Ebook Da Unidade - Psicomotricidade e A Educação

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Psicomotricidade

Unidade 3
Psicomotricidade e a Educação
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
VIVIANA GONDIM DE CARVALHO
AUTORIA
Viviana Gondim de Carvalho
Sou doutoranda em Humanidades, Culturas e Artes, mestre em
Letras e Ciências Humanas, pós-graduada em Psicopedagogia e Docência
do Ensino Superior. Sou especialista em Informática Educativa e graduada
em Pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Autora de artigos e livros didáticos. Atuo na área Educacional, com ênfase
em Educação a Distância, Psicopedagogia, Comunicação, Recursos
Humanos e Neuroeducação. Atuei em grandes empresas Nacionais e
Multinacionais consolidando a educação virtual, desenvolvendo materiais
didáticos e preparando ambientes multimidiáticos. Coordenei Fábricas de
Conteúdos, desenvolvendo produtos para Educação a Distância, como
apostilas, games, simuladores, vídeos etc. Atualmente atuo na Educação
a Distância e desenvolvo pesquisas sobre a utilização de tecnologia a
fim de melhorar o desempenho dos alunos por meio das ferramentas
tecnológicas.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
A gerontomotricidade e a psicomotricidade na educação
especial.............................................................................................................10

Gerontomotricidade.......................................................................................................................10

Apoio psicológico ao atendimento na gerontomotricidade......... 16

A psicomotriocidade na educação especial................................................................ 16

Avaliação psicomotora...............................................................................18

Influências na psicomotricidade........................................................... 22

Freud.......................................................................................................................................................... 22

Andre Lapierre ..................................................................................................................................23

Levin...........................................................................................................................................................23

Wallon.......................................................................................................................................................24

Kathleen Stassen Berger............................................................................................................24

Vygotsky.................................................................................................................................................25

O valor da afetividade nas intervenções psicomotoras.............. 27


Psicomotricidade 7

03
UNIDADE
8 Psicomotricidade

INTRODUÇÃO
A Psicomotricidade não atende somente aos jovens. Ela também
tem um papel super importante para os idosos. Esses querem ter a saúde
equilibrada e a Psicomotricidade tem um papel fundamental para lhes
ajudar a alcançar seus objetivos. Desse modo, a Gerontomotricidade
objetiva proporcionar aos idosos uma melhor qualidade de vida. Além
disso, a Psicomotricidade também tem papel fundamental na Educação
Especial. Para a tomada de decisões sobre como será o melhor método
de acompanhamento, é necessária a avaliação psicomotora e para
apoiar a contextualização das ações do profissional de Psicomotricidade,
existem as bases teóricas advindas de grandes influenciadores da
Psicomotricidade.
Psicomotricidade 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Diagnosticar as principais perturbações psicomotoras, aplicando


esses conhecimentos à gerontomotricidade e a psicomotricidade
na educação especial.

2. Aplicar as técnicas de avaliação psicomotora.

3. Identificar as influências do estado mental nas baterias psicomotoras.

4. Analisar as diferentes visões de estudiosos da psicomotricidade


no que concerne ao seu relacionamento com a afetividade.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Psicomotricidade

A gerontomotricidade e a psicomotricidade
na educação especial

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


a psicomotricidade e a gerontomotricidade, bem como
a psicomotricidade na educação especial e o apoio
psicológico na gerontomotricidade. Isto será fundamental
para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá.

Gerontomotricidade
A palavra “gerontomotricidade” provém de uma subárea da motricidade
humana que visa o desenvolvimento da aptidão física e autonomia funcional
do idoso. Além disso, permite uma melhoria da qualidade de vida dos
gerontes por meio da combinação de atividades físicas, funcionamento
cognitivo e comportamento adaptativo da pessoa idosa.
Figura 1 – Atividades da Gerontomotricidade

Fonte: Freepik
Psicomotricidade 11

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que em 2025 o Brasil


terá a maior população de idosos da América Latina e abrigará a 6ª maior
população idosa do mundo. Porém, nem sempre os idosos tiveram seus
direitos reconhecidos. Segundo Barros (2000), “somente no ano de 1994,
o Governo Brasileiro, apoiado pela sua própria comunidade, criou a Lei
que determinou com precisão a Política Nacional do Idoso, assegurando-
lhe os direitos sociais e propiciando condições para promover sua
autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, a Lei 8.842 de
04 de janeiro de 1994, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada
pelo Presidente da República, que dispõem pela Política Nacional do
idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso, bem como Segundo essa Lei é
considerada idosa a pessoa com mais de 60 anos.”

