Hospital de Caridade
Hospital de Caridade
Hospital de Caridade
FLORIANÓPOLIS
2004
Dissertação de Mestrado
FLORIANÓPOLIS
2004
DEDICATÓRIA
À Amélia Maria
AGRADECIMENTOS
À professora Dra. Sandra Noemi Caponi pela confiança, aceitação e corajosa luta ,
por acreditar neste trabalho desde o seu início e que nos fez estudar Foucault
provocando um outro enfoque, além da paciência e compreensão fraternal durante
todo o seu desenvolvimento.
À professora Dra. Elza Berger Salema Coelho que desde a apresentação do projeto
acreditou e incentivou, apresentando diversas sugestões e críticas para seu
aperfeiçoamento.
À professora Dra. Marta Verdi que nos aceitou desde a qualificação, apresentando
muitos incentivos e muitas críticas e sugestões para a melhoria deste trabalho.
A todos os professores do Curso de Mestrado em Saúde Pública da UFSC, pelo
carinho e dedicação, contudo destacamos uma amizade especial ao Professor
Alcides Rabelo Coelho pelo incentivo , pela exigência e as inúmeras lembranças dos
nossos tempos de luta acadêmica e política nos idos de 1960.
À professora Dra. Maria Celina Crema pelas orientações e inestimáveis
contribuições para a melhoria desse trabalho.
A Sra. Lêda Maria d’Avila da Silva Prazeres, pela prestimosidade e alegria em servir
abrindo-nos as portas do material da ISJP que estava sob seus cuidados no APE.
A Sra. Neusa Rosane Damiani Nunes que nos abriu as portas do Arquivo Público do
Estado para a pesquisa dos documentos disponíveis.
A Sra. Maria Goretti Pagani que nos abriu as portas da Biblioteca do Arquivo Público
do Estado para esta pesquisa.
A Sra. Terezinha Fontes que nos abriu as portas do Gabinete de Estudos Prof.
Henrique da Silva Fontes cedendo documentos para esta pesquisa.
Ao meu filho Flávio Lobo Heldwein pelas contribuições no estudo da história do
saber médico.
Ao doutorando Sérgio Vidal Garcia Oliveira pela inestimável ajuda no sumário.
Às Arquitetas Fátima Althoff e Simone Harger pelas informações e material cedidos do
Acervo da FCC, e a todos os que, de alguma forma, contribuíram para este trabalho.
RESUMO
ABSTRACT
This is a documental research carried out with the help of the available
bibliography presenting a historical-social approach. Its objective is to historize the
structural changes performed in the Charity Hospital of Florianopolis due to the evolution
of the medical knowledge and its power relations with the Government from the late XIX
century to the early XX century. To contextualize the objective of this work the hospital
and the medical knowledge history were surveyed in order to set a base to present
some historical facts about the nosocomial institution, especially the ones that refer to
the service offered to the patients. For us the hospital was been and still is created to
assist sufferers looking for recovery. The survey has shown that the hospital is a
reflection of the society in which it is inserted and that the medical knowledge practiced
in one particular he alth assistance establishment in any part of the world is the one that
each society could offer in its time and place. The hygiene and health conditions have
been always resultant from the culture of a specific people. The focused study shows
that in the three first decades of the late XIX century, (the time of severest penury in the
Province), the conditions of the Charity Hospital have improved little by little while being
developed along with the medical knowledge and with the possibilities that the
Desterrense community could offer. Another important issue that is highlighted is the
period when the Charity Religious Orders worked in the Charity Hospital; what has
presented remarkable improvements in all aspects. The micropower relations, the
discipline and the care with the patients were exerted and an increase was noticed in
the number of people physically and morally recovered in a human way, charitable and
competent as they were treated.
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................................................VI
ABSTRACT..................................................................................................................................VII
SUMÁRIO .....................................................................................................................VIII
LISTA DE FIGURAS E SIGLÁRIO ..................................................................................IX
GLOSSÁRIO ................................................................................................................... .X
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ ..............11
CAPÍTULO I
1 A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA ................................................... 16
1.1 A EDIFICAÇÃO TEÓRICA DO ARGUMENTO .....................................................1 6
1.2 O CAMINHO METODOLÓGICO ..............................................................................18
1.2.1 A documentação como Método de estudo ....... ................................................... 22
1.2.2 A Pesquisa Documental ......... ...............................................................................24
1.3 O CENÁRIO DO ESTUDO .......................................................................................27
1.4 A COLETA DE DADOS ............................................................................................27
1.5 AS FONTES PESQUISADAS ................................................................................. 2 9
CAPÍTULO II
2 A EVOLUÇÃO DO HOSPITAL ....................................................................................31
2.1 A HISTÓRIA DO HOSPITAL ATÉ A RENASCENÇA ...............................................31
2.2 PRINCIPAIS EVENTOS na E volução do HOSPITAL a partir da RENASCENÇA ...47
2.3 FOUCAULT E O NASCIMENTO DO HOSPITAL E DA CLÍNICA ............................54
2.4 O HOSPITAL ANTIGO ERA SÓ UM LUGAR PARA MORRER?..............................66
CAPÍTULO III
3 A EVOLUÇÃO DO SABER MÉDICO ..........................................................................80
3.1 O IMPACTO DO NOVO SABER MÉDICO NA ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS
HOSPITALARES ........................................................... .......................................... 97
CAPÍTULO IV
4 O HOSPITAL DE CARIDADE DE FLORIANÓPOLIS ...............................................105
4.1 O OBJETO HISTÓRICO ........................................................................................105
4.2 A IRMANDADE SENHOR JESUS DOS PASSOS E O SEU HOSPITAL ............. 110
4.3 A PRÁTICA DA SAÚDE PÚBLICA PELO GOVERNO PROVINCIAL NA
SEGUNDA METADE DO SÉC. XIX .......................................................................115
4.4 A CONSTRUÇÃO DO HOSPITAL DE CARIDADE DO DESTERRO ....................130
4.5 AS MODIFICAÇÕES DO HOSPITAL DE CARID ADE ...........................................134
4.6 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FÍSICAS DOCUMENTADAS do HC de 1850-1950 .139
CAPÍTULO V
5 CONCLUSÕES .........................................................................................................147
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................155
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................160
APÊNDICES A1........................................................................................................... 170
A2 Tabela das descobertas de organismos patogênicos e de artrópodes vetores ......179
ANEXOS - FOTOGRAFIAS, PLANTAS E DESENHOS ...............................................180
LISTA DE FIGURAS
1 Fotografia da maquete da Terma de Badenweiler de outubro de 2003...................... 37
2 Fotografia da Terma de Baden na Áustria de 1994 ....................................................3 8
3 Gravura do século XIX da Terma de Caracala em Roma .......................................... 39
4 Planta esquemática do Hospital do Cairo construído em 1284 ...................................44
5 Fotografia do Hospital dos Inocentes de Florença ......................................................46
6 Planta esquemática do Hospital Maior de Milão construído em 1456 .................. .......48
7 Quadro de H.Robert da Ponte de Notre Dame durante a demolição das casas .......61
8 Fotografia do Portal do Hospício de São Fernando de Madrid ...................................70
9 Fotografia de parte da fachada do Hospital Maior de Milão ...................................75
10 Planta baixa de uma enfermaria “Nighti ngale” do S. Thomaz Hospital .................... 99
11 Perspectiva aérea do projeto ideal de Tony Garnier de 1904 ................................ 103
12 Aquarela de Debret da Vila do Desterro ................................................................. 105
13 Fotografia de pintura a ó leo de Eduardo Dias com vários aspectos do HC ............111
14 Fotografia do Hospital de Caridade da década de 1860 ........................................ 135
15 Fotografia do Casarão de 1987 ..............................................................................141
16 Fotografia da vista áerea do Hospital de Caridade de 1984 ...................................146
SIGLÁRIO
ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA = Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APE = Arquivo Público do Estado de Santa Catarina
DEOH = Departamento de Edificações e Obras Hidráulicas
FCC = Fundação Catarinense de Cultura
HC = Hospital de Caridade de Florianópolis
HU = Hospital Universitário da UFSC
IPUF = Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis
ISJP = Irmandade Senhor Jesus dos Passos
Mesa = Direção da Irmandade Senhor Jesus dos Passos
SES = Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina
UFSC = Universidade Federal de Santa Catarina
Rs = réis (antiga moeda brasileira).
