CartilhaComunicacao2019 MST
CartilhaComunicacao2019 MST
CartilhaComunicacao2019 MST
COMUNICAÇÃO
lha
O MST na bata s”
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Sem TerRa
nal
jor
SUMÁRIO
04 Apresentação
4
Nos últimos anos, o Setor de comunicação queremos cons-
Comunicação do MST reali- truir. Qual é o perfil do comu-
zou diversos debates e vivên- nicador popular que o Movi-
cias com o objetivo de com- mento precisa? Como enraizar
preender qual é o papel da e massificar a proposta orga-
comunicação no Movimento nizativa e política de construir
Sem Terra. Além disso, o Setor um Sistema Sem Terra de Co-
construiu reformulações em municação alinhado à nossa
sua própria organicidade para estratégia de luta da Reforma
dar conta tanto das demandas Agrária Popular?
internas quanto do Movimento
como um todo. Essas provocações e o conte-
údo das próximas páginas têm
Nesse sentido, temos inúme- o objetivo de fortalecer um
ros desafios no que se refere à processo coletivo de reflexão
comunicação e ao nosso Setor e debate em torno da comuni-
como esfera orgânica que ma- cação do MST e sua contribui-
terializa o processo de fluxo ção para o conjunto da classe.
de informação, mas também Debate que deve extrapolar a
que provoca a reflexão sobre a militância do Setor, mas pro-
comunicação como pauta po- vocar o todo do MST sobre a
lítica dentro da estratégia da nossa estratégia de comunica-
Reforma Agrária Popular. ção, para dentro e para fora do
nosso Movimento, sobretudo
Justamente porque apren- nos desafios que já apresen-
demos com os processos de tam-se nessa conjuntura acir-
acirramento da luta de clas- rada, que posiciona a comuni-
ses que comunicação não é cação como uma importante
somente fazer um texto e ti- tática para os nossos próximos
rar uma foto. Ela é um instru- passos na luta de classes.
mento que o Capital tem se
apropriado de diversas formas Vamos ao debate!
para consolidar uma hegemo-
nia na sociedade. A comuni- Lutar, Comunicar, construir o
cação traduz ideologicamente Poder Popular!
esse projeto.
*A Cartilha de subsídios para
Diante disso, provocamos o debate sobre comunicação é
conjunto da organização para uma publicação do Setor de
refletir sobre qual projeto de Comunicação do MST.
5
Cinco famílias controlam 50%
dos principais veículos
de mídia do país
6
Além da rede Globo, líder de Na sequência, aparecem a
audiência na tevê aberta, a família Saad, dona do grupo
Globo tem presenças rele- Bandeirantes, e a família de
vantes na tevê a cabo (com a Edir Macedo, da Record, com
Globo News e outros 30 ca- cinco veículos cada um, se-
nais); no rádio, com a CBN e a guidas pela família Sirotsky,
Rádio Globo; e na mídia im- da RBS, com quatro veícu-
los na lista, e a família Frias,
pressa, com títulos como os
com três veículos.
jornais O Globo, Extra, Valor
Econômico e a revista Época.
Se somados o grupo Estado, do
jornal O Estado de S.Paulo; o gru-
Segundo a pesquisa, o grupo po Abril, da revista Veja; e o gru-
Globo alcança sozinho uma po Editorial Sempre Editora, do
audiência maior do que as au- jornal O Tempo, são oito famílias
diências somadas do 2º, 3º, 4º controlando 32 dos 50 maiores
e 5º maiores grupos brasileiros. veículos, ou 64% da lista.
7
Para a RSF e a Intervozes, cujo artigo, assim como outros que
blog está hospedado no site dizem respeito à comunicação
de Carta Capital, esse domínio social, nunca foram regula-
configura um oligopólio. “Nem mentados pelo Congresso.
a tecnologia digital e o cres-
cimento da internet, nem es- Essa previsão a respeito de
forços regulatórios ocasionais monopólios e oligopólios se
limitaram a formação desses aplica apenas a veículos de rá-
oligopólios”, afirmam as ONGs dio e televisão, que são servi-
em relatório. ços públicos e funcionam em
espectro limitado, com um li-
O parágrafo 5º do artigo 220 mite de número de emissoras
da Constituição afirma que que podem existir. Os veículos
“os meios de comunicação so- impressos, como prevê tam-
cial não podem, direta ou indi- bém a Constituição, podem
retamente, ser objeto de mo- ser constituídos e publicados
nopólio ou oligopólio”. Este sem licença de autoridade.