De acordo com Fonseca (1998), a velhice é composta por dois


processos, sendo um fisiológico (denominado senescência) e outro,
metabólico (chamado de senilidade). Segundo o autor, envelhecer é
viver, viver é mover-se, essa afirmativa é tomada como base para as
justificativas de programas de prevenções e de reabilitação psicomotora. O
envelhecimento é uma fase inevitável à vida e é preciso estar preparado
para as modificações e adaptações que a vida precisará sofrer. As funções
físicas, motoras e psíquicas precisarão de um apoio que, muitas vezes,
deverão ser profissionais.

A Psicomotricidade pode proporcionar aos idosos a qualidade


de vida necessária para melhorar suas funções locomotoras, físicas e
psicossociais. Nesta vertente, a Psicomotricidade auxilia ao idoso sentir-
se ainda parte da sociedade e a ganhar ânimo para desempenhar suas
funções na sociedade na qual estão inseridos.

IMPORTANTE:

Assim, é importante ressaltar que uma proposta de atuação da


Psicomotricidade em idosos é uma maneira de proporcionar
melhoria da saúde e, principalmente, a qualidade de
vida desses idosos por meio da promoção de suas
habilidades, levando-se em consideração a individualidade
e as necessidades e características específicas de cada um.
12 Psicomotricidade

Figura 2 – A Gerontomotricidade é importante também para a sociabilização do idoso

Fonte: Freepik

A Psicomotricidade é percebida pela maioria dos indivíduos, de


forma progressiva, das atividades mais simples até as mais complexas.
Estas atividades poderão contribuir para o estímulo e o raciocínio, além
de possibilitar recursos ilimitados de ações. Massue (1998) e Barros (2001)
propõem algumas aplicações de atividades psicomotoras em idosos,
apoiadas pela fisioterapia preventiva. O objetivo é que a fisioterapia
preventiva e a psicomotricidade atuem juntas a fim de promover a
melhoria da qualidade de vida do idoso.

A atuação do psicomotricistas deve visar oferecer ao idoso


(portador ou não de patologia), a melhoria da qualidade de vida por meio
de atividades que utilizem os movimentos ainda existentes do idoso,
trabalhando esquema e imagem corporal. Além disso, deve visar, também
reaver e/ou conservar de forma mais funcional possível, às condutas
psicomotoras, exercitando as funções musculares e cardiorrespiratórias e
promovendo orientações posturais. Outro objetivo que o psicomotricista
deve ter na Gerontologia deve ser a melhoria e aprimoramento da
consciência de si por parte dos idosos dando ênfase às Atividades da Vida
Diária (AVD), baseando-se no conceito da Terapia Psicomotora.
Psicomotricidade 13

Os exercícios psicomotores em gerontes devem ser feitos em


ambiente agradável por meio de tarefas e movimentos de forma lúdica.
Além disso, respeitando as limitações dos idosos, deve-se realizar
movimentos de maneira lenta, associados à respiração. Sem esforço, os
exercícios devem ser executados no máximo cinco vezes, com intervalo
entre eles, e aumento gradativo de acordo com a individualidade de cada
idoso.

Alguns exercícios podem ser realizados três vezes por semana


com uma hora e meia de duração, e servem para estimular a circulação e
aumentar o interesse dos idosos em realizar movimentos.

São eles:

• Alongamentos.

• Exercícios de estimulação de esquema corporal e imagem


corporal.

• Exercícios de movimentos leves do corpo.

• Exercícios de atenção e concentração.

• Exercícios de lateralidade.

• Exercícios de orientação espacial.

• Exercícios de orientação temporal.

• Exercícios de expressão corporal.

