Andrey Saviode Almeida Assuncao
Andrey Saviode Almeida Assuncao
Andrey Saviode Almeida Assuncao
Dourados – MS
Janeiro de 2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Dourados – MS
Janeiro de 2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Dedico.
iv
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, pela educação, amor, carinho, coragem, força, dedicação e ajuda
em todos os momentos. Tudo que sou é graças à senhora.
Aos sobrinhos João Pedro e Erik, pela alegria que contagiavam os momentos de
lazer.
Aos tios (Manoel e Nei), tias (Benedita, Sebastiana e Marinei), primos e primas
pela presença constante.
Aos colegas que ganhei e que tornaram o ambiente de estudos mais agradável:
Thaís Lemos, Thaiano, Fernando, Carla, Geyssane, Ray e Natália.
Erique Ferreira, João Paulo, Vanessa Fukuda, Agnês, Bruna, Vivian e Kelly, pelas
reuniões de estudo, dedicação e ajuda durante a realização dos experimentos.
Aos técnicos de Laboratório Adriana Sathie, João, Camila e Taiany, pelo apoio
durante a realização das análises deste experimento.
À empresa BRF S.A. e toda sua equipe pelo fornecimento de amostras de carne
para a realização desta pesquisa.
MUITO OBRIGADO!
vi
“Os sonhos abrem as janelas da vida. Assim, você a enxerga com outro ângulo”.
Augusto Cury.
“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje,
mas continue em frente de qualquer jeito”.
SUMÁRIO
1 RESUMO ...................................................................................................................... 1
2 ABSTRACT ................................................................................................................. 2
3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 3
CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 5
4 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 5
4.1 Estrutura e função do tecido muscular .................................................................... 6
4.2 Contração muscular .............................................................................................. 13
4.3 Conversão do músculo em carne .......................................................................... 15
4.4 Qualidade da carne ................................................................................................ 16
4.4.1 Aparência e Cor.............................................................................................. 17
4.4.2 pH ................................................................................................................... 19
4.4.3 Textura e Maciez ............................................................................................ 20
4.4.4 Capacidade de retenção de água (CRA) ......................................................... 23
4.4.5 Colágeno......................................................................................................... 24
4.4.6 Avaliação sensorial ........................................................................................ 28
4.5 Anormalidades no músculo do peito (Pectoralis major) de frangos de corte ...... 29
4.5.1 Wooden breast ................................................................................................ 30
4.5.2 Miopatia peitoral profunda ............................................................................. 34
4.5.3 White striping ................................................................................................. 35
4.5.4 Spaghetti meat ................................................................................................ 37
5 Referências Bibliográficas ....................................................................................... 38
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 46
6 A MIOPATIA WOODEN BREAST EM FILÉS DE PEITO DE FRANGO
IMPACTA NA QUALIDADE E PREFERÊNCIA DOS CONSUMIDORES ........ 46
6.1 Resumo ................................................................................................................. 47
6.2 Implicações ........................................................................................................... 48
6.3 Introdução ............................................................................................................. 48
6.4 Material e Métodos ............................................................................................... 50
6.5 Resultados ............................................................................................................. 59
6.6 Discussão .............................................................................................................. 66
6.7 Conclusão.............................................................................................................. 76
6.8 Agradecimentos .................................................................................................... 77
6.9 Referências............................................................................................................ 77
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 82
viii
LISTA DE ABREVIATURAS
ÍNDICE DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Tabela 1. Principais proteínas do músculo e sua porcentagem relativa no músculo úmido
(19% de proteína bruta total) .......................................................................................... 10
Tabela 2. Características dos colágenos tipo I e III encontrados no tecido conjuntivo . 27
CAPÍTULO 2
Tabela 1. Medidas morfométricas de filés de peito de frango com diferentes graus de
miopatia .......................................................................................................................... 59
Tabela 2. Efeito dos graus de severidade da miopatia WB nas propriedades qualitativas
da carne de filés de peito de frangos............................................................................... 62
Tabela 3. Efeito dos graus de severidade da miopatia WB na composição química da
carne de filés de peito de frangos ................................................................................... 63
Tabela 4. Efeito dos graus de severidade da miopatia WB nos atributos sensoriais da
carne de filés de peito de frangos ................................................................................... 64
x
ÍNDICE DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura 1. Representação da estrutura muscular ............................................................... 8
Figura 2. Estrutura da miofibrila ..................................................................................... 9
Figura 3. Organização da miosina e actina no músculo relaxado ................................... 9
Figura 4. Escores de wooden breast em filés de peito de frangos de corte ................... 31
Figura 5. Histomorfologia do músculo peitoral de frangos de corte normais (A) e com
wooden breast (B) .......................................................................................................... 31
Figura 6. Miopatia peitoral profunda em filés de frangos de corte ............................... 35
Figura 7. Escore de white striping em filés de peito de frangos de corte ...................... 36
Figura 8. Carne espaguete em filés de frangos de corte ................................................ 38
CAPÍTULO 2
Figura 1. Esquema representativo das medidas morfométricas e análises qualitativas dos
filés de frangos de corte nas proções ventral e dorsal .................................................... 53
Figura 2. Classificação visual dos músculos Pectoralis major crus e cozidos de frangos
de corte em três graus de severidade: Normal, Moderada e Severa ............................... 60
Figura 3. Preferência de consumo dos avaliadores de acordo com o grau de severidade
da miopatia WB .............................................................................................................. 65
Figura 4. Fotomicrografias representativas dos filés de frangos de corte baseado no grau
de severidade da miopatia wooden breast: normal (A), moderada (B) e severa (C) ...... 66
1
1 RESUMO
2 ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the qualitative, sensorial and morphometric
attributes of the muscle fibers of broilers associated with the degree of severity of wooden
breast myopathy. 300 fillets were classified into three degrees of severity: normal,
moderate and severe in commercial refrigerator. The morphometric measurements,
qualitative attributes of the meat, chemical composition, sensorial characteristics and
morphology of myofibers were evaluated. Fillets with moderate and severe myopathy
showed higher weights (P<0, 001) in relation to normal fillets. The height of the cranial
segment (P<0,01) increased and the length (P<0,001) decreased according to the degree
of severity.The fillets with severe degree of myopathy showed higher levels (P<0,05) of
red (a*), yellow (b*) and ultimate pH (P<0,001). Drip loss and cooking were higher in
fillets with moderate (P<0,05) and severe (P<0,001) degree when compared to normal
fillets. On the other hand, the lowest (P<0,05) shear force and the highest (P<0,05)
myofibrillar fragmentation index were observed in fillets affected by severe myopathy
when compared to normal fillets. Fillets with severe degree presented more moisture
(P<0,001) in relation to normal fillets and moderate degree. Ash content (P<0,001)
decreased and the levels of collagen and collagen/protein ratio (P<0,001) increased as the
degree of severity. Crude protein was lower (P<0,001) and the levels of lipids and
lipid/Protein ratio (P<0,001) were higher in fillets affected by moderate and severe
myopathy when compared to normal fillets. The flavor parameter (P<0,05) was better
evidenced by the tasters in fillets affected by severe myopathy when compared to normal
fillets and moderate degree. In addition, fillets with moderate and severe degree presented
better tenderness (P<0,001) and chewiness (P<0,05) when compared to normal fillets.
