Ebook Microbiologia
Ebook Microbiologia
Ebook Microbiologia
e Imunologia
Clínica
Natália Gindri Fiorenza
Maria Paula de Souza Sampaio
Unidade 1
Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autoras
NATÁLIA GINDRI FIORENZA
MARIA PAULA DE SOUZA SAMPAIO
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
AS AUTORAS
NATÁLIA GINDRI FIORENZA
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do desen- houver necessida-
volvimento de uma de de se apresentar
nova competência; um novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações es-
necessários obser- critas tiveram que ser
vações ou comple- priorizadas para você;
mentações para o
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e inda-
algo precisa ser gações lúdicas sobre
melhor explicado o tema em estudo, se
ou detalhado; forem necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamento atenção sobre algo
do seu conhecimento; a ser refletido ou
discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoaprendi- volvimento de uma
zagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Aspectos citomorfológicos microbianos ...............................11
Histórico da Microbiologia.......................................................11
Morfologia bacteriana...............................................................12
Citologia e fisiologia.................................................................13
Ação bacteriana.......................................................................18
Controle microbiano.................................................................18
Agentes físicos.................................................................19
Agentes químicos............................................................19
Fatores de virulência.................................................................20
Microbactérias patógenas......................................................26
Cocos Gram-positivos...............................................................26
Neisseria....................................................................................29
Enterobactérias..........................................................................30
Bacilos não fermentadores........................................................31
Bacilos Gram-positivos.............................................................34
Microbiota normal..................................................................40
01
UNIDADE
Microbiologia e Imunologia Clínica 9
INTRODUÇÃO
Você sabia que o tema Microbiologia estuda os organismos
microscópicos e suas atividades biológicas? Assim como sua importância
e influência nos seres vivos. Nessa unidade nós estudaremos as principais
características das bactérias, aprendendo a diferenciá-las e saber quais
as suas funções. A microbiologia médica estuda os microrganismos
causadores de doenças em humanos e animais, compreendendo cada
microrganismo e suas infecções. É muito importante saber que existem
bactérias que estão presentes normalmente em nosso organismo, sem
causar nenhum mal, e diferenciá-las de bactérias patogênicas. Entendeu?
Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
10 Microbiologia e Imunologia Clínica
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:
1. Aprender sobre a morfologia, citologia e fisiologia, além da
genética microbiana e suas aplicações.
2. Entender sobre o controle de microrganismos, fatores de virulência
e mecanismos de ação e resistência bacteriana.
3. Conhecer as principais bactérias e suas características, assim
como as infecções causadas por elas.
Compreender a microbiota normal do corpo humano e os
4.
mecanismos que ocorrem.
OBJETIVOS
Durante o capítulo, você irá mergulhar no histórico
dos microrganismos, desvendando as suas principais
características. A compreensão dessa etapa inicial é
extremamente importante para o entendimento da
microbiologia. E então? Motivado para desenvolver essa
competência? Então vamos lá. Avante!
Histórico da Microbiologia
Os principais microrganismos estudados na microbiologia são:
bactérias, fungos, algas e protozoários, que podem provocar infecções,
e existem diversas formas de diagnóstico e identificação desses
microrganismos. Mas, para que seja possível identifica-los, é necessário
entender a sua estrutura, morfologia, fisiologia, reprodução e metabolismo.
Apesar da maioria serem vistos apenas microscopicamente, eles possuem
características comuns aos sistemas biológicos, possuem capacidade de
se reproduzirem, de ingerir substâncias, de excretar metabólitos, de reagir
a alterações no ambiente e são susceptíveis a mutações.
VOCÊ SABIA?
Os vírus, apesar de não serem considerados vivos, possuem
algumas características de células vivas e por isso são
estudados como microrganismos.