GLOSSÁRIO
Alcance: “Diferença para menos que, em um ajuste de contas, se acha entre
os valores por que alguém é responsável e os entrega”. No século XIX era o termo
corriqueiro e sutil utilizado para a dívida pública que o Governo tinha com terceiros.
INTRODUÇÃO
Por trás da história desordenada dos governos, das guerras e da fome, desenham-se
histórias, quase imóveis ao olhar – histórias com um suave declive: história dos caminhos
marítimos, história do trigo ou das minas de ouro, história da seca e da irrigação, história
da rotação das culturas, história do equilíbrio obtido pela espécie humana entre a fome e
a proliferação .
(FOUCAULT, 2002:3).
Como a literatura do assunto é diminuta, esperamos que esse estudo possa fornecer
subsídios a quem se dedica ao mesmo.
CAPÍTULO I
1. A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
Nada do que jamais aconteceu pode ser dado por perdido para a História. Certamente,
só à humanidade redimida cabe o passado em sua plenitude. Isso quer dizer: só a
humanidade redimida pode citar cada um dos momentos do seu passado. Cada um dos
momentos torna-se uma citação na ordem do dia – dia que é, justamente, o do juízo final.
WALTER BENJAMIN
A verdade é também uma forma de poder. Para Paul Veyne “é mais importante
ter idéias do que conhecer a verdade”, pois a verdade absoluta só Deus a tem.
O grande livro do Homem -máquina foi escrito simultaneamente em dois registros: no anátomo-
metafísico, cujas páginas haviam sido escritas por Descartes e que os médicos, os filósofos
continuaram; o outro, técnico -político, constituído por um conjunto de regulamentos militares,
escolares, hospitalares e por processos empíricos e refletidos para controlar ou dirigir as operações do
corpo.
FOU CAULT (2000b:117-118).
No fundo da prática científica existe um discurso que diz: “nem tudo é verdadeiro; mas em todo o lugar
e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas
que no entanto está somente a espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa
perspectiva, o ângulo correto , os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente
aqui e em todo lugar”.
(FOUCAULT, 2000a:113).
O mundo tornou-se novamente “infinito” para nós: na medida em que não podemos
rejeitar a possibilidade de que ele encerre infinitas interpretações .
FRIEDRICH NIETZCHE (2002:278).
O argumento, em sua estrutura lógica, precisa de uma base teórica que trafegue
no crescimento do saber, pelos conceitos essenciais da cultura, pela ideologia e pela
constituição e uso do texto.
O saber histórico se repõe como teoria e, como tal, novamente será questionado.
A pesquisa histórica mantém com a teoria da história uma relação de fecunda tensão: por um lado, toma-a
como direcionadora do seu olhar, por outro, nega-a, para sustentar que o vivido é sempre novo e alheio a
toda teoria. A teoria também mantém com a pesquisa uma relação igualmente fecunda e tensa: quer se
impor sobre a documentação e sistematizar a experiência vivida, mas aceita a pluralidade de perspectivas
possíveis e considera necessária e desejável a resistência do vivido às suas orientações. Dessa resistência
depende a sua renovação, a criação de novas interpretações. Não há pesquisa histórica empírica sem o
apoio implícito ou explícito da teoria e a teoria é estéril sem a pesquisa histórica.
(REIS, 2003:7).
a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que
ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa, enquanto a pesquisa
bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado
assunto.
(GIL, 1995:73).
A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre
certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem,
chegando a conclusões inovadoras.
Todo grande homem exerce uma força retroativa: toda a história é novamente posta na balança por
causa dele, e milhares de segredos do passado abandonam seus esconderijos – rumo ao sol dele. Não
há como ver o que ainda se tornará história. Talvez o passado esteja ainda essencialmente por
descobrir! Tantas forças retroativas são ainda neces sárias!
FR IEDRICH NIETZSCHE (2002:81).
rastros que, por si mesmos, raramente são verbais, ou que dizem em silêncio coisa
diversa do que falam; em nossos dias, a história é o que transforma os documentos
em monumentos e que desdobra, onde se decifravam rastros deixados pelo homem,
onde se tentava reconhecer em profundidade o que tinham sido, uma massa de
elementos que devem ser isolados, agrupados, tornados pertinentes, inter-
relacionados, organizados em conjuntos». Para Foucault, a arqueologia antes se
voltava para a história como disciplina que era dos monumentos mudos, agora,
fazendo quase um trocadilho, a história “se volta para a arqueologia – para a
descrição intrínseca do monumento”. FOUCAULT (2002:8).
a ciência que trata da organização, do manuseio de informações. Consiste na coleta, classificação, seleção,
difusão e na utilização de toda espécie de informação, compreendendo não só as suas técnicas de
estocagem, conservação e de classificação, mas também suas técnicas de uso e os métodos que facilitam a
sua busca e a sua identificação. É toda informação sistemática, comunicada de forma oral, escrita, visual ou
gestual, fixada em um suporte material, como fonte durável de comunicação.
(CHIZZOTTI, 1991:109).
O documento é “qualquer informação sob a forma de textos, imagens, sons, sinais etc., contida em um
suporte material (papel, madeira, tecido, pedra), fixados por técnicas especiais como impressão, gravação,
pintura, incrustação etc. Quaisquer informações orais (diálogo, exposições, aula, reportagens faladas)
tornam -se documentos quando transcritas em suporte material ”.