Juiciness (P<0,05) and the preference (P<0,005) of tasters have increased according to
the degree of severity of myopathy. Fillets with moderate and severe myopathy of WB
affected not only the appearance but also the qualitative and chemical characteristics of
the meat and the tasters were able to differentiate the sensory properties of the breast
meat.
3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
causam lesões no músculo do peito de frangos de corte da atualidade, tais como a miopatia
peitoral profunda, white striping, wooden breast e spaghetti meat. Em virtude de sua
aparência e de seus atributos qualitativos inferiores, essas anormalidades geralmente são
limitadas pela indústria de carne de aves e utilizados para fabricação de produtos
processados, por exemplo nuggets e salsichas (Baldi et al., 2018; Petracci et al., 2015).
Embora sejam capazes de proporcionar condenações nas carcaças inteiras ou de
suas partes e gerar perdas econômicas (Kuttappan; Hargis; Owens, 2016; Zanetti et al.,
2018) as miopatias não são problema de segurança alimentar, mas sim uma questão de
qualidade do produto (Bailey et al., 2015). Contudo, essas miopatias podem impactar o
comportamento de compra dos consumidores (Kuttappan et al., 2012a), tornando
importante a compreensão dos efeitos exercido pela ocorrência destas anormalidades nas
características de qualidade da carne.
Pelo exposto, o objetivo do presente estudo foi avaliar os atributos qualitativos,
sensoriais e a morfologia das fibras musculares em filés de peito (Pectoralis major) de
frangos de corte, com diferentes graus de severidade associado com a miopatia wooden
breast. A dissertação encontra-se dividida em dois capítulos. No capítulo 1 apresenta-se
uma Revisão de Literatura abordando os temas: estrutura e função do tecido muscular,
contração muscular, conversão do músculo em carne, qualidade da carne e anormalidades
no músculo do peito de frangos de corte, redigido de acordo com as normas do Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD.
O capítulo 2, intitulado “A miopatia wooden breast em filés de peito de frango impacta
na qualidade e preferência dos consumidores”, apresenta os resultados do presente estudo
e encontra-se redigido conforme as normas da revista Animal (Cambridge, Online).
5
CAPÍTULO 1
4 REVISÃO DE LITERATURA
6
Grupos Proteínas %
Mioglobina 0,2
Hemoglobina 0,6
Proteínas sarcoplasmáticas Citocromos 0,2
Enzimas glicolíticas 2,2
Creatina quinase 0,5
Colágeno 1,0
Proteínas do estroma Elastina 0,05
Mitocrondial 0,95
Miosina 5,5
Actina 2,5
Tropomiosina 0,6
Troponina 0,6
Proteínas miofibrilares
Proteína C 0,3
Titina 0,9
Nebulina 0,3
Actininas 0,5
Fonte: Adaptado de Barbut (2015) e Bote (2017).
11
No entanto, após instalação do rigor mortis a carne não permanece rígida para
sempre, devido a degradação da estrutura muscular pela atividade enzimática natural da
carne (proteólise). Esta degradação é denominada de resolução do rigor mortis ou
maturação, etapa que caracteriza a maciez da carne. Os complexos enzimáticos
responsáveis pela degradação das proteínas da estrutura miofibrilar e da maciez da carne
são as catepsinas (lisossomais), calpaínas (dependentes de cálcio) e em menor atividade
as proteasomas (dependentes de ubiquitina) (Aberle et al., 2001; Dransfield; Sosnicki,
1999; Lee; Joo; Ryu, 2010).
Segundo Ismail e Joo (2017) para se produzir uma carne de frango de alta
qualidade, é necessário entender os parâmetros de qualidade bem como os fatores que os
controlam. Deste modo, o entendimento das características das fibras musculares e da
qualidade da carne de frango atrelado com a taxa de crescimento rápido na indústria
avícola devem ser pesquisados constantemente.
A definição para a qualidade da carne de frangos de corte é difícil por tratar-se
de um conceito complexo, uma vez que é determinado pelas preferências dos
consumidores (Ismail e Joo, 2017). Entretanto, tal preferência está baseada nas respostas
psicológicas e sensoriais únicas de cada indivíduo e que se relacionam diretamente aos
cincos sentidos da percepção humana, tais como: audição, paladar, visão, olfato e tato
(Joo et al., 2013). Fletcher (2002) afirmou que as principais características de qualidade
da carne de aves são a aparência, textura, suculência, sabor e a funcionalidade. Segundo
o autor, destes os mais importantes têm sido particularmente a aparência e a textura, em
razão de influenciarem mais a seleção inicial e a satisfação final dos consumidores,
respectivamente.