Morfologia bacteriana
A unidade de medida das bactérias é o mm (micrômetro), muitas
bactérias medem de 2 a 6 mm de comprimento e 1 a 2 mm de largura. As
bactérias podem se apresentar em três tipos morfológicos: bastonetes/
bacilos, cocos e espirilos. Os bastonetes podem ser curtos ou longos
com extremidade podendo ser reta, de ponta arredondada ou curva
(forma de vírgula). Os espirilos têm forma de hélice, espiralar. Os cocos
podem ser esféricos, com formato de ponta de lança, e podem formar
diferentes arranjos (vai depender da sua divisão celular, se foi em plano
único ou em mais planos).
Quando os cocos estão agrupados de dois em dois são chamados
de diplococos, quando vários cocos estão agrupados em cadeia (divisão
em único plano) são chamados estreptococos, quando os cocos estão
agrupados de forma aleatória semelhante a um cacho de uva são
chamados de estafilococos.
Microbiologia e Imunologia Clínica 13
NOTA
Os bastonetes não possuem tantos arranjos como os cocos
e, na maioria das vezes, estão isolados. Entretanto, podem
se apresentar aos pares (diplobacilos) ou em cadeias
(estreptobacilos).
Citologia e fisiologia
As bactérias são seres procariotos, ou seja, não possuem carioteca
e são mais simples em relação a sua estrutura comparada aos seres
eucariotos. As células procariotas possuem estruturas fundamentais
à viabilidade da célula, que são o genoma, ribossomos, parede e
membrana celular, e estruturas acessórias, que conferem características
adicionais à célula, como flagelo, pili, cápsula, plasmídeo, endósporo ou
grânulo de inclusão.
A parede celular é responsável pela rigidez, divisão celular e
manutenção osmótica, também faz parte da proteção mecânica da célula
e é responsável pelas reações tintoriais. É formada, principalmente, por um
complexo macromolecular, conhecido como mucocomplexo (também
chamado de peptidoglicano, mureína, mucopeptídio ou glicopeptídio).
Nas bactérias Gram-negativas, a parede celular está composta por uma
camada de peptidoglicano e três outros componentes que a envolvem
externamente (lipoproteína, membrana externa e lipopolissacarídeo).
As bactérias Gram-positivas possuem como característica os ácidos
teicoicos e os lipídios estão em maior quantidade e muito ligados entre
si. Existem algumas bactérias chamadas micoplasmas que não possuem
parede celular nem peptidoglicano, ou seja, são incapazes de corar pelo
método de Gram.
14 Microbiologia e Imunologia Clínica
IMPORTANTE
O gênero da bactéria Mycobacterium possui uma
parede celular atípica e é o exemplo mais importante de
microrganismo que, devido ao caráter hidrofóbico de sua
parede, sua coloração pelo método de Gram é dificultada.
NOTA
As bactérias Gram-negativas são constituídas por uma
endotoxina, o lipopolissacarídeo (LPS), que é responsável
pela propriedade de patogenicidade, enquanto nas
bactérias Gram-positivas a exotoxina, composta pelo ácido
lipoteicóico, tem como característica principal a aderência.
Essas bactérias, como fatores de ataque ou agressão,
caracterizam-se por graus diferentes de virulência.
NOTA
Todos esses nutrientes e fatores quando são adquiridos
fazem a bactéria absorvê-los e transformá-los para que
exerçam suas funções importantes para o metabolismo
bacteriano.
VOCÊ SABIA?
As bactérias usam energia para transporte de nutrientes,
para movimentação dos seus flagelos e para realizar a
biossíntese.
Fase Estacionária
Fase de
Decaimento
Fase Exponencial
Fase Lag
Tempo
Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/13364102.
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Caderno:
“Técnico em Alimentos: Microbiologia Básica” (TEIXEIRA
DE CARVALHO), acessível pelo link http://proedu.rnp.br/
bitstream/handle/123456789/362/Microb_Basica%20(1).
pdf?sequence=1 (Acesso em 20/12/2019).