• Atividades de Psicomotricidade fina para pacientes portadores de


patologia.

• Caminhada.

• Dança.

• Toque e massagens.

• Técnicas de relaxamento.

• Relaxamento.

• Palestras educativas.
14 Psicomotricidade

Figura 3 – Os exercícios são atividades importantes na Gerontomotricidade

Fonte: Freepik

Caso necessário, os movimentos podem ser realizados com o


auxílio ou resistência de matérias, tais como bolas, bastões, arcos dentre
outros materiais.

A seguir veremos algumas sugestões de exercícios com os gerontes:

• Técnicas de auto alongamento e mobilização ativa e ativo-


assistida, nos quais serão trabalhados os membros superiores
(MMSS) e membros inferiores (MMII) por meio de exercícios de
flexo-extensão e circundução de dedos das mãos, punhos, ombro,
e tornozelo e joelho.

• Rolar – deitado no solo, em decúbito dorsal e rolar com braços


estendidos no prolongamento dos ombros, estendidos acima da
cabeça.

• Engatinhar atuando na estimulação dos tônus musculares, por


meio do fortalecimento da musculatura dorsal antigravitacional.

• Engatinhar com as pernas estendidas atuando na estimulação do


equilíbrio e da postura ereta.
Psicomotricidade 15

• Marcha com elevação dos joelhos; marcha com movimentos


alternados de braços e pernas, para frente e para trás; marcha
cruzada, trabalhando a lateralidade com a rotação de tronco e a
postura ereta.

• Equilíbrio com um pé elevado à frente; equilíbrio com um pé


elevado atrás; equilíbrio com o braço apoiado no colega ao lado,
atuando na coordenação dos movimentos.

• Manipulação em forma de pinçamentos, oponência dos dedos,


pronação e supinação, dobrar papel aprimorando a manipulação
e estabelecendo / restabelecendo a motricidade fina.

• Coordenação óculo-manual por meio de atividades, como


arremessar, pegar, lançar, tocar, bater, com objetos de tamanhos
variados, estimulando a lateralidade, coordenação, equilíbrio e
organização espaço-temporal.
Figura 4 – Adeque sempre os exercícios à capacidade física do idoso

Fonte: Freepik (2021).


16 Psicomotricidade

Apoio psicológico ao atendimento na gerontomotricidade


O apoio psicológico ao idoso no atendimento gerontológico tem
suma importância para que eles sintam-se acolhidos e encorajados a não
permanecer inertes.

Algumas atividades psicoafetivas sugeridas:

• Sessões de cinema.

• Atividades coletivas artísticas.

• Lanches coletivos.

• Atividades lúdicas em grupo.

A psicomotriocidade na educação especial


A Educação Especial define o ramo da educação dedicado ao
atendimento e educação de pessoas com alguma deficiência. A Educação
Especial deve ocorrer prioritariamente em instituições de ensino regulares
ou ambientes especializados (como, por exemplo, escolas para surdos,
escolas para cegos ou escolas que atendem a pessoas com deficiência
intelectual).

IMPORTANTE:

O art. 58 da Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional, nº


9394 de 20 de dezembro de 1996, que diz: “Entende-se por
Educação Especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade
de educação escolar oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
ou superdotação”.

A Educação Especial precisa ser inclusiva, ou seja, as pessoas


com deficiências precisam ter acesso à educação e aos demais espaços
sociais obrigatoriamente. Apesar disso, a Educação Especial não é
somente inclusiva, ela também deve fornecer a possibilidade para essas
Psicomotricidade 17

pessoas consigam desenvolver suas habilidades, sempre respeitando


suas condições pessoais.

O psicomotricista, ao trabalhar a consciência corporal na Educação


Especial, pode auxiliar na socialização, ajuste emocional e efetivo. A
união dos aspectos cognitivos e psicomotores servem como base
para o desenvolvimento integral do indivíduo. A Psicomotricidade é um
artifício socializador muito importante e pode ser um apoio no processo
de aprendizagem. Tendo em vista que a Psicomotricidade proporciona
espaço para que o indivíduo se expresse de forma espontânea e criativa,
poderá auxiliá-lo a desenvolver a sua capacidade de socialização.

