Apontamentos Direito Processual Civil II Novo
Apontamentos Direito Processual Civil II Novo
Apontamentos Direito Processual Civil II Novo
Ações declarativas:
De simples apreciação:
As ações de simples apreciação, positiva ou negativa, (alínea a, do nº3) destinam-se a obter o
reconhecimento da existência ou inexistência de um direito ou de um facto jurídico, por meio de uma
decisão judicial vinculativa e são de rara utilização.
-De condenação:
Nas ações de condenação (alínea b, do nº3) o autor do pedido, na sequência do juízo declarativo,
pretende que, em sua consequência, o Tribunal condene o réu à prestação de uma coisa ou de um facto.
Há um comando destinado ao réu para que este cumpra algo. Invertendo a sua definição legal,
pressupondo-se ou prevendo-se a violação de um direito, exige-se a prestação de uma coisa ou de um
facto, associada ao direito violado.
-Constitutivas:
As ações de constituição (alínea c, do nº3) são performativas, visam autorizar uma mudança na ordem
jurídica existente, independentemente da vontade do réu. O juízo do Tribunal não se limita à situação de
direito ou ao facto pré-existente, perante o pedido de alteração das situações jurídicas, o juiz, pela
sentença, constitui, modifica ou extingue direitos e deveres que, apesar de fundados em direitos e
deveres anteriores, só nascem com a sentença.
Podem existir ações declarativas com natureza mista, como o caso do despejo, que tem por finalidade
resolver um contrato de arrendamento (constitutiva) e despejar alguém (condenatória).
As ações executivas:
Destinam-se às ações executivas conforme está previsto no art. 10º/1 e 3, à realização coerciva de um
direito já pré reconhecido ao requerente, art. 10º/4.
Visam a reparação de um direito violado, pressupondo a sua existência, aquelas mediantes as quais o
credor requer as providências adequadas à realização coativa de uma obrigação que lhe é devida, sendo
que o fim da execução pode consistir no pagamento de quantia certa, na entrega da coisa certa ou na
prestação de um facto, quer positivo quer negativo, tendo sempre por base um título, pelos quais se
determinam o respetivos fins e limites (nº 5 e 6).
“A distinção entre processo declarativo e executivo é a diferença entre o dizer/declarar e o fazer/executar.“
Julgamento e a tramitação do processo em tribunal arbitral necessário regula-se nos artigos 1082º a 1085.
Os procedimentos cautelares (Art. 362º e ss) são frequentemente de natureza mista, iniciam-se com uma
fase declarativa e seguem para uma fase executiva o que sucede com os procedimentos conservatórios e
alguns antecipatórios como a restituição provisória da posse, o arresto e o embargo de obra nova.
Convenção de arbitragem – É o acordo das partes em submeter um ou mais litígios à decisão de árbitros
que pode revestir forma de cláusula compromissória ou de compromisso arbitral, dependendo consoante
a existência ou não ainda do litígio. Negócio jurídico que o artigo 2º exige que seja reduzido a escrito sob
pena de nulidade ( art. 3º ).
Segundo o art. 39º /1 os árbitros julgam de acordo com o direito constituído a não ser que as partes
autorizem a julgar segundo a equidade.
O processo nos julgados de paz
Os julgados de paz estão previstos no nº2 do art. 209º da CRP.
São tribunais com características especiais, competentes para resolver causas de valor reduzido de
natureza cível, excluindo as que envolvam matérias de Direito de Família, Direito das Sucessões e Direito
do Trabalho, de forma rápida e custos reduzidos.
Estão organizados como meios extrajudiciais de resolução de litígios. São tribunais estaduais não judiciais.
- 150º lei de 78/2001
Princípios da simplicidade, adequação, informalidade, oralidade e absoluta economia processual (2º/1)
A competência dos julgados de paz é circunscrita a ações declarativas (Art. 6º/1)
O valor das ações não pode ser superior a 15.000€ (art. 8º) sendo a sua competência em razão da matéria
circunscrita às ações a que se reportam os nº 1 a 3 do art. 9º.
As partes podem ser pessoas singulares ou coletivas. As pessoas coletivas, além da comparência pessoal,
devem se fazer acompanhar por um advogado, advogado estagiário ou solicitador (Art. 37º e 38)
Ou seja, caducidade define o período temporal para liquidação de um imposto, por norma de 4 anos,
enquanto a prescrição define o prazo para cobrança de um imposto já liquidado, por norma de 8 anos.