Em parte, a complexidade reflete nas diversas definições de qualidade de carne
existente na literatura científica. Para Muchenje et al. (2009), a qualidade da carne refere-
se à composição e palatabilidade da carne. Sokolowicz; Krawczyk e Swiatkiewicz (2016)
indicaram que a definição da qualidade da carne de frangos de corte é formada pela
segurança, valor nutritivo e características sensoriais, sendo a segurança da carne
determinada pelo grau de contaminação microbiológica e química, o valor nutritivo
determinado pelo conteúdo de proteína de alto valor biológico, ácidos graxos insaturados,
vitaminas, minerais e colesterol, e as características sensoriais determinadas pela cor,
aroma e sabor da carne. De forma similar, Listrat et al. (2016) relataram que a definição
17
o “b” negativo o azul (Ramos; Gomide, 2017). Semelhante ao sistema Hunter Lab em
1976 o sistema CIELAB foi desenvolvida pela CIE, sigla do francês Commission
Internationale de L’Eclairage, e seus parâmetros de escala englobam: L* (luminosidade),
a* (teor de vermelho) e b* (teor de amarelo), embora na área de carne as cores verdes e
azuis são incomuns (Ramos; Gomide, 2017).
Qiao et al. (2001) com o objetivo de caracterizar a cor dos filés do peito de
frangos de corte, verificaram que a seleção de filés baseado no valor L* resultou em uma
diferenciação clara e consistente dos filés claros, normais e escuros com zero e 24 horas
post mortem. Os autores sugeriram que o parâmetro L* serve como um indicador de filés
com propriedades funcionais alteradas, onde as carnes de frango podem ser classificadas
em pálidas (L*>53), normais (48>L*<53) e escuras (L*<46). Desta forma, o valor L*
torna-se um parâmetro importante para a determinação da análise de cor nos filés de peito
de frangos de corte. Segundo Hughes et al. (2014), a luminosidade (L*) está relacionada
com as características estruturais do músculo, ao qual faz parte da luz refletida que é
visualizada.
Janisch; Krischek e Wicke (2011) verificaram que a cor e os parâmetros de
qualidade do músculo do peito de frangos de corte em diferentes idades (28 e 41 dias)
combinados com linhagens comerciais de alto rendimento (Ross 308, Cobb 700 e Ross
708), são fatores que podem influenciar a conversão do músculo em carne após o abate e
sugerem que as reclamações sobre as variações de cor da carne na indústria podem ser
reduzidas. Segundo os autores, o uso estratégico do valor L* é uma medida interessante
e benéfica para a indústria avícola porque frangos de corte com idades avançadas e/ou
selecionadas para rendimento de cortes nobres (Ross 708) são vendidos separadamente,
como por exemplo, peito e coxas.
4.4.2 pH
4.4.5 Colágeno
pela composição da MEC que cada tipo de tecido conjuntivo adquire suas características
(Samuelson, 2007). A MEC exerce papel fundamental no fornecimento de força
biomecânica para os tecidos conjuntivos intramusculares e na regulação do
comportamento das células musculares (Nishimura, 2015).
O epimísio, perimísio e endomísio são camadas distintas do tecido conjuntivo
com diferentes composições e morfologias. Estas camadas são compostas de proteínas
fibrosas cercadas por uma substância amorfa que possuem glicoproteínas e
proteoglicanos. Das proteínas fibrosas, as maiores quantidades pertencem à família do
colágeno (Purslow, 2017). Desta forma, o principal componente do tecido conjuntivo é o
colágeno, seguido de elastina, proteoglicanos e glicoproteínas (López-Bote, 2017;
Matarneh et al., 2017).
Histologicamente, as fibras colágenas proporcionam força e flexibilidade ao
tecido conjuntivo e são formadas em feixes que se ramificam. As fibras são compostas
por subunidades menores, as fibrilas. A fibrila é constituída por moléculas denominadas
de tropocolágeno. Cada unidade de tropocolágeno é composta de três cadeias
polipeptídicas (cadeias α) que se enrolam entre si formando uma hélice. Cada hélice é
composta principalmente por aminoácidos como glicina, prolina, hidroxiprolina e
hidroxilisina (Samuelson, 2007).
As moléculas de tropocolágeno são estabilizadas por ligações inter-cadeias para
formar fibrilas de 50 nm de diâmetro. Estas fibrilas são estabilizadas por ligações
intramoleculares (pontes de dissulfeto ou hidrogênio) ou ligações intermoleculares, que
incluem piridinolina e desoxipiridinolina, conhecidas como ligações cruzadas (Listrat et
al., 2016).
O colágeno tem uma seqüência regular de aminoácidos, com uma proporção
muito alta de glicina, prolina e hidroxiprolina, que são aminoácidos não essenciais com
valor nutricional limitado e baixo teor de metionina, cisteína, tirosina e triptofano
(Purslow, 2017). Esta combinação permite a estabilização de moléculas e ligações
cruzadas intermoleculares ao longo do tempo, aumentando assim a dureza da carne e
diminuindo a digestibilidade (López-Bote, 2017). Na indústria da carne, a quantidade de
tecido conjuntivo é comumente avaliada pela quantidade de hidroxiprolina, aminoácido
exclusivo do colágeno (Barbut, 2015).
