Instalação de Gás Com Tubos PEX Multicamada (Téchne, 2014)
Instalação de Gás Com Tubos PEX Multicamada (Téchne, 2014)
Instalação de Gás Com Tubos PEX Multicamada (Téchne, 2014)
Como construir Instalação de gás com tubos PEX multicamada
Sistema proporciona instalações com menos conexões, mas exige cuidados na execução; confira
os procedimentos
Gisele Cichinelli
Edição 213 Dezembro/2014
Paulo César Corrêa Vieira Engenheiro de assistência técnica da Tigre
paulo.vieira@tigre.com
A tecnologia de tubos com polietileno reticulado (PEX) foi desenvolvida na Europa em meados da década de
1970, e mais recentemente, a partir dos anos 90, começou a ser aplicada à condução de gás predial. No Brasil,
com a crise energética ocorrida entre os anos 2000 e 2002 impulsionando a busca por soluções para a energia
elétrica racionada, o gás foi amplamente difundido como fonte de energia, o que levou à necessidade de
sistemas prediais de gás mais complexos. Esse cenário induziu a oferta por tubos multicamada PEX como uma
alternativa aos produtos tradicionalmente utilizados até então. As primeiras instalações prediais de gás
combustível com o uso da tecnologia multicamada PEX no País foram executadas a partir de 2006.
Figura 1 Composição do tubo PEX multicamada Figura 2 Prumada individual
Indicado em instalações para gases combustíveis em residências, comércios ou outros ambientes em que haja
aparelhos a gás, o sistema apresenta como vantagens, entre outros aspectos, a eliminação de conexões e a
rapidez na instalação, reduzindo prazos de execução.
É importante ressaltar que os tubos PEX multicamada são adequados para a condução de gás natural e de gás
liquefeito de petróleo (GLP). São projetados para instalações residenciais e comerciais, obras verticais ou
horizontais de qualquer porte. A máxima pressão de operação (MOP) é de 1,5 kgf/cm², o equivalente a 150 kPa.
Em instalações de gás externas, é preciso proteger os tubos contra a ação dos raios ultravioleta (UV).
Componentes
O tubo multicamada, como ilustra a figura 1, é composto por:
Camada interna de PEX, que aumenta a resistência do tubo à temperatura e à pressão;
Camada de adesivo, que permite a união homogênea entre o PEX e a camada de alumínio;
Camada de alumínio, que forma uma barreira contra o oxigênio e mantém a curvatura;
Camada de adesivo, que permite a união homogênea entre polietileno de alta densidade (PEAD) e a camada
de alumínio;
Camada externa em PEAD, na cor amarela.
Os tubos são produzidos nos diâmetros nominais 16 mm, 20 mm, 26 mm e 32 mm e suportam pressão máxima
de serviço de 5 bar e temperatura de serviço na faixa de 20ºC a + 60ºC.
Tipos de instalação de gás predial
Há duas formas principais de distribuição do gás combustível em uma edificação:
Prumada individual medição individual feita no térreo (figura 2).
Prumada coletiva medição individual feita no hall (figura 3).
Figura 3 Prumada coletiva
Figura 4 Raios de curvatura mínimos Figura 6 Uso de mola na parte externa do tubo
Tabela 1 RAIOS DE CURVATURA MÍNIMOS
Recomendações técnicas para a montagem do sistema
Normas técnicas
O sistema PEX multicamada tem a sua aplicação submetida às condições e critérios definidos pela NBR
15.526:2012 Redes de Distribuição Interna para Gases Combustíveis em Instalações Residenciais e
Comerciais Projeto e Execução, e pelos Regulamentos de Instalações Prediais (RIP), de abrangências
regionais, bem como das Normas Técnicas (NT) dos corpos de bombeiros, também em âmbitos regionais.
A NBR 15.526:2012 ampara a aplicação do sistema PEX multicamada conforme o item 5.10. Há também outras
normas de referência, tais como a ISO 174841, a DVGWVP 632 e a DVGWVP 625.
Projeto e cuidados preliminares
O sistema PEX multicamada pode ser embutido em paredes, muros, contrapisos ou em sulcos nas lajes. A
tubulação jamais deve ser instalada em locais onde se acumule ou concentre gás, colocando a edificação e a
segurança dos usuários em risco em casos de vazamento. O projeto deve prever um traçado acessível
facilitando a manutenção das instalações em caso de necessidade e garantir sua compatibilidade com os
demais sistemas.