8
9
>> Propriedade cruzada da mídia
11
Moura faz parte do grupo de tes análises realizadas desde
analistas que havia previsto o ano 2000 demonstram que
que o WhatsApp seria a rede 58% dos candidatos com 30%
mais importante nas eleições ou mais de tempo de propa-
brasileiras. “Depois das elei- ganda foram eleitos e reelei-
ções na Colômbia e no México, tos. Quando o candidato tam-
onde se mostrou o fenômeno bém tinha 30% ou mais das
dessa plataforma, a teoria se intenções de voto antes do
confirmou. Esse panorama início do horário eleitoral obri-
é um reflexo do sucesso das gatório na televisão, a porcen-
estratégias da indústria tele- tagem de vitória subia a 79%.
fônica na região”, diz o espe- “Mas a média de audiência da
cialista, que destaca que só propaganda política na tele-
não aconteceu o mesmo nas visão caiu de 22 pontos em
eleições norte-americanas de 2008 a 6 em 2016”, diz Moura.
2016 porque o Facebook ain- É um dos fatores que expli-
da é muito mais relevante nos cam, por exemplo, o sucesso
EUA. No Brasil, a popularidade do ultraconservador Jair Bol-
do aplicativo é tal que as em- sonaro (PSL), ainda que seja o
presas telefônicas oferecem candidato com menos tempo
planos de Internet específicos de exposição na tevê (somen-
para ele, nos quais, a partir te oito segundos).
de pouco mais de 10 reais, os
usuários podem contratar 50 Entre o eleitorado do capitão
MB por dia de Internet, com da reserva do Exército, a utili-
conexão grátis ao WhatsApp. zação do WhatsApp é, de fato,
No Brasil, onde o salário mé- maior: 81% de seus apoiadores
dio é de 2.100 reais, as ofertas utilizam o aplicativo, segun-
são mais do que tentadoras. O do o Instituto Datafolha, en-
problema é que o usuário fica quanto 55% dos eleitores de
insulado no próprio aplicati- Fernando Haddad (PT), o se-
vo, não navega para fora dele gundo nas intenções de voto
para, por exemplo, cotejar in- (22%), o fazem. Bolsonaro, que
formações. possui o apoio da maior parte
das pessoas de classe média
Um indício incontestável de e alta — que têm mais acesso
que a campanha eleitoral no a smartphones e Internet —
WhatsApp suplantou até o movimentou sua propaganda
mítico poder da propaganda no terreno das redes sociais
política na televisão — diferen- desde o começo da dispu-
12
ta - tem mais de 7 milhões de política no Facebook, obrigan-
seguidores no Facebook. O co- do a plataforma a indicar aos
mitê de campanha de seu prin- usuários quais conteúdos de
cipal rival, Haddad, demorou a partidos e candidatos eram
perceber o poder da platafor- promovidos. “Isso serviu para
ma e só anunciou um canal blindar, de certo modo, a cam-
para denúncias de notícias fal- panha no Facebook contra as
sas nessa semana, quatro dias fake news”, diz Fabrício Bene-
antes do primeiro turno. venuto, professor do departa-
mento de Ciência da Compu-
TSE atordoado tação da UFMG e criador do
projeto Eleições sem Fake. O
Em 2014, o WhatsApp já foi uti- principal órgão eleitoral não
lizado para tentar interferir em incluiu, entretanto, o What-
um resultado eleitoral no Bra- sApp na regulamentação. O
sil. Em 26 de outubro daque- especialista acha importan-
le ano, no dia da votação do te criar alguma medida para
segundo turno, quando Dilma controlar a rede, mas explica
Rousseff (PT) tentava a reelei- que isso seria “tecnicamente
ção em disputa direta com Aé- complicado”. “É um fenômeno
cio Neves (PSDB), milhares de novo, é normal que não sai-
pessoas acordaram com a se- bam muito bem como ana-
guinte notícia em seus celula- lisá-lo. Como as mensagens
res: Alberto Youssef, empresá- são criptografadas, nem a
rio que havia se transformado própria equipe da plataforma
em colaborador da Operação a entende muito bem. Não sa-
Lava Jato e que havia dito dias bem nem mesmo quão envie-
antes que Rousseff sabia so- sados são os dados”, afirma.