(CHIZZOTTI, 1991:109).
assim foi sendo montada. O vocábulo documento já era usado pelos romanos com o
significado de prova jurídica, mantido este até hoje, mas apropriado pelos positivistas
para significar agora prova científica e não mais jurídica. Ora sabemos como os
documentos oficiais são elaborados, principalmente os que envolvem estatísticas, os
quais exageram no que for louvável nos atos dos governos e minimizados quando não
lhes favorecem. Por isso o pesquisador deve estar atento para o verdadeiro sentido que
o documento apresenta, também é preciso ter uma visão da totalidade dos eventos, o
que implica ainda na retrospectiva de toda a evolução humana. Este novo olhar difere
daquele em que o bom historiador era o que se mantinha fiel aos textos. Muita vez
sequer era verificada a tradução, quase sempre imperfeita, ou então, modificada
intencionalmente por interesses do poder. Para melhor ilustrar essa assertiva é
apropriado verificar o que Goethe escreveu sobre tradução, o que, segundo ele, perde
sempre a concepção original de seu autor. Nas traduções da poesia então a
complexidade é muito maior, perdem-se rimas, ritmo, graça, sonorização, marcação
etc., como se pode verificar nos versos seguintes:
Não se trata de colocar tudo num certo plano, que seria o do acontecimento, mas de considerar que
existe todo um escalonamento de tipos de acontecimentos diferentes que não têm o mesmo alcance, a
mesma amplitude cronológica, nem a mesma capacidade de produzir efeitos.
(FOUCAULT, 2000:5).
pensar a história como toda a experiência humana entendida sempre como experiência de classe que é de
luta, e valorizar a natureza política dessa luta, significa considerar então que a história real é construída por
homens reais, vivendo relações de dominação e subordinação em todas as dimensões do social, daí
resultando processos de dominação e resistência.
(VIEIRA, et al, 2000:17).
O histórico reúne tudo o que, de fato ou de direito, cedo ou tarde, direta ou indiretamente, pode se dar
ao olhar.
FOUCAULT (2001:4).
Várias foram as fontes que buscamos para atingir nosso objetivo, suficientes
para nos proporcionar uma perspectiva histórica do nosso mais antigo estabelecimento
assistencial de saúde em funcionamento, o Hospital de Caridade de Desterro, sob uma
leitura histórico-social.
A principal fonte fornecedora de dados para este trabalho foi a dos inúmeros
documentos que se encontravam e os que se encontram no Arquivo Público do
Estado de Santa Catarina. Em nossos quatro meses de pesquisa e transcrições
caligrafadas neste APE tivemos a fortuna de achar Documentos, Quadros,
Fotografias, Plantas, Desenhos, Atas e Balancetes que se encontravam em
catalogação, por solicitação da Irmandade Senhor Jesus dos Passos e que foram
restauradas no mesmo APE. O acesso a tais documentos teve o consentimento do
CAPÍTULO II
2 A EVOLUÇÃO DO HOSPITAL
Quem nada conhece, nada ama. Quem nada pode fazer, nada compreende. Quem
nada compreende, nada vale. Mas quem compreende também ama, observa, vê...
Quanto mais conhecimento houver numa coisa, tanto maior o amor... Aquele que
imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada
sabe a respeito das uvas.
Paracelso
Muitas questões podem ser colocadas sem termos uma resposta segura da
verdade como, por exemplo, quando surgiram as cidades? A partir delas se pode
projetar o nascimento do primeiro hospital? A ciência diz que provavelmente a primeira
cidade foi Jericó, (cerca de dez milênios atrás), mas, como aceitar isto se esta mesma
ciência nos mostra partes de muralhas ou fortificações na Bolívia com vinte e cinco
milênios de idade e com uma tecnologia ainda desconhecida? A mesma “gaia”
ciência nos diz que o homem chegou às Américas há treze milênios, e antes disso?
Quem construiu tais muralhas? E a Pangea? Para nós tudo isso se assemelha à
estória “adâmica”. O mundo científico muito tem ainda para estudar e compreender e
muito longe está da verdade.
criação de uma cidade era um ato religioso. Com raras exceções, as cidades antigas
eram, comparadas com as atuais, apenas aldeias, já que não poderiam suportar
maiores concentrações humanas por ausência de tecnologia para a sua infra-estrutura.
Curiosamente, apenas no Egito é que encontramos cidades da antiguidade sem
muralhas.
Notícias históricas de Israel, em torno do ano de 70 d.C., nos falam que havia,
em seu território, uma população de dois milhões de israelitas quando Tito mandou
matar mais de seiscentos mil rebeldes em toda a Palestina. Em 132 d.C., ocasião em
que os judeus se rebelaram outra vez contra Roma, os romanos mataram mais de
quinhentos mil, destruindo mais de novecentas aldeias. Isto nos mostra um país com
uma área pequena, densamente povoado, apenas com uma grande cidade para a
época, a capital Jerusalém, com cerca de cem mil habitantes. Este país apresentava
uma densidade populacional superior à dos atuais países da América do Sul. A
população estava assentada com a distribuição que o terreno permitia, tendo em vista
as condicionantes da época, uma vez que parte da Palestina era então um jardim
verdejante. Na antiguidade clássica os povoados ficavam, em áreas que assim o
permitiam, muito próximos entre si, geralmente junto a reservatórios naturais ou cursos
d’água. Em todo o entorno do Mediterrâneo já existia na época uma acentuada
densidade demográfica. Entretanto, não há registros de hospitais na Judéia de dois
milênios atrás, apenas das famosas Termas de Herodes. Provavelmente outras Termas
romanas existiram na Palestina.
Saliente-se que a sociedade helênica clássica tinha para si, como uma
obrigação individual e coletiva, a hospitalidade para com os estrangeiros, com os
atenienses dando atenção especial para os tebanos. Rosen (1994:38) descreve a
autuação dos médicos na Grécia antiga. Em torno de 600 a.C., algumas cidades
nomeiam médicos, estes recebiam da urbe algum estipêndio, mesmo quando não
ARMANDO HERBERTO HELDWEIN
Orientadora: Profa. Dra. SANDRA NOEMI C. CAPONI
Dissertação de Mestrado 35
Figura 1 - Foto da maquete da Terma de Badenweiler, vendo-se ao fundo a direita parte das ruínas da
mesma, em seguida parte da cobertura abobadada em aço e vidro que protege toda a ruína. Ainda
atrás da maquete há um painel ilustrativo que mostra a planta esquemática e uma perspectiva
isométrica da Terma. Foto de 28/09/2003.
Por um édito do Imperador Constantino, datado de 335 d.C., que havia tornado
o cristianismo a religião oficial do Império Romano, foram fechados os Asklepieia,
oportunizando uma ”caça às bruxas”, com os “cristãos” invadindo e amaldiçoando os
recantos sagrados dos templos que homenageavam a Asclépio, alegando paganismo
de seus praticantes. Estes estabelecimentos foram rapidamente trocados por
hospitais ditos “cristãos”.
Apenas em Roma, no ano de 354 d.C., existiam 952 termas públicas, muitas
delas gigantescos complexos que continham bibliotecas, restaurantes, lojas, museus,
salões para música, auditórios, ginásios e jardins cobertos. Eram verdadeiros centros
culturais onde se praticava o “mens sana in corpore sano”. O banho era um ritual diário
para o romano e servia como exercício e relaxamento. “Os romanos passavam tanto
tempo imersos na água, que havia até uma sala especial onde criados lhes passavam
Figura 2 - Foto de 16/10/1994 de uma bela escultura que representa a Deusa grega da saúde Hygieia,
na Terma que leva seu nome em Baden, Áustria. Ao fundo vê-se parte do Balneário atual.