RESUMINDO
E então,gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter visto que a
microbiologia é uma área extensa, que abrange diferentes
microrganismos e que cada um desses microrganismos
possui características únicas. Aprendeu primeiramente um
pouco sobre como tudo começou, os primeiros cientistas
que desvendaram os aspectos microbianos. Compreendeu
que as bactérias são microrganismos que possuem
características celulares diferentes as de seres eucariotos,
tanto em sua morfologia, citologia, fisiologia e reprodução.
Viu que as bactérias possuem diversos formatos que
podem ser visualizados através de técnicas de coloração,
como a coloração de Gram (que será abordada mais
detalhadamente em outro capítulo). Pôde aprender um
pouco sobre tudo isso, visto que alguns assuntos abordados
após essa unidade dependerão do entendimento desse
capítulo.
18 Microbiologia e Imunologia Clínica
Ação bacteriana
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de entender
como ocorre o controle de microrganismos, conhecer
acerca dos fatores de virulência dos mesmos e os
mecanismos de ação e de resistência bacteriana. E então?
Motivado para conhecer sobre todas essas ações? Vamos
lá. Avante!
Controle microbiano
O controle microbiano ocorre quando há ações com o intuito
de: remover, matar, reduzir o número ou inibir o crescimento de
microrganismos. O controle pode ser feito através de métodos químicos
ou físicos e ao fazer a sua escolha deve-se levar em consideração o
agente microbiano a ser afetado e a forma em que ele pode interferir.
NOTA
O método de escolha depende do tipo de material que
contém o microrganismo.
IMPORTANTE
Deve-se levar em consideração a natureza do microrganismo
presente, o efeito normalmente não é espontâneo e o
agente deve afetar diretamente o microrganismo.
Agentes físicos
Destacamos os principais agentes físicos utilizados no controle
microbiano. As baixas temperaturas atuam como bacteriostático e podem
ser utilizadas através de refrigeração, congelamento rápido profundo
(para conservação de culturas a 80ºC) ou liofilização. O calor úmido,
através da fervura e autoclave, mata células vegetativas (bactérias e
fungos), esporos e vírus; na pasteurização ocorre desnaturação proteica
e pode matar a maioria dos microrganismos patogênicos. O calor seco
também pode ser utilizado, através de chama direta, incineração ou
esterilização com ar quente. O ressecamento (remoção de água dos
microrganismos) possui um efeito bacteriostático. Também podem ser
utilizado diferentes tipos de radiação que podem causar mutações,
inibição de enzimas e alterações na célula.
Agentes químicos
Dentre os agentes químicos utilizados no controle microbiano, o
fenol e os agentes fenólicos atuam como antissépticos ou desinfetantes
através da ruptura da membrana plasmática e desnaturação proteica.
20 Microbiologia e Imunologia Clínica
NOTA
Existem variáveis que podem influenciar na atividade
antimicrobiana desses agentes, como o tamanho da
população microbiana (quanto maior a população,
mais tempo levará para ser destruída), a intensidade ou
concentração do agente (quanto menor, mais tempo levará
para destruir), o tempo de exposição ao agente (quanto
maior o tempo, maior o número de células mortas), a
temperatura de exposição (temperaturas mais altas matam
mais rapidamente a população), entre outras.
Fatores de virulência
DEFINIÇÃO
A patogenicidade é a capacidade de um microrganismo
causar qualquer dano em um hospedeiro e virulência é a
capacidade relativa de um microrganismo causar danos
em um hospedeiro.
VOCÊ SABIA?
O primeiro antibacteriano descoberto por Alexander
Fleming, em 1928, foi a penicilina, que se mostrou muito
eficaz durante a segunda guerra mundial.
1 dia
Antibacteriano
Bactericida
Bacteriostático
NOTA
A resistência a drogas na maioria das vezes é carreada por
plasmídeos.
Célula doadora de
plasmídeo
Gene de
resistência
Morte da Bactéria
Plasmídeo
Gene de
Resistência
Bacteriófago
Bactéria infectada
por vírus
Bactéria recebendo os
genes de resistência Gene de
Resistência
IMPORTANTE
Quando lançadas ou despejadas no meio ambiente
também podem interferir no equilíbrio ecológico dos
micro-organismos presentes.
