da
aceleração será proporcional à magnitude da força
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
Figura 24: Ilustração de um sistema de alavanca, na qual Figura 25 : Representação do Torque produzido sobre a
um bíceps braquial produz um torque muscular (Tm) sobre a articulação do cotovelo pelas forças peso do antebraço (B) e do
articulação do cotovelo (centro de rotação). Este torque deriva do halter (C) e pela força muscular (A). Cada força apresenta um
produto da força muscular (Fm) com o braço de alavanca deste braço de alavanca representado pelas letras minúsculas a (força
mesmo músculo (d ) para a articulação do cotovelo. Adaptado muscular), b (peso do antebraço) e c (peso do halter). Adaptado
┴
de HALL (2009). de HALL (2009).
Na natureza, todos os corpos sofrem a ação eles derivarem de uma força muscular, e torques
da gravidade que acelera os mesmos na direção do dos pesos, quando os mesmos forem gerados por
centro da Terra. Independente da nossa vontade, forças pesos de objetos ou segmentos que objetiva-
continuamente os corpos estão sobre a ação da força se movimentar.
peso, que é a força que surge a partir da gravidade
acelerando a nossa massa em direção ao solo. A Figura 25 representa uma situação na qual ocorre
Isso significa que constantemente os músculos do a interação destes torques produzidos por forças de
aparelho locomotor devem se opor a esta força peso diferentes naturezas (HALL, 2009). Invariavelmente,
para que uma determinada postura adotada possa as forças peso do antebraço (FB) e do halter (FC)
ser mantida ou para que um movimento desejado estão produzindo um torque no sentido de estender
possa ser realizado. Portanto, no movimento humano o cotovelo, ou seja, um torque em extensão e de
sempre haverá no mínimo duas forças aplicadas magnitude correspondente ao produto da FB com o
sobre os segmentos do corpo, produzindo cada uma, braço de alavanca do mesmo (b), no caso do torque
um torque sobre as articulações. Em grande parte da B (TB), e ao produto da FC com o braço de alavanca
literatura considera-se que, quando um torque produz do mesmo (c), no caso do torque C (TC). Se opondo
o movimento, ele é denominado de torque potente e, a TB e TC, está a força muscular (FA), produzindo um
quando o torque resiste ou desacelera o movimento torque flexor na articulação do cotovelo. A magnitude
realizado, ele é denominado de torque resistente. de TA será o produto da FA com o seu respectivo
Por questões didáticas, optou-se por denominar os braço de alavanca (a). Portanto, nota-se que para
torques em função da natureza da força que produz cada força de um sistema, cada uma apresentará seu
os torques. Por isso, nas análises a seguir os torques respectivo braço de alavanca (SMITH, WEISS e DON
serão definidos como torques musculares, quando LEHMKUHL, 1997).
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
Figura 27 : Ilustração dos diferentes torques resultantes nas articulações ao longo da amplitude de movimento, que podem ser:
descendentes, ascendentes ou ascendentes-descendentes. Adaptado de HAY (1992).
no corpo humano. É o caso do deltóide atuando na seja, de produção de força. No corpo humano, alguns
articulação glenoumeral, do tibial anterior atuando exemplos de alavancas interfixas são do tríceps para
na articulação do tornozelo, do bíceps braquial o cotovelo e a da musculatura paravertebral para as
atuando na articulação do cotovelo e do quadríceps diversas articulações facetarias da coluna. Em ambos
atuando na articulação do joelho (SMITH, WEISS e os casos, as alavancas interfixas são de característica
DON LEHMKUHL, 1997). de produção de velocidade e não de força.
Por último, na alavanca interfixa o eixo de rotação A característica das alavancas em uma
se encontra entre a força muscular e a força peso. determinada articulação é imutável. Por outro lado,
Esta alavanca não apresenta uma característica há uma variação na capacidade de cada músculo de
previamente definida, pois o eixo pode estar próximo produzir torque nos diferentes tipos de alavancas do
da força muscular e distante do peso ou próximo do corpo, que está relacionada às formas específicas do
peso e distante da força muscular. Nas duas situações músculo de produzir tensão ao longo da amplitude
a alavanca continua sendo interfixa, porém com de movimento. Essa variação está associada às
características distintas e isso se deve à relação dos alterações no braço de alavanca dos diferentes
braços de alavancas das duas forças deste sistema. músculos, o qual pode ser classificado como
Quando o eixo estiver mais próximo da força muscular ascendente (aumentar continuamente ao longo da
e mais distante do peso, a força terá dificuldade amplitude de movimento), descendente (diminuir
em mobilizar o peso, porém ao movimentá-la, a progressivamente) ou ascendente-descendente
velocidade linear do peso será relativamente maior; (aumentar até certa amplitude e depois diminuir
por isso, ela apresentará características de uma progressivamente até a amplitude total). Esta
alavanca interpotente, ou seja, de produção de configuração no braço de alavanca está relaciona à
velocidade. Por outro lado, quando o eixo estiver mais capacidade de produção de torque máximo, conforme
próximo do peso e mais distante da força muscular, ilustra a Figura 27 .
o braço de alavanca do músculo será maior do que
a do peso e, assim, relativa facilidade ocorrerá para Uma vez que a relação entre os torques
movimentar o objeto; por isso, ela apresentará musculares e dos pesos depende da magnitude da
características de uma alavanca interresistente, ou força produzida e dos seus respectivos braços de
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este texto buscou apresentar e discutir aspectos
relacionados às características de resposta mecânica
das diferentes estruturas e tecidos do aparelho
locomotor, bem como entender de que forma o
corpo humano é capaz de produzir e controlar
os movimentos. Esse entendimento torna-se
imprescindível para identificar e controlar variáveis
que aumentam a probabilidade de uma lesão
se instalar e que permitem alcançar a melhora
no rendimento, o que por sua vez se mostra de
fundamental importância para o Treinamento Físico.
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Biomecânica aplicada ao esporte e à atividade física
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