Antes de dar início à execução, é importante saber quais são os diâmetros da rede interna e verificar o trajeto da
tubulação estabelecido preliminarmente, analisando a sua viabilidade ou a existência de obstáculos ou
empecilhos para a sua consolidação
A fim de detectar eventuais anomalias, o serviço deve ser precedido de inspeção visual prévia no produto. Após
a conclusão, o sistema deve ser inspecionado criteriosamente para a constatação de normalidade e integridade
da tubulação (principalmente com relação aos amassamentos de tubos) além de outros eventuais esforços
mecânicos típicos do ambiente da obra.
As equipes envolvidas na execução, geralmente compostas por instaladores e ajudantes, devem ser
compatíveis com a dimensão da obra e com o prazo de execução. A tubulação de PEX é usualmente fornecida
em rolos, o que acaba contribuindo para a redução de custo de logística para o transporte do produto.
Equipamentos de Proteção Individual
Pela simplicidade no processo de execução do sistema PEX, os equipamentos são os mesmos utilizados na
construção civil, como capacete, luvas, óculos e dispositivos próprios para o trabalho em altura, quando
necessários.
Figura 9 Detalhe do encaixe
Figura 7 O corte deve ser perpendicular ao eixo Figura 8 Detalhe das conexões
do tubo e sem irregularidades
Figura 10 Prensagem da junta
Materiais e ferramentas
Alicate de prensar manual, calibrador, chanfrador, minitenaz e tenaz manual, minialicate e tesoura corta tubos.
Cuidados na montagem
Uma das principais vantagens do sistema, se comparado aos materiais tradicionais, é a sua facilidade de
montagem. Porém, alguns pontos merecem atenção especial durante essa etapa. São eles:
Curvatura
A capacidade de mudança de direção na tubulação sem o uso de conexões é uma das principais características
dos tubos PEX multicamada. Se o raio for longo não há limitações para fazer a curva manualmente, porém, se o
raio for curto, recomendase o uso de uma mola de curvatura interna ou externa. Esse elemento evitará que
haja a "ovalização" do tubo e a eventual ocorrência de danos na camada de alumínio (figura 4).
A mola flexível também pode ser colocada no interior do tubo para a formação de curvas nas extremidades dos
tubos (figura 5). Já a mola aplicada na parte externa do tubo possibilitará curvar um segmento da tubulação que
esteja distante das extremidades. Nesse caso, a mola deverá ser arrastada até o ponto que se deseja curvar
(figura 6).
Corte do tubo
Outro ponto crítico da instalação é o corte do tubo, que deve ser feito com cortador apropriado
(preferencialmente uma tesoura corta tubos PEX) e em boas condições de uso, jamais utilizando serra ou outras
ferramentas que produzam cortes irregulares. Quando corretamente executado, o corte produzirá um chanfro
adequado, garantindo a estanqueidade do sistema. A recomendação é que o corte seja perpendicular ao eixo
do tubo e sem irregularidades (figura 7).
Conexões para montagem e execução de juntas
No Brasil, estão disponíveis opções de conexões e tipos de juntas fabricadas em latão. Esses elementos
possuem uma capa de prensagem em aço inoxidável e anéis de vedação do tipo O'ring, resultando em
segurança e garantia de estanqueidade para o sistema (figura 8).
A união do tubo à conexão é simples e deve ser realizada por meio da compressão radial da capa de aço
inoxidável sobre a camada externa do tubo PEX. A prensagem, executada com o uso de ferramenta própria
(conhecida como tenaz), proporciona uma junta segura e com estanqueidade adequada para a condução de
gás em instalação predial residencial.
Já a inserção do tubo deve ser feita com alinhamento e até o final da conexão. O tubo deve ficar visível pelos
olhais existentes (orifícios para visualização do tubo) em todas as conexões do sistema de juntas por
crimpagem. É importante calibrar o tubo durante sua montagem, eliminando eventuais ovalizações. Vale lembrar
que o chanfro facilitará o processo de montagem sem danificar os anéis de vedação existentes nas conexões
(figura 9).
Recomendase, antes da prensagem, que a ferramenta esteja em ângulo reto para que não haja deformações
no tubo (figura 10). Para a execução de junta crimpada ou prensada, são necessárias as seguintes ferramentas:
calibrador chanfrador (figura 11); alicate crimpador (figura 12) e tesoura corta tubos manual.