bre o esquema de corrupção
na Petrobras, havia sido “en- Neste domingo, a presidenta
venenado” na prisão. Era uma do TSE, Rosa Weber, admitiu
notícia falsa, um rumor que se que as autoridades ainda es-
espalhou entre os eleitores a tão “aprendendo a lidar com
ponto das autoridades do Go- fake news”. “O que o TSE está
verno precisarem desmentir a fazendo? O TSE não está fa-
história publicamente. zendo nada? Primeiro, ele
está entendendo o fenômeno,
Para essas eleições, o TSE que não é de fácil compreen-
(Tribunal Superior Eleitoral) são, não é de fácil prevenção,
regulamentou a propaganda e não é um problema brasi-
13
leiro. Mas o TSE está atento”, Nesse universo de troca de
disse Weber. notícias, em que o controle
sobre o que é falso e verda-
Existem pelo menos 100 gru- deiro e sobre a origem do que
pos públicos do WhatsApp se compartilha é quase nulo,
que apoiam Bolsonaro, e 37 aparece conteúdo de todo o
deles são monitorados pelo tipo, confundindo o eleitor.
Eleições sem Fake. “O candi- Com o país dividido em meio a
dato monopoliza os debates uma das campanhas mais po-
na maior parte dos 272 gru- larizadas da história recente,
pos que analisamos. Ele é o as notícias falsas se espalham
protagonista da maior parte como fogo em capim seco no
das notícias, vídeos e memes WhatsApp. Uma das mentiras
que circulam na rede”, diz Be- mais divulgadas nas últimas
nevenuto. semanas surgiu exatamente
de um grupo de apoio a Bol-
Na véspera da eleição, a con- sonaro: a afirmação de que as
traofensiva nas redes se in- urnas eletrônicas no Brasil já
tensificou. Diogo Nascimento foram manipuladas, apesar
da Silva, de 31 anos, que mora de ser um fato não compro-
no Recife, afirma ter percebi- vado nos 22 anos de uso do
do nas últimas semanas um sistema, de acordo com o TSE.
aumento no volume de men- O mesmo aconteceu com a
sagens sobre Bolsonaro nos informação falsa de que Ma-
grupos dos quais participa. nuela D’Ávila (PCdoB), candi-
“Agora já começaram a man- data a vice-presidenta com
dar algo sobre Haddad, mas Haddad, teria recebido uma
quando o fazem, os apoiado- ligação de Adélio Bispo de
res de Bolsonaro enviam tan- Oliveira, o homem que esfa-
tas mensagens por cima que queou Bolsonaro, em 6 de se-
os eleitores do PT até desis- tembro, dia do ataque.
tem”, conta. Apesar da quan-
tidade de mensagens, ele
afirma que nada interfere em
seu voto: “Vou no 51”, diz, sem
saber o nome do candidato: * Por Joana Oliveira e Marina
Cabo Daciolo (Patriota), que Rossi, publicado originalmen-
tem 2% das intenções de voto. te no El País.
14
Enfrentar a guerra de quinta
geração com arco e flecha?
Uso maciço da internet, para bloquear o debate polí-
tico, é só o começo. Há agora um gigantesco arsenal
de controle e manipulação, para o
qual a esquerda está desatenta
18
na liberdade de manobra, os do ser humano através de sua
paradigmas mudam substan- parte neurológica (frequên-
cialmente na Quarta Geração, cias binaurais e componentes
quando tanto os recursos em- dos cristais de magnetita do
pregados como os objetivos cérebro e métodos sobre suas
e interesses a alcançar en- possíveis manipulações).
globam o interesse público
como o privado (interesses de E os meios de massa e redes
corporações). A ideia principal sociais são parte integral des-
é que o Estado perdeu o mo- sa guerra para gerar desesta-
nopólio da guerra, e as táticas bilizção na população através
incluem desde o controle ar- de operações de caráter psi-
mamentista até o psicológico. cológico prolongado; busca-
-se afetar a psique coletiva,
Dada a enorme superiorida- afetar a racionalidade e as
de tecnológica alcançada na emoções, além de contribuir
etapa anterior frente à assi- com o desgaste político e a
metria de forças entre com- capacidade de resistência.