Para Herbal Pina Ribeiro (1993), o Hospital existia na Grécia de Asclépio, bem
como na Roma Antiga, onde seu nome foi latinizado para Esculápio, hoje sinônimo de
médico ou cirurgião. A expressão “Grécia de Asclépio” aqui é entendida quando se
constroem os templos ao seu culto, cerca de oito séculos após sua existência na Terra,
ou a partir do século V a. C.
Brephotrophia eram asilos para crianças rejeitadas pelos pais; Ptocotrophia para os
pobres e desamparados; Gerontodochia assistia idosos; Lobotrophia atendia
inválidos, leprosos e os enfermos que não tinham mais esperança de cura;
Xenodochia eram albergues para forasteiros, estes asilos mais tarde receberam o
nome de Hospitium e se equivaliam aos Pandochaeion da Grécia; e ainda os
Nosocomia que recebiam todos os enfermos e eram os que mais se pareciam com os
hospitais atuais.
Figura 3 - Gravura do século XIX das Termas de Caracala em Roma, construídas em 216 d.C.
Desde 524, quando São Bento de Núrsia criou o Mosteiro de Monte Cassino,
durante toda a Baixa Idade Média, a Ordem Beneditina por ele fundada disseminou
estes cenóbios pelas estradas da época, fossem vias de peregrinação, fossem vias
comerciais. Apesar disso, poucas eram as estalagens ou abrigos para os viajantes ou
peregrinos em toda Europa até a Renascença, levando em consideração o único meio
de transporte que dispunham: seus próprios pés. – Já no século XVI Martinho Lutero,
quando foi à Roma com seus acompanhantes, encontrou dificuldades para encontrar
abrigos ao longo da sua extensa jornada a pé –. Nos conventos recebiam-se os
forasteiros, cansados, feridos ou doentes, que ali encontravam acolhida promovida
pelo sentimento do dever cristão da hospitalidade. Os Beneditinos estudaram e
desenvolveram a medicina da Antiguidade, bem como a fitoterapia para melhor
atenderem seus hóspedes. Dessa maneira, em cada monastério foram construídos um
“Nosocomium” ou “Xenodochium” anexos e, quando a abadia era menor, no mínimo
havia um “receptaculum” para acolher os transeuntes. Em boa parte dos mosteiros
haviam plantações de ervas ditas medicinais.
Uma rede de nosocômios se distribuía por toda a Europa no final do século XV.
Entre os séculos XII e XV na Inglaterra mais de 750 hospitais foram criados, destes
216 eram para atendimento aos hansenianos. Na Europa continental algo semelhante
também era concretizado. Obras de grande valor artístico e tecnológico como o
Hospital dos Inocentes em Florença, Itália, do Arquiteto Filippo Brunelleschi, construída
de 1419 a 1424, mostram a importância que tais instituições atingiam para os seus
governantes, com investimentos feitos para a saúde do povo que deixam muitos
governos da nossa era com “água na boca”. Para Rosen (1994:68) “a criação do
hospital é uma das grandes façanhas sanitárias da Idade Média”. Estes hospitais
também buscavam a cura de seus pacientes dentro das possibilidades que podiam
oferecer.
Figura 5 – Foto do Hospital dos Inocentes de Florença, Itália, obra do Arquiteto Filippo Brunelleschi,
construída de 1419 a 1424, percebe-se o generoso pé direito no térreo. O terceiro pavimento é
construção posterior que deturpa o edifício original. Fonte: Arte nos Séculos – Vol. III.
Como foi dito acima, o Hospital clerical perde sua força a partir do século XIII,
em decorrência da malversação de seus administradores clericais, ganância, egoísmo
e, também, pela luta contra o poder civil. Com a administração das municipalidades o
hospital geral recebe um novo aspecto, portador de sua própria configuração, esta
nova formatação vai permitir que outras possam ser a ele agregadas no último quarto
do século XVIII, prenunciando o hospital moderno.
A ciência produz “verdades” às quais nos submetemos; a verdade é, sem dúvida, uma
forma de poder.
(Vera Portocarrero, 1994:57).
O primeiro hospital “em cruz” pode ser o Santa Maria Nuova de Florença, de
1419; feito sobre a base de antigo Hospital fundado por Folco Portinari. Neste
Hospital, Da Vinci fez seus primeiros estudos anatômicos.
e trinta anos era o horizonte de vida máxima dos trabalhadores. O principal problema
social inglês no início do século XIX era a assistência aos pobres. A antiga Lei dos
Pobres isabelina determinou à freguesia assistir o indigente. Em 1834 foi aprovado o
revolucionário Ato de Emenda à Lei dos Pobres pelo Parlamento Inglês. Já na Prússia
a situação era mais perigosa ainda, especialmente na região mineira da Turíngia, onde
o trabalhador vivia em condições lamentáveis, a conseqüência foi a Revolução de
1848, sufocada com mão de ferro e, como sempre, sem nenhuma solidariedade.
Embora valiosos esses hospitais deixavam muito a desejar. A prática da enfermagem era primitiva, a
higiene muitas vezes pobre, e as enfermarias, graças a conceitos de economia falsos, viviam
apinhadas.
ROSEN (1994:121).
outubro de 1795), determinou que cada paciente tivesse seu próprio leito, com uma
distância mínima de três pés entre eles, cerca de um metro ou mais exatamente: 99
cm. Rosen (1994:121). Este também é o atual afastamento mínimo exigido pelas
normas da ANVISA no Brasil.
Nessa época C. Tollet escreveu os livros: “Les Hopitaux au XIX Siecle” (Os
hospitais do século XIX), e “Les edifices hospitaliers depuis leur origine jusqu’a a nos
jours”. (Os edifícios hospitalares desde sua origem até os nossos dias).
Petit foi outro que apresentou um projeto para o Hôtel Dieu à Academia de
Ciências de Paris, no qual dispunha as salas em forma estrelada com um domo central
em que se situava a capela, mas já com os pavilhões providos com células individuais
ARMANDO HERBERTO HELDWEIN
Orientadora: Profa. Dra. SANDRA NOEMI C. CAPONI
Dissertação de Mestrado 54
e com três pisos superpostos. Tal distribuição era pouco aconselhável na época mas,
mais tarde, foi utilizada para prisões.
Rosen (1994:232) destaca ainda que até meados do século XIX a cirurgia teve
duas limitações sérias: 1) ocorrência de infecção da ferida, que resultava, amiúde, em
septicemia fatal e se mostrava comum nos hospitais, onde os pacientes sucumbiam à
“gangrena do hospital”, ou a um ainda mais vago “hospitalismo”; 2) insuficiência dos
meios para o controle da dor.
