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Resolução da segunda prova de Introdução à Álgebra (2019-1)

05/06/2019

1. Seja I um ideal de um anel comutativo unitário A e defina I (o radical
de I) como o conjunto dos elementos a ∈ A tais que existe um inteiro
n ≥ 1 tal que an ∈ I.

(a) Mostre que I é um ideal de A contendo I.
√ √
I contem I porque se a ∈ I então a1 = a ∈ I. Se a ∈ I e
x ∈ A então an ∈ I para algum inteiro
√ n ≥ 1 logo (ax)n = an xn ∈ I
n
sendo a ∈ I e I ideal. Se a, b ∈ I existem n, m ≥ 1 inteiros com
an , bm ∈ I logo
n+m
X n + m 
(a + b)n+m = ai bn+m−i
i=0
i

e em cada parcela i ≥ n ou então n + m − i ≥ m, logo (a + b)n+m é


uma soma de elementos do ideal I logo pertence a I.
(b) Dados dois ideais I, J de A defina IJ como o ideal de A gerado por
{ij : i ∈ I, j ∈ J}. Sabemos que IJ ⊆ I ∩ J. Mostre que
√ √ √
IJ = I ∩ J.
√ √ √
É verdade que IJ = I J?

Inclusão ⊆. Seja a ∈ IJ, e seja n ≥ 1 tal que an ∈ IJ. Como IJ
é o ideal gerado por S e S ⊆ I ∩ J (sendo I √e J ideais)
√ segue que
IJ ⊆ I ∩ J, logo an ∈ I ∩ J e isso implica a ∈ I ∩ J.
√ √
Inclusão ⊇. Seja a ∈ I ∩ J, e sejam n, m√> 1 tais que an ∈ I e
am ∈ J. Segue an+m = an am ∈ IJ, logo a ∈ IJ.
√ √ √
Em geral IJ 6= I J por exemplo p podemos
p escolher A = Z, I =
J = (2), neste caso IJ = (4) e (2) = (2), (4) = (2).
(c) Lembre-se que se a, b ∈ A definimos (a, b) = {ax+by : x, y ∈ A}EA.
Sejam A = Z[X] e I = (2, X), J = (3, X). Mostre que IJ = (6, X).
Neste caso IJ é igual a {ij : i ∈ I, j ∈ J}?

Observe que IJ = (2, X)(3, X) = (6, 2X, 3X, X 2 ). Olhando aos ger-
adores temos que mostrar que 6, 2X, 3X, X 2 ∈ (6, X) (claro) e que
6, X ∈ IJ. É claro que 6 = 3 · 2 ∈ IJ. A única coisa não trivial é
mostrar que X ∈ IJ. Temos X = 3X − 2X ∈ IJ sendo 3X, 2X ∈ IJ
e IJ ideal.
Temos que IJ 6= {ij : i ∈ I, j ∈ J} pois X ∈ IJ não pode ser
escrito como ij com i ∈ I e j ∈ J. De fato se fosse
X = (2A(X) + XB(X)) · (3C(X) + XD(X))
com A(X), B(X), C(X), D(X) em Z[X] substituindo X = 0 ob-
teriamos 6A(0)C(0) = 0. Suponha A(0) = 0 (o caso C(0) = 0 é
analogo), temos então A(X) = XE(X) com E(X) ∈ Z[X] e

X = X(2E(X) + B(X)) · (3C(X) + XD(X))

ou seja
1 = (2E(X) + B(X)) · (3C(X) + XD(X))
e substituindo X = 0 obtemos 1 = 3C(0)·(2E(0)+B(0)), contradição
(C(0), E(0) e B(0) são inteiros).

2. Mostre que K = F3 [X]/(X 2 + X + 2) é um corpo e encontre um gerador


do grupo multiplicativo cı́clico K ∗ = K − {0}.

K é um corpo porque o ideal (X 2 +X +2) de F3 [X] é maximal, sendo F3 [X]


um domı́nio principal e P (X) = X 2 + X + 2 um polinômio irredutı́vel de
F3 [X] (tem grau 2 e não tem raizes em F3 ). Seja α = X + I ∈ K onde
I = (P (X)). Sabemos pela teoria que |K| = 32 = 9 e que P (α) = 0, ou
seja α2 = 2α + 1. Temos α4 = (2α + 1)2 = α2 + α + 1 = 2 6= 0 logo a
ordem de α não é 2 e não é 4. Sendo |K ∗ | = 9 − 1 = 8 a ordem de α divide
8, logo o(α) = 8 e K ∗ = hαi. Ou seja α é um gerador do grupo cı́clico K ∗ .