A distinção deve ser feita nos seguintes moldes: na caducidade, a lei por considerações meramente
objetivas quer que o direito seja exercido dentro de certo prazo, prescindindo da negligência do titular e,
por isso, de eventuais causas suspensivas e interruptivas que excluam tal negligência, enquanto na
prescrição, o que a lei se propõe é proteger a segurança jurídica, sancionando a negligência do titular do
direito, pelo que o prazo prescricional pode suspender-se e interromper-se nos termos prescritos na lei.
Na caducidade está em causa um verdadeiro prazo perentório de exercício do direito enquanto pelo
contrário na prescrição não se fixam prazos para o direito ser exercitado mas, antes, prazos a partir dos
quais o devedor se pode opor ao exercício do direito, por não ser mais razoável, embora com
possibilidades de os exercer (Carvalho Fernandes, Teoria Geral, 2ª. Ed., Vol. II, pág.546).
Assim, enquanto o direito prescrito continua a existir, o direito caducado perdeu a sua existência. Mas,
tanto a prescrição como a caducidade supõem a vontade da lei ou das partes em que o direito se exerça
dentro de certo prazo, tendo em vista a rápida definição dos direitos e a correspondente segurança
jurídica.
1-Petição Inicial
O autor enuncia a causa de pedir ( ) e deduz o pedido (552º e ss.)
Consiste no articulado através do qual o autor ou demandante introduz em juízo determinada ação,
formulando definida pretensão e invocando os factos e as razões de direito em que a fundamenta.
Deve ser apresentada em formulário adequado e em narração clara, ordenada, concisa e articulada e
seguindo os requisitos previstos no artigo 552º. A apresentação da petição inicial em juízo marca o início
do processo, a constituição da instância entre o autor e o tribunal. Deve ser introduzida em juízo por
transmissão eletrónica – Portaria 280/2013.
Na petição inicial o pedido traduz-se na pretensão do autor, para a qual, sob invocação de um direito ou
situação jurídica carecidos de acolhimento e proteção, requer a concessão de uma concreta providência
judiciária. A formulação do pedido é essencial e indispensável para que o tribunal possa resolver o conflito
de interesses proposto pela ação. Art. 3º/1.
Podem ser deduzidos pedidos alternativos, subsidiários, cumulativos, genéricos ou de prestações
vincendas.
Alternativos: Baseia-se numa obrigação alternativa, ficando o direito arrogado pelo autor satisfeito se
efetuada pelo uma só de duas ou mais prestações em equação. Art. 553º
Subsidiários: É aquele que se apresenta ao tribunal para ser tomado em consideração apenas no caso de
não proceder um pedido anterior, devendo ser de valores correspondentes (o valor do pedido inicial e do
pedido subsidiário).
Cumulativos: O autor pode deduzir mais que um pedido contra o mesmo réu em cumulação (Art. 555º/1)
ou em determinadas condições, discriminadamente contra diversos réus também em cumulação Art. 36º
ou em relação de subsidiariedade Art. 39º e 297º/2. A cumulação pode ser simples Art. 555º - Vários
pedidos contra o mesmo réu ou plural Art. 36º - vários autores, entre si coligados, deduzem contra um ou
vários réus diversos pedidos.
Vícios da petição inicial / Recusa da petição pela secretaria – Art. 558º a 560º.
A lei atribui à secretaria judicial a função de proceder ao exame sobre a regularidade formal da petição
inicial, com vista à sua eventual recusa, quando determinados requisitos legais não tenham sido
observados.
Assim, a secretaria recusa o recebimento da petição inicial, indicando por escrito o fundamento da
rejeição, quando ocorrer algum dos seguintes factos:
Não tenha endereço ou esteja endereçada a outro tribunal, juízo do mesmo tribunal ou autoridade;
→Omita a identificação das partes e dos elementos a que alude a alínea a) no nº1 do Art. 552 que dela
→devam obrigatoriamente constar ;
→Não indique o domicílio profissional do mandatário judicial;
→Não indique a forma do processo;
→Omita a indicação do valor da causa;
→Não tenha sido comprovado o prévio pagamento da taxa de Justiça devida ou a concessão de apoio
judiciário, exceto no caso previsto no nº5 do Art. 552º;
→Não esteja assinada;
→Não esteja redigida em língua portuguesa;
→O papel utilizado não obedeça aos requisitos regulamentares.