As ligações cruzadas de colágeno aumentam à medida que o animal envelhece e
confere maior resistência mecânica e textura mais firme da carne. Porém, a espessura e a
ligação cruzada entre o perimísio e o tamanho dos feixes musculares são os aspectos mais
26
estrutural para mobilidade celular e localiza-se nos vasos sanguíneos, feixes nervosos,
unidades secretoras de glândulas, ductos e elementos do estroma de órgãos celulares,
como o baço e fígado (Samuelson, 2007).
Estrutura
Tipo de colágeno Genes Classificação Localização
molecular
COL1A1, α1 (I)2, α2 (I)
I
COL1A2 Formadores de Perimísio e
α1 (III)3 fibrilas endomísio
III COL3A1
poucas estrias brancas) e filés severos ou grau 2 (endurecido e pálido no músculo inteiro
e com várias listras brancas).
para regeneração de ATP em músculos post mortem) quando comparados aos filés
normais.
Estudos recentes relataram que alterações iônicas ocasionados pelo aumento de
cálcio (Ca2+) e sódio (Na+), e a redução do suprimento sanguíneo na fase inicial de WB
que podem estar relacionadas às mudanças ultra-estruturais no desequilíbrio osmótico,
são fatores que podem contribuir para melhor compreensão da etiologia de WB (Sihvo et
al., 2018; Soglia et al., 2016). Esses fatores estão relacionados com a regulação de íons
intracelulares mediante o desenvolvimento de danos musculares nos músculos das aves
(Sandercock; Mitchell, 2004).
Esta miopatia afeta a qualidade da carne, pois aves acometidas pelos graus mais
severos apresentam maiores níveis de pH e gordura, menor conteúdo proteico, além de
maiores perdas por cozimento (%) quando comparado aos filés de peito normais (Petracci
et al., 2013b, 2014). Outro aspecto importante é a aceitabilidade negativa pelos
consumidores em relação a WS. Kuttappan et al. (2012a) ao analisarem a aceitação e
intenção de compra dos consumidores em relação aos filés de peito de frangos de corte
com WS, verificaram que os consumidores, com base na aparência, não comprariam filés
de peito nos graus moderado ou severo e conforme o aumento da severidade menor era a
aceitação por parte dos consumidores. Os principais motivos que levaram os
consumidores a rejeitarem os filés com WS foram a aparência gordurosa, presença de
estrias brancas e a coloração da carne.
Ao estudarem duas linhagens genéticas de frangos de corte selecionadas para
alto e moderado rendimento de peito, Bailey et al. (2015) notaram baixa herdabilidade
(0,02 a 0,10) para MPP e WB em ambas as linhagens, sugerindo que há uma forte base
não genética que explica as variações dessas anormalidades, ou seja, condições
ambientais ou de manejo podem ter maior influência na ocorrência dessas miopatias. Por
37
outro lado, nas mesmas linhagens a herdabilidade para WS foi de 0,19 a 0,34, indicando
que existe um componente genético maior para sua incidência.
Quando identificados juntos em um mesmo filé, WS e WB podem representar
perdas qualitativas, nutricionais e econômicas consideráveis para a indústria avícola
(Soglia et al., 2016; Tasoniero et al., 2016; Tijare et al., 2016), apesar de não estar claro
se uma é determinante da outra. Embora sua etiologia seja desconhecida até os dias atuais,
estudos recentes demonstraram que a ocorrência de WS está associada com aves mais
pesadas, idade elevada, sexo, taxa de crescimento acelerado, restrição alimentar, níveis
crescentes de lisina na dieta, linhagem genética e maior rendimento de peito (Cruz et al.,
2017; Kuttappan et al., 2013, 2017; Russo et al., 2015; Soglia et al., 2016; Trocino et al.,
2015).
No norte da Itália, Russo et al. (2015) notaram alta prevalência de WS (78%) e
encontraram maiores lesões macroscópicas e histológicas em frangos de corte pesados
(3,64 kg e 55 dias de idade) quando comparados com frangos de peso médio (2,59 kg e
46 dias de idade). Esta diferença, segundo os autores, foi relacionada a idade avançada e
a maior massa muscular. Na análise histológica, filés afetados com WS foram
identificados com degeneração, necrose multifocal e polifásica. Entretanto, apesar da
ausência de lesões, filés de peito normais foram afetados por alterações leves, como
degeneração muscular e infiltração de gordura.
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46
CAPÍTULO 2
Artigo adaptado de acordo com as normas da Revista Animal, Fator de Impacto 2017:
1,87, ISSN: 1751-732X (Online), Qualis CAPES A1
6.1 Resumo
rendimento do peito em virtude da seleção genética aplicada nos últimos anos, como a
miopatia wooden breast (WB), caracterizada pela dureza palpatória. Este estudo teve
miopatia wooden breast. 300 filés foram classificados em três graus de severidade:
normal (100 amostras), moderado (100 amostras) e severo (100 amostras) em frigorífico
moderada e severa apresentaram maiores pesos em relação aos filés normais. A altura do
Os filés com grau severo apresentaram maiores teores de vermelho (a*), amarelo (b*) e
pH final. As perdas por gotejamento e cozimento foram maiores nos filés com grau
moderado e severo de miopatia quando comparados aos filés normais. Por outro lado, a
em filés com grau severo quando comparado aos filés normais. Filés acometidos por
miopatia severa apresentaram maior umidade em relação aos filés normais e moderados.
severidade. A proteína bruta foi menor e os teores de lipídeos maiores nos filés com grau
moderado e severo quando comparados aos filés normais. O parâmetro sabor foi melhor
48
evidenciado pelos provadores nos filés com grau severo quando comparado aos filés
normais e moderados. Além disso, filés acometidos por miopatia moderada e severa
foram afetados não apenas na aparência, mas também em suas características qualitativas,
6.2 Implicações
geradas a partir das condenações das carcaças ou de seus cortes e da provável rejeição
de qualidade da carne.