batentes, só é concebível
o uso de forças irregulares E conta-se com mecanismos
ocultas que ataquem o inimi- científicos de controle total,
go de forma surpreendente, por meio não só da manipula-
tratando de desestabilizá-lo ção de meios massivos de co-
e assim provocar sua derrota, municação e informação con-
com o uso de táticas de com- centrados, mas também de
bate não convencionais. sistemas financeiros como o
Fundo Monetário Internacio-
Na Guerra de Quinta Geração nal, o Banco Mundial, o Banco
(também denominada guer- Interamericano de Desenvol-
ra sem limites), introduzida
vimento, milhares de funda-
desde 2009 como conceito
ções e organizações não go-
estratégico operacional nas
vernamentais.
intervenções EUA-Otan, não
interessa ganhar ou perder,
mas demolir a força intelec- Zbigniew Brzezinski, ex-se-
tual do inimigo, obrigando-o a cretário de Estado estaduni-
buscar um acordo, valendo-se dense, afirmava que a chave
de qualquer meio, inclusive estava no ataque aos recur-
sem uso das armas. Trata-se sos emocionais de um país,
de uma manipulação direta por meio da revolução tecno-
19
lógica. A tática para manter A aparição ampla das redes
a desintegração política na sociais, considera a especia-
sociedade consiste em criar lista britânico-equatoriana
complexos de inferioridade Sally Burch, revolucionou nos-
e converter-se em referência sas sociedades, mas também
externa em todos os âmbi- causou preocupação porque,
tos, evitando que os projetos como não estão reguladas,
e modelos coletivos ou alter- são aproveitadas para a de-
nativos se consolidem em sua sinformação, a imposição de
identidade, pois a referência imaginários coletivos com a
será algo distinto de si mes-
difusão de informação falsa,
mos: o mundo desenvolvido e
criando realidades virtuais dis-
seu modelo predominante.
tantes das realidades reais, a
apropriação de dados pessoais
Os meios de difusão em mas-
para fins comerciais e/ou de
sa encarregam-se de condi-
cionar as mentes nas nações manipulação política e, inclusi-
subdesenvolvidas, posto que ve, para violar a intimidade dos
“o Terceiro Mundo enfrenta, cidadãos, invadir seus espaços
agora, o espectro das aspira- de trabalho, educação, ócio e
ções insaciáveis”, como já es- inclusive socialização.
crevia Brzezinski há 44 anos.
As redes sociais têm acesso
e manipulam dados dos usu-
>> Redes sociais, ários (endereço de email, nú-
isolacionistas mero de telefone, interesses,
gostos, amigos), gentilmen-
As redes sociais são um con- te proporcionados por eles
junto de plataformas digitais mesmos através da constru-
de recreação e interação so- ção de seus perfis. Seu maior
cial entre seus diversos usuá- atrativo é a massividade: a
rios, sejam eles pessoas, gru-
mesma mensagem, informa-
pos sociais ou empresas, que
permite enviar mensagens, ção – ou a mesma publicida-
comunicação em tempo real de tácita ou encoberta – pode
e difusão de conteúdo de vá- ser enviada a milhões de pes-
rias maneiras, entre os usu- soas ao mesmo tempo atra-
ários que se encontrem co- vés de diferentes platafor-
nectados entre si — sejam mas (computadores, tablets,
“amigos” ou “seguidores”. telefones celulares).
20
Operam com base em algo- construção de sociedades ci-
ritmos que organizam a infor- berdependentes, nichos onde
mação para mostrar-nos mais não tem espaço o pensamen-
daquilo que gostamos e me- to contrário, a alteridade.
nos do que não. Quando va-
lidamos um comentário, uma >>Fim da transparência?
publicidade ou uma notícia,
retroalimentamos o sistema A consultora britânica Cam-
para que se adapte ainda mais bridge Analytica (CA), que
a nossos gostos pontuais. Já
protagonizou escândalo pelo
que os algoritmos privilegiam
uso de 87 milhões de dados
o conteúdo semelhante ao
de usuários do Facebook,
que escolhemos (com uma
embora tenha anunciado o
“curtida”), restringindo as opor-
fim de suas operações, sim-
tunidades de receber informa-
ção real, não filtrada, em que o plesmente mudou de pele e
usuário só tem acesso a opini- manterá suas manipulações,
ões semelhantes às suas (um ameaçando a transparência
efeito antidemocrático, sem das eleições em vários paí-
dúvida), acrescenta Burch. ses, entre eles Argentina, Co-
lômbia e México.