2-Contestação
O réu opõe-se à pretensão e defende-se (por impugnação ou exceção) podendo ainda reconduzir um
pedido contra o autor (266º e 569º)
É o articulado pelo qual o réu ou demandado, deduz oposição à pretensão do autor, expondo para o efeito
os factos e as razões de direito que pretenda invocar
→Reconvenção: É a parte do articulado da contestação, onde o réu deduz, de forma separada da
contestação, um pedido contra o autor, com invocação dos factos e das razões de direito em que o
sustenta.
→Réplica: Traduz-se no articulado pelo qual o autor deduz toda a defesa quanto à matéria da
reconvenção.
A contestação é o articulado que o réu oferece como resposta à pretensão do autor formulada na petição
inicial, na qual deve deduzir toda a sua defesa e exercer do seu direito ao contraditório Art. 3º/ 1 e 2.
Pode ainda ser aproveitada para deduzir pedidos contra o autor Art. 266º. Distinguindo-se assim a defesa
propriamente dita e a reconvenção, esta última em que o réu toma posição perante a pretensão contra si
formulada, o demandado passa ao contra-ataque, formulando pedidos autónomos contra o autor.
O réu tem 30 dias para apresentar a contestação a contar da data da citação, começando prazo a decorrer
desde o termo da dilação, quando a esta houver lugar.
No caso de revogação de despacho de indeferimento liminar da petição, o prazo para a contestação
inicia-se com a notificação em 1ª instância daquela decisão.
Este prazo é contínuo apenas se suspendendo no período de férias do tribunal Art. 138º.
Ao prazo para o réu apresentar a contestação acresce uma dilação de 5 dias quando:
→A citação tiver sido realizada em pessoa diversa do réu;
→O réu tiver sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a ação;
→A dilação passa a ser de 15 dias nos casos em que o réu seja citado nas regiões autónomas correndo o
processo no continente ou em outra ilha;
→A dilação passa a ser de 30 dias quando o réu for citado para a causa no estrangeiro, e a citação haja
sido edital ou se verifique o caso do nº5 do art. 229º.
Exceções Art. :
→Nos 3 dias subsequentes ao termo do prazo mediante pagamento de multa (art 139º/5)
→No caso de invocação de justo impedimento, que se verifique (art. 140º/2)
→No caso do acordo das partes para uma única prorrogação e por igual período (art. 141º/2)
No caso de se tratar de revelia absoluta, o juiz verifica se a citação foi feita com as formalidades legais.
Caso encontre irregularidades ordena a sua repetição, caso contrário, aplica os efeitos da revelia.
Se se tratar de uma situação de revelia relativa, o juiz não precisa de verificar a legalidade da citação e
limita-se a aplicar os efeitos da revelia.
Estes “efeitos da revelia operante” são os de considerarem confessados os factos articulados pelo autor.
No entanto, antes de o juiz proferir despacho a declarar quais os factos que considera provados deve o
processo ser facultado para exame pelo prazo de 10 dias, primeiro ao advogado do autor e depois ao
advogado do réu, para alegarem por escrito, e só depois é que é proferida a sentença, na qual se declaram
os factos provados e se julga a causa conforme for de direito.
Nos casos em que a revelia é inoperante não se aplica o mesmo regime, os casos são os seguintes:
→Quando havendo vários réus, algum deles contestar, relativamente aos factos que o contestante
impugnar;
→Quando o réu ou algum dos réus for incapaz, situando-se a causa no âmbito da incapacidade, ou houver
sido citado editalmente e permaneça a situação de revelia absoluta;
→Quando a vontade das partes for ineficaz para produzir o efeito jurídico que pela ação se
pretende obter;
→Quando se trate de factos para cuja prova se exija documento escrito.
Havendo vários réus, em litisconsórcio necessário ou voluntário, os factos que algum deles contestar
aproveitam também ao réu não contestante (em revelia).
Se o réu ou algum dos réus for incapaz para praticar determinado satos, não se consideram provados os
factos apresentados.