SAIBA MAIS:

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº


9394/96 defende que a oferta de Educação Especial é
dever do Estado e deve ter início na faixa etária de zero a
seis anos, durante a Educação Infantil. Saiba mais aqui.

RESUMINDO:

E então, gostou do que lhe mostramos? Agora, só para


termos certeza de que você realmente entendeu o tema
de estudo deste capítulo, vamos rever o que foi estudado.
A palavra “gerontomotricidade” provém de uma subárea da
motricidade humana que visa o desenvolvimento da aptidão
física e autonomia funcional do idoso. A velhice é composta
por dois processos, sendo um fisiológico (denominado
senescência) e outro, metabólico (chamado de senilidade).
Envelhecer é viver, viver é mover-se. O envelhecimento
é uma fase inevitável à vida e é preciso estar preparado
para as modificações e adaptações que a vida precisará
sofrer. Vimos ainda que a Educação Especial define o ramo
da educação dedicado ao atendimento e educação de
pessoas com alguma deficiência.
18 Psicomotricidade

Avaliação psicomotora

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona a avaliação psicomotora. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá.

A palavra “avaliar” provém do latim a + valere, que significa atribuir


valor e mérito ao objeto em estudo. Deste modo, avaliar é atribuir um juízo
de valor sobre algo, é um processo para a aferição da qualidade do seu
resultado.

A lógica da mensuração tem sido a métrica utilizada na compreensão


do processo de avaliação, ou seja, tende-se a associar o ato de avaliar ao
de “medir” as habilidades, comportamentos e conhecimentos adquiridos.
Figura 5 – Professor avaliando e ajudando aluno no processo de aprendizagem

Fonte: Freepik
Psicomotricidade 19

Os testes sobre a motricidade, de modo geral, objetivam colher


informações e conhecer melhor as crianças, além de instaurar instrumentos
de confiança para avaliar, analisar e estudar o desenvolvimento do
indivíduo em diferentes etapas evolutivas.

Existem diversas formas de avaliar o desenvolvimento motor


de um indivíduo, porém, nenhuma irá abarcar todos os aspetos do
desenvolvimento. Uma das possibilidades é utilizar atividades que
objetivam medir uma determinada característica motora de um indivíduo
e comparar seus resultados com os de outros indivíduos. Tais resultados
irão permitir que sejam determinados os avanços ou atrasos motores de
uma criança.

NOTA:

O conjunto de testes ou de provas utilizadas para avaliar


várias características motoras de um indivíduo é chamado
bateria motora.

Os testes psicomotores e a investigação do processo evolutivo


do indivíduo, bem como a identificação de problemas relacionados ao
seu desenvolvimento psicomotor, proporcionam a intervenção precoce
em atrasos evolutivos e a aplicação de programas, como estímulos em
indivíduos que tenham distúrbios de desenvolvimento, em risco, ou
somente com a intenção de enriquecimento do ambiente estimulador.

Os testes e a intervenção psicomotora podem proporcionar aos


indivíduos os progressos necessários para a sua vida. Vejamos a seguir
alguns dos benefícios:

• Promoção de habilidades motoras que vão além das dimensões


cinéticas e que levem a criança a aprender e a conhecer seu
próprio corpo; e a se movimentar de maneira expressiva.

• Um conhecimento corporal que inclua as dimensões do


movimento, desde funções que indiquem estados afetivos até
representações de movimentos mais elaborados de sentidos e
ideias.
20 Psicomotricidade

• Oferecimento de um caminho para trocas afetivas.

• Facilitação da comunicação e a expressão das ideias.

• Possibilidade de exploração do mundo físico e o conhecimento


do espaço.

• Apropriação da imagem corporal.

• Percepções rítmicas, estimulando reações novas, através de jogos


corporais e danças.

• Habilidades motoras finas no desenho, na pintura, na modelagem,


na escultura, no recorte e na colagem, e nas atividades de escrita.