Por exemplo, um algoritmo
usado pelo Facebook baseia- A empresa britânica culpou
-se na afinidade (número de as denúncias de manipula-
vezes que um se conecta com ção política que inundaram
outro, publicando em suas as mídias internacionais nos
páginas, validando – curtindo últimos meses por sua que-
– seus conteúdos). Seu peso bra, mas o certo (que não diz)
é a quantidade de interações é que seus principais ativos
que tem uma publicação, e o já trabalham numa empresa
tempo faz com que ela vá per-
com fins similares chamada
dendo o interesse e vá caindo
Emerdata Limited, em cujo
na fila de informações.
conselho de administração
As desvantagens das redes figuram vários nomes direta-
sociais apontam para a rup- mente vinculados à própria
tura com a presença dos ou- Cambridge Analítica, como
tros, incitando-nos a deixar de destacou em março o site
socializar pessoalmente, na Business Insider.
21
Alexander Taylor foi nomea- te empresarial envolvido nas
do diretor da Emerdata em 28 mudanças de tendência nas
de março, em substituição ao urnas britânicas (no referen-
demitido Alexander Nix, que do Brexit) e estadunidenses
reconheceu ter trabalhado (eleição de Donald Trump)
em eleições de países de to- em 2016 – reconheceu que
dos os continentes, incluindo a consultora britânica havia
Estados Unidos, Reino Uni- acessado (ou comprado?)
do, Argentina, Nigéria, Quênia informação pessoal de pelo
e República Checa, e teve de menos 87 milhões de usuá-
afastar-se como resultado de rios, e a havia utilizado para
um vídeo gravado pela tele- criar perfis de eleitores.
visão britânica, com câmera
escondida, onde fez todo tipo O Facebook administra mais
de comentário impróprio, tal de 300 milhões de gigaby-
como oferecer grandes quan- tes em informação pessoal
tias de dinheiro a um candida- de seus usuários, um arsenal
to e tentar extorqui-lo. de perfis que lhe permite dis-
por de uma das plataformas
Segundo a Business Insider, online mais importantes do
entre os responsáveis pela mundo, indispensável para
Emerdata aparece Johnson beneficiar-se de modelos de
Chun Shun Ko, um executivo negócio que ampliam consu-
chinês do Frontier Services midores e diversificam merca-
Group, empresa militar pre- dos, ao calor do crescimento
sidida pelo destacado par- produtivo de robôs e da auto-
tidário de Trump Erik Prince, mação industrial.
fundador da empresa militar
estadunidense Blackwater e >> Conclusão
“casualmente” irmão da secre-
tária de educação dos Estados Tudo isso acontece apenas duas
Unidos, Betsy DeVos, pilar da décadas depois que Sergey Brin
rede internacional capitalista e Larry Page registraram o do-
Atlas Network. mínio google.com e onze anos
desde que Steve Jobs apresen-
O Observatório em Comuni- tou à sociedade, em São Franci-
cação e Democracia afirma co, o primeiro iPhone. Enquanto
que, logo que o escândalo isso, o Facebook segue criando
assumiu dimensão global, o perfis de usuários e os algorit-
Facebook – principal agen- mos que a Cambridge Analytica
22
usou seguem à disposição de evasão e a elisão fiscal – e
quem os queira (e possa) pagar. estas, por sua vez, privam os
É difícil que um único pais te- governos dos recursos nces-
nha capacidade de desenvol- sários para executar políticas
ver os níveis necessários de distributivas, agravando ainda
resposta para manter e/ou re- mais a desigualdade. Ainda
cuperar a soberania em algu- que esta tenha se reduzido
mas áreas, e por isso, impres- de maneira considerável na
cindível a soma de vontades América Latina, está regres-
políticas – governo, academia, sando rapidamente.