Rosen (1994:233) informa que em 1846 foi introduzida a anestesia por éter,
tornando a cirurgia indolor. Mas o flagelo da sepse continuou e as chamadas “doenças
de hospital” cresceram. Em 12 de agosto de 1865 foi aplicado o princípio anti-séptico
pela primeira vez em uma cirurgia. A partir daí o cirurgião escocês Lister propaga seus
procedimentos anti-sépticos. A labuta de Lister é mais tarde aperfeiçoada por Ernst
von Bergman, este, já no final do século XIX, lança as bases das técnicas de assepsia
e esterilização do instrumental até hoje empregadas. Com a vulgarização dos
anestésicos, as cirurgias ganham um planejamento mais elaborado, a rapidez antes
exigida, agora pode ceder um tempo para a técnica. O Centro Cirúrgico é valorizado e
passa a ser uma unidade obrigatória no hospital, tornando-se depois no “coração” do
mesmo. As cirurgias apresentam resultados otimizados, há um acentuado decréscimo
da mortalidade, surge uma demanda reprimida por novos leitos. O sucesso dos
pioneiros Lister e Bergman ampliou os limites da cirurgia.
proporciona toda uma logística antes desnecessária. Este novo cenário enseja a
afirmação do edifício monobloco vertical para a assistência de saúde. Assim o edifício
hospitalar vai assumindo várias formas e disposições, sem maiores preocupações
com a modulação ou flexibilidade, estas só irão acontecer em meados do século XX
quando o hospital adquire características de fluidez e leveza.
Quanto mais abstrata for a verdade que pretendes ensinar, maior deverá ser a arte de seduzir os
sentimentos a favor de tal verdade.
O hospital existente na Europa desde a Idade Média, segundo Foucault, não era
concebido para curar, não era um meio de cura. O hospital como instituição importante
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Dissertação de Mestrado 56
e mesmo essencial para a vida urbana do Ocidente, desde a Idade Média, não é uma
instituição médica, e a medicina é neste tempo, uma prática não hospitalar. É relevante
destacar isso para compreender a novidade do Século XVIII quando se cria uma
medicina hospitalar ou um hospital médico, terapêutico. Todavia, vimos que a medicina
estava presente no hospital desde a Idade Média e, como escola de medicina já a
partir do Século XVII, pelo menos na Inglaterra.
hospital. É preciso estudar a distribuição interna do seu espaço. Cremos que Foucault
tinha como padrão o Hôtel Dieu, o qual, ao longo dos séculos, foi crescendo de forma
caótica, onde até as pontes de pedra lindeiras sobre o Sena foram aproveitadas como
terreno construível, a la “Ponte Vecchio florentina", transformando-se num verdadeiro
“elefante branco” que recebia até cinco mil enfermos no século XVIII. No labirinto em
que se transformou, tendo camas em que eram colocados até oito pacientes, só
podemos deduzir que havia se tornado no depósito, no local para morrer, pois que
atendimento, que gerenciamento, que disciplina ou organização esta estrutura poderia
apresentar, ainda agravada com pessoal escasso?
Figura 7 - Quadro de H. Robert do acervo do Louvre, mostrando a demolição de casas sobre a ponte de Notre-
Dame que fizeram parte do Hôtel de Paris. Fonte: Os Milênios – Vol. V.
Para atender as novas idéias trazidas por Tenon para o hospital foram usados
alguns critérios, como segue: “se a cura da doença é por uma ação sobre o meio,
será preciso criar em volta de cada enfermo um meio espacial individualizado,
específico, modificável segundo o doente, a doença e sua evolução”. É necessário
então proceder uma autonomia funcional, médica, do espaço vital para o paciente.
Agora a regra é que cada leito só terá um doente. Ainda será preciso criar em torno do
enfermo um modo manipulável que possibilite aumentar ou diminuir a temperatura
A pequena mudança na pergunta “o que é que você tem?” permutada por: “onde
lhe dói?”, representa o jogo da clínica e o princípio de todo o seu discurso. A partir daí,
toda a relação do significante com o significado se redistribui, e isto em todos os níveis
da experiência médica. Foucault (2001:XVIII).
anatômico. Esta ordem do corpo sólido e visível é apenas uma das formas da
medicina espacializar a doença.
No século XVIII, a clínica é uma figura muito mais complexa do que um puro e simples conhecimento
de casos. Contudo ela não desempenhou um papel específico no movimento do conhecimento
científico; é marginal a estrutura que se articula com o campo hospitalar sem ter a mesma
configuração que ele; visa à aprendizagem de uma prática que ela resume mais do que analisa;
agrupa toda a experiência em volta dos jogos de um desvelamento verbal que nada mais é do que
sua simples forma de transmissão, teatralmente retardada.
Foucault (2001:70).
Nos últimos anos do século XVIII, a cultura européia construiu uma estrutura que
ainda não foi desatada; começamos apenas a desembaraçar alguns de seus fios que
nos são ainda tão desconhecidos que os tomamos de bom grado como
maravilhosamente novos ou absolutamente arcaicos, enquanto que, há pouco mais de
dois séculos, constituíram a trama sombria, mas sólida, de nossa experiência. Foucault
(2001:225-230).
Foucault reconhece que existem muitos fatos desse tempo de mudanças que
nos são desconhecidos mas, no futuro, eles serão desvelados. Contudo, curiosamente,
nos parece que Foucault não se aprofunda nos seus estudos do Hospital da
Renascença, tampouco em conhecer a realidade do doente mental daquela época,
bem como, com todo o contexto hospitalar europeu no período que vai da Renascença
até a Revolução Francesa. A impressão que fica é que se fixou apenas nos hospitais
de referência da época e do seu país, ou seja, os que estavam superlotados e que não
tinham condições de proporcionar aos seus pacientes um atendimento adequado.
Talvez, por isso, se apresente tão categórico sobre a transformação brusca do hospital
a partir de 1780. Pela nossa pesquisa histórica, em muitos lugares o hospital era
medicalizado inclusive o Hotel Dieu de Paris.
O hospital, esse espaço de cura e assistência, esse espaço preparado para amenizar
o sofrimento, pode resultar em um espaço em que se evidencia o exercício da
tecnologia pastoral.
Sandra Caponi (2000:58).
No Hôtel Dieu de Paris, (no período de 1221 a 1511), Le Goff (1997:208) arrola
vinte e seis práticos (três barbeiros, cinco médicos e dezoito cirurgiões). Muitos destes
eram sábios e figuras importantes, com extenso currículo e muitos serviços prestados
à França. Para o autor “a sua presença no Hospital de Paris revela pelo menos que
quinze hospitais, numa proporção de um para cada dois mil, e questiona o autor: “Que
cidade moderna pode exibir algo semelhante a tais adequadas acomodações?” E
prossegue esmiuçando que: Toulouse, em 1262, continha treze hospitais e sete
leprosários; sendo que um desses nosocômios dispunha de 56 leitos. Em Florença, no
século XIII, citando Giovanni Villani, existiam noventa mil cidadãos e possuía então
trinta hospitais que ofereciam mais de mil leitos. Seriam todos estes edifícios apenas
lugares para morrer? Não cremos. Para Mumford (1998:323), a medicina
municipalizada surge no século XIV, em 1312 na cidade de Constança (Konstanz) .