Microbiologia e Imunologia Clínica 25
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo:
“Desafios do cuidar em saúde frente à resistência bacteriana:
uma revisão” (OLIVEIRA & SILVA), acessível pelo link https://
www.revistas.ufg.br/fen/article/view/8011 (Acesso em
22/12/2019).
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que existem alguns métodos para eliminar ou
impedir o crescimento de microrganismos. Aprendeu que
existem diferenças entre esses métodos e a sua escolha
irá depender do tipo de microrganismo e do objetivo final,
podendo ser agentes físicos ou químicos. Viu que os micro-
organismos possuem fatores de virulência, que ajudam a
piorar os danos causados nos hospedeiros e a resistirem
aos antimicrobianos. Por falar em resistência, conheceu
os mecanismos que os microrganismos possuem para
resistir às drogas antimicrobianas e também conheceu
sobre as ações dos antimicrobianos e os tipos. Conseguiu
compreender a importância de ter responsabilidade ao
administrar os antibióticos corretamente, que podem tornar
as bactérias resistentes, seja de forma natural ou adquirida.
26 Microbiologia e Imunologia Clínica
Microbactérias patógenas
OBJETIVOS
O objetivo deste capítulo é apresentar as principais
bactérias patogênicas, de importância médica e as
infecções causadas por elas. No final desse capítulo,
terá compreendido sobre as características únicas e
o mecanismo de desenvolvimento das doenças nos
hospedeiros. Vamos lá?
Cocos Gram-positivos
Existem algumas bactérias cocos gram-positivas que são de
importância médica, como Staphylococcus spp., Streptococcus spp.,
Enterococcus spp., e outras. Os estafilococos são as bactérias mais
resistentes ao meio ambiente, calor, e em amostras clínicas secas.
Apesar de existir antimicrobianos que combatam a essas bactérias,
elas são extremamente importantes para as pessoas. A Staphylococcus
aureus coloniza o homem na amamentação, podendo estar presente
também na nasofaringe e na pele. Infecções causadas por essa bactéria
algumas vezes se mostraram resistentes ao tratamento com antibiótico,
mesmo os mais potentes.
IMPORTANTE
Devido a essa capacidade de se tornar resistente aos
antibióticos, há a necessidade de um diagnóstico e
identificação rápidos para os casos dessa bactéria.
Microbiologia e Imunologia Clínica 27
VOCÊ SABIA?
As bactérias Streptococcus spp. foram as maiores
causadoras de infecção hospitalar na era pré-antibiótica,
causando surtos de infecção e morte.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_microbiologia_completo.pdf.
28 Microbiologia e Imunologia Clínica
NOTA
O meio de cultura ágar sangue não é indicado para essa
prova pois o sangue do meio contém catalase, podendo
gerar um resultado falso-positivo.
estrito
*aderente ao meio
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_microbiologia_completo.pdf.
Neisseria
Existens diferentes espécies de neisseria, incluindo N. meningitidis
e N. gonorrhoeae, que são analisadas junto com a Moraxella catarrhalis,
Moraxella spp., Acinetobacter spp., Kingella spp e Alcaligenes spp. As N.
meningitidis e N. gonorrhoeae possuem uma grande importância médica
por causarem meningite e gonorreia. As suas espécies são, em sua
maioria, diplococos Gram-negativos.
NOTA
Com exceção da Neisseria elongata e Kingella denitrificans,
todas as neisserias são oxidase positivas e catalase positivas.
NOTA
Deve-se sempre colher material para cultura, para que seja
possível confirmar e monitor a resistência destas bactérias.
30 Microbiologia e Imunologia Clínica
22ºC Nut.
35ºC
GLI = glicose MAL = maltose LAC = lactose SAC = sacarose FRU = frutose
Fonte: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/microbiologia/mod_5_2004.pdf.