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre a importância da avaliação


psicomotora no processo do desenvolvimento da escrita
e leitura de uma criança, por exemplo, leia o texto: A
importância da Avaliação Psicomotora na aquisição da
Leitura e Escrita. Acesse clicando aqui.

Figura 6 – A avaliação psicomotora é importante para o processo de escrita

Fonte: Freepik
Psicomotricidade 21

Vejamos agora algumas sugestões de testes possíveis não


envolvendo equilíbrio indicado para diversos tipos de indivíduos:

• Tocar a ponta do nariz com o dedo.

• Alternar dedo ao nariz, dedo ao dedo.

• Bater levemente na mão.

• Apontar.

• Apontar com precisão.

• Atirar uma bola.

• Desenhar um círculo com uma mão.

• Desenha um 8 com o pé.

• Andar.

RESUMINDO:

E então, gostou do que lhe mostramos? Agora, só para


termos certeza de que você realmente entendeu o tema
de estudo desse capítulo, vamos rever o que foi estudado.
Os testes e a intervenção psicomotora podem proporcionar
aos indivíduos os progressos necessários para a sua vida.
Os testes sobre a motricidade, de modo geral, objetivam
colher informações e conhecer melhor as crianças, além
de instaurar instrumentos de confiança para avaliar, analisar
e estudar o desenvolvimento do indivíduo em diferentes
etapas evolutivas.
22 Psicomotricidade

Influências na psicomotricidade

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender as


influências de Freud, Wallon, Berger, Lapierre, Vygotsky
e Levin para a Psicomotricidade. Isto será fundamental
para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá.

Alguns teóricos e estudiosos dos movimentos corporais, das áreas


de Psicologia, Psicanálise, Motricidade e Medicina, voltaram seus esforços
e produziram contribuições fabulosas para o campo da Psicomotricidade.
O conhecimento produzido por esses especialistas é utilizado e propagado
até hoje e serve de guia para o trabalho da Psicomotricidade.

Vejamos a seguir as contribuições que cada um deu à Psicomotricidade:

Freud
Na década de 1970, uma corrente psicomotora associada à teoria
psicanalítica, centrada no indivíduo, em seu inconsciente, teve base nos
conceitos psicanalíticos de Freud. Freud, em seus estudos, já discutia
questões a respeito do corpo. “O Ego é, antes de tudo, um ser corpóreo e
não apenas um ser superficial – inclui a projeção de uma superfície”.
Psicomotricidade 23

Figura 7 – Freud

Fonte: Pixabay

Andre Lapierre
Afirmou a possibilidade de acessar o inconsciente sem
necessariamente passar pela interpretação verbal, conferindo ao brincar
o estatuto de meio de acesso ao inconsciente. Nesse contexto, a relação
com o outro é condição para que ocorra o abaixamento das defesas e
estabelecimento da transferência. A brincadeira aparece como parceiro
simbólico, no qual as tensões podem ser descarregadas, favorecendo a
expressão dos sentimentos e a elaboração de conflitos subjacentes. De
acordo com LaPierre: “É a partir dessas vivências corporais primárias que
se constrói nosso psiquismo e se estrutura nosso inconsciente”.

Levin
Na Argentina, o psicomotricista e psicanalista Esteban Levin (2000)
trata da clínica psicomotora, uma nova abordagem na linha psicanalítica.
24 Psicomotricidade

Para esse autor, as contribuições da teoria psicanalítica promoveram


mudanças significativas no campo da Psicomotricidade, pois o
psicomotricista “já não centra seu olhar num corpo em movimento, mas,
em um sujeito com seu corpo em movimento” (LEVIN, 2000, p. 31)

Wallon
Acreditava que a cognição está alicerçada ao que ele deu o nome
de campos funcionais: o movimento, a afetividade, a inteligência e a
pessoa. O aspecto motor como aquele que se desenvolve primeiro e serve
tanto como atividade de busca de um objetivo como função de expressar
algo em relação a outro indivíduo; a afetividade atua como uma forma
de mediação das relações sociais expressadas por meio das emoções,
já a inteligência relaciona-se diretamente com as questões da linguagem
e o raciocínio simbólico, ou seja, habilidades linguísticas e a capacidade
de abstração. Por fim, mas não de menor importância, a pessoa como o
campo que coordena os demais e responsável pelo desenvolvimento da
consciência e da identidade do eu.