Se o réu tiver sido citado editalmente e permanecer na situação de revelia absoluta, não se consideram
provados os factos, por uma questão de maior segurança na aplicação do direito.
Quando a vontade das partes for ineficaz para produzir o efeito jurídico que pela ação se pretende obter, a
falta de contestação não conduz á confissão dos factos.
Se a própria confissão expressa recair sobre factos relativos a direitos indisponíveis é inadmissível exitir a
confissão dos factos ( Art. 354º b) CC), pois seria um contrassenso admitir confissão tácita sobre os
mesmos direitos.
Relativamente aos factos cuja prova se exija documento escrito, não é admissível a confissão tácita em
consonância com o Art, 364º CC.
No caso da revelia inoperante, o processo segue os trâmites normais do processo, mesmo sem o
articulado da contestação.
Notificação
O autor é notificado da contestação que receberá o respetivo duplicado, para que possa tomar
conhecimento da atitude assumida pelo réu e atuar em processualmente conformidade, por exemplo,
apresentando réplica. Art. 575º/1
Prazos para contestação Art. 569º
O réu é igualmente obrigado a pagar as taxas de justiça quando aplica a contestação. Princípio da
igualdade das partes.
Há dois tipos de defesa do réu:
Defesa por impugnação: Verifica-se quando o réu, como resposta á pretensão do autor, invoca a
inveracidade dos factos alegados na petição inicial, no todo ou em parte, ou dos efeitos jurídicos deles
decorrentes, pedindo a sua absolvição em conformidade.
Defesa por exceção: Verifica-se quando o réu, na resposta ao pedido do autor, aceitando os seus
fundamentos essenciais ou abstraindo da sua veracidade, invoca factos e razões que obstam à apreciação
do mérito da causa ou que constituem causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo
autor, determinando a improcedência, total ou parcial, do pedido. Alegação de nova factualidade que o
réu entende como suscetível de obstar a que o tribunal possa extrair o efeito pretendido pelo autor, seja
porque tais fatos impedem o tribunal da causa apreciar o pedido deduzido pelo autor (exceção dilatória)
Art. 576º/2, seja porque conduzem o tribunal apreciador ao julgamento da respetiva improcedência
(exceção perentória) Art. 576º/3.
Causa impeditiva: causa susceptível de obstar á constituição válida do direito do autor (P.ex: incapacidade,
simulação, erro, dolo, coação, etc…)
Causa modificativa: é a causa que possa ter alterado o direito do autor tal como ele validamente se
constituiu (P. ex: mudança de local de uma servidão)
Causa extintiva: Causa que tenha provocado a cessação do direito do autor depois de este validamente
formado (P. ex: condição resolutiva, termo perentório, pagamento, prescrição, renúncia, etc..)
Defenda-se o réu por impugnação ou por exceção, na contestação deve oferecer os seguintes elementos:
→Individualizar a ação;
→Expor as razões de facto e de direito por que se opõe à pretensão do autor;
→Expor os factos essenciais em que se baseiam as exceções deduzidas, especificando-as separadamente,
sob penas dos respetivos fatos não se considerarem admitidos por acordo por falta de impugnação;
→Apresentar o rol de testemunhas e requerer outros meios de prova.
Caso haja reconvenção e caso o autor replique, o réu é admitido a alterar o requerimento probatório
inicialmente apresentado, no prazo de 10 dias a contar da notificação da réplica.
Perentórias: São as exceções que conduzem á absolvição total ou parcial do pedido. Estas consistem na
invocação de factos que impedem, modificam ou extinguem o efeito jurídico dos factos articulados pelo
autor. Art. 576º/3.
Exceções perentórias impeditivas: As traduzidas a alegação dos factos que impedem constituição do
direito do autor, entre eles, os que gerem a invalidade dos negócios jurídicos (nulidades absolutas ou
relativas), como é o caso dos que consubstanciem o erro, dolo, coação, simulação, a ilicitude ou a
ilegalidade do objeto (Art. 291º a 294º) e a condição (270º a 277º).
Exceções perentórias extintivas: As consistentes em factos extintivos do direito alegado pelo autor, a
quase todos os factos extintivos das obrigações, como a condição resolutiva (Art. 270º), o termo
perentório (Art. 278º), a prescrição (Art. 303º e 304º/1), a caducidade (Art. 303º e 333º/2), etc….