Enterobactérias
Constituem 27 gêneros/102 espécies/8 grupos indefinidos
da maior família e mais heterogênea de bactérias Gram-negativas
patogênicas. São bacilos não esporulados, com motilidade variável,
oxidase negativos, que crescem em diversos meios, são anaeróbios
facultativos, fermentam a glicose com ou sem produção de gás, são
catalase positivos, e reduzem nitrato à nitrito. A maioria dessas bactérias
são encontradas no trato gastrointestinal de humanos, mas também
podem ser encontradas em animais, na água, no solo e nos vegetais.
São responsáveis por uma grande parte das infecções urinárias e das
septicemias. As principais enterobactérias causadoras de infecções
hospitalares são Escherichia coli, Klebsiella spp., e Enterobacter spp e
as principais causadoras de infecções na comunidade são Escherichia
coli, Klebsiella spp., Proteus spp., Salmonella spp., e Shigella spp. As
principais provas a serem feitas para identificar as enterobactérias são
fermentação da glicose e da lactose, teste de motilidade, teste de
citrato, descarboxilação da lisina, produção de sulfeto de hidrogênio,
produção de gás (CO2), teste da oxidase, produção de indol, de uréase,
de fenilalanina desaminase ou opção triptofanase, de gelatinase ou
opção DNAse. Também pode ser feita a identificação sorológica, onde
Microbiologia e Imunologia Clínica 31
DEFINIÇÃO
Os sorotipos são divisões baseadas no relacionamento
antigênico, enquanto os biotipos são amostras do mesmo
sorotipo que diferem em características bioquímicas.
NOTA
Em atividades de rotina, a identificação sorológica é feita
apenas com germes comprovadamente patogênicos e de
importância epidemiológica como Salmonella spp., Shigella
spp., Escherichia coli ou Yersina enterocolitica.
VOCÊ SABIA?
A prevalência de BNFs no trato respiratório de pacientes
portadores de fibrose cística, tais como Complexo Burkholderia
cepacia, Stenotrophomonas maltophilia e Achromobacter
xylosoxidans tem aumentado nos últimos anos.
Microbiologia e Imunologia Clínica 33
Fonte: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/
modulo3/identificacao3.htm.
Bacilos Gram-positivos
Dentre os bacilos gram-positivos (BGPs) podemos dividir em
bactérias corineformes, bacilos gram-positivos regulares, esporulados
e bacilos ramificados.
Microbiologia e Imunologia Clínica 35
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_microbiologia_completo.pdf.
NOTA
Os corineformes são um grupo heterogêneo de bactérias
com poucas características em comum e também
morfologicamente muito diferentes. São exemplos as
bactérias Arcanobacterium spp., Corynebacterium spp.,
Gardnerella vaginalis, Oerskovia spp., Rhotia spp.
36 Microbiologia e Imunologia Clínica
VOCÊ SABIA?
B. antrhacis foi a primeira bactéria associada a uma doença,
em 1877 por Robert Koch. O nome anthracis significa carvão,
referenciando às lesões que provoca na pele, quando a
infeção é cutânea. Essa bactéria possui um risco elevado
na comunidade quando é utilizada como arma biológica.
Microbiologia e Imunologia Clínica 37
VOCÊ SABIA?
As bactérias anaeróbicas restritas compõem normalmente
o nosso organismo, ultrapassando em número as bactérias
aeróbicas e anaeróbicas facultativas, estando na microbiota
normal do tubo digestivo, pele, trato respiratório superior e
genital feminino.
IMPORTANTE
A confirmação da bactéria anaeróbica restrita se dá quando,
após 24 a 48 horas da nova incubação, a bactéria tenha
crescido apenas na placa de anaerobiose.
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Tese:
“Principais Bactérias de Interesse Médico Encontrados
em Molhos e Condimentos de Lanchonetes Tipo Fast
Food” (CRISPIM & OLIVEIRA), acessível pelo link https://
www.redalyc.org/pdf/260/26042165001.pdf (Acesso em
26/12/2019).