Acrescenta que em 1485, em Veneza funda-se “uma magistratura permanente de
saúde”, acrescida já em 1556 de sistema de inspeção e coerção. Neste tempo os
acometidos de moléstias contagiosas eram isolados extramuros das cidades. Antes
os cenóbios mais equipados já tinham comprovado a validade das enfermarias de
isolamento com latrinas separadas. A medicina medieval estabelece a quarentena
como prática para os estrangeiros, o que era detestado por estes; mas, as constantes
observações assim o determinaram. Entretanto, o tempo de isolamento obrigatório
aos estrangeiros era muito maior do que o necessário.
O engodo dos sentidos anestesia a razão, levando-a a inferir que a morte deles
representa o fim da vida, arrolando o cérebro como autor do pensamento e os órgãos
na condição de causa da existência do ser.
Nos mais imediatistas, apegados aos prazeres físicos, o temor à morte é maior,
em virtude das sensações que o escravizam à matéria, fazendo-o recear a perda dos
gozos em que se comprazem.
primeiro século d.C. haviam treze aquedutos em Roma, com uma vazão diária de mais
de um bilhão de litros.
morressem, a instituição tinha despesas maiores. É claro que isso mostra a visão
mercantilista que já vigorava, mas também confirma a preocupação em recuperar o
paciente o mais breve possível, e a palavra cuidado não deixa dúvidas quanto a
intenção de usufruir o estabelecimento assistencial de saúde.
Embora não seja fácil definir, em termos estatísticos, sua influência, parece claro que ajudaram a
espalhar informação médica e a imprimir nas mentes das pessoas rudimentos de higiene.
Outrossim, essas instituições não nasciam do governo, mas resultavam de esforços de cidadãos, e
subscrições e heranças as financiavam. Nem o hospital voluntário nem o dispensário eram
resultado de mudanças sociais e econômicas promovidas pela Revolução Industrial.
ROSEN (1994:121).
Outro ponto que nos leva a refletir sobre esta questão é a preocupação com a
mortalidade, documentada historicamente por alguns autores, pois os governantes
também sabiam que se uma epidemia grassasse entre os seus, toda a nação seria
debilitada, atraindo os olhares cobiçosos de seus inimigos. Os próprios relatórios
pesquisados dos Provedores da ISJP do século XIX sobre mortalidade e suas taxas
demonstram a preocupação que estes tinham em justificar cada óbito que se verificava
além da normalidade.
É óbvio que o saber médico estava limitado àquilo que cada época
proporcionava, certo é também que este saber é cumulativo e, ainda, até o “Século das
Luzes” o conhecimento do corpo humano era bastante reduzido. A partir do final do
século XVIII, quando toda a ciência e a arte humana alcançam um patamar jamais
atingido, é que o saber médico se desenvolve para uma Ciência médica que assume o
hospital, para nele promover o cuidado e, a partir de Claude Bernard, o estudo e a
experimentação sistemáticos na investigação dos fenômenos fisiológicos para a
conseqüente cura dos enfermos. Mesmo que o hospital fosse para os pobres e nele o
médico podia fazer seus estudos para aplicá-los na clínica, onde os ricos podiam
pagar e se aproveitar do conhecimento adquirido pelo seu clínico no hospital, o pobre
se beneficiava do tratamento qualificado, já que antes, segundo Foucault, nem isto
existia.
Tudo no Universo se move, como já dizia Galileu Galilei, pois este moto
perpétuo é o que mantém o seu equilíbrio. Isto ocorre no macrocosmo como também
no microcosmo, já que os fenômenos biológicos estão sempre se modificando. Todas
CAPÍTULO III
Diversos povos antigos da Ásia e das Américas conheciam mais o seu íntimo
do que os europeus da antiguidade.
O grande Poeta romano Virgílio (Publius Virgilius) (70-19 a.C.) em sua obra
Eneida – VI, 727, já afirmava: “Mens agitat molem”. (A mente move o corpo).
Cláudio Galeno de Pérgamo (c. 130-201 d.C.) produziu a síntese final do saber
médico da antiguidade, que fundamentou as práticas de medicina e de Saúde Pública
pelo milênio e meio seguinte. Também trabalhou para Marco Aurélio em Roma entre os
anos 170 e 180 d.C., mas a sua medicina foi ineficaz para manter vivo o Imperador-
filósofo. Para Galeno o homem era constituído por três “pneumas” (espíritos), o animal
situado no cérebro, o vital no coração e o natural no fígado. O natural era o produtor
do sangue, da nutrição e das permutas. O animal respondia pelas funções de
sensibilidade e movimento e o vital regulava a movimentação do sangue. O princípio
fundamental da vida física era o “calor vital” que produzia a circulação do “pneuma” e
mantinha a resistência da vida física, o que sustentou por séculos a Doutrina do
Vitalismo.
qualquer outra máquina que o homem desmonte e remonte, para conhecer seus
mecanismos. Admirado diante do enorme potencial da mente, Descartes questionando
a si mesmo sobre a complexidade dos nervos, elabora a teoria dos espíritos animais
que, para ele, estariam enclausurados no cérebro, perpassando nas redes nervosas
para atender aos movimentos da respiração, dos humores e da defesa orgânica, sem
participação consciente da vontade, assegurando que esses espíritos se ligavam
refletidos necessariamente, aplicando tal regra principalmente aos animais, aos quais
classificava como máquinas desprovidas de pensamento. O filósofo não conseguiu
apreender toda a amplitude das vias que se mostravam à evolução na esteira dos
evos, todavia abordou a verdade do ato reflexo que atende ao influxo nervoso, no
automatismo em que a alma evolui para mais altos níveis de consciência, no rumo
inevitável para a vida superior.
Robert Hooke constrói o seu primeiro microscópio e, com ele, identifica num
pedacinho de cortiça, a formação de um monte de “lojas” que, posteriormente, foram
chamadas de células. Em 1665 descreve suas descobertas em sua obra
Micrographia. Revela-se então que todos os seres vivos são constituídos por células,
as quais variavam em forma e dimensões em cada organismo investigado. Pouco
depois Marcello Malpighi, com um microscópio, descobre vasos diminutos que
promoviam a união das artérias com as veias, completando o circuito da circulação
que William Harvey nos revelara antes. Marcello Malpighi (1622-1674), médico italiano
e um dos expoentes do Atomismo, em 1661 nos desvela os vasos capilares do baço, a
fim de compreender-se de que modo o sangue passava das artérias para as veias,
retornando ao coração, sem necessidade do pneuma vital propalado por Galeno. Em
1665 demonstrou a existência dos glóbulos vermelhos e outras descobertas.
Considerado criador da anatomia microscópica.