movimentos sociais – para so-
mar a potência de negociação O problema da sonegação
em temas básicos como in- ganhou protagonismo na
teligência artificial e big data. opinião pública, nos últimos
Não há outra saída: devemos anos, graças à publicação am-
nos apropriar do big data para pla de nomes de pessoas e
poder pensar em ferramentas entidades que utilizam em-
libertadoras. presas e contas offshore em
paraísos fiscais, para evadir o
A única forma de lutar nesta pagamento de impostos. Os
guerra de Quinta Geração é Panama Papers, em 2016, e os
colocando-se em dia em re- Paradise Papers, em 2017, pu-
lação à inteligência artificial, seram a nu o modus operandi
à possibilidade de montar da evasão fiscal e os perso-
novas plataformas que esca- nagens que se serviram dela,
pem aos filtros das grandes apontando entre os evasores
corporações, à necessidade os presidentes da Argentina,
de apropriar-se das armas, Mauricio Macri, o da Colôm-
as ferramentas para poder bia, Juan Santos, e o do Chi-
lutar nesta guerra cultural, le, Sebastián Pinera, além de
de gerar agendas próprias de ex-candidatos presidenciais
acordo com os interesses de como Doria Medina, na Bolívia,
nossos povos. e Guillermo Lasso, no Equador
24
total da região esteja deposi- são fiscal, aumentar a trans-
tada em países que oferecem perência dos movimentos e
benefícios fiscais para grandes de origem dos grandes capi-
fortunas, o que faz da Améri- tais e afastar do serviço esta-
ca Latina a região do mundo tal aqueles que atentam de
com maior proporção de ca- maneira irresponsável contra
pitais privados nestas nações o setor público são algumas
– à frente do Oriente Médio medidas necessárias para que
e África (23%) e da Europa a ofensiva contra o Estado,
Oriental (20%), e anos-luz lançada pela direita, não conti-
adiante da Europa Ocidental nue gerando novas vítimas, na
(7%), Ásia Pacífico (6%) e Es- forma de desigualdade.
tados Unidos e Canadá (1%),
segundo o Boston Consul-
ting Group, uma das maiories Por Aram Aharonian | Tradução:
consultorias estratégicas do Inês Castilho, publicado origi-
mundo. Segundo o FMI, os pa- nalmente no site SURySUR e
íses em desenvolvimento são replicado pelo Outras Palavras.
até três vezes mais vulnerá-
veis que os países desenvolvi-
dos, para os efeitos negativos
que a legislação fiscal de um
país tem sobre os demais.
25
Comunicação Sem Terra -
Breves apontamentos sobre
histórico e organicidade
26
Após os anos 2000, o MST cria o setor de comunicação, com a fun-
ção de construir linhas políticas de atuação do Movimento na área
de comunicação, orientar os debates junto à base social e promover
o diálogo com a sociedade, além de coordenar a organização dos
veículos de comunicação do Movimento. É fundamental que essas
dinâmicas comunicativas estejam vinculadas as linhas políticas do
MST, transformando os trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra
em sujeitos ativos e críticos dos processos de produção e gestão da
informação e comunicação.
Neste mesmo período, cria o boletim Letra Viva, distribuído pela in-
ternet. Nos últimos anos, o Movimento tem procurado ampliar tam-
bém sua produção em audiovisual, com autonomia, uma vez que
a maior parte dos vídeos produzidos sobre o MST era de amigos e
apoiadores. Assim, passa a adquirir equipamentos e realizar ofici-
nas específicas para esta área. A partir de 2005, o projeto Cinema
na Terra leva projeções de filmes para áreas de assentamentos e
acampamentos, atingindo centenas de municípios em todo o país.
27
Expressão Popular (www.expressaopopular.com.br), procurando via-
bilizar o acesso de livros, abaixo do preço de mercado, para a mili-
tância em geral e com amplo catálogo de temas; do jornal Brasil de
Fato (www.brasildefato.com.br).
28
Rádios comunitárias
O rádio é o veículo com maior facilidade de acesso às populações
pobres e isoladas, principalmente no campo. O MST se apropria
do rádio na década de 1980 para produzir e veicular programas se-
manais de alcance nacional, na Rádio Aparecida (SP) – da rede ca-
tólica. Também veicula programas em rádios comerciais e instala
rádios-poste em acampamentos.
Audiovisual
Com o avanço tecnológico os Sem Terra se apropriaram da lingua-
gem audiovisual. A partir da produção do filme “Lutar Sempre! - 5º
Congresso Nacional do MST”, em 2007, desenvolve-se a experiência
da Brigada de Audiovisual da Via Campesina. O coletivo realiza um
trabalho de capacitação de militantes dos movimentos sociais para
a produção audiovisual, com base em uma linguagem da classe
trabalhadora, que aborda a prática de luta e os processos coletivos
dos trabalhadores do campo como protagonistas. No caso do MST,
30
o foco se concentra na produção audiovisual sobre as lutas e as
conquistas dos trabalhadores Sem Terra, para o suporte comunica-
tivo no debate político e nos processos formativos.