A questão da motricidade é muito forte na teoria walloniana,


compreendida como um instrumento privilegiado de comunicação da
vida psíquica. A criança, que ainda não tem a linguagem verbal, exprime
por meio da motricidade suas mais diversas necessidades, traduzidas,
portanto, de uma forma não verbal e com aspectos afetivos de expressão
de bem ou mal estar.

Kathleen Stassen Berger


Para Berger a agressividade demonstrada por um indivíduo, muitas
vezes, é demonstrada por conflitos, reações que se tornam obstáculos
para não se afirmar e ter desejos. Muitas vezes essa agressividade faz
parte do componente afetivo da criança.

Ainda de acordo com a autora, a partir de um autoconceito e de


uma regulação emocional inadequados durante os primeiros anos da pré-
escola, pode-se tornar um sério problema social à medida que o tempo
passa (BERGER, 2003, p. 202).
Psicomotricidade 25

Vygotsky
O pesquisador russo não trata especificamente sobre a
Psicomotricidade, mas ficam nítidos em sua obra todos os aspectos do
desenvolvimento psicomotor. Em se tratando das funções psíquicas
superiores, as tipicamente pertencentes ao psicológico humano, por se
diferenciarem dos reflexos e de outras funções mais primárias, como a
atenção voluntária, controle de comportamento, memorização ativa,
pensamento abstrato e o planejamento das ações. Dessa forma, é possível
afirmar se tratar de questões de interesse da área psicomotora, sendo que
algumas dessas funções se relacionam diretamente com a praxia humana
como uma função psíquica superiora.

Neste sentido, Fonseca (1998) faz uma analogia ao pensamento


de Vygotsky, segundo o qual a cultura passa a incorporar a natureza dos
indivíduos e, salientando o pensamento de que as funções psíquicas
são de origem sociocultural e que emergem de funções psicológicas
elementares de origem biológica. A analogia é de que a Psicomotricidade,
portanto, seria de origem sociocultural que emerge da motricidade, que
por sua vez é biológica.

O trabalho na ótica vygotskyana, é portanto, um paradigma


psicomotor crucial, na medida em que perspectiva o ser humano como
um corpo e uma mente, como ser biológico e ser social, como membro
da espécie humana e ator do processo histórico e cultural. A relação
indivíduo-natureza ou indivíduo-sociedade, na qual, para mim, se inscreve
a noção de Psicomotricidade, não é inata, nem se pode conceber como
o resultado de uma oportunidade ou pressão ecológica, isto é, não se dá
por acaso. Ambas as relações acima equacionadas emergem da interação
dialética do ser humano com o seu ambiente.

Deste modo, é possível verificar que a obra de Vygotsky envolve


o cerne da Psicomotricidade, pois se o sujeito precisa da interação com
o meio para se desenvolver, é fato que os aspectos psicomotores estão
incrustados nessa relação dialética entre indivíduo e meio.
26 Psicomotricidade

Figura 8 – Vygotsky

Fonte: Wikimedia commons (2021).

RESUMINDO:

E então, gostou do que lhe mostramos? Agora, só para


termos certeza de que você realmente entendeu o tema de
estudo desse capítulo, vamos lembrar que você estudou s
influências de Freud, Wallon, Berger, Lapierre, Vygotsky e
Levin para a Psicomotricidade.
Psicomotricidade 27

O valor da afetividade nas intervenções


psicomotoras

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


o valor da afetividade nas intervenções psicomotoras.
Isto será fundamental para o exercício de sua profissão.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá.

Uma das propostas da Psicomotricidade é de resgate das relações


afetivas de forma lúdica e motivadora. Durante as atividades em geral, são
utilizadas as duas linhas da Psicomotricidade: a Funcional e a Relacional.

A Psicomotricidade Funcional tem foco nos exercícios e atividades


centrados no indivíduo e trabalha mais individualmente as habilidade e
limitações de cada um, já a Psicomotricidade Relacional prioriza os
movimentos espontâneos obtidos durante um jogo de bola por exemplo.
Além disso, cria novas opções de desenvolvimento de habilidades, além
de proporcionar o convívio em grupo, desenvolvendo o respeito e a
cooperação além da convivência em grupo.