6.3 Introdução
de corte observado nos últimos anos, através da seleção genética, modificou a estrutura
49
densidade capilar existente em linhagens de alto rendimento que pode não ser suficiente
Kawasaki et al., 2018), indicando que lesões musculares ou miopáticas são comuns em
focais, além de serem pálidas podem estar cobertas com uma fina camada de material
viscoso claro, presença de estrias brancas finas visíveis entre as fibras musculares e com
tecido conjuntivo e células de adipócitos (Trocino et al., 2015; Soglia et al., 2016;
qualidade final dos produtos, através da menor qualidade nutricional e dos baixos
atributos qualitativos da carne (Mudalal et al., 2015). Além disso, a textura em filés WB
dos consumidores. Filés de peito costumam ser armazenados por vários dias antes do
inferiores (Kuttappan et al., 2017; Cai et al., 2018; Zhuang e Bowker, 2018), a miopatia
sensoriais dos filés conforme o grau de severidade da miopatia. Desta forma, entender
essênciais na qualidade final da carne. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética no Uso de Animais BRF/SIF
18 sob o número 076/18/14. Os músculos Pectoralis major sem pele e desossados foram
430 m). A capacidade média de abate foi de 150.000 frangos/dia com a produção voltada
para o mercado externo. As aves criadas em instalação Dark house pertenciam a linhagem
Cobb 500®, machos, com 40 dias de idade e peso médio de 3,066 kg. Antes do abate, o
tempo médio de jejum do lote foi de 7 horas e 25 minutos e o tempo médio de espera no
galpão foi de 1 hora e 15 minutos. Após pesagem, as aves foram insensibilizadas (Tensão
na área de desossa, após palpação manual realizada por três pessoas treinadas, para
melhor acurácia da classificação, conforme metodologia adotada por Tijare et al. (2016)
e classificação através de avaliação visual e tátil, sendo selecionados 100 filés de cada
categoria (normal, moderada e severa), totalizando 300 amostras. Esta classificação foi
baseada no grau de severidade da miopatia Wooden breast (WB) proposta por Sihvo et
• Moderada (grau 1): consistência endurecida e cor pálida na área cranial com
• Severa (grau 2): endurecido e pálido no músculo inteiro e com várias listras
brancas.
partes (lado direito e esquerdo) sem gordura superficial, cartilagem e tecidos conjuntivos,
Agropecuários – FCA/UFGD. Logo após o recebimento no laboratório, 150 filés (50 filés
imediatamente armazenados a 4° C até 24 horas post mortem para análises de pH, cor,
capacidade de retenção de água (CRA), drip loss (DL), medidas físicas, peso (g) e
avaliações histológicas. Outra parte das amostras (150 filés) foram embaladas em sacos
de polietileno, seladas à vácuo, através de embaladora à vácuo com câmara e solda dupla
análise sensorial.
milímetros (mm) e régua (cm). O comprimento (cm) foi medido na maior dimensão do
filé e a largura (cm) medida a partir da maior distância de um lado ao outro no meio do
filé. A altura (mm) foi medida no ponto mais alto da parte cranial do filé, conforme
Figura 1 Esquema representativo das medidas morfométricas e análises qualitativas dos filés de
frangos de corte nas porções ventral e dorsal.
Fonte: Arquivo pessoal.
osso (porção dorsal), considerando-se o valor médio destas mensurações (Van Laack et
al., 2000), por meio de peagamêtro digital Testo 205. O aparelho foi calibrado com duas
soluções tampões (pH 4,0 e pH 7,0 + 0,05/25°C). De forma semelhante, a cor dos filés
foi determinada através do colorímetro Konica Meter CR-400 (Minolta cor., Japão),
Antes das medidas de cor, os filés foram expostos a temperatura ambiente por 30 minutos
liberada ao ser aplicada uma pressão sobre o tecido muscular, na qual cubos de carne de
54
2 g (peso inicial) foram colocados entre dois papéis de filtro circulares e estes, entre duas
placas de vidro, sobre o qual foi colocado um peso de 10 kg durante 5 minutos, conforme
metodologia descrita por Hamm (1960). Após a prensagem dos cubos de carne, as
amostras foram pesadas (peso final) para obtenção da quantidade de água perdida durante
que amostras de filés de 80 g foram suspensas de forma que não tocassem nas paredes e
suavemente com toalhas de papel e pesadas novamente para obtenção do peso final,
segundo metodologia adapatada de Mudalal et al. (2015). A diferença entre o peso inicial
seguinte fórmula: [DL = 100x (Pi – Pf)/Pi], em que DL = drip loss (%), Pi = peso inicial
(g) e Pf = peso final (g). CRA e DL foram determinadas na porção cranial do filé. Todas
cisalhamento (FC) foram realizadas após congelamento (-20 °C) das amostras, as quais
foram armazenadas por 30 dias. Estas amostras foram congeladas em virtude da logística
do presente estudo e todas foram avaliadas uniformemente para que efeitos dos
tratamentos pudessem ser notados. Desta forma, as amostras de filés congeladas foram
enxugadas levemente com papel toalha e pesadas novamente. A diferença entre o peso
descongelamento (%) de acordo com a metodologia adaptada por Honikel (1987). Logo
55
Em seguida, foram cozidos em banho-maria CT – 269 (Cientec, São Paulo, Brasil) à 85ºC
por 30 minutos até atingirem a temperatura final interna de 75 a 80ºC. Após o cozimento,
entre o peso inicial (in natura) e final (cozido), correspondeu à perda de peso por
cozimento, conforme método adaptado por Honikel (1987) e foi expresso pela seguinte
fórmula: [PPC = 100x (Pi – Pf)/Pi], em que PPC = perda de peso por cozimento (%), Pi
(stable micro Systems), que mediu a força necessária para cortá-las, com valor expresso
padrão rastreável, utilizando metodologia descrita por Sams et al. (1990). Os valores da
ventral do músculo, foi estimado de acordo com a técnica adaptada de Culler et al. (1978).