Dispositivos de segurança
Segundo a NBR 15.526:2012, os dispositivos de segurança devem possuir proteção de forma a não permitir a
entrada de água e outros corpos estranhos ou qualquer outro elemento que interfira no correto funcionamento
do sistema. Dentre os dispositivos existentes no mercado, estão as válvulas de bloqueio automático por excesso
de fluxo, que são acionadas quando há um fluxo de gás com vazão superior a 45% da vazão nominal da válvula
(suportando temperatura de até 650ºC durante 30 minutos). Também podem ser usadas as válvulas térmicas,
que ativam o bloqueio quando a temperatura da válvula atingir 95ºC a 100ºC (em função de incêndio ou
existência de uma fonte de calor que possa ocasionar um acidente).
Cuidados adicionais
Instalação de tubos PEX em redes de gás predial
A condição estática dos tubos que ficarão expostos deve ser verificada previamente. Importante: os elementos
não devem servir de apoio a outros tubos. Recomendase fixar conforme esquema indicado na figura 13 e
na tabela 2.
Figura 11 Calibrador chanfrador Figura 12 Alicate crimpador
Figura 13 Detalhes da fixação Figura 14 Fixação em estruturas portantes
Figura 15 Fixação em pisos Figura 16 Esquema de tubulação enterrada
Prumadas aparentes
Nessa condição, os tubos PEX devem ser protegidos dos efeitos da incidência direta dos raios solares UV com
aplicação de tintas ou uso de tubos bainha. Também poderão ser usadas calhas para a mesma finalidade,
desde que a temperatura no interior desse elemento seja menor que 60ºC e que haja ventilação nas partes
inferior e superior para renovação do ar. Nesse caso, a separação mínima entre tubos tem de ser uma vez o
diâmetro externo (DE) do tubo.
Tubulações embutidas
Estruturas autoportantes Os tubos multicamadas PEX não podem ser instalados embutidos em concreto
estrutural. É obrigatório prever passagens com folgas para a tubulação (figura 14).
Figura 17 Fixação em paredes Figura 18 Proteção mecânica contra choques
Tabela 2 FIXAÇÃO DOS TUBOS PEX
Pisos Em pisos, o sistema poderá ser embutido, contanto que haja folga de 2 cm de recobrimento mínimo
(considerandose a geratriz superior do tubo), conforme figura 15.
Tubulação enterrada Se a opção for enterrar a tubulação, é importante prever identificação permanente na
superfície superior dos tubos com placas ou faixas de advertência. Recomenda se assentála com
profundidade mínima de 0,30 m ou de 0,50 m, sobre tráfego de veículos. Caso não seja possível obter a
profundidade de 0,50 m, devese utilizar laje de proteção e envolver o tubo em um tubo luva de alta resistência
mecânica no trecho em que houver possibilidade de tráfego (figura 16).
Paredes Jamais utilizar espumas expansivas em torno da tubulação, sob o risco de haver danos na camada
polimérica externa do tubo. Em paredes não estruturais, a tubulação PEX deve ser instalada diretamente na
alvenaria (figura 17). Vale observar que, quando embutida em tijolos, é necessário abrir a canaleta e o traçado
na superfície da parede, aplicando posteriormente uma camada interna de argamassa com espessura superior
a 2 cm. Em seguida, o tubo PEX é assentado e o teste de pressão, realizado.
Proteção mecânica contra choques
Quando expostos, os tubos PEX necessitam de proteção em locais em que possam ocorrer choques
mecânicos, principalmente devido ao tráfego no local. Nesses casos são indicados os procedimentos ilustrados
na figura 18.
Testes e ensaios
Após a execução, é indispensável realizar o ensaio de estanqueidade para detectar possíveis vazamentos.
Também é importante verificar a resistência da rede a pressões de operação, sendo recomendada a realização
em duas etapas:
1) Após a montagem do sistema, ainda exposto, realizála em setores da instalação ou na íntegra sob pressão
mínima de 1,5 vez a pressão de trabalho admitida e nunca inferior a 20 kPa;
2) Após a instalação de todos os equipamentos em toda a extensão do sistema para a liberação de
abastecimento do gás combustível, sob pressão de operação.
As duas etapas do ensaio devem ser realizadas com ar comprimido ou com gás inerte. Antes de encerrar o
serviço, é fundamental certificarse de que o sistema esteja com a sua integridade normal e tenha sido aprovado
nos testes recomendados pela norma vigente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Manual de Instalações Hidráulicas e Sanitárias. Macintyre, Archibald Joseph. Rio de Janeiro,1990.
NBR 15.526 Redes de Distribuição Interna para Gases Combustíveis em Instalações Residenciais e
Comerciais Projeto e Execução. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 2012.
Catálogo Técnico Tigre Alpex Gás.