A pessoa sob hipnose pode receber estímulos e se livrar dos sintomas que a
molestam ou de traumas psíquicos que o afetam. Ampliando em profundidade o transe,
o paciente pode submeter-se a cirurgia sem sentir dor e apresentar um mínimo de
sangramento quando cortado. Desde o início da descoberta da hipnose perceberam-
se as suas propriedades e, em meados do século XIX, numa Clínica rural perto de
Nancy na França, o Dr. Liébeault, médico devotado, tratou gratuitamente por mais de
vinte anos uma grande clientela com a qual ele obteve enorme sucesso, com o uso da
hipnose. Naquela época aparece se destacando o famoso neurologista francês, Jean-
Martin Charcot, fundador da Neurologia francesa quando criou a Escola Neurológica no
seu Hospital de La Salpêtrière, em Paris. Sigmund Freud e Pierre Janet foram alguns
dos seus estagiários e seus trabalhos modificaram a compreensão dos processos
mentais. Charles Richet, grande fisiologista francês e fundador da Metapsíquica
influenciou o Dr. Charcot a estudar a hipnose, passando então a usá-la no tratamento
de suas pacientes histéricas. Mas a Clínica de Nancy e o Dr. Charcot travam enorme
polêmica, com aquela demonstrando que a hipnose era uma condição humana
passsível de ser provocada em qualquer pessoa, enquanto que o Prof. Charcot
afirmava que apenas a histérica poderia ser hipnotizada. Nesta querela, Freud visita a
Clínica de Nancy e utiliza a hipnose nos estudos iniciais que produziram sua grande
obra: a Psicanálise. Nas suas experiências Freud e Pierre Janet constataram que a
histeria parecia provocar uma cisão na personalidade e a pessoa perdia o controle de
seus atos. Todavia, ao final de sua carreira, Charcot também empregou a hipnose com
sucesso em outros pacientes além das histéricas, ajudado sempre por seus
assistentes e pressionado pelas evidências, apesar de negar tais procedimentos.
ARMANDO HERBERTO HELDWEIN
Orientadora: Profa. Dra. SANDRA NOEMI C. CAPONI
Dissertação de Mestrado 90
Em 1859 Charles Robert Darwin (1809-1882), publica seu livro “Sobre a origem
das Espécies” e cria a teoria da evolução, a qual tem restrições sociológicas, mas
continua sendo aceita pela ciência. Com esta obra inaugura-se o terceiro período da
história da medicina de Jean Bernard (1998:12).
Ainda em 1865, ano prolífero para o saber médico, Gregor Mendel, (1822-1884)
monge e botânico morávio, ao fazer cruzamentos de ervilhas na horta de seu cenóbio,
descobre as leis da hereditariedade tornando-se o fundador da genética.
conhecimento sobre a infecção das feridas em base segura. Deve-se a ele ainda as
principais técnicas dos estudos em bacteriologia. Koch procedeu em 1880
experiências importantes que comprovaram a eficácia de seus sistemas de ar seco
quente na batalha bacteriológica.
Em 1913 Carl Gustav Jung, notável psiquiatra suíço (1875-1961), passa a seguir
seu próprio caminho, discordando de Freud, com quem até então colaborava; definiu o
Self como “totalidade da psique consciente e inconsciente” e afirmava que essa
totalidade iria além da nossa visão, já que o inconsciente existe. Jung não concordava
com Freud que dizia que a religião era uma neurose compulsiva, afirmando que esta
era necessária para o equilíbrio psicológico, antineurotizante, desde que seja estímulo
para o trabalho de renovação interior do indivíduo. Nietsche é um bom exemplo disso
ao desacreditar de tudo e terminar num asilo de alienados. No livro: A idéia do
Sagrado de Rudolf Otto, Jung achou a palavra numinoso correta para significar força
espiritual, a qual oportuniza qualquer experiência transpessoal. O numinoso revela-se
em expressão do inconsciente coletivo, que pode ser abstrato, estimulante, provedor,
que se caracteriza como uma realidade mais do que humana. Quando o Self está em
plenitude, o sujeito experimenta a qualidade numinosa que está ligada ao sagrado, à
Divindade. A experiência numinosa não pode ainda ser compartilhada com outra
pessoa que não a vivenciou, tampouco explanada, pois ainda faltam meios para
Howard Walter Florey (1898-1984), médico inglês, foi quem isolou e fabricou
com Chain a penicilina em 1940 a partir do Penicillium notatum. A penicilina tinha sido
descoberta por Fleming em 1927, mas este não conseguiu isolá-la.
posse do “Mapa da vida”, muitas são e serão as especulações que originarão novas
polêmicas e grandes preocupações de ordem ética e moral, com o homem retornando
a Filosofia para encontrar respostas. Esta é a lei natural, isto é, a lei da permanente
evolução.
Hipócrates
Lister seu iniciador. Entenderam que era preciso fazer separações atmosféricas entre
pacientes, salas, hospitais e população.
Já no final do século XIX o tratamento por meio de agentes físicos como: ar, luz,
água, radiação e exercícios se intensifica, o que requer ambientes adequados para
praticar o mais antigo e “recente” método de cura: a fisioterapia, da qual os romanos
tanto se valiam. Para esta atividade os velhos hospitais só disponibilizaram os recintos
menos nobres como subsolos úmidos, sob escadas, e outros carentes de luz natural e
ventilação. Apenas com o surgimento da energia elétrica instalada é que tais locais
puderam ser ocupados pelos pacientes. Por falta de conhecimento ou de reflexão, esta
localização permanece nos hospitais construídos no início do século XX. Todavia, a
fisioterapia é uma unidade dos grandes hospitais que provocou profunda revisão de
conceitos e planejamento, promovida pelas múltiplas aplicações que a medicina física
envolveu. A hidroterapia com águas naturais, termais, ferruginosas, sulfurosas,
radioativas, etc, adquire bases científicas. Da mesma forma passa a ser parte do
arsenal terapêutico a helioterapia, as radiações infravermelhas e as ultravioletas
idealizadas por Darsonval em 1890 que, ao penetrarem no corpo humano,
transformam-se em calor constituindo a diatermia.
Figura 11 - Complexo hospitalar e sanitário de Tony Garnier (1904) – Fonte: Biermann et al.
provocou um novo olhar sobre o hospital; a partir deste momento não mais será
apenas o local de dor, da doença e da morte e sim o abrigo em que se podem obter
cuidados e melhoria da saúde quando em desequilíbrio. Esta mudança, associada
com os descobrimentos das escolas de Pasteur e de Koch, promoveu uma nova
função para o hospital: o tratamento eficaz das doenças contagiosas.
CAPÍTULO IV
Le Corbusier (1979:46).
cliente que pode pagar sua estada, reduzindo a oferta de leitos aos que não têm
tal possibilidade. Assim, os serviços hospitalares ou de saúde para o
proletariado em nosso país, que estão garantidos pelo Constituição, não são os
que deveriam acontecer. O Governo destaca verbas gigantescas para a saúde,
as quais são desperdiçadas em procedimentos altamente sofisticados e
pontuais, beneficiando os poucos de alta complexidade ou o grande dreno da
corrupção as consome.
Como arma de transformação do mundo, a arquitetura tem os seus métodos próprios, que não
se confundem com os da ciência ou os da própria tecnologia. Restaurá-los é a proposta
contida nas atitudes de Le Corbusier e Niemeyer.
(VILANOVA ARTIGAS).
Figura 13 –
alimentação para o enfermo e a medicação que lhe devia ser dada. Um número
assinalava as receitas, o qual “constava de um formulário geral a ser consultado”.