forçada de ar, na temperatura de 65ºC por 72 horas. Após pré-secagem, as amostras foram
56
moídas para determinação dos teores de umidade, proteína bruta, extrato etéreo e matéria
O teor de umidade foi avaliado pela diferença de peso antes e após a secagem
nitrogênio total foi realizado pelo método de Kjeldahl para determinar o teor de proteína
bruta total, utilizando-se o fator 6,25 para multiplicar o nitrogênio total e obter o valor de
proteína bruta total. O teor de lipídeos foi obtido em extrator tipo Soxhlet com éter de
petróleo por 4 horas. O teor de cinzas foi determinado pela diferença de peso antes e após
O teor de colágeno total, avaliado na porção caudal do músculo, foi calculado a partir do
razão colágeno total/ proteína total e gordura total/proteína total, foi expresso pela
envolvendo seres humanos sob protocolo número 2.890.935. Foram selecionados 30 filés
de peito de frangos de corte conforme o grau da miopatia wooden breast (10 filés normais,
10 filés moderados e 10 filés severos), que foram analisados por avaliação microbiológica
(contagem total de Mesófilos, Escherichia coli e Salmonela spp), segundo AOAC (1990).
Após o laudo negativo para as provas microbiológicas procedeu-se o preparo dos filés
para análise sensorial. De acordo com a metodologia adaptada por Droval et al. (2012),
os filés foram embalados com papel alumínio e aquecidos em grill em torno 300 °C por
57
16 minutos, sendo 8 minutos de cada lado, até que atingissem a temperatura interna de 85
devidamente codificadas, juntamente com um copo de água e fatias de pão para evitar
painel composto por 100 provadores não treinados com idade entre 18 e 56 anos de ambos
os sexos (37 homens e 63 mulheres). Utilizou-se o teste de aceitação por escala hedônica
realizados com os termos descritores. Solicitou-se aos provadores para que comparassem
cada amostra em relação aos atributos sensoriais (Intensidade de aroma, aroma estranho,
classificação.
Pectoralis major de acordo com o grau da miopatia wooden breast (10 filés normais, 10
filés moderados e 10 filés severos). 24 horas post mortem, filés de cada grau, direcionado
ao longo das fibras musculares, foram cortados na camada superficial (lado ventral) com
temperatura ambiente e transferidas para álcool 70% para conservação até a emblocagem.
Este processo consistiu em desidratação em série graduada de álcool (70% até 100%),
micrótomo rotativo (Amercian Optical 820, New York, USA) montadas em lâminas não
lapidadas (Perfecta Exacta, São Paulo, Brasil) e coradas com Hematoxilina e Eosina
com um microscópio biológico (BEL Photonics Bio 2, Itália) e câmera digital Moticam
(Moticam 2300, Hong Kong, China) equipado com o software Motic Images Plus 2.0
(Motic, Hong Kong, China). A coloração H&E foi utilizada com o objetivo de avaliar a
de cada grau de miopatia (10 filés normais, 10 filés moderados e 10 filés severos),
ampliação de 10 X e a leitura feita pela técnica de varredura por apenas uma pessoa
qualitativos e o teste de aceitação por escala hedônica dos filés (Grau 0, 1 e 2) foram
teste de Tukey, através do comando PROC MIXED pelo software SAS 9.4 (SAS Institute
Inc., NC, EUA, 2014), considerando significativo quando P<0,05. Enquanto que os dados
59
do teste de preferência por ordenação dos provadores foram através de testes não-
6.5 Resultados
apresentaram pesos maiores (P<0,001) em comparação aos filés normais (grau 0). A
altura do segmento cranial (P<0,01) dos filés aumentou conforme os graus de severidade
comparação com os filés nos graus 1 e 2, que não diferiram entre si.
miopatia
crus e cozidos estão apresentados na Figura 2. Filés com graus moderado e severo
observadas visualmente na porção cranial. Após cozimento, filés acometidos por miopatia
músculos.
Figura 2 Classificação visual dos músculos Pectoralis major crus e cozidos de frangos de corte
em três graus de severidade: Normal, Moderada e Severa.
Fonte: Arquivo pessoal.
61
Os filés acometidos por miopatia moderada e severa apresentaram maiores valores finais
de pH (P<0,001) em relação aos filés normais. Em relação a cor, não houve diferença
valores para o teor de vermelho (a*) foram observados nos filés com grau severo (P<0,05)
e menores nos filés com grau moderado, enquanto que os filés normais apresentaram
valores intermediários. O teor de amarelo (b*) foi maior nos filés com graus moderado e
severo quando comparados aos filés normais (P<0,05). A capacidade de retenção de água
(CRA) não foi afetada pelos graus da miopatia (P>0,05). As perdas por gotejamento (DL)
foram maiores (P<0,05) nos filés acometidos por miopatia moderada e severa quando
As perdas por descongelamento (PPD) foram menores nos filés com graus
moderado e severo em relação aos filés normais (P<0,05). A perda de peso por cozimento
força de cisalhamento (FC) foi observada em filés com grau severo (P<0,05) e o maior
valor notado em filés normais, enquanto que os filés com grau moderado apresentaram
valores intermediários. O maior IFM foi observado em filés acometidos por miopatia
severa (P<0,05) e o menor valor verificado em filés normais, enquanto que os filés com
umidade (P<0,001) quando comparados aos filés normais e moderados, que não diferiram
miopatia. A proteína bruta (PB) foi menor nos filés acometidos por miopatia moderada e
Os teores de lipídeos foram maiores nos filés com graus moderado e severo (P<0,001)
63
quando comparados aos filés normais. Da mesma forma, a relação lipídeos/Proteína bruta
foram maiores nos filés com graus moderado e severo (P<0,001) quando comparados aos
filés normais.
sabor (P<0,05) foi melhor evidenciado pelos provadores nos filés com grau severo
quando comparado aos filés normais e moderados, que não diferiram entre si. A variável
maciez (P<0,001) foi maior em filés normais em relação aos filés acometidos por
miopatia moderada e severa, que não diferiram entre si. A suculência aumentou (P<0,05)
de acordo com o grau de severidade da miopatia. Filés com graus moderado e severo
1,5
1
NORM MOD SEV
6.5.5 Histologia
fibrose dos filés de peito em diferentes graus de miopatia estão apresentadas na Figura 4.
tamanho variável, falta de forma poligonal característico das fibras, infiltração de tecido
disso, nos filés normais foram observadas fibras anormais de tamanho pequeno.