31
Linhas políticas e
organicidade do
Setor de Comunicação
32
As linhas políticas que preensão das linhas políticas
direcionam nosso da organização e avançando na
trabalho são: profissionalização de militantes
nesta área;
1. Construir, manter e qualifi-
car nossos meios de comuni- 5. Avançar na relação com a
cação populares, melhorando sociedade e na agitação no
a circulação de informações, meio urbano através das arti-
auxiliando nos processos de culações construídas em con-
formação e manutenção da junto com outras organiza-
unidade política e ideológica, ções, buscando métodos para
construção da identidade Sem o trabalho de “Agitação de
Terra e estratégias de luta; Massas urbano” que procurem
estimular o diálogo com ou-
2. Apropriar-se das técnicas, lin- tras categorias, principalmen-
guagens e meios necessários, te com os setores populares
possibilitando às camponesas e mais dispersos e/ou apáticos.
aos camponeses que se tornem
sujeitos deste processo. 6. Fortalecer as experiências de
comunicação popular que con-
3. Proteger e blindar nossa tribuam para a organização da
Organização na relação com classe trabalhadora na cons-
os meios de comunicação da trução de um Projeto Popular
burguesia, através de uma rede para o Brasil, como o jornal
de Assessoria de imprensa em Brasil de Fato e de setores da
nível nacional e nos estados, mídia alternativa e popular.
que garanta o acompanha-
mento, formação e a organi- 7. Organizar um sistema de
zação, evidenciando, contudo, distribuição dos materiais de
a denúncia e o enfrentamento comunicação e informação,
que travamos cotidianamente garantindo agilidade e rapidez
contra o oligopólio na impren- de circulação e o vínculo des-
sa na perspectiva da Demo- sa produção com a organici-
cratização das Comunicações. dade do Movimento.
34
Organização do setor, com a truir processos com os demais
formação de coletivos nos es- setores. Assim além de sermos
tados e nas regionais, prioriza demandados para fazer mate-
para o próximo período fortale- riais e etc, que surgem no dia a
cer a organicidade das grandes dia, nos propomos a estar com
regiões. A proposta é que este representações para partici-
coletivo das regiões se reúna par e construir alguns debates.
duas vezes por ano e os res- Nesse sentido, realizamos uma
ponsáveis regionais devem ga- divisão de tarefas entre nós da
rantir o acompanhamento do seguinte forma: FM (Rafael); DH
setor nas regiões, fazer a pon- (Mayrá, Reynaldo, Maura); Cultu-
te com a direção nacional e as ra (Janelson e Luara); Formação
frentes de atuação ampliando (Íris/Mayrá/Solange); Produção
o contato e as conexões entre (Lenon, Rafael, Camila); Gênero
os militantes do setor. (Íris/Geanini); Educação (Aline);
Juventude (Gustavo); Campanha
Fazer o debate sobre a impor- Contra os Agrotóxicos (Wesley).
tância da comunicação como
estratégia política na organi- Autossustentação: em diálogo
zação, mobilização e disputa com o setor de finanças, buscar
ideológica (projeto): da direção condições materiais para cum-
nacional à base; Organizar pla- prir o planejamento de ativida-
nejamentos de ações orgânicas des do setor nacional, além de
do setor (com divisão de tare- construir parcerias com alguns
fas, acompanhamento e ava- espaços universitários onde
liação), a partir da realidade e temos incidência nos estados
necessidade do Movimento, em para projetos na área de Rádio e
cada estado e região. Rompen- Tecnologia da Informação e Co-
do com o tarefismo. municação (TICs), sempre com
a intencionalidade da formação
Planejamento de ações interse- de militantes e quadros do se-
toriais. Retomar diálogo e cons- tor, além da capacitação técnica.
35
FORMAÇÃO
36
MASSIFICAÇÃO
(Interno – Acampamentos e Assentamentos – e Externo):
37
‘
FRENTES DE ATUAÇÃO – UM POUCO DE HISTORIA
ASSESSORIA DE IMPRENSA
38
Avaliação
39
Desafios
Tarefas
40
Dicas da Assimp
O MST não usa a mídia para criar factoides (fatos planejados para
repercutir na imprensa) ou ficar se projetando.