Articulado eventual
Réplica (art. 584º):
A réplica é o articulado eventual destinado á defesa do autor contra o pedido reconvencional. Na verdade,
réplica só é admissível para o autor deduzir toda a defesa quanto á matéria da reconvenção, não podendo
a estar opor nova reconvenção.
Nas ações de simples apreciação negativa, ações cuja finalidade é a declaração da inexistência de um
direito ou de um facto, a réplica serve para o autor impugnar os factos constitutivos que o réu tenha
alegado e para alegar os factos impeditivos ou
extintivos do direito invocado pelo réu. A réplica deve ser apresentada no prazo de 30 dias a contar da
data em que for notificada a apresentação. Aplicam-se as mesmas regras de prorrogação previstas para a
contestação Art. 569º/4 e 6. E relativamente aos efeitos para a falta de apresentação da réplica ou
impugnação dos novos factos apresentados pelo réu, também se regem pelas regras da contestação 574º
e às exceções deduzidas na réplica do Art. 572º.
Articulados extraordinários
Articulados supervenientes (art. 588º e 589º):
Os articulados supervenientes são articulados deduzidos depois dos articulados normalmente admissíveis,
justificados pela ocorrência de factos verificados posteriormente ou de que a parte só posteriormente
teve conhecimento – factos supervenientes. consideram-se supervenientes tanto os factos ocorridos
posteriormente ao termo dos prazos marcados para apresentação dos articulados habituais da causa
como os factos anteriores de que a parte só tenha conhecimento depois de findarem esses prazos,
devendo nesse caso produzir-se prova da superveniência. Podem ser deduzidos em articulado posterior
ou em novo articulado. O articulado posterior é o articulado que eventualmente se siga àquele que a
parte praticou no processo e onde teria alegado os factos caso deles já tivesse conhecimento.
O articulado novo é aquele que a parte terá de empregar quando já não possa usar de qualquer
articulado dos que podia utilizar no processo, por exemplo o réu depois de já ter contestado ou
reconvindo.
O novo articulado tem lugar na audiência prévia, quando os factos hajam ocorrido ou sido conhecidos até
ao respetivo encerramento e nos 10 dias posteriores à notificação da data designada para a realização da
audiência final, quando não se tenha realizado a audiência prévia.
II. Gestão inicial do processo e audiência prévia / Condensação (art. 590º a 598º CPC)
Nesta fase vai desembaraçar-se o processo de questões ou factos que não sejam relevantes para a decisão
da causa. O juiz decidirá aquilo que poder ser já decidido e ordenará o prosseguimento da acção ou fá-la-á
terminar, em função de certas condições
É nesta fase que se inserem as operações de saneamento e condensação do processo.
Inicia-se com o despacho pré saneador e a respetiva execução pelas partes e pela secretaria (art. 590º/2),
seguindo-se depois a audiência prévia propriamente dita.
O juiz tem uma importância enorme nesta fase uma vez que toma conhecimento do que se passou na fase
anterior e, assumindo a direção do processo, vai em diálogo com as partes, controlar a regularidade da
instância, convidar o autor e o réu a colmatar deficiências dos articulados e decidir tudo aquilo que já
pode ser decidido, bem como definir definir as grandes questões que vão ser objeto de prova e
julgamento, e tomando medidas que a justa composição do litígio tenha lugar em prazo razoável.
4 funções:
1. Sanação da falta de pressupostos processuais (590º/2/a)
2. Correção das irregularidades dos articulados (590º/2/b)
3. Junção do documento que permita a apreciação da exceção dilatória ou imediato conhecimento do
pedido (590º/2/c)
4. Complemente os articulados deficientes (art. 590º/2/b)
Uma das finalidades principais da audiência prévia é a prolação do despacho saneador ou a ser proferido
por escrito depois de suspensa a audiência para o efeito nos termos e com as finalidades do art. 591º/1.
A audiência prévia assenta num princípio da oralidade e concentração dos debates, pressupondo a
intervenção ativa de todos os intervenientes na lide, com vista a obter uma delimitação daquilo que é
verdadeiramente essencial para a sua plena compreensão e justa resolução.