66
severidade da miopatia wooden breast: normal (A), moderada (B) e severa (C). Asterisco = acúmulo
de tecido conjuntivo endomisial. Setas = indicam fibras com necrose. Cabeças de seta = fibras de
tamanho pequeno. Setas pontilhadas = fibras com degeneração muscular. Coloração Hematoxilina
6.6 Discussão
peitorais dos frangos de corte (Kuttappan et al., 2017; Brambila et al., 2018). No presente
medidas morfométricas dos filés. Os resultados deste estudo indicaram que filés com
graus moderado e severo de WB apresentaram pesos e altura cranial maiores que os filés
associado com filés mais pesados e de maior altura cranial do filé, sugerindo que frangos
anormalidades musculares. A dureza e o aumento notável na altura cranial dos filés com
graus moderado e severo foram consistentes com a classificação proposta por Sihvo et al.
(2017).
comprimento e largura, como observado nos menores valores dessas medidas físicas nos
filés com graus moderado e severo no presente estudo, que provavelmente estava
ser indicados como critérios para diferenciar filés acometidos pela miopatia WB de filés
normais. Portanto, o impacto dos filés com graus moderado e severo não foi apenas nas
variáveis peso e altura cranial, mas também no comprimento e na largura dos filés.
quando comparados aos filés normais foi similar aos resultados encontrados por
Kuttappan et al. (2017) e diferente dos resultados encontrados por Soglia et al. (2016),
que não verificaram diferenças do pH final entre filés normais e com WB, mas
68
constataram aumento quando wooden breast e white strinping foram identificados juntos
em um mesmo filé. Este resultado encontrado pelos autores pode representar perdas
que pH maior, como verificado no presente estudo, pode estar relacionado com a
glicogênio muscular.
estresse e dor causados pela miopatia. De fato, quando Abasht et al. (2016) caracterizaram
o perfil metabólico de filés de frangos de corte acometidos pela WB, verificaram alteração
acompanhados por acúmulo de histamina, o qual está associado a dor e inflamação. Além
importantes para produção de ATP em músculos post mortem (Cai et al., 2018) e dos
produtos finais do metabolismo muscular, tais como o ácido lático e o piruvato. A redução
do glicogênio muscular em ambos os casos pode refletir nas alterações dos processos
miopatia WB. De maneira oposta, Mudalal et al. (2015) verificaram valores de cor mais
claros (L*) em comparação aos filés de peito normais, o que poderia estar relacionado
com valores mais altos de pH e das modificações do tecido muscular após degeneração
dos músculos anormais. Kuttappan et al. (2017) ao avaliarem o impacto das miopatias
parâmetro b*. Segundo os autores, o parâmetro b*, que indica o teor de amarelo dos filés,
Os maiores teores de vermelho (a*) e de amarelo (b*) em filés com grau severo
de miopatia deste estudo são semelhantes aos resultados encontrados por Kuttappan et al.
(2017), que notaram que os filés estavam mais amarelos (b*) e com presença de petéquias
poderia estar relacionado com maior teor de lipídeos e com a presença de hemorragias
filés acometidos por miopatia moderada e severa apresentaram maiores perdas por
gotejamento (DL) em relação aos filés normais. A elevada perda de água observada nos
músculos com miopatia neste estudo deve-se ao encolhimento das proteínas miofibrilares
e pela desnaturação dos filamentos de miosina (Hughes et al., 2014). Outro aspecto
relevante como indicado por Bowker e Zhuang (2015), poderia ser pelos maiores graus
severidade da WB. Estes resultados foram semelhantes ao encontrado por Soglia et al.
(2016), de forma que a maior perda de água por cozimento, provavelmente, esteja
miofibrilas e a facilidade com que pode deixar a rede da estrutura muscular (Hughes et
al., 2014). Desta forma, quanto menos água perdida é sugestivo de carnes com proteínas
Após análise de perdas de peso por cozimento (PPC) no presente estudo, os filés
visuais de coloração na porção ventral dos músculos (Figura 2). Os filés com graus
moderado e severo cozidos foram mais escuros e amarelados do que os filés normais
cozidos, o que poderia ser explicado pelas maiores perdas de água durante o gotejamento
e cozimento ou ainda pela presença de fluído viscoso juntamente com estrias ou listras
brancas finas visíveis entre as fibras musculares. Embora a causa dessa coloração anormal
seja desconhecida até o momento, Zhuang e Bowker (2018) pela primeira vez também
sangue na superfície dos filés poderia ter contribuído para a coloração anormal visível na
obtidos por Tasoniero et al. (2016), que não verificaram diferenças na perda por
de congelamento pode ser determinada pelo tamanho dos cristais de gelo formados na
carne e refletir nas alterações dos atributos qualitativos da carne (Zhuang e Savage, 2013).