Nesta vertente da Psicomotricidade Relacional, o desenvolvimento


da relação da criança com os pais, por exemplo, é de suma importância
para o sucesso da intervenção. É importante que o profissional estimule a
criação ou desenvolvimento do vínculo entre os pais e as crianças.

NOTA:

“A Psicomotricidade Relacional busca num novo espaço


instituinte, a expressão da criança em sua plenitude”
(CABRAL, 2001, p.68).
28 Psicomotricidade

Figura 9 – A Psicomotricidade relacional trabalha com grupos de indivíduos

Fonte: Freepik

Vejamos a seguir alguns exemplos de atividades psicomotoras que


aumentam o vínculo entre pais e filhos:

• Estimulação motora – na qual os pais irão observar e perceber em


que fase motora e necessidade seu filho se encontra. Isso ajuda a
estimular em casa de maneira equilibrada. Por exemplo, circuitos
motores, ginástica, natação.

• Percepções sensoriais – experiências diversificadas como


objetos com texturas diferentes, sons, cores, formas e tamanhos,
importantes para aumentar a vivência perceptiva dos bebês e com
isso guardarem na memória a experiência vivida, fará diferença no
futuro.

• Atividades coordenativas – realizar atividades com massa de


modelar, tinta, giz de cera, jornal, revista, barbante, balão, panos,
são práticas necessárias para estimular a coordenação motora fina
auxiliando na preensão e escrita.

• Atividades de relaxamento – massagens, danças, leitura, música,


fantoches, teatro. Também por meio do contato o bebê se sentirá
Psicomotricidade 29

mais seguro, confortável e próximo à sua família, proporcionando


mais tranquilidade no seu dia a dia.

• Aulas direcionadas para o equilíbrio, lateralidade, percepção


corporal, organização temporal e espacial – auxiliam no
desenvolvimento global do bebê, a ter noção que existe e que tem
domínio do seu próprio corpo. Por exemplo, circuitos, espelhos,
músicas com movimentos, natação.

RESUMINDO:

E então, gostou do que lhe mostramos? Agora, só para


termos certeza de que você realmente entendeu o tema
de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Na intervenção da Psicomotricidade afetiva não se busca
a execução perfeita do movimento, mas sim a expressão
do movimento desejado pelo sujeito. Desse modo, deve-
se proporcionar um ambiente físico e transicional no qual o
indivíduo possa expressar e ressignificar suas dificuldades,
limitações e potencialidades relacionais pela via do trabalho
corporal. Assim, haverá uma resposta positiva nas questões
cognitivas, sociais, emocionais e psíquicas, levando-o a
desenvolver suas habilidades de ação inteligente, seja seu
potencial íntegro ou esteja ele afetado por deficiências de
qualquer origem.
30 Psicomotricidade

REFERÊNCIAS
BARROS, D. R. A Gerontologia de Intervenção. Revista Eletrônica
Informativo GRD – Ano II – Ed 03 – Janeiro a Junho de 2001. Rio de Janeiro,
14 de abril de 2001. Disponível em: http://www.geocities.com/grdclube.
Acesso em 23 out 2003.

BERGER, K. S. O Desenvolvimento da Pessoa: da infância à


adolescência. Rio de Janeiro: LTC, 2003.

CABRAL, S. V. Psicomotricidade Relacional: Prática Clínica e


Escola. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.

LEVIN, E. O desenvolvimento psicomotor diante da modernidade.


Estilos clínicos, São Paulo, v. 5, n. 8, p. 147-155, 2000. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
71282000000100012&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 11 set 2021.

FONSECA, V. Psicomotricidade: Filogênese, Ontogênese e


Retrogênese. 2ª ed. Porto Alegre: Art Med, 1998.

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1998.

MASSUE, I. A Psicomotricidade Aplicada à Terceira Idade


na Clínica e em Centro de Convivência. VII Congresso Brasileiro de
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