-Conceitos probatórios
-Ónus da prova
-Meios e tipos de prova
-Prova por presunções
-Prova documental
-Prova por confissão
-Prova pericial
-Prova por inspeção
-Prova testemunhal
-Meios de prova de génese intraprocessual
-Valor extraprocessual das provas
A instrução do processo tem objeto os temas da prova enunciados ou, quando não tenha de haver lugar a
esta enunciação, os factos necessitados de prova. Fazer a instrução do processo significa fazer a
conjugação de todos os elementos de prova sobre os factos que interessam à decisão da causa, quer dos
alegados pelas partes, quer daqueles que o tribunal pode conhecer oficiosamente. Instruir é fazer a prova
dos factos. O Art. 341 do CC diz-nos que a prova tem como função a demonstração da realidade dos
factos. São os elementos que servem de instrumento à formação da convicção do juiz acerca dos factos
controvertidos.
· Prova como resultado probatório: A real e efetiva, segundo a convicção do juiz, demonstração da
realidade dum facto, ou seja, a veracidade da afirmação ou dos dados emergentes da atividade
probatória;
· Prova e certeza: A prova não produz certeza lógico-matemática mas sim um elevado grau de
probabilidade da ocorrência do facto demonstrado, certeza histórico-empírica;
· Prova de primeira aparência: Este tipo de prova não produz a plena convicção do juiz, mas sim um grau
de probabilidade suscetível de inverter o ónus da prova ou, pelo menos, de obrigar a parte contrária a
contra prova;
· Prova e simples justificação: A simples justificação é a prova sumária, superficial, mínimo legal exigível
para certos efeitos processuais, como por exemplos nos processos cautelares Art. 292º a 294º, Art. 365º/3
e 368º/1, e para outras medidas provisórias com carácter urgente. Através dela, a parte procura convencer
o juiz da séria credibilidade das respetivas afirmações de facto. É um tipo de prova de nível inferior.
Direito probatório:
Direito probatório material: Este regula o ónus da prova, bem como a admissibilidade e a força probatória
dos diversos meios de prova. Art. 342º a 344º. As provas desempenham uma função judicial, formação da
convicção do julgador, e uma função extrajudicial, formação da convicção de terceiros em caso de
exercício intersubjetivo e garantia dos diversos interessados deles titulares ou não. Estas possuem assento
privilegiado no direito substantivo, Art. 341º a 396º CC.
Objeto da prova
Tema probatório
Está definido pelo Art. 410º que é confundido com o objeto da instrução. O objeto da instrução são os
factos relevantes para o exame da decisão da causa Art.410º, factos esses que é suposto integrarem ou
subsumir-se no elenco dos temas de prova enunciados no despacho a que se reporta o Art. 596º, ou, na
ausência deste, os factos necessitados de prova, sendo que as provas a produzir, têm por função a
demonstração da realidade dos factos Art. 341º CC.
A atividade instrutória incide sobre as questões essenciais de facto genericamente fixadas no despacho
saneador ou na petição inicial, nos casos de revelia inoperante, salvo quando tal inoperância se funde na
alínea a) do Art. 568º.
Factos instrumentais: Os que resultam da instrução da causa. Que sejam indiciários dos factos principais
ou de factos complementares relevantes para uma boa e justa decisão do pleito, sem prejuízo da sua
consideração a título oficioso, Art. 5º/2/a;
Factos acessórios: Factos que apenas respeitam à admissibilidade de um dado meio probatório, tais como
os relativos à admissibilidade de uma testemunha, Art. 496º, ao impedimento ou suspeição de um perito,
art. 470º ou à impugnação de um documento particular, Art. 444º.
Os factos que carecem de prova são todos os factos principais relevantes para a decisão da causa em
função da lei material aplicável. Os factos notórios, que não aqueles que são geralmente conhecido,
notório quando uma pessoa de normal diligência o teria podido notar (Art. 257º/2 CC), não precisam de
prova nem de alegação, Art. 5º/1 e 2/a) a c) e Art. 412º CPC. Não precisam ainda de alegação os factos de
que o tribunal tem conhecimento por virtude do exercício das suas funções.
