Ambiente Invalidante
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modelo-biossocial-vulnerabilidade-emocional
Invalidantes
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DBT enfatiza os aspectos psicossociais do tratamento - como uma pessoa interage com os outros em
diferentes ambientes e relacionamentos. A teoria por trás da abordagem é que algumas pessoas
tendem a reagir de maneira mais intensa e fora do comum em certas situações emocionais,
principalmente aquelas encontradas em relacionamentos românticos, familiares e amigos. DBT foi
originalmente concebido para ajudar a tratar pessoas com transtorno de personalidade limítrofe, mas
específico desse texto é de apresentar qual é o conceito de regulação
emocional e de desregulação emocional para que assim seja
construída a base necessária para o aprofundamento posterior no
modelo biossocial.
Contudo, cabe salientar que essa não é a única proposta que explica
esses conceitos. O leitor poderá procurar diversas outras fontes que
podem discutir, também, o que é e como se desenvolve a desregulação
emocional. O motivo pelo qual esse texto irá se focar no modelo
biossocial é que esta se configura em uma proposta teórica altamente
parcimoniosa e que engloba, dentro de seu escopo teórico, uma ampla
gama de estudos de ciência básica sobre desregulação emocional
(Crowel, Beauchine & Lenzenweger, 2008). Isso significa que o modelo
biossocial apresenta conceitos teóricos que conseguem dar
sustentação a sua proposta com uma ampla base em diversos
campos de pesquisa sobre esse tema. Este é o caso dos estudos
genéticos, neurobiológicos, sobre padrões familiares, sobre
características psicológicas das crianças, sobre experiências
traumáticas ao longo do desenvolvimento, dentre outros campos de
pesquisa que sejam realmente relevantes para essa área (Crowel,
Beauchine & Lenzenweger, 2008). Ou seja, estamos falando não só de
um modelo teórico altamente sólido, mas, também, de uma teoria que
é simples de ser explicada e entendida pelos pacientes (Linehan,
2010a). Essa última característica confere ao modelo biossocial uma
excelente aplicabilidade clínica para que os pacientes consigam
entender o que de fato acontece com eles e como eles podem fazer
para gerenciar melhor as suas emoções (Linehan, 2015).
agora é usado para tratar uma ampla gama de preocupações. A terapia comportamental dialética (DBT)
é uma forma específica de terapia cognitivo-comportamental.
Para iniciarmos uma definição acurada do modelo biossocial, vamos
primeiramente definir o que é regulação emocional em 4 (quatro)
princípios bem específicos:
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[1] Para a melhor compreensão dos conceitos de valor biológico e de regulação da vida recomenda-se a leitura de
Damásio, A. R. (2011) E o cérebro criou o homem. São Paulo: Companhia das Letras.
[2] Para aprofundamento deste ponto específico recomenda-se a leitura de: 1) Chanen, A. M., & Kaes, M. (2012).
Developmental pathways to Borderline Personality Disorder. Curr Psychiatry Rep, 14, 45-53. 2) Hughes, A. E., Crowell,
S. E., Uyeji, L., & Coan, J. A. (2012) A developmental neuroscience of borderline pathology: emotion dysregulation and
social baseline theory. J Abnorm Child Psychol, 40 (1), 21-33.
[3] Para o aprofundamento deste ponto sugere-se a leitura de: Amad, A., Ramoz, N. Thomas, P., Jardri, R., & Gorwood
(2014). Genetics of borderline personality disorder: systematic review and proposal of na integrative model.
Neuroscience and Behavioral Reviews, 40, 6-19.
[4] O termo ativação usado aqui refere-se a uma tentativa de tradução do termo “arousal” que não possui uma tradução
adequada para o português.
O que é Desregulação Emocional? O Modelo Biossocial – Vulnerabilidade
Emocional
Por fim, a terceira grande função do processamento emocional é que ele nos
comunica e nos influencia, tendo em vista que as reações emocionais
funcionam como importantes pistas ou alertas das situações que estão
ocorrendo. Ou seja, elas acabam direcionando a nossa interação dentro
dos contextos ambientais, verbais e relacionais (Linehan, 2015).
Invalidantes
Assim sendo, este terceiro artigo irá abarcar o que são os ambientes
invalidantes, as diferentes formas nas quais um ambiente pode ser
invalidante e os principais efeitos que podem ser acarretados ao longo do
desenvolvimento pela exposição a esses ambientes. Fornecendo assim, uma
visão holística dessas variáveis ambientais em transação com as
biológicas e provendo uma compreensão global do modelo biossocial.
Por fim, todo esse padrão apresentado sobre o que é invalidação e as suas
consequências, nos esclarecem o porquê pacientes que possuam
desregulação emocional oscilam entre a inibição e a supressão
emocional e a expressão de comportamentos extremados, os quais
acabam funcionando tanto como estratégias para regular a intensidade da
emoção, como uma estratégia que pode ser efetiva em eliciar, a partir de
relações funcionais, suporte ambiental (Miller, Rathus & Linehan, 2007).
Contudo, é crucial que se tenha em conta que processos de invalidação são
normais na nossa cultura e que é impossível que um ambiente não
contenha em si nenhum tipo de resposta invalidante (Linehan, 2015).
Inclusive a ideia de que toda a invalidação é um processo que deve ser
evitado não é verdadeira. A DBT preconiza que temos que validar aquilo
que é válido e invalidar aquilo que é inválido (Koerner, 2012). Ou seja,
validar comportamentos privados ou públicos que tenham como função a
aproximação de objetivos de longo prazo e/ou com valores importantes
para a pessoa, e invalidar estratégias que impeçam que a pessoa
construa uma vida que valha a pena ser vivida. Nesse sentido quando está
se falando de ambientes invalidantes justamente está se descrevendo os
processos de invalidação daquilo que é válido (Linehan, 2010; Dornelles &
Sayago, 2015). Processo esse que quando ocorre sistematicamente de
forma transacional com a vulnerabilidade emocional acaba por desenvolver
um padrão de respostas caracterizado por:
Dornelles, V. G.; & Alano, D. (no prelo). Terapia comportamental dialética (DBT). In:
Procognitiva. Porto Alegre: Artmed
Linehan, M. M., Bohus, M., & Lynch, T. R. (2006). Dialectical behavior therapy for pervasive
emotion dysregulation: theoretical and practical underpinnings. In: Gross, J. Handbook of
emotion regulation. New York: The Guilford Press
Linehan, M. M. (2015). DBT skills training manual. New York: The Guilford Press
Linehan, M. M. (2015). DBT Skills Training Manual (2 Ed.). New York: The Guilford Press.
Miller, A. L., Rathus, J. H., & Linehan, M. M. (2007). Dialectical Behavio Therapy With Suicidal
Adolescents. New York: The Guilford Press.