possuem menor força de cisalhamento em relação aos filés normais, de modo que os filés
Brambila et al. (2018) constataram menor força de cisalhamento pelo método Warner-
no músculo peitoral (Trocino et al., 2015; Soglia et al., 2016) modificam a estrutura das
fibras musculares e desta forma podem ficar mais sensíveis ao corte e permitir menor
Warner-Bratzler foi suficiente para diferenciar a maciez em filés cozidos nos graus
WB. Neste estudo, filés de peito com classificação mais severa de WB apresentaram
maior IFM em relação aos filés normais, enquanto que filés com grau moderado exibiram
valores intermediários. Esse comportamento foi semelhante aos resultados obtidos por
Tijare et al. (2016) e Sun et al. (2018), em que o índice de fragmentação gravimétrica,
método que também mede o grau de fragmentação miofibrilar, foram maiores em filés de
72
frangos de corte de acordo com o grau de severidade da miopatia wooden breast quando
comparados aos filés normais. Segundo os autores, este aumento foi relacionado com o
fatores contribuintes para o maior IFM encontrados em filés severos de WB como neste
estudo e indicados, por exemplo, pelo estresse oxidativo através da enzima Anidrase
carbônica III (Cai et al., 2018) ou pela 1-metilhistidina (Abasht et al., 2016).
A composição química dos filés de peito foi afetada pelo grau de severidade da
miopatia WB. A maior umidade observada em filés acometidos por miopatia severa
quando comparado aos filés normais e moderados poderia ser explicada pela ocorrência
2014).
O teor de proteína bruta foi menor em filés com graus moderado e severo dessa
miopatia, enquanto que o teor de lipídeos nos filés com graus moderado e severo foram
maiores em relação aos filés normais. O colágeno total aumentou conforme o grau da
miopatia. Da mesma forma, Cai et al. (2018) verificaram que filés com WB continham
maiores teores de lipídeos, umidade e menos proteína bruta quando comparado aos filés
normais.
lipídeos (lipidose) em substituição às fibras musculares (Soglia et al., 2016; Sihvo et al.,
diminuição no teor de proteína, de forma que a fibrose pode aumentar o teor de colágeno
Além disso, Petracci et al. (2013) relataram que o filé de peito em linhagens de
alto rendimento sem miopatias também exibiram teores de proteína bruta menores e
estudo, pode ser devido as alterações iônicas ocasionada pelo aumento de cálcio (Ca2+) e
potássio e sódio) associados com lesões musculares são necessários para melhor
apresentaram maior razão lipídeos/proteína bruta quando comparado aos filés normais.
Por outro lado, a razão colágeno/proteína bruta aumentou conforme o grau de severidade
da miopatia. Este aumento, também observado por Petracci et al. (2014), demonstra que
(Nishimura, 2015), expresso pelo aumento de decorina (Clark e Valleman, 2017). A baixa
Zhuang, 2015).
em relação as perguntas abertas revelaram que filés acometidos por miopatia moderada e
lipídeos em comparação aos filés normais o que pode ter conduzido ao sabor e aroma
gorduroso para os avaliadores. Por outro lado, Tasoniero et al. (2016) verificaram que os
relação a percepção específica de odor, sabor estranho, suculência e gordura entre filés
normais, WS e WS/WB.
filés com grau severo quando comparado aos filés moderados e normais, o que poderia
ser explicado pelas variações de paladar entre os consumidores e pela maior quantidade
de lipídeos.
provadores foram semelhantes aos obtidos nas análises de IFM e FC. Desta forma, as
que a amostra desintegra facilmente na boca e torna-se menos elástica e fácil de deglutir.
Da mesma forma, Brambila et al. (2018) através dos perfis sensoriais de textura, com 8
pessoas treinadas, verificaram que filés WB eram mais elásticos do que os filés normais.
umidade na boca durante a mastigação), deste modo, os filés de graus moderado e severo
também verificado pela maior porcentagem de umidade, ou pelo alto teor de lipídeos que
acometidos por miopatia severa, seguida da moderada e por último o grau normal. Esta
escolha foi possível devido os provadores identificarem melhor sabor, maciez, suculência
e mastigabilidade em filés acometidos pela WB, sugerindo que o ser humano é capaz de
6.6.6 Histologia
intersticial com fibrose em filés acometidos pela miopatia wooden breast. De acordo com
(diâmetro menor que 10 μm) em filés WB quando comparado aos filés normais, indicando
que talvez essas fibras pequenas eram fibras em regeneração, ao qual é iniciada por dano
muscular que ativa as células satélites, já que em filés acometidos pela WB a expressão
filés normais. Por outro lado, fibras grandes (diâmetro maior que 70 μm) podem reduzir
pode contribuir tanto para a necrose devido ao acúmulo de ácido lático como também a
inibição do reparo e regeneração mediada por células satélites (Clark e Velleman, 2017).
A presença de fibras necróticas como relatado neste estudo pode ser sinais de lesão
6.7 Conclusão
anormalidades no músculo peitoral dos frangos. Além disso, filés com grau moderado e
77
atributos sensoriais. Desta forma, mais estudos são necessários para entender as
6.8 Agradecimentos
de Pessoal de Nível Superior (CAPES – Brasília, DF, Brasil) pelo apoio financeiro e a
6.9 Referências
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
para amenizar as perdas econômicas provenientes das condenações das carcaças ou pela
rejeição dos consumidores, tendo em vista que o Brasil ainda não determina um critério
atualidade, visto ser considerado uma das principais causas que diminuem a qualidade da
método é o mais ideal para identificar a maciez, já que há certa subjetividade devido as
estudos futuros são necessários para melhor esclarecimento do efeito exercido sobre o
recente que pode afetar fortemente a percepção do consumidor. Assim, mais pesquisas
severidade dos filés crus e cozidos de WB, como também ver a aceitabilidade dos
literatura científica em relação a sua etiologia ainda são insuficientes, uma vez que sua
musculares, podem ser eficazes para reduzir a ocorrência de miopatias nos músculos do