3. Mostre que o polinômio X 3 + 2X + 5 é irredutı́vel em Q[X].

Pelo lema de Gauss basta mostrar que é irredutı́vel em Z[X], e para isso
basta mostrar que não admite raizes racionais (porque tendo grau 3 se
fosse redutı́vel admitiria um fator de grau 1, ou seja uma raiz racional).
Sendo P (X) = X 3 + 2X + 5 mônico, toda raiz racional é inteira, logo
basta mostrar que P (X) não admite raizes inteiras. As candidatas raizes
inteiras são os divisores de P (0) = 5, ou seja ±1 e ±5, e P (1) = 8 6= 0,
P (−1) = 2 6= 0, P (5) = 140 6= 0, P (−5) = −130 6= 0.

√ √ √ √
4. Mostre que Q( 2, 3) = Q( 2 + 3).

√ √
Sejam a = 2, b = 3. É claro que a + b pertence a Q(a, b) sendo Q(a, b)
um corpo contendo
√ a e b,√precisamos mostrar que a, √b ∈ Q(a + b). Temos
(a + b)2 = 5 + 2 6 logo 6 ∈ Q(a + b). Segue que 6(a + b) = 2b + 3a ∈
Q(a + b). Isso implica que 2b + 3a e a + b pertencem a Q(a + b) logo
2b + 3a − 2(a + b) = a ∈ Q(a + b) logo b = (a + b) − a ∈ Q(a + b).
5. Seja E/F uma extensão de corpos e seja α ∈ E. Seja f (X) ∈ F [X] um
polinômio não nulo tal que f (α) = 0. F [X]/(f (X)) é isomorfo a F [α]?
Lembre-se que F [α] = {P (α) : P (X) ∈ F [X]}.

Em geral não, por exemplo F [X]/(X 2 ) não é isomorfo a F [0] = F porque


F [X]/(X 2 ) não é um corpo: o seu elemento α = X + (X 2 ) verifica α 6= 0
e α2 = 0.

Erro comum: “Seja P (X) o polinômio minimal de α sobre F , então


F [X]/(P (X)) ∼= F [X]/(f (X)) se e somente se P (X) e f (X) são associa-
dos, ou seja (P (X)) = (f (X))”. Isso é falso porque por exemplo
R[X]/(X 2 + 1) ∼
= R(i) = C = R(2i) ∼
= R[X]/(X 2 + 4)
e X 2 + 1, X 2 + 4 não são associados, ou seja (X 2 + 1) 6= (X 2 + 4).
6. Seja P (X) = X 4 − 3X 2 − 3 ∈ Q[X].
(a) Mostre que P (X) é irredutı́vel em Q[X] e admite uma raiz real u.

P (X) é irredutı́vel em Q[X] pelo critério de Eisenstein. Chamando



2
de Y = Xq e resolvendo Y 2 − 3Y − 3 = 0 obtemos Y = (3 ± 21)/2

logo u = (3 + 21)/2 é uma raiz real de P (X).

(b) Calcule o grau de um corpo de decomposição M de P (X) sobre Q,


ou seja calcule |M : Q|.
q√
Uma outra raiz de P (X) é v = i ( 21 − 3)/2 ∈ C − R e v 2 =

(3 − 21)/2 = 3 − u2 . As raizes de P (X) são u, −u, v, −v onde v ∈ C
verifica v 2 = 3 − u2 , em particular o grau de v sobre Q(u) é menor
ou igual a 2 (sendo v raiz de X 2 − (3 − u2 )), e não é 1 sendo v 6∈ R e
Q(u) ⊆ R. Pela formula do grau
|M : Q| = |Q(u)(v) : Q(u)| · |Q(u) : Q| = 2 · 4 = 8.
7. Seja K = F7 = Z/7Z. Seja P (X) = X 4 + 6X 2 + 1 ∈ K[X]. Calcule o
grau de um corpo de decomposição de P (X) sobre K.

Resolvendo a equação biquadratica obtemos P (X) = (X 2 − 3)(X 2 − 5)


e P (X) não tem raizes em K. Seja α um elemento (em uma oportuna
extensão F de K) tal que α2 = 3 (por exemplo F = K[X]/(X 2 − 3)).
Segue que (2α)2 = 12 = 5 logo P (X) = (X − α)(X + α)(X − 2α)(X + 2α)
logo K(α) é um corpo de decomposição de P (X) sobre K. Como X 2 − 3
é irredutı́vel em K[X] (tem grau 2 e não tem raizes em K), é o polinômio
minimal de α sobre K logo |K(α) : K| = 2.

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