Microbiologia e Imunologia Clínica 39
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que existem diversas bactérias patogênicas,
ou seja, que podem causar doenças e por isso possuem
uma importância clínica. Aprendeu que existe uma série de
testes e provas que são feitos em laboratório para identificar
essas bactérias, que podem ser positivas ou negativas para
eles. Conheceu um pouco sobre as principais bactérias
patogênicas e sobre as suas doenças e testes feitos. Viu
que existem outras bactérias que não são patogênicas e
são mais frequentes, e que é importante também a sua
identificação e diferenciação com as bactérias patogênicas.
Por fim, compreendeu que existem milhares de bactérias,
que podem viver na presença ou na ausência de oxigênio,
que sobrevivem em diversas condições e ambientes, por
isso é tão importante saber como identificar corretamente
cada espécie e saber qual o tratamento ideal para aquela
bactéria.
40 Microbiologia e Imunologia Clínica
Microbiota normal
OBJETIVOS
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender
e conhecer sobre os micro-organismos presentes na
microbiota normal do corpo humano, sem causar doenças,
e os mecanismos que os envolvem. Então vamos lá finalizar
essa unidade com chave de ouro!
NOTA
As partes do corpo mais expostas ao ambiente (pele
e mucosas) sofrem mais rapidamente colonização por
diversos microrganismos.
Hiperimunidade Imunodeficiência
IL-6 Alteração da
NOD2
IL-12 Microbiota
IL-10
TNF
inflamação disfunção
crônica metabólica
IMPORTANTE
Se a microbiota permanente estiver intacta, a microbiota
transitória não causará danos e será eliminada. Mas, se os
microrganismos permanentes estiverem desequilibrados,
a microbiota transitória pode tornar-se patógena.
Microrganismos de uma região também podem se tornar
patógenos se estiverem em outro local que não seja o habitual.
DEFINIÇÃO
Disbiose é o desequilíbrio na microbiota associado a
doenças.
Trato intestinal
No nascimento, o trato intestinal está estéril e os microrganismos
serão introduzidos pelos alimentos, os recém-nascidos amamentados
pelo leite materno são compostos por microrganismos aeróbicos
e anaeróbicos, Gram-positivos, em destaque os estreptococos e
lactobacilos.
VOCÊ SABIA?
Quando o recém-nascido é amamentado com leite
materno, ele possui maior concentração de estafilococos
e bifidobactérias, e menor quantidade de clostrídeos
e enterococos quando comparados com crianças
amamentadas com mamadeira, que tendem a ter uma
microbiota mista, com menos lactobacilos.
IMPORTANTE
Todos os seres humanos são portadores da E. coli nesta
microbiota.
Uretra e vagina
Na uretra anterior, tanto do homem quanto da mulher, existem
microrganismos provenientes da pele e do períneo e eles aparecem
regularmente quando a urina é eliminada. A vagina é composta de
lactobacilos desde o nascimento e pode conter uma flora mista com
cocos e bacilos em algumas situações (puberdade, menopausa,
puerpério).
Olho
A microbiota do olho é composta, principalmente, por difteróides,
Staphylococcus epidermidis e estreptococos não hemolíticos. São
encontradas com frequência espécies do gênero Neisseria e bacilos
Gram-negativos.
Microbiologia e Imunologia Clínica 45
VOCÊ SABIA?
Existe um trabalho intitulado “Definindo o microbioma
humano” que estuda as mudanças da microbiota que pode
ajudar a compreender a predisposição a determinadas
doenças, além de ser útil para aplicações de tratamentos
da medicina personalizada.
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento, artigo:
“Transplante de microbiota fecal no tratamento da infecção
por Clostridium difficile: estado da arte e revisão de literatura”
(Messias et al.), acessível pelo link http://www.scielo.br/
scielo.php?pid=S0100-69912018000200300&script=sci_
arttext&tlng=pt (Acesso em 27/12/2019).