Tipos de prova:
Prova por presunções: Presunções são as ilações que a lei ou o julgador tiram de um facto conhecido para
firmar um facto desconhecido Art. 349º CC. É uma prova indireta que, por destituída de autonomia
processual, acaba por se reconduzir a qualquer outro dos meios de prova com previsão e regulação
autónomas. Assim, o facto base da presunção pode ser provado por qualquer outro meio probatório
(documental, testemunhal ou pericial).
Prova documental:
Prova documental é a que resulta de documento. Diz-se documento qualquer objeto elaborado pelo
homem com o fim de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto. Os termos documento e
prova relacionados pois o documento tem por mais relevante função representar qualquer coisa ou dela
fazer prova. Art. 362º CC
É nesta que concentram todas as provas e se tratam as mais relevantes e decisivas discussões.
-A sentença
Ato do juiz que põe termo à causa.
Esta convicção tem de ser fundamentada, procedendo o tribunal à análise crítica das provas e à
especificação das razões que o levaram à decisão tomada sobre a verificação de cada facto (art. 607º/4 e
5)
A fundamentação exerce dupla função: facilitar o reexame da causa por tribunal superior e reforçar o
autocontrolo da justiça. O próprio juiz tem de demonstrar às partes que tem razão para dizer o que diz.
Mais importante que a decisão que profere, é a fundamentação dessa decisão.
Julgamento de direito:
Pressupõe a delimitação das parcelas da realidade a subsumir na norma jurídica e o apuramento de todos
os factos da causa que, tidos em conta os pedidos e as exceções deduzidas, sejam relevantes para o
preenchimento das respetivas previsões normativas, sejam elas processuais ou de direito material.
Estrutura da sentença:
Na decisão, o juiz tem de identificar corretamente o objeto da ação. O que o autor pediu e com que
fundamentos de facto e de direito e também o que o réu contestou e com que fundamentos de facto e de
direito.
A sentença é um ato de persuasão, o juiz tem de mostrar porque dá razão às partes daquela forma.
1. Relatório
-O juiz identifica as partes, enuncia os pedidos deduzidos bem como as questões relativas à causa de pedir
e às exceções (tanto suscitadas pela parte como aquela que ao tribunal cumpre oficiosamente conhecer
(607º/2)
2. Fundamentação
-O juiz discrimina os factos que considera provados, determina as normas jurídicas aplicáveis,
interpreta-as e aplica-as (607º/3 + 205º/1 CRP)
3. Decisão
-O juiz, consoante os casos, absolve o réu da instância ou responde ao pedido deduzido pelo autor, nele
condenando o réu ou dele absolvendo (art. 607º/3)
-Vícios da sentença
Além dos vícios respeitantes à formação ou expressão da livre convicção do juiz no julgamento da matéria
de facto, a sentença pode apresentar vícios que geram a sua nulidade, tornando-a totalmente
inaproveitável para a realização da função que lhe compete.
1. Falta absoluta de poder jurisdicional de quem a profere
2. Falta ou ininteligibilidade (art. 615º/c) da parte decisória, como conteúdo mínimo essencial da
sentença.
3. Falta da assinatura do juiz, como requisito de forma essencial
4. Art. 615º/1
*art. 608º
*art. 609º
As decisões transitam em julgado quando não são susceptíveis de recurso ordinário ou, sendo-o, pela a
parte vencida ter deixado passar o prazo sem que o tivesse interposto, ou ainda depois de terem sido
esgotados os recursos possíveis.
*art. 637º
*art. 636º/1
Espécies de recursos:
Ordinários (Apelação + Revista)-Interpostos antes do trânsito em julgado
Dupla conforme (art. 671º/3)- Havendo duas decisões no mesmo sentido não será admitida uma
terceira decisão. Assim se duas instâncias já se pronunciaram e estavam de acordo não se pode
recorrer ao STJ.
Recurso per saltum (art. 678º)-Salta imediatamente da primeira instância (que proferiu decisão)
para o STJ, sem passar pelo Tribunal da Relação
Revisão-Art. 696º
Caso julgado:
A exceção de caso julgado tem por fim evitar que o tribunal seja colocado na alternativa de contradizer ou
de reproduzir uma decisão anterior (art. 580º/2).
Isto salvaguarda, de certo modo, o prestígio dos tribunais mas a principal razão da sua existência
prende-se com a necessidade de certeza ou segurança jurídica.