Encerrada a visita, o enfermeiro arrolava o que constasse nos quadros. O
almoxarife comprava então o necessário mediante recibo dos fornecedores, e
seu controle de estoque não podia apresentar diferenças “com os pedidos do
enfermeiro”. Em 1821, por intercedência do Irmão Joaquim, o HC volta para a
ISJP. Por este relato insuspeito podemos observar que haviam cuidados
adequados para com os pacientes, (pelo menos enquanto Hospital Militar),
supervisionados pelo major-cirurgião.
O poder não possui exclusivamente a força do ‘não’; ele detém uma capacidade
produtiva, produz saber, produz individualidades e subjetividades, e nos produz
criar uma administração centralizada capaz de gerir tal massa; ela formaria um
tipo de consciência médico-econômica permanente da nação; seria a percepção
universal de cada doença e o reconhecimento imediato de todas as
necessidades: seria responsável em distribuir as verbas necessárias “para o
alívio dos infelizes”; financiaria a ”Casa Comunal” e daria assistência particular às
famílias pobres que tratam de seus doentes.
ainda em osso, isto é, faltava assoalhar, rebocar e forrar. Afirmava que o lado do
Norte tinha lugar para acomodar 120 enfermos, e que esse número era muito
superior ao que a demanda exigia. Todavia recomendava que se concluísse pelo
menos parte do lado Sul para haver uma melhor separação de sexos, ou seja, os
ambientes construídos até então não proporcionavam espaços independentes
para os dois sexos.
Mais adiante o mesmo Relatório trata dos preparativos que foram feitos
para o caso de uma epidemia: “Nesta Capital a Administração do Hospital de
Caridade preparou sessenta leitos para o caso de invasão, e assim pode ela
prestar-se a 120 doentes, porque além dos novos leitos, ali já existiam outros
sessenta. Além disso, temos mais trinta leitos prontos para recebermos outros.
Estou que a respeito da Capital estamos sofrivelmente preparados, porque, o
que Deus nos livre, se a epidemia se manifestar em grande escala, muitos
Não há manutenção ou recuperação da saúde sem equilíbrio espiritual, tanto como material.
Le Goff (1997:211)
O novo prédio é a Ala Norte com dois pavimentos, e que recebeu em 1949
um terceiro pavimento. Este bloco queimou totalmente no incêndio de 5 de abril
de 1994, e este terceiro pavimento não foi mais reconstruído, já que era espúrio
ao original e impedia outros blocos do HC de “respirar”. O conjunto de blocos que
formam o HC foram sendo emendados uns aos outros ao longo das sete
primeiras décadas do século XX de tal maneira que a maioria dos seus
ambientes internos não recebia mais ventilação e iluminação naturais. Depois
das “cirurgias” feitas pós-incêndio de 1994, o HC voltou a respirar com mais
tranqüilidade, recebendo uma sobrevida que não tem horizontes, desde que sua
manutenção aconteça.
Figura 14
Entre os anos de 1948 a 1949 foi construído o terceiro piso da Ala Norte,
além do avarandado na mesma Ala. Os avarandados dos dois primeiros
pavimentos foram iniciados em 1938 e concluídos no ano seguinte. Estes
avarandados foram feitos com uma estrutura de concreto armado, já que a Ala
Norte original tinha piso assoalhado, com pilares de madeira para sua
sustentação, inclusive da cobertura.
Figura 15 - Fonte: Pereira (1997:26). Nota-se o terceiro pavimento feito posteriormente e que deve ser
removido por ser espúrio ao original. Ao fundo o prédio que serve de lavanderia do HC e que serviu
antes como residência das Irmãs de Caridade. O Casarão recebeu diversas denominações ao longo
da sua história como Hospital dos Lázaros, Escola, Hospital dos Variolosos, etc. Atualmente o Casarão
está restaurado, pintado e com muito melhor aspecto do que da foto acima.
CAPÍTULO V
5 CONCLUSÕES
Ainda no século XIX o “casarão” ou Casa para Morféticos serviu, por curto
período, como Escola, como Hospital Militar, como Hospital para Variolosos, para
Coléricos e mais tarde, até 1987, como pensionato para as estudantes de
enfermagem, além de outras finalidades. Hoje está sem utilização e se pretende
torná-lo em um museu. Portanto, no seu início, o Hospital de Caridade
apresentava duas realidades distintas que não lhe eram aplicadas, como
acontecia com a maioria dos Hospitais da época, a do saber médico e a de
caridade com os pobres.
do que um Hospital que visa a cura dos seus enfermos, foi o lar de muitos
catarinenses excluídos que se encontravam debilitados, doentes ou
depauperados, mas foi também escola regular para crianças externas e internas
no período em que as Irmãs Vicentinas estiverem a frente do Estabelecimento e
ainda centro de aprendizagem profissional para os que nele laboraram. Pelo
estudo feito, o HC também foi lugar de exclusão social.
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APÊNDICES
AVICENA, (Ibn Sina) médico e filósofo da Pérsia (980-1073 d.C.) foi autor
do Cânone da Medicina e de uma enciclopédia das ciências filosóficas.
ANEXOS
Planta de Situação do HC, sendo a mais antiga existente no acervo da ISJP e autenticada pela
Seguradora em 17 de junho de 1940.
Planta de Situação do HC autenticada pela Seguradora em 15 de junho de 1941, que se consti tui em
importante documento para comparação das modificações ocorridas no último ano, cotejando-se com
a planta acima de 1940. As duas plantas foram fotografadas em junho de 2003 no APE.
Por este desenho se constata que a Ala Sul está em ruínas ou em construção, retratando a
situação do HC anterior a 1855. Fonte: CABRAL (1942:84).
Dissertação de Mestrado
185
Dissertação de Mestrado
186
A Tela é cópia da fotografia de cima, o que caracteriza que a foto publicada em CABRAL (1979:124)
mostra a situação do HC em 1860, desautorizando a data por ele publicada. Fonte: Pereira (1997).
Fonte: Foto B
Foto de 1926 publicada no Diário Catarinense de 5 de janeiro de 2004, vendo-se acima da silueta do
HC o muro do cemitério da ISJP.
Fotografia de 1926 desde a Avenida Hercílio Luz, vendo-se parte do desmonte do morro da atual
Faculdade de Educação para saneamento do córrego, ao fundo o HC. Fonte: Foto B.
A fotografia inferior é do Pavilhão para Tuberculosos que foi feito em 1927/28 e demolido em 1962
para a construção do Hospital Escola. Fonte: Althoff (1988:foto 16).
fachada avançada da Ala Sul. Ambas as Fotos cedidas pelo Gabinete de Estudos Henrique da
Silva Fontes.
O bloco de três pavimentos a direita com estrutura de concreto armado onde está a
Kombi foi demolido após o incêndio de 1994 para permitir que as construções antigas
Esta foto é de 1946 e comprova a existência dos avarandados com a torre sul de estilo californiano.
Fonte: Foto B.
Nesta foto verifica-se que a demolição do bloco atrás da Igreja e da sua Sacristia ensejou uma limpeza
no bloco da entrada principal do HC mostrada na página 204. Sobre o hospital vê-se a parte branca
entre a mata que é parte do muro do cemitério da ISJP.
Fotografia do HC de 1950, cedida pelo Gabinete de Estudos Henrique da Silva Font es.