RESUMINDO
Durante esse capítulo vimos os microrganismos que
compõem o nosso organismo sem causar doenças.
Pudemos perceber que diferentes regiões do nosso corpo
vão ter uma microbiota característica daquele local e que
irá favorecer nos processos que ocorrem. Vimos que todo
ser humano nasce estéril e, após o nascimento, o recém-
nascido começa a adquirir os microrganismos desde o
momento do parto. E esses microrganismos vão se alterando
e adaptando às fases da vida. Aprendeu que a microbiota
exerce funções no nosso corpo, mas principalmente nos
protege contra microrganismos patogênicos, prevenindo
as doenças. Entendeu o risco de utilizar antibióticos de
forma incorreta, visto que pode alterar a microbiota normal.
Também aprendeu que existem diversos fatores que
podem alterar a nossa microbiota, inclusive: higiene, estilo
de vida, uso de antibióticos e alimentação. Compreendeu
que a microbiota é muito importante não só para evitar
patógenos, mas também para ajudar a manter o equilíbrio
do organismo e poder ajudar na prevenção de doenças.
46 Microbiologia e Imunologia Clínica
BIBLIOGRAFIA
http://200.132.139.11/aulas/Zootecnia/A3%20-%20Terceiro%20Semestre/
Microbiologia%20e%20imunologia/Aula%2002%20-%20Citologia%20
bacteriana%202019.pdf
http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos/ifgo/tecnico_acucar_alcool/
microbiologia_geral.pdf
http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2013/05/Morfologia-E-Citologia-
Bacteriana-2018-BAC1.pdf
http://www.unirio.br/dmp/nutricao-integral/aulas-teoricas/3-%20
Citologia%20Bacteriana%2001-2019.pdf
http://www.forp.usp.br/restauradora/calcio/citolog.htm
http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/cap3.pdf
http://microbiologia.yolasite.com/resources/MICROBIOLOGIA%20-%20
Fisiologia%20Bacteriana.pdf
http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2013/05/Morfologia-Citologia-e-
Fisiologia-Bacteriana-ENF.pdf
http://www.medicinabiomolecular.com.br/biblioteca/pdfs/Biomolecular/
fisiologia-e-crescimento-e-metabolismo-bacteriano.pdf
https://profluiscarloscarvalho.comunidades.net/controle-de-microrganismos
http://microbiologia.icb.usp.br/cultura-e-extensao/textos-de-divulgacao/
microbiologia-geral/controle-de-microrganismos/
h t t p : //w w w. u f j f. b r/m i c ro b i o l o g i a / f i l e s /2 0 1 3 /0 5 /C o n t ro l e - d a -
p o p u l a % C 3 % A7 % C 3 % A 3 o - m i c ro b i a n a - a n t i b i % C 3 % B 3 t i c o s - e -
resist%C3%AAncia-ENF.pdf
Microbiologia e Imunologia Clínica 47
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1189985/mod_resource/
content/0/Teorica%209%20-%20Controle%20microbiano%202016%20a.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_microbiologia_
completo.pdf
http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/6-
Biologia_de_Microrganismos.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3136046/mod_resource/content/1/
AULA%20BACT%C3%89RIAS.pdf
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/microbiologia/mod_5_2004.pdf
http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1365162190ABC_parte_002.pdf
https://www.unifal-mg.edu.br/pet/sites/default/files/Apostila%20
Minicurso%20Microbiol%20Microb%20Hum-PET-Biologia-Unifal.pdf
https://pt.slideshare.net/jessicaoyie5/microbiota-normal-15209493
https://aia1317.fandom.com/pt-br/wiki/Microbiota_e_o_Corpo_Humano_-_
Microbiota_Normal_e_sua_Fun%C3%A7%C3%A3o
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4449659/mod_resource/content/1/
microbiota-vfinal-2018.pdf
Microbiologia e Imunologia
Clínica
Natália Gindri Fiorenza
Maria Paula de Souza Sampaio