41
RÁDIOS NO MST:
LINHAS POLÍTICAS E ORGANIZATIVAS
42
anos 90, o seu uso foi diminuído e nos últimos anos elas têm reapa-
recido nos acampamentos e também nas atividades nacionais.
O movimento das rádios comunitárias foi crescendo no país e, des-
de meados dos anos 90, o MST procura acompanhar esta luta pela
democratização, instalando equipamentos e estruturas, capacitando
gente, montando equipes e organizando comunidades para monta-
rem as suas próprias rádios comunitárias camponesas. Há experiên-
cias interessantes nos estados, no desenvolvimento da comunicação
direta com acampados, assentados e sociedade em geral.
Mesmo sabendo que ainda há muito por fazer, pode-se dizer que
nos últimos quatro anos (pós- 6º Congresso Nacional) tivemos al-
guns avanços. Um deles é a consolidação da Rádio Brasil em Mo-
vimento (RBM) como instrumento da Organização e a simbologia
que tem. Hoje, em todas as atividades já inserimos a rádio - seja
na versão poste ou web - como necessidade, assim como nossos
outros meios.
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Atividades radiofônicas desenvolvidas pelo MST
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Concepção das Rádios do MST
<< Pelo limite de seu alcance, determinado por lei, pode-se perce-
ber que ela foi concebida, legalmente, para os centros urbanos, pois
esse alcance é limitado pelas condições geográficas e de organiza-
ção das comunidades rurais.
<< É importante termos claro, que muitas rádios comunitárias são to-
madas por polítcos, igrejas e empresários locais, com o objetivo de
compor seu domínio de poder em determinados municípios e regiões.
<< Rádio Livre é aquela que não tem objetivo em obter concessão
para funcionar.
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................................Qual a nossa concepção de Rádio?
Ainda, temos que ter clareza, que pedir concessão tem dois proble-
mas: além da grande burocracia, pedi-la é dar o endereço de nossas
rádios à polícia, que pode fazer busca e apreensão dos materiais e
equipamentos. Uma vez que uma rádio não tem concessão, a Polí-
cia Federal é autorizada a apreendê-la.
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Princípios
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Valorizar a formação e o estudo das pessoas que atuam na rádio, de
forma que possam ter um vasto universo de conhecimentos e, ao
mesmo tempo, a condição de aprofundá-los para ser capaz de ser
um educador do povo..
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FRENTE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO E REDES
Avaliação
Desafios:
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AUDIOVISUAL
BRIGADA DE AUDIOVISUAL EDUARDO COUTINHO (BAEC)
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É importante ter em mente que não existem formas de regular as
interações e as motivações dos sujeitos que interagem nas redes
sociais. Os usuários dessas redes podem utilizar as informações dis-
poníveis na internet para vários fins na sociedade: tanto democráti-
cos e progressistas, quanto na difusão de interesses conservadores
e autoritários.
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a) Promover a inclusão digital e viabilizar o acesso à Internet nas
comunidades rurais.
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Qual a Comunicação
que queremos?
A comunicação no Brasil
Não é preciso irmos longe para enxergar essas relações. Basta as-
sistir a qualquer novela e lá a gente vê os estereótipos e reforço de
papeis de determinados segmentos da sociedade, como os negros
e negras, sujeitos LGBT, mulheres e etc; basta analisarmos a cober-
tura dos grandes jornais sobre o caso de impeachment da presiden-
ta Dilma, os desdobramentos do Golpe e a prisão do ex-presidente
Lula, além de diversas outras ocasiões em que os direitos humanos
são violados “na tela da TV, no meio desse povo”.
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No entanto, a vida não está fácil para quem quer ir contra
a corrente. Muitas rádios comunitárias são fechadas pelo Governo
anualmente e o Estado demora em conceder novas concessões de
caráter publico, ou mesmo educativo. Há ainda políticos que são
donos da mídia, desrespeitando assim o artigo 54 da nossa Cons-
tituição, que proíbe que deputados e senadores a terem meios de
comunicação. Sem falar que a EBC cada dia mais sofre censura, dei-
xando de cobrir as pautas dos movimentos sociais, ou manipulando
notícias que são contra